INSTRUMENTOS EFEITOS para CONTRABAIXO O - Parte 2 - Dando continuidade ao artigo da edição 156, conforme prometi, aqui está a segunda parte dessa pequena análise contendo os principais efeitos que podem ser usados no contrabaixo, descritos de forma um pouco mais clara e descompromissada. Nessa segunda parte, incluí efeitos comuns, porém inexplicavelmente pouco utilizados por contrabaixistas. Então, vamos em frente Jorge Pescara é artista-solo exclusivo da Jazz Station Records e contrabaixista com Ithamara Koorax. É autor do livro Dicionário Brasileiro de Contrabaixo Elétrico. 36 www.backstage.com.br verdrive & Distortion: pode-se resumir esses efeitos como dispositivos que servem para clipar o sinal, causando, dessa forma, uma distorção por nível de saturação. A sonoridade do instrumento sai “rangida” e “nervosa” com graus diversos, variando segundo a quantidade de distorção aplicada ao sinal original. O timbre obtido fica, então, como um “rrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrr”. Existe uma enorme quantidade de pedais disponíveis no mercado hoje em dia, confeccionados para diferentes finalidades. Os pedais originais eram construídos sob a diretriz das distorções por saturação de válvula (overdrive) e ainda são muito populares. Outros pedais são direcionados ao rock, heavy metal, blues, grunge, retro e assim por diante. Distorções e overdrives suaves nasceram de muitos circuitos fuzz desenhados nos anos 60, sendo que uma extensa variedade de métodos que distorciam o sinal original da guitarra foi marcada sob a genérica descrição de fuzz. Um dos mais populares foi o Fuzz Face, usado por Jimi Hendrix, enquanto na outra ponta, um dos menos usados foi provavelmente o design Schmidt-Trigger que somente trabalhava monofonicamente (uma nota de cada vez), produzindo uma onda quadrada sintetizada. No final do século passado o par de diodos “back-to-back” tornou-se popular como uma técnica para produzir saturação suave (com diodos de germânio) ou saturação extrema (com diodos de silicone). Hoje em dia overdrive virou sinônimo de saturação suave, na qual o ganho é reduzido acima do ponto de clipagem, enquanto distortion passou a significar saturação extrema, na qual o nível é fixo para além deste mesmo ponto de clipagem. Distortion é um pouco mais radical, bom para rock em geral, sendo o overdrive uma sonoridade mais natural. Usualmente os controles são: Gain (muitas vezes designado como Drive) – controla a quantidade de distorção. Tone – serve para compensar o excesso de agudos adicionais causados pelo processo de clipagem. Volume (ou Level) – serve para balancear o volume do efeito com o nível de sinal bypassed (limpo). Também serve como boost do sinal (ganho adicional) nos solos. Algumas vezes podem existir opções para tonalidades como Bass, Middle e Treble. Pedais clássicos de overdrive são: Ibanez Tube Screamer TS-9, popular por sua sonoridade natural, obtida desta forma por não permitir um pesado overdrive e por aplicar um corte muito gradual nos agudos. Boss OD-1, e depois o OD-2 (com controle de tone) – similar em design, calor e sonoridade natural. Alguns baixistas que adotaram a sonoridade distorcida em seus instrumentos (seja por meio de pedais, seja por saturação do INSTRUMENTOS preamp/amp valvulado): Geddy Lee (Rush, solo), Chris Squire (Yes, Conspiracy, solo), Jack Bruce (Cream, solo), Tim Commenford (Rage Against Machine, Audioslave), Mick Karn (Japan, solo), Billy Sheehan (Talas, Mr. Big, Niacin), Lemmy Killmister (Motörhead), Tony Levin (Peter Gabriel, King Crimson, Yes, Pink Floyd, Dire Straits), entre outros. HARMONISER Esse efeito, realmente pouco pesquisado no contrabaixo, adiciona uma ou mais notas àquela(s) que está(o) sendo tocada(s) em intervalos melódicos préselecionados e com diversas variações. Os primeiros harmonisers conhecidos foram os divisores de oitava (octave dividers), cuja função é adicionar uma oitava distorcida (ou duas, dependendo do Os primeiros harmonisers conhecidos foram os divisores de oitava (octave dividers), cuja função é adicionar uma oitava distorcida (ou duas, dependendo do modelo do dispositivo e dos ajustes) abaixo da nota real modelo do dispositivo e dos ajustes) abaixo da nota real. Já os modernos harmonisers usam memórias digitais e técnicas de recuperação que preservam o caráter do tom e o timbre original do instrumento. Com isto, fica fácil proporcionar harmonias monofônicas (notas simples). Assim, diversos modelos também oferecem essa opção, com melhorias na precisão e/ ou qualidade. O modo monofônico é prontamente aplicável para linhas vocais e instrumentos solo. Para guitarra, por vezes, ele é usado quando se quer obter har- monias polifônicas juntamente com pitch shift e emulação de 12 strings em acordes. Por outro lado, no contrabaixo elétrico conseguem-se excelentes resultados para criar texturas harmônicas