DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 Ficha Técnica Diagnóstico Social do Concelho de Oliveira de Azeméis CLASOA – Conselho Local de Acção Social de Oliveira de Azeméis Núcleo Executivo Entidade Promotora Câmara Municipal de Oliveira de Azeméis Divisão de Acção Social Outubro de 2006 1 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 ÍNDICE I. INTRODUÇÃO……………………………………………………………………………………...7 II. METODOLOGIA ADOPTADA…………………………………………………………………...11 III. BREVE CARACTERIZAÇÃO DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS………………………………….16 • Referências Históricas……………………………………………………………………………17 • Referências Geográficas…………………………………………………………......................17 • Acessibilidades…………………………………….................................................................19 • Dinâmicas demográficas : estrutura e evolução da população residente………................19 • Actividades Económicas……………………………………………………………………...….24 - Agricultura……………………………………….............................................................25 - Tecido Empresarial…………………............................................................................25 - Serviço………………………........................................................................................26 IV. O ESTUDO “TIPIFICAÇÃO DAS SITUAÇÕES DE EXCLUSÃO EM PORTUGAL CONTINENTAL” - O CASO DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS ……………………………………...27 • Caracterização do concelho de Oliveira de Azeméis de acordo com o estudo sobre a “Tipificação das situações de Exclusão em Portugal Continental” ……………………………...28 V. CARACTERIZAÇÃO DO CONCELHO PELAS ÁREAS TEMÁTICAS: ……………………35 1. HABITAÇÃO ..........................................................................................................36 Enquadramento …………………………………………………………………………………37 Parque Habitacional de Oliveira de Azeméis ……………………………………………...38 Diagnóstico Habitação ………………………………………………………………………...40 - Problemas identificados …………………………………………………………………...40 - Propostas de acção ………………………………………………………………………..41 - Recursos existentes ………………………………………………………………………..41 - Análise SWOT: pontos fortes, pontos fracos, oportunidades e ameaças…………....42 - Problemas priorizados ……………………………………………………………………..43 2 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 2. EMPREGO …………………………………………………………………………..47 Enquadramento …………………………………………………………………………….48 O mercado de emprego em Oliveira de Azeméis …………………………………….49 Diagnóstico Emprego ……………………………………………………………………..50 - Problemas identificados ………………………………………………………………......50 - Propostas de acção ………………………………………………………………………..51 - Recursos existentes …………………………………………………………………….....51 - Análise SWOT: pontos fortes, pontos fracos, oportunidades e ameaças …………...52 - Problemas priorizados ……………………………………………………………….........53 3. EDUCAÇÃO …………………………………………………………………….......60 Enquadramento …………………………………………………………………………….61 Educação: realidade de Oliveira de Azeméis …………………….............................61 - níveis de instrução ……………………........................................................................61 - sucesso e insucesso escolar ……………...................................................................63 - abandono escolar ………………………………………………………………………….64 - rede educativa ...........................................................................................................65 Diagnóstico Educação ..............................................................................................66 - Problemas identificados …….....................................................................................66 - Propostas de acção …………....................................................................................67 - Recursos existentes ..................................................................................................68 - Análise SWOT: pontos fortes, pontos fracos, oportunidades e ameaças …………..69 - Problemas priorizados …………………………………………………………………….70 4. SAÚDE ………………………………………………………………………………76 Enquadramento ………..............................................................................................77 Indicadores de saúde em Oliveira de Azeméis ......................................................78 Equipamentos e serviços de saúde ……….............................................................78 - Hospital S. Miguel ……………………………………………………………………..….79 3 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 - Centro de Saúde ………………………………….........................................................79 - Outras Estruturas ……………………………………….................................................81 Diagnóstico Saúde ………..........................................................................................82 - Problemas identificados ………………………………………………............................82 - Propostas de acção ……………………………………….............................................82 - Recursos existentes …………………………………………………………………….…83 - Análise SWOT: pontos fortes, pontos fracos, oportunidades e ameaças .................84 - Problemas priorizados …………………………………………………………………….85 5. ACÇÃO SOCIAL …………………………………………………………………...94 Enquadramento ……………………………………………............................................95 Equipamentos e Serviços de apoio à População ……………………………………95 - equipamentos de apoio à infância e juventude ……………………………………......95 - equipamentos de apoio à população idosa …………………………………………….95 - equipamentos de apoio à população portadora de deficiência ………………………98 - outros Recursos, Equipamentos e Projectos locais …………..................................100 Diagnóstico Acção Social ……………………………………………………………....110 - Problemas identificados ……………………………...................................................110 - Propostas de acção ………………………….............................................................111 - Recursos existentes …………..................................................................................111 - Análise SWOT: pontos fortes, pontos fracos, oportunidades e ameaças ...............112 - Problemas priorizados ……………...........................................................................113 6. SEGURANÇA ……………………………………………………………………..120 Enquadramento …………………………………………………………………………..121 Estrutura de Segurança ……...........…....................................................................122 Diagnóstico Segurança ………………………………………………………………....124 - Problemas identificados ………………………………………………...……...............124 - Propostas de acção …………..................................................................................124 - Recursos existentes ……………………………………………………………………..125 - Análise SWOT: pontos fortes, pontos fracos, oportunidades e ameaças ………...125 - Problemas priorizados ............................................................................................126 4 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 7. DESPORTO, LAZER E CULTURA ………………….....................................129 Enquadramento ………………………………………………………………………….130 O associativismo em Oliveira de Azeméis ...........................................................130 Diagnóstico Desporto, Lazer e Cultura ……………………………………………...131 - Problemas identificados …………………………………………................................131 - Propostas de acção ……………………………………………………………………..131 - Recursos existentes …………………………………………………………………….132 - Análise SWOT: pontos fortes, pontos fracos, oportunidades e ameaças ..............133 - Problemas priorizados …………………………………………………………………..134 VI. SINTESE CONCLUSIVA …:…………………………………………………………….....139 VII. CONCEITOS E NOMENCLATURAS ….........................................................................153 VIII. BIBLIOGRAFIA ………………………………………….....................................................156 IX. ANEXOS …………………………….................................................................................158 5 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 “Toda a estratégia pressupõe um momento prévio de análise, diagnóstico e reflexão. Fazer um caminho implica primeiramente sondá-lo, perceber as alternativas. Numa frase, o conhecimento, é imprescindível à acção.” Isabel Cardoso Ayres Comissão Coordenadora de Região Norte 6 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 I Introdução 7 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 A Rede Social é uma medida social contextualizada por uma nova geração de políticas activas, que se fundamenta no esforço conjunto das diversas entidades que actuam num território concelhio, no sentido de garantir uma maior eficácia às intervenções e respostas sociais que esse território tem para oferecer. Desta forma, a Rede Social visa potenciar as sinergias e recursos locais, promovendo simultaneamente o planeamento participado e o envolvimento de todos os agentes implicados. Tendo sido criada através da Resolução do Conselho de Ministros 197/97 de 18 de Novembro de 1997, a Rede Social viu o seu papel reforçado através da sua regulamentação pelo Decreto-Lei n.º 115/06 de 14 de Junho de 2006. Este Decreto, para além de consagrar os princípios, finalidades e objectivos da Rede Social, bem como a constituição, funcionamento e competências dos seus órgãos, estabelece a Rede como uma organização homogénea das estruturas de parceria que desenvolvem e integram instrumentos que potenciam o desenvolvimento social local e, consequentemente, nacional. O referido Decreto, chama ainda, a atenção para a necessidade da integração de instrumentos e estruturas que reforcem o próprio papel da Rede Social, nomeadamente: a obrigatoriedade do pedido de parecer ao Conselho Local de Acção Social para projectos e equipamentos a desenvolver no concelho; a consideração dos diagnósticos sociais e dos planos de desenvolvimento social nos planos directores municipais; a construção de um sistema de informação que permita a recolha de indicadores de base local que alimentem uma base nacional; a constituição de uma estrutura supra-concelhia que permita um planeamento concertado para além das fronteiras concelhias. Neste contexto ganham particular importância o Diagnóstico Social e o Plano de Desenvolvimento Social. De facto, estes instrumentos devem reflectir a situação de um determinado território, fazendo o ponto da situação dos problemas, fragilidades, recursos e potencialidades de forma a identificar os nós centrais sobre os quais deve incidir a intervenção. Imbuído deste espírito o CLASOA – Conselho Local de Acção Social de Oliveira de Azeméis – actualizou o Diagnóstico Social (DS) concelhio seguindo a lógica “conhecer para melhor planear e intervir”. Conhecer implica uma compreensão da realidade para realizar uma intervenção social mais eficaz, isto é, criar um processo 8 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 metodológico de actuação sobre a realidade social, com o objectivo de desenvolver, transformar ou melhorar situações problemáticas individuais ou colectivas. Assim, o presente documento reveste-se de grande importância enquanto base de informação que reflicta a identificação de necessidades e de recursos que pauta a definição de linhas orientadoras para a promoção do desenvolvimento social local. Com este documento, pretende-se contextualizar os problemas locais, estabelecendo prioridades, procurando ir ao encontro dos princípios orientadores do PNAI – Plano nacional para a Inclusão. Este Diagnóstico Social não tem como objectivo revestir-se com um carácter de “estudo académico”. Ele pretende contribuir para o desenvolvimento de uma circulação efectiva da informação entre os agentes de intervenção social local. Assim, este documento procura ser um instrumento com carácter funcional e de aplicabilidade prática no quotidiano dos referidos agentes. Sendo um instrumento baseado na realidade actual, o Diagnóstico Social é, obrigatoriamente, um instrumento aberto e inacabado. A realidade social é altamente dinâmica e mutável, como tal, todo e qualquer processo de diagnóstico carece de actualização contínua e permanente. Como tal, este é um instrumento que permite a integração de novos dados e informações. O Diagnóstico Social que agora se apresenta surge como um instrumento precioso de conhecimento da realidade concelhia. Para a sua elaboração muito contribui a participação e o envolvimento dos parceiros do CLASOA, o conhecimento técnico das instituições locais que actuam na freguesia e dos parceiros que compõem o Núcleo Executivo. À semelhança do primeiro documento, optou-se pela estruturação do documento em duas grandes partes, uma primeira de caracterização através de uma análise do contexto geográfico, demográfico e económico de Oliveira de Azeméis e, uma segunda parte de caracterização do concelho por áreas temáticas. Assim, o Documento 2 do Diagnóstico Social terá a seguinte estrutura: I – Introdução II – Metodologia Adoptada III – Breve caracterização do Concelho de Oliveira de Azeméis - Referências Históricas - Referências Geográficas - Acessibilidades 9 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 - Dinâmicas Demográficas - Actividades Económicas IV - Caracterização do Concelho de Oliveira de Azeméis de acordo com o estudo sobre a “Tipificação das Situações de Exclusão em Portugal Continental”. V – Caracterização do Concelho e Freguesias pelas Áreas Temáticas: ÁREAS TEMÁTICAS DE DIAGNÓSTICO 1 – Habitação 2 – Emprego 3 – Educação 4 – Saúde 5 – Acção Social 6 – Segurança 7 – Desporto, Lazer e Cultura VI – Síntese Conclusiva VII – Conceitos e Nomenclaturas VIII – Bibliografia IX – Anexos 10 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 II Metodologia Adoptada 11 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 Enquadramento O diagnóstico do Concelho de Oliveira de Azeméis tem como objectivo fazer uma caracterização (aprofundada) do concelho, por freguesia, de forma a serem detectados problemas/necessidades, suas causas, ponto fortes, recursos e potencialidades, definindo prioridades de intervenção com vista ao combate à pobreza e exclusão social e a promoção da inclusão e desenvolvimento social. A proposta metodológica subjacente a todo o processo do Diagnóstico Social de Oliveira de Azeméis, assenta numa estratégia participada de planeamento, tendo em linha de conta os seus pressupostos e os princípios da investigação – acção, procurando sistematizar e analisar a informação recolhida. A adopção de uma metodologia participativa teve como objectivo criar um documento que fosse espelho da realidade concelhia onde toda a comunidade se revisse. Só desta forma, o Diagnóstico Social permite um verdadeiro e profundo conhecimento da realidade social do concelho, constituindo-se como uma base e um ponto de apoio estratégico para a planificação do desenvolvimento local. Assim sendo, à semelhança do Diagnóstico realizado em 2004, metodologicamente foram realizadas três actividades que conduziram a um Diagnóstico participado: 1ª Recolha de Informação Iniciando o trabalho de actualização do Diagnóstico Social, foi feita a recolha de informação qualitativa e quantitativa de informação. Foram privilegiadas técnicas de recolha documental e não documental. As documentais incluíram a recolha de bibliografia diversificada e a análise de documentos relevantes, nomeadamente informações produzidas pelos meios de comunicação social locais. No que respeita às não documentais destacamos o inquérito por questionário, entrevistas a informadores privilegiados e observação directa. Os inquéritos foram aplicados às Instituições Particulares de Solidariedade Social, às Juntas de Freguesias e às Associações locais. Por sua vez, as entrevistas foram realizadas a interlocutores que, pela posição que ocupam, possuem informação privilegiada sobre a realidade, nomeadamente os párocos, os professores, os autarcas, técnicos responsáveis por serviços específicos, entre outros. 12 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 Ainda no domínio da recolha de informação, destacamos os diversos fóruns que foram realizados nas freguesias do concelho e que se constituíram como momentos de diagnóstico participado. Para além da recolha, estes Workshops permitiram o debate de ideias entre aqueles que actuam nos territórios, constituindose, em algumas freguesias, como a primeira iniciativa de encontro local. 2ª Tratamento de dados Depois da recolha de dados foi necessário tratá-los de forma a determinar as conclusões que permitam caracterizar a realidade concelhia e as especificidades das freguesias, assim como a identificação dos problemas e causas, mas também os recursos e potencialidades. Foi feita a análise quantitativa e qualitativa dos dados recolhidos pelos inquéritos e pelas entrevistas, privilegiando-se a análise estatística e a análise de conteúdo. Desta forma foi possível fazer uma caracterização quantitativa das freguesias, assim como uma análise dos problemas, causas e propostas de intervenção dos informadores privilegiados, por área de actuação. Com esta sistematização dos dados e de forma a tornar o diagnóstico o mais participado possível, foi proposto um debate alargado por freguesia, onde foram apresentados os dados recolhidos e postos à discussão. 3ª Debate Alargado Com os dados recolhidos por freguesia e após a sua sistematização, procedeuse à sua apresentação aos actores sociais de cada freguesia, que representavam as áreas temáticas abrangidas. Assim, foram realizados Fóruns de Freguesia que permitiram para além da recolha de informação um debate sobre a realidade de cada freguesia. Na totalidade realizaram-se 18 fóruns, não tendo sido possível a aplicação desta técnica à freguesia de Madaíl (freguesia muito pequena com pouca população, poucas entidades e interlocutores privilegiados) Estes debates tiveram na sua generalidade uma boa participação, tendo sido convidados todos aqueles que participaram na recolha de dados e que de alguma forma contribuíram para fazer a caracterização da freguesia. 13 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 A estratégica metodológica que orientou estes fóruns partiu dos problemas identificados nos inquéritos para identificar os problemas prioritários das freguesias e as acções necessárias a implementar para a sua colmatação de acordo com os recursos existentes e identificados Com os dados alcançados com os inquéritos e com os fóruns de freguesia, foi realizada uma sessão de trabalho de diagnóstico, numa reunião plenária do CLASOA. Utilizando a técnica do “Brainstorming”, partimos dos problemas prioritários identificados para cada freguesia para a identificação de três problemas prioritários concelhios por cada área temática e, por fim, a identificação de três áreas problemáticas. Após a identificação dos problemas foram registadas as acções de intervenção necessárias para sua resolução, bem como os recursos locais existentes a mobilizar. Com estes debates pretendeu-se que o diagnóstico aqui apresentado fosse o mais representativo possível, envolvendo desde o início todos os actores sociais locais no Programa da Rede Social, de forma a permitir um planeamento integrado e eficaz no âmbito da promoção do desenvolvimento e combate à pobreza e exclusão, tal como nos propusemos com este programa. Este trabalho, possibilitou a realização de uma “Análise SWOT” para cada área temática que se tornou numa mais valia metodológica em relação ao primeiro documento de Diagnóstico Social. Esta análise pretende definir as relações entre os pontos fortes e fracos do território concelhio com as tendências mais importantes que se verificam na realidade local e nacional. Este modelo é também conhecido como o modelo de Harvard. SWOT é a junção das iniciais, em inglês, de quatro elementos fundamentais desta análise estratégica: Strenghts – pontos fortes (vantagens inerentes ao território); Weaknesses – pontos fracos – (desvantagens inerentes ao território); Opportunities – oportunidades (aspectos positivos que podem influenciar o desenvolvimento de um determinado território); Threats – ameaças (aspectos negativos que podem influenciar o desenvolvimento de um determinado território) Assim, para cada área temática específica foram identificados os pontos fortes e fracos bem como as oportunidades e ameaças. Em termos esquemáticos, a estratégica metodológica que orientou este diagnóstico traduz-se da seguinte forma: 14 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 -Segurança; -Acção Social; 15 actores sociais de cada sua freguesia. REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 com todos os intervenientes que actuam na aos a freguesia, promovendo uma discussão alargada sua -Saúde; a apresentação proceder após -Educação; propomos e sistematização, recolhidos -Emprego; dados - Habitação; os 3ª DEBATE ALARGADO concelhia e a especificidade das freguesias. conclusões que permitam caracterizar a realidade Tratamento de dados de forma a determinar as 2ª TRATAMENTO DE DADOS Com ÁREAS TEMÁTICAS -Dinâmicas Demográficas; potencialidades. constrangimentos, mas também os recursos e as áreas temáticas, evidenciando-se os problemas e que permita caracterizar o concelho em termos de Recolha qualitativa e quantitativa de informação 1ª RECOLHA DE INFORMAÇÃO 3 ACTIVIDADES DIAGNÓSTICO SOCIAL | Documento 2 Metodologia DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 III Breve Caracterização de Oliveira de Azeméis 16 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 Referências Históricas Data de 922 a primeira referência documental que existe de Oliveira de Azeméis. Este documento é um diploma de doação feita pelo rei, depreendendo-se dele que nesta altura seria uma freguesia rural, dividida por vários pequenos lugares. A 5 de Janeiro de 1779 D. Maria divide o concelho da Feira, elevando à categoria de vila e sede de município Oliveira de Azeméis. Assim, Oliveira de Azeméis tornou-se concelho e comarca no século XVIII, sendo constituído pelas freguesias de Macinhata da Seixa, Ossela, Pindelo, Carregosa, Mansores, Escariz, Fajões, Macieira de Sarnes, S. Roque, Nogueira do Cravo, S. Vicente Pereiro, S. Martinho da Gândara, Santiago de Riba-Ul, Valega, Avanca, Couto Cucujães. No ano 1855, com a reforma administrativa de Mouzinho da Silveira, houve a extinção do concelho do Pinheiro da Bemposta, transferindo-se para o concelho de Oliveira de Azeméis várias freguesias, passando a ser formado pelas 19 freguesias que até hoje o constituem. A 16 Maio 1984, a Assembleia da República procede à elevação de Oliveira de Azeméis à categoria de cidade. Referências Geográficas Oliveira de Azeméis situa-se na região Norte do país, pertence ao Distrito de Aveiro e ao Agrupamento dos concelhos da região Entre Douro e Vouga. Faz fronteira a Norte com os concelhos de S. João da Madeira e Santa Maria da Feira, a Sul por Albergaria – a – Velha e Sever do Vouga, a Oeste por Ovar, a Este por Vale de Cambra, a Nordeste por Arouca e a Sudoeste por Estarreja. É um concelho formado por 19 freguesias, 1 cidade, 8 vilas e 10 aldeias. Tem uma área aproximada de 163,5Km2 e, segundo os dados do Instituto Nacional de Estatística – Censos de 2001 – tem uma densidade populacional de 432,5 habitantes por Km2. 17 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 MAPA DO CONCELHO POR FREGUESIAS CESAR CESAR SANTA SANTA MARIA MARIA DA DA FEIRA FEIRA FAJÕES FAJÕES FAJÕES AROUCA AROUCA MACIEIRA SARNES MACIEIRA MACIEIRA DE DESARNES SÃO JOÃO DA MADEIRA NOGUEIRA DO CRAVO CARREGOSA NOGUEIRA DO CRAVO CARREGOSA VILA VILA DE DECUCUJÃES CUCUJÃES ROQUE S. S. ROQUE ROQUE PINDELO PINDELO OVAR OVAR SANTIAGO DE RIBA-UL SANTIAGO DERIBA-UL S. MARTINHO MARTINHO DA GÂNDARA S. MARTINHO DA GÂNDARA VALE VALE DE DE CAMBRA CAMBRA DE OLIVEIRA OLIVEIRA DE DEAZEMÉIS AZEMÉIS MADAÍL MADAÍL OSSELA OSSELA UL UL MACINHATA DA SEIXA MACINHATA DA SEIXA TRAVANCA TRAVANCA TRAVANCA LOUREIRO LOUREIRO LOUREIRO PALMAZ PALMAZ ESTARREJA ESTARREJA DA BEMPOSTA BEMPOSTA PINHEIRO PINHEIRODA BEMPOSTA MURTOSA MURTOSA SEVER SEVER DO DO VOUGA VOUGA ALBERGARIA-Á-VELHA ALBERGARIA-Á-VELHA 18 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 Acessibilidades Impondo-se no distrito e na região pela sua privilegiada situação geográfica, nas últimas décadas Oliveira de Azeméis tem vindo a beneficiar de uma aumento do número de estradas e vias de acesso que permitem uma maior mobilidade. Entre as vias estruturantes destaca-se as ligações Norte-Sul através da EN1, IC2, EM 533, EM 544, a ligação ao nó de Estarreja da A1 através da variante EN 224 e ainda a ligação à A29. No que respeita às vias rodoviárias ainda existem algumas lacunas, principalmente no que diz respeito às ligações de algumas freguesias, no entanto, este é um problema reconhecido e inscrito em Plano Director Municipal que tem vindo a ser melhorado, nomeadamente com a construção de alguns troços da via do Nordeste. As ligações rodoviárias de transporte de passageiros são maioritariamente com o Porto. Há ainda carreiras com Vale de Cambra, S. João da Madeira, Santa Maria da Feira, Aveiro, Arouca e Ovar. Apesar de existirem algumas carreiras, as ligações rodoviárias de transporte são um constrangimento no desenvolvimento do concelho, pois estas ligações são limitadas na sua oferta. Por outro lado existe uma grande lacuna no que diz respeita a carreiras que abranjam todos os lugares das freguesias. Ainda relativamente aos transportes públicos, foi já aprovada a criação de um serviço de transporte público urbano, com um trajecto que sirva as populações da cidade e área limítrofes. Dinâmicas demográficas Estrutura e evolução da população residente Os níveis de crescimento da população caracterizam-se sempre por saldos positivos. Oliveira de Azeméis, de acordo com os dados do XIV Recenseamento Geral da População do Instituto Nacional de Estatística, com 70 721 habitantes, tendo este número aumentado quando comparado com dados de anterior recenseamentos. De facto, entre 1981 e 2001, a população residente no concelho registou sempre um crescimento: em 1981 contabilizava 62 821 indivíduos, em 1991 registava 66 846 (mais 4025) e em 2001 registou mais 3875 habitantes. 19 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 Comparando os dados dos Censos de 2001 com os de 1991, verifica-se que Oliveira de Azeméis registou um aumento populacional de 5,8% semelhante ao aumento registado no território nacional de 5%. QUADRO N.º 1 População residente no Concelho de Oliveira de Azeméis, por freguesia, entre 1991 e 2001, 1 variação da população e taxa de variação . Total Residentes Freguesias Variação n.º residentes (1991 – 2001) Taxa de Variação (%) (1991 – 2001) 1991 2001 Carregosa 3 544 3 552 8 0,23 Cesar 2 739 3 288 549 20,04 Cucujães 11 130 11 094 -36 -0,32 Fajões 3 112 3 180 68 2,19 Loureiro 3 376 3 491 115 3,41 2 193 2 214 21 0,96 1 443 1 446 3 0,21 804 884 80 9,95 Nogueira do Cravo 2 681 2 852 171 6,38 O. Azeméis 9 679 11 168 1 489 15,38 Ossela 2 359 2 538 179 7,59 Palmaz 2 133 2 130 -3 -0,14 Pindelo 2 569 2 758 189 7,36 3 432 3 621 189 5,51 2 237 2 289 542 2,32 3 585 4 126 52 15,09 S. Roque 5 156 5 480 324 6,28 Travanca 1 818 1 778 40 -2,20 Ul 2 856 2 832 -24 -0,84 Total 66 846 70 721 3 926 5,80 Macieira de Sarnes Macinhata da Seixa Madaíl Pinheiro da Bemposta S. Martinho da Gândara Santiago de Riba – Ul Fonte: INE, Recenseamento Geral da População e Habitação, 2001. A variação populacional entre 1991 e 2001 apresenta um registo positivo, sendo que apenas quatro freguesias registaram uma variação negativa no seu número 20 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 de habitantes. A leitura do quadro demonstra que a freguesia onde se verificou uma maior aumento foi Cesar seguida da sede de concelho, Oliveira de Azeméis. 1-Taxa de variação: diferença entre dois efectivos populacionais em dois momentos de tempo. Para além do aumento populacional ter sido diferente de freguesia para freguesia, o peso da distribuição da população revela igualmente algumas assimetrias. GRÁFICO N.º 1 Percentagem da população residente no Concelho de Oliveira de Azeméis, por freguesia. 15,79% 15,68% 16% 14% 12% 10% 7,74% 8% 5,83% 6% 5% 4,64% 5,12% 4,93% 4,49% 4% 3,89% 3,58% 3,01% 3,13% 4% 4,00% 3,23% 2,51% 2% 1,20% 2% 0% Percentagem Carregosa Cesar Cucujães Fajões Loureiro Macieira de Sarnes Macinhata da Seixa Madaíl Nogueira do Cravo Oliveira de Azeméis Ossela Palmaz Pindelo Pinheiro da Bemposta Santiago de Riba - Ul S. Martinho da Gândara S. Roque Travanca Ul 21 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 Analisando o gráfico verifica-se que as duas freguesias que se destacam em termos de volume do efectivo populacional mais elevado são Oliveira de Azeméis e Cucujães, seguindo-se depois S. Roque. No oposto, e enquanto freguesias que aprestam um menor volume populacional aparecem Madaíl, Travanca e Macinhata da Seixa. Todas as outras freguesias apresentam um volume populacional semelhante não havendo grandes diferenças. Verificamos já, que o concelho de Oliveira de Azeméis apresenta uma evolução positiva em termos populacionais. Esta evolução pode ser explicada tendo por base a análise dos dados dos Censos ao nível concelhio, que nos indicam que é nos estratos mais elevados da população que se encontra o maior número de residentes. QUADRO N.º 2 Evolução da população residente no Concelho de Oliveira de Azeméis, por grupos etários, em 1991 e 2001. Total Residentes 1991 2001 Variação (%) (1991 – 2001) 0-4 anos 4 292 3 885 -9,5 5-9 anos 4 779 4 005 -16,2 10- 13 anos 4 261 3 399 -20,2 14-19 anos 7 250 5 842 -19,4 20-24 anos 5 913 5 424 -8,3 25 – 64 anos 33 330 38 340 16,5 65 + anos 7 021 9 326 32,8 Total 66 846 70 721 - Grupos Etários Fonte: INE, Recenseamento Geral da População e Habitação, 2001. Analisando o quadro n.º 2, poderemos depreender que provavelmente o aumento da população não se de deve a um aumento do número de nascimentos, mas sim a um aumento da longevidade e do envelhecimento da população. De facto, a estrutura da população ainda que de um modo mais tardio, inicia o seu processo de participação no movimento demográfico do Portugal moderno: envelhecimento da base e do topo. Se em 1991 havia um número de jovens bastante significativo, nomeadamente no grupo etário dos 0 aos 14 anos, em 2001 os grupos etários mais jovens, com 22 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 idades compreendidas entre os 0 e os 24 anos, ocupam uma parcela inferior da população, não atingindo 40% da população total em nenhuma das freguesias do concelho. O fenómeno de envelhecimento demográfico torna-se visível através da redução dos efectivos populacionais jovens, em consequência dos baixos níveis da natalidade e pelo adensamento dos efectivos populacionais idosos, resultante da esperança média de vida. Esta tendência que o concelho tem registado de um crescimento proporcionado sobretudo pelo envelhecimento da população, pode ainda ser fundamentado nos índices de envelhecimento estabelecidos pelo INE. Segundo este Instituto Oliveira de Azeméis apresentava um índice de envelhecimento de 31,31% em 1981, passando para 48, 35 em 1991 e para 76,46% em 2001. Os dados do Anuário Estatístico da Região Norte de 2003 reforçam ainda mais esta tendência, na medida em que este índice atingiu, no ano de 2002, 83,6%. Os movimentos demográficos descritos até agora, têm também consequências directas nos níveis de dependência dos jovens (relação entre o número de jovens, até à idade mínima permitida de entrada na vida activa e a população activa) e dos idosos (relação entre o número de idosos e a população activa. De facto, ainda que Oliveira de Azeméis apresente um nível de dependência dos jovens (24,7%) superior ao dos idosos (18,9%), as diferenças entre ambos tem diminuído francamente e tenderá cada vez mais a atenuar-se e a inverter-se, como é possível depreender da projecção da população do concelho de Oliveira de Azeméis, por freguesia para o ano de 2011. QUADRO N.