REVISTA DO CEDS Periódico do Centro de Estudos em Desenvolvimento Sustentável da UNDB N. 1 agosto/dezembro 2014 – Semestral Disponível em: http://www.undb.edu.br/ceds/revistadoceds Estudo da taxa de corrosão (TC/TPC) através de ensaio de ultrassom em um tanque de armazenamento de derivados de petróleo: um estudo de caso Marcelo Caethano Souza Cabeça 1 Samuel Filgueiras 2 Terezinho Cantanhede 3 Resumo: Unidades de armazenamento de combustíveis, operando a longos anos, tornam-se potencialmente perigosas devido a corrosão. Visando manter a disponibilidade, a segurança do trabalhador e do meio ambiente, a manutenção utiliza-se de alguns controles, destacando-se o ultrassom. Nesta pesquisa o aço estudado foi o ASTM A-283 Gr. C. Foram obtidas as dimensões de espessura/perda de massa, confrontando a taxa de corrosão com a norma NACE RP 07-75. Concluiu-se que a taxa de corrosão encontrada em algumas seções apresenta condição severa, indicando a indisponibilidade do equipamento. Palavras-Chave: Corrosão. Tanques. Aço comum. Taxa de corrosão. 1 Introdução A corrosão é um dos problemas que estão presentes na engenharia moderna, principalmente porque o mundo é praticamente dependente do uso dos metais e suas ligas. Os custos de manutenção dos aços em países industrializados são considerados vultosos, principalmente pela necessidade de manter a disponibilidade dos equipamentos para a produção com enfoque na segurança das instalações e seus operadores. Os gastos com proteção contra a corrosão nos equipamentos metálicos geram custos próximos de 5% do PIB para países industrializados, tais como Estados Unidos e Alemanha. Nas companhias de armazenamento 1 Mestre em Engenharia dos Materiais pelo IFMA. Doutorando em Engenharia Mecânica pela UFSC. Professor e Coordenador-adjunto dos cursos de engenharia da Unidade de Ensino Superior Dom Bosco-UNDB. 2 Mestre em Engenharia dos Materiais pelo IFMA. Doutorando em Engenharia dos Materiais pela McGill University - Canada. Professor dos cursos de engenharia da Unidade de Ensino Superior Dom Bosco-UNDB. 3 Engenheiro de Produção. Funcionário da Transpetro S.A. de derivados de petróleo no Porto do Itaqui em São Luís, as medidas de combate e controle contra a corrosão são práticas constantes nesses locais. As unidades de armazenamento de derivados de petróleo no Itaqui apresentam características semelhantes às condições das atmosferas agressivas, principalmente pela ocorrência predominante de ventos fortes vindos do mar para o litoral, com misturas fragmentadas de salinidade (névoa salina) e outros componentes que favorecem o surgimento da corrosão nos equipamentos. 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Os tanques de armazenamentos de combustíveis são normalizados principalmente pela API 650, que trata de unidades soldadas. Faz parte de um acervo acumulado de conhecimentos e experiências dos profissionais que lidam com este tipo de sistema, atendendo vários tamanhos e com diversas capacidades de resistência quanto à pressão interna. Por se tratar, estrategicamente, de uma norma para a indústria petrolífera, a mesma estabelece padrões mínimos para, por exemplo: materiais, projetos, fabricações, montagens e testes. Aplica-se, portanto, somente a tanques que suportem no máximo a 93°C ou menos. 