A rt i g o C i e nt í f i c o HIS-Habitats de inovação sustentável Locus Científico - O ambiente da inovaçãobrasileira Parque Tecnológico de São Paulo: as especificações do projeto no contexto de uma Política Pública Local Technological Park of São Paulo: The Specifications of the Project in the context of a local public policy. Desirée Zouain*, Devanildo Damião e Mauro Catharino. Parque Tecnológico de São Paulo Av Lineu Prestes 2242., Butantã, São Paulo (SP) CEP: 05508-000 – Brazil Fone: (55) 11 30398326 e-mails: * [email protected] | [email protected] | [email protected] | *Autor para correspondência Artigo recebido em 28/09/2006; aceito em 14/10/2006 Resumo Abstract O presente trabalho aborda os métodos e as considerações para definição das prioridades em relação à área de intervenção e atividades econômicas que envolvem o projeto do Parque Tecnológico de São Paulo. Nesse contexto, o trabalho descreve os processos e os critérios empregados para consideração das perspectivas do poder público local, iniciativa privada e também da infra-estrutura de ciência e tecnologia. Como resultados são apresentadas as áreas prioritárias para aglomeração de empresas de base tecnológica e as atividades com potencial de desenvolvimento a partir da interação com a infra-estrutura de ciência e tecnologia existente na cidade universitária de São Paulo. The present paper approaches the methods and the consideration for definition of the priorities in relation to the intervention area and economic activities involving the project of the Technological Park of São Paulo. In this context, the paper describes the processes and the criteria used for consideration of the perspectives of the local public power, private initiative and also of infrastructure of science and technology. As result are presented the priority areas for clusterization of technological base companies; and the activities with potential of development from of the interaction with the infrastructure of science and technology existing in the university campus of São Paulo. Palavras-chave: Key-words: • Parque Tecnológico de São Paulo; • Políticas públicas locais; • Projetos de ambientes de inovação. • Technological Park of São Paulo; • Local Public Policy; • Habitats of innovation. I. INTRODUÇÃO Os parques tecnológicos são iniciativas que têm por objetivo organizar um ambiente propício para a criação e para o desenvolvimento de empresas de base tecnológica por meio da aproximação e da articulação entre instituições de pesquisa, agentes públicos e da iniciativa privada. O pressuposto é que a interação entre esses agentes é capaz de impulsionar o desenvolvimento das atividades inovadoras intensivas em tecnologia, porque a proximidade física facilita a transmissão do conhecimento e estimula a sinergia, o que resulta em incrementos na eficiência e na eficácia dessas atividades [Suzigan et al, 2004 e Audretsch & Thurik, 2001]. Nesse contexto, os parques tecnológicos têm sido utilizados como instrumentos de políticas públicas a partir das seguintes perspectivas [Lee et al, 2003]: a) estímulo às atividades econômicas de alto valor agregado e para geração de empregos qualificados (características das atividades de base tecnológica); e b) revitalização de áreas através da atração e desenvolvimento de novas atividades econômicas. Lalkaka e Bishop [1996] afirmam ainda, que os investimentos crescentes na organização dos habitats de inovação em países em desenvolvimento (como parques tecnológicos) sugerem a utilização desses arranjos como estratégia de desenvolvimento socioeconômico. No Brasil, os parques tecnológicos têm sido considerados como potenciais facilitadores do processo de transformação da produção científica e tecnológica em inovações; como agentes de fomento de empresas de base tecnológica e de ações inovadoras Zouain , D .et al., Locus Científico vol. 1, n. 1 (2006) pp. 4-09 nas empresas estabelecidas; além de instrumentos de desenvolvimento econômico local [Vedovello e Figueredo, 2005; Damião, Catharino e Zouain, 2006]. Assim, várias experiências e estudos têm sido realizados para adequação desses modelos às características e aos contextos nacionais. De acordo com o Panorama da Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores [Anprotec, 2006] existiam no Brasil 42 parques tecnológicos em 2005, sendo que 14 estavam