º 3 Projecção da população residente no concelho de Oliveira de Azeméis, por grupos etários para o ano de 2011 Grupos Etários 0 – 14 15 - 24 25 -64 65 + anos anos anos anos 10 965 8 532 42 351 11 819 Total Concelho de Oliveira de 73 666 Azeméis Fonte: Universidade de Aveiro, Centro de Estudos em Inovação e Dinâmicas Empresariais e Territoriais, Fevereiro 2006. Esta projecção foi feita a partir da projecção demográfica realizada pelo PDM, realizada com base no método de sobrevivência das cohortes. Dos dados apresentados podemos verificar que o concelho de Oliveira de Azeméis continuará a 23 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 registar um aumento populacional. No entanto, este aumento reflecte-se ao nível dos grupos etários mais elevados, o que vem corroborar a tendência de envelhecimento populacional ao nível concelhio, que de resto, acompanha a tendência nacional. Neste sentido, nos próximos anos ganhará maior visibilidade e representatividade o grupo da designada “terceira idade”. Esta realidade acarreta inevitáveis consequências para a política social local. Actividades Económicas Estabelecendo uma relação entre a população activa e a população residente, segundo os dados do Recenseamento Geral da População de 2001, podemos verificar que o concelho de Oliveira de Azeméis apresenta uma Taxa de Actividade de 52,2%. QUADRO N.º 4 População residente economicamente activa, empregada e desempregada, taxa de actividade e desemprego, por contexto territorial. População economicamente activa População desempregada (2001) NUTS Total Empregada Total Taxa de Taxa de 1º Novo Actividade desemprego Emprego Emprego (2001) (2001) Oliveira de 36 882 35 458 1 424 300 1 124 52,2% 3,9% 141 608 134 971 6 637 1 390 5 247 51,2% 4,7% 1 775 015 1656 103 118 912 24 794 94 118 48,1% 6,7% 4 990 208 4 650 947 339 261 73 678 265 583 48,7% 6,8% Azeméis Entre Douro e Vouga Região Norte Portugal Fonte: INE, Recenseamento Geral da População e Habitação, 2001. O Concelho de Oliveira de Azeméis apresenta uma taxa de actividade que é superior às taxas apresentadas pela região Entre Douro e Vouga, pela região Norte e pelo total do território Nacional. 24 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 Em consequência a taxa de desemprego apresentada na data em que estes dados foram apurados, é significativamente mais baixa que as taxas de Entre Douro e Vouga, da Região Norte e Portugal. Inserido na região portuguesa de economia mais aberta ao exterior, o concelho de Oliveira de Azeméis partilha com outros concelhos a forte vocação empresarial. Agricultura O sector primário emprega uma diminuta parte da população, constituindo-se mesmo como um sector marginal, circunscrevendo-se a algumas freguesias, nomeadamente Loureiro, Pinheiro da Bemposta e Ossela. Ao longo do tempo, a agricultura, que era a principal actividade económica foise sedimentando numa população envelhecida e sem formação específica. Este factor aliado ao processo de industrialização fez com que a agricultura perdesse a sua predominância. Actualmente, salvo raras excepções, a actividade agrícola surge sobretudo num quadro de pluriactividade, onde o campo exerce funções de segurança e suporte face às oscilações do mercado de trabalho e da conjuntura económica. O contributo desta actividade para o emprego é praticamente residual, empregando 1,1% da população concelhia. Tecido Empresarial Como já foi referido, o concelho é fortemente industrializado, concentrando a actividade principalmente nos sectores do calçado, metalurgia e metalomecânica (com especial destaque para os moldes), plástico (principalmente componentes para a indústria automóvel), agro-alimentar (lacticínios), descasque de arroz, colchões, confecções, cobres e loiças metálicas. De acordo com a AECOA – Associação Empresarial do Concelho de Oliveira de Azeméis, num total de 1920 empresas recenseadas, 95% são micro e pequenas empresas e os restantes 5 pontos percentuais correspondem às médias e grandes empresas. 25 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 Em termos sectoriais, no tecido empresarial Oliveirense predominam as empresas do sector secundário com 57,7%, seguindo-se o sector terciário com 40,5%. O sector primário, confirmando a perspectiva já exposta. Apresenta um contributo residual de 1,8%. Segundo a mesma fonte, da análise efectuada do número de trabalhadores afecto ao tecido empresarial, verifica-se que o sector secundário é o maior empregador, registando uma percentagem de 79,2%. Todas as freguesias tem sedeadas algumas empresas, no entanto, as freguesias com o maior número de empresas situam-se numa área de concentração empresarial junto ao eixo que se desloca de norte para sul do concelho. Esta área, é sobretudo composta por freguesias que possuem zonas de acolhimento industrial, cuja localização reúne condições infraestruturais que justificam e potenciam a fixação das empresas, destacando-se como exemplo as freguesias de Oliveira de Azeméis, Cesar, Pindelo; S. Roque, Nogueira do Cravo, Cucujães e Santiago Riba – Ul. A actividade empresarial do concelho tem uma forte vocação exportadora, apresentando uma forte participação no comércio internacional, quer em termos de comércio inter comunitário, quer em termos de comércio extra comunitário. Nesta área, é um concelho com maior realce na região de Entre Douro e Vouga Serviços Seguindo o sector secundário, o sector terciário aparece como o segundo mais empregador, registando uma percentagem de 31%. Destes 31%., 19,7% diz respeito a empresas que laboram na área comercial, de restauração e hotelaria. Os restantes 11,3% dizem respeito a outras entidades, nomeadamente organismos de Administração Pública e de Prestação de Serviços à Comunidade. Em Oliveira de Azeméis existem 104 Instituições da Administração Pública e 225 organismos de Serviços Prestados à Comunidade. 26 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 IV O Estudo “Tipificação das Situações de Exclusão em Portugal Continental” – O Caso de Oliveira de Azeméis 27 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 O ESTUDO: “TIPIFICAÇÃO DAS SITUAÇÕES DE EXCLUSÃO EM PORTUGAL CONTINENTAL” Caracterização do concelho de Oliveira de Azeméis Com o desenvolvimento do Programa Rede Social que gerou a crescente necessidade de aprofundar o conhecimento dos fenómenos de pobreza e de exclusão social que caracterizam os diferentes concelhos do país, surgiu a ideia da realização de um estudo que permitisse construir uma tipologia das situações de inclusão/exclusão e de pobreza com um âmbito territorial. Este estudo foi desenvolvido pelas Áreas de Investigação e Conhecimento da Rede Social do ISS, IP, utilizando um conjunto de indicadores disponíveis para todos os concelhos. A análise efectuada teve por base o tratamento estatístico de um conjunto de dados que assentam em duas matrizes: uma relativa às situações de pobreza e de exclusão, a outra relacionada com a caracterização do território em termos urbanos e rurais. O procedimento utilizado permitiu distinguir seis grandes tipos de territórios: Tipo 1 – Territórios Moderadamente Inclusivos - São considerados os territórios mais favoráveis (todos os indicadores explicativos reflectem situações favoráveis face às médias nacionais); - Apresenta uma situação favorável ao nível da desqualificação objectiva (atributos que podem determinar a inclusão ou exclusão nos principais sistemas sociais: educação, emprego, habitação). Apresentam baixos níveis de desemprego e de desemprego de longa duração; níveis positivos de escolarização, analfabetismo e taxas de abandono escolar e saída antecipada; - Apresentam igualmente uma situação favorável no que diz respeito à dimensão da privação, cujos indicadores são: número de beneficiários do RSI e do IRS. Tipo 2 – Territórios de Contrastes e Base Turística - A maioria dos concelhos que integram este tipo pertencem ao Algarve e as suas características estão fortemente associados à principal actividade desenvolvida nessa região, que é o turismo; 28 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 - Destacam-se ao nível da desafiliação nos aspectos relacionados com a criminalidade e a presença de imigrantes; - Crescimento económico acelerado e descontínuo; - Situação favorável no que diz respeito à escolarização e emprego/desemprego; - Dinâmica demográfica positiva – rácio favorável de pensionistas face à população empregada; Tipo 3 – Territórios Ameaçadores e Atractivos - Lado mais dinâmico do desenvolvimento do nosso país; - Os concelhos que integram estes territórios ocupam uma área com pouca expressão, no entanto, representam uma parte importante da população, reflectindo a sua litorização; - Situação favorável no que diz respeito às dimensões da desqualificação social objectiva (baixa taxa de analfabetismo, da população com escolaridade menor ou igual à obrigatória, de saída antecipada do ensino), da qualificação profissional (baixo peso dos trabalhadores desqualificados) e à situação face ao emprego (baixa taxa de desemprego de longa duração); - Situação favorável nos indicadores relativos à dimensão privação; - Face à heterogeneidades dos territórios, existe a dificuldade de verificar a existência de bolsas de pobreza (existência de valores elevados ao nível do peso dos alojamentos não clássicos e dos alojamentos sobrelotados e também ao nível da taxa de criminalidade). Tipo 4 – Territórios Envelhecidos e Desertificados - Este tipo representa uma extensão importante do território continental (20% dos concelhos), onde reside uma fatia diminuta da população (4,9%); - Características de sub-desenvolvimento destes territórios: envelhecidos, desertificados e deficitários do ponto de vista das infra-estruturas; - Predomina a subsistência de base na actividade agrícola; - Isolamento e institucionalização dos idosos; - Elevado número de famílias constituídas com um indivíduo, tendo este mais de 65 anos; - Baixa percentagem de estrangeiros – que reflecte a fraca dinâmica destes territórios; 29 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 - Baixa taxa de criminalidade; - Elevada taxa de analfabetismo; - Peso elevado do número de pessoas portadoras de deficiência; - Médias favoráveis de abandono escolar e da saída antecipada do sistema de ensino (relacionados com a inexistência de alternativas atractivas à escola); - Valores favoráveis das taxas de desemprego e de desemprego de longa duração; - Níveis elevados dos indicadores relativos à dimensão “Privação” – Empobrecimento das famílias (IRS per capita; percentagem poder de compra; valores do rácio entre o total de pensionistas sobre a população empregada e valor médio da pensão, confirmam este empobrecimento da população). A excepção recai no baixo número de beneficiários do RSI/RMG, explicado pelo peso da população que é coberta pelas pensões. Tipo 5 – Territórios Industriais com Forte Desqualificação - Concelhos de grande concentração populacional; - Dinamismo demográfico expresso através do maior peso da população entre os 0 e os 14 anos e das famílias numerosas: - Forte dinâmica económica assente sobretudo na indústria; - Territórios que se caracterizam “Sociedade de Providência” – indicadores de institucionalização são os mais baixos do continente; peso elevado das famílias numerosas e dos alojamentos sobrelotados (sugerindo fortes de inter-ajuda familiar e informal que sugerem como alternativas à institucionalização dos idosos); baixo peso de crianças em amas e creches; - Dinâmica sócio-económica responde às necessidades de reprodução social e às necessidades de produção de acordo com o modelo de organização do trabalho intensivo, mal remunerado e sub - protegido em termos de direitos; - Taxa de estrangeiros muito baixa (a função de trabalho de baixos encargos que é realizada por estrangeiros está preenchida). - População jovem mas com uma elevada taxa de desqualificação objectiva: taxas elevadas de população com escolaridade menor ou igual à obrigatória, de abandono precoce, de saída antecipada do sistema de ensino; - Elevado número de indivíduos que desempenham profissões desqualificadas; - Altas taxas de desemprego, sobretudo de desemprego de longa duração, provocadas pela desqualificação e desvalorização da mão – de – obra; 30 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 - Situação confusa na dimensão “privação”: valor muito baixo de IRS per capita sem que isto se revele no poder de compra; - Elevada vulnerabilidade a situações de pobreza causada sobretudo pelo elevado peso das famílias numerosas e pela desqualificação social objectiva; - Existência de mecanismos informais que reduzem esta vulnerabilidade, nomeadamente a inter-ajuda informal, a pluriactividade e o plurirendimento; Tipo 6 – Territórios Envelhecidos e Economicamente Deprimidos - Abrange um número significativo de concelhos, no entanto representa uma fatia bem mais pequena no que toca à população abrangida – são concelhos que se distribuem pelo interior do país (Norte e Alentejo); - São territórios envelhecidos com fracas competências escolares, qualificações profissionais e economicamente deprimidos; - Valores elevados do número da população envelhecida e de idosos a viverem sós; - Regista o número mais elevado de famílias constituídas por avós com netos – situação de grande fragilidade já que se trata de um só adulto com crianças a cargo; - Os valores referentes à criminalidade e imigração são muito baixos; - Elevada taxa de analfabetismo; - Elevados índices de abandono escolar; - Rácio de desemprego muito elevado; - Situação desfavorável na dimensão “privação”: piores valores de IRS per capita, dec beneficiários do RMG/RSI e do valor médio anual processado de pensões; A Situação de Oliveira de Azeméis Segundo este estudo, o concelho de Oliveira de Azeméis encontra-se no tipo 5: “Territórios Industriais com Forte Desqualificação”. Este tipo ocupa a terceira posição no que diz respeito ao peso da população do continente, integrando 12,9% dos concelhos do continente, que na sua maioria apresenta uma grande vitalidade demográfica e um grande dinamismo de base industrial. Uma grande parte da população vive em centros com menos de 5000 habitantes e com níveis de infraestruturação deficiente, nomeadamente ao nível do saneamento básico e de acesso à Internet. 31 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 Para a identificação dos territórios, o estudo em causa, construiu entre outras, uma tipologia referente à dicotomia exclusão/inclusão. O conceito de exclusão social possibilita a distinção da dimensão da privação, da desqualificação e da desafiliação. A noção de privação diz respeito ao acesso a recursos materiais, isto é, à insuficiência de recursos para manter condições de vida socialmente aceitáveis. A desqualificação é uma noção que procura ir além dos recursos económicos e materiais, procurando analisar estes tendo por base um conjunto de circunstâncias sociais e pessoais que impedem que se possa aceder a direitos consagrados. Essas circunstâncias passam por razões de saúde, incapacidade, ausência de ocupação remunerada, ausência de instrução e qualificação. A desqualificação diz directamente respeito ao descrédito a que são sujeitos aqueles que não participam na vida económica e social, isto é associa o emprego à protecção social, partindo do pressuposto de que a precariedade de emprego, a ausência de qualificações e o desemprego geram situações de fractura social. A noção de desafiliação centra-se nas questões dos laços sociais, destacando o papel das relações de solidariedade formais e informais nos processos de ruptura ou de protecção dos indivíduos. Para a definição deste tipo de território concorreram 17 indicadores. Destes indicadores, 6 eram relativos à desafiliação, nomeadamente: taxa de pessoas institucionalizadas; taxa de cobertura de apoio aos idosos, idosos em famílias de uma pessoa, famílias de avós com netos, crianças em amas e creches e estrangeiros entre a população residente. A maioria destes indicadores confirma a tendência de um grande dinamismo demográfico dos concelhos que integram este tipo. É o caso de Oliveira de Azeméis que ainda apresenta um proporção de idosos inferior à dos jovens. Este dinamismo demográfico associado ao grande peso de famílias numerosas (que funcionam como redes de inter-ajuda familiar) e de alojamentos sobrelotados explica o facto dos valores relativos à institucionalização aparecerem como os mais baixos do continente. Estes factores podem ainda ser explicativos do baixo valor da percentagem de crianças dos 0 aos 3 anos em amas e creches que caracteriza a maioria dos concelhos que compõem este tipo de território. No entanto este valor também pode traduzir a fraca cobertura deste recurso neste território, prevalecendo os mecanismos informais na resposta às necessidades das famílias. Oliveira de Azeméis pertence a um conjunto de concelhos que dentro deste tipo contrariam esta tendência, 32 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 apresentando valores relativos mais elevados de crianças em amas e creches do que a média nacional. Ainda relativamente à desafiliação, verifica-se que os concelhos que integram este tipo, são na sua generalidade pouco atractivos para os estrangeiros, na medida em que apesar da sua estrutura produtiva de base industrial ser pouco exigente em termos de qualificação da mão-de-obra, a oferta existente em termos de recursos humanos nacionais é aparentemente suficiente e até excedentária como se verifica pelas taxas de desemprego de longa duração que são as mais altas de todos os tipos de territórios. Os indicadores correspondentes à desqualificação social objectiva são 8 e diziam respeito à população com escolaridade menor ou igual à obrigatória, taxa de analfabetismo, saída antecipada do sistema de ensino, taxa de analfabetismo, saída antecipada do sistema de ensino, abandono escolar precoce, desempregados de longa duração, população com profissões desqualificadas, pessoas residentes em alojamentos sobrelotados, população com deficiência. De acordo com estes indicadores, a população deste território é muito pouco escolarizada que tende a abandonar precocemente o sistema de ensino. Com uma taxa de analfabetismo que se apresenta favorável face á média nacional, os indicadores que constituem esta dimensão revelam que a população mais jovem inicia o seu percurso escolar, mas não conclui a escolaridade obrigatória reflectindo-se em altas taxas de abandono escolar (sobretudo nos jovens entre os 10 e 15 anos, como é o caso de Oliveira de Azeméis) e também valores elevados de saída antecipada do sistema de ensino (entre os 18 e os 24 anos). Estas características escolares das populações residentes justificam o seu exercício de profissões desqualificadas, bem como o grande peso de desempregados de longa duração. As famílias numerosas e os alojamentos sobrelotados, que por um lado representam redes informais de solidariedade, por outro evidenciam situações desfavoráveis do ponto de vista das condições habitacionais e dos rendimentos. O IRS per capita, famílias com cinco ou mais elementos e o peso dos pensionistas face à população empregada são os 3 indicadores relativos à privação económica. 33 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 O peso das famílias numerosas é elevado e apesar de se concentrar em especificamente em determinados concelhos, nenhum concelho apresenta um valor inferior à média nacional. Em alguns dos territórios que registam mais alojamentos sobrelotados são também aqueles que registam valores de IRS mais baixos. Estes territórios assentes num modelo industrial baseado na exploração de uma mão-de-obra desqualificada e barata enfrentam agora novos desafios que retiram a este modelo a sua vantagem competitiva no mercado mundial, nomeadamente e a título de exemplo, a adesão de novos estados membros à União Europeia, o risco de deslocalização de algumas empresas e as consequências inerentes à liberalização do comércio mundial de têxteis e vestuário. Até há pouco tempo, muitas empresas instaladas nestes territórios garantiam a empregabilidade das populações (mesmo que precária). Actualmente, muitas destas empresas ou desapareceram ou correm o risco de desaparecer. Neste sentido, este modelo necessita de uma reestruturação que, na opinião de alguns economistas passa por um maior investimento na comercialização, formação e flexibilidade do produto. Torna-se urgente uma maior cooperação entre empresas para enfrentar estes problemas. Por fim, resta acrescentar que este modelo de produção condicionou não só as presentes gerações adultas, mas também as crianças e jovens que optam por abandonar o seu percurso escolar para enveredar por percursos profissionais precários e desqualificados. Torna-se urgente e imperioso corrigir esta situação. 34 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 V Caracterização do Concelho por Áreas Temáticas 35 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 1 Habitação 36 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 Enquadramento “Todos têm direito, para si e para sua família, a uma habitação de dimensão adequada, em condições de higiene e conforto e que preserve a intimidade pessoa e a privacidade familiar” (artigo 65º da Constituição da Republica Portuguesa) A habitação é a base sobre a qual assenta a qualidade de vida dos cidadãos, revelando-se como um domínio que assume uma grande importância, porque daqui poderá partir uma maior estabilidade familiar. A Habitação é um direito consagrado na Constituição Portuguesa, que vinculou o poder político-administrativo do Estado, sendo que este deve desenvolver mecanismos e acções conducentes à garantia de satisfação daquele direito. Por seu turno, as autarquias têm procurado actuar em várias vertentes, assumindo as condições e os meios necessários para que se garanta o acesso à habitação. Não obstante ser reconhecido como um direito fundamental, consignado constitucionalmente, o parque habitacional é resultado da gestão de esforços entre o estado, o mercado e os cidadãos, o que manifestamente cria e gera uma rede de complexidades. As últimas duas décadas foram períodos de grande intensidade de crescimento do parque habitacional em Portugal. Durante este período, sobretudo na última década, foi intenso o crescimento do número de alojamentos para uso sazonal. Segundo o Instituto Nacional de Estatística, tendo em conta o total de alojamentos, o rácio alojamentos/ famílias atinge o segundo valor mais elevado da Europa, logo a seguir à Espanha. No entanto, se se tiver em conta o número de alojamentos ocupados como residência habitual, esse rácio diminui substancialmente, passando de 1,38 para 0,98. Assim, e de acordo com aquele organismo, uma abordagem de âmbito geral sobre a estimativa das necessidades quantitativas da habitação, permite concluir que não existem carências habitacionais. Contudo, já numa abordagem de carácter qualitativo, pode-se concluir que existem grandes carências habitacionais, com centenas de milhares de fogos sobrelotados, em elevado estado de degradação ou em falta de infra-estruturas que garantam conforto. 37 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 No que concerne ao regime de ocupação do parque habitacional, o panorama nacional caracteriza-se por uma importância esmagadora da percentagem de proprietários (76%) face a arrendatários (21%). De facto, a maioria dos fogos vagos destinam-se à venda e não arrendamento. Segundo orientações do Instituto, é de crucial importância para o equilíbrio do parque habitacional português a recuperação do património edificado: 2/3 dos alojamentos vagos não apresentam condições mínimas de habitabilidade ou de possibilidade de recuperação. Em termos de linha futura do panorama da habitação em Portugal, o instituto destaca: − Um forte abrandamento da construção de habitações novas; − Aposta clara na requalificação do parque existente. Para tal, devem ser criados novos programas públicos de incentivo à recuperação de imóveis; − Aposta na reanimação do mercado de arrendamento; − A expansão do segmento das habitações de uso secundário, deverá ser aproveitada como factor de requalificação do parque existente. Parque Habitacional de Oliveira de Azeméis O panorama do Parque Habitacional do concelho de Oliveira de Azeméis, segue a tendência nacional. O crescimento populacional do concelho fez-se acompanhar pelo aumento da construção de edifícios e pela urbanização do território. Segundo os dados dos Censos de 2001, Oliveira de Azeméis registava cerca de 20 637 edifícios, verificando-se um aumento de 8,8%, isto é, mais 1 670 edifícios do que em 1991. O concelho de Oliveira de Azeméis, segundo os Censos de 2001 tem cerca de 26 495 alojamentos, sendo que 26 476 são alojamentos familiares (alojamentos clássicos e não clássicos) 26 360 são alojamentos clássicos e existem 19 alojamentos colectivos, sendo que 7 são hotéis ou similares e 12 são convivências. No que concerne a alojamentos de residência habitual, Oliveira de Azeméis contabiliza um total de 22 325. Destes 22 209 são alojamentos clássicos de residência habitual enquanto que 1741 são de uso sazonal ou secundário e 2410 estão vagos. 38 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 Em termos de condições de infra-estruturas dos alojamentos familiares de residência habitual, verifica-se que as condições sanitárias são as mais deficitárias, nomeadamente no que diz respeito ao banho e aos esgotos, que contabilizam 20 595 e 21 932 alojamentos familiares respectivamente face ao total de 22 325. O gabinete de Habitação Social da Divisão de Acção Social da Câmara Municipal de Oliveira de Azeméis, aparece neste domínio como um actor privilegiado, fazendo um diagnóstico contínuo das condições habitacionais dos seus munícipes. A caracterização levada a efeito evidencia que no Município existe um estrato da população que, quer por motivos de ordem económica quer por motivos de natureza social não conseguem melhorar a sua qualidade de vida em vários aspectos, nomeadamente ao nível da habitação. Existe um total de 652 agregados familiares que necessitam de uma intervenção ao nível da habitação, sendo que a maioria são situações que carecem de realojamento (548), seguindo a intervenção com vista à realização de melhorias (83 para melhorias em casa própria e 21 para melhorias em casa arrendadas). Analisando o quadro que se segue verficamos que a freguesia com mais casos estudados é Oliveira de Azeméis com 176, seguida de Cucujães com 83, Ossela com 44, Ul com 44, S. Roque com 41, Pinheiro da Bemposta com 33, Loureiro com 30, Travanca com 29, Santiago de Riba – Ul e Macieira de Sarnes com 23, Fajões e Carregosa com 20, Macinhata da Seixa com 18, S. Martinho da Gândara com 17, Pindelo com 14, Cesar com 15, Nogueira do Cravo com 11, Palmaz e Madaíl com 7. QUADRO N.º 5 Caracterização das condições habitacionais no concelho de Oliveira de Azeméis – Distribuição das situações pelo tipo de intervenção . Freguesias Auto- Realoj. Melhorias/P Melhorias/R Melhorias/C Carregosa 15 5 0 0 0 20 Cesar 13 2 0 0 0 15 Cucujães 81 1 1 0 0 83 Fajões 16 3 1 0 0 20 Loureiro 22 6 2 0 0 30 Madaíl 6 0 0 0 0 6 Mac. Seixa 11 2 5 0 0 18 Mac. Sarnes 22 1 0 0 0 23 Construção Total 39 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 Nog. Cravo 10 0 1 0 0 11 O. Azeméis 173 2 1 0 0 176 Ossela 29 15 0 0 0 44 Palmaz 2 5 0 0 0 7 Pindelo 10 3 1 0 0 14 P. Bemposta 17 16 0 0 0 33 S. Riba-Ul 22 1 0 0 0 23 S. M. Gândara 12 3 2 0 0 17 S. Roque 38 2 1 0 0 41 Travanca 18 6 5 0 0 29 Ul 31 10 1 0 0 42 Total 548 83 21 0 0 652 Fonte: Levantamento habitacional, Gabinete da Habitação, Divisão Acção Social, CMOA Verifica-se que o número de realojamentos é superior às melhorias. Assim, a caracterização levada a efeito aponta para três grandes linhas de intervenção no sentido de suprir os problemas diagnosticados: - Melhorias habitacionais – Regulamento Municipal de Apoio a Melhorias Habitacionais; - Apoio ao arrendamento – Regulamento Municipal de Apoio ao Arrendamento; - Realojamentos em habitação social. Os conteúdos destas medidas estão descritos neste documento como respostas aos problemas priorizados nesta área temática. Diagnóstico Habitação Problemas Identificados No que diz respeito à área da habitação, foram levantados os seguintes problemas: − Rendas elevadas e casas sem condições; − Habitações degradadas com falta de infra-estruturas e com poucas condições de habitabilidade; − Casas tipo rural degradadas e com falta de infra-estruturas; − Renda elevada face à situação económica das famílias; 40 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 − Idosos a viverem em casas antigas sem condições; − Falta de apoio na área da habitação; − Dificuldades em realizar melhorias necessárias; − Falta de Infra-estruturas. Propostas de Acção Os problemas da habitação acarretam um conjunto de complexidades difíceis de colmatar. Para tal, foram lançadas as seguintes propostas de actuação: − Implementação de programas próprio; − Apuramento do nível de informação existente relativo a apoios e medidas especificas no âmbito da reabilitação/ melhorias habitacionais; − Divulgação / Informação junto da população sobre os programas e medidas de apoio à habitação; − Responsabilização dos senhorios e dos inquilinos; − Levantamento/ Sinalização das situações; − Sinalização de casas prioritárias para intervenção; − Criação de incentivos para famílias carenciadas; − Maior fiscalização das condições habitacionais; − Motivação/ Sensibilização dos senhorios e dos inquilinos para a realização de melhorias nas habitações. Recursos Existentes Para implementar estas acções foram identificados os seguintes recursos: − Programas Próprios; − Autarquias: Câmara Municipal de Oliveira de Azeméis e Juntas de Freguesia; − Governo; − Instituto Nacional de Habitação – Programas / Medidas especificas; − Regulamentos Municipais; − Projecto Solis; − Comunidade. 