EFICIÊNCIA DA SOLUÇÃO PRESERVATIVA NA RESISTÊNCIA DA MADEIRA DE
Eucalyptus grandis W. Hill ex Maiden AO FUNGO Pycnoporus sanguineus
Leticia Andrea Chechi1, Andréia Vanize Trauntenmüller², Rômulo Trevisan³, Stela
Maris Kulczynski4
1
Engenheira Florestal, mestranda em Desenvolvimento Rural, Universidade Federal
do Rio Grande do Sul (UFRGS), ([email protected],) Porto Alegre, RS Brasil.
2
Engenheira Florestal, BMS Agrobio,Três Passos, RS - Brasil.
3
Engenheiro Florestal, Professor Doutor em Engenharia Florestal, Universidade
Federal de Santa Maria, Frederico Westphalen, RS - Brasil.
4
Engenheira Agrônoma, Professora Doutora em Fitopatologia, Universidade Federal
de Santa Maria, Frederico Westphalen, RS – Brasil.
Recebido em: 31/03/2015 – Aprovado em: 15/05/2015 – Publicado em: 01/06/2015
RESUMO
O objetivo desta pesquisa foi avaliar o efeito da solução preservativa constituída de
cobre, cromo e boro na resistência da madeira de Eucalyptus grandis ao fungo da
podridão branca, Pycnoporus sanguineus, em condições de laboratório,
estabelecendo a relação entre a perda de massa das peças de madeira, a
concentração da solução preservativa e sua posição nos moirões. O ensaio de
apodrecimento acelerado foi conduzido segundo a norma ASTM D-2017 (1994), com
modificações. Frascos de vidro foram preenchidos com solo umedecido,
autoclavados e mantidos em ambiente de laboratório. O estabelecimento inicial da
colônia fúngica se deu em placas suporte de madeira de Pinus sp. Utilizaram-se 36
corpos-de-prova de Eucalyptus grandis nas dimensões de 2,5 x 2,5 x 0,9 cm,
distribuídos entre os tratamentos, de concentração da solução e posição nos
moirões. Após 16 semanas de incubação, calcularam-se as porcentagens de perda
de massa. As médias foram comparadas pelo teste de médias (T - DMS) a 5% de
significância. A utilização do preservativo aumentou a resistência da madeira ao
ataque do fungo, entretanto, não houve diferença na utilização das concentrações
de 2% e 4% de da solução, nem na perda de massa das diferentes posições dos
moirões.
PALAVRAS-CHAVE: apodrecimento acelerado; perda de massa; preservativo.
EFFICIENCY OF THE PRESERVATIVE SOLUTION IN THE WOOD OF Eucalyptus
grandis W. Hill ex Maiden IN THE RESISTANCE THE FUNGUS Pycnoporus
sanguineus
ABSTRACT
The objective of this research was to evaluate the effect of the preservative solution
consisting of copper, chromium and boron in resistance of Eucalyptus grandis the
white rot fungus, Pycnoporus sanguineus, in laboratory conditions, establishing the
relationship between the resistance of the parts of wood, the concentration of
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preservative solution and its position on the fencepost. The accelerated decay test
was conducted according the norm ASTM D-2017 (1994), with some modifications.
Glass bottles were filled with soil moistened, autoclaved and kept in a laboratory
environment. The initial establishment of the fungal colony was in support boards of
wood of Pinus sp. Were used 36 body-of-proof of Eucalyptus grandis in total, in the
dimensions of 2.5 x 2.5 x 0.9 mm, distributed among the treatments, concentration of
the CCB and position in fencepost. After 16 weeks of incubation, we calculated the
percentages of mass loss. The averages obtained were compared by means (T DMS) at 5% significance. Condom use CCB increased the resistance to fungus
attack; however, no significant difference in the use of concentrations of 2% and 4%
of CCB, or the loss of mass the different positions the posts.
KEYWORDS: decay accelerating; loss of mass; preservative.
INTRODUÇÃO
A madeira é um material que apresenta diversas utilizações tanto no meio
rural quanto no meio urbano. Entretanto, por ser de origem orgânica, com sua
estrutura anatômica e constituição química, dependendo das condições ambientais a
que é submetida pode ser deteriorada por vários organismos xilófagos como
bactérias e fungos; insetos como coleópteros e térmitas, brocas marinhas e ainda
por reações químicas, trazendo prejuízos aos usuários (VIVIAN, 2011).
Segundo OLIVEIRA et al. (2005), quando menciona-se a avaliação da
madeira de eucalipto submetida ao ataque de fungos apodrecedores, é comum
surgir afirmações pessimistas de seu desempenho devido à carência na literatura de
informações concretas ou de resultados de laboratório.