2.1 Tanques de armazenamento de derivados de petróleo Os tanques de armazenamento de combustível são estruturas de superfície metálica, com fabricação e montagem soldada, em formato cilíndrico-vertical, construídos geralmente em aço comum, normalmente encontrado em refinarias, terminais e unidades distribuidoras, destinados a armazenar petróleo, álcool, biodiesel, gasolina, nafta, óleo combustível, água e outros. De acordo com Barros (2012), os tanques de armazenamento da Petrobrás são construídos com dimensões que variam de 2 a 100 metros de diâmetro, possuem capacidades de armazenamento variando entre 16 a 112.000 m3, como exemplo a figura 1. Figura 1 – Tanque de armazenamento da Unidade de Negócio Tefran Terminal São Francisco do Sul Fonte: Petrobrás (2014). 2 2.2 Aços para aplicação em unidades de armazenamento de petróleo A especificação do material metálico para a construção de tanque deve considerar dois fatores principais: a temperatura de projeto e a espessura nominal das chapas de aço que é definida na API 650. 2.2.1 Evolução dos aços para uso em unidades de armazenamento (segundo a norma API, ASTM, Norma Petrobrás e NBR). O projeto de construção e montagem de tanque para armazenamento de derivados de petróleo segue recomendações definidas como as mais adequadas, a serem seguidas rigorosamente em conformidade com as normas API 650 e 620, NBR 7821, N- 270 e 271, ASTM A-36 e A-283 Gr. C. Segundo a norma API 650, as chapas de aço comum são classificadas em dois tipos: chapas finas com espessura até 4,75 mm e chapas grossas com espessura a partir de 6,30 mm. Os projetos de construção de tanque com chapas grossas de aço comum devem atender as especificações contidas na referida norma, e em conformidade com a ASTM A-36 para chapas 2 http://www.gruporustresinar.com.br/produtos/normas-Petrobras. Acesso em 10/03/2014 com espessura máxima de 40 mm (1,5 pol.) e ASTM A-283 Gr. C com placas de espessura máxima de 25 mm (1pol.). A chapa de aço comum pode ser fabricada de acordo com a NBR 11889), obedecendo às limitações mecânicas e químicas, contidas no quadro 1. Quadro 1 – Graus aceitáveis de placas produzidas com norma nacional Propriedades Mecânicas Tração Mínima Máxima Grau MPa psi MPa 235 360 52 510 Espessura Máxima psi 74 mm 20 pol 0,75 Composições Químicas Máximo de Máximo de fósforo e carbono enxofre % % 0,24 0,05 250 400 58 530 77 40 1,5 0,27 0,05 275 430 62 560 81 40 1,5 0,29 0,05 Fonte: API 650 (2013). A NBR 11889 é uma norma que confere especificações dos aços utilizados na construção de tanques nas unidades de armazenamento de petróleo contendo definição das espessuras de chapas grossas produzidas pelas usinas brasileira demonstrada através do quadro 2. Quadro 2 – Padronização de chapas de aço comum 6,30 41,61 5,60 Massa por m2 (kg) 43,96 9,00 70,65 ---------- ----------- Espessura Massa por Espessura (mm) m2 (kg) (mm) Espessura (mm) Massa por m2 (kg) 7,10 55,74 60,00 471,00 Fonte: NBR 11889 (2013). A norma N-270 atua em conformidade com a API 650, entretanto, condições não citadas na mesma devem ser de acordo com a API. As especificações de espessuras mínimas das chapas de aço comum para construção de tanques são conforme o quadro 3. Quadro 3 - Espessura mínima estrutural de montagem das chapas do costado em função do diâmetro do tanque Diâmetro do tanque (m) D < 15 Espessura mínima estrutural de montagem (mm) 4,75 15 ≤ D <36 6,30 36 ≤ D <60 8,00 D > 60 9,50 * A espessura 4,75 mm é aceitável dentro da mínima de 3/16” ou 5 mm (SI) do API 650. * A espessura 9,50 mm é aceitável dentro da mínima de 3/8” ou 10 mm (SI) do API 650. Fonte: N-270 (2013). 