I ENCONTRO CATARINENSE DE COMITÊS DE ÉTICA EM PESQUISA Elaboração do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido Vânia Maria Fernandes Teixeira O nascimento da Bioética 1971- Van Rensselaer Potter Bioética:uma ponte para o futuro “O estudo sistemático da conduta humana no âmbito das ciências da vida e da saúde, enquanto essa conduta é examinada à luz de valores e princípios morais (...)” REICH, Enciclopédia de Bioética,1978 BIOÉTICA Tríplice função Proteger indivíduos e populações SCHRAMM,2004 Novo campo de investigação Propôr argumentos e normas Pesquisa Ética 1.VALOR SOCIAL E CIENTÍFICO REQUISITOS RESULTADOS IMPLEMENTADOS USO RESPONSÁVEL DOS RECURSOS FINITOS PRINCÍPIO DA JUSTIÇA E EQÜIDADE DINIZ;GUILHEM;SCHÜKLENK,2005 Pesquisa Ética 2.VALIDADE CIENTÍFICA REQUISITOS MÉTODO CORRETO CONDUZIDA COM ZELO PELA PRECISÃO CIÊNCIA DEFICIENTE = ÉTICA DEFICIENTE SUJEITOS EXPLORADOS EXPOSTOS A RISCOS RECURSOS DESPERDIÇADOS DINIZ;GUILHEM;SCHÜKLENK,2005 Pesquisa Ética 3.SELEÇÃO EQÜITATIVA DOS SUJEITOS REQUISITOS CRITÉRIOS DE INCLUSÃO E EXCLUSÃO 3.1-VULNERABILIDADE CONCESSÃO PREVILÉGIOS DE INCLUSÃO NÃO SELECIONAR PESSOAS ESTIGMATIZADAS OU VULNERÁVEIS PRINCÍPIO DA JUSTIÇA DINIZ;GUILHEM;SCHÜKLENK,2005 Pesquisa Ética VULNERABILIDADE INDIVIDUAL DIMENSÕES SOCIAL Comportamento Crenças pessoais Pessoas PROGRAMÁTICA incapazes Normas e diretrizes regulamentadoras da ética em pesquisa Composição do CEP Acompanhamento da pesquisa pelo CEP Acesso dos sujeitos ao CEP ZOBOLI,2006 proteção x acesso Pobreza Desigualdade Acesso aos serviços de saúde e educação Relações de poder Pesquisa Ética 4.RELAÇÃO RISCO - BENEFÍCIO RISCOS POTENCIAIS MINIMIZADOS REQUISITOS BENEFÍCOS POTENCIAIS MAXIMIZADOS BENEFÍCIO DEVE SER PROPORCIONAL OU MAIOR QUE O RISCO PRINCÍPIO DA NÃO-MALEFICÊNCIA E BENEFICÊNCIA DINIZ;GUILHEM;SCHÜKLENK,2005 Pesquisa Ética 5. CONFLITOS DE INTERESSES AVALIAÇÃO INDEPENDENTE REQUISITOS RESPONSABILIDADE SOCIAL PARTICIPANTES SERÃO TRATADOS ETICAMENTE ASSEGURAR O USO IMPRÓPRIO DE BENEFÍCIOS POR OUTRAS PESSOAS DINIZ;GUILHEM;SCHÜKLENK,2005 Pesquisa Ética 6.RESPEITO AOS SUJEITOS DE PESQUISA RESPEITAR A PRIVACIDADE E CONFIDENCIALIDADE REQUISITOS PERMITIR QUE O SUJEITO ABANDONE A PESQUISA SEM PENALIZAÇÃO FORNECER NOVAS INFORMAÇÕES E MONITORAR O BEM-ESTAR DOS SUJEITOS DURANTE A PESQUISA PRINCÍPIO DA BENEFICÊNCIA, NÃOMALEFICÊNCIA E AUTONOMIA DINIZ;GUILHEM;SCHÜKLENK,2005 Pesquisa Ética 7. CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO ASSEGURAR A DECISÃO AUTÔNOMA REQUISITOS ASSEGURAR UMA PARTICIPAÇÃO COMPATÍVEL COM OS INTERESSES E VALORES SUJEITOS COM AUTONOMIA REDUZIDA SÃO DEPENDENTES OU VULNERÁVEIS PRINCÍPIO DO RESPEITO À AUTONOMIA DINIZ;GUILHEM;SCHÜKLENK,2005 TCLE E OS CAMPOS DE SUBJETIVIDADE Pesquisador Sujeito de pesquisa Avaliador do CEP Breve Histórico do Consentimento Livre e Esclarecido ▫1767 - primeira citação que se tem sobre consentimento e informação devido a condenação pela Corte de dois médicos ingleses. ▫1833 - primeiro registro científico do uso de um documento estabelecendo entre um pesquisador e um indivíduo pesquisado (contrato). William Beaumont estabeleceu o primeiro conjunto de diretrizes para pesquisa sendo uma delas referentes ao consentimento: “(...)Necessidade de consentimento voluntário dos indivíduos participantes, adequação metodológica do projeto e a liberdade de que o participante tinha de poder abandonar o projeto, caso assim o desejasse”. CLOTET, 2000 Breve Histórico do Consentimento Livre e Esclarecido 1901 - Na Prússia foi aprovado a utilização de consentimento em pesquisa denominado “Instrução sobre intervenções Médicas com objetivos outros ▫ que não diagnósticos, terapêutica ou imunização”. ▫1947 - O Código de Nuremberg estabeleceu o conteúdo e a obrigatoriedade de se obter o consentimento informado do paciente. ▫1948 -Declaração Universal dos Direitos Humanos fundamentou a prática do consentimento. ▫1954 - Associação Médica Americana (AMA) estabelece 3 princípios: fortalece a exigência do