41 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 Análise SWOT: pontos fortes; pontes fracos; oportunidades e ameaças Com estes dados, foi possível construir a análise SWOT que se apresenta no quadro seguinte: PONTOS FORTES PONTOS FRACOS • Gabinete de Habitação da Câmara • Habitações precárias e degradadas com falta de infra-estruturas Municipal de Oliveira de Azeméis • Levantamento habitacional • Rendas elevadas face à situação económica das famílias • Programas Nacionais • Regulamento Municipal • Rendas elevadas face às condições habitacionais • Apoio ao arrendamento Jovem (INH) • Falta de apoios na área da habitação • Idosos que vivem sozinhos em habitações com precárias condições • Falta de habitação social OPORTUNIDADES • Construção de habitação social AMEAÇAS • Parque habitacional para arrendamento limitado • Resistência à mudança de habitação por parte dos idosos • Desconhecimento das medidas de apoio na área da educação • Especulação Imobiliária 42 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 Problemas Priorizados Nesta área os parceiros identificaram 3 problemas prioritários: 1- Rendas elevadas face à situação económica das famílias; 2- Habitações degradadas (falta de condições de habitabilidade); 3- Falta de Habitação Social Rendas elevadas face à situação económica das famílias No mercado de arrendamento, as rendas podem assumirem, essencialmente três regimes: regime de renda apoiada, regime de renda condicionada e regime de renda livre. No regime de renda livre, e tal como o nome indica, o valor pecuniário da renda é livremente estipulado entre as partes sem sujeição de um valor máximo. Dentro deste regime surgem um conjunto de situações específicas que proliferam no concelho e que criam desequilíbrios estruturais no mercado de arrendamento, nomeadamente: • Contratos realizados há longos anos, que se mantêm em vigor a valores extremamente baixos. Nesta situação encontram-se sobretudo habitantes idosos, pouco informados sobre a Lei, que se opõem à mudança, com pouca vontade de recorrer a trâmites burocráticos necessários e sem recursos financeiros. Existem também famílias sucessoras do inquilino inicial com poucos recursos financeiros e limitados. Perante esta situação e valores de renda tão baixos, os proprietários não actuam convenientemente, deixando que os edifícios atinjam estados de degradação extrema, condicionando totalmente a qualidade de vida dos habitantes e até a sua segurança. • Arrendamentos recentes a valores muito elevados. A falta de habitação, nomeadamente ao nível cooperativo e social provoca uma certa especulação aos valores de arrendamento das construções particulares. Esta situação tem consequências directas na vida quotidiana das famílias: diminuição do poder de compra; recurso a subsídios de entidades publicas; 43 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 rotatividade de habitação provocada por acções de despejo pelo não pagamento do valor da renda. No caso das famílias de baixos recursos, a alternativa face à pouca oferta de construção social ou de custos controlados é a mudança para casas antigas e degradadas, assistindo à concentração destas famílias em determinadas zonas das freguesias. Na verdade, aqueles que têm rendimentos mais volumosos ocupam zonas residenciais melhor localizadas e habitações com melhores condições. Processa-se desta forma uma espécie de selecção que delimita os locais de residência em função dos agregados familiares, tornando óbvios os mecanismos de exclusão social. Estas famílias ficam igualmente sujeitas a situações de arrendamento ilegais, sendo o preço equacionado pelo proprietário. Tendo em conta que não existem contratos de arrendamento, os habitantes ficam numa situação precária, não podendo exercer qualquer tipo de exigência em relação às condições de habitabilidade. Para além destes arrendamentos sem qualquer vínculo legal, existem também situações de arrendamento de habitações ilegais ou de espaços não destinados à habitação: anexos, garagens, arrecadações, etc. Para colmatar esta situação ganha especial importância o apoio ao arrendamento previsto no Regulamento Municipal de Apoio ao Arrendamento (que começou a ser aplicado a 11 de Outubro de 2006) e que consiste num apoio financeiro concedido às famílias carenciadas no pagamento da renda de casa. O montante das comparticipações varia entre o valor mínimo mensal de 25 € e o máximo de 125 € e é calculado em função do valor da renda paga e do rendimento médio bruto do agregado familiar. Este apoio ao arrendamento surge como a grande aposta da Câmara Municipal de Oliveira de Azeméis como alternativa ao realojamento em habitação social, pois considera-se que permite uma maior dispersão dos realojamentos e uma melhor integração das famílias, evitando-se também os guetos. 44 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 Habitações degradadas (falta de condições de habitabilidade) A degradação e precariedade habitacional são um problema que tem uma estreita relação com o problema anteriormente focado. Para suprir as necessidades ao nível das melhorias habitacionais, proporcionando uma qualificação das habitações, a autarquia apresenta como instrumento essencial o Regulamento Municipal de Apoio a Melhorias Habitacionais que começou a ser aplicado a 11 de Outubro de 2006. As melhorias estão preconizadas para situações em que se mostra necessário executar obras para melhorar as condições de salubridade, segurança e até a mobilidade da habitação. Para tal dá-se resposta a estes problemas através da elaboração de projectos de arquitectura e de especialidades, isentando os respectivos processos de obras das taxas municipais. Este regulamento prevê ainda a isenção das taxas em processos de ligação de água e de ligação de saneamento. Como resposta aos problemas habitacionais em habitações próprias que reúnem determinados requisitos temos o Programa SOLARH – Solidariedade e Apoio à Recuperação de Habitação. Este programa, criado pelo Decreto-Lei n.º 7/99, de 8 de Janeiro, destina-se a proporcionar às famílias mais carenciadas a facilidade de realizarem obras na sua habitação própria sem sobrecarregar as suas despesas mensais. O SOLARH orientado por critérios de solidariedade social procura dar respostas a problemas concretos de pessoas com baixos rendimentos através da concessão de empréstimos sem juros, destinados a obras de conservação e beneficiação da habitação própria e permanente, até ao limite de 11971,15 €, e a pagar até 30 anos consoante os seus rendimentos. Falta de habitação social A ideia base que sustenta a atribuição de habitação social, consiste no apoio a um agregado familiar necessitado, por um período de tempo que se deseja o mais curto possível, sempre assente no pressuposto de que a família se autonomizará, podendo, à semelhança de todas as outras famílias, recorrer ao mercado livre para comprar ou arrendar uma habitação. 45 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 O arrendamento social tem por base fogos construídos com o apoio financeiro do Estado. Em Oliveira de Azeméis, através do 1º Acordo de Colaboração celebrado com o Instituto Nacional de Habitação, foram concretizadas duas fases de realojamentos (2002/2003), estando realojados 39 agregados familiares, num total de 144 indivíduos. O tipo de edificado existente é de rés-do-chão e três andares com dois apartamentos por piso. O enquadramento arquitectónico dos cinco blocos está em harmonia com o parque edificado existente, dado estar integrado na “Urbanização Quinta de Lações”. Sendo certo que a habitação social existente no concelho é manifestamente insuficiente face às necessidades identificadas, a Câmara Municipal celebrou um novo Acordo de Colaboração com o referido Instituto ao abrigo do Programa PROHABITA Programa de Financiamento para Acesso à Habitação, criado pelo Decreto-Lei n.º 135/2004 de 3 de Junho. Este acordo abrangeu 95 famílias, propondo-se a autarquia adquirir 81 habitações no mercado ou integradas em empreendimentos a custos controlados e a construir 14 habitações em regime de custos controlados. Apesar desta mais valia, a colmatação das carências habitacionais, passa, como já foi referido, pela priorização do apoio ao arrendamento como alternativa ao realojamento em habitação social. Desta forma pretende-se contrariar algumas tendências nefastas características da habitação social, nomeadamente a concentração num só local de pessoas diversificadas, mas que revelam riscos e processos de não integração e de exclusão social semelhantes, o que adensa os problemas aumentando ainda mais os factores de exclusão. Estes espaços de habitação social, são espaços de difícil manutenção, exigindo um esforço acrescido por parte da autarquia. A par da manutenção inerente ao envelhecimento e utilização das estruturas, os espaços comuns necessitam de intervenção devido à má utilização e até actos de vandalismo. Verifica-se a inexistência de uma cultura de preservação do bem comum. Assim, a gestão do espaço fica dificultada pela existência de agregados familiares cujos objectivos de vida se centram maioritariamente numa cultura pelo prazer imediato, sem grande respeito pelos direitos e liberdades dos outros. São espaços onde as relações de vizinhança são difíceis, onde é mais frequente o conflito e a retaliação do que a conjugação de esforços para a preservação do bem comum. 46 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 2 Emprego 47 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 Enquadramento O emprego aparece, como a área chave, do desenvolvimento económico e social, ocupando um lugar estratégico de charneira entre as diversas esferas que compõem a organização das nossas sociedades. O volume do emprego e do desemprego, a sua distribuição sectorial e por categorias de trabalhadores, a qualidade do trabalho e da sua remuneração, dependem dos agentes económicos e das suas dinâmicas. O funcionamento do mercado de trabalho influencia e determina a produção e reprodução de fenómenos de exclusão, sendo o desemprego o factor essencial de vulnerabilização dos indivíduos e das famílias por ele atingidos. Para além da ausência de uma actividade ocupacional produtiva, o desemprego caracteriza-se por uma degradação das condições materiais, numa redução e deterioração das relações inter-pessoais, numa ausência de representação social e numa precariedade evolutiva ao nível de todas as dimensões da vida humana. Apesar da crescente aposta na formação, o mercado de trabalho português apresenta muitas fragilidades de ordem qualitativa estando ainda baseado um trabalho pouco qualificado de baixos salários. O baixo nível de escolarização e qualificação profissional da população portuguesa tem implicações negativas quer em termos de coesão social, quer ao avançar para uma sociedade de conhecimento e de inovação, quer ainda no aumento da produtividade do trabalho, que reflecte a baixa qualificação da população empregada e formas pouco inovadoras na organização do trabalho. Estas condições têm repercussões directas no desemprego. Apesar de continuar a registar uma das mais elevadas taxas de emprego da União Europeia, Portugal tem de enfrentar e resolver alguns desafios na área da formação e qualificação profissional, reduzindo o risco de desemprego, nomeadamente junto de trabalhadores mais idosos e menos qualificados, da população inactiva como é caso dos jovens saídos do sistema educativo e de formação às mulheres. Diagnosticados os problemas, o sistema de emprego português em elevada consonância com o sistema de ensino e de formação profissional, têm de sofrer profundas transformações, na ordem estrutural, de forma a responderem aos desafios 48 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 da sociedade de conhecimento. A criação de mais e melhores empregos e a consequente coesão social e competitividade económica dependem da qualidade das sinergias entre as políticas de emprego, educação e formação. Ao nível micro territorial, as entidades responsáveis devem seguir estes pressupostos. O Mercado de Emprego em Oliveira de Azeméis Em termos gerais o concelho de Oliveira de Azeméis enquadra-se nas características globais que traçam o nosso país. É um concelho com uma forte dinâmica empresarial sustentada pelas pequenas e médias empresas, concentradas na área do calçado, dos moldes e da metalomecânica. A maioria da sua população apresenta baixos níveis de escolaridade e são pouco qualificados. Tal como se passa no resto do país, o défice de escolarização e qualificação profissional dos indivíduos constitui um obstáculo à capacidade competitiva das empresas, à capacidade de emprego, bem como à melhoria da qualidade do emprego e ao desenvolvimento da cidadania. A caracterização da população economicamente activa é um factor importante para podermos perceber quais os recursos humanos que temos disponíveis. Assim Oliveira de Azeméis apresenta as seguintes características: - Segundo os dados dos Censos de 2001, 69,5% da população residente encontra-se em idade activa e 63% exerce uma actividade económica. - O número de mulheres sem actividade económica é bastante superior ao dos homens. As mulheres inactivas são em maior número em várias categorias dos inactivos, realçando-se o grupo dos estudantes e dos domésticos. - O sector secundário é o maior empregador, empregando 68% da população, seguindo o sector terciário com 31% e o primário com 1%. 49 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 - A população com actividade económica encontra-se sobretudo nos grupos etários dos 20 aos 55 anos, enquanto que a população sem actividade económica avoluma-se a partir dos 60 anos de idade. Em termos de desemprego, a taxa deste fenómeno tem vindo a aumentar progressivamente. No momento censitário de 2001, 63% da população em idade activa tinha uma actividade económica, mas 3,9% estava desempregada. O comportamento do mercado de trabalho alterou-se significativamente de 2001 até agora. Em Dezembro de 2005 o distrito de Aveiro era o quinto no ranking nacional do desemprego. Os concelhos do norte do distrito são aqueles onde se regista uma taxa mais elevada de desemprego. Nesta data, Dezembro de 2005, Oliveira de Azeméis registava cerca de 2639 desempregados, o que corresponde a uma taxa de 7,75%. Em Junho de 2006, o Centro de Emprego de S. João da Madeira tinha um total de 2435 Oliveirenses inscritos. Diagnóstico Emprego Problemas Identificados As características do mercado de emprego no município de Oliveira de Azeméis vão de encontro dos problemas levantados pelos actores locais na área do desemprego foram: - Aumento de desemprego - Falta de competências sociais, pessoais e profissionais - Trabalho precário e falta de hábitos de trabalho - Falta de formação profissional - Baixo nível de habilitações das pessoas - Falta de requalificação profissional dentro das empresas - Falta de motivação para o trabalho - Limitação de ofertas de emprego alternativo à industria de calçado - Falta de cursos técnico profissionais 50 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 Propostas de Acção Para colmatar estes problemas que foram diagnosticados, foram propostas as seguintes acções. - Dinamização de cursos formativos diversificados - Formação continua e reinserção profissional dos desempregados - Promoção de cursos profissionais: formação direccionada para o emprego - Diversificar as ofertas de formação profissional - Sensibilização das empresas para aceitação de estagiários - Maior divulgação das entidades e dos cursos de formação - Dinamização de programas de qualificação e formação dentro das empresas - Alteração do quadro legislativo - Acreditação de novas entidades formadoras Recursos Existentes Dado o vasto dinamismo empresarial do concelho e a localização de serviços institucionais, para colmatar este problema, podemos dinamizar os seguintes recursos: - Centro de Emprego – IEFP - UNIVA - Entidades Formadoras - Associação Empresarial do Concelho de Oliveira de Azeméis - Associação Comercial - Segurança Social - Escolas EB 2,3 e Secundárias - Autarquias - DREN / EFA - IPSS’S Locais 51 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 Análise SWOT: pontos fortes; pontes fracos; oportunidades e ameaças Do diagnóstico destes problemas, recursos e propostas de acção, é possível realizar a seguinte análise SWOT: PONTOS FORTES PONTOS FRACOS • UNIVA • Desemprego • Centros de formação • Trabalho Precário • Gabinete de Apoio ao Empresário • Falta de formação e qualificação profissional eficaz • Associação Empresarial • Associação Comercial • Centro de Emprego • Falta de requalificação e formação dentro das empresas • Limitação de ofertas de emprego alternativo à industria do calçado • Falta de hábitos de trabalho OPORTUNIDADES AMEAÇAS • Forte dinamismo industrial • Baixo nível de qualificação • Programas de apoio à criação de emprego • Conjuntiva económica • Parcerias de formação no âmbito de entidades diversas • Tendência do aumento de desemprego de longa duração associado ao baixo nível de instrução / qualificação dos desempregados • Falta de motivação dos desempregados associada à acomodação ao subsídio de desemprego • Carências de infra-estruturas industriais • Concentração dos industriais na área do calçado • Industria dependente dos baixos salários e trabalhadores não qualificados 52 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 Problemas Priorizados Tendo em conta os problemas, os recursos e as potencialidades do concelho, foram eleitos como problemas prioritários, os seguintes: - Desemprego - Trabalho Precário - Falta de formação e requalificação profissional eficaz Estes problemas estão directamente relacionados com a conjuntura económica que o país atravessa, no entanto dizem também respeito a hábitos que estão enraizados e que todos podem e devem alterar. 1- Desemprego O desemprego desestruturante, que afecta todo funcionamento social e pessoal de um individuo e do seu agregado, constituindo-se como o principal factor de vulnerabilização das pessoas. De facto o desemprego provoca a insuficiência de recursos económicos e cria, consequentemente, estados de pobreza e exclusão social. O desemprego do concelho de Oliveira de Azeméis e tendo em conta os dados do Centro de Emprego, afecta sobretudo os indivíduos dois 35 aos 54 anos e os que têm mais de 55 anos; as mulheres e os indivíduos que andam à procura de novo emprego. Um dos factores importantes na procura de emprego está relacionado com as habilitações literárias, uma vez que, quanto mais baixo é o nível de habilitações, maior é a dificuldade de conseguir emprego. Mais de metade dos inscritos no Centro de Emprego que residem em Oliveira de Azeméis têm unicamente o primeiro ciclo de ensino básico. Assim, temos três características fundamentais do desemprego no concelho de Oliveira de Azeméis: - É mais feminino do que masculino - Afecta os mais desqualificados - Afecta mais os individuos que já trabalharam e que procuram novo emprego 53 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 Face a isto, a resolução deste problema passa sobretudo pela resolução do terceiro problema priorizado: a aposta na formação e qualificação das pessoas. O desemprego, sobretudo quando afecta as já identificadas famílias disfuncionais, passa também por uma ausência de hábitos de trabalho e pelo recurso aos subsídios institucionais ou actividades ilegais. Neste caso, torna-se urgente trabalhar a criação de hábitos de trabalho, dotando os indivíduos de competências pessoais e sociais que lhes permitam desenvolver uma actividade económica. No âmbito deste problema, torna-se ainda pertinente alertar os empresários para a necessidade de se promover cada vez mais a igualdade de género no acesso a uma oportunidade de trabalho e trabalho qualificante. Para além da promoção da igualdade de género, os empresários têm também um importante papel na qualificação dos seus colaboradores, numa lógica adaptável das suas competências às necessidades impostas pelo mercado de trabalho. 2- Trabalho Precário Um dos problemas ao nível do mercado de trabalho diz respeito, por um lado, à criação de empregos em número insuficiente e, por outro lado, à qualidade e estabilidade dos empregos criados. Assiste-se à proliferação dos chamados empregos atípicos que, quando surgem, não estão abrangidos por legislação e pela segurança social, e como tal, constituem-se factores de marginalização e fontes de descriminação. Tendo como base lógica de raciocínio a ideia de que o mercado de trabalho estrutura-se no trabalho assalariado, onde cada activo deve ter um emprego permanente a tempo inteiro desde o fim da escolaridade até à idade da reforma, então as outras formas de trabalho, que têm proliferado, são consideradas trabalho não convencional, precário ou atípico. Dentro deste trabalho atípico que, muitas vezes, surge como precário, podemos distinguir quatro modalidades diferentes: - O trabalho a tempo parcial - O trabalho temporário (trabalho sazonal, os contratos a termo e o trabalho temporário) 54 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 - O trabalho independente - O trabalho no domicilio Trabalho a Tempo Parcial Enquadra-se nas novas formas de trabalho e é um indicador da flexibilidade do mercado de trabalho. Possibilita aumentar a capacidade de adaptação dos mercadas de trabalho, na dissociação das horas de exploração das de trabalho e também, ter em conta os desejos dos trabalhadores quanto à diminuição da duração de trabalho. Normalmente, em Portugal o trabalho a tempo parcial é essencialmente um fenómeno feminino e dirigido a pessoas com níveis de escolaridade baixos. A precariedade neste tipo de trabalho será mais evidente para as situações em que os trabalhadores têm este horário por não terem conseguido um horário a tempo completo, ou seja, o chamado a tempo parcial involuntário. Trabalho Temporário O trabalhador temporário é aquele que celebra um contrato de trabalho temporário com uma empresa de trabalho temporário, pelo qual se obriga a prestar a sua actividade profissional a utilizadores, a cuja autoridade e direcção fica sujeito, mantendo, todavia, o vínculo jurídico-laboral à empresa de trabalho temporário. Este tipo de trabalho aparece para responder às necessidades de mão-de-obra pontuais. Trabalho a Termo Inclui-se nesta categoria todo o tipo de actividades que não têm um carácter permanente, com um fim previamente definido, aparece para responder a necessidades de mão-de-obra pontuais, com a finalidade previamente definida. Existe uma forte relação entre a actividade económica e este tipo de contrato que se traduz por uma significativa diminuição em períodos de recessão e um comportamento inverso em período de crescimento económico. 55 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 Trabalho Por Conta Própria Um trabalhador por conta própria é aquele que explora a sua própria empresa ou que exerce independentemente uma profissão ou ofício, tendo ou não pessoal ao serviço, ou seja, organiza o seu trabalho, possui meios de produção e é responsável por eles. O aparecimento e desenvolvimento desta forma de emprego tem múltiplas origens, desde constituir uma alternativa ao desemprego até à alteração de atitudes visando uma maior independência. Assim, quando se trata de uma forma de evitar o desemprego, esta forma de trabalho aparece como precária, caracterizada por longas jornadas de trabalho, rendimentos incertos e não gozo de determinadas regalias como por exemplo férias. Trabalho Doméstico Apesar de não ser muito comum considerar o trabalho no domicilio como uma forma de trabalho precário, a sua integração justifica-se por emergirem novas formas de emprego, nomeadamente, o tele-trabalho, decorrente de situações de externalização das empresas e, ainda, o trabalho intelectual. Estas novas formas de trabalho, ainda não se encontram regulamentadas o que pode conduzir a uma precariedade laboral. Assim sendo, e apesar de nos últimos anos se ter verificado uma regulamentação do mercado de emprego, estas formas de emprego podem continuar a constituir-se como fonte de marginalização e descriminação em relação ao trabalho convencional, entendido, mais uma vez, como o trabalho a tempo inteiro por tempo indeterminado. Por outro lado, estas formas de trabalho podem servir de trampolim para um emprego estável e permanente e, por outro lado, os trabalhadores podem manter este tipo de contratos, passando de um emprego para outro com as mesmas características, sem perspectiva futura de estabilidade. Neste caso, estas formas de trabalho contribuem para o agravamento das desigualdades económicas e sociais. É certo que o trabalho incerto, sem regalias sociais constitui uma fonte de vulnerabilidade económica e social dos indivíduos nele inserido, estando a ele sujeito 56 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 os trabalhadores mais desqualificados e indiferenciados e que têm dificuldade em manter compromissos laborais e um trabalho estável. 3- Falta de formação e requalificação / qualificação profissional eficaz As transformações que temos vindo a assistir no sistema produtivo, tem implicações directas no mercado de emprego. Estas transformações materializam-se na passagem da produção em massa em quadros organizacionais rígidos para um novo sistema produtivo caracterizado pela diversidade, flexibilidade, inovação e cooperação. Se para este novo modelo implica a valorização das relações publicas, nomeadamente o aumento do nível de qualidade, nas competências, responsabilidade, iniciativa, aprendizagem continua, para outros, este novo modelo postula a tendência para as desvalorização dos recursos humanos, manifesta no aumento de desemprego e na degradação das condições de trabalho. Tendo em conta estas duas perspectivas, e não havendo dados que confirmem uma ou outra, surge uma terceira que considera poderem coexistir vários modelos de produção num determinado país, sector ou região. Assim, sendo os processos de mudança complexos e ambíguos, podem implicar tanto o aumento das qualificações como a desqualificação, não havendo uma evolução pré-determinada nas opções entre várias alternativas. A evolução depende dos actores sociais, dos seus valores e interesses. Com os novos sistemas produtivos e as novas condições macroeconómicas, sociais e culturais implica: - Um ensino geral mais elevado e de base alongada, em termos científicos, técnicos e sócio culturais, que facilitem a mobilidade e a adaptabilidade ao longo da vida; - Uma formação profissional não limitada apenas à preparação para uma ocupação, função e / ou posto de trabalho; - Uma aprendizagem contínua, nomeadamente a formação profissional contínua de adultos, sobretudo aqueles que se encontram numa situação débil no mercado de trabalho devido aos seus baixos níveis de escolaridade. 57 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 - Um ensino - formação que incida sobre aspectos técnicos mas também sobre aspectos relacionais, sociais e organizacionais. As empresas, os indivíduos, o governo, as entidades formadoras têm um papel fundamental e crucial a desempenhar neste âmbito que vai ter repercussões ao nível do desenvolvimento económico do país. Todos os elementos têm uma responsabilidade acrescida para: - Aumentar o nível de escolaridade ou de formação inicial, reforçando a sua valorização. O aumento do nível de escolaridade ou de formação é crucial pois condiciona fortemente as perspectivas da vida profissional. Os jovens com um nível de escolaridade relativamente baixo têm cada vez mais dificuldades em ingressar no mercado de trabalho e, quando o conseguem, o que não favorece a sua participação em acções de formação. - Aumentar o número de adultos em acções de formação profissional. A melhoria das qualificações exige um aumento da participação dos segmentos com baixos níveis de escolaridade na formação continua. Segundo dados do Eurostat e da OCDE, são os mais escolarizados que tendem a participar em acções de formação continua, isto é, aqueles que mais precisam de formação para melhorar a sua situação em termos de aprendizagem de empregabilidade, não utilizam essa oportunidade. - Promover acções de formação formal e formação no trabalho para aqueles que, devido ao pobre conteúdo do trabalho que realizam, aos baixos níveis de habitação ou vínculos contratais instáveis, não têm condições para desenvolver as competências valorizadas no mercado de trabalho. Esta acção visa intervir sobretudo junto de mulheres, jovens, indivíduos pertencentes a grupos etários elevados, os pouco qualificados e os menos escolarizados que fazem parte de uma mão-de-obra fragilizada no mercado de trabalho. A sua mobilidade normalmente limita-se à esfera do trabalho pouco qualificado, tanto dentro da mesma empresa como na mudança de uma empresa para 58 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 a outra, comportando características que perpetuam a sua fragilidade, nomeadamente a falta de possibilidades de formação e de promoção profissional. Em termos concretos de Oliveira de Azeméis, ganha particular importância recursos como a AECOA e a implementação da iniciativa “Novas Oportunidades” inserido no âmbito do Plano Nacional de Emprego e Plano Tecnológico. Esta iniciativa assenta na base de que o nível secundário, é o patamar mínimo para dotar os cidadãos de competências essenciais à moderna economia do conhecimento, e tem dois pilares fundamentais: - Priorizar o ensino profissionalizante ao nível secundário; - Elevar a formação de base dos activos, isto é, de todos aqueles que entraram na vida activa com baixos níveis de escolaridade. Neste quadro, ganha especial relevo o sistema de reconhecimento, validação e certificação de competências, como forma de medir e certificar competências adquiridas em contextos não formais e informais. O sucesso de todas as iniciativas exige o empenhamento de todos cidadãos, empresas, entidades formativas, escolas na valorização de uma cultura de aprendizagem e de um trabalho qualificante. O reforço desta atitude potenciará a estabilidade económica e social, investindo-se nos recursos humanos. 59 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 3 Educação 60 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 Enquadramento A educação é considerada um dos pilares fundamentais de sustentação de todo o desenvolvimento e evolução de uma sociedade. De facto, a educação e a formação são actualmente os principais instrumentos de identificação de pertença, de promoção e desenvolvimento social. O objectivo fundamental da educação é dotar cada indivíduo de capacidades de integração na sociedade, fornecendo requisitos essenciais para o desenvolvimento do potencial das suas capacidades. Dotando-se o indivíduo do conhecimento dinâmico do mundo, dos outros e de si mesmo, sustentar-se-á a as plena realização e o esforço da sua participação como cidadão. Assim, a educação é essencialmente abordada como um indicador do desenvolvimento social integrado e como factor de avaliação das capacidades e aptidões individuais. No quadro Europeu, Portugal revela a sua fragilidade no que respeita ao nível de instrução da população, evidenciando-se a baixa qualificação generalizada da população portuguesa, em que cerca de 80% tem como habilitação máxima o nível do ensino básico, o baixo peso da população habilitada com o ensino secundário e alguma aproximação à média dos países comunitários no que respeita ao nível do ensino superior. Educação: Realidade de Oliveira de Azeméis Níveis de instrução No que concerne aos níveis de instrução, o concelho de Oliveira de Azeméis, segue a tendência nacional. De facto, a Região Entre Douro e Vouga, na qual o concelho se insere também se caracteriza por baixa qualificação da sua população residente. 61 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 QUADRO N.º 6 População residente segundo o nível de instrução, por contexto territorial. 