2.3 Corrosão Ramonathan (2004) ressalta que a corrosão pode ser definida como desgaste, ataque, degeneração de peças ou equipamentos tais como: tanques, tubulações, estruturas metálicas entre outros, que podem ocorrer pelos seguintes meios: naturais (meio ambiente rural) ou agressivos (área marinha, centros urbanos e indústrias). A corrosão é um fenômeno espontâneo, geralmente metálica, de destruição gradativa (figura 2) com perda de material base devido às modificações químicas e eletroquímicas do meio ambiente, podendo está associado ou não a esforços mecânicos. Sendo ela um processo destrutivo contínuo diretamente no metal, pode provocar a indisponibilidade do equipamento por perfuração, trincas e solicitações mecânicas (CHIAVERINI, 1986). Figura 2 – Corrosão gradativa Fonte: Gentil (2007). Um dos tipos de corrosão mais comum é a corrosão eletroquímica, principalmente por que seu processo está diretamente associado ao meio úmido, com presença de água ou umidade, onde se encontra várias condições favoráveis para a formação de pilhas ou células de corrosão. Sua formação geralmente ocorre em temperatura abaixo do ponto de orvalho (TELLES, 2007). Os metais, geralmente quando submetidos a uma solução aquosa, reagem entre os meios ocorrendo o desprendimento de íons para a solução, gerando uma concentração elétrica de cargas em sua superfície, que segundo Nunes (2007) ocasiona uma diferença de potencial elétrico entre a solução e o metal. 2.3.1 Contaminantes ambientais na atmosfera Boa parte das estruturas metálicas e equipamentos estão expostos às condições físico-químicas e termodinâmicas da atmosfera, e que conforme Tomashov (1966), mais de 50% das perdas globais por corrosão são ocasionadas pela corrosão atmosférica (SICA, 2006). Características do clima – condições meteorológicas e presença de poluentes naturais ou provenientes de atividades antropogênicas – desenvolvimento industrial e urbano, juntamente com a composição química, influenciam na corrosividade atmosférica (ARAÚJO e FRAGATA, 1993; ROSALES, 1993). A cinética da corrosão atmosférica é governada por diversos fatores climáticos e ambientais influenciando diretamente e indiretamente o processo corrosivo, entre eles: umidade relativa, temperatura, precipitação, radiação solar acumulada, direção e velocidade dos ventos, partículas sedimentáveis na atmosfera, teor de cloretos e teor de sulfatos – dióxido de enxofre (SO2). A maioria das montagens mecânicas de grande porte se dá em ambientes atmosféricos, uns mais agressivos que outros. Gentil (2007) classifica a atmosfera em quatro tipos principais: marinho, urbano, rural, industrial e marinho-industrial (SICA et al., 2005; DAVIS, 1990). A atmosfera marinho-industrial caracteriza-se por regiões próximas ao mar, industrializadas, normalmente próximas de portos. Percebe-se a presença de íons cloretos, compostos de enxofre (SO2, SO3, H2S, entre outros), produzidos pela queima de combustíveis fósseis. 2.4 Resistência à corrosão Os materiais em geral possuem resistência própria à corrosão, alguns com níveis maiores. A resistência pode estar associada à composição das ligas metálicas ou às condições dos meios corrosivos de exposição. O aço comum é um belo exemplo de material de baixa resistência, mas pode ser ampliada por métodos ou técnicas de proteção. Nunes (2007) descreve uma relação dos principais materiais metálicos e suas resistências à corrosão para fabricação de equipamentos de processos conforme quadro 4. Quadro 4 – Alguns materiais metálicos, suas resistências e aplicações Materiais Metálicos Resistência à corrosão Em meios básicos, Em meios neutros, Aço comum AEm meios secos (baixa 36 e A-283 Gr. C umidade ou ausência de água). Aço liga Aços patináveis, Aço cromo. Principais aplicações Limitações Projetos industriais em geral. Necessita de meios adicionais de proteção. Estrutura metálica em geral. Características mecânicas e soldabilidade. Fonte: Nunes (2007). 