em fase de projetos, 13 em implantação e 15 em operação. Contudo, existe um consenso na literatura de que a consecução dos objetivos estabelecidos para parques tecnológicos depende de um amplo conjunto de recursos, infra-estrutura e ações que requerem planejamento, operação e gestão qualificados [Unido, 2006]. Particularmente, em relação ao objetivo de promoção do desenvolvimento local, destaca-se como condição necessária, a articulação desses projetos e as ações de políticas públicas. A operacionalização dessa articulação entre as políticas públicas locais e o projeto do parque tecnológico, depende, por sua vez, da especificação de objetivos e prioridades, o que requer a tomada de decisões estratégica, que são fundamentais para evolução e sucesso do projeto. Entre essas decisões destacam-se as atividades econômicas prioritárias e a área do projeto. Nesse contexto, o presente trabalho aborda o projeto do Parque Tecnológico de São Paulo, desenvolvido pelo Programa de Políticas Públicas da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (PPP/FAPESP). O objetivo desse projeto foi o desenvolvimento de instrumentos para requalificação de áreas degradadas, a partir do estímulo às atividades de base tecnológica, realizado com base na infra-estrutura de C&T da Universidade de São Paulo (USP). O foco do trabalho é o processo empregado para especificação da área, das atividades e dos instrumentos necessários à inserção do projeto “Parque Tecnológico” nas políticas municipais. Com isso, se pretende garantir as condições básicas para coordenação entre o agente público local, ações do núcleo do parque tecnológico e a dinâmica do mercado. Para tanto, a metodologia adotada para elaboração do trabalho foi a modelagem para tomada de decisão [Pidd, 1998]. O presente trabalho encontra-se organizado da seguinte forma: primeiramente, é apresentado o modelo do parque tecnológico de São Paulo, utilizado como referência. Na seqüência, são apresentados o processo para definição das variáveis básicas para o planejamento (espaço e atividades prioritárias) os resultados obtidos para região do entorno da Cidade Universitária. No final, são elaboradas as considerações sobre os resultados e também são apresentadas as propostas para pesquisas complementares. II. modelo Conceitual do parque tecnológico de São Paulo Os Parques tecnológicos, tradicionalmente, foram organizados em grandes áreas contíguas, próximas às universidades e aos centros de pesquisas, em cidades de médio porte, promovendo investimentos em infra-estrutura para atração de profissionais altamente qualificados, como sugere a literatura [Bolton, 1997]. Contudo, apesar desse perfil característico, a expansão desses habitats nos 80 e 90 foi acompanhada por uma diversificação em seus formatos, dada à necessidade de adequação aos contextos e às características dos projetos [Kang, 2004]. De um modo geral, considera-se que os projetos dos parques tecnológicos, quando inseridos em meios urbanos, tenham a missão de revitalizar as suas áreas de influência. Nesse sentido, o projeto, o planejamento e a organização desses empreendimentos devem estar harmonizados com as diretrizes de políticas de ocupação, adensamento e infra-estrutura presentes no espaço. Considerando o perfil da região metropolitana da cidade de São Paulo, o desafio do projeto do Parque Tecnológico, enquanto instrumento de política pública, foi adaptar-se às limitações de uma estrutura de ocupação, com limitações impostas pela existência de duas dinâmicas urbanas simultâneas, a saber: i) dinâmica de modernização, marcada pelo investimento privado e valorização imobiliária e pelo crescente adensamento urbano, dado pelo volume de área construída e ocupação do espaço; e ii) dinâmica de precarização, marcada pela necessidade de investimentos em requalificação do uso tradicional do espaço como forma de promover a revitalização da área, através de uma nova dinâmica econômica e urbanística. Nesse contexto, Zouain [2003] propôs um modelo de Parque Tecnológico Urbano a partir da formação de clusters em áreas não contíguas, pressupondo a existência de espaços viáveis para o processo de aglomeração, propiciado pela oferta de serviços e pela infra-estrutura de apoio (Figura:1). No caso do Parque Tecnológico de São Paulo, os espaços para aglomeração de empresas de base tecnológicas