2001 Territórios Nenhum 1º 2º nível de Ciclo Ciclo ensino EB EB 8 823 27 751 12,5 39, 2 3º Ciclo Total EB EB 12 828 7 698 48 277 18,1 10,9 48 811 Ensino Ensino Ensino Médio Superior 9 152 222 4 247 68,2 13,0 0,3 6,0 30 579 186 460 33 631 983 18 723 17,6 11,0 67,3 12,1 0,4 6,8 557 752 395 422 480 825 21 970 329 479 37,6 15,1 10,7 63,4 13,1 0,6 8,9 3 638 1300 1 126 6 065 1 620 725 150 989 864 816 80 173 1 113 452 35,1 12,6 10,9 58,6 15,6 0,8 10,8 Secund ário Oliveira de Azeméis % Entre Douro e 37 015 107 070 Vouga % 13,4 Região 515 079 Norte % 14,0 Portugal 1 475 812 % 14,2 38,7 1 386 766 2 339 940 Fonte: INE, Recenseamento Geral da População e Habitação, 2001. O quadro número 6 demonstra-nos que o maior número de indivíduos residentes no concelho tem apenas como nível de instrução o 1º ciclo do Ensino Básico, com 39, 2%. Vemos também que continua a existir uma percentagem significativa de pessoas sem qualquer nível de ensino. Seguindo a tendência do Entre Douro e Vouga, da Região Norte e de Portugal, Oliveira de Azeméis revela algumas particularidades, apresentando a menor percentagem relativamente ao indicador “sem nível de ensino” e a maior no que diz respeito aos indivíduos que detêm apenas o 1º e 2º ciclo. A avaliação sócio-educativa de um determinado contexto territorial passa obrigatoriamente pela análise do analfabetismo (idade a partir da qual um individuo que acompanhe o percurso normal do sistema de ensino deve saber ler e escrever. A idade tida como referência é 10 anos), na medida em que é um indicador sintomático do nível cultural das populações. Oliveira de Azeméis contabiliza um total de 4 272 indivíduos com 10 ou mais anos. De 1991 para 2001, a taxa de analfabetismo desceu de 7,1% para 6,8 pontos 62 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 percentuais. Verifica-se que tal como acontece a nível nacional, o processo de descida do número de analfabetos revela-se um pouco moroso, justificado sobretudo pelo aumento da esperança média de vida, especialmente no que diz respeito ao sexo feminino. Nos grupos etários mais jovens, as taxas de analfabetismo são menos significativas e os seus valores mais elevados dizem respeito sobretudo aos elementos do sexo masculino. Sucesso e Insucesso Escolar As informações aqui apresentadas sobre o sucesso e insucesso escolar têm como fonte a “Carta Educativa do Município de Oliveira de Azeméis”. Neste estudo, o indicador “insucesso escolar” foi obtido comparando a distância entre a idade normal” de frequência de um ciclo e a idade “real” dos indivíduos que o frequentam. Tendo em conta esta relação e segundo os Censos de 2001, o Ministério da Educação conclui que em temos nacionais, o 1º ciclo do EB é aquele que apresenta as idades “normais” e “reais” mais próximas e o 2º ciclo do EB mais afastadas. É este o ciclo que apresenta os maiores índices de retenção: apenas 54% dos alunos que em 2001 se encontravam a frequentar o 2º ciclo tinham 10-11 anos. QUADRO N.º 7 Composição dos Ciclos segundo as idades dos alunos em Oliveira de Azeméis, 2001. 1º Ciclo Menos 10- 11 12-14 15-17 18-23 Total a 10 anos anos anos anos anos frequentar 25 (0,7%) 14 (0,4%) 3 628 78 (4%) 30 (1,6%) 1 928 83 (3,4%) 2 469 2 942 533 114 (81,1%) (14,7%) (3,1%) 1 067 726 (55,3%) (37,6%) 2º Ciclo 27 (1,4%) 3º Ciclo - 34 (1,4%) Secundário - - 1 723 629 (70%) (25,5%) 52 (2,3%) 1 469 756 (64,5%) (33,2%) 2 277 Fonte: INE, Recenseamento Geral da População e Habitação, 2001. – Carta Educativa do Município de Oliveira de Azeméis Analisando o quadro, mais uma vez, Oliveira de Azeméis segue a tendência nacional. É o 2º ciclo que apresenta uma maior distância entre a idade “normal” de frequência e a idade “real”, com 43,2% dos alunos com idade superior a 11 anos. Com 63 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 a segunda maior percentagem de alunos fora da idade considerada “normal”, com 33,2% segue-se o ensino secundário e em terceiro lugar o 3º ciclo, com 29,1% de alunos com idade superior a 14 anos. Abandono Escolar A taxa de abandono escolar diz respeito ao total de indivíduos, no momento censitário, com idades compreendidas entre os 10-15 anos que não concluíram o 3º ciclo (ensino obrigatório) e não se encontram a frequentar a escola, por cada 100 indivíduos do mesmo grupo etário. QUADRO N.º 8 População até aos 15 anos sem o 9º ano de escolaridade e sem frequência escolar em Oliveira de Azeméis e no Entre Douro e Vouga Número de Abandonos Idades O. Azeméis Entre Douro e Vouga População na idade O. Azeméis Entre Douro e Vouga Taxa de Abandono (%) O. Azeméis Entre Douro e Vouga 10 anos 0 1 848 3 400 0,0 0,0 11 anos 7 62 794 3 269 0,9 1,9 12 anos 24 68 858 3 396 2,8 2,0 13 anos 8 77 899 3 450 0,9 2,2 14 anos 19 95 909 3 622 2,1 2,6 15 anos 53 243 950 3 705 5,6 6,6 111 546 5 258 20 842 2,1 2,6 Total anos 10-15 Fonte: INE, Recenseamento Geral da População e Habitação, 2001. – Carta Educativa do Município de Oliveira de Azeméis A relação do fenómeno abandono escolar com a idade dos indivíduos revela dados diferenciados. Os dados dos Censos de 2001 indicam que, dos 10 aos 15 anos, 111 pessoas não se encontravam na escola no momento censitário, sendo que os valores atingem uma expressão estatística significativa aos 15 anos: 47,7% do total de abandonos verificados entre os 10 e os 15 anos. Para compreendermos este 64 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 fenómeno, podemos apontar como causas a participação dos jovens no mercado de trabalho, ainda que fora da idade considerada legal e também o insucesso escolar. A média de abandono no concelho situa-se nos 2,1%, abaixo da média registada a nível nacional que é de 2,7%. No que diz respeito à Taxa de Saída Antecipada – total de indivíduos que, no momento censitário, com idades compreendidas entre os 18 e os 24 anos não concluíram o 3º ciclo e não se encontram a frequentar a escola, por cada 100indivíduos do mesmo grupo etário – o concelho de Oliveira de Azeméis regista uma taxa de 33%, inferior à região EDV que apresenta 33,5%, mas superiores à média nacional que é de 24,6%. Em relação à Taxa de Saída Precoce, que diz respeito ao total de indivíduos, no momento censitário, com idades compreendidas entre os 18 e os 24 anos que não concluíram o ensino secundário e não se encontram a frequentar a escola, por cada 100 indivíduos do mesmo grupo etário, Oliveira de Azeméis apresenta 54,9%, resultado superior ao nível nacional que é de 44,8%. Estes dois indicadores permitem verificar que depois de alcançada a idade da escolaridade obrigatória o número de saídas do sistema educativo aumenta de forma preponderante, mesmo sem ter terminado o 3º Ciclo de Ensino Básico. De acordo com os dados da Carta Educativa do Município, ao observar-se a taxa de saída precoce verifica-se que à medida que a idade aumenta, as saídas também aumentam. O insucesso escolar aliado à entrada precoce no mundo do trabalho agudizam estes dados, o que se torna deveras preocupante, na medida em que continuam a estar disponíveis para o mercado de trabalho indivíduos muito jovens sem especialização e pouco preparada para esse mercado que se encontra em constante mutação e mais exigente. Tal como a referida Carta propõe é urgente encontrar-se alternativas profissionalizantes no sistema de ensino. Rede Educativa A rede educativa do concelho de Oliveira de Azeméis é composta por 2 escolas secundárias, 7 EB 2,3, 35 jardins-de-infância e 48 escolas do 1º ciclo. Estes estabelecimentos estão organizados em sete agrupamentos verticais. Comporta ainda 14 Instituições Particulares de Solidariedade Social e 3 estabelecimentos de ensino privado com valência pré-escolar. Também ao nível do 1º Ciclo encontramos 3 estabelecimentos privados. 65 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 Existem no concelho 17 ATL’S pertencentes às IPSS’S, 4 ATL’S de cariz privada e 6 públicos. Oliveira de Azeméis oferece igualmente duas instituições de ensino superior, uma pública e uma privada, a Escola Superior Aveiro – Norte e a Escola Superior de Enfermagem da Cruz Vermelha Portuguesa, respectivamente. Diagnóstico Educação Problemas Identificados Os problemas levantados na área da educação são respeitantes sobretudo a problemas na área das crianças e das famílias, nomeadamente: − Disfuncionalidade familiar; − Falta de educação ao nível da cidadania; − Falta de formação e informação e baixos níveis de escolaridade dos pais; − Carências económicas, sociais e afectivas; − Famílias e crianças com falta de regras e valores; − Desresponsabilização dos pais por falta de tempo; − Carências alimentares: incorrecção de hábitos alimentares; − Falta de acompanhamento/ apoio da família; − Dificuldades de aprendizagem; − Falta de investimento na relação escola, família e comunidade; − Ausência de regras de higiene e comportamentais; − Desinteresse/ desmotivação escolar; − Défice sócio-cultural dos familiares; − Diminuição drástica do respeito pela dinâmica escolar e pelos seus intervenientes; − Baixas expectativas em relação ao futuro e consequente desvalorização do percurso escolar; − Falta de condições físicas (recreios, actividades extra-escolares, duas turmas no mesmo espaço); 66 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 − Falta de recursos humanos diversificados (animadores, psicólogos, auxiliares acção educativa); − Condições físicas inadaptadas à população portadora de deficiência. Propostas de Acção Sendo problemas que dizem respeito à vida quotidiana escolar, mas que envolve um conjunto de problemáticas que vão muito além do sistema de ensino e dos seus intervenientes, esta é uma área cujo esforço de todos é fundamental para colmatar dificuldades sentidas. Assim, foram lançadas as seguintes propostas de acção: − Apoio individualizado ás crianças que revelam problemas de aprendizagem, psicólogos, afectivos, de integração, etc; − Sensibilização de toda a comunidade educativa sobre o papel da escola, da família e comunidade; − Promover programas e actividades que fomentem uma melhor relação escola, família e comunidade; − Acompanhamento das famílias por equipas técnicas especializadas de uma forma pratica e no seu habitat; − Acções de promoção do papel da escola e do professor; − Formação parental; − Sensibilização da população para aumentarem os níveis de escolaridade, através do ensino recorrente e formação de adultos. − Sensibilização das empresas para possibilitarem a participação dos pais e encarregados de educação na vida escolar do seu educando; − Apostar na oferta de “Currículos Alternativos”, isto é, em ensino profissional; − Acções de sensibilização/ formação destinados ás famílias para aquisição de competências básicas, nomeadamente de higiene, alimentação e apresentação; − Adaptação dos espaços existentes e criação de novos (prática desportiva, dança, refeitório) 67 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 Recursos Existentes Para intervir nesta área é necessário mobilizar um conjunto de recursos: − Agrupamentos escolares e escolas; − Equipas de intervenção na área da família; − Equipa de intervenção precoce; − Autarquias − Conselho Municipal de Educação; − Associações locais; − DREN − DREN/EFA − Centro de Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências – RVCC; − Empresas; − Serviços de Saúde; − Entidades formadoras 68 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 Análise SWOT: pontos fortes; pontes fracos; oportunidades e ameaças Decorrendo da identificação dos problemas enunciados e das acções propostas, foi possível construir a seguinte análise SWOT: Pontos Fortes Pontos Fracos • Rede Educativa alargada • • • • • • • Falta de formação dos pais / baixo nível escolar e cultural Esforço crescente para melhoria das • Insuficiente acompanhamento escolar condições físicas das crianças por parte dos pais / encarregados de educação Equipas Técnicas existentes • Falta de educação ao nível da cidadania (Instituições; Câmara Municipal de • Carências económicas, sociais, afectivas Oliveira de Azeméis) e emocionais • Falta de recursos: equipamentos e Associações Locais condições físicas e recursos humanos diversificados (animadores, psicólogos) Cursos EFA • Condições físicas inadaptadas à população portadora de deficiência Centros de RVCC • Desmotivação / desinteresse pela escola • Diminuição do respeito pela instituição Associações de Pais escolar • Hábitos alimentares incorrectos e falta de hábitos de higiene Oportunidades Ameaças • Desenvolvimento de parcerias da escola • Baixo nível cultural e de habilitações dos pais com entidades e equipas locais para acções de sensibilização / formação a • Défice de competências pessoais, diversos níveis sociais e familiares • Disfuncionalidade familiar • Aproximação da escola à família e à • Conteúdos escolares desfasados dos comunidade interesses dos alunos • Desvalorização da escola • Programa “Novas Oportunidades” – • Falta de Técnicos Reforço do papel da escola como • Comportamentos desviantes instituição integradora / inclusiva • Sobrecarga de trabalho dos pais • Falta de formação parental 69 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 Problemas Priorizados De toda esta análise, tendo em conta os recursos existentes e as respostas que são necessárias implementar, os parceiros elegeram problemas prioritários que se seguem: 1. Falta de formação dos pais/ baixo nível escolar e cultural; 2. Insuficiente acompanhamento escolar das crianças por parte dos pais e encarregados de educação; 3. Falta de educação ao nível da cidadania. Como é facilmente perceptível, os problemas que foram priorizados na área da educação são problemas que vão além da dinâmica escolar. São problemas estruturais directamente relacionados com as famílias, os seus comportamentos, as suas regras e os seus valores e ainda com as alterações que esta tem sofrido na sociedade contemporânea. 1- Falta de formação dos pais/ baixo nível escolar e cultural Embora a escolaridade da população tenha francamente melhorado nas últimas décadas, os indicadores posicionam Portugal na cauda da Europa. O Concelho de Oliveira de Azeméis seguindo a tendência nacional, tem cerca de 39,2% da sua população com apenas o 1º ciclo do ensino básico. Estes baixos níveis de escolaridade têm repercussões em todo o desenvolvimento do país, constituindo-se como um factor de reprodução de círculos de exclusão social. De facto, os baixos níveis de escolaridade afectam as pessoas de aspectos integrados e quotidianos da sociedade actual. Ao nível da educação, a falta de formação de um dos elementos fundamentais da comunidade educativa - os pais - contribui para que o sistema educativo fique aquém da sua responsabilidade de instituição integradora. O baixo nível escolar e cultural dos pais, segundo os informadores privilegiados aparece como um problema de base causando vários outros problemas, nomeadamente: − Desmotivação das crianças; 70 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 − Falta de regras e problemas comportamentais; − Falta de hábitos de higiene e alimentares; − Falta de acompanhamento do percurso escolar dos filhos; − Visão distorcida do papel da escola. Os pais de baixo nível cultural têm dificuldades em participarem activamente na vida escolar dos seus educandos, justificada sobretudo pela sua própria experiência escolar e também de um sentimento de inadequação em relação à aprendizagem e escolaridade. Tudo isto é ainda agravado quando falamos de famílias disfuncionais. Este problema remete-nos para uma reflexão sobre a literacia que se constitui como o problema nacional e que obriga a todos os actores sociais a uma responsabilidade social. A melhoria das competências básicas do conjunto da população torna-se imperativo para que as pessoas se tornem mais participantes e mais competitivas, mais educadas, mais informadas, mais capacitadas cívica e profissionalmente. Neste sentido, ao nível local importa envolver um conjunto de recursos específicos ligados com a formação, nomeadamente: − Cursos EFA; − Formação Profissional; − Ensino recorrente. É também necessário aproximar as famílias da escola de forma a entenderem e a definirem melhor os seus papéis, promovendo uma cultura de responsabilidade e parceria. 2. Falta de acompanhamento escolar das crianças por parte dos pais e/ou encarregados de educação Como já foi referido várias vezes em diferentes momentos, a família é considerada a primeira instituição socializadora de um indivíduo. A escola tem tido como função responsabilizar-se pelo percurso escolar dos indivíduos, favorecendo a aprendizagem de conhecimentos sistematizados e valorizados num determinado momento. Assim, a escola caracteriza-se por ser uma instituição educacional e socializadora “completando” o trabalho da família. 71 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 Com as transformações sociais que a família tem vindo a sofrer, nomeadamente ao nível da sua configuração, o ingresso da mulher no mercado de trabalho e a super valorização do consumo, a escola ganha novas funções e novos papéis. O papel socializador da família passa a ser mais difuso e a responsabilidade da educação dos filhos mais dividida, principalmente com a escola e com familiares. Como resultado destas mudanças, actualmente a escola, além ter a função de transmitir o conhecimento sistematizado, passa a ser responsabilizada por desenvolver competências sociais que tradicionalmente estavam a cargo da família. Ambas as instituições – escola e família – detêm um importante papel socializador, partilhando a tarefa de preparar os mais novos para a vida socioeconómica e cultural, ainda que exercendo tarefas diferenciadas. Apesar desta percepção de mudança ser reconhecida pelas duas instituições, ambas têm tido dificuldades em lidar com esta nova realidade. Não raras vezes e por vários motivos, a família passa para a escola a tarefa de educar para a vida, isto é, delegam o seu papel de primeiro educador, tornando-a a principal instância socializadora. Por sua vez, a escola não está preparada e tem tido dificuldade em aceitar as novas atribuições oriundas das mudanças sociais e familiares, não conseguindo transmitir a mensagem de que a escola não serve para “tomar conta” dos filhos de alguém, mas sim para formar cidadãos. Face a isto, o problema enunciado tem causas diferenciadas da responsabilidade das duas instituições sociais: − Falta de tempo da família; − Delegação das suas funções; − Desresponsabilização familiar; − Disfuncionalidade familiar; − Reorganização familiar; − Falta de ligação e trabalho em parceria da escola e família; − Baixo nível de escolaridade dos pais. Sendo a educação cada vez mais um processo integrado onde a aprendizagem formal representa apenas um dos aspectos da educação de uma criança ou jovem, o papel dos pais é fundamental. Como é sabido, a aprendizagem formal que por principio é feita na sala de aula, depende bastante do desenvolvimento integrado de todos os aspectos que fazem parte da personalidade em desenvolvimento. De facto, o 72 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 crescimento físico e emocional, a integração social e a relação da criança com os seus pais determinam fortemente a aprendizagem formal das matérias escolares. Por todas estas razões é fundamental que os pais acompanhem o percurso escolar dos seus filhos, motivando-os para o desenvolvimento diário. Assim sendo, a participação dos pais na vida escolar é altamente desejável, através de uma presença física e emocional. No nosso país, existe um défice tradição de participação, verificando-se um acentuado divórcio dos pais e da escola. A alteração desta situação poderá contribuir fortemente para uma maior eficácia do sistema educativo e da formação das crianças e jovens. Posto isto, é desejável que as escolas do Concelho através dos vários instrumentos e recursos de autonomia que detém implementem medidas que promovam uma participação efectiva dos pais na vida escolar e no percurso dos seus educandos, sendo certo que é necessário alterar hábitos de vida altamente enraizados. 3 – Falta de Educação ao nível da cidadania Este problema priorizado na área da educação é transversal a toda uma vivência societal, dizendo respeito a todas as áreas. No que diz respeito à área da educação este problema surge simultaneamente como causa e consequência dos outros problemas levantados. Quando falamos de cidadania, falamos obrigatoriamente de um sentimento de pertença a um determinado grupo com – valores, regras, direitos e deveres. Ser cidadão é ter direitos civis (direito à vida, à liberdade, à igualdade perante a lei…), direitos políticos e direitos sociais (direito à educação, ao salário, à saúde…), exercêlos convenientemente e cumprir os seus deveres. São considerados requisitos da cidadania, um conjunto de capacidades económicas, cívicas e sociais a que todos têm direito. A educação para a cidadania toca todos os registos da existência humana desde as redes de proximidade como a família, a escola e a comunidade local, até aos grandes espaços da vida nacional. 73 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 A generalização da escolaridade obrigatória e a dificuldade do sistema educativo em acompanhar grandes transformações científico-tecnológicas, sociais e politicas, conduzem a novas exigências de acentuar a formação do domínio moral e cívico. Assim a educação para a cidadania surgem como uma resposta a uma crise de valores da sociedade actual. Como já foi referido na escola actual assiste-se à demissão da família como meio tradicional de socialização primária, estando esse papel destinado aos média e à escola. A sociedade constrói-se sobre poderes económicos cada vez mais competitivos, apelando ao individualismo, à competição e ao consumismo. Na escola actual abundam as condutas individualistas e não solidárias, atitudes de agressividade explícita verbal ou física contra colegas e professores. Em Portugal, as leis orgânicas do sistema educativo, enfatizam a convivência, a tolerância, a solidariedade, mas a realidade demonstra o contrário, registando-se insegurança e muitos casos de violência. A educação para a cidadania surge como a transmissão de um conjunto de competências de “aprender a viver conjuntamente”. A cidadania enquanto exercício tem dificuldades de afirmação numa sociedade ou território cujo nível de habilitações e cultural é baixo, na medida em que as pessoas não reconhecem o seu próprio direito a participar, não conhecem os seus direitos e deveres, vivendo numa lógica de obrigatoriedade que sempre que necessitem tendem a quebrar. Muito ainda existe a fazer no circuito da cidadania enquanto motor de equidade e desenvolvimento social. Mais uma vez, esta é uma responsabilidade colectiva de toda a sociedade. Sendo este um problema particularmente sentido na área da educação, a escola deve procurar abrir-se à sociedade de forma a promover a educação para a cidadania de todos os membros da comunidade educativa, nomeadamente dos pais das crianças, que tendo já saído da educação formal vêm limitadas as oportunidades de desenvolverem competências éticas e civis, pessoais e sociais, locais e globais. Para resolução deste problema, surge a necessidade de mobilizar toda a comunidade Oliveirense que numa lógica de “ aprendendo ensinando” pode melhorar os seus níveis de cidadania. 74 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 A resolução deste problema passa pela implementação de propostas concretas de promoção de formação qualificante, pela flexibilização dos horários de atendimento por parte das escolas e numa reflexão profunda e profícua sobre a relação escola, família e comunidade. 75 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 4 Saúde 76 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 Enquadramento Ocupando um lugar na sociedade actual, a saúde é um factor fundamental e básico de existência humana, e o seu estado está intrinsecamente relacionado com o nível de desenvolvimento social de uma sociedade. A Organização Mundial de Saúde define-a como sendo “um estado de bemestar total, físico, mental e social, e não meramente a ausência de doença ou infertilidade. A evolução do estado da saúde no contexto nacional nos últimos trinta anos foi muito positiva, fruto de um esforço sustentado por mais politicas e novas relações dos sectores públicos, privados e sociais que actuam nesta área. Em Portugal, durante o século XX, a esperança de vida à nascença praticamente duplicou. Apesar disto e desta tendência se ter continuado a desenvolver favoravelmente nos últimos anos, a esperança de vida da população portuguesa (75,52 anos) ainda permanece abaixo da média da União Europeia (78,37 anos). Os indicadores de saúde infantil, sofreram uma melhoria desde o início dos anos 60, no entanto desde a revolução de 1974 que sofreram uma redução, estando agora perto da média europeia. Os componentes da taxa de mortalidade infantil demonstraram também evoluções favoráveis. As melhorias do estado de saúde da população portuguesa estão associadas ao aumento dos recursos financeiros, materiais e humanos nos cuidados de saúde, bem como à melhoria geral das condições económicas e sócias, nomeadamente ao nível da habitação, educação, condições sanitárias, comunicações e transportes. Apesar do aumento geral das condições de vida, continua-se a assistir a assimetria entre as regiões e entre as classes sociais. Estas assimetrias são evidentes na variação de determinados indicadores de saúde e nas inaqualidades do acesso (rácio de habitantes por hospital; rácio de habitantes por profissionais de saúde). 77 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 Indicadores de Saúde em Oliveira de Azeméis Oliveira de Azeméis ao nível dos indicadores de saúde apresenta algumas características particulares segundo o Instituto Nacional de Estatística: 1. Em 2004 apresentava uma taxa de natalidade inferior à do país, 8,3% e 10,4% respectivamente; 2. Por sua vez, a taxa de mortalidade era igualmente inferior registando 7,8% enquanto que a nível nacional é de 8,3%; 3. A taxa de mortalidade infantil é um pouco mais elevada do que ao nível nacional, sendo 5,3% e 5,1% respectivamente (dados 2003); 4. O número de médicos por cada 1000 habitantes em 2003 era 1 enquanto que a média nacional se situava em 3,3. Se em relação aos três primeiros indicadores de saúde, o concelho de Oliveira de Azeméis não apresenta grandes discrepâncias, o mesmo não se passa ao nível do número de médicos por habitante que é claramente inferior. Equipamentos e Serviços de Saúde Portugal tem o seu sistema de saúde organizado e é denominado de Serviço Nacional de Saúde (SNS) que abrange todas as instituições e serviços oficiais, bem como os estabelecimentos privados e profissionais de saúde em regime liberal, encontrando-se dividido em 5 regiões: Norte, Centro, Lisboa e Vale do Tejo, Alentarão e Algarve. Assim, encontram-se sobre a tutela do Serviço Nacional de Saúde os Centros de Saúde e os Hospitais. Integrados na sub-região de saúde do centro, estão sedeados no concelho de Oliveira de Azeméis dois serviços de saúde: o Hospital S. Miguel e o Centro de Saúde, que abrange 13 Unidades de Saúde. 78 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 Hospital S. Miguel O Hospital Distrital de Oliveira de Azeméis funciona num edifício localizado no centro da cidade, já antigo, tendo sofrido nos últimos tempos algumas obras de beneficiação. Está projectada a ampliação deste hospital, tendo esta verba já sido contemplada em PIDDAC de 2004. O hospital S. Miguel de Oliveira de Azeméis tem cerca de 97 camas que se distribuem por diversas especialidades, nomeadamente: medicina Interna, Pediatria, Ginecologia, Fisiatria, Anestesiologia, Neurologia e Pneumologia. De 2001 até agora, o hospital viu fechar a sua maternidade, no âmbito do processo de remodelação dos serviços de obstetrícia. Neste sentido, os utentes deste serviço são encaminhados para o hospital S. Sebastião em Santa Maria da Feira. Centro de Saúde A sede do Centro de Saúde de Oliveira de Azeméis situa-se no centro da cidade, com diversas Unidades de Saúde localizadas nas freguesias de: Carregosa, Cesar, Cucujães, Fajões, Loureiro, Nogueira do Cravo, Ossela, Palmaz, Pindelo, Pinheiro da Bemposta, S. Martinho da Gândara, S. Roque e Travanca. A freguesia de Macieira de Sarnes tem uma particularidade em relação aos serviços de saúde, na medida em que dada a sua proximidade a S. João da Madeira e sendo esta cidade um local de grande oferta de trabalho, a população desloca-se ao centro de saúde desta cidade. Por acordo entre a Sub – região de Saúde de Aveiro e os Centros de Saúde envolvidos, a Clínica Geral ficou adscrita ao Centro de saúde de S. João da Madeira, sendo a Vacinação, a Saúde Pública e outras actividades da responsabilidade do centro de Saúde de Oliveira de azeméis. As actividades do Centro de Saúde e suas Unidades estão organizadas por núcleos, existindo 8 núcleos vocacionados para áreas específicas. Os núcleos são: - “Saúde escolar” Este núcleo é constituído por uma equipa multidisciplinar (enfermeiros e médico), desenvolve acções de prevenção primária e sessões de esclarecimento na comunidade e grupos alvo e ainda acções divulgação e promoção da saúde. 79 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 - “Saúde Infantil” Este núcleo é orientado por uma equipa de enfermagem e as suas actividades prendem-se com consultas e vacinação, tendo como objectivo principal a prevenção e a promoção da saúde infantil. -“Planeamento Familiar” Neste núcleo a acção é suportada por uma equipa multidisciplinar (enfermeiros e médicos) no sentido de despiste de doenças ginecológicas, rastreio oncológico, programação da gravidez e sensibilização da mulher para acompanhamento durante a gestação e vida da criança, pretendendo a promoção e prevenção da saúde materno infantil -“Núcleo de Educação para a Saúde concelhio” (NESC) Este núcleo é constituído também por uma equipa multidisciplinar (médico, enfermeiro e assistente social). As suas acções são dirigidas para grupos alvo e para a comunidade em geral e tem como objectivo principal a prevenção primária, fazendo a divulgação de conceitos básicos de comportamentos e hábitos saudáveis. - “Diabetologia” A equipa multidisciplinar (enfermeiros e médicos) que constitui este núcleo têm acções muito concretas vocacionadas para este grupo alvo, nomeadamente a elaboração do ficheiro e guia do diabético, o tratamento e rastreio da doença, o rastreio junto do centro de saúde e consultas e acções de formação. -“Alcoologia” A acção deste núcleo pretende a prevenção primária e o tratamento da doença, o acompanhamento e preparação para o tratamento, assim como o apoio psicossocial (doente, família e trabalho). Por outro lado, o trabalho prende-se também com as consultas e os grupos de auto-ajuda com doentes em tratamento e outros já abstinentes e grupos de família. A equipa multidisciplinar que sustenta a actividade do gabinete é constituída por médicos, enfermeiros e assistente social, que para além das actividades mencionadas inclui também consultas clínicas. 