2.5 Ensaios dos Materiais A tarefa de especificar os materiais para projetos de engenharia pode parecer preocupante, não pode ser aleatória, a opção do engenheiro de projetos para classificar um material exige conhecimento de engenharia e ciências dos materiais (SHACKELFORD, 2008). Souza (1982) relata que os ensaios dos materiais são divididos em dois grupos: os ensaios destrutivos (EDs) e ensaios não destrutivos (ENDs). Os ensaios destrutivos buscam determinar especialmente as propriedades mecânicas do material, com a ruptura ou inutilização da peça ensaiada, enquanto que os ensaios não destrutivos possuem o objetivo de detectar propriedades físicas no material sem causar danos. 2.5.1 Ultrassom Consiste na aplicação de um feixe sônico de alta frenquência no material examinado, seu objetivo é detectar descontinuidade (bolha de gás, trincas, rechupes, poros, falta de fusão, espessuras e outros) sejam elas internas ou superficiais. É um dos ensaios não destrutivos mais importantes, utilizado para medição de espessura, conferir propriedades físicas, tamanho de grão e avaliação de corrosão (SANTIN, 2003). 2.5.1.1 Taxas de Corrosão A taxa de corrosão, ou a taxa de remoção de material – como consequência de ação química -, é um destacado parâmetro de corrosão. Esta pode ser expressa como taxa de penetração de corrosão (TPC), ou perda de espessura do material por unidade de tempo (CALLISTER, 2012) O CPR (Corrosion Penetration Rate), outro termo como pode ser chamado o TPC, é convenientemente expresso tanto em milésimo da polegada por ano (mpy) como milímetros por ano (mm/yr). No primeiro caso, K = 534 para dar um CPR em mpy e W, ρ, A e t especificados em unidades de miligramas, gramas por centímetro cúbico (cm3), polegadas quadradas e horas. No segundo caso, K = 87,6 para mm/yr, e as mesmas unidades dos outros parâmetros, exceto A que é dada em centímetro quadrado (cm2). Para a maioria das aplicações uma taxa de penetração de corrosão menor que 20 mpy (0,50 mm/yr) é aceitável. A NACE Standard TM-01-69 recomenda expressar a taxa de corrosão em mpy ou mm/yr. As equações 1 a 3 demonstram como se calcula a taxa de corrosão. 𝑇𝑃𝐶 = 𝐾. 𝑊 𝜌. 𝐴. 𝑡 13,56. 𝑊 𝜌. 𝑆. 𝑡 𝑒𝑜 − 𝑒 𝑇𝐶 = 𝑑 − 𝑑𝑜 𝑚𝑚𝑝𝑦 = Onde: eo = espessura anterior (mm); e = espessura final (mm); d = data da medição da medição da espessura atual; do = data da medição da espessura anterior; (1) (2) (3) W = perda de peso após um tempo de exposição t (mg); t = tempo de exposição (horas); ρ = massa específica (g/cm3); A = área exposta da amostra (cm2); S = área exposta da amostra (pol2) K = constante cuja magnitude depende do sistema de unidades utilizado (87,6). A determinação da taxa de corrosão e sua aplicação obedecerá a classificação da norma NACE RP-07-75 (2013), mostrada no quadro abaixo. Quadro 5 – Classificação da taxa de corrosão Taxa de corrosão uniforme (mm/ano) < 0,025 0,025 a 0,120 0,130 a 0,250 > 0,250 Taxa de pite (mm/ano) < 0,13 0,130 a 0,200 0,210 a 0,380 > 0,380 Corrosividade Baixa Moderada Alta Severa Fonte: NACE RP-07-75 (2013) 3 MATERIAIS E MÉTODOS Para este estudo foi selecionado um tanque de armazenamento de derivado de petróleo (óleo diesel) da Unidade Petrobrás/Transpetro no Porto do Itaqui/São Luís Maranhão, conforme figura 3, do ano de 1976, construído em chapas de aço comum ASTM A-283 Gr. C, conforme a API 650 e a