em melodias e solos (também usando harmônicos naturais ou artificiais como no caso do baixista Larry Klein no disco “Turbulent Índigo” de sua, então esposa, Joni Mitchell). Pode-se determinar as harmonias a serem obtidas com intervalos fixos, como 5 ou 7 semitons. Muitos dos atuais harmonisers oferecem acordes “inteligen- www.backstage.com.br 37 INSTRUMENTOS tes” baseados em harmonias. Desse modo, o intervalo é determinado por um tom pré-ajustado e/ou uma nota que se toca. Por exemplo, ajustar as 3ªs e 5ªs no tom de C maior. Em conseqüência, os intervalos mudarão para sempre soarem em C. Opções avançadas permitem ajustar seus próprios intervalos e acordes pessoais, e mesmo aplicar variações de pitch aleatórios ou correções para adicionar realismo extra a uma harmonia vocal. Que tal ouvir Billy Sheehan (Talas, Mr. Big, Niacin) para aprender como usar harmoniser no baixo? constantemente flutuando entre próximo e longe do ouvinte (indo e voltando no falante), por isso o nome vibrato. A propósito, os amplificadores Fenders vinham com um efeito embutido, erroneamente chamado de “vibrato”, o que na realidade era uma modulação de volume ou tremolo . Rate – determina a velocidade em que o pitch se altera. Depth – determina a profundidade na qual o pitch é alterado. Delay – quando o efeito é triggado automaticamente. Esse ajuste serve para determinar em quanto tempo o efeito leva para começar a atuar. tam atuar o mais breve possível para uma nova nota. Com muitos efeitos barulhentos na cadeia de sinal do instrumento, pode ser mais difícil para a unidade de gate separar o sinal do ruído. Os gates mais sofisticados oferecem técnicas adicionais de redução de ruído, como tratar os componentes de graves e agudos separadamente, oferecendo os mínimos ajustes de volume e tonalidade. Os controles mais comuns são: Threshold: ajusta o nível de volume ao qual, abaixo deste é reduzido. Decay: ajusta o tempo que o volume leva para ser reduzido. PITCH BEND Este é um efeito relativamente recente, desenhado para imitar um whammy bar (alavanca de guitarra que serve para mexer na angulação da ponte, conseqüentemente, na afinação das cordas). Nele podem-se ajustar quantos tons e em qual velocidade se altera o timbre, além de determinar quanto tempo ele toma para retornar ao normal. Muitas vezes, esses dispositivos são combinados com outros efeitos de pitch tanto como com vibratos e outros, para efeitos mais radicais. Sua sonoridade não é muito realista nos agudos extremos, mas é um efeito muito interessante. Certamente, não poderíamos deixar de citar três nomes aqui: Billy Sheehan (Talas, Mr. Big, Niacin), Michael Manring (Michael Hedges, Montreux, Attention Deficit, solo) e Doug Wimbish (Living Colors, Mick Jagger e Annie Lennox). VIBRATO Vibrato varia suavemente o pitch entre o “levemente” bemol e o sustenido, muito similar à técnica de bend nas cordas (torção das cordas empurrando-as para cima e/ou para baixo na escala/ fingerboard, após tocar uma nota qualquer). O efeito soa como se estivesse in- 38 www.backstage.com.br NOISE GATE Os noise gates são usados para, eletronicamente, reduzir o nível de volume quando não se está tocando, de forma a não se ouvir os ruídos causados por outros processadores e pedais de efeito (note que todo e qualquer dispositivo eletrônico de sinal causa uma certa quantidade de ruído ao ser inserido na via do instrumento. O que difere os modelos entre si é a quantidade de ruído diretamente relacionado ao sinal obtido, conhecido como relação sinal-ruído, na qual quanto maior o sinal, mais se encobre o ruído de fundo). Os efeitos com alto ganho de sinal tais como overdrivers e compression podem ser especialmente ruidosos, assim, para ser efetivo, o noise gate deverá ser localizado logo após o efeito que produz o ruído. Daí vem a idéia do nome noise gate (portão de ruído que abre e fecha para a passagem do sinal). Eles trabalham detectando o nível de sinal e então, aplicam levemente uma redução gradual deste volume enquanto o instrumento não estiver sendo tocado. Isso previne que as notas que ainda estejam porventura soando, não sejam cortadas em seu final. Todos os gates necessi- LIMITER Estes dispositivos são usados para limitar o volume máximo obtido. Eles não afetam o sinal abaixo do limiar pré-ajustado, mas retêm o nível acima destes valores. Este efeito é similar ao compression reduzindo os altos volumes, mas um limiter não aumenta o ganho dos sinais fracos ou baixos, tarefa de um compressor. São comumente usados em sistemas de P.A. para prevenir saturação (overloading) por sobrecarga de sinal, o que seria prejudicial e completamente indesejado. Os controles são: Threshold: ajusta o nível abaixo do qual o volume é limitado. Level: ajusta o nível de volume máximo da saída. Continua na próxima edição. Até a próxima, PAZ PROFUNDA .:. e-mail para esta coluna: [email protected]