seriam dados pelas áreas com necessidade de requalificação de uso, como é discutido adiante. Figura 1. Modelo do Parque Tecnológico de São Paulo [Zouain, 2003]. No modelo de Zouain, o desenvolvimento do Parque Tecnológico Urbano ocorre a partir de um núcleo, que avança para o entorno da região de influência, através do desenvolvimento de business centers, espaços que abrigam as empresas associadas ao projeto, o que promove a requalificação econômica e urbanística da área (Figura 01). Dessa forma, são organizadas as aglomerações (clusters) por atividades de base tecnológica, tomando por base dois vetores, a saber: a) Perfil das atividades prioritárias para o projeto Zouain , D .et al., Locus Científico vol. 1, n. 1 (2006) pp. 4-09 A rt i g o C i e nt í f i c o HIS-Habitats de inovação sustentável Considera-se que a definição das atividades econômicas relacionadas às zonas de influência é um fator crítico de sucesso [Fernandes et al, 2004]. O argumento é que a partir das definições das atividades podem ser estruturados os mecanismos e instrumentos de estímulo e fomento, que servirão de base para o processo de animação das áreas prioritárias. b) Espaços prioritários para o projeto do projeto A literatura da área urbanística sugere que os movimentos gerados pela evolução econômica e social, exercem impactos nas dinâmicas do espaço [Meyer e Grostein, 2004]. Nesse sentido, a articulação das estratégias deve considerar, para constituição de um habitat de inovação, as dinâmicas existentes, que condicionam a forma e intensidade da atuação do agente público. Especificamente, no caso do poder público, as dinâmicas de degradação do espaço representam prioridades que justificam um processo de intervenção no sentido de promover revitalização do espaço. III. Metodologia para a definição das atividades e espaços prioritários A metodologia utilizada no trabalho (Figura 2) contempla a proposição de sugestões para priorização das futuras atividades econômicas do parque e definição da área de influência do parque. O detalhamento da metodologia é apresentado a seguir: Figura 2: Metodologia para especificação do projeto. A - Determinantes para a definição dos espaços prioritários Os critérios propostos para especificação dos espaços prioritários são a infra-estrutura de Ciência, Tecnologia e Inovação (C&T&I) e a atratividade do espaço para o poder público. Relacionado a presença da infra-estrutura de Ciência, Tecnologia e Inovação (C&T&I) a literatura sugere que é condição essencial. Nas empresas de base tecnológica a proximidade e a interação com a infra-estrutura representam condições diferenciadas, visto que aumentam as possibilidades de sucesso dessas iniciativas e maximizam o efeito animador sob a região, ancorados na premissa de que a presença de universidades e Institutos de pesquisa desenvolve profissionais capacitados que atuam na disseminação do conhecimento. Do ponto de vista urbano, os espaços são sensíveis a diferen- Zouain , D .et al., Locus Científico vol. 1, n. 1 (2006) pp. 4-09 tes processos dinâmicos, permitindo inferir que o poder público atua de forma diferenciada de acordo com as características dessas dinâmicas regionais. O plano diretor apresenta as diretrizes para ocupação e ordenamento que são estabelecidos para a requalificação do espaço, na medida em norteiam a política urbana. Nesse sentido, destaca-se a necessidade do alinhamento dos planos regionais e da lei de zoneamentos ao projeto do Parque Tecnológico como uma condição necessária para coordenação e articulação dos processos. B - Determinantes para a definição das atividades econômicas prioritárias Entende-se que a definição das atividades econômicas prioritárias é determinante para o sucesso do projeto. Todavia, esse processo de definição é dificultado pela falta de informações em escala intradistrital, fato que compromete a formulação de políticas eficazes [Souza e Torres, 2003]. Para superar esse obstáculo é necessária a aplicação de métodos que resultem na definição das atividades prioritárias, a seguir são apresentados os critérios considerados na presente metodologia, que envolve a consideração de algumas condições básicas conjuntamente com critérios qualificadores: •Condições básicas - Considerando a natureza do projeto, as empresas devem ser intensivas em tecnologia e produzirem baixo impacto