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QUEDAS:
COMO JOGAR O ÍNDICE
LÁ PARA BAIXO
PROTOCOLO É REQUISITO BÁSICO PARA SEGURANÇA DO PACIENTE E É
UMA DAS MEDIDAS PARA AUXILIAR NA RÁPIDA DESOSPITALIZAÇÃO
Por Felipe César
U
m dos protocolos que integram o Programa Nacional
de Segurança do Paciente,
do Ministério da Saúde, é o
protocolo de prevenção de
quedas. Segundo o geriatra
Rubens de Fraga Jr., conselheiro da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia
(SBGG), os idosos são as principais vítimas
de acidentes com quedas. “Eu diria que a
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queda deveria ser considerada um evento
sentinela, porque ela é um marcador de
declínio de função. Quando o idoso começa a perder capacidade funcional, ele
começa a cair.” Dados do protocolo1 mostram que quedas de pacientes internados
em hospitais produzem danos em 30% a
50% dos casos, sendo que de 6% a 44%
desses pacientes sofrem danos de natureza
grave, como fraturas, hematomas subdurais
e sangramentos que podem levar ao óbito.
“Mais de 70% dos idosos que sofrem
quedas cairão novamente nos próximos
seis meses. As quedas são responsáveis
por 70% das mortes acidentais em pessoas
com mais de 75 anos. É a sexta causa de
morte em pacientes acima de 65 anos”,
alerta o geriatra.
Além dos problemas causados à saúde
das pessoas, as quedas são responsáveis
por um tempo maior de permanência no
hospital durante internação, aumento dos
custos assistenciais e gera impacto na continuidade do cuidado.
INÍCIO DAS MELHORIAS
Para que um hospital dê o pontapé
inicial para implantar um protocolo de prevenção de quedas, é necessário definir os
processos que farão parte do documento.
Os principais tópicos a serem observados
pela equipe multiprofissional devem ser:
• Avaliação do risco de queda;
• Identificação do paciente com risco com
a sinalização à beira do leito ou pulseira;
• Agendamento dos cuidados de higiene
pessoal;
• Revisão periódica da medicação;
• Atenção aos calçados utilizados pelos
pacientes;
• Educação dos pacientes e dos profissionais;
• Revisão da ocorrência de queda para
identificação de suas possíveis causas.
Fonte: Protocolo de Prevenção de Quedas – Anvisa1
FATORES DE RISCO
CONDIÇÕES DE SAÚDE E PRESENÇA
DE DOENÇAS CRÔNICAS
Acidente vascular cerebral prévio
Hipotensão postural
Tontura
Convulsão
Síncope
Dor intensa
Baixo índice de massa corpórea
Anemia
Insônia
Incontinência ou urgência miccional
Incontinência ou urgência para evacuação
Artrite
Osteoporose
USO DE MEDICAMENTOS
Benzodiazepínicos
Antiarrítmicos
Anti-histamínicos
Antipsicóticos
Antidepressivos
Digoxina
Diuréticos
Laxativos
Relaxantes musculares
Vasodilatadores
Hipoglicemiantes orais
Insulina
Polifarmácia (uso de quatro ou mais
medicamentos)
Alterações metabólicas
(Exemplo: hipoglicemia)
Fonte: Protocolo de Prevenção de Quedas – Anvisa. Há outros fatores
de risco importantes no documento.
CASO PRÁTICO 1
São Joaquim Hospital e Maternidade – Franca, SP
O gerenciamento de risco para quedas foi iniciado em 2012 na
unidade. Em três anos, a equipe do hospital conseguiu reduzir o
índice de quedas dos pacientes internados em mais de 90%.
Ano
Pacientes/dia Nº de quedas Índice de quedas
(1000 pacientes/dia)
2012
19.376
18
0,93
2015 (até agosto) 15.647
1
0,6
Avaliação de risco
1. No momento da admissão, todos os pacientes são avaliados para risco de
AVALIAÇÃO DE RISCO
queda pelo enfermeiro.
A ferramenta mais utilizada no Brasil
para avaliar o risco de queda no paciente
internado é a Escala de Morse. A avaliação
deve ser feita na admissão do paciente e,
quando houver risco, o paciente deve ser
devidamente identificado para que toda a
equipe saiba que aquele indivíduo deve
receber cuidados preventivos e orientação
adequada.