Mesmo sendo um material suscetível ao ataque de organismos
deterioradores, a madeira quando utilizada com tecnologia e aplicação de
tratamento preservativo torna-se um material mais durável. A eficiência de um
tratamento preservativo é determinada pela profundidade de penetração e retenção,
distribuição no material e toxicidade do mesmo aos organismos xilófagos (PAES et
al., 2012). Quando se submete a madeira à condições adversas deve-se dar
preferência às espécies com alta durabilidade natural, ou de baixa durabilidade, mas
que tenha facilidade de impregnação de produtos preservativos, visando
principalmente, a resistência ao ataque biológico (OLIVEIRA,1997).
Com isso, muitos estudos sobre a preservação da madeira já foram
desenvolvidos, principalmente com o gênero Eucalyptus (BRITO, 2013). O método
de substituição de seiva com CCB (borato de cobre cromatado) também é aplicado
frequentemente por pesquisadores como TORRES et al. (2011), que utilizaram-se
do mesmo para tratamento da espécie Eucalyptus camaldulensis DEHNH & SOUZA
et al. (2014) para a espécie Eucalyptus benthamii. As pesquisas também, por vezes,
utilizam-se da combinação de mais de um método preservativo de madeira (MODES
et al., 2011).
Os fungos apodrecedores carecem de maior atenção, pois são considerados
os mais prejudiciais à madeira, um exemplo são os causadores da podridão branca,
que deterioram a lignina, celulose e hemicelulose indistintamente, conferindo ao
material um aspecto mais claro (MODES et al., 2012).
O fungo Pycnoporus sanguineus (L.) Murrill conhecido popularmente como
orelha-de-pau é causador da podridão branca e amplamente distribuído na natureza
(ESPOSITO et al., 1993). Pode ser encontrado fixado na madeira, sendo que dela
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se alimenta, pois são dotados de um complexo enzimático que os tornam capazes
de converter moléculas de celulose, hemicelulose e lignina em água e CO2,
conferindo ao material atacado um aspecto esponjoso, fibroso ou laminado. Além
disso, causam alterações na composição química, redução da resistência mecânica,
diminuição de massa, entre outros agravantes que afetam a qualidade da madeira e
impossibilita sua utilização para fins tecnológicos (GARCIA, 2006).
Devido a abundante presença desses organismos na natureza, é conveniente
a utilização de espécies com resistência natural aos mesmos. Assim, o que confere
essa característica à madeira é a ocorrência de componentes secundários presentes
no lenho, como taninos, extrativos e outras substâncias fenólicas complexas, que
são tóxicas a esses deterioradores (ALVES et al., 2006; BATISTA, 2012).
Entretanto, a falta de espécies naturalmente resistentes à deterioração
biológica forçou a utilização de outras menos duráveis, principalmente àquelas de
rápido crescimento que são provenientes de reflorestamentos, como as espécies do
gênero Eucalyptus, que necessitam de tratamento preservativo para melhorar sua
vida útil e gama de utilizações (PAES et al., 2005).
A hipótese inicial deste trabalho é que a madeira tratada teria uma menor
perda de massa quando comparada a testemunha, onde não utilizou-se nenhum
tratamento preservativo, e que as amostras retiradas da posição central do moirão
apresentariam uma maior perda de massa, devido ao menor contato com a solução
preservativa quando comparado às extremidades do mesmo. Diante dessas
hipóteses, o objetivo do trabalho foi avaliar o efeito da solução preservativa de
cobre, cromo e boro na resistência da madeira de Eucalyptus grandis W. Hill ex
Maiden ao fungo Pycnoporus sanguineus em condições de laboratório, a fim de
estabelecer relação entre a resistência das peças de madeira, a concentração da
solução preservativa e sua posição nos moirões.
MATERIAL E MÉTODOS
Obtenção e preparo do material
A madeira utilizada no experimento foi obtida em um povoamento de
Eucalyptus grandis com 7 anos de idade e localizado no município de Planalto - RS.
Após a seleção e o abate das árvores os moirões foram levados ao laboratório de
Tecnologia de Produtos Florestais da Universidade Federal de Santa Maria, Campus
de Frederico Westphalen.
Foram utilizados 27 moirões de dois metros de altura, divididos igualmente
entre três tratamentos de concentração de solução preservativa. Os moirões foram
preservados pelo método de substituição de seiva com a solução de cobre, cromo e
boro, nas concentrações de 2,0% e 4,0% de sais e a testemunha (sem proteção),
sendo os moirões invertidos durante o tratamento.