ambiental nos produtos e processos desenvolvidos. Além disso, os processos e atividades intensivos em tecnologia em geral são caracterizados pelo menor impacto ambiental em relação às atividades tradicionais. •Critérios qualificadores - Referem-se aos critérios para especificação das atividades econômicas que devem compor o escopo das ações projeto de parques. Nesse caso foram considerar duas dimensões de análise: i) as atividades de empresas de base tecnológica presente na região, tomando como proxy a existência de empresas concebidas em habitats de inovação como incubadoras; ii) as atividades econômicas desenvolvidas por empresas instaladas na áreas de influência do parque, e a caracterização das atividades. IV. Os resultados para cidade de são paulo A Região Metropolitana de São Paulo, que contava com cerca de 17 milhões de habitantes em 2006, é a quarta maior metrópole do mundo, agregando , 900 km² de área urbanizada e 39 municípios. A região apresenta uma estrutura industrial bastante diversificada, caracterizando-se como o mais importante pólo industrial do Estado, principalmente em atividades com alto grau de sofisticação, que necessitam de tecnologia e mão-de-obra especializada ou da proximidade do centro consumidor. A região também concentra as conexões estratégicas das redes que compõe a estrutura industrial, reunido escritórios de administração central e os departamentos de engenharia e desenvolvimento de produtos [Araujo, 2001]. Por outro lado, o êxodo das empresas tradicionais vem provendo uma mudança do perfil econômico da região, com a redução da atividade econômica nas antigas regiões indústrias da cidade, o que configura a necessidade (e a oportunidade) de Critérios qualificadores para seleção de áreas. incentivar a criação de empreendimentos que requalifiquem a vocação econômica desses espaços. Entre essas áreas podemos destacar, parte da região do entorno da cidade universitária, onde se localiza a base da infra-estrutura de C&T&I associada à Universidade de São Paulo (USP). A - Definição das áreas prioritárias do projeto Para definição dos espaços prioritários dos projeto do Projeto do Parque Tecnológico foram considerados critérios básicos e qualificadores, descritos a seguir. • Critérios básicos para seleção das áreas. As áreas pré-qualificadas, com base exclusivamente no critério de proximidade com a infra-estrutura de C&T&I existente na Cidade Universitária, envolve áreas localizadas na Zona Oeste da cidade, cuja região tem com área de influência as subprefeituras da Lapa, Pinheiros e Butantã. Assim, foram considerados como espaços potenciais para aglomeração de empresas de base tecnológica os distritos da Lapa, Vila Leopoldina, Jaguaré, Jaguará, Rio Pequeno, Alto de Pinheiros, Pinheiros, Butantã, Vila Sônia, Itaim, Morumbi, Perdizes, Barra Funda, Bela Vista e Moema. A área representada por esses distritos, no entanto, apresentam características urbanas distintas, explicadas, em parte, pelos movimentos históricos de ocupação e desenvolvimento econômico que impuseram diferentes realidades para essas regiões. Essas características podem resumidas em dois grandes grupos elaborados a partir do perfil dos seus processos urbanístico: i- Processos de urbanização consolidados: áreas altamente adensadas, com espaços caracterizados pelo desenvolvimento de atividades econômicas; ii - Processos de urbanização em consolidação: áreas de urbanização marcadas pelo requalificação do uso em função de êxodo industrial. Nesse contexto, somente a utilização do critério de proximidade da infra-estrutura C&T&I para especificação da área de influência do Projeto mostrou-se insuficiente, tornando necessária a formulação de critérios qualificadores, apresentados a seguir: • Critérios qualificadores Os critérios qualificadores foram elaborados com o intuito de oferecer condições facilitadoras para definição das áreas prioritárias pelo poder público municipal (quadro 1): Atratividade para Prefeitura Municipal de São Paulo (PMSP) 1a – Potencial de requalificação - alinhamento do projeto com as diretrizes municipais, determinados a partir da análise do plano diretor, planos regionais, lei de zoneamentos e leis de ocupação do solo. Cabe destacar, que as Subprefeituras da Lapa, Pinheiros e Butantã estão inseridas na macrozona urbana, que quando estratificadas em macro-áreas, apresentam diferentes níveis de consolidação. 