80 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 -“Equipa de Humanização e Qualidade” Esta equipa é constituída por médico, enfermeiro e assistente social e a sua actividade pretende a humanização e qualidade do acesso do doente a cuidados de saúde, nomeadamente dos serviços prestados no centro de saúde e nas unidades de saúde. -“Gabinete do Utente” O gabinete do utente é coordenado pelo serviço social, labora pareceres técnicos e propostas que visem a humanização do serviço, recebendo e tratando as reclamações e sugestões do utente. As consultas que existem no âmbito do Centro de Saúde e respectivas Unidades são: Consultas de saúde infantil; planeamento familiar, saúde de adulto, saúde materna e vacinação. O serviço de enfermagem desenvolve igualmente acções específicas, nomeadamente: vacinação, visitas domiciliárias, planeamento familiar. Outras estruturas de saúde Com os dados recolhidos através dos inquéritos, verificamos que para além das infra-estruturas de saúde públicas, quase todas as freguesias têm outros equipamentos de saúde de cariz privado. Entre estes, aqueles que se destacam pelo seu número são as clínicas de análises laboratoriais e os postos de recolha de análises laboratoriais. As freguesias que maior número de equipamentos de saúde contabilizam e que oferecem uma gama de serviços diversificada são: a freguesia sede de Concelho, Oliveira de Azeméis e a freguesia de Cucujães. Apesar de ter estes serviços, as populações deparam-se com algumas dificuldades no acesso aos cuidados de saúde, sobretudo aqueles que se encontram mais distantes do centro da cidade e durante o período nocturno. Este problema de acessibilidade surge sobretudo devido à deficiente Rede de Transporte que serve as populações e que durante o período nocturno é inexistente, obrigando as populações a recorrerem ao serviço dos bombeiros. A construção de um novo centro de saúde vem colmatar algumas das lacunas sentidas, nomeadamente ao nível de espaços físicos e também do alargamento dos recursos humanos, que era uma lacuna diagnosticada no anterior diagnóstico. 81 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 Diagnóstico Saúde Problemas Identificados Os problemas levantados nesta área da saúde foram diversos, revelando as diversas carências, necessidades e preocupações sentidas nesta área e tida como essencial à vivência quotidiana: - Alcoolismo - Toxicodependência - Falta de saneamento básico - Doentes crónicos e em fase terminal sem respostas de suporte - Limitação na distribuição de água - Dificuldades no acesso à assistência médica (deslocações) - Falta de estruturas à deficiência à doença mental - Gravidez / maturidade precoce - Falta de respostas para patologias terminais dos idosos. Propostas de Acção Face a estes problemas, foram apontadas as seguintes propostas / acções: - Acções de sensibilização / prevenção das toxicodependências para os jovens e as famílias; - Encaminhamento das casas de toxicodependências para as respostas existentes; - Melhorias das infra-estruturas básicas: saneamento e água; − Encaminhamento dos doentes toxicodependentes e alcoólicos para estruturas de tratamento e desintoxicação, nomeadamente consulta de alcoologia e centros de recuperação; − Criação de respostas ao nível dos cuidados paliativos e terminais e também ao nível da deficiência – realização de candidaturas próprias para a criação destes registos; − Sensibilização de toda a comunidade para o problema do alcoolismo enquanto doença; 82 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 − Melhoria da rede de transportes; − Envolvimento das escolas e das empresas para a sensibilização/ informação dos problemas de toxicodependência; Recursos Existentes As questões da saúde são da responsabilidade de todos os intervenientes na sociedade, indo além das infra-estruturas da saúde, sendo certo que esta tem uma responsabilidade acrescida. Assume, os recursos existentes no concelho são: − Escolas; − Centro de Saúde/ Unidades de Saúde; − Hospital; − Escola Superior de Enfermagem; − Projectos que trabalham na área dependência: Projecto “Soltar Amarras” da Santa Casa da Misericórdia, Projecto “Reaprender” também da Santa Casa da Misericórdia; − Autarquias; − IPSSS’S locais; − Segurança Social; − Águas Douro e Paiva; − Associação Empresarial; − Comunidade; − Bancos de recursos existentes. 83 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 Análise SWOT: pontos fortes; pontes fracos; oportunidades e ameaças Tendo em conta os problemas, as acções propostas e os recursos existentes foi possível realizar a seguinte análise de SWOT: Pontos Fortes Pontos Fracos • Elevado número de indivíduos com problemas de dependência: alcoolismo • Programas, serviços e equipas do e toxicodependência Centro de Saúde • Serviços de hospital • Elevado número de casos de doenças terminais • Consultas de planeamento familiar • Maternidade / Paternidade precoce • Visitas domiciliares de enfermaria – articulação das autarquias com serviço local de saúde • Dificuldade na assistência médica (deslocação) • Projectos específicos de acompanhamento de indivíduos com problemas de dependência • Falta de infra-estruturas básicas: saneamento e distribuição de água (rede publica) • Comissão concelhia da saúde • Dificuldade de acesso a consultas de especialidade, nomeadamente estomatologia Oportunidades • Disponibilidade para a realização de parcerias e articulação das entidades, no sentido da melhoria de prestação de cuidados de saúde • Candidatura ao PAII – programa de apoio integrado a idosos – vai possibilitar o apoio a idosos dependentes • Parceria da Câmara Municipal de Oliveira de Azeméis com as “Águas Entre Douro e Paiva” Ameaças • Falta de competências sociais e pessoais • Envelhecimento da população • Aumento da procura de serviços ligados à Terceira Idade • Comportamentos de risco • Rede de transporte insuficiente • Pouca disponibilidade (RH) de serviços de saúde para a participação em parcerias diversas 84 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 Problemas Priorizados Os problemas prioritários identificados pelos parceiros são três bastante diferenciados e que exigem intervenientes diversos: 1. Dependências: alcoolismo e toxicodependência; 2. Falta de respostas ao nível dos cuidados paliativos e doenças terminais e de apoio à população deficiente, nomeadamente ao nível mental e psiquiátrico; 3. Maternidade precoce / gravidez na adolescência. 1- Dependências: Alcoolismo e Toxicodependência As dependências surgem como uma área problemática extremamente preocupante para os parceiros da rede que actuam no território concelhio. Segundo a sua experiência e percepção da realidade, a toxicodependência e o alcoolismo são fenómenos que se têm vindo agravar apesar dos esforços que se têm realizado na área da prevenção e tratamento. Para além de ser doenças físicas que acusam dependência, o consumo de substâncias psico-activas e de álcool, e também uma doença social. Ao mesmo tempo, ele é causa e efeito da desestruturação social e familiar. Todas as drogas psico-activas (incluindo o álcool) enquanto substâncias que podem modificar uma mais funções do organismo, têm poder para alterar as funções do sistema nervoso central, influenciando directamente a consciência, a orientação, as diferentes formas de percepção, o pensamento, a compreensão, a memória, a atenção, o tempo de reacção, a qualidade das decisões, entre outras capacidades. A limitação e a alteração destas capacidades individuais vão ter repercussões nas capacidades sociais, nomeadamente ao nível dos sentimentos, dos interesses, dos valores e das reacções com a família, o trabalho e a escola. 85 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 Alcoolismo O álcool continua a ser a droga mais consumida e a que produz mais problemas para o conjunto da sociedade. Estima-se que 1 milhão de portugueses (10% da população) tenha problemas relacionados com o consumo de álcool. De facto, Portugal ocupa um lugar cimeiro no consumo de álcool, situando-se no terceiro lugar do ranking mundial, sendo só ultrapassado pela Irlanda, República Checa e Luxemburgo. Até há uns anos atrás, o consumo de álcool incidia sobretudo no vinho, no entanto, com o processo de globalização e internacionalização dos costumes, assistiuse a uma alteração dos costumes e dos hábitos e o vinho deu lugar à cerveja e ás bebidas destiladas. A Organização mundial de saúde classificou as drogas pelo seu grau de perigosidade, resultando 4 grupos, sendo que o álcool aparece no grupo 2 juntamente com os barbitúricos, devido aos seus terríveis efeitos sobre a saúde, a grande dependência física e psíquica que provoca quando consumida em excesso. Os padrões de consumo desta substância passam por: − Inicio cada vez mais precoce; − Preferência de bebidas de maior teor alcoólico (sobretudo pelos jovens); − Homogeneização dos padrões de consumo entre o sexo masculino e feminino. É fácil fazer-se o diagnóstico do abuso quando se vê alguém em estado de embriaguez. No entanto, é difícil fazer este diagnóstico quando a ingestão, embora menos maciça é mais frequente e prolongada. Este tipo de consumidores está integrado na sociedade, mantendo um moderado nível de alcoolémia ao longo do dia e não entendem que têm um problema com o álcool. Quando este comportamento se agrava, o álcool passa de uma doença física para uma doença social, assumindo contornos que passam pela negligência perante a família, frequente perdas de emprego, perdas de laços sociais e de amizade, problemas económicos, entre outros. O distrito de Aveiro, em 2003 e segundo o Centro Regional de Alcoologia do Centro tem cerca de 59 760 alcoólicos e 80 390 bebedores excessivos. Por sua vez estima-se que o concelho de oliveira de Azeméis registe 6 070 alcoólicos e 8 160 86 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 bebedores excessivos. Isto significa que 8,6% da população residente é alcoólica e 11,5% bebe em excesso. No que diz respeito ao acompanhamento dos doentes alcoólicos ao nível concelhio, ele é feito por dois serviços vocacionados especificamente para esta problemática: a Consulta de alcoologia do centro de Saúde e o Projecto (Re) Aprender da Santa Casa da Misericórdia. Toxicodependência A toxicodependência é um problema que assume contornos preocupantes no nosso país, sendo consensual que os problemas relacionados com o consumo de drogas representa um dos mais sérios desafios que se coloca à sociedade portuguesa. Dinamarca, Itália, Luxemburgo, Portugal e Reino Unido são os países europeus que apresentam as estimativas mais elevadas de consumidores problemáticos de droga, que passa pelo consumo de heroína, mas também pelo policonsumo e consumo de estimulantes. A amplitude do termo “droga” reflecte um elevado número de substâncias com distintos efeitos sobre a percepção, o pensamento, o estado de ânimo ou emoções, com diferente capacidade para produzir dependência. O consumo de substâncias psicoactivas surge num contexto multidimensional da vida humana, decorrendo de comportamentos individuais, mas também é produto de um momento sócio-cultural. Assim, as respostas a este problema têm variado em função das concepções prevalecentes em diferentes momentos sócio-históricos. No entanto, quase todas as propostas de intervenção sustentam o papel crucial desempenhado pelas estratégias de prevenção. A prevenção deve ser uma atitude manifestamente pró-activa que se traduz num processo de implementação de iniciativas com vista a modificar e a melhorar a formação dos cidadãos, numa dupla perspectiva: difusão de informação e a promoção de comportamentos saudáveis. Sendo um problema simultaneamente individual e social, a responsabilidade da prevenção da toxicodependência deve ser partilhada pelo conjunto da sociedade, 87 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 mobilizando-se poderes públicos, instituições privadas, comunidade escolar, famílias, empresas e meios de comunicação social, entre outros. A prevenção primária da toxicodependência é definida pelo IDT – Instituto da Droga e Toxicodependência como um conjunto de estratégias e iniciativas destinadas a promover estilos de vida saudáveis, englobando e participação activadas comunidades e que tem como objectivos: − Contribuir para a redução da procura de drogas, identificando as causas prováveis dessa procura para poder agir sobre elas; − Contribuir para a redução da vulnerabilidade doas indivíduos relativamente a condições susceptíveis de aumentar os riscos de utilização de drogas e/ou do desenvolvimento de dependências; − Facilitar a aquisição de competências; − Promover as mudanças ambientais nos sistemas e estruturas sociais. No concelho de Oliveira de azeméis, actualmente verifica-se um constrangimento ao nível da Prevenção Primária da Toxicodependência, na medida em que em Julho de 2005 terminou o Plano Municipal de Prevenção Primária da Toxicodependência. Este plano, consubstanciado em dois projectos, foi apresentado no anterior diagnóstico social como um “instrumento essencial no fenómeno da toxicodependência” por promover estilos de vida saudáveis e aquisição de competências, pretendendo alterar comportamentos e estilos de vida, assim como reduzir factores de risco. Não havendo um número exacto dos toxicodependentes, por desconhecimento concreto e sistemático destas situações, o que existe são casos sinalizados e percepções por entidades e pessoas que actuam no território. De acordo com os dados do Centro de Atendimento a toxicodependentes de Santa Maria da Feira estão inscritos neste organismo 85 doentes, pertencentes a diversas freguesias do concelho, mas sendo maioritariamente de Cucujães e de Oliveira de Azeméis. São na sua maioria doentes de sexo masculino (76) e pertencentes à faixa etária dos 30 aos 39 anos (50 indivíduos), seguindo-se as idades compreendidas entre os 20 e 29 anos. Para além deste organismo, a intervenção concelhia passa ainda pelo projecto “Soltar Amarras” promovido pela Santa Casa da Misericórdia de Oliveira de Azeméis. Este projecto faz o acompanhamento a indivíduos com problemas de 88 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 toxicodependência, motivando-os para o tratamento e fazendo um apoio psicossocial de forma a promover a sua integração e inclusão. Em termos de tratamento, o concelho de Oliveira de Azeméis tem 3 estruturas que desenvolvem trabalho na área da toxicodependência e da prevenção: − O Centro de Saúde, através do Programa de Metadona e das acções de prevenção direccionadas para a comunidade, nomeadamente o público jovem em idade escolar; − A Associação Dianova Portugal – que tem implantado nas suas comunidades um programa terapêutico, tendo em conta as necessidades e personalidade de cada toxicodependente. É um método individualizado de tipo residencial. − O “Desafio Jovem” – é uma IPSS que visa a titulo principal a prevenção da toxicodependência nas suas vertentes primária, secundária e terciária. O objectivo desta instituição é a recuperação de toxicodependentes, apresentando alternativas de vida, que permitam o término dos consumos e a sua integração pessoal, social, familiar e profissional. 2- Falta de resposta ao nível dos cuidados paliativos, doenças terminais e de apoio à população deficiente Apesar de todos os progressos da medicina na segunda metade do Século XX, a longevidade crescente e o aumento do mínimo de doenças crónicas e degenerativas, conduziram a aumento significativo do número de doentes que não se podem curar. Assim, o modelo da medicina curativa centrada no “ataque” à doença não se coaduna com as necessidades deste tipo de pacientes. O movimento moderno dos cuidados paliativos, iniciado em Inglaterra na década de 60, só recentemente chegou à restante Europa, nomeadamente a Portugal, chama a atenção para o sofrimento dos doentes incuráveis, para a falta de respostas dos serviços de saúde e para a especificidade dos cuidados de que estes pacientes carecem. 89 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 Os cuidados paliativos definem-se como uma resposta activa aos problemas decorrentes da doença prolongada, incurável ou progressiva, na tentativa de prevenir o sofrimento que ela gera e proporcionar a máxima qualidade de vida aos pacientes e às suas famílias. Apesar da pertinência da resposta advogada pelos cuidados paliativos, não existe no território nacional uma rede de serviços que garantam este tipo de cuidados a um conjunto de doentes variados, nomeadamente: doentes de cancro (que é a segunda causa de morte em Portugal); doentes de SIDA em estado avançado; doentes com as chamadas insuficientes de órgão avançadas (cardíaca, respiratória, hepática, renal); doentes com doenças neurológicas degenerativas e doentes com demências. Dentro deste grupo, não são apenas os idosos que carecem destes cuidados, na medida em que a doença terminal atravessa todas as faixas etárias, incluindo a infância. É um problema que atinge milhares de pessoas e muitas famílias. Os cuidados paliativos constituem hoje uma resposta indispensável aos problemas no final da vida. Sendo um problema nacional, este é um problema sentido por todos os que actuam no concelho de Oliveira de Azeméis, sobretudo por novas solicitações que lhe chegam e para as quais não têm resposta. Face a isto, é necessário desenvolver um conjunto de esforços, para mobilizar os poderes públicos e entidades privadas no sentido de criar estruturas que garantam respostas a estas necessidades, sendo certo de que o sistema de saúde é um parceiro com uma responsabilidade acrescida nesta área. Nesta lógica surge a necessidade de se criarem estruturas de apoio à deficiência. A deficiência é inequivocamente um problema à escala global, existindo no mundo mais de 500 milhões de pessoas com deficiência, seja de cariz físico, mental ou sensorial. Esta é uma realidade que atravessa todas as sociedades em todas as regiões do mundo. A pessoa portadora de deficiências é aquela que, segundo a Organização Mundial de Saúde, apresenta em carácter permanente perda ou redução da sua estrutura ou função anatómica, fisiológica, psicológica ou mental, que gera 90 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 incapacidade para certas actividades, dentro do padrão considerado normal para o ser humano. No concelho de Oliveira de Azeméis, segundo os dados dos censos, existem 4043 indivíduos portadores de deficiência, a que corresponde uma taxa de 5,7% da população residente. Esta população tem as seguintes características: - Iniciativa da deficiência visual e da deficiência motora, seguindo-se “outros tipo de deficiência” - A maioria da população portadora da deficiência não tem grau de incapacidade atribuído. No entanto, 30,8% da população portadora de deficiência tem um grau de incapacidade superior a 30 % - Esta população é maioritariamente inactiva Face a estes dados, a preocupação dos agentes locais prende-se sobretudo com a incapacidade que estas pessoas e as suas famílias têm para a execução de tarefas e cuidados básicos. A desinformação e o isolamento são factores sociais que desde sempre condicionaram e retardaram o desenvolvimento e a integração de pessoas com deficiência. É desta consciência que surge a necessidade de se intervir em cada território, no sentido de que esta população tenha acesso a diversos direitos, nomeadamente: - Prevenção e a educação para a saúde; - Tratamento e meios terapêuticos auxiliares; - Educação; - Orientação e formação profissional; - Emprego; - Integração social; - Protecção social, económica e jurídica; - Acesso a serviços qualificados de reabilitação e integração na sociedade. A integração de pessoas não é de exclusiva responsabilidade do Estado, mas de toda a comunidade e das Instituições locais. É desta co-responsabilidade que surgem as mais diversas respostas sociais para as pessoas com deficiência. 91 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 Em Oliveira de Azeméis existe apenas uma instituição direccionada ao apoio da população portadora de deficiência: CERCIAZ – Centro de Recuperação de Crianças Deficientes e Inadaptadas de Oliveira de Azeméis. Esta instituição é uma cooperativa privada sem fins lucrativos e disponibiliza várias valências: escolaridade (educação especial); pré-profissional; formação profissional e CAO (Centro Actividades Ocupacionais). Esta Instituição, desenvolvendo um excelente trabalho na reabilitação e promoção da pessoa com deficiência, é manifestamente insuficiente para as solicitações e novos casos que existem no concelho, nomeadamente no que diz respeito á deficiência mental e psíquica. No sentido de apoiar estas pessoas e as suas famílias, emerge a necessidade de se criarem espaços de integração onde possam passar o dia. Surge também a necessidade de um espaço para a integração permanente destas pessoas (lar residencial), para quando não exista suporte familiar ou para quando este não seja eficiente no garante de um mínimo de qualidade de vida. É necessário ainda criar mecanismos que possibilitem a integração profissional da pessoa com deficiência no mercado regular de trabalho. Estes problemas já foram identificados no anterior diagnóstico, tendo-se a situação agravado quer pela sua abrangência quer pela sua incidência. Gravidez na adolescência / Maternidade Precoce Constituindo tema de diversas discussões e reflexões, este é um problema nacional. Apesar de nas últimas duas décadas em Portugal se ter assistido a uma diminuição da taxa de fecundidade na adolescência, a taxa de gravidez é ainda muito elevada e, na União Europeia, só a Inglaterra tem um valor superior. Através de vários estudos, pode-se concluir a maioria das jovens grávidas manifestam uma ausência de uma educação sexual desequilibrada, estão inseridas em contextos familiares desestruturados, apresentam problemas emocionais e sócioeconómicos e apresentam um baixo nível de escolaridade, o que também condiciona a obtenção de um emprego. As jovens que ainda frequentam a escola acabam por interromper os estudos e como tal são directa ou indirectamente excluídas do sistema educativo. 92 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 A maternidade precoce dificulta o processo de organização de um projecto de vida, que muitas vezes já era complicado. Para além disto, e sobretudo no início da gravidez, a família e o progenitor têm dificuldade em aceitar a gravidez o que provoca sentimentos de abandono. Para além de todas estas consequências negativas, o facto de a gravidez fora do matrimónio ser ainda motivo de marginalização e estigmatização provoca também desajustes graves em termos emocionais e sociais. Não tendo sido conseguido apurar o número de casos de maternidade e gravidez na adolescência, este problema foi priorizado não tanto pela sua abrangência, mas sobretudo pela sua incidência, na medida em que tal situação vem agudizar processos de desestruturação e de exclusão social e que se reproduzem geracionalmente. Atendendo a tudo o que foi referido, este problema carece de uma intervenção urgente e sistemática em diferentes contextos: individual, escolar, familiar, no sentido de minimizar os factores de vulnerabilidade dos jovens e adolescentes e para que o seu bem-estar físico, psíquico e emocional seja potenciado ao máximo. Assim, qualquer intervenção tem duas perspectivas: a prevenção e o cuidado/ apoio ás jovens mães. 93 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 5 Acção Social 94 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 Enquadramento O vasto domínio dos serviços existentes que asseguram a equidade, a coesão social e a qualidade de vida dos cidadãos é designado por “Acção Social”.Sendo um domínio tão vasto, falar de acção social implica falar de áreas como educação, saúde, protecção/segurança social, habitação e justiça. O rápido crescimento populacional, aliado ás grandes transformações sociais, aumenta a necessidade de criar um conjunto de serviços de apoio á população. De facto, o desenvolvimento económico, por si só, não garante o bem-estar generalizado e muitas vezes ele próprio, contribui para a construção de vulnerabilidades sociais, sendo incapaz de esbater as crescentes desigualdades de distribuição de riqueza. Assim sendo, é necessário procurar respostas apropriadas para a inserção e bem-estar de todos. Estas respostas definem-se como “políticas sociais” e procuram congregar esforços para a inserção da população. Equipamentos e Serviços de Apoio à População O Município de Oliveira de Azeméis contabiliza 28 Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS’S), sendo que 10 oferecem serviços de apoio na área da infância e juventude e idosos simultaneamente, 11 oferecem serviços só vocacionados para crianças e jovens, 5 só para os idosos, uma não tem nenhuma valência e outra dirige os seus serviços para a população portadora de deficiência. Equipamentos de Apoio à Infância e Juventude Oliveira de Azeméis ao nível da infância e juventude, tem um grande leque de ofertas ao nível das IPSS’S, que complementam a oferta da rede pública no que concerne à valência pré-escolar e ATL. O quadro que se segue demonstra esta realidade: 95 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 QUADRO N.º 9 Equipamentos e Serviços de Apoio à Infância e Juventude Designação da Instituição Associação de Solidariedade de Macieira de Sarnes Localização Geográfica Valências Macieira de Sarnes ATL Creche Centro Social, Paroquial Nogueira do Cravo Nogueira do Cravo Pré - escolar ATL Centro Social, Paroquial S. Miguel Creche Oliveira de Azeméis Pré - escolar Comissão de Melhoramentos de Azeméis Oliveira de Azeméis Creche Creche Centro Social Dr.ª Leonilda Aurora Silva Fajões Matos Pré – escolar ATL Creche Patronato St.º António Pinheiro da Bemposta Pré – Escolar Creche Santa Casa da Misericórdia Oliveira de Azeméis Oliveira de Azeméis Pré – escolar ATL Creche Obra Social de S. Martinho da Gândara S. Martinho da Gândara Pré - escolar ATL Comissão de Melhoramentos de Ossela - Ossela Comossela ATL Creche Associação de Solidariedade Social de Loureiro Loureiro Pré - escolar Associação de Solidariedade Social de Travanca Travanca ATL Creche Centro Social, Cultural e Recreativo de Carregosa Carregosa Pré - escolar ATL Creche Centro Infantil de Cesar Cesar Pré - Escolar ATL 96 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 Designação da Instituição Localização Geográfica Cucujães Fundação Condessa Penha Longa Valências Creche Pré - Escolar ATL Creche Misericórdia de Cucujães Cucujães Pré - escolar ATL Associação de Solidariedade “O Pequeno Conde” Oliveira de Azeméis ATL Creche Pré - escolar Centro de Apoio Familiar Pinto de Carvalho Oliveira de Azeméis ATL Lar de Menores Centro de Acolhimento Temporário Misto Centro Social, Cultural e Recreativo de Pindelo Pindelo ATL Creche Centro Infantil de S. Roque S. Roque Pré - escolar ATL Comissão de Melhoramentos Locais Palmaz Palmaz Centro Social Paroquial S.º André ATL Creche Macinhata da Seixa Pré – escolar ATL Educação Especial CERCIAZ – Centro de Recuperação de Crianças deficientes e inadaptadas de Pré - profissional Oliveira de Azeméis Oliveira de Azeméis Formação profissional C.A.O. As 21 instituições que disponibilizam serviços e equipamentos de apoio à infância e juventude situam-se em 16 das 19 freguesias concelhias, não existindo valências nesta área nas freguesias de Ul, Madaíl e Santiago de Riba – Ul. A freguesia sede do concelho é aquela que apresenta um maior número de valências nesta área registando um total de 5 instituições ás quais se junta a CERCIAZ com os seus serviços de apoio à população portadora de deficiência. 97 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 Em síntese, o concelho tem ao seu dispor na área da infância e juventude as seguintes valências: - 15 Valências Creches; - 16 Valências ATL’S; - 14 Valências Pré-Escolar; - 1 Valência Lar Menores; - 1 Centro de Acolhimento Temporário; - 1 Valência de Educação Especial (área da deficiência); - 1 Valência de Formação Profissional (área da deficiência); - 1 Valência Pré-Profissional (área da deficiência); - 1 Valência C.A.O. (área da deficiência). Apesar deste leque diversificado de ofertas de serviços na área da infância e juventude, o concelho de Oliveira de Azeméis apresentava uma taxa de cobertura deste tipo de equipamentos, em Janeiro de 2005, de 18,8%, aquém da taxa de distrito que se situava na ordem dos 21,6%. Assim, no ranking das taxas de cobertura das 19 freguesias do distrito de Aveiro, Oliveira de Azeméis encontrava-se na 11ª posição. Equipamentos de Apoio à População Idosa Sendo amplamente reconhecido como uma característica das sociedades modernas, o aumento da esperança de vida e consequente envelhecimento da população acarretam consequências específicas que passam pelo aumento da vulnerabilidade destes indivíduos. Assiste-se assim, a um aumento da vulnerabilidade que é proporcional à diminuição da qualidade de vida e à sua dependência, quer seja económica ou social. A família é vista como um suporte de primeiro grau, que contribui para a quebra do isolamento do idoso, funcionando como garante das necessidades básicas. No entanto, com o processo contínuo de mudança das estruturas familiares, bem como com a alteração de valores sociais que regem a sociedade, torna-se premente a emergência de respostas de apoio aos idosos que contribuam para o seu bem-estar físico, psíquico e emocional. O município dispõe na área de apoio aos idosos de 15 IPSS’S que oferecem valências diversificadas, distribuindo-se por 12 das 19 freguesias conforme o quadro que se segue. 98 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 QUADRO N.º 10 Equipamentos e Serviços de Apoio aos Idosos Designação da Instituição Centro Social, Cultural e recreativo de Carregosa Localização Geográfica Serviços/ equipamentos Carregosa Apoio domiciliário Centro de dia Fundação Manuel Brandão Cucujães Lar de Idosos Apoio domiciliário Obra Missionária de Cucujães Centro Social Dr.