FEIRA DE CIÊNCIAS: “PEQUENAS EXPERIÊNCIAS - GRANDES
DESCOBERTAS”
Karoliny Simões Silva1, Paula Cristina Rosa de Souza¹, Francisco de Assis Cardoso²
1- IF Goiano – Campus Rio Verde (PIBID/Capes) – Interdisciplinar; 2- Supervisor do
PIBID na Unidade Escolar (Orientador)
E-mail: [email protected]
Resumo
A Feira de Ciências: “Pequenas Ideias, Grandes Descobertas” foi conduzida pelos
bolsistas do PIBID, em um trabalho multidisciplinar juntamente com os professores da
Unidade Escolar EETI. “Maria Ribeiro Carneiro”. Para elaborar a feira de Ciências
buscou-se estabelecer contato com os vários eixos temáticos, procurou-se utilizar os
conteúdos programáticos do segundo ao quarto bimestre do 6º ao 9º ano do Ensino
Fundamental, tendo como objetivos despertar o interesse pela investigação científica e
contribuir para o desenvolvimento dessas habilidades em sala de aula. Planejamento e
desenvolvimento: elaboração do plano de implementação da feira de ciências da EETI
“Maria Ribeiro Carneiro”; escolha do nome da feira de ciências e da logomarca;
divulgação nas escolas e comunidade local; organização e realização de oficinas com os
estudantes; momentos para arrecadação de materiais; período para que os educandos
apresentassem o que já haviam concluído; preparação do ambiente (salas de aula) para
a realização do evento. Com a Feira de Ciências pudemos observar o aprimoramento
das formas de construção do conhecimento e seus resultados no aprendizado efetivo dos
educandos, por meio interdisciplinar, sem fragmentar as matérias utilizadas e apresentar
uma visão mais ampla dos conteúdos de Ciências e indiretamente das demais
disciplinas curriculares evoluindo o ensino básico para uma instituição de ensino
investigativo.
Palavras-chave: Interdisciplinaridade; Conhecimento; Educação; PIBID, Aprendizado
Introdução
As Feiras de Ciências denominadas, em alguns casos de Mostras (MEC, 2006 a), são
eventos em que os estudantes são responsáveis pela comunicação de projetos
planejados e executados por eles durante o ano letivo. Desde 1960 acontecem no Brasil
como uma oportunidade para os estudantes apresentarem suas produções ao público
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(MEC, 2002). As feiras começaram a se tornar presentes nas escolas públicas a partir da
década de 1990, em que se tornaram bastante populares.
A feira de ciências é trabalhada seguindo novas tendências educacionais, logo,
proporciona aos estudantes uma reflexão sobre os trabalhos desenvolvidos por eles
próprios e também que eles desenvolvam autonomia no aprender a participar e fazer
ciências na escola. A busca por uma reforma no ensino básico traz novas reflexões aos
métodos de ensino, sendo assim, uma nova metodologia - o ensino por projetos - está
em crescente uso na nova pedagogia de ensino das redes públicas.
A pesquisadora (Girotto, 2005), afirma que o ensino por projetos é uma metodologia
que pode ser utilizada para trazer aos educandos um currículo interdisciplinar,
superando os preceitos de ensino descontextualizado, fragmentado por disciplinas.
Assim, interdisciplinaridade e a contextualização constituem dois princípios
curriculares complementares, que contribuem para que o aluno compreenda a realidade
como um sistema complexo.
A concepção mais comum, encontrada na literatura, e entre professores, é de que a
interdisciplinaridade se constitui de uma integração de conteúdos. De acordo com
(Bochniak, 2003), concebê-la dessa forma promove conexões forçadas e superficiais,
que se mostram fictícias e que, inequivocamente, não satisfazem os professores, visto
que ao participar de projetos integrados, muitos conteúdos considerados importantes
são suprimidos.
A contextualização, por sua vez, visa dar significado ao que é ensinado. É, segundo
(Ricardo, 2005), uma tentativa de superar a distância entre os conteúdos ensinados e
realidade vivida pelo aluno.
Tendo em vista, colocar em prática a experimentação, objetivou-se na feira de ciências,
despertar o interesse pela investigação científica e contribuir para o desenvolvimento
dessas habilidades em sala de aula pelos estudantes da Escola Estadual de Tempo
Integral “Maria Ribeiro Carneiro”, situada no município de Rio Verde - Goiás.