1b - Interesse Público - requalificação das áreas, por meio do estudo das dinâmicas existentes, com a possibilidade de intervenção pública. Os conceitos determinados para os distritos variavam de alta atratividade (3), média (2) e baixa (1), resultando na definição dos distritos de maior atratividade para o projeto para o poder público local, cujos resultados são apresentados a seguir. Na figura 3 é possível visualizar os distritos mais atrativos (considerando a perspectiva do poder público local.) Considerando o interesse de requalificação do espaço da perspectiva do setor público, e análise de viabilidade de intervenções urbanas, realizadas por especialistas, o espaço foi limitado a seis áreas: Lapa, Rio Pequeno, Vila Leopoldina, Jaguaré, Jaguará e região da Raposo Tavares (figura: 4). Figura 3. Critérios qualificadores utilizados para avaliação. Zouain , D .et al., Locus Científico vol. 1, n. 1 (2006) pp. 4-09 A rt i g o C i e nt í f i c o HIS-Habitats de inovação sustentável ______________________________________________ Figura 4. Áreas finais selecionadas para o projeto do parque. B - Definição das atividades prioritárias do projeto Conforme propõe a metodologia para a definição das atividades econômicas que compõe o presente trabalho foram consideradas condições básicas para inclusão no projeto e critérios qualificadores das atividades, cujos detalhes são apresentados adiante. • Critérios básicos As atividades das empresas que compõem o projeto necessariamente devem ser intensivas em tecnologia e de baixo impacto ambiental (empresas não poluentes), dado que o Campus da Cidade Universitária está localizado em uma região urbana, em torno de áreas que apresentam elevados níveis de adensamento populacional, como Pinheiros e Lapa. • Critérios qualificadores Considerando as bases de informações disponíveis, foram utilizadas como referências para a especificação das atividades econômicas prioritárias os perfis dos projetos desenvolvidos pelo Centro Incubador de Empresas Tecnológicas (CIETEC) e as informações do estudo das atividades de base tecnológica presentes na área de influência do projeto do Parque Tecnológico de São Paulo. O CIETEC, instituição responsável pelo fomento de novos empreendimentos de base tecnológica no contexto do projeto do Parque Tecnológico de São Paulo, é a maior incubadora tecnológica da América Latina e concentra, tradicionalmente, os projetos que são desenvolvidos a partir da infra-estrutura C&T&I existente cidade universitária. Nesse sentido, os perfis de mais de 500 projetos em que o CIETEC esteve envolvido desde 1998 foram empregados como um indicador das atividades econômicas que cujo desenvolvimento e consolidação dependem da infra-estrutura de C&T&I. Assim, tendo como referência de atividades de base tecno- Zouain , D .et al., Locus Científico vol. 1, n. 1 (2006) pp. 4-09 lógica com a maior incidência de projetos inovadores indicados pela base de informações sobre os perfis e características dos projetos desenvolvidos pelo CIETEC foram definidas as seguintes áreas prioritárias para o projeto: Eletroeletrônica, Meio ambiente, Medicina e saudade, Biotecnologia, Tecnologia da informação Por outro lado, o estudo desenvolvido para determinar as atividades de base tecnológica presente na área de influência do projeto do Parque Tecnológico de São Paulo procurou identificar o perfil das atividades econômicas que ocupavam as áreas sujeitas à dinâmica de modernização. No caso da região de influência do projeto, as pesquisas urbanísticas indicaram como áreas de modernização – impulsionada pelo investimento em edifícios de escritórios de alto padrão – a Marginal Pinheiros; as avenidas Faria Lima e Luís Carlos Berrini; e as regiões do Itaim e Vila Olímpia . Assim, para identificação das atividades econômicas desenvolvidas nessas regiões e, particularmente, mapear os empreendimentos de base tecnológica que poderiam ser influenciados (ou influenciar) as ações do projeto, em janeiro de 2006, foi realizado o estudo o da ocupação os edifícios de escritório nessas regiões. O trabalho, realizado por consultoria imobiliária especializada, mapeou 1,3 milhão m2 dos edifícios de escritórios de alto padrão (categorias A+, A, B e C), que representam cerca de 50% do estoque existente por ocasião da pesquisa (o