ª Leonilda Aurora Silva Matos Associação de Solidariedade de Loureiro Centro Social Paroquial Sto. André Centro Social Paroquial de Nogueira do Cravo Cucujães Lar de Idosos Centro de dia Fajões Apoio domiciliário Centro de dia Loureiro Apoio domiciliário Centro de dia Macinhata da Seixa Apoio domiciliário Centro de dia Nogueira do cravo Apoio Domiciliário Centro de dia Santa Casa da Misericórdia de O. Az. Oliveira de Azeméis Lar de idosos Apoio domiciliário Apoio domiciliário nocturno Centro Paroquial S. Miguel Obra Social S. Martinho da Gândara Associação Melhoramentos Pró-Outeiro Oliveira de Azeméis Lar de idosos Centro de dia S. Martinho da Gândara Apoio domiciliário Santiago de Riba - Ul Apoio Domiciliário Centro de dia Centro de 3ª Idade de S. Roque S. Roque Lar de idosos Apoio domiciliário Comissão Melhoramentos de Azeméis Oliveira de Azeméis Centro de dia 99 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 Designação da Instituição Centro Social Paroquial Pinheiro da Bemposta Localização Geográfica Serviços/ equipamentos Centro de dia Pinheiro da Bemposta Ser. Apoio Domiciliário Centro Infantil de Cesar Centro de dia Cesar Ser. Apoio Domiciliário Analisando a distribuição das valências pelas instituições verificamos que 11 oferecem a valência centro de dia e 12 oferecem serviço de apoio domiciliário. A valência de Lar é a menos oferecida, contando apenas com 5 lares em todo o concelho, Realçamos aqui a valência se serviço de apoio domiciliário nocturno promovido, unilateralmente (sem estar protocolado com a Segurança Social), pela Santa Casa da Misericórdia de Oliveira de Azeméis pelo seu carácter único ao nível do município. Das 15 instituições que oferecem serviços de apoio aos idosos, contabilizamos 10 instituições vocacionadas para crianças e idosos e 5 que oferecem só serviços de apoio à população idosa. Em síntese, o concelho tem ao seu dispor na área dos idosos as seguintes valências: - 11 Valências Centro de Dia; - 16 Valências Serviço de Apoio Domiciliário; - 5 Valências de Lares de Idosos; - 1 Valência de Serviço de Apoio Domiciliário Nocturno. A taxa de cobertura de Oliveira de Azeméis no que concerne a serviços de apoio aos idosos, era em 2005 de 8,7%, enquanto que a do distrito era de 9,8%. O nosso município apresentava-se na 11ª posição das 19 freguesias de Aveiro. Equipamentos de Apoio à População Portadora de Deficiência A Pessoa Portadora de Deficiência, é considerada pela Organização Mundial de Saúde como aquela que apresenta em carácter permanente perda ou reduções da sua estrutura ou função anatómica, fisiológica, psicológica ou mental, que gerem 100 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 incapacidade para certas actividades, dentro do padrão considerado normal para o ser humano. Tal como foi referido no Diagnóstico Social documento 1, segundo dados do INE, 5,7% (o que corresponde a 4043 indivíduos) da população residente no concelho é portadora de deficiência, no entanto, verifica-se que a grande maioria desta população (55,9%, isto é, 2264 indivíduos) não tem grau de incapacidade atribuído. Verifica-se também que mais de metade da população residente portadora de deficiência com 15 ou mais anos, 65,2%, não tem actividade económica, sendo sobretudo “reformados, aposentados ou na reserva” (32,5%) e “incapacitados permanentes para o trabalho” (23,3%). Os restantes indivíduos distribuem-se pelas restantes categorias, nomeadamente: “estudantes” com 3,1%; “domésticos” com 2,8% e “outros” com 3,5. Desta população que tem actividade económica, 32,8% está empregada, enquanto que 2% encontra-se desempregada. Para além de ser uma população maioritariamente inactiva que aufere de rendimentos baixos, estes indivíduos acarretam, igualmente, despesas elevadas para os orçamentos familiares. A este problema acresce ainda a sua dependência de terceiros, o que implica a disponibilidade permanente das famílias no apoio à execução de tarefas e cuidados básicos. No município de Oliveira de Azeméis, contabiliza-se uma só IPSS com valências vocacionadas para o apoio à população portadora de deficiência. A CERCIAZ é reconhecida como uma mais valia pelo seu carácter único e pelo trabalho ímpar que realiza em prol de crianças e jovens que de alguma forma tem uma limitação no seu desenvolvimento normal, dando resposta a população não só do concelho, mas também de concelhos vizinhos. Esta instituição abrange a área geográfica dos concelhos de Oliveira de Azeméis, Albergaria-a-Velha, Vale de Cambra e S. João da Madeira, funcionando em regime de semi-internato. O seu âmbito de trabalho direcciona-se para as deficiências intelectuais, de audição, orgânica e multideficiência. As valências desta instituição são: - Escolaridade (educação especial) – frequência de alunos (crianças e jovens) portadoras de deficiência com idades compreendidas entre os 6 e os 18 anos; 101 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 - Pré-profissional – frequência de jovens portadores de deficiência mental ligeira e/ou moderada a partir dos 13 anos de idade. Nesta valência os jovens estão distribuídos em alternância na valência escolar e profissional; - Formação profissional – formação de jovens portadores de deficiência ligeira, moderada e/ou multideficiência, com idade igual ou superior a 15 anos; - C.A.O. – Centro de Actividades Ocupacionais – actividades com jovens portadores de deficiência grave e/ou profunda com idades a partir dos 16 anos. No que diz respeito à taxa de cobertura dos equipamentos e serviços de apoio à população portadora de deficiência, Oliveira de Azeméis apresenta uma percentagem de 3,3%, um valor bastante abaixo da média do distrito que era de 6,8% o que posiciona este concelho na 16ª posição em relação às 19 freguesias de Aveiro. Outros Recursos, Equipas e Projectos Locais A intervenção comunitária promove o estabelecimento de parcerias entre o Estado e instituições locais, tendo como objectivos prioritário o desenvolvimento social e comunitário, contribuindo de forma significativa para a melhoria das condições de vida da população. Neste sentido, passamos a apresentar os diversos projectos, equipas e recursos que estão em acção no nosso concelho, entre os quais os Projectos de Incidência Comunitária que resultam de acordos entre a Segurança Social e as IPSS’S locais. - Projecto “Acolhimento Integrado às Famílias” A entidade promotora deste projecto é a Cruz Vermelha Portuguesa, Núcleo de Cucujães. Abrange toda a freguesia de Cucujães e oferece os seguintes serviços: - Gabinete de atendimento/ acompanhamento, - Banco alimentar/ medicamentos; - Banco de ajudas técnicas; - Apoio económico. Este projecto está vocacionado para indivíduos e famílias em situação de disfunção sócio – familiar e com carências de diversa ordem. 102 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 - Projecto Resposta Social Atendimento/ Acompanhamento Social Promovido pela Santa Casa da Misericórdia, este projecto visa o desenvolvimento de actividades de promoção / integração económica e sócio – cultural de indivíduos e famílias disfuncionais. Abrange a freguesia de Oliveira de Azeméis e limítrofes, tem igualmente como objectivo prevenir situações de exclusão social, actuando sobre indivíduos beneficiários do Rendimento Social de Inserção e apoiados pela Segurança Social. Este projecto oferece os seguintes serviços: - Gabinete de atendimento; - Triagem e encaminhamento; - Cursos sócio – educativos; - Formação profissional; - Apoio domiciliário; - Banco de ajudas técnicas. - Projecto “Família e Comunidade da Comossela” O projecto de incidência comunitária promovido pela Comissão de Melhoramentos de Ossela intervém ao nível das carências sociais e da desestruturação familiar, de indivíduos e famílias carenciadas. Neste sentido, oferece os seguintes serviços: - Gabinete de atendimento/ acolhimento; - Banco alimentar; - Apoio económico; - Apoio domiciliário; - ATL. - Projecto “Respostas às Necessidades Básicas” Este é um projecto promovido pelo Centro Social Paroquial de Nogueira do Cravo e abrange a freguesia de Nogueira de Cravo, Macieira de Sarnes e Pindelo. Actuando sobre as carências sociais e a desestruturação familiar, oferece: - Gabinete de atendimento/acompanhamento; - Banco alimentar; - Banco de higiene e roupa; 103 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 - Formação de grupos de voluntários; - ATL. Com este trabalho, este projecto procura servir os indivíduos e famílias em situação de disfunção sócio – familiar. - Projecto “ imPorta inCluir” Este é um projecto dirigido à “infância e juventude” e é promovido pelo Centro de Apoio Familiar Pinto Carvalho. Actua sobre todo o Concelho de Oliveira de Azeméis e apoia crianças e jovens em risco, assim como famílias desestruturadas. Neste sentido, o projecto actua na área da prevenção primária e reequilíbrio familiar. Os serviços prestados no âmbito deste projecto são: - Gabinete de apoio familiar e aconselhamento parental; - Apoio domiciliário; - Banco de recursos e apoio económico; - Espaço lúdico – formativo para crianças e jovens: “Espaço Essência” O Gabinete de Apoio Familiar e Aconselhamento Parental – GAFAP – é direccionado para as famílias dos menores em risco. O GAFAP nasceu da consciência da importância do bom funcionamento dos sistemas familiares, para um saudável desenvolvimento das crianças e dos jovens. Assim, direcciona-se para toda a comunidade, visando a prevenção da disfuncionalidade e a desintegração dos sistemas familiares. Os métodos de suporte privilegiados são a “abordagem sistémica e terapia familiar”. - “Projecto Versus” O projecto “Versus” nasceu de um trabalho conjunto da Câmara Municipal e da Comissão de Protecção de Crianças e Jovens e visa dar resposta a um conjunto de problemas sinalizados da população jovem do concelho. Este projecto foi apresentado ao abrigo do Programa “Ser Criança”, que foi criado pelo despacho nº 26/ MSSS/ 95 de 30 de Novembro., que decorreu entre Junho de 2001 e Julho de 2004. Após o término do financiamento do Programa Ser Criança, 104 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 foi assumido pela Câmara Municipal como serviço permanente integrado na sua estrutura orgânica. Adoptando uma perspectiva de prevenção e actuação precoce, visa a integração familiar e sócio – educativa de crianças em risco de exclusão social e familiar, promovendo condições para o seu desenvolvimento pleno, através da execução de projectos especiais dirigidos para crianças carenciadas. Na sua filosofia, este projecto tem como objectivo a participação das crianças e famílias como agentes do seu próprio projecto de mudança. O projecto “Versus” abrange toda a área do Concelho de Oliveira de Azeméis, desenvolvendo actividades nas áreas de apoio psicossocial, formação, diagnóstico, suporte educativo e animação sócio – cultural. - Projecto “Soltar Amarras” É um projecto vocacionado para a área da Toxicodependência e abrange todo o Concelho de Oliveira de Azeméis. Este projecto é materializado por uma “equipa de intervenção directa”, composta por: psicólogo, animador sócio – cultural, e técnico superior de serviço social. A população alvo são os indivíduos com problemas de toxicodependência e/ ou alcoolismo e também as suas famílias. Para tal, este projecto oferece os seguintes serviços: - Atendimento, motivação e encaminhamento para tratamento; - Despiste de situações de risco e consumo - Grupos de auto – ajuda; Este projecto incide assim, no acompanhamento de indivíduos com problemas de toxicodependência, fazendo o seu encaminhamento para tratamento, acompanhamento e orientação profissional, assim como das suas famílias. - Projecto “(Re)Aprender ” É um projecto inserido na Acção 3 do Eixo I do primeiro PDS e surgiu de uma candidatura efectuada pela Santa Casa da Misericórdia de Oliveira de Azeméis ao Eixo 5 do POEFDS, medida 5.1 Apoio ao Desenvolvimento Social. 105 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 A população alvo deste projecto são os indivíduos com problemas de dependência de álcool, em processo de tratamento/recuperação e em situação de desemprego e/ou trabalho precário e nele são desenvolvidas as seguintes acções: - Atendimento, acompanhamento social; - Edição de um boletim anual de informação; - Realização de sessões informativas e de sensibilização dirigidas a agentes económicos e sociais; - Dinamização de ateliers diversificados; - Dinamização do grupo de alcoólicos recuperados. - Projecto “(Re)Agir ” É um projecto promovido pelo Centro Social Dr.ª Leonilda Aurora da Silva Matos de Fajões, que resultou de um protocolo estabelecido entre esta instituição e o Centro Distrital de Solidariedade Social de Aveiro, no âmbito do Rendimento Social de Inserção. A área geográfica de incidência é de nível concelhio, abrangendo todas as freguesias. Constitui a equipa do projecto uma assistente social, uma psicóloga e uma educadora social, que desenvolvem acções na área do atendimento/acompanhamento social no âmbito do RSI. - Projecto “caz@net ” Promovido pela Dianova Portugal – Unidade da Casa Azul, este projecto nasceu do Programa POSI – Programa Operacional Sociedade da Informação. É um projecto de intervenção comunitária de combate à info-exclusão que se destina a utentes e técnicos da Associação Dianova bem como a todos os cidadãos desfavorecidos da comunidade envolvente. No âmbito deste projecto são desenvolvidas algumas acções e serviços, nomeadamente: ponto Internet de acesso gratuito; acções de formação inicial nas novas tecnologias. 106 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 - Projecto “Solis ” Promovido pela Câmara Municipal de Oliveira de Azeméis, o Projecto “Solis” nasceu de uma candidatura apresentada a 15 de Fevereiro de 2005, ao abrigo da medida 1 do Programa para a Inclusão e Desenvolvimento (PROGRIDE), criado pela portaria 730/2004, de 24 de Junho e regulamentado pelo Despacho 25/2005 de 3 de Janeiro e que viria a ser aprovada, por deliberação do Conselho Directivo do ISS, IP (Instituto da Segurança Social), de 29/06/2005. Este projecto de desenvolvimento social, de intervenção concelhia, tem como Entidade Executora a Associação Dianova Portugal; a sua duração será de 4 anos, com termo previsto para Agosto de 2009. É um projecto vocacionado para uma população - alvo muito variada, nomeadamente: população idosa, deficientes, pessoas em situação de carência ou emergência social, famílias realojadas em habitação social, famílias em situação de ruptura familiar, vítimas de violência doméstica, jovens em situação de abandono escolar antes de completada a escolaridade mínima obrigatória, comunidade em geral. Tal como a população, também as intervenções e os serviços que este projecto oferece são muito variados, estando dividido por áreas: Área de Intervenção 1: acesso de todos os cidadãos abrangidos pelos projectos e acções, sobretudo os mais vulneráveis, aos serviços públicos e á divulgação dos direitos, deveres e benefícios sociais. Centro de Alojamento Temporário; Banco Local de Voluntariado; Serviço Itinerante de Atendimento Júrídico – Social na área da Família; Serviço de Apoio Domiciliário “AjudaLar”; Dinamização de acções de animação sócio-cultural. Área de Intervenção 2: apoio à requalificação dos espaços, à protecção ambiental, à melhoria das condições de habitação e das acessibilidades. Apoio ao Realojamento Social na Urbanização Quinta de Lações; Reabilitação habitacional; Melhoria das Instalações da Associação Dianova Portugal. Área de Intervenção 3: qualificação das populações através da melhoria das competências pessoais, sociais e profissionais dos indivíduos e famílias; Realização de acções de informação/ sensibilização na área da saúde; 107 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 Curso de Educação/Formação de nível II na área de empregado/ assistente comercial; Cursos de qualificação na área do apoio familiar e à comunidade; Cursos de qualificação na área da jardinagem e espaços verdes. Área de Intervenção 4: fomento de iniciativas económicas das populações ou das instituições locais, em particular, no âmbito da economia social, bem como, reanimação de actividades económicas tradicionais, de modo a promover a inclusão pelo emprego e a fixação das populações. Empresa de inserção na área dos Serviços Domésticos. - Equipa Itinerante Esta equipa insere-se na Divisão de Acção Social da Câmara Municipal de Oliveira de Azeméis, constituindo-se como um serviço permanente de âmbito concelhio. Foi criada em 2003 para dar resposta a necessidades sentidas na área da infância e juventude com os seguintes objectivos: requalificação psicossocial de natureza compensatória de crianças em situação de risco envolvimental; contribuir para o desenvolvimento integral da criança; despiste precoce de situações problemáticas; fomentar a relação de proximidade entre a escola, família e comunidade; dar respostas concertadas às necessidades sentidas junto de crianças, educadores e pais e contribuir para a aquisição e modificação de comportamentos. Dirige-se a crianças do pré-escolar e do 1º ciclo, às suas famílias e comunidades envolventes. Esta equipa desenvolve a sua intervenção através do despiste/encaminhamento das situações e pelo acompanhamento psicossocial. Comissão Concelhia para a Deficiência No âmbito das comemorações do Ano Europeu da Pessoa com Deficiência (2004), foi apresentada uma candidatura ao Secretariado Nacional para a Reabilitação e Integração das Pessoas com Deficiência, que foi aprovada, tendo como entidade promotora a Câmara Municipal. Para o desenvolvimento das acções previstas, foi constituída uma Comissão Executiva, com as seguintes entidades parceiras: Câmara 108 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 Municipal, CERCIAZ, Cruz Vermelha – Núcleo de Cucujães, Associação Cultural e Recreativa de Nogueira do Cravo – A NOZ, APICDOA e a Equipa Local dos Apoios Educativos. Após o término da candidatura, dada a importância das acções realizadas em vertentes diversificadas e o interesse manifestado para a continuidade de desenvolvimento de trabalho nesta área, esta equipa manteve-se activa tomando a designação em Janeiro de 2004 de Comissão Concelhia para a Deficiência. Equipa Multiprofissional para a área da Deficiência A Equipa Multiprofissional para a Área da Deficiência é promovida pelo Centro de Saúde e é constituída por profissionais de diversas áreas, nomeadamente: médico, psicólogo, assistente social e professor da equipa apoios educativos. As acções desenvolvidas foram diversificadas e tiveram como objectivo, por um lado, a consciencialização e sensibilização, assim como o esclarecimento da opinião pública para a problemática da deficiência e por outro lado a reabilitação social e pessoal das pessoas com deficiência. Tem como objectivos o diagnóstico e orientação de crianças e jovens com problemas de desenvolvimento. Tem uma abrangência concelhia e como população alvo crianças e jovens dos 0 aos 18 anos. “Desenvolcentro – Centro de Desenvolvimento Psicomotor e Aprendizagem Infantil” Esta é uma estrutura local de cariz particular, na área da educação/ensino, à qual se dá um relevo particular no âmbito da acção social, dado que os acordos que esta entidade tem com a Segurança Social possibilitam o encaminhamento de um grande número de crianças e jovens para acompanhamento em valências diversificadas. Fazendo um balanço das diversas estruturas com intervenção na área social, verifica-se que em relação ao primeiro Diagnóstico Social registam-se 4 novos projectos: o Solis, o (Re)Aprender, o (Re)Agir e o “caz@net”. No entanto, em 2005 o 109 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 concelho assistiu ao término do Plano Municipal de Prevenção Primária e consequentemente dos seus dois projectos: “Prevenir e Educar para a Cidadania” e “Sou como um Pássaro”. Diagnóstico Acção Social Problemas Identificados Dada a sua abrangência, os problemas diagnosticados pelos actores sociais que actuam no concelho de Oliveira de Azeméis foram diversos e abrangentes: - Solidão dos Idosos - Desestruturação familiar - Crianças e jovens sem ocupação dos tempos livres: falta de ocupação dos jovens após os tempos lectivos - Famílias com disfuncionalidade: falta de organização e gestão do lar - Carências económicas - Elevado número de idosos a viverem sós e dependentes - Falta de equipamentos de apoio familiar e falta de acessibilidades aos existentes - Ausência de formação pessoal, social e de cidadania - Grande dependência dos subsídios e apoios - Falta de espaços de convívio para idosos: escassez de equipamentos de apoio à Terceira Idade - Endividamento familiar - Violência doméstica 110 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 Propostas de Acção Para colmatar estes problemas foram lançadas as seguintes propostas de acção: - Criação e alargamento de respostas de apoio à população idosa: Centro de Dia, Lar de Idosos, Centro de Convívio, Centro de Noite, Serviço de Apoio Domiciliário; - Desenvolver programas / projectos específicos para desenvolver competências específicas: pessoais, sociais, parentais, profissionais; - Aumentar a intervenção junto das famílias disfuncionais, imprimindo eficácia na intervenção, promovendo a participação das famílias no seu processo promocional; - Criação de postos de trabalho através de empresas de inserção; - Criação de estruturas de acompanhamento das famílias ao nível local; - Criação de equipamentos de apoio à infância e juventude: creche e pré-escola; - Criação e dinamização de espaços lúdicos e recreativos, nomeadamente através da criação de ateliers ocupacionais. Recursos Existentes Para a realização destas acções é necessário mobilizar os seguintes recursos: - Equipas de intervenção na área da família - IPSS’S locais - Autarquias - Associações locais - Paroquia - Grupos informais - Segurança Social - Escolas 111 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 Análise SWOT: pontos fortes; pontes fracos; oportunidades e ameaças Tendo em conta esta informação foi possível elaborar a seguinte análise SWOT: PONTOS FORTES PONTOS FRACOS • Equipa de Intervenção na Família • Disfuncionalidade familiar - Má gestão do lar • Comissão de Protecção de Crianças e - Negligência das crianças Jovens Comportamentos de risco e • Instituições Concelhias desviantes • Segurança Social • Falta de resposta de apoio à família: • Estabelecimentos Educativos equipamentos e respostas nas áreas da • Autarquias infância e juventude e Terceira Idade • Associações de pais • Isolamento social dos Idosos • Rede de solidariedade Informal • Falta de espaços para ocupação dos • Grupos informais de acção social tempos livres dos 12 aos 18 anos • CAT – Centro • Falta de espaços de apoio à população • Solis deficiente OPORTUNIDADES AMEAÇAS • Candidaturas ao Programa PARES • Projectos das instituições para alargamento / criação de valências • Programa PAII • Banco do Voluntariado • Banco de Medicamentos • Pobreza e exclusão social • Disfunção psico-social e bio-social dos pais • Encerramento dos espaços de apoio para férias • Equipamentos insuficientes ao nível de valências de creche, infantário, ATL, SAD e Lar de Idosos • Congelamento / redução de verbas para apoio à criação de novas valências • Falta de Formação parental, social, pessoal • Dificuldade em romper os ciclos de pobreza 112 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 Problemas Priorizados No que concerne à acção social, os parceiros priorizaram três problemas: 1. Disfuncionalidade familiar 2. Acesso a equipamentos sociais (falta de equipamentos e respostas de apoio à família) 3. Isolamento social dos idosos 1- Disfuncionalidade Familiar Abrange questões transversais diversas, afectam a vivência quotidiana e a integração social dos indivíduos. Os problemas destacados na área da sobretudo à disfuncionalidade familiar são: - Baixo nível sócio-económico, geralmente no limiar da pobreza; - Privação económica; - Marginalização social; - Comportamentos problemáticos estruturados ligados toxicodependência; - Funções parentais perturbadas – desinteresse e dificuldade dos pais em assumirem e exercerem as actividades funcionais e afectos necessários ao adequado desenrolar da vida familiar; - Crianças / menores que revelam graves lacunas ao nível da sua protecção face ao meio e ao nível da transmissão de regras e valores culturais e sociais (o que inibe o desenvolvimento da consideração e respeito pela sociedade, ficando os menores em posição de conflito com o meio); - Insatisfatória realização das tarefas familiares no que diz respeito aos aspectos organizativos mas também aos aspectos relacionais; - Espaços de habitação degradados e precários; - Subsistem à base de “ajudas” informais, subsídios institucionais ou actividades precárias e não raras vezes ilegais O conjunto da população vulnerável que podemos encontrar nestas famílias deverá incluir, entre outros, os seguintes grupos: - Desempregados de longa duração; - Mulheres Vitimas de violência e Descriminação; - Crianças negligenciadas e em risco; 113 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 - Alcoólicos; - Toxicodependentes; - Info-excluídos; - Analfabetos funcionais. A disfuncionalidade familiar, por ser transversal e multicausal é um problema difícil de colmatar, na medida em que qualquer intervenção implica alteração de hábitos e uma elevada resistência à mudança e a novas formas de vida. Fica patente que há no terreno um conjunto de recursos para a prevenção, promoção e inserção, no entanto, são muito insuficientes relativamente às necessidades expressas. É frisada a necessidade de uma aumento de Técnicos nesta área para uma diversificação das acções em diferentes níveis. Apesar deste constrangimento, é necessário criar medidas de cariz promocional destas famílias e fundamentar a actuação das técnicas numa intervenção estratégica implicando directamente os indivíduos na sua reintegração. De facto, para colmatar este problema multifacetado é necessário organizar um conjunto de acções de forma a inserir os membros destas famílias em actividades profissionais ou formativas, reforçar a protecção e desenvolvimento das crianças pela integração em estruturas de apoio e promover um acompanhamento integrado destas famílias numa lógica que vá além do assistencialismo. É ainda necessário a implementação de novos projectos e a mobilização das diversas entidades de freguesia numa lógica de comissão social para concertar territorialmente, temporalmente instituições e serviços em torno da atenção à população destes espaços que é socialmente desfavorecida e desvalorizada. 114 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 2 – Acesso a Equipamentos Sociais As famílias de hoje manifestam crescentes necessidades de apoio em relação aos seus membros mais dependentes: crianças e jovens e idosos. 2.1 Infância e Juventude Para além de toda uma oferta da rede Educativa Pública, ao nível do pré-escolar, o concelho de Oliveira de Azeméis tem cerca de 22 IPSS que disponibilizam serviços de equipamentos de apoio à infância e juventude. Apesar desta rede privada de equipamentos, foram diagnosticadas as seguintes necessidades de respostas na área da infância e juventude: - Creches; - Pré-Escolar; - Espaços de ocupação dos tempos livres após o termino das actividades lectivas; - Espaços de ocupação de tempos livres para jovens dos 12 aos 18 anos. Este problema envolve como população alvo as famílias com crianças e jovens, cujos pais exercem uma ocupação profissional e que se deparam com dificuldades na guarda dos seus filhos quando estão a trabalhar. A existência destas necessidades tem consequências directas na vida quotidiana das famílias. As famílias com crianças menores que não têm acesso às respostas de apoio vêem-se obrigadas a recorrer a serviços privados de apoio, muitas vezes não qualificados para o efeito, ficando as crianças arredadas de um processo normal de integração pré-escolar. No que diz respeito à falta de respostas para as crianças e jovens após os períodos lectivos, as suas implicações passam por uma desocupação deste públicoalvo e uma falta de acompanhamento efectivo o que potencia a sua exposição a comportamentos de risco. Face a isto, é necessário, por um lado continuar a apostar na criação e alargamento das valências tradicionais de apoio à família: creches, pré-escolar, amas sociais e por outro apostar na promoção de contexto para a prática da actividade 115 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 lúdico-pedagógica, recreativa ou desportiva, destinados a jovens e que contribuam para a aquisição de hábitos e estilos de vida saudáveis. Assim, é necessário aumentar a capacidade actual de integração em estruturas de apoio à infância, quer através do reaproveitamento dos espaços e recursos existentes, quer através de novos espaços. 2.2 Terceira Idade O aumento da vulnerabilidade dos idosos que se traduz proporcionalmente na sua diminuição da qualidade de vida, torna-os num grupo particularmente exposto a todo o tipo de risco social e dependência, quer seja económica ou social. Não conseguindo auto garantir-se como suporte de primeiro grau no apoio aos seus membros idosos, a família necessita de serviços que a substituam e que garantam o cumprimento de respostas às necessidades básicas daqueles. O Concelho de Oliveira de Azeméis tem 15 IPSS’S que oferecem valências diversificadas de apoio à população idoso, distribuindo-se por doze das dezanove freguesias. Estes serviços, nomeadamente o serviço de apoio domiciliário e a valência do lar de idosos são manifestamente insuficientes para as necessidades existentes. Estas valências encontram-se lotadas apresentando uma taxa de cobertura muito reduzida e em crescente aumento das listas de espera. Desde o primeiro diagnóstico social, ao nível das respostas para idosos foram apenas criadas duas valências de serviço de apoio domiciliário no Centro de Terceira Idade de S. Roque e no Centro Social Paroquial Santo André. Foi alargado o serviço de apoio domiciliário na Associação de Solidariedade Social de Loureiro, na Santa Casa da Misericórdia de Oliveira de Azeméis, no Centro Social, Cultural e Recreativo de Carregosa e no Centro Social Dr.ª Leonilda Aurora Silva Matos. A falta de equipamentos de apoio à população idosa é um problema sentido de igual forma em todas as freguesias do concelho, quer pela sua inexistência, quer pela sua lotação. Este problema afecta todos os idosos, mas sobretudo aqueles que são mais dependentes e que não têm família de retaguarda. 116 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 As instituições que integram idosos permitem colmatar algumas consequências quotidianas, nomeadamente: - Negligência da situação de saúde - Isolamento social e familiar - Falta de cuidados de higiene própria e da habitação - Condições habitacionais precárias e de insalubridade - Alimentação incorrecta e insuficiente Torna-se necessário investir na criação de valências tradicionais e também mais valências que ainda não existem no território concelhio como seja o Centro de Noite e o Centro de Convívio, o Serviço de Apoio Domiciliário Integrado. Assim, todas as candidaturas de Instituições Locais apresentadas a programas diferenciados da Segurança Social são uma oportunidade a que as decisões ao nível central não podem ficar indiferentes. A sua aprovação, colmataria muito dos problemas que afectam esta população impedindo a sua desejável inserção social. As Instituições locais ganham particular relevo quando falamos desta franja populacional, na medida em que prestam os serviços de apoio e são elas próprias sinalizadoras das situações mais problemáticas. No que diz respeito à sinalização das situações que carecem de intervenção é necessário envolver de forma efectiva os serviços de saúde, na medida em que é este serviço a que esta população mais recorre. Numa lógica de rentabilização de recursos é necessário informar e envolver representantes das unidades de saúde e do centro de saúde sobre e nas diferentes equipas e serviços que existem vocacionadas para os cuidados aos idosos. Assim, é imperioso as instituições abrirem-se ao exterior dando-se a conhecer à comunidade onde estão inseridas. 