UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA Tel. (031)3899-2729 Fax (031)3899-2735 e-mail: [email protected] 36571-000 VIÇOSA-MG–BRASIL RELATÓRIO FINAL DE ATIVIDADES TÉCNICAS1 RESULTADOS COMPARATIVOS DO RESFRIAMENTO ARTIFICIAL E AERAÇÃO COM AR AMBIENTE DURANTE A ARMAZENAGEM DE 16.000 t DE MILHO A GRANEL Coordenação Adilio Flauzino de Lacerda Filho2 Participação técnica Angélica Demito3 Lauro Miranda4 Estudantes Carlos André da Costa5 Elaine Heberle6 Marcus Bochi da Silva Volk7 1 Resultado dos trabalhos de campo, objeto do convênio número 023/2006, firmado entre a Coolseed Resfriamento Artificial e a Universidade Federal de Viçosa. 2 Professor DSc., Associado I do Departamento de Engenharia Agrícola da Universidade Federal de Viçosa (UFV). Tels. (31)3899-1872 e 3899-2729. Viçosa, MG. E-mail: <[email protected]>. 3 Engenheira Agrícola M.Sc., Assessora Técnica da Coolseed Resfriamento Artificial. Tel. (45)3536-5592. Foz do Iguaçu, PR. E-mail: <[email protected]>. 4 Gerente de Armazenagem da empresa FIAGRIL Agro. Mercantil. Tel. (65)3549-1933. Lucas do Rio Verde, MT. E-mail:<[email protected]>. 5 Estudante de Graduação em Engenharia Agrícola na UFV. Tel. (31) 3899-2729. Viçosa, MG. 6 Estudante de Mestrado em Tecnologia de Sementes no DFT/UV. Tel. (31)3899-2729. Viçosa, MG. 7 Estudante de Doutorado em Engenharia Agrícola na UFV. Tel. (31)3899-2729. Viçosa, MG. Viçosa-MG dezembro de 2007 1. INTRODUÇÃO A armazenagem tem por objetivo preservar as qualidades físicas, sanitárias e nutricionais dos grãos, depois de colhidos. Durante a fase de armazenagem, os fatores que influenciam a boa conservação dos grãos são a temperatura e a umidade relativa do ar intergranular e a temperatura e teor de água dos grãos. Além desses fatores, as características estruturais e de higiene das instalações são indispensáveis para a obtenção de boas práticas de armazenagem. Uma das técnicas utilizadas para melhorar a preservação das qualidades dos grãos, em sistemas de armazenagem a granel, é a aeração com ar ambiente, objetivando-se equabilizar a temperatura da massa, minimizar as atividades fúngicas, diminuir a taxa de respiração do produto armazenado e, quando possível, reduzir a temperatura da massa de grãos. Em relação ao uso do ar ambiente, nem sempre se dispõe de condições adequadas de umidade relativa e temperatura durante o tempo necessário de aeração. Isso obriga o armazenador a realizar a operação em condições impróprias, o que acarreta grandes perdas de peso ou umedecimento indesejável do produto e conseqüentes fermentações, causando prejuízos econômicos consideráveis. Os insetos-praga dos grãos armazenados podem apresentar resistência a alguns inseticidas, o que dificulta o controle químico e eleva o custo de aplicação e os riscos durante a armazenagem. Além disso, estudos dão conta de que a aplicação de determinados inseticidas em ambientes com temperaturas elevadas (aproximadamente 30 ºC) pode resultar em degradação do principio ativo do veneno e reduzir a sua eficácia. Outro aspecto importante é a crescente pressão do consumidor pela segurança alimentar. Nesse ponto, a armazenagem desempenha papel fundamental com relação à qualidade final do produto industrializado. Assim, o setor armazenador de grãos necessita de novas tecnologias e que estas sejam limpas, não tóxicas, não agressivas ao meio ambiente e viáveis economicamente, de modo a reduzir custos e perdas e proporcionar produtos saudáveis para a alimentação humana e animal. Objetivou-se, com este trabalho, avaliar as características técnicas da armazenagem de milho a granel em ambientes aerados com ar ambiente e com ar resfriado artificialmente. Especificamente, buscou-se avaliar o custo operacional dos sistemas propostos, a infestação por insetos-praga, o desenvolvimento de fungos, a perda de massa por ação da aeração com ar ambiente, o índice de acidez e as variações nos índices de germinação e de envelhecimento acelerado, durante quatro meses de armazenagem. 