que, por sua vez, permite uma boa segurança para extrapolação dos resultados para região sob análise). Entre as 10 maiores atividades econômicas presentes nessas regiões (em termos de área ocupada nos edifícios comerciais) sete (7) foram classificadas como de base tecnológica, como grande potencial para as ações projeto, revelando a vocação para atividades intensivas em tecnologia para essas áreas. Nesse contexto, essas atividades, abaixo especificadas, também devem compor as atividades prioritárias do projeto porque apresentam grande potencial de articulação e interação com as ações do projeto. As atividades são: Máquinas e equipamentos, Química/Petroquímica e plásticos, Matérias-primas, Logísticas, Eletroeletrônicos, Farmacêutico, Tecnologia da informação • As atividades propostas Tendo em vista as condições básicas para inclusão das atividades no escopo do projeto do Parque Tecnológico de São Paulo (que são representadas pela intensidade tecnológica e nível de impacto ambiental das atividades) e os critérios qualificadores para as atividades econômicas (projetos desenvolvidos pelo CIETEC e estudo das atividades tecnológicas presentes na área de influência do projeto) são apresentadas a seguir, a relação das 10 atividades prioritárias para as ações do projeto. Essas derivam da união entre os projetos desenvolvidos pelo CIETEC e as atividades tecnológicas desenvolvidas nas áreas de modernização situadas na área de influência do parque tecnológico e apresentam como convergência as atividades de tecnologia da informação e de eletroeletrônicas, como é indicado na figura 5. Figura 5: Definição das atividades prioritárias. V. CONSIDERAÇÕES FINAIS Considerando seu impacto econômico em sua zona de influência, o desenvolvimento de um Parque Tecnológico Urbano (como o Parque Tecnológico de São Paulo), pode ser utilizado como um instrumento de política pública para a reestruturação de áreas degradadas. Para tanto, entende-se que esse processo deve ser fruto de articulação entre a poder público e iniciativa privada para definições de prioridades relacionadas ao espaço, atividades econômicas e instrumentos de apoio. No processo de especificação das variáveis, observou-se a possibilidade de contribuir com o oferecimento de uma metodologia que contemple a atratividade do projeto para o poder público, orientando a tomadas de decisões. Dessa forma, verificou-se que a realidade local e suas características necessariamente devem ser consideradas e servir de referência para nortear a promoção e articulação de ações para reestruturar as condições existentes. No presente projeto, para a definição das áreas de influência do projeto, observou-se a oportunidade de ação do poder público na revitalização de áreas sujeitas as dinâmicas urbanas de precarização, nas quais é premente a necessidade de requalificação do espaço. Para a definição das atividades econômicas, o próprio conceito de parque tecnológico delimitou o escopo do projeto no sentido de empresas intensivas em tecnologia e não poluentes. Já, para definição das atividades prioritárias foi utilizado como critérios, a oferta de empresas intensivas em tecnologia oriundas do ambiente acadêmico existente nas áreas de influência do parque e a vocação da área de influencia do projeto, tendo como referência o perfil da ocupação existente. Como recomendação para trabalhos futuros, destaca-se a elaboração de pesquisas com foco no desenvolvimento de ações de planejamento e a organização de instrumentos para a articulação entre o poder público e privado como de forma a promover o desenvolvimento de habitats de inovação. O desenvolvimento de métodos para especificar a conformação do processo de aglomeração de empresas de base tecnológico também foi identificado como um elemento crítico. Referências Bibliográficas ANPROTEC - Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores. Panorama de Incubadoras e Parques Tecnológicos 2005. Disponível em www.anprotec.org.br. Acessado em 10/10/2006. ARAUJO, M. F. I. Reestruturação produtiva e transformações econômicas região metropolitana de São Paulo. São Paulo em Perspectiva, São Paulo, v. 15 (1), p. 20 - 30, jan. 2001. AUDRETSCH, D. B.; THURIK, A. R. What’s new about the new economy? Souces of growth in the managed and entrepeneurial economies. 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