Além das concentrações da solução preservativa foram avaliadas três
posições nos moirões: 10% da altura (0,10m), 50% da altura (1,0m) e 100% da
altura (2,0m). Em cada uma destas posições do moirão foram retirados três discos
de madeira para confecção das amostras (Figura 1).
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FIGURA 1 - Posições nos moirões onde foram retirados os discos para a análise.
Fonte: Elaboração própria.
Em cada um dos discos retirados demarcou-se em quatro posições
diametralmente opostas o número das possíveis amostras e, então realizou-se um
sorteio aleatório para seleção dos corpos-de-prova a serem utilizados (Figura 2).
Dessa forma foram utilizadas quatro repetições para o ensaio de apodrecimento que
seguiu as normas da American Society for Testing and Materials - ASTM D-2017
(1994), com algumas modificações. Foram confeccionados os corpos-de-prova nas
dimensões de 2,5 x 2,5 x 0,9 cm.
FIGURA 2 - Posições nos discos onde foram retirados os corpos-de-prova.
Fonte: Elaboração própria.
Foram utilizadas 36 placas suporte de Pinus sp., nas dimensões de 0,3 x 2,9
x 3,5 cm, também denominadas de alimentadores, que servem como substrato para
o estabelecimento inicial da colônia fúngica. Essas foram secas em estufa à
temperatura de 63°C até peso constante, aproximadam ente 24 horas, para então
serem utilizadas.
O solo utilizado no ensaio foi caracterizado referente aos seus aspectos
químicos e físicos no laboratório do departamento de solos da Universidade Federal
de Santa Maria, campus de Frederico Westphalen. O solo apresentou pH 5,7,
portanto moderadamente ácido, previamente peneirado em peneira de 3,0 mm de
abertura, que foi umedecido com água destilada. A análise física do solo em
laboratório resultou no valor de capacidade de retenção de 62,13%. O teor de
umidade inicial foi obtido pelo método gravimétrico, pela secagem a 103°C, por meio
da percentagem de perda de massa, após 72 horas em estufa.
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O teor de umidade encontrado para o solo utilizado no estudo foi de 26,1%.
De posse desses dados e da quantidade de solo a ser adicionado em cada frasco de
vidro o teor de umidade do solo foi ajustado para 130% de sua capacidade de
retenção pela adição de 32,1g de água destilada ao substrato de cada um dos
frascos. O cálculo da quantidade de água a ser adicionada foi determinado por meio
da Equação 1, seguindo a ASTM D-2017 (ASTM, 1994):
(Equação 1)
Em que: Qa = Quantidade de água a ser adicionada, g; A = Capacidade de retenção
de água do solo, %; B = Conteúdo de umidade do solo seco ao ar, %; D =
Quantidade de solo seco a ser adicionado nos frascos, g. Para a repicagem, ou seja,
a multiplicação do fungo utilizou-se o meio de cultura BDA (Batata Dextrose Agar) na
proporção de 200g de batata, 18g de ágar e 20g de dextrose, para 1000 mL de água
destilada.
Após o preparo, o meio de cultura foi submetido a uma autoclavagem de 30
minutos a uma temperatura de 120°C e pressão de 1 a tm, sendo posteriormente, em
capela de fluxo laminar, transferido para placas de Petri. Com o auxílio de uma
seringa esterilizada, foi realizada a transferência de pequenos fragmentos do fungo
original para as placas que foram mantidas a temperatura de 25°C até completa
colonização da placa.
Inoculação e incubação do fungo Pycnoporus sanguineus
Seguindo as normas da ASTM D-2017 (ASTM, 1994), cada frasco de 500 mL
recebeu 100g de solo umedecido e uma placa suporte de Pinus sp., sendo em
seguida submetidos a duas autoclavagens de 30 minutos, a 121ºC. Os mesmos
permaneceram acondicionados em ambiente de laboratório até o recebimento dos
fragmentos de meio de cultura contendo micélio do fungo.
Após o resfriamento dos frascos, foram inoculados sobre os alimentadores,
fragmentos do fungo Pycnoporus sanguineus retirados das placas de Petri. Esses
recipientes, contendo a placa suporte e o fragmento do deteriorador, permaneceram
em ambiente de laboratório dentro de caixas, por um período de, aproximadamente,
30 dias, até que o micélio do fungo cobrisse completamente a placa suporte.
Os corpos-de-prova de Eucalyptus grandis foram secos em estufa à
temperatura de 63°C, até peso constante, e em segui da pesados em uma balança
de 0,01 g de precisão, para a determinação da massa seca.
