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Classificação do artigo 2 fev 2015 O Globo
Antonio Alvarenga é presidente da Sociedade Nacional de Agricultura
Hora de olhar para baixo
Como se sabe, há uma forte dependência entre os solos, a disponibilidade de água, as mudanças climáticas e a
redução
dos gases de efeito estufa
Chegou a hora de tratar com mais seriedade o problema dos solos no Brasil. Damos pouca atenção a
esse recurso, imprescindível para a Humanidade, e com papel fundamental na segurança alimentar e
sustentabilidade do planeta.
Como se sabe, há uma forte dependência entre os solos, a disponibilidade de água, as mudanças
climáticas e a redução dos gases de efeito estufa. A exploração inadequada da terra, a falta de proteção e
a erosão decorrente das chuvas causam danos praticamente irreparáveis aos solos. E sua recuperação é
extremamente dispendiosa, complicada e lenta. Estima­se que os problemas relacionados à erosão custam
US$ 70 dólares por habitante do planeta, por ano.
O crescimento continuado das cidades também reduz a disponibilidade de solos. Não nos damos conta
de que a terra fértil seja um fator de produção finito. Dessa forma, vamos comprometendo o futuro. É
preciso dar um basta e estabelecer regras para o uso responsável dos solos, garantindo sua conservação
para as gerações futuras.
As facilidades da vida moderna deixam os cidadãos urbanos indiferentes à importância dos solos.
Afinal, tudo que se quer está disponível nas lojas, nos supermercados, ou é oferecido por uma variada
gama de prestadores de serviços. O assunto só vem à tona, e geralmente de forma distorcida, quando
ocorre alguma catástrofe.
Algumas poucas instituições nacionais têm estudado o assunto. Falta prioridade. O conhecimento está
fragmentado e desatualizado, dificultando o planejamento do uso de terras em zoneamentos adequados e
baseados em tecnologia apropriada.
É necessário e urgente enfrentar esse desafio, com a realização de um mapeamento atual dos solos,
que permita a identificação de nossas potencialidades e fragilidades, as áreas de degradação, os riscos de
erosão e de contaminação, dentre outras informações relevantes.
Há notável progresso tecnológico em métodos e técnicas de observação, com a utilização de sensores
remotos e tecnologia para levantamento de dados. Com isso, poderemos suprir a carência de informações
e estabelecer políticas mais eficazes de uso do nosso território.
O Brasil tem grandes extensões de terras degradadas no Cerrado e em algumas regiões da Amazônia,
em razão de uma gerência equivocada e da adoção de práticas inadequadas de manejo. Sabemos que a
melhor alternativa para a expansão das áreas de produção agrícola é a reabilitação desses espaços
degradados. Temos tecnologia para fazê­lo. No entanto, falta­nos uma política nacional de uso sustentável
e um programa que propicie incentivos adequados para a reabilitação das terras que estão atualmente
impróprias para o plantio.
Precisamos fazer nosso dever de casa, abraçar esse relevante tema, lançar as bases para que
possamos conhecer melhor nossas terras e, assim, proporcionar condições de produzir mais e melhor
alimentos, fibras e energia.
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