N-270 com a seguinte descrição de escopo: • Tanque cônico atmosférico de teto • Diâmetro nominal de 13,51 m • Produto armazenado: óleo diesel • Declividade do teto 1:16 m • Capacidade nominal de 8.252 m3 • Altura nominal de 14,40 m • Declividade do fundo 1:120 m • Chapa do fundo ASTM A-283 Gr. C de 6,306 x 1800 x 6000 mm • Chapa do primeiro anel ASTM A283 Gr. C de 9,53 x 1440 x 6000 mm • Chapa do segundo e terceiro anel ASTM A-283 Gr. C de 7,9 x 1440 x 6000 mm • Chapa do quarto e quinto anel ASTM A-283 Gr. C de 6,35 x 1440 x 6000 mm • Chapa do sexto ao décimo anel ASTM A-283 Gr. C de 4,76 x 1440 x 6000 mm • Chapa do teto ASTM A-283 Gr. C de 4,76 x 1800 x 6000 mm Figura 3 –Vista aérea da instalação de estudo, próxima ao porto do Itaqui Fonte: Google Earth No quadro abaixo é descrita a composição química da chapa – ASTM A-283 Gr.C, de acordo com o certificado de qualidade. Quadro 6 – Composição química do aço ASTM A-283 Gr.C Espessura (mm) 4,75 6,3 9,5 C (%) 0,15 0,15 0,14 Si (%) 0,15 0,24 0,22 Mn (%) 0,65 0,69 0,67 P (%) 0,014 0,018 0,022 S (%) 0,008 0,003 0,003 Al (%) 0,039 0,039 0,042 Fonte: Usiminas O tanque é dividido em três partes/seções principais: fundo, costado e teto (figura 4). Para esta pesquisa serão estudados os comportamentos da taxa de corrosão das chapas de fundo, teto, 1º. anel, 5º. anel e 10º. anel. Figura 4 – Tanque de armazenamento de combustível Costado – formado por anéis Teto Fonte: NBR 7821 (1983). Fundo 3.1 Ultrassom Os ensaios ultrassônicos foram realizados no departamento de Inspeção da Petrobrás/Transpetro, com aparelho de ultrassom da marca OLYMPUS Panametrocs – NDT, modelo MG2-DLS (figura 5). O equipamento é acoplado a um cabeçote do mesmo fabricante modelo D799 com frequência de 5 MHz e diâmetro de 8 mm. Figura 5 – Aparelho de ultrassom Fonte: Petrobrás/Transpetro Neste ensaio foram preparados cinco corpos de prova com dimensões de 50 x 50 mm cada, totalizando 2500 mm2 de varredura, conforme figura 6. O objetivo do ensaio de ultrassom é registrar as medidas de espessuras das chapas do fundo, teto, primeiro, quinto e décimo anel. Figura 6 – Corpo de prova para ensaio de perda de massa e espessura A metodologia de inspeção utilizada foi iniciada através da varredura de área utilizando a técnica de fluxo magnético, fornecendo como resultado áreas com indicações percentuais de perda de massa. Em seguida foi aplicado o ensaio ultrassônico (figura 7) para detalhar a morfologia e suas dimensões obtidas inicialmente por fluxo magnético, pela leitura das espessuras residuais. Figura 7 – Representação esquemática de varredura (a) (b) 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES Serão apresentados os resultados dos ensaios realizados nas amostras de aço ASTM A-283 Gr. C, visando determinar a taxa de corrosão, por perda de massa e variação da espessura, das chapas do tanque de armazenamento de combustível. A técnica utilizada foi o ultrassom. 4.1 Ultrassom Foram realizadas inspeções pelo ensaio visual em todas as regiões das amostras (fundo, teto e anéis), sendo observadas regiões com indicação de corrosão, posteriormente as áreas foram inspecionadas pelo ensaio de ultrassom automatizado confirmou a presença de descontinuidades com característica de redução de espessura. Os ensaios ultrassônicos permitiram determinar as variações da perda de espessura e profundidade dos alvéolos diferentes para cada amostra das chapas do tanque (figura 6) estudadas, demonstradas pelas figuras 8 a 12. Figura 8 – Gráfico de varredura da amostra do fundo do tanque. Figura 9 – Gráfico de varredura da amostra do primeiro anel do tanque. Figura 10 – Gráfico de varredura da amostra do quinto anel do tanque. Figura 11 – Gráfico de varredura da amostra do décimo anel do tanque. Figura 12 – Gráfico de varredura da amostra do teto do tanque As indicações mapeadas foram analisadas por duas técnicas de localização, uma interna e outra externa, ou seja, a chapa do fundo, o processo corrosivo com perda de espessura alveolar generalizada deu-se pelo lado de fora, a parte de contato com o produto foi evidenciado uma variação de pontos de pite, enquanto que as demais regiões do equipamento a perda de espessura pela mesma morfologia foram lodo interno (tabela 1), havendo ou não contato diretamente com produto. No lado externo poucos pontos com alvéolo e pite foram encontrados. Tabela 1 – Medições pelo ensaio ultrassônico Espessur Espessur Espessur Varredur a mínima a anterior a atual a admissíve (mm) (mm) l (mm) Chapa do 6,30 2,50 3,80 Fundo Chapa do 9,53 6,78 9,50 1º Anel Chapa do 6,35 3,63 5,70 5º Anel Chapa do 4,75 2,50 4,30 10º Anel Chapa do 4,76 2,50 4,00 Teto Redução Tipo de Vida de reduçã residua espessur o l (ano) a (%) 39,68 Externa 2,2 0,31 Interno 385,8 10,23 Interno 13,5 9,47 Interno 16,6 15,97 Interno 8,4 Na sequência foi aplicada a medição de profundidade em alguns alvéolos como um micrometro de ponta (figura 13). Figura 13 – Micrômetro digital de profundidade As medições apontaram os seguintes resultados: chapas do fundo do equipamento variado de 1 a 1,80 mm de profundidade, o primeiro anel aparentemente não apresentou alvéolos, o quinto anel teve variação entre 0,28 a 0,33 mm, o decimo anel entre 0,46 a 0,77 mm e por último o teto que teve variação de profundidade de alvéolo de 0,62 a 0,99 mm. As medições de reduções de espessura e profundidade de alvéolos são consideradas aceitáveis por encontrarem-se acima dos valores mínimos, com necessidade de corretivas. Entretanto levando-se como recomendação a norma NACE-RP-07-75, que se refere a vida residual, o equipamento não poderá mais ser disponibilizado para trabalho. Vale ressaltar que dentro deste critério de apreciação somente o primeiro anel atenderia as recomendações da norma. 4.2 Taxas de Corrosão Para a análise da taxa de corrosão nas chapas de aço do tanque de armazenamento foram consideradas as equações 1 e 2, que tratam da taxa de penetração da corrosão (TPC) e mmpy - também conhecidas como taxas de perda de massa - respectivamente, adotando as seguintes variáveis: tempo em horas de operação/exposição ao fluido = 37.931 h (4,33 anos); peso específico = 7,8 g/cm3; área = 25 cm2 (3,87 pol2); constante K = 87,6. Tabela 2 – Cálculo da taxa de penetração por corrosão (TPC) Posição Fundo Costado 1º. Anel Costado 5º. Anel Costado 10º. Anel Teto Peso original da amostra (g) 123,795 187,2645 Peso atual da amostra (g) 89,70 187,00 Perda de peso (W mg) 34095 264,5 124,7775 115,6 9177,5 0,013 93,3375 89,4 3937,5 0,005 93,534 79,3 14234 0,020 TPC (mm/ano) 0,401 0,003 Os resultados apresentados na planilha acima estão representados no gráfico 1. Taxa de penetração da corrosão (mm/ano) Gráfico 1 - Taxa de penetração por corrosão (TPC) 0,450 0,400 0,350 0,300 0,250 0,200 0,150 0,100 0,050 0,000 Fundo 1o. Anel 5o. Anel 10o. Anel Teto Uma outra forma de se determinar a taxa de corrosão (TC) é utilizando a equação 3, que adota variáveis dimensionais, tais como as espessuras anterior e atual além das datas das medições das espessuras – e desta relação obtendo a informação em anos -, deste modo foi adotado para esta