Após esse procedimento foram autoclavados e introduzidos nos frascos,
postos em contato com a placa suporte colonizada pelo fungo, permanecendo nessa
condição por um período equivalente a 12 semanas. Os corpos-de-prova foram
então, retirados dos recipientes para a remoção dos micélios e novamente postos a
secar em estufa a uma temperatura de 63°C para obte nção de suas massas finais.
O grau de resistência de cada uma das três posições, foi efetuado em função da
perda de massa (pm) pela Equação 2.
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(Equação 2)
Em que: Pm = Perda de massa, em %; mi = Massa inicial seca a 63°C (antes da
exposição ao fungo), em g; mf = Massa final seca a 63°C (após a exposição ao
fungo), em g.
Em seguida, a classificação da madeira quanto ao ataque do fungo foi
determinada mediante intervalos de média de perda de massa de acordo com a
norma ASTM D - 2017 (1994), conforme consta na Tabela 1.
TABELA 1. Classes de resistência da madeira a fungos xilófagos (ASTM D - 2017,
1994).
Classes de resistência
Perda de massa (%)
Massa residual (%)
Muito Resistente
0 – 10
90 – 100
Resistente
11 – 24
76 – 89
Resistência Moderada
25 – 44
56 – 75
Não-Resistente
≥ 45
≤ 55
Análise Estatística
Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância para delineamento
experimental inteiramente casualizado utilizando o pacote “Statgraphics Plus”, e, no
caso de rejeição da hipótese de igualdade de médias, ao teste T – DMS (Diferença
Mínima Significativa, α = 5%).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os valores médios da perda de massa, expressos em porcentagem, da
madeira de Eucalyptus grandis sem tratamento preservativo (testemunha) e tratada
com as concentrações de 2% e 4% da solução preservativa de cobre, cromo e boro
causada pelo ataque do fungo Pycnoporus sanguineus podem ser observados na
Tabela 2.
TABELA 2. Perda de massa da madeira Eucalyptus grandis submetida ao ataque do
fungo Pycnoporus sanguineus.
Tratamento
Perda de Massa (%)
Classificação ASTM D2017
Testemunha
2,0% de preservativo
4,0% de preservativo
6,7 a*
1,2 b
1,0 b
Muito resistente
Muito resistente
Muito resistente
*Médias seguidas de letras diferentes na linha diferem estatisticamente pelo teste T - DMS (Diferença
Mínima Significativa, α = 5%).
Fonte: Elaborado pela autora.
Na Tabela 2 é possível verificar que houve diferença na perda de massa com
a utilização da solução preservativa na madeira de Eucalyptus
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grandis, sendo comprovada pelo teste de médias T – DMS com quadrado médio do
erro igual a 25,85, F-calculado de 4,96, significativo ao nível de 5% de probabilidade
de erro (Prob>F = 0,0131).
Entretanto, a aplicação de 2,0% de solução preservativa na madeira resultou
na perda de massa de 1,2%, e com a utilização de 4,0% do preservativo a perda de
massa foi de 1,0%, valores esses que não diferiram estatisticamente, mesmo
quando comparados entre si, sem o tratamento testemunha. Considerando esses
resultados é possível inferir que a preservação com 2,0% da solução preservativa
constituída de cromo, cobre e boro é satisfatória para a espécie em estudo.
De acordo com as classes de resistência da madeira a fungos xilófagos,
proposto pela norma ASTM D - 2017 (1994), a espécie Eucalyptus grandis pode ser
considerada como muito resistente, apresentando uma perda de massa média de
6,7% mesmo sem a utilização de tratamento preservativo. O mesmo ocorre para
espécies como Luehea divaricata e Peltophorum dubium, conforme relata MODES et
al. (2012).
Ainda de acordo com o trabalho realizado por MODES et al. (2012), onde
verificou-se a resistência natural de sete espécies florestais, nativas e exóticas ao
ataque do fungo Pycnoporus sanguineus, o resultado para a espécie Eucalyptus
grandis foi semelhante ao encontrado neste estudo, uma perda de massa de 6,1%.
No mesmo trabalho a espécie Araucaria angustifólia (Bertoloni) O. Kuntze, nativa de
importância florestal, apresentou uma perda de massa de 25,5%, sendo classificada
como de resistência moderada.
De acordo com OLIVEIRA et al. (2005) diz-se empiricamente que a madeira
de Eucalyptus grandis é muito vulnerável ao ataque de fungos, entretanto, em sua
pesquisa realizado com o fungo Gloeophyllum trabeum a madeira de Eucalyptus
grandis apresentou boa resistência, com perdas de massa que variaram de 0,3% a
1,6%. Já no trabalho de Alves et al. (2006) os valores de perda de massa variaram
entre 0,05 e 3,2%, para espécies florestais da Amazônia, quando submetidas ao
ataque do fungo Pycnoporus sanguineus.