3 – Isolamento Social dos Idosos O isolamento social dos idosos aparece como causa e efeito da sua vulnerabilidade social. Como é geralmente conhecido, a população idosa tem vindo a aumentar nas últimas décadas devido ao progresso da medicina e à melhoria da qualidade de vida. 117 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 Em Portugal, os idosos representam 16,4% da população total, Oliveira de Azeméis, apesar de revelar uma taxa inferior, 13,18%, esta tem vindo a aumentar, prevendo-se que em 2011 represente 16 % da população. Para além dos efeitos económicos, nomeadamente no tecido produtivo, a dependência dos idosos é antes de mais um problema social. Face ao envelhecimento e ás diversas alterações da família, o isolamento social dos idosos aparece como um problema altamente referenciado quer pela sua abrangência, quer pela sua incidência. Como causas deste problema surgem: - Desinteresse por parte das famílias; - Alteração da estrutura familiar; - Família que trabalham e que não conseguem apoiar os seus idosos; - Lotação dos serviços de apoio; - Ofertas dos serviços de apoio que não satisfazem nem motivam os idosos; - Indivíduos que vivem em meios rurais e que por falta de transporte têm dificuldade em deslocar-se; - Acomodação à situação por opção de vida; - Quebra das redes de vizinhança. Assim, o isolamento dos idosos acarreta graves situações, nomeadamente: - Abandono/ negligência; - Desvalorização do seu papel na sociedade; - Agravamento da condição de saúde, higiene e alimentação; - Falta de qualidade de vida. A colmatação destes problemas é da responsabilidade de todos, incidindo especialmente nas famílias, no Estado através dos serviços locais e nas instituições particulares. Torna-se necessário reforçar a rede de equipamentos sociais que garantam qualidade na prestação de serviços a idosos. No entanto, o investimento que se tem verificado, e que ainda é necessário reforçar, para o aumento da capacidade de resposta dos serviços e equipamentos para pessoas idosas, enfrenta desafios de garantia da qualidade, diversificação e flexibilidade dos mesmos, de modo a irem ao encontro das necessidades das pessoas idosas inseridas num território específico. Os serviços devem cada vez mais ter em atenção a aspiração das pessoas idosas em envelhecerem em casa. 118 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 Neste sentido, o esforço das valências tradicionais, nomeadamente de lar de idosos mais dependentes e a criação de valências inovadoras como o Centro de Noite (pode constituir uma alternativa à “institucionalização”, promovendo um espaço de apoio durante a noite), o Serviço de Apoio Domiciliário Integrado (prestação de cuidados de enfermagem e medidas de natureza preventiva e curativa, prestação de apoio social indispensável à satisfação das necessidades básicas e humanas), tornam-se uma mais valia que potencia a promoção da autonomia e da qualidade de vida do idoso no ambiente sócio-familiar Igualmente importante para minimizar os efeitos do isolamento social deste grupo etário é o reforço do papel das redes de vizinhança. A ligação ás pessoas vizinha é muitas vezes garante de sentimentos de segurança e conforto. Dinamizar acções que reforcem o papel destas redes pode traduzir-se na afirmação da solidariedade na vida quotidiana de muitos idosos. Sendo uma faixa etária cuja ocupação é limitada, é necessário criar acções/ dinâmicas que garantam a ocupação dos tempos livres de forma qualitativa, com actividades locais de lazer, mas também por acções que sensibilizem e alterem hábitos de vida e regras de segurança negligenciadas. 119 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 6 Segurança 120 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 Enquadramento O título II da parte I da Constituição da República Portuguesa fixa os direitos, liberdades e garantias fundamentais dos cidadãos como princípios básicos indispensáveis ao exercício da cidadania. Ali se estabelece, no art.º 27, n.º 1 do diploma, que “todos têm direito à liberdade e à segurança”. Preceito que se integra na esfera dos direitos, liberdades e garantias fundamentais dos cidadãos a par de outros princípios, como são, designadamente, os da inviolabilidade da vida humana e da integridade moral e física das pessoas. Daqui flui ser tarefa fundamental do Estado criar as condições necessárias para garantir aos cidadãos a respectiva liberdade e segurança. Com efeito, a liberdade é indissociável da segurança na estruturação de uma sociedade justa e de um Estado de Direito. A segurança é um valor em si mesmo essencial numa sociedade livre e democrática, sendo concomitantemente um factor imprescindível para o desenvolvimento económico e social e qualquer território. A conciliação entre os dois pilares basilares da sociedade – a liberdade e a segurança – depende em muito da acção das forças e serviços de segurança, cuja autoridade é dimanada da lei e se destina ao serviço da comunidade. O exercício das forças de segurança é amplo e plural e vai desde a actuação na prevenção e combate à criminalidade e na manutenção da ordem pública até às acções de protecção civil de pessoas e bens e de minoração dos efeitos nefastos de catástrofes naturais ou artificiais. Assim, todos temos, homens e mulheres – não importando a idade – direito à segurança e a uma vida tranquila. A segurança constitui-se como um factor essencial para o bem-estar social da população, sua estabilidade e desenvolvimento. 121 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 Estruturas de Segurança Ao nível da prevenção, segurança, protecção e socorro, Oliveira de Azeméis tem como força de segurança pública a Guarda Nacional Republicana e duas corporações de bombeiros voluntários. Associações Humanitárias de Bombeiros - Bombeiros Voluntários de Fajões; - Bombeiros Voluntários de Oliveira de Azeméis; Guarda Nacional Republicana A segurança pública do concelho de Oliveira de Azeméis é assegurada pela Guarda Nacional Republicana, que tem 3 postos na área geográfica concelhia: - Posto da GNR de Cesar; - Posto da GNR de Cucujães; - Posto da GNR de Oliveira de Azeméis; Esta é uma força de segurança de natureza militar, organizada num corpo especial que, sem prejuízo das competências atribuídas por lei a outras entidades, tem, segundo o Ministério da Administração Interna, por missão geral: − Manter e restabelecer a segurança dos cidadãos e da propriedade pública, privada e cooperativa, prevenindo ou reprimindo os actos ilícitos contra eles cometidos; − Coadjuvar as autoridades judiciárias, realizando as acções que lhe são ordenadas como órgão de polícia criminal; − Velar pelo incumprimento das leis e disposições em geral, nomeadamente as relativas à viação terrestre e aos transportes rodoviários; − Combater as infracções fiscais, designadamente as previstas na lei aduaneira; − Colaborar no controlo da entrada e saída de cidadãos nacionais e estrangeiros no território nacional; 122 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 − Auxiliar e proteger os cidadãos e defender e preservar os bens que se encontrem em situações de perigo, por causas provenientes de acção humana ou da natureza; − Colaborar na prestação de honras de Estado; − Colaborar na execução da política de Defesa Nacional.” A Guarda Nacional Republicana que serve o concelho de Oliveira de Azeméis pertence à Brigada Territorial N.º 5 – grupo Territorial de S. João da Madeira, destacamento territorial de Oliveira de Azeméis. Este destacamento é assegurado pelo funcionamento de três postos na área concelhia: Posto de Cesar, Posto de Cucujães e Posto de Oliveira de Azeméis. Segundo informação do Comandante do Destacamento Territorial, no concelho de Oliveira de Azeméis no anos de 2005 foram instaurados 188 autos de contraordenação policiais e registaram-se um total de 1628 crimes: − 521 contra pessoas; − 838 contra o Património; − 185 contar a vida em sociedade; − 12 contra o Estado; − 72 legislação avulsa. Resultantes destes crimes foram realizadas cerca de 158 detenções, sendo que 94 foram realizadas em flagrante delito e 64 fora de flagrante delito. Outras Estruturas de Segurança O Município dispõe ainda de duas estruturas de âmbito concelhio, com uma intervenção estratégica na área da segurança: - Conselho Municipal de Segurança - Núcleo Concelhio de Protecção Civil; 123 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 Diagnóstico Segurança Problemas Identificados Nesta área, os principais problemas apontados pelos informadores privilegiados foram: − Insegurança; − Comportamentos desviantes; − Pequenos furtos e actos de vandalismo praticados por jovens; − Falta de patrulhamento da G.N.R.; − Falta de formação dos elementos de segurança; − Aumento do sentimento de insegurança; − Vandalismo; − Delinquência infanto-juvenil; − Falta de sinalização junto dos equipamentos educativos. Analisando estes problemas, verifica-se que o concelho de Oliveira de Azeméis não tem ocorrências ao nível da segurança complexas e problemáticas, no entanto, denota um crescente, sobretudo nos últimos anos, aumento do sentimento de insegurança. Propostas de Acção Para colmatar estes problemas, foram propostos as seguintes acções/ respostas: − Vigilância dos espaços utilizados para praticas desviantes; − Acções de prevenção para pais e alunos; − Reforço da acção das forças de segurança; − Maior acompanhamento das escolas pelo projecto “Escola Segura”; − Reforço do patrulhamento, sobretudo à noite; − Ocupação dos tempos livres, prevenindo acções de comportamentos desviantes; − Criação de sinalização adequada, nomeadamente lombas e passadeiras; − Maior abertura das escolas para trabalhar em parceria 124 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 Recursos Existentes Para a concretização destas acções é fundamental mobilizar um conjunto de recursos existentes no concelho que promovam um trabalho em parceria com as forças de segurança, nomeadamente: − G.N.R.; − Escolas − Associações de pais; − Autarquias; − Comissão Social de freguesia; − Comunidade em geral; − Projecto “Escola Segura”; − Segurança Rodoviária − IPSS’s locais Análise SWOT: pontos fortes; pontes fracos; oportunidades e ameaças De acordo com os problemas diagnosticados, as acções propostas e os recursos existentes foi possível elaborar a seguinte análise SWOT: Pontos Fortes Pontos Fracos • Aumento do sentimento de insegurança: • Projectos de segurança existentes furtos “Escola Segura” e “Segurança Ferroviária” • Comportamentos desviantes • Delinquência infanto-juvenil: vandalismo e pequenos furtos • Falta de acompanhamento da GNR: falta de patrulhamento; falta de formação dos elementos da GNR • Falta de Sinalização, nomeadamente junto a equipamentos educativos 125 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 Oportunidades Ameaças • Disponibilidade das forças de segurança • Falta de RH e financeiros das forças de para articularem com outras entidades segurança pública • Criação de parcerias com vista à realização de Acções de prevenção destinadas a públicos – alvo diversificados • Disfuncionalidade familiar, falta de regras que conduzem a comportamentos desviantes Problemas Priorizados No que diz respeito à área da segurança, os parceiros priorizaram, 3 problemas: 1. Vandalismo 2. Aumento de assaltos/ roubos e furtos 3. Falta de patrulhamento (sobretudo à noite) pela G.N.R. 1- Vandalismo O vandalismo é um conceito indeterminado que tanto pode incluir actos praticados deliberadamente para destruir, como aquelas situações que acontecem por negligência. Quando apontaram este fenómeno como um problema, as parcerias referiam-se à proliferação de actos praticados deliberadamente para destruir alguma coisa. De facto, a violência na família, na televisão, no desporto, nas estradas e, muito em particular, nos espaços urbanos – tem vindo a emergir como um problema social incontornável na sociedade portuguesa. Estes actos de violência, sobre bens pessoais e sociais, sobre espaços e sobre as pessoas tem emergido na sociedade e têm vindo a ser amplamente conotados com o fenómeno das toxicodependências. Estes actos de vandalismo surgem ligados e, são eles próprio expressões de comportamentos desviantes exercidos sobretudo por jovens, alguns dos quais ainda crianças. A precocidade etária dos actores do vandalismo, está directamente relacionada com a falta de interesse, motivação pelo percurso escolar e até o seu abandono; pelo desemprego; pela pertença a famílias disfuncionais; pelas toxicodependências. 126 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 Entre outras causas, a incivilidade e o comportamento anti-social destes jovens podem ser explicados pela desautorização dos mais velhos; a fragilidade da autoridade familiar; o desrespeito pelas hierarquias; a falta de controlo social dos vizinhos e a impunidade dos seus actos. Neste âmbito, torna-se fundamental actuar em duas vertentes: a prevenção e o apuramento de responsabilidades. Por um lado, a intervenção deve incidir na prevenção ao nível dos jovens, reforçando os espaços de inclusão e integração social para que não estejam expostos aos chamados comportamentos desviantes. Por outro lado, é necessário reforçar o papel das autoridades e do sistema judicial no sentido de se apurar responsabilidades, isto é, controlar e vigiar os espaços propícios a estes actos e responsabilizar quem os pratica. Aumento de assaltos roubos e furtos O sentimento de aumento de assaltos, roubos e furtos, segundo fonte da G.N.R. não era, até Julho de 2006, expresso pelo número de ocorrências que se mantinha semelhante ao ano de 2005. No entanto, ao longo dos fóruns de freguesia, este foi um problema levantado, por ser directamente sentido pelas populações, sendo vários os relatos destas ocorrências. Este aumento do número de furtos surge, mais uma vez, relacionado com o sentimento de insegurança e o de inoperância das forças de segurança que, em muitos casos, não constituem para a população uma resposta eficaz, considerando que não têm mais a fazer. Falta de patrulhamento (sobretudo à noite) pela G.N.R. O terceiro problema levantado “Falta de Patrulhamento da G.N.R.” está directamente ligado com o aumento do sentimento de insegurança (percepção de que têm ocorrido mais crimes) e com o sentimento de inoperância da força de segurança pública. As populações vêm no patrulhamento uma aproximação da G.N.R. como garante da segurança, no sentido de prevenir os acontecimentos criminosos, funcionando como um inibidor de práticas ilegais. 127 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 O sentimento de insegurança aumenta no período nocturno, sendo prática corrente, os delinquentes aproveitarem este período de maior acalmia para praticarem os seus actos. Assim, o reforço de patrulhamento ganha especial importância neste período. Segundo os informadores privilegiados, as práticas relacionadas com comportamentos desviantes e delinquentes, acontecem e são organizadas em locais e espaços, amplamente conhecidos por toda a população e também pelas forças de segurança, pelo que, estas mesmas forças devem reforçar aí a sua acção desmobilizando os potenciais criminosos. Sendo conhecidos os constrangimentos do funcionamento das Forças de segurança, nomeadamente ao nível dos recursos humanos e físicos, a população deve ser sensibilizada para adoptarem uma atitude preventiva nesta área, devendo-se para tal, realizar acções de sensibilização para a promoção desta atitude. Neste âmbito, ganham particular relevo as acções de prevenção e segurança na habitação, prevenção e segurança das crianças e a prevenção e segurança dos idosos. Neste sentido, a articulação da população, das entidades civis e das autoridades locais ganha um novo sentido, numa lógica de prevenção pela participação e parceria da população alvo. 128 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 7 Desporto, Lazer e Cultura 129 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 Enquadramento As formas colectivas de organização, a que se convencionou chamar de associativas, constituem, as sociedades ocidentais, uma das formas mais visíveis e dinâmicas de estabelecer trocas, de encarar a partilha, de pensar a solidariedade. Cada território possui a sua rede de actores – colectividades locais, associações que intervêm nas áreas da cultura, desporto, lazer, acção social, entre outras – que constituem uma malha fundamental numa óptica de coesão social. A capacidade e a necessidade de participação activa nas estruturas associativas e nas iniciativas da sociedade, qualquer que seja o seu carácter e a sua intervenção, constituem importantes indicadores de uma cultura democrática. O movimento associativo surge em Portugal em meados do século XIX e desde então assumiu um papel determinante na sociedade portuguesa, reforçado pela defesa e promoção dos direitos humanos, sobretudo a nível social, económico e cultural, contando actualmente com cerca de 18.000 associações. O Associativismo em Oliveira de Azeméis No Município de Oliveira de Azeméis, existem cerca de duas centenas de agrupamentos, organizações e associações. Estes são os principais responsáveis pela dinâmica de grupo e pela promoção cultural, recreativa e desportiva em cada freguesia. Estas associações existentes têm um carácter desportivo e cultural, predominando modalidades ligadas à columbofilia e à prática do futebol, na área do desporto e, o folclore e a musica na vertente cultural. Na recolha de dados para a realização deste diagnóstico, através da aplicação de inquéritos, tentamos apurar as associações existentes em cada freguesia, o seu cariz, as actividades que desenvolviam e o número de participantes. No entanto, os dados alcançados revelaram-se insuficientes para uma completa caracterização desta área, nomeadamente quanto às actividades desenvolvidas e ao número de participantes que envolviam, não trazendo nenhuma mais valia aos dados registados no primeiro documento de diagnóstico social concelhio. 130 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 Diagnóstico Desporto, Lazer e Cultura Problemas Identificados Nesta área, os principais problemas apontados foram: - Falta de infra-estruturas: falta de Sede; falta de condições físicas / espaços adequados para as práticas das associações; - Dificuldades financeiras: constrangimentos financeiros para pôr em prática as actividades e projectos das associações; - Falta de divulgação das associações e das actividades desenvolvidas; - Falta de adesão por parte das populações às iniciativas promovidas; - Falta de zonas verdes e de lazer; - Falta de piscina e de pista de atletismo; - Pouca disponibilidade para a cultura por parte das populações. Propostas de Acção Para minimizar e erradicar estes problemas foram propostas as seguintes acções / respostas: - Criação / construção de uma infra-estrutura de apoio às associações; - Desenvolvimento de actividades para angariação de fundos; - Promover uma cultura de rigor nas associações com vista ao correcto pagamento das quotas; - Pagamento dos subsídios atribuídos; - Criação de espaços / zonas de lazer nas freguesias, melhoria e rentabilização dos existentes; - Criação de um boletim informativo das associações; - Incentivar a participação da comunidade: realização de intercâmbio entre a escola e as associações; sensibilizar a população jovem para a participação em iniciativas desportivas e culturais; 131 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 - Criação de espaços culturais (bibliotecas, mediatecas) que promovam actividades culturais para toda a população; - Promover a prática desportiva e cultural através da realização de campeonatos inter-escolas. Recursos Existentes Para a concretização destas respostas / acções é necessário mobilizar um conjunto de recursos numa lógica de planeamento e trabalho em parceria. Esses recursos são: - Autarquias; - Associações Locais; - Estruturas de apoio ao Turismo: Gabinete de Turismo e Artesanato; Rota da Luz; - Gabinete de Apoio às Colectividades; - Gabinete de Tempos Livres e Juventude; - Gabinete de Desporto; - Agrupamento de Escolas; - Espaços existentes e devolutos; - FAMOA 132 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 Análise SWOT: pontos fortes; pontes fracos; oportunidades e ameaças Face aos problemas diagnosticados e aos recursos existentes foi possível fazer a seguinte análise SWOT: PONTOS FORTES • Diversidade de associações PONTOS FRACOS • Falta de espaço para práticas culturais, desportivas e recreativas • FAMOA • Falta de recursos financeiros às associações • Falta de adesão por parte da população às iniciativas promovidas OPORTUNIDADES AMEAÇAS • Tradição associativa • Diversidade de associações • Articulação das associações com as escolas • Recursos financeiros muito limitados • Pouco rigor na recolha de quotas • Criação de um boletim das associações • Pouca abertura à comunidade • Aproveitamento de espaços devolutos • Autarquias mais sensibilizadas para a criação de espaços 133 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 Problemas Priorizados Nesta área, os parceiros priorizam os seguintes problemas: 1 - Falta de espaços para práticas culturais, desportivas e de lazer; 2 - Falta de recursos financeiros; 3 - Falta de adesão por parte da população às iniciativas promovidas / pouca disponibilidade para a cultura. 1- Falta de espaços para práticas culturais, desportivas e de lazer As associações locais na prática das suas actividades confrontam-se com a escassez de recursos que passam, pela insuficiência e precariedade de condições nos seguintes níveis: - Espaços: sedes, pavilhões desportivos, espaços polivalentes, campos de treino, piscinas, etc.; - Equipamentos; - Meios técnicos e humanos; - Meios financeiros. A falta de espaços aparece como o principal constrangimento apontado pelas associações, na medida em que dificulta as práticas que as sustentam e são sua finalidade, dificultando a implementação de novos projectos e actividades inovadoras. A falta de espaços físicos enquanto constrangimento da acção das colectividades, diz respeito à carência de espaços próprios das associações, mas também de espaços públicos que possam ser utilizados por toda a comunidade. Apesar dos esforços que se têm vindo a concretizar sobretudo através da construção de auditórios, ringues desportivos, esta é uma necessidade sentida sobretudo ao nível das freguesias mais pequenas que compõem o concelho de Oliveira de Azeméis. 134 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 De facto é ao nível das freguesias e não tanto da cidade, que se sentem as maiores carências em teremos de qualificação do espaço urbano consubstanciado na criação e tratamento de espaços verdes, de passeios, de sensibilização adequada, de mobiliário urbano, de pequenos equipamentos de diversão e convívio para crianças e jovens e idosos. Assim, as freguesias necessitam de espaços públicos que lhes garantam uma identidade e referência urbana. Concluindo, regista-se uma forte carência ao nível de grandes equipamentos de apoio à cultura e ao desporto e, também precariedade em muitos dos que existem. Assim torna-se fundamental a criação de investimentos nesta área, numa lógica de rentabilização dos recursos, recorrendo ao planeamento estratégico e à criação de sinergias que possibilite o trabalho em parceria nos micro-territórios, as freguesias, e destas com a sede do concelho. Num concelho onde existe um elevado número de associações e colectividades, implantadas num elevado número de freguesias, a lógica individual e a “bandeira das capelinas” deixam de fazer sentido. O trabalho futuro passa pela cooperação e envolvimento de todos na criação de estruturas que permitam o desenvolvimento de cada um no sentido do todo. Neste sentido ganham particular importância alguns dos equipamentos / projectos que a autarquia já implementou, está ou pretende implementar, nomeadamente: a Biblioteca Municipal (BM3), o Arquivo Municipal, a Ludoteca e o Cine Teatro Caracas (aquisição). Agora, a estratégia (já iniciada no caso do Caracas) passa por colocar estes equipamentos ao serviço efectivo da cultura local, motivando e envolvendo as associações e a população em geral. A criação e localização destes equipamentos é de extrema importância para a construção de uma imagem de destaque do concelho com impacto regional, associado a actividades lúdicas, culturais e recreativas, que juntamente com as de desporto (como é sabido Oliveira de Azeméis é rica na tradição da prática do desporto: BTT, Ténis, Basquetebol, Futebol, Atletismo e Hóquei), poderão vir a ser potenciais catalizadores de utentes exteriores ao território concelhio. 135 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 2- Falta de recursos financeiros Já aqui foi referenciado que as entidades ligadas ao desporto, cultura e lazer são constantemente confrontadas com a escassez de recursos, nomeadamente económicos. As limitações económicas são referenciadas como as causas das principais limitações da actividade destas entidades. De facto, estas limitações estão na base do primeiro problema priorizado. As causas que estão na sua base passam pela profunda dependência do ponto de vista financeiro em relação ao estado, à autarquia e aos donativos, o que tem vindo a gerar problemas, ao nível da relação dessas entidades. Os constrangimentos económicos que Portugal tem vindo a atravessar e consequentemente o poder local, tem estrangulado o pagamento de subsídios atribuídos às diversas entidades. Esta é de facto, a principal causa identificada para a escassez de recursos financeiros. Assim, numa óptica de autonomização face a entidades externas, as associações e colectividades têm, de desenvolver estratégias internas que permitam a sua sobrevivência. 3- Falta de adesão por parte da população às iniciativas promovidas – Pouca disponibilidade para a cultura Os baixos níveis de envolvimento da população limitam a acção das associações locais. Este problema radica nas características da sociedade pós-moderna cujo tipo de relações que se estabelece entre as pessoas, no seio das famílias e dos grupos, sofrem consideráveis alterações, estando as pessoas atomizadas na sua vida pessoal e familiar. Sendo o Homem um ser eminentemente social, existe a necessidade da vida em colectivo, de repor e reforçar os laços sociais, que garantam a coesão social e a integração de cada indivíduo, família e comunidade. No entanto, a resposta a esta necessidade é um processo de aprendizagem. Este desafio passa necessariamente por formação, isto é, por desenvolver a capacidade para participar numa dinâmica colectiva que depois beneficia cada um. 136 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 Neste contexto e para colmatar este problema, ganha importante relevo o papel das autarquias e das instituições locais. Autarquias As autarquias locais, nomeadamente a Câmara Municipal de Oliveira de Azeméis tem a responsabilidade de promover a participação da comunidade através de uma oferta diversificada a vários níveis: - Desenvolvimento de Projectos de Difusão Cultural em que a Câmara Municipal de Oliveira de Azeméis contratualiza uma série de eventos que vão ao encontro das expectativas da população mas que também promovam a educação dos públicos. O Gabinete da Cultura da Câmara Municipal de Oliveira de Azeméis aparece como uma mais valia neste domínio. - Preservação do património histórico, cultural, artístico e natural. Destaca-se a finalização, por parte da autarquia, de um dos projectos mais ambiciosos a nível turístico, denominado de “Parque Temático Molinológico”, que surgiu na sequência da realização de levantamentos/inventários já realizados a moinhos de água e espigueiros das 19 freguesias e tem por objectivo requalificar uma área que se destaca pela concentração de moinhos na confluência de dois rios , o Antuã e o Ul, nas freguesias de Ul e Travanca. Através deste Parque temático Molinológico, procura-se valorizar o património edificado e natural, materializando-se na recuperação de onze moinhos, na constituição de percursos pedestres e instalação de Núcleo Museológico e do Pão. - Mobilização dos jovens, através da formação e informação, estimulando-os a participar e desenvolver actividades enriquecedoras. Neste domínio ganha particular relevo o Gabinete de Tempos Livres e Juventude, que tem como funções apoiar o associativismo juvenil, promover acções no domínio da saúde juvenil e programas de juventude no domínio da ocupação de tempos livres. 137 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 Associações O papel das associações na promoção da participação e dos níveis de interesse da população passa pela lógica de “aprender a participar participando”. As organizações locais na dinamização dos processos participativos face ao deficit desta cultura, tecendo laços sociais que se foram perdendo e que implicam acima de tudo a capacidade de diálogo e reflexão conjunta. Para tal, deve oferecer actividades diversificadas, qualificadas e qualificantes. Apesar da diversidade de dificuldades e constrangimentos apontados, existe um vincado movimento associativo concelhio ligado à cultura, desporto e lazer, com uma forte motivação e iniciativa que, se constitui como uma mais valia importante na área da promoção do desenvolvimento e coesão social. 138 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 VI Síntese Conclusiva 139 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 Enquadramento O Diagnóstico Social de Oliveira de azeméis pretende ser um instrumento dinâmico de apoio a todos os parceiros do CLASOA e a todos os que trabalham na área social no território concelhio. O relatório do Diagnóstico Social traça as principais características do concelho de Oliveira de azeméis, identificando os principais problemas do concelho, a sua relação de causalidade, bem como identifica os recursos e meios existentes e suas potencialidades. Sendo a área social altamente complexa, dinâmica e multifactorial, o Diagnóstico Social apresenta-se dividido em áreas temáticas diferenciadas, mas todas elas relacionadas pelas implicações e relações que estabelecem entre si quando se trata da vivência quotidiana dos cidadãos. Apresentamos agora as seguintes conclusões: Demografia O concelho de Oliveira de Azeméis apresenta uma grande vitalidade demográfica, fruto do crescimento demográfico contínuo que tem sofrido ao longo dos anos reflectido nos diversos Censos desde 1981. No entanto, e apesar de apresentar um saldo positivo no crescimento populacional denota-se uma atenuação do ritmo de crescimento no último período censitário, na medida em que é nos estratos etários mais elevados da população que se encontra o maior número de residentes. Assim, perspectiva-se que o aumento da população não se deve unicamente a um aumento efectivo do número de nascimentos (regista-se um crescimento natural efectivo), mas sim a um aumento da longevidade e, por isso verifica-se um crescente envelhecimento da população. No que se refere à estrutura da população por grupos etários, verifica-se que se em 1991 havia um número de jovens bastante significativo, nomeadamente no grupo etário dos 0 aos 14 anos, em 2001 os grupos etários mais jovens, com idades compreendidas entre os 0 e os 24 anos, ocupam uma parcela inferior da população, não atingindo 40% da população total em nenhuma das freguesias do concelho. 