2. REVISÃO DE LITERATURA Estudos realizados nas últimas décadas têm objetivado identificar os problemas de armazenagem, suas causas e as alternativas de solução. Grãos de milho armazenados à temperatura ambiente podem sofrer degradação das suas características físicas, sanitárias e nutricionais. Se armazenados em condições de umidade e temperatura do ar intergranular que possibilitem a manutenção da umidade de equilíbrio, os grãos irão manter suas qualidades durante longos períodos de armazenagem sem perder ou ganhar umidade. Nessa condição, se a temperatura for mantida baixa, entre 14 e 20 ºC, além de não reduzir o peso por perdas de água, terá um ambiente desfavorável ao desenvolvimento de insetos e significativa queda na infestação por fungos. Na Tabela 1, observa-se que milho armazenado em temperaturas variando entre 25 e 35 °C apresentaram de 6 a 27 vezes mais perda de matéria seca, respectivamente, do que grãos refrigerados a 10 °C. Tabela 1 - Perda de matéria seca em 1.000 t de milho armazenado durante 30 dias Condições ambientes Temperatura (°C) Perda de matéria seca Temperatura ambiente - média 25 Perda de 0,12% (= 1,2 t) Temperatura ambiente - alta 35 Perda de 0,54% (= 5,4 t) Grãos refrigerados 10 Perda de 0,02% (= 0,2 t) Fonte: BRUNNER, citado por LAZZARI, 2007. Estudando a aeração com ar ambiente, Noyes e Navarro (2002) concluíram ser impossível resfriar grãos armazenados nas regiões cujas temperaturas médias ultrapassam os limites de 20 °C. 2 Segundo Araújo (2004), entre os fatores de degradação de lipídios, a oxidação é a principal causa, alterando diversas propriedades dos alimentos, como a qualidade sensorial, o valor nutricional, a funcionalidade e a toxidez. Afirmou que, embora a oxidação se inicie geralmente na fração lipídica, eventualmente outros componentes são afetados: proteínas, vitaminas e pigmentos. Pomeranz (1974) afirmou que a alta temperatura acelera a respiração dos grãos e é difícil distinguir entre a respiração da microflora e a dos próprios grãos. Entretanto, a respiração dos grãos poderá ser limitada pela inativação térmica de enzimas, envolvendo a inativação de substratos, pela limitação no suprimento de oxigênio ou pelo aumento na concentração de dióxido de carbono. Os grãos são materiais higroscópicos e podem ceder ou adsorver água do ar, dependendo das condições da temperatura e umidade relativa do ar intergranular onde se encontram armazenados. Na Tabela 2, pode-se observar esse comportamento, no caso do milho. Tabela 2 - Valores de umidade de equilíbrio de milho em diferentes valores de temperatura e umidade relativa T Umidade de equilíbrio (% b.u.) Produto ºC 10 20 30 40 50 60 70 80 90 15 6,08 7,91 9,34 10,64 11,94 13,31 14,88 16,83 19,79 20 5,54 7,38 8,83 10,15 11,46 12,85 14,43 16,40 19,39 Milho 25 5,03 6,90 8,36 9,69 11,02 12,24 14,01 16,01 19,02 30 4,57 6,46 7,93 9,27 10,61 12,03 13,63 15,65 18,68 35 4,14 6,04 7,53 8,89 10,23 11,66 13,28 15,31 18,37 Fonte: Equação de Chung e Pfost, citados por SILVA, 2000. de 99 27,81 27,49 27,19 26,92 26,92 Observa-se, nessa tabela, que quanto menor a temperatura da massa do produto, na mesma umidade relativa do ar intergranular, maior o teor de água dos grãos durante a armazenagem. As espécies de fungos que infectam os grãos armazenados não se desenvolvem, satisfatoriamente, em ambientes cuja umidade relativa seja inferior a 70%, e, havendo diminuição na temperatura para valores abaixo de 20 ºC, as suas atividades fisiológicas se tornam mais reduzidas (Tabelas 3 e 4). Tabela 3 - Comportamento de fungos nas variações de umidade e temperatura Teor de água (% b.u.) T (°C) Desenvolvimento < 12 < 15 Inexistente 12 - 13 16 - 18 Muito lento 14 - 15 20 - 25 Moderado > 15 25 - 35 Muito rápido Fonte: LAZZARI, 1997. Tabela 4 - Resposta de insetos-praga de produtos armazenados à temperatura Condição de Faixa de temperatura ( °C) Resposta dos insetos à temperatura desenvolvimento Ótima 23,9 – 32,2 Desenvolvimento máximo 18,3 – 21,1 Desenvolvimento mínimo Subótima 12,8 – 15,6 Desenvolvimento interrompido Fonte: DOSLAND et al., 2006. 