consentimento preferencialmente por escrito; que o experimento fosse realizado previamente em animais; experimento ser acompanhado por um médico. ▫1964 – Associação Médica Mundial promulga a Declaração de Hensinki I, foi baseada nos princípios do Código de Nuremberg; 1975 II , 1983 III, !989 IV, 1996 V e 2000 VI (Edimburgo/Escócia). CLOTET, 2000 Breve Histórico do Consentimento Livre e Esclarecido ▫1978 - Belmont Report – National Commission for the Protection of Human Subjects of biomedical and behavioral Research, onde pela primeira vez fica estabelecido o uso sistemático de princípios: autonomia, beneficência e justiça. ▫1993 - Conselho de Organização Internacional de Ciências Médicas (CIOMS) e OMS promulga as Diretrizes Éticas para a pesquisa envolvendo seres humanos: diretriz 4 – Consentimento informado individual. ▫1998 – CNS/MS, Resolução nº1/88 – Normas de Pesquisa em Saúde. ▫1996 –CNS/MS, Resolução nº196/96 –Diretrizes e normas regulamentadores de pesquisas envolvendo seres humanos e suas complementares. CLOTET, 2000 Consentimento PROCESSO CONSENTIR LIVRE E ESCLARECIDO ALGUNS CONCEITOS IMPORTANTES ASSENTIR VOLUNTARIEDADE COMPETÊNCIA RISCO BENEFÍCIO O que é o Consentimento Livre e Esclarecido? “Anuência do sujeito da pesquisa, grupos e / ou de seus representantes legais, livre de vícios (simulação, fraude ou erro), dependência, subordinação ou intimidação à participação na pesquisa. Exige-se que o esclarecimento dos sujeitos se faça em linguagem acessível e que inclua a justificativa, os objetivos, procedimentos, desconfortos, riscos e benefícios, assistência e seus responsáveis, ressarcimento com despesas, indenização, sigilo, privacidade,voluntariedade e liberdade de recusar a participar em qualquer fase da pesquisa sem penalização para o seu tratamento”. RESOLUÇÃO 196/96, CNS O que é o Consentimento Livre e Esclarecido? “Livre e informado consentimento: 1) é o modo de se obter permissão ou autoridade para o uso de outras pessoas; 2) diz respeito a várias visões de dignidade individual; 3) aceita valores associados com a liberdade e independência do indivíduo; 4) reconhece que os indivíduos muitas vezes são os melhores juízes de seus próprios interesses particulares; 5) mesmo que não sejam os melhores juízes, fica reconhecido que a satisfação de decidir livremente é quase sempre preferida à decisão imposta por outras pessoas; 6) reflete a circunstância em que o relacionamento médicopaciente pode levar a um relacionamento fiduciário especial, que cria uma obrigação de revelar informações” ENGELHARDT,1998 O que é o Consentimento Livre e Esclarecido em Crianças e Adolescentes “(...) o consentimento por escrito deve ser obtido dos responsáveis, e havendo condições de compreensão, dever-se-ia, também obter o consentimento do menor envolvido na pesquisa” RESOLUÇÃO 1/88, CNS “(...) quando se tratar de sujeitos cuja capacidade de autodeterminação não seja plena, além do consentimento de responsável legal, deve ser levada em conta a manifestação do próprio sujeito, ainda que com capacidade reduzida (idosos e doentes mentais) ou não desenvolvida (criança)” RESOLUÇÃO 251/97,CNS O que é o Consentimento Livre e Esclarecido em Crianças e Adolescentes “Em pesquisas envolvendo crianças e adolescentes, portadores de perturbação mental e sujeitos em situação de substancial diminuição de sua capacidade de consentimento, deverá haver uma justificação clara da escolha dos sujeitos de pesquisa, especificada no protocolo, aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa, e cumprir as exigências do consentimento livre e esclarecido, através dos representantes legais dos referidos sujeitos, sem suspensão do direito de informação do indivíduo, no limite de sua capacidade” RESOLUÇÃO 196/96, item IV 3a, CNS O que é o Consentimento Livre e Esclarecido em Crianças e Adolescentes “(...)o menor de dezesseis anos não tem decisão autônoma, a sua participação em pesquisas ocorre através de seu assentimento e do consentimento dos pais ” NIH,1998 “(...) o assentimento obtido da criança é um processo de participação gradual da mesma na tomada de decisão, diferentemente do consentimento que é dado por uma pessoa adulta e capaz” American Academy of Pediatrics, 1995 O que é o Consentimento Livre e Esclarecido em Crianças e Adolescentes “(...) o pesquisador deve garantir: •o pai, a mãe ou o responsável legal de cada criança deve autorizar a sua participação • o assentimento (aceitação informada) deverá ser obtida levando-se em conta sua capacidade •A negativa de uma criança a participar ou continuar na pesquisa será respeitada” CIOMS,2002 Processo de Consentimento 1- Pré-condições Capacidade para entender e decidir Receber informações Reconhecer a relevância Relembrar fatos Voluntariedade no processo de decisão BEAUCHAMP & CHILDRESS,2002 Processo de Consentimento 2- Elementos da informação Explicar os procedimentos Explicar sobre riscos, desconfortos e benefícios Recomendação de uma alternativa mais adequada Compreensão dos riscos, benefícios e alternativas BEAUCHAMP & CHILDRESS,2002 Processo de Consentimento 2-Elementos da informação Linguagem acessível ∙Objetivos e métodos da pesquisa ∙As afiliações institucionais do pesquisador ∙As fontes de financiamento e os possíveis conflitos de interesses ∙A duração esperada da participação ∙Acompanhamento posterior ao estudo BEAUCHAMP & CHILDRESS,2002 Processo de Consentimento 2- Elementos da informação ∙Desconfortos que a pesquisa pode acarretar ∙Procedimentos alternativos ∙Abster de fazer parte da pesquisa ou de abandoná-la a qualquer tempo sem D I penalização e sem prejuízo ao seu cuidado R ∙Novas informações E ∙Garantia de sigilo e privacidade I ∙Formas de ressarcimento T ∙Formas de indenização BEAUCHAMP & CHILDRESS,2002 O S Processo de Consentimento 3-Elementos do consentimento Decisão em favor de uma opção, dentre no mínimo duas propostas Autorização para a realização dos procedimentos propostos BEAUCHAMP & CHILDRESS,2002 Processo de Consentimento Modelos de tomada de decisão Autodeterminação Pura autonomia REICH,1995 Adultos competentes para entender a natureza da situação em relação à vida Adultos e algumas crianças mais maduras registram em juízo as suas escolhas em relação a um tratamento caso eles se tornem incapacitados Processo de Consentimento Modelos de tomada de decisão Julgamento substituto A decisão é tomada por outra pessoa levando em consideração as preferências do sujeito Padrão dos melhores interesses Se aplica aqueles que não possuem habilidades ou autoridade para fazer decisões por si mesmos REICH,1995 Processo de Consentimento 3-Elementos do consentimento AUTORIZAÇÃO Informações por escrito Documentação Ser assinado (ou identificado por impressão digital) pelos sujeitos ou representantes legais Ser elaborado em duas vias e anexado em prontuário por 5 anos Omissão do consentimento Res.196/96,CNS Nos casos impossíveis de registrar o consentimento o fato deve ser documentado com explicação das causas da impossibilidade e parecer do comitê de ética Implicações Éticas do TCLE em: EPIDEMIOLOGIA BANCO DE DADOS OMISSÃO DO REQUISITO POVOS INDÍGENAS Pesquisa com Banco de Dados Tipos de banco de dados de interesse em pesquisa envolvendo seres humanos ∙Registros de Pacientes (Prontuários, Fichas Médicas, etc.) ∙Dados Secundários Públicos (Datasus, IBGE, etc.) ∙Outros Registros (Arquivos Escolares) ∙Coleções de Tecidos Humanos (Sorotecas, Biópsias, etc.) Pesquisa com Banco de Dados Questões Éticas Todas as informações contidas nestes tipos de banco de dados são pertencentes ao indivíduo que cedeu/forneceu os dados a seu respeito e estão sujeitas às regras do: SIGILO CONFIDENCIALIDADE Pesquisa com Banco de Dados Prontuário Médico Direito do Paciente ∙ É direito do paciente a disponibilidade permanente das informações, como é do médico e da instituição o dever de guarda do prontuário. ∙ O sigilo profissional, que visa preservar a privacidade do indivíduo, deve estar sujeito às regras estabelecidas na