Procedimentos metodológicos
A Feira de Ciências: “Pequenas ideias – Grandes Descobertas” foi conduzida pelos
bolsistas do PIBID (Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência) bem
como pelos professores da Unidade Escolar, quebrando o conceito de que somente o
professor de Ciências deva coordenar os projetos realizados. Buscando estabelecer
contato com os vários eixos temáticos, procurou-se utilizar os conteúdos programáticos
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do 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental. A Feira foi projetada seguindo esta ordem:
elaboração do plano de implementação da feira de ciências da EETI Maria Ribeiro
Carneiro; escolha do nome da feira de ciências; escolha da logomarca da feira de
ciências; divulgação nas escolas para mostrar a importância de projetos como esse para
o aprimoramento das formas de se construir o conhecimento e seus resultados no
aprendizado efetivo dos estudantes; organização e realização de oficinas para
estudantes; momentos para que os alunos apresentassem o que já haviam conseguido
(correções e preparações); momentos para arrecadação de materiais, com a colaboração
da comunidade escolar, bem como da sociedade; Realização da feira de ciências;
avaliação do evento pelos estudantes aprendizes (aplicação de questionário).
Para que os alunos pudessem estabelecer contato com os vários eixos temáticos,
procurou-se utilizar os conteúdos programáticos do 6º ao 9º ano do Ensino
Fundamental.
Planejamento
O planejamento é o primeiro passo para a realização de qualquer projeto. Ao planejar a
feira de ciências levou-se em consideração os conteúdos programáticos dos bimestres
anteriores e posteriores ao que os mesmos estavam estudando, para estimular a pesquisa
e a busca por novos conhecimentos, incentivando aos mesmos a autonomia nos estudos.
Os eixos norteadores foram os seguintes: Vida, ambiente e diversidade/ Corpo humano
e saúde/ Terra e Universo. Partindo então para a definição dos temas dos trabalhos. Os
sextos anos desenvolveram os trabalhos: Amostra de Solo; Erosão do Solo; Filtro de
Terra; Jardim Vertical; Maquetes: Cadeia Alimentar; da Amazônia; de Hidrelétrica; das
Fases da Lua; do DNA; do Sistema Solar; dos Planetas Anões; Evolução do Solo;
Maquete: Desmatamento; Molde de Terra em Gesso-Fóssil; Montagem de Colorteca;
Nutrição de Plantas; Quatro Ervas; Retenção de Água Pelo Solo e Vulcão.
Os sétimos anos desenvolveram os trabalhos: Células animais e vegetais, Células
cancerosas, Células macroscópicas, Chuva ácida, Densidade da água, Derretimento do
Isopor, Microscópio de laser, Pressão atmosférica, Processos digestivos, Reação com
glicerina, Sólido e liquido (amido), Teste de gasolina adulterada, Vai e volta.
Os oitavos anos desenvolveram os trabalhos: A Ventilação Pulmonar; Adaptação
Natural; Aparelho Reprodutor Feminino; Aparelho Reprodutor Masculino; Barômetro;
Câncer de Pele; Consumo de Energia Elétrica; Drogas; DST’s; Esclerose Múltipla;
Evolução dos Utensílios Domésticos; Exposição de espécimes; Gerador de Van Graff;
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Gravidez na Adolescência: Prevenções; Máquina fumante; Origem da Vida: Evolução;
Origem da Vida: Religião; Sangue do Diabo e Seleção Natural.
O nono ano desenvolveu os trabalhos: A garrafa de Leyden, barata elétrica, gerador de
eletricidade com motor de dvd, labirinto elétrico, maquete eólica com cooler de
computador e pilha feita com limões.
Preparativos
Definidos os temas, o passo seguinte é o da preparação, cada grupo de pequenos
cientistas teve que apoiar-se em pesquisas externas, bem como no material didático
utilizado no ano letivo. As turmas tiveram momentos com os bolsistas e com os
professores coordenadores, para as devidas correções e orientações. É importante citar
que os próprios alunos foram os responsáveis pelas pesquisas referentes aos seus temas,
reforçando a curiosidade e a determinação em adquirir novos conhecimentos. No dia
anterior à culminância do evento, reservou-se um momento para as últimas correções e
preparação dos locais de apresentação.
Culminância
A culminância do evento contou com a participação de toda a comunidade escolar e
também da sociedade que a cerca, além destes, a Unidade Escolar também recebeu
visitação de outras Unidades Escolares da cidade e acadêmicos de cursos de
licenciaturas e administração que contribuíram para a avaliação da mesma.