Já o trabalho realizado por VIVIAN et al. (2015) relatou valores de perda de
massa superiores aos trabalhos recém citados. Submetidos ao ensaio de
apodrecimento acelerado com os fungos Gloeophyllum trabeum e Trametes
versicolor, seguindo a mesma norma ASTM, a espécie E. grandis apresentou uma
perda de massa de 58,20% e 33,45%, respectivamente, sem o tratamento
preservativo.
Na análise dos dados de perda de massa em função das posições base,
centro e topo da peça não houve diferença pelo teste de médias com quadrado
médio do erro igual a 32,84, F-calculado de 0,39 e não significativo ao nível de 5%
de probabilidade de erro (Prob>F = 0,678), como pode ser visualizado na Tabela 3.
Entretanto, observou-se que a maior perda de massa ocorreu na posição central do
moirão (4,16%), indicando que a ação do preservativo foi mais eficiente nas
amostras de base e topo, pois apresentou uma perda de massa média de 2,3% e
2,4%, respectivamente, sendo importante salientar que a mesma foi invertida
durante o tratamento.
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TABELA 3. Perda de massa da madeira
Eucalyptus grandis em função da posição no
moirão.
Posição
Tratamentos
Testemunha
Base
5,04
Centro
9,69
Superior 5,48
2,00%
0,96
1,58
0,93
4,00%
0,9
1,2
0,87
Média
2,3 a
4,16 a
2,43 a
*Médias seguidas de letras diferentes na linha diferem
estatisticamente pelo teste T - DMS (Diferença Mínima
Significativa, α = 5%).
Fonte: Elaborado pela autora.
Nos trabalhos realizados com espécies de eucalipto não encontrou-se
referências de discussão quanto a perda de massa em função da posição no moirão.
Entretanto, estudos realizados com outras espécies mostram que a perda de massa
é maior na posição central e superior do moirão, da mesma forma que no trabalho
em questão. Em um estudo realizado por RAMOS et al. (2006), a madeira de
algaroba (Prosopis juliflora (Sw.) DC), tratada com a solução preservativa de cobre,
cromo e boro pelo método de substituição de seiva por transpiração radial e
submetida ao ensaio de apodrecimento acelerado com o fungo Postia placenta (Fr.)
M.J. Larsen & Lombard apresentou resultados diferentes aos encontrados no
trabalho em questão. Na base, referida pelo estudo como região de afloramento em
peças instaladas em cercas, com a utilização de 2% do preservativo, a perda de
massa foi de 1,7%, já na posição central da peça, a perda de massa foi de 2,6%,
enquanto que para a posição superior, a espécie apresentou uma perda de massa
de 4,03%.
No trabalho desenvolvido por PAES et al. (2008) com a espécie Leucaena
leucocephala (Lam.) de Wit, a madeira foi tratada com 2% da solução preservativa
de cobre, cromo e boro e submetida ao ensaio de apodrecimento acelerado com os
fungos apodrecedores Postia placenta e Neolentinus lepideus (Fr.) Redhead &
Ginns. A perda de massa média das posições base e topo foi avaliada, e os
resultados encontrados foram de 2,4% para as amostras situadas na base das
peças, e de 4,0% para as amostras do centro. A perda de massa em função da
posição das amostras na peça dependem do agente biológico testado, a
concentração de preservativo utilizado e método de preservação, mesmo assim
apresentou resultados semelhantes à pesquisa em questão, com maior perda de
massa no centro do que nas bases.
CONCLUSÕES
A madeira de Eucalyptus grandis adquiriu maior resistência ao fungo
Pycnoporus sanguineus após o tratamento preservativo com solução preservativa de
cobre, cromo e boro, comprovada pelo teste de apodrecimento acelerado em
condições de laboratório. No entanto, não houve diferença na perda de massa da
madeira entre as concentrações de 2% e 4% da solução preservativa, nem entre as
diferentes posições nos moirões. Com base no exposto conclui-se que a utilização
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da solução preservativa de cobre, cromo e boro é eficiente, podendo-se optar pela
concentração de 2% de preservativo.
AGRADECIMENTOS
Ao Setor de Biodegradação e Preservação da Madeira - LPF/ IBAMA,
localizado em Brasília – DF, por ter concedido a cultura do fungo Pycnoporus
sanguineus que possibilitou a realização deste trabalho, e também a professora
Zaíra Morais dos Santos, pelo fornecimento de materiais bibliográficos.
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2015
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