ESCALA DE MORSE – PONTUAÇÃO
Baixo: 0 a 24 pontos
Médio: 25 a 50 pontos
Alto: > 51 pontos
2. Após avaliação, se detectado risco de queda, o enfermeiro faz a
identificação: uma pulseira amarela é colocada no paciente, e uma tarjeta
com os dizeres “Risco de Queda” é inserida no display da porta do quarto.
3. O enfermeiro realiza o diagnóstico de enfermagem, implementa as
medidas preventivas padronizadas e outras de caráter individualizado.
4. Algumas medidas preventivas: orientação ao paciente e acompanhante,
cama sempre na posição baixa e com as rodas travadas, o paciente sempre
deve estar acompanhado no banheiro durante o banho, é realizada vistoria
periódica nas áreas de circulação e acomodação dos pacientes pelo comitê
formado por representantes dos setores de Enfermagem, Higienização e
Manutenção.
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CASO PRÁTICO 2
CRER (Centro de Reabilitação e Readaptação Dr. Henrique Santillo) – Goiânia, GO
Implantou protocolo em agosto de 2014. Funciona assim: enfermeiro faz a avaliação de risco na admissão do paciente. Para
paciente com risco, há a identificação com pulseira amarela, placa de identificação de risco no leito e registro no prontuário
eletrônico.
Classificação
Alto risco (amarelo), baixo risco (sem sinalização, mas há medidas preventivas).
Devido à sedação anestésica, pacientes que passaram por cirurgia são automaticamente classificados como sendo de alto risco.
Todos os colaboradores são orientados a manter o ambiente limpo, seco e sem obstáculos. O paciente é orientado a deixar os
objetos pessoais que mais utiliza sempre por perto, ao alcance das mãos.
Diferenciais
• Foi identificado que um dos principais momentos de queda dos pacientes na unidade estava nas transferências do leito para a
cadeira do banho. Foi introduzido um cinto de segurança na cadeira de banho para que o paciente não caia.
• Equipe de quedas: são cinco profissionais que fazem a orientação sistematizada a todos os pacientes e seus acompanhantes.
• Paciente e acompanhante são orientados semanalmente pelos grupos de atenção continuada (internação maior que 30 dias).
• E tem a orientação mensal para os pacientes que já tiveram alta hospitalar, mas que devem receber cuidados em casa. A
equipe do Núcleo de Cuidados realiza, mensalmente, orientação em domicílio sobre o protocolo de quedas e outros protocolos
relativos à segurança do paciente.
Resultado
Após 1 ano, houve redução de 31% nos eventos registrados como quedas. O tempo médio de permanência dos pacientes
internados caiu de 45 para 33 dias (esse dado se refere à adoção do protocolo somado a outras medidas assistenciais para
desospitalização).
CASO PRÁTICO 3
Incor (Instituto do Coração do Hospital das Clínicas) – São Paulo, SP
No ano de 2014, a Escala de Morse foi adotada para avaliação de risco de queda do paciente adulto no InCor. Todos os
enfermeiros do Instituto receberam treinamento para aplicar essa escala e notificar os eventos de acordo com o manual de
procedimentos*. A partir daí, a equipe multiprofissional ampliou o trabalho de prevenção de quedas.
Ao dar entrada no hospital (internação), o paciente é recebido pela equipe de enfermagem, que coloca em prática a avaliação
de risco. É entregue ao paciente e acompanhante um folheto explicativo com os cuidados para a prevenção de quedas e, no
paciente com risco elevado, é afixada uma pulseira amarela no pulso.
Todo paciente com risco de queda (elevado, moderado ou baixo) é reavaliado, no mínimo, uma vez por semana, ou sempre que
apresentar mudança em sua condição clínica.
Melhorias importantes
Os 260 leitos de internação passam por reformas desde 2012. As camas dos leitos foram trocadas, e agora há um controle na
própria cama para baixar e levantar o leito (antes havia uma pequena escada para o paciente conseguir deitar, e isso gerava
quedas).
Estão sendo instaladas nos banheiros barras de apoio e campainha para chamar a equipe de enfermagem.
* O planejamento para a implantação de um protocolo de quedas ocorreu de forma conjunta com a atualização do
manual de notificação de eventos adversos da instituição.
REFERÊNCIAS
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1. Ministério da Saúde/Anvisa/Fiocruz. Programa Nacional de Segurança do Paciente: Anexo 01: PROTOCOLO PREVENÇÃO DE
QUEDAS. Brasília: MS, 2013. Disponível em: <http://www.saude.pr.gov.br/arquivos/File/0SEGURANCA_DO_PACIENTE/protocolo_prevencao_quedas.pdf>. Acesso em: 26 out. 2015.
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