3. MATERIAL E MÉTODOS O trabalho foi realizado na unidade de armazenagem da empresa Fiagril Agro Mercantil, localizada no Município de Lucas do Rio Verde, MT. Foram utilizados dois silos metálicos, com capacidade estática de 16.000 t, considerando-3 se a massa específica aparente do milho igual a 750 kg m . O período de armazenagem foi de aproximadamente 110 dias. As dimensões dos silos metálicos eram: a altura do cilindro era de 20 m e o diâmetro interno de 31,8 m. O fundo dos silos tinha a forma de um tronco de cone, com diâmetro de 19,8 m na base, onde foram instalados os dutos utilizados para a distribuição do ar de aeração. 3 3.1. Características do sistema de aeração Para a distribuição do ar natural e resfriado artificialmente, através da massa de grãos, foram utilizados os dutos de aeração já instalados nos respectivos silos, de iguais dimensões e área de perfuração. Para insuflar o ar no silo aerado com ar natural, empregaram-se dois ventiladores, acionados por dois motores elétricos, cuja potência era de 55,2 kW (75 cv), cada um deles operando simultaneamente em rotação de 1.770 rpm, em conformidade com as indicações técnicas e da literatura. Para insuflar o ar resfriado artificialmente, foi utilizado um equipamento com potência de 180 kW (244,8 cv), cuja vazão de ar estava em conformidade com as indicações técnicas e da literatura. 3.2. Planejamento amostral As amostras simples, na fase inicial, foram coletadas depois de os silos estarem carregados. Para tanto, utilizou-se da fita transportadora de descarga, cuja capacidade nominal -1 era de 300 t h , quando se obtiveram aproximadamente 2 t de amostra. O produto foi movimentado especificamente para a realização deste trabalho. As amostras foram homogeneizadas e divididas em um quarteador tipo Bertini, modelo 30304 (Gehaka), até que se obtivessem três amostras de trabalho com massa de 1,0 kg cada uma, totalizando 3,0 kg de amostras de trabalho em cada silo. Depois de 110 dias de armazenagem, foram obtidas as amostragens simples na fita transportadora de descarga dos silos. Esse procedimento foi executado durante a operação de descarga. Foi obtido aproximadamente 0,5 kg de amostras simples, em intervalos regulares de 20 min. Depois de homogeneizada e dividida, conforme procedimentos já descritos, obtiveram-se três amostras de trabalho de 1,0 kg cada, totalizando 3,0 kg de amostra de trabalho por silo. Em ambos os casos, as amostras de trabalho foram acondicionadas em sacos de papel e estes, em sacos plásticos (1,0 kg). As amostras foram enviadas aos Laboratórios de Análise de Grãos – DEA/UFV e ao Laboratório de Análise de Sanidade de Sementes do Departamento de Fitopatologia da UFV, para as análises qualitativas e de infecção por fungos, respectivamente. 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os trabalhos referentes à avaliação proposta foram iniciados em 07/08/2007. O milho já se encontrava armazenado nos dois silos objeto desta análise. Até o momento, o produto armazenado em ambos os silos recebia aeração com ar natural, e, a partir da data inicial citada, um dos silos passou a ser aerado com ar resfriado artificialmente, e o outro continuou com o processo convencional de aeração. A carga de milho em cada silo foi de 16.000 t. 4.1. Comportamento da temperatura do produto durante o processo de resfriamento artificial Na Figura 1, observa-se que foram necessários 14 dias para reduzir a temperatura da massa de milho, inicialmente na faixa de 17 a 26 ºC, para valores entre 10 e 14 ºC, totalizando 872,86 h efetivas de funcionamento, conforme registrado no contador de tempo do equipamento. Informa-se que, no período de armazenagem, a média mensal das temperaturas mínimas atingiu 18 °C e a das máximas, 35 °C, enquanto a média mensal das umidades relativas mínimas foi de 38% e a das máximas, 98%. 