variável o valor de 4,33 anos ou 37.931 h. Abaixo são demonstrados os resultados – tabela 3, após as coletas das medições. Tabela 3 – Cálculo da taxa de penetração por corrosão (TC) Posição Fundo Costado 1º. Anel Costado 5º. Anel Costado 10º. Anel Teto Espessura atual (mm) 3,80 9,50 Espessura anterior (mm) 6,30 9,53 TC (mm/ano) 0,5876 0,0071 5,70 6,35 0,1528 4,30 4,76 0,1081 4,00 4,76 0,1786 Os resultados apresentados na tabela 3 estão representados no gráfico 2. Gráfico 2 - Taxa de corrosão (TC) Taxa de corrosão (mm/ano) 0,700 0,600 0,500 0,400 0,300 0,200 0,100 0,000 Fundo 1o. Anel 5o. Anel 10o. Anel Teto Avaliando os dois cenários (taxa de corrosão por perda de massa e por variação da espessura) e comparando com a norma NACE RP-07-75 os resultados obtidos permitem indicar o seguinte: chapa de fundo (taxa de corrosão severa); 1º. anel (taxa de corrosão baixa); 5º. anel (taxa de corrosão alta); 10º. anel (taxa de corrosão moderada) e teto (taxa de corrosão alta). A amostra de fundo apresenta um resultado, em ambos os gráficos 1 e 2, condições severas de taxas, sendo este valor superior em 20x o resultado calculado para a segunda chapa mais comprometida (chapa de teto). Percebese que o contato com o meio solo, agiu de forma intensificada. Visando garantir uma maior sobrevida da mesma deve-se agir de forma preventiva, ou seja, atuando em novos materiais de chapas ou recobrimento, meios passivadores ou um melhor estudo do solo. Outra avaliação que merece uma melhor apreciação é o resultado demonstrado para a chapa de teto. Percebe-se, nesta posição, que alguns fatores interferiram nesta taxa, podendo-se destacar a justaposição e/ou acúmulo de duas fases em estado gasoso presentes neste “espaço em vazio”: produto combustível e umidade (presume-se que a aproximação com o mar – ambiente marinho-industrial - possa provocar uma intensificação da taxa de corrosão) agindo como catalisadores do processo corrosivo. 5 CONCLUSÃO Os objetivos propostos e as metas correspondentes neste trabalho permitiram extrair as seguintes conclusões: As análises realizadas neste trabalho permitiram concluir que o aço utilizado ASTM A-283 Gr. C agiu como material adequado a ser usado no contato com o combustível diesel. Entretanto cabe reforçar os resultados obtidos para a taxa de corrosão (perda de massa ou variação da espessura) em algumas seções do tanque. Pelo ensaio de ultrassom todas as amostras apresentaram espessuras atuais aceitáveis, por estarem acima dos valores mínimos. Entretanto, baseando-se na norma NACE-RP-07-75 que trata da taxa de redução de espessura e sua vida residual, o equipamento não poderá ser disponibilizado, principalmente pelo resultado obtido na amostra de fundo do aço - valor de 3,80 mm -. Predominantemente a redução de espessura ocorreu pelo meio externo, ou seja, a face que está em contato com o meio solo, portanto reforça-se a acelerada taxa de corrosão (pelos 2 métodos calculados) para esta amostra, possivelmente provocado pelo contato do metal com o ambiente (solo) ou pela corrosão do tipo fresta – isto é, quando há o esgotamento do O2 interno, sendo polarizado pela outra região oposta -. Sua taxa de redução foi superior às demais em pelo menos 24%. Os resultados obtidos nesse trabalho permitem sugerir a sua continuação nas linhas de pesquisa, sugerindo o estudo micrográfico, metalográfico, ensaios destrutivos e composição química (pós-operação) para se avaliar o comprometimento do material devido a exposição quanto ao meio. 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