Apoio social ferroviário – os sanatórios Ana Paula Sousa CP – Documentação e Arquivo Fotográfico A introdução do caminho ferro em Portugal provoca alterações em vários sectores da vida nacional e conduz ao aparecimento de um novo sector profissional – os ferroviários ‐ que no panorama do operariado português, goza de algumas regalias como emprego mais ou menos estável, reduções nos preços dos bilhetes para viajar nas linhas das companhias onde trabalhavam, formação, assistência médica, alojamento entre outras que acabavam por ser consideradas como condições de trabalho atractivas em comparação com outros sectores . As campanhas de assistência sanitária aos ferroviários, iniciaram‐se nos Caminhos de Ferro do Estado, em 1913, por Carlos Vasconcelos Porto, Chefe de Serviço de Fiscalização e Estatística dos Caminhos de Ferro do Sul e Sueste. São da sua responsabilidade os primeiros esforços no sentido de se construírem sanatórios exclusivamente destinados aos ferroviários que tivessem contraído a doença. Em 1918 inaugura‐se um primeiro sanatório, em S. Brás de Alportel, que foi instalado numa casa de uma quinta especialmente transformada para o efeito. Em Novembro de 1919 a Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses ‐ CP, através da Direcção Geral, aprova como concessão de carácter geral, a criação de um sanatório a localizar na Beira Baixa ou Norte para que todos os ferroviários. A partir de 1924 e enquanto se desenvolviam obras de construção de outros sanatórios, o Governo decidiu apoiar a iniciativa através da criação, nas linhas férreas do Estado e nas companhias privadas, de um Fundo de Assistência Ferroviária, constituído pela percentagem de 1% sobre as receitas de exploração ferroviárias, destinado à organização de meios de combate à tuberculose e à construção de sanatórios. O fundo então criado, veio associar‐se ao Fundo de Assistência dos Empregados dos Caminhos de Ferro, que existia desde 1919. Em 1926, perante a relutância das empresas ferroviárias para com as disposições legislativas que instituíram o Fundo de Assistência e o pagamento da percentagem, este foi extinto, continuando no entanto, a Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses – CP a manter a verba equivalente à percentagem das suas receitas para a assistência dos seus funcionários, criando para ainda uma Comissão Especial de Assistência, responsável não só pela gestão do Fundo como também pela construção de um sanatório, que se irá concretizar na construção do Sanatório da Covilhã, projecto da autoria do arquitecto Cottinelli Telmo. Esta iniciativa da manutenção da contribuição da CP para o Fundo de Assistência, insere‐se noutras que vinham a ser desenvolvidas pela Companhia para protecção do seu pessoal. Os serviços de saúde da CP promoveram a construção/instalação de postos sanitários ao longo da rede explorada, a construção de um dispensário anti‐tuberculoso num dos maiores centros ferroviários do país – o Entroncamento ‐ e projectos para outros que por razões várias nunca foram concretizados. 
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Ana Paula Sousa – CP – Documentação e Arquivo Fotográfico