4 29 27 Camada1 Camada2 Camada3 Camada4 Camada5 Camada8 Camada9 Camada10 Camada11 Camada12 Camada6 Camada7 25 Temperatura °C 23 21 19 17 15 13 11 7/ 8/ 07 8/ 8/ 07 9/ 8/ 07 10 /8 /0 7 11 /8 /0 7 12 /8 /0 7 13 /8 /0 7 14 /8 /0 7 15 /8 /0 7 16 /8 /0 7 17 /8 /0 7 18 /8 /0 7 19 /8 /0 7 20 /8 /0 7 21 /8 /0 7 22 /8 /0 7 23 /8 /0 7 24 /8 /0 7 25 /8 /0 7 9 Figura 1 - Variações de temperatura por nível, durante o processo de resfriamento. 4.2. Comportamento da temperatura durante o período de armazenamento – térmica Estabilidade O produto foi armazenado durante 110 dias. Na Figura 2, pode-se observar a evolução da temperatura média do produto resfriado e aerado com ar ambiente, no período de armazenagem considerado. No silo resfriado, a massa de grãos se manteve com valores de temperatura entre 12 e 18 ºC, até o final do mês de outubro, com excelente estabilidade térmica, o que confirma os resultados esperados. É importante esclarecer que, nessa faixa de temperatura, o desenvolvimento de insetos-praga é extremamente reduzido, pelo fato de a temperatura interna do silo estar desfavorável ao seu "habitat", cuja temperatura ótima para seu desenvolvimento varia entre 25 e 35 °C. Na primeira semana de novembro foi iniciada a descarrega dos silos, o que ocasionou elevação de 4 °C na média da temperatura observada no referido período (ver seta na Figura 2). Durante a movimentação do produto, além de ocorrer a mistura do ar com os grãos frios, houve a exposição dos sensores, os quais estavam cobertos pelas camadas de ar superiores. Quanto mais produto era expedido, mais sensores eram expostos ao ar, cuja temperatura era maior que a dos grãos, o que resultou na indicação de um falso incremento na média de temperatura da massa de grãos (Figura 3). Entretanto, esse valor não ultrapassou 22 °C. Observase, nessa figura, que durante as duas primeiras semanas de descarga a média de temperatura foi mantida em 19 °C, mesmo sendo considerados os problemas apresentados No silo não resfriado, a massa de grãos se manteve entre 20 e 27 °C, cuja faixa de temperatura era altamente favorável à infecção e ao desenvolvimento de fungos e, também, dos insetos-praga. 4.3. Teor de água (umidade) do produto armazenado Os teores de água considerados neste trabalho foram determinados em estufa, conforme os procedimentos indicados em Regras para Análises de Sementes (BRASIL, 1992). Observa-se, na Tabela 5, que houve aumento de aproximadamente 0,57% na umidade do milho armazenado no silo resfriado, o que correspondeu ao ganho, em peso, de 92,5 t, enquanto no aerado a umidade reduziu em 1,8%, implicando redução de 289,3 t. O saldo resultante correspondeu a 380,8 t (6.346,7 sacos de 60 kg). Ao preço de R$18,00/saco de 60 kg (praticado na época do experimento), totalizou-se um ganho de R$114.240,00 com o resfriamento. 5 Média aerado 18 °C 25,0 22,0 19,0 16,0 13,0 Agosto Setembro Outubro 4ª 3ª 2ª 1ª 5ª 4ª 3ª 2ª 1ª 5ª 4ª 3ª 2ª 1ª 5ª 4ª 3ª 10,0 2ª Temperatura média (°C) Média resfriado 28,0 Novembro Tempo (semanas) Figura 2 - Comportamento da temperatura da massa de grãos durante o período de armazenamento. Figura 3 - Croqui: posicionamento dos cabos e sensores de termometria no interior dos silos. 4.4. Comportamento de insetos-praga e custos de tratamento com inseticidas Não foram observadas infestações de insetos no produto resfriado. Entretanto, no sistema aerado com ar ambiente houve infestação por insetos-praga e a conseqüente necessidade de aplicação de fosfina. Conforme informações da Fiagril, o tempo necessário para a aplicação do inseticida foi de 1,0 h, para o que se utilizaram três operários e foram gastos R$450,00 com inseticida. O produto foi movimentado para fazer a distribuição das pastilhas. As variáveis quantitativas e de custo envolvidas no processo foram: a) Preço do inseticida – R$450,00. b) Número de operários – 3. c) Salário dos operários – R$4,38/h. d) Encargos sociais – R$3,15/h. e) Movimentação dos grãos – 300 t. f) Suscetibilidade de quebra – 2%. g) Massa de grãos quebrados – 6,0 t (100 sacos de 60 kg). h) Preço do milho – R$18,00/sc (valor na época do experimento). i) Perda de grãos quebrados – R$1.800,00. j) Energia para a movimentação – 204 kWh. k) Custo da operação – R$ 4.341,23. l) Estimativa do custo do expurgo em um silo com 16.000 t – R$ 15.200,00. 