Avaliação pelos estudantes
O evento foi avaliado pelos alunos, utilizou-se para tal, a aplicação do questionário da
Tabela 1- Questões do questionário aplicado aos alunos, em anexo. Foram
entrevistados ao todo 10 alunos, representando 10% da quantidade total de alunos da
unidade escolar. As respostas ao questionário da Tabela 1 encontram-se na Tabela 2Respostas do questionário aplicado aos alunos. Os alunos entrevistados, em maioria,
se sentiam nervosos, com medo e inseguros diante da proposta inicial do tema do
trabalho, mas, com a preparação e todo o trabalho em grupo desenvolvido, com o apoio
uns dos outros e dos professores, auxiliando-os, avaliaram, mesmo com a dificuldade,
como interessante a preparação do trabalho. Em grupo eles percebem que todos são
necessários dentro do grupo, cada um com uma função diferente, todos em prol da
realização do seu trabalho, da melhor maneira possível, responde:
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“Fiquei nervoso quando recebi o tema do trabalho, achei que seria muito
difícil de conseguirmos, mas com a ajuda de todos, professores, monitores e
colegas, chegamos confiantes no dia da Feira e deu tudo certo” (Aluno da
UE)
Avaliação pelos bolsistas
A avaliação dos bolsistas foi realizada por meio de coleta de depoimentos:
“A maior recompensa para um professor, ainda que este esteja em processo de
formação, é o sorriso do aluno ao explicar o seu trabalho e vê que ele o
compreendeu. É neste momento que percebemos que o docente realmente
conseguiu compreender o conteúdo que circunda o seu projeto. O trabalho em
equipe na Unidade Escolar foi satisfatório, ainda que houvesse certa rejeição
de ideias por uma minoria de professores, houve a cooperação conosco para o
objetivo maior, a conclusão de meses de trabalhos dos alunos.” (Bolsista)
A participação de todos os funcionários, professores, gestores é essencial para o bom
andamento do ensino por projetos.
Além do ensino por projetos auxiliar o aprendizado dos alunos, os professores em
formação (bolsistas), fazem com que a experiência vivida durante a permanência do
estudante de graduação no período vigente do PIBID se torne aprimorada, no sentido de
que atua diretamente na postura do professor, quando este for planejar e ministrar suas
próprias aulas. Acredita-se que:
“O projeto propicia a nós bolsistas, estudantes de graduação, o contato com a
sala de aula, que muitos dos professores atuais não tiveram, muito mais do
que um estágio, que é por um período menor de carga horária, o PIBID nos
proporciona a vivência da docência, temos o contato com a rotina escolar, e
as rotinas dos alunos.” (Bolsista)
Avaliação do supervisor
A avaliação do supervisor foi realizada por meio de coleta de depoimento, que conclui
que:
“Fico maravilhado quando vejo a realização de atividades assim no seio
escolar quebrando paradigmas da velha escola, com tanta dedicação, tanto
por parte dos estudantes quanto por parte dos bolsistas (PIBID), acredito que
a escola tem que evoluir para este nível de ensino que enobrece a educação
como um todo, tanto a nível educacional aluno-aprendizagem quanto
estagio-docência”.
Resultados e Discussão
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Para Tolchinsk& Colaboradores (2004) a participação do aluno é fundamental na
programação do trabalho, porque assim, ele aprende participando e não como um mero
receptor, evoluindo-se o ensino básico para o ensino investigativo. Ao culminar o
evento, percebeu-se que cada estudante havia se apropriado do conhecimento de seu
projeto, sendo capaz de explicá-lo com riqueza de detalhes.
Este tipo de projeto ajuda não só no aprendizado do aluno, conclui Barcelos et al.
(2010), em seu trabalho que a metodologia de ensino por projetos, constitui uma
formação ímpar para a formação continuada de professores, pois envolve a
sensibilização dos participantes, o planejamento da proposta, a implementação e a
avaliação do trabalho, sendo que, em todas essas etapas, os professores se deparam com
desafios que precisam ser discutidos coletivamente.