legislação e no Código de Ética Médica. Pesquisa com Banco de Dados Prontuário Médico Autorização de Acesso ∙ No caso do paciente internado no momento da pesquisa Termo de Consentimento Livre e Esclarecido Pesquisa com Banco de Dados Prontuário Médico Autorização de Acesso ∙ No caso do paciente que já teve alta Busca ativa do paciente e/ou Autorização apenas do responsável legal pela guarda do prontuário Pesquisa com Banco de Dados Prontuário Médico Dispensa de Consentimento Esclarecido desde que: ▪ Aprovação do projeto de pesquisa pelo CEP ▪ Autorização do responsável pela guarda do material ▪ Salvaguarda da identidade do doador Banco de Tecido Humano ▪ Soroteca ▪ Biópsias ▪ Dentes ▪ Córneas ▪ Sangue de cordão umbilical Possíveis Utilizações Pesquisa Terapêutica e/ou Diagnóstica Pesquisa não Terapêutica Banco de Tecido Humano Pesquisas Terapêuticas e/ou Diagnósticas ▪ Os benefícios e os riscos estão relacionados diretamente ao sujeito da pesquisa e devem estar devidamente explicitados no protocolo Banco de Tecido Humano Pesquisas Não Terapêuticas ▪ Os benefícios e os riscos não estão relacionados diretamente ao sujeito da pesquisa ▪ Se o resultado da pesquisa implicar novas abordagens terapêuticas ou diagnósticas, o indivíduo deve ser identificado e notificado sobre os resultados da pesquisa Banco de Tecido Humano Recomenda-se: ▪ Informação e orientação do doador, na hipótese de alcançar-se descoberta relevante a partir do material armazenado ▪ Pesquisas que envolvam a futura formação de bancos de materiais biológicos poderão ser realizadas, mediante autorização do sujeito da pesquisa quanto ao armazenamento do material e sua utilização em outras pesquisas, previamente autorizados pelo CEP, garantido o anonimato Resolução nº 347 de 13/1/05, CNS Banco de Tecido Humano ▪ A preocupação com tecido humano armazenado é sua utilização com objetivos não previstos no protocolo original Pesquisa Genética Banco de DNA Tipos de Bancos de Material Genético ▪ de pesquisa ▪ de diagnóstico ▪ de dados ▪ potenciais Banco de DNA Bancos de Material Genético de Pesquisa ▪ Os bancos de pesquisa são formados por DNA obtido de indivíduos ou de famílias extensas, e algumas vezes mesmo por populações inteiras, sabidamente portadoras ou afetadas por uma determinada doença genética. Banco de DNA Bancos de Material Genético de Diagnóstico ▪ Os bancos de diagnóstico são obtidos a partir do DNA de pessoas com suspeita de determinada doença e de seus familiares, em geral para fins diagnósticos ou de aconselhamento (detecção de portadores, prognóstico, etc.) Banco de DNA Bancos em Potencial ▪ Banco constituído por qualquer coleção de tecido: blocos de parafina para análise anátomo-patológica, células ou tecidos em cultura, cartões para screening neonatal (teste do pezinho) e bancos de sangue, que são fontes de DNA, e portanto bancos em potencial Pesquisa Genética Resolução nº 340 de 8/7/2004, CNS ▪ A utilização simultânea de bancos de DNA ou de outros materiais genéticos para fins de assistência e pesquisa deve incorporar os cuidados que ambas situações exigem, em especial a aprovação por um Comitê de Ética em Pesquisa, a garantia da privacidade e a obtenção de consentimento esclarecido de todos os participantes. Pesquisa Epidemiológica ▪ Em alguns casos é impraticável obter-se o consentimento individual O CEP deverá autorizar Pesquisador mantém a confidencialidade dos dados ▪ Em comunidades com liderança Obter a concordância Divulgação da relevância e seriedade da pesquisa Pesquisa Povos Indígenas ▪ Resolução nº 304 de 9/8/2000, CNS Ter a concordância da comunidade por intermédio das organizações indígenas ou conselhos locais Sem prejuízo do consentimento individual Designando o intermediário entre pesquisador e comunidade Assegurando as peculiaridades lingüísticas “A bioética é a nova sabedoria capaz de proporcionar o conhecimento de como usar o conhecimento para a sobrevivência humana e o melhoramento da qualidade de vida.” Van Rensselaer Potter