4.5. Análises técnicas e de custos Na Tabela 5 estão apresentados os resultados comparativos, em termos de custos, entre ambos os sistemas: resfriamento artificial e aeração com ar ambiente, com milho armazenado em silos de capacidade para 16.000 t. 6 Tabela 5 - Dados de viabilidade econômica de ambos os sistemas Varáveis 1. Capacidade dos silos, t 2. Temperaturas . Inicial, ºC . Final, ºC 3. Teor médio de água . Inicial, % b.u. . Final, % b.u. 4. Variação de massa . Ganho, t . Perda, t 5. Potência . Total para o serviço, kW . Demandada por tonelada, kW t-1 6. Energia elétrica . Consumo total, kWh . Consumo específico, kWh t-1 7. Capacidade de resfriamento, t h-1 8. Custo operacional . Total, R$ . Por tonelada, R$ t-1 9. Variáveis de ganhos e perdas . Massa de produto, R$ . Diferença comparativa, R$ 10. Variação líquida . Diferença de custo operacional, R$ . Diferença de perda de massa, R$ . Total, R$ 11. Ganho com resfriamento, R$ mês-1 t-1 Armazenagem Ar natural Ar resfriado 16.000 16.000 21,6 – 22,2 23,0 – 35,0 19,0 – 26,0 15,0 – 22,0 12,2 10,6 13,0 13,5 0,0 289,3 92,49 0,0 110,4 0,007 180 0,01 94.902,7 5,93 0,0 33.987,0 2,12 18,33 135.693,25 8,65 17.924,09 1,10 - 89.790,00 + 27.747,00 +117.537,00 114.437,00 117.769,16 232.306,16 3,63 4.6. Análise de infecção por fungos As análises foram realizadas com o objetivo de avaliar a colonização interna dos grãos. A porcenteagem de infecção observada na amostras coletadas durante a carga e descarga do milho está apresentada na Tabela 9. Verifica-se, nessa tabela, que houve aumento de 11,1% na infecção por A. restrictus nas amostras coletadas no silo resfriado e redução de 20% nos silos aerados. Com relação ao A. glaucos, observou-se redução na infecção de 39% no silo resfriado, bem como aumento de 228,6% no silo aerado. A relação porcentual de infecção por A. flavus foi a mesma em ambos os silos. Tabela 9 - Resultados porcentuais, em número de grãos infectados por diferentes espécies de fungos, observados durante a armazenagem, em silos, de milho resfriado e aerado com ar na temperatura ambiente Armazém Aerado com ar à temperatura Resfriado (%) ambiente (%) Espécies de fungos Entrada Descarga Entrada Descarga Aspergillus restrictus 09 10 10 8 Aspergillus glaucus 18 11 07 23 Aspergillus flavus 03 01 03 01 Rhizopus 00 00 00 00 Nota: 1) Os valores são oriundos da contagem de 1.000 grãos provenientes de amostras obtidas em diferentes pontos da massa de grãos. 2) Em cada amostragem foram coletadas aproximadamente 4.000 kg de grãos. 7 5. CONCLUSÕES Os resultados desta pesquisa permitiram as seguintes conclusões: 1) O custo operacional do resfriamento de grãos, com ar resfriado artificialmente, foi menor que o de aeração com ar ambiente. 2) A aplicação de ar ambiente na massa foi eficiente na secagem e, conseqüentemente, resultou na perda de massa dos grãos aerados. 3) É impossível, em condições práticas, realizar resfriamento de grãos agrícolas utilizando-se ar ambiente nas condições psicrométricas observadas durante o experimento. 4) A técnica de resfriamento artificial de grãos se mostrou viável técnica e economicamente para a conservação de grãos. 5) A técnica de resfriamento artificial de grãos propiciou condições de umidade relativa de equilíbrio do ar intergranular e temperatura entre 14 e 20 ºC, com estabilidade de peso dos grãos e até pequenos ganhos durante o período de 110 dias de armazenamento. 6) Em virtude da manutenção da baixa temperatura da massa de grãos, não houve a necessidade de aplicação de inseticidas no produto resfriado, visando ao controle de insetos-praga. 7) Durante o período de armazenagem, o ar ambiente proporcionou aquecimento natural da massa de grãos. 6. 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