140 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 Habitação O panorama do Parque Habitacional do concelho de Oliveira de Azeméis, segue a tendência nacional. O crescimento populacional do concelho fez-se acompanhar pelo aumento da construção de edifícios e pela urbanização do território. Em termos de condições de infra-estruturas dos alojamentos familiares de residência habitual, verifica-se que as condições sanitárias são as mais deficitárias. Nesta área da habitação os parceiros identificaram 3 problemas prioritários: rendas elevadas face à situação económica das famílias; habitações degradadas (falta de condições de habitabilidade); falta de Habitação Social. Para colmatar esta situação ganha especial importância o apoio previsto no Regulamento Municipal de Apoio ao Arrendamento (que começou a ser aplicado a 11 de Outubro do corrente) e que consiste num apoio financeiro concedido às famílias carenciadas no pagamento da renda de casa. O montante das comparticipações varia entre o valor mínimo mensal de 25 € e o máximo de 125 € e é calculado em função do valor da renda paga e do rendimento médio bruto do agregado familiar. A existência de habitações degradas com falta de condições de habitabilidade é comprovada pela caracterização levada a efeito pelo Gabinete de Habitação da Divisão de Acção Social da Câmara Municipal de Oliveira de Azeméis. Esta caracterização evidencia que existe um total de 652 agregados familiares que necessitam de uma intervenção ao nível da habitação, sendo que a maioria são situações que carecem de realojamento (548), seguindo a intervenção com vista à realização de melhorias (83 para melhorias em casa própria e 21 para melhorias em casa arrendadas). Para suprir as necessidades ao nível das melhorias habitacionais, proporcionando uma qualificação das habitações, a autarquia apresenta como instrumento essencial o Regulamento Municipal de Apoio a Melhorias Habitacionais que começou a ser aplicado a 11 de Outubro de 2006, bem como o Programa SOLARH – Solidariedade e Apoio à Recuperação de Habitação, implementado no nosso município desde 2001 e acompanhado pelo Gabinete de Habitação da Divisão de Acção Social da Câmara Municipal. Este programa, criado pelo Decreto-Lei n.º 7/99, de 8 de Janeiro, destina-se a proporcionar às famílias mais carenciadas a facilidade de realizarem obras na sua habitação própria sem sobrecarregar as suas despesas mensais. O terceiro problema priorizado prende-se com a falta de habitação social. A ideia base que sustenta a atribuição de habitação social, consiste no apoio a um agregado 141 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 familiar necessitado, por um período de tempo que se deseja o mais curto possível, sempre assente no pressuposto de que a família se autonomizará, podendo, à semelhança de todas as outras famílias, recorrer ao mercado livre para comprar ou arrendar uma habitação. Em Oliveira de Azeméis, através do 1º Acordo de Colaboração celebrado com o Instituto Nacional de Habitação, foram concretizadas duas fases de realojamentos (2002/2003), estando realojados 39 agregados familiares, num total de 144 indivíduos. Sendo certo que a habitação social existente no concelho é manifestamente insuficiente face às necessidades identificadas, a Câmara Municipal celebrou um novo Acordo de Colaboração com o referido Instituto ao abrigo do Programa PROHABITA Programa de Financiamento para Acesso à Habitação, criado pelo Decreto-Lei n.º 135/2004 de 3 de Junho. Este acordo abrange 95 famílias, propondo-se a autarquia adquirir 81 habitações no mercado ou integradas em empreendimentos a custos controlados e a construir 14 habitações em regime de custos controlados. Emprego Oliveira de Azeméis caracteriza-se por um grande dinamismo económico de base industrial. O forte tecido industrial é sustentado essencialmente por pequenas e médias empresas, concentradas na área do calçado, dos moldes e da metalomecânica, tendo no entanto 3 grandes empresas (com mais de 250 trabalhadores) na área da indústria transformadora de moldes de plástico e acessórios de automóveis. O sector secundário é o maior empregador, empregando 68% da população, seguindo-se o sector terciário com 31% e o primário com 1%. A população residente em idade activa atinge 69,5% da população (censos 2001) e desta, 63% exerce uma actividade económica. Os problemas priorizados nesta área foram o desemprego, o trabalho precário e a falta de formação e requalificação eficaz. Estes problemas estão directamente relacionados com a conjuntura económica que o país atravessa e com a alteração do mercado de trabalho que exige dos empregados e dos empregadores uma nova forma de actuação e de pensamento estratégico. O desemprego desestruturante, que afecta todo funcionamento social e pessoal de um indivíduo e do seu agregado, constitui-se como o principal factor de vulnerabilização das pessoas. O desemprego em Oliveira de Azeméis assume três 142 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 características fundamentais: é mais feminino do que masculino; afecta os mais desqualificados, afecta mais os indivíduos que já trabalharam e que procuram novo emprego. Face a isto, a resolução deste problema passa sobretudo pela resolução do terceiro problema priorizado: a aposta na formação e qualificação das pessoas. O desemprego, sobretudo quando afecta as famílias disfuncionais, passa também por uma ausência de hábitos de trabalho e pelo recurso aos subsídios institucionais ou actividades ilegais. De facto, o trabalho incerto, sem regalias sociais constitui uma fonte de vulnerabilidade económica e social dos indivíduos nele inserido, estando a ele sujeito os trabalhadores mais desqualificados e indiferenciados e que têm dificuldade em manter compromissos laborais e um trabalho estável. Neste caso, torna-se urgente trabalhar a criação de hábitos de trabalho, dotando os indivíduos de competências pessoais e sociais que lhes permitam desenvolver uma actividade económica. No âmbito deste problema, torna-se ainda pertinente alertar os empresários para a necessidade de se promover cada vez mais a igualdade de género no acesso a uma oportunidade de trabalho e trabalho qualificante. Com as novas características dos mercados, dos novos sistemas produtivos e das novas condições macroeconómicas, sociais e culturais, torna-se urgente apostar na qualificação e requalificação profissional da mão – de - obra. Assim, existem medidas de que a curto e médio prazo devem ser tomadas, nomeadamente: - Um ensino geral mais elevado e de base alongada, em termos científicos, técnicos e sócio culturais, que facilitem a mobilidade e a adaptabilidade ao longo da vida; - Uma formação profissional não limitada apenas à preparação para uma ocupação, função e / ou posto de trabalho; - Uma aprendizagem contínua, nomeadamente a formação profissional contínua de adultos, sobretudo aqueles que se encontram numa situação débil no mercado de trabalho devido aos seus baixos níveis de escolaridade. - Um ensino - formação que incida sobre aspectos técnicos mas também sobre aspectos relacionais, sociais e organizacionais. Estas acções visam intervir sobretudo junto de mulheres, jovens, indivíduos pertencentes a grupos etários elevados, os pouco qualificados e os menos escolarizados que fazem parte de uma mão-de-obra fragilizada no mercado de trabalho. 143 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 Educação A educação é considerada um dos pilares fundamentais de sustentação de todo o desenvolvimento e evolução de uma sociedade. Oliveira de Azeméis de acordo com alguns indicadores da área da educação, apresenta-se como um concelho caracterizado por um nível de escolaridade baixo. Dos 70721 habitantes, 27751 (39,2% da população) tem apenas como nível de instrução o 1º ciclo do E.B., continuando a existir uma percentagem significativa (12,5%) de indivíduos sem qualquer nível de ensino. Outra característica diz respeito ao abandono escolar e saída precoce do sistema de ensino. Os dados dos censos de 2001 revelam que naquele momento censitário 111 indivíduos com idades compreendidas entre 10 e 15 anos não frequentavam a escola. Desses 111, 53 tinham 15 anos. Estes dados revelam uma tendência de não valorização do percurso escolar como forma de melhor preparação para uma vida futura. De facto, este dado pode ser explicado pela participação dos jovens no mercado de trabalho ainda que fora da idade legal. Em termos de oferta de ensino, Oliveira de Azeméis oferece uma rede vasta de estabelecimentos de vários níveis de ensino, nomeadamente: 1º Ciclo de Ensino Básico, 2º Ciclo de Ensino Básico, 3º Ciclo de Ensino Básico, Ensino Secundário e Ensino Superior. De toda a análise efectuada pelos parceiros, tendo em conta os recursos existentes e as respostas que são necessárias implementar, foram eleitos como problemas prioritários: falta de formação dos pais/ baixo nível escolar e cultural; insuficiente acompanhamento escolar das crianças por parte dos pais e encarregados de educação; falta de educação ao nível da cidadania. Como é facilmente perceptível, os problemas que foram priorizados na área da educação são problemas que vão além da dinâmica escolar. São problemas estruturais directamente relacionados com as famílias, os seus comportamentos, as suas regras e os seus valores e ainda com as alterações que esta tem sofrido na sociedade contemporânea. A falta de formação de um dos elementos fundamentais da comunidade educativa - os pais - contribui para que o sistema educativo fique aquém da sua responsabilidade de instituição integradora. Os pais de baixo nível cultural têm dificuldades em participarem activamente na vida escolar dos seus educandos, justificada sobretudo pela sua própria experiência 144 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 escolar e também de um sentimento de inadequação em relação à aprendizagem e escolaridade. Tudo isto é ainda agravado quando falamos de famílias disfuncionais. Este sentido, ganha fulcral importância aumentar os níveis de qualificação da população, apostando na formação parental. A falta de acompanhamento escolar das crianças por parte dos pais e/ou encarregados de educação é um problema amplamente referenciado pelos actores sociais. Ambas as instituições – escola e família – detêm um importante papel socializador, partilhando a tarefa de preparar os mais novos para a vida socioeconómica e cultural, ainda que exercendo tarefas diferenciadas. No entanto, apesar desta percepção de mudança ser reconhecida pelas duas instituições, ambas têm tido dificuldades em lidar com esta nova realidade, tornando-se necessário implementar práticas de relacionamento contínuo entre a escola e a família. A falta de educação ao nível da cidadania é um problema priorizado na área da educação é transversal a toda uma vivência societal, dizendo respeito a todas as áreas. No que diz respeito à área da educação este problema surge simultaneamente como causa e consequência dos outros problemas levantados. Quando falamos de cidadania, falamos obrigatoriamente de um sentimento de pertença a um determinado grupo com – valores, regras, direitos e deveres. Ser cidadão é ter direitos civis (direito à vida, à liberdade, à igualdade perante a lei…), direitos políticos e direitos sociais (direito à educação, ao salário, à saúde…), exercêlos convenientemente e cumprir os seus deveres. São considerados requisitos da cidadania, um conjunto de capacidades económicas, cívicas e sociais a que todos têm direito. Assim a educação para a cidadania surgem como uma resposta a uma crise de valores da sociedade actual. O aumento das qualificações da população potencia uma comunidade mais atenta e consciencializada para os seus direitos e deveres. Saúde A saúde é um factor fundamental e básico de existência humana, e o seu estado está intrinsecamente relacionado com o nível de desenvolvimento social de uma sociedade. A Organização Mundial de Saúde define-a como sendo “um estado de bem-estar total, físico, mental e social, e não meramente a ausência de doença. 145 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 A evolução do estado da saúde no contexto nacional nos últimos trinta anos foi muito positiva, fruto de um esforço sustentado por mais politicas e novas relações dos sectores públicos, privados e sociais que actuam nesta área. Em termos de infra-estruturas e serviços, Oliveira de Azeméis tem um Hospital e um Centro de Saúde, localizados no sede de concelho, 13 Unidades de Saúde localizadas em freguesias diversas e diversos serviços e equipamentos de cariz privado localizados em várias freguesias. Apesar do aumento geral das condições de vida, continua-se a assistir a assimetria entre as regiões e entre as classes sociais. Estas assimetrias são evidentes na variação de determinados indicadores de saúde e nas inaqualidades do acesso (rácio de habitantes por hospital; rácio de habitantes por profissionais de saúde). Nesta área foram priorizados os seguintes problemas: Dependências: alcoolismo e toxicodependência; Falta de respostas ao nível dos cuidados paliativos e doenças terminais e de apoio à população deficiente, nomeadamente ao nível mental e psiquiátrico; Maternidade precoce / gravidez na adolescência. As dependências surgem como uma área problemática extremamente preocupante para os parceiros da rede que actuam no território concelhio. Segundo a sua experiência e percepção da realidade, a toxicodependência e o alcoolismo são fenómenos que se têm vindo agravar apesar dos esforços que se têm realizado na área da prevenção e tratamento. Nesta área das dependências as acções a desenvolver devem ser estruturadas a dois níveis: por um lado ao nível da prevenção quer seja em contexto escolar ou familiar e, por outro lado, ao nível de diagnóstico precoce do consumo e tratamento/ acompanhamento dos consumidores. Os cuidados paliativos definem-se como uma resposta activa aos problemas decorrentes da doença prolongada, incurável ou progressiva, na tentativa de prevenir o sofrimento que ela gera e proporcionar a máxima qualidade de vida aos pacientes e às suas famílias. Sendo um problema nacional, este é um problema sentido por todos os que actuam no concelho de Oliveira de Azeméis, sobretudo por novas solicitações que lhe chegam e para as quais não têm resposta. Face a isto, é necessário desenvolver um conjunto de esforços, para mobilizar os poderes públicos e entidades privadas no sentido de criar estruturas que garantam 146 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 respostas a estas necessidades, sendo certo de que o sistema de saúde é um parceiro com uma responsabilidade acrescida nesta área. Nesta lógica surge também a necessidade de se criarem estruturas de apoio à deficiência, no sentido de se apoiar as pessoas portadoras de deficiência e as suas famílias. Emerge a necessidade de se criarem espaços de integração onde possam passar o dia e também de espaços para a integração permanente destas pessoas (lar residencial), para quando não exista suporte familiar ou para quando este não seja eficiente no garante de um mínimo de qualidade de vida. Não tendo sido conseguido apurar o número de casos de maternidade e gravidez na adolescência, este problema foi priorizado não tanto pela sua abrangência, mas sobretudo pela sua incidência, na medida em que tal situação vem agudizar processos de desestruturação e de exclusão social e que se reproduzem geracionalmente. A maternidade precoce dificulta o processo de organização de um projecto de vida, que muitas vezes já era complicado. A educação para a sexualidade e a aposta no planeamento familiar são responsabilidades que devem estar sempre presentes nos diversos contextos de inserção de crianças e jovens, sendo responsabilidade directa das famílias, da escola e dos serviços educativos. No âmbito deste problema é necessário apostar nos diversos apoios aos pais adolescentes no sentido de garantir um mínimo de qualidade de vida bem como dotálos de competências próprias para os cuidados da criança e para a construção de um projecto de vida. Acção Social O rápido crescimento populacional, aliado ás grandes transformações sociais, aumenta a necessidade de criar um conjunto de serviços de apoio á população. De facto, o desenvolvimento económico, por si só, não garante o bem-estar generalizado e muitas vezes ele próprio, contribui para a construção de vulnerabilidades sociais, sendo incapaz de esbater as crescentes desigualdades de distribuição de riqueza. Na área da acção social forma priorizados os seguintes problemas: Disfuncionalidade familiar; Falta de apoio à família (equipamentos e respostas diversos de apoio à família na área da infância e juventude e idosos); Isolamento social dos idosos. A disfuncionalidade familiar abrange questões transversais diversas, afectam a vivência quotidiana e a integração social dos indivíduos. Por ser transversal e 147 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 multicausal é um problema difícil de colmatar, na medida em que qualquer intervenção implica alteração de hábitos e uma elevada resistência à mudança e a novas formas de vida. De facto, para colmatar este problema multifacetado é necessário organizar um conjunto de acções de forma a inserir os membros destas famílias em actividades profissionais ou formativas, reforçar a protecção e desenvolvimento das crianças pela integração em estruturas de apoio e promover um acompanhamento integrado destas famílias. É ainda necessário a implementação de novos projectos e a mobilização das diversas entidades de freguesia numa lógica de comissão social para concertar territorialmente, temporalmente instituições e serviços em torno da atenção à população destes espaços que é socialmente desfavorecida e desvalorizada. As famílias de hoje manifestam crescentes necessidades de apoio em relação aos seus membros mais dependentes - crianças e jovens, idosos deficientes e incapacitados – sendo necessário garantir o seu acesso a equipamentos sociais de apoio. Ao nível da infância e juventude denotam-se carências ao nível de: Creches; PréEscolar; Espaços de ocupação dos tempos livres após o termino das actividades lectivas e Espaços de ocupação de tempos livres para jovens dos 12 aos 18 anos. Assim, é necessário, por um lado continuar a apostar na criação e alargamento das valências tradicionais de apoio à família: creches, pré-escolar, amas sociais e por outro, apostar na promoção de contexto para a prática da actividade lúdicopedagógica, recreativa ou desportiva, destinados a jovens e que contribuam para a aquisição de hábitos e estilos de vida saudáveis. Não conseguindo auto garantir-se como suporte de primeiro grau no apoio aos seus membros idosos, a família necessita de serviços que a substituam e que garantam o cumprimento de respostas às necessidades básicas daqueles. A falta de equipamentos de apoio à população idosa é um problema sentido de igual forma em todas as freguesias do concelho, quer pela sua inexistência, quer pela sua lotação. Este problema afecta todos os idosos, mas sobretudo aqueles que são mais dependentes e que não têm família de retaguarda. Torna-se necessário investir na criação de valências tradicionais e também em novas valências que ainda não existem no território concelhio como seja o Centro de Noite e o Centro de Convívio, o Serviço de Apoio Domiciliário Integrado. 148 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 Face ao envelhecimento e às diversas alterações da família, o isolamento social dos idosos aparece como um problema altamente referenciado. A colmatação destes problemas é da responsabilidade de todos, incidindo especialmente nas famílias, no Estado através dos serviços locais e nas instituições particulares. Torna-se necessário reforçar a rede de equipamentos sociais que garantam qualidade na prestação de serviços a idosos. Igualmente importante para minimizar os efeitos do isolamento social deste grupo etário é o reforço do papel das redes de vizinhança. A ligação às pessoas vizinha é muitas vezes garante de sentimentos de segurança e conforto. Dinamizar acções que reforcem o papel destas redes pode traduzir-se na afirmação da solidariedade na vida quotidiana de muitos idosos. É ainda necessário criar acções/ dinâmicas que garantam a ocupação dos tempos livres de forma qualitativa, com actividades locais de lazer, mas também por acções que sensibilizem e alterem hábitos de vida e regras de segurança negligenciadas. Segurança A segurança é um valor em si mesmo essencial numa sociedade livre e democrática, sendo concomitantemente um factor imprescindível para o desenvolvimento económico e social e qualquer território. No que diz respeito à área da segurança, os parceiros priorizaram, 3 problemas: Vandalismo; Aumento de assaltos/ roubos e furtos e Falta de patrulhamento (sobretudo à noite) pela G.N.R. Quando apontaram o vandalismo como um problema, os parceiros referiam-se à proliferação de actos praticados deliberadamente para destruir alguma coisa. Estes actos de violência, sobre bens pessoais e sociais, sobre espaços e sobre as pessoas tem emergido na sociedade e têm vindo a ser amplamente conotados com o fenómeno das toxicodependências. Estes actos de vandalismo surgem ligados e, são eles próprio expressões de comportamentos desviantes exercidos sobretudo por jovens, alguns dos quais ainda crianças. Neste âmbito, torna-se fundamental actuar em duas vertentes: a prevenção e o apuramento de responsabilidades. A percepção do aumento do número de furtos surge, mais uma vez, relacionado com o sentimento de insegurança e o de inoperância das forças de segurança que, em muitos casos, não constituem para a população uma resposta eficaz. 149 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 O terceiro problema levantado “Falta de Patrulhamento da G.N.R.” está directamente ligado com o aumento do sentimento de insegurança (percepção de que têm ocorrido mais crimes) e com o sentimento de inoperância da força de segurança pública. Sendo conhecidos os constrangimentos do funcionamento das Forças de segurança, nomeadamente ao nível dos recursos humanos e físicos, a população deve ser sensibilizada para adoptarem uma atitude preventiva nesta área, devendo-se para tal, realizar acções de sensibilização para a promoção desta atitude. Neste âmbito, ganham particular relevo as acções de prevenção e segurança na habitação, prevenção e segurança das crianças e a prevenção e segurança dos idosos. Desporto, Lazer e Cultura No Município de Oliveira de Azeméis, existem cerca de duas centenas de agrupamentos, organizações e associações. Estes são os principais responsáveis pela dinâmica de grupo e pela promoção cultural, recreativa e desportiva em cada freguesia. Nesta área, os parceiros priorizaram os seguintes problemas: Falta de espaços para práticas culturais, desportivas e de lazer; Falta de recursos financeiros; Falta de adesão por parte da população às iniciativas promovidas / pouca disponibilidade para a cultura. As associações locais na prática das suas actividades confrontam-se com a escassez de recursos que passam, pela insuficiência e precariedade de condições nos seguintes níveis: Espaços: sedes, pavilhões desportivos, espaços polivalentes, campos de treino, piscinas, etc. Equipamentos; Meios técnicos e humanos; Meios financeiros. Assim torna-se fundamental a criação de investimentos nesta área, numa lógica de rentabilização dos recursos, recorrendo ao planeamento estratégico e à criação de sinergias que possibilite o trabalho em parceria nos micro-territórios, as freguesias, e destas com a sede do concelho. Num concelho onde existe um elevado número de associações e colectividades, implantadas num elevado número de freguesias, a lógica individual e a “bandeira das capelinhas” deixam de fazer sentido. O trabalho futuro passa pela cooperação e envolvimento de todos na criação de estruturas que permitam o desenvolvimento de cada um no sentido do todo. 150 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 As limitações económicas são referenciadas como as causas das principais limitações da actividade destas entidades. De facto, estas limitações estão na base do primeiro problema priorizado. Numa óptica de autonomização face a entidades externas, as associações e colectividades têm, de desenvolver estratégias internas que permitam a sua sobrevivência. Os baixos níveis de envolvimento da população limitam a acção das associações locais. Este problema radica nas características da sociedade pós-moderna cujo tipo de relações que se estabelece entre as pessoas, no seio das famílias e dos grupos, sofrem consideráveis alterações, estando as pessoas atomizadas na sua vida pessoal e familiar. Neste contexto e para colmatar este problema, ganha importante relevo o papel das autarquias e das instituições locais Apesar da diversidade de dificuldades e constrangimentos apontados, existe um vincado movimento associativo concelhio ligado à cultura, desporto e lazer, com uma forte motivação e iniciativa que, se constitui como uma mais valia importante na área da promoção do desenvolvimento e coesão social. Em resultado do diagnóstico efectuado, face aos problemas e suas causas, o Plano de Intervenção deve ser delineado não tanto pelas diversas áreas temáticas, mas sobretudo por problemáticas que lhes são transversais. Em termos estratégicos, mantendo a lógica de atacar as causas, surge como fundamental aumentar os níveis de educação, formação e qualificação da população como mecanismo de promoção da qualidade de vida. Assim, neste enquadramento, o Plano de desenvolvimento Social deverá privilegiar acções na área família, idosos e juventude em vertentes diversas de promoção e desenvolvimento pessoal e social. Estas acções devem ser orientadas por uma intervenção articulada e integrada, funcionando a Rede como motor dessa articulação, de forma a tornar as respostas mais eficientes e eficazes, rentabilizandose e optimizando-se os recursos existentes. É ainda pertinente continuar a trabalhar a área dos equipamentos sociais. Estando diagnosticada e reconhecida a falta de estruturas de apoio às famílias nas diversas vertentes, deve a Rede Social desenvolver um trabalho que permita para além do aumento destas estruturas, uma distribuição destas de forma equitativa e organizada no território concelhio. Só este trabalho permite a rentabilização das respostas e serviços, bem como o desenvolvimento local harmonioso. 151 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 Seguindo o trabalho já iniciado no primeiro Plano de Desenvolvimento Social, a Rede Social deve continuar a apostar num Sistema de Informação que garanta, para além da comunicação entre os seus parceiros, a permanente recolha de dados que permitam uma caracterização real do território. Desta forma, torna-se essencial desenvolver um Observatório Social que permita a recolha de indicadores para a construção de uma base de informação local. 152 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 VII Conceitos e Nomenclaturas 153 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 Desenvolvimento Social De acordo com a cimeira de Copenhaga (1995), a noção de desenvolvimento social apresenta-se como uma componente do desenvolvimento sustentável, a par com a noção do desenvolvimento económico e com a de protecção ambiental. Trata-se de uma perspectiva sobre o desenvolvimento que dá particular ênfase às necessidades dos indivíduos, das famílias e das suas comunidades, assentando em três pressupostos básicos: o direito ao emprego, a erradicação da pobreza e a promoção da integração social. Desenvolvimento Local Noção que se desenvolveu propondo-se como alternativas às perspectivas funcionalistas do desenvolvimento territorial, que acreditavam que, investindo em determinadas zonas-motor, a dinâmica do desenvolvimento se alastraria, por si, para outras regiões do país, e que em Portugal, deu origem a fortes desequilíbrios territoriais. Passa pela valorização dos recursos endógenos e dinamização das populações e dos actores locais, no quadro de uma noção de desenvolvimento sustentável mais englobante, que articula o desenvolvimento social com o desenvolvimento económico e o ambiente. É uma dinâmica essencialmente territorializada, mas que não é fechada em si, integrando os recursos e as oportunidades que são oferecidos ao nível nacional e comunitário. Pobreza Refere-se às deficientes condições materiais de existência, podendo ser relativa quando a insuficiência de recursos materiais é impeditiva do acesso a condições de vida dignas, segundo o padrão de cada país, ou absoluta quando essa deficiência é inibidora da satisfação de necessidades de subsistência e impede o desempenho das actividades elementares do quotidiano. Exclusão Social Conceito que traduz uma situação oposta à de participação e que pode assumir diversas acepções conforme os contextos nacionais em que ela é usada. A tradição Anglo-Saxónica associa-a a impedimentos que impossibilitam as pessoas de exercer o seu estatuto de cidadãos e portanto de usufruir de direitos como o direito à habitação, 154 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 ao emprego, à saúde, à educação, à posse de uma identidade positiva, etc. Nos países Francófonos, ela refere-se à ruptura de laços sociais (institucionais com os sistemas de emprego, habitação, etc, e informais, com a família, com vizinhos e amigos, etc. É entendido como um processo que em fases extremas pode conduzir ao isolamento social. Pode ainda ser entendida como o oposto de inclusão ou de empowerment, isto é, como a privação de capacidade de intervir nas próprias condições de vida, o que supõe o arredamento dos excluídos dos mecanismos de transformação societal e das decisões, inclusivamente daquelas que a eles dizem mais directamente respeito. Planeamento Estratégico (aplicado à investigação social) O planeamento pode entender-se como um procedimento racional, que traduz a articulação e integração de decisões e através do qual se formalizam compromissos e estratégias de mudança (social e territorial). Traduz uma forma participada de pensar, agir e decidir sobre o futuro desejável. Parceria Dinâmica de Funcionamento e intervenção, cooperativa e negociada, entre entidades públicas e privadas e outros actores locais, com o objectivo de potenciar o desenvolvimento local. Esta forma de funcionamento permite uma racionalização participada da acção, reduzindo custos e riscos e promovendo trocas de experiências, de conhecimento e de saberes. A tomada de decisão é assumida como um compromisso colectivo. 155 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 VIII Bibliografia 156 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 - CLASOA – Diagnóstico Social do Concelho de Oliveira de Azeméis – Câmara Municipal de Oliveira de Azeméis; - Diagnóstico Social do Concelho de Beja, Conselho Local de Acção Social, Rede Social de Beja, 2004; - Diagnóstico Social do Concelho de Faro, Conselho Local de Acção Social, Março de2004; - GUERRA, Isabel; Fundamentos e Processos de Uma Sociologia de Acção, O Planeamento em Ciências Sociais, Cascais, Principia, 2000; - Guia de Recursos para o Desenvolvimento Social, Publicação Co-Financiada pelo Fundo Social Europeu, 2004; - Instituto para o Desenvolvimento Social – Programa Rede Social, Setembro 2001; - Plano Nacional para a Inclusão (PNAI), Portugal, - (2006-2008) ; - Rede Social – Plano de Desenvolvimento Social – Documento de Apoio aos Projectos-piloto – Instituto para o Desenvolvimento Social; 157 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006 DIAGNÓSTICO SOCIAL – Documento 2 IX Anexos 158 REDE SOCIAL DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS – CLASOA CMOA – 2006