Em um trecho do depoimento de um dos bolsistas que participou do projeto, é possível
salientar:
“...relembrando, como futuros professores, temos a liberdade para estarmos
inovando e criando pontes de sabedoria com os alunos, selando uma parceria
entre professor-aluno sendo que este estagiário não se opõe como centro de
conhecimento, mas sim, apenas com um intermediário disposto a aprender
com os alunos e os responsáveis pela escola. Dessa forma temos a liberdade
para estarmos realizando projetos, não tendo a bolsa apenas como um ganho
financeiro mas, sim de conhecimento”.
Este depoimento relata a importância da vivência dos projetos, tais como a feira de
ciências, na formação continuada do futuro professor, bem como o ganho de
conhecimentos que o pibidiano tem a oportunidade de adquirir, visto que está inserido
no dia-a-dia da unidade escolar, exercitando a teoria aprendida nos cursos de graduação
em licenciatura dentro das UE’s.
Em sua pesquisa, Hartmann & Zimmermann (2009), constataram que:
“...a contextualização pode acontecer sem um trabalho interdisciplinar entre
os professores, mas o inverso não acontece. Ou seja, para que a
interdisciplinaridade aconteça, de modo que conceitos e linguagens de
diferentes componentes curriculares sejam relacionados, precisa existir um
contexto histórico, social ou ambiental em que o conhecimento científico seja
estudado pelos alunos.”
Portanto, um trabalho interdisciplinar como a feira de ciências exercita a
contextualização, proporcionando aos estudantes uma visão mais ampla do conteúdo
trabalhado, vivenciando a ciência naturalmente.
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Conclusões
Com a Feira de Ciências: “Pequenas Experiências – Grandes Descobertas” pode-se
observar o aprimoramento das formas de construção do conhecimento e seus resultados
no aprendizado efetivo dos educandos, por meio interdisciplinar, sem fragmentar os
conteúdos utilizados e apresentar uma visão mais ampla dos ensinos de Ciências e
indiretamente das demais disciplinas curriculares evoluindo o ensino básico para uma
instituição de ensino investigativo. Também percebeu-se que o envolvimento dos
professores no projeto foi satisfatório quanto ao intuito de promover experiências
formativas na sua prática de ensino, mesmo com alguma resistência inicial ao começar
o projeto, os professores colaboraram ao máximo para o sucesso da feira.
Ao receber a avaliação do evento pelos alunos pode-se salientar que a maioria deles se
sentem despreparados ao receber o tema do trabalho, porém a auto avaliação feita
posteriormente à realização do evento, mostrou que a dedicação do grupo e o trabalho
em equipe, proporcionaram a evolução na maneira de pensar destes alunos, fazendo
com que o aprendizado fosse mais significativo aos mesmos. A reflexão sobre a prática
de ensino por projetos foi considerada positiva por grande parte dos alunos.
Os bolsistas veem no ensino por projetos uma oportunidade de aprender com os
estudantes, tornando a prática docente mais comunicativa e receptiva às opiniões dos
mesmos.
Referências
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BOCHNIAK, R. Formação de Professores, novas tecnologias, interdisciplinaridade e
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GIROTTO, C. G. G. S. A (re) significação do ensinar-e-aprender: a pedagogia de
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HARTMANN, Â. M.; ZIMMERMANN, Erika - FEIRA DE CIÊNCIAS: A
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Curriculares Nacionais: Ensino Médio. Brasília: MEC/Semtec, 2002.
RICARDO, E. C. Competências, interdisciplinaridade e contextualização: dos
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TOLCHINSK, L. & Colaboradores - Processos de Aprendizagem e formação docente
em condições de extrema adversidade – Porto Alegre, Artmed, 2004.
Anexos
Tabela 1- Questões do questionário aplicado aos alunos.
1) Como você se sentiu quando recebeu o tema?
2) Como foi preparar e apresentar o tema, em relação aos aspectos de curiosidade,
conquista, aprendizado e dificuldades?
3) Como você se sente hoje em relação ao que aprendeu?
4) Como foi trabalhar em grupo e o que você achou que foi bom para a sua
formação como indivíduo?
5) O que você achou da forma de preparação e apresentação dos trabalhos
(BARCELOS, N. N. S, et. al)
Tabela 2- Respostas do questionário aplicado aos alunos.
1) Nervoso, inseguro, bem, com medo, etc.
2) Bom, legal, difícil, interessante, etc.
3) Bem, consegui assimilar os conteúdos.
4) Bom relacionamento em grupo, ajudando à formação como indivíduo.
5) Bom, a maior dificuldade foi apresentar o trabalho.
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