FACULDADE CEARENSES CURSO DE PEDAGOGIA ANA PAULA SILVA CAVALCANTE A IMPORTÂNCIA DA INFORMÁTICA NO ENSINO FUNDAMENTAL I OU NAS SÉRIES INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL FORTALEZA - CEARÁ 2013 FACULDADE CEARENCES ANA PAULA SILVA CAVALCANTE A IMPORTÂNCIA DA INFORMÁTICA NO ENSINO FUNDAMENTAL I OU NAS SÉRIES INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL Monografia apresentada ao Curso de Pedagogia da Faculdade Cearense, como requisito parcial para a obtenção do grau de Licenciado em Pedagogia, sob a orientação da Professora Luiza Lúlia F. Simões. FORTALEZA – CEARÁ 2013 FACULDADE CEARENCE CURSO DE PEDAGOGIA A IMPORTÂNCIA DA INFORMÁTICA NO ENSINO FUNDAMENTAL I OU NAS SÉRIES INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL ANA PAULA SILVA CAVALCANTE Apresentação em: ____/____/______ Conceito Obtido: ______________ BANCA EXAMINADORA _____________________________________ Professora Orientadora Luiza Lúlia F. Simões _____________________________________ _____________________________________ Dedico esta monografia a minha família e amigos que me apoiaram em tudo e me ajudaram a passar por esta etapa da minha vida, pela compreensão e incentivo dos mesmos. AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus pela coragem e força para superar obstáculos encontrados ao longo desta caminhada. Aos meus familiares e amigos que me acompanharam durante o percurso acadêmico, motivando com palavras amigas e gestos de compreensão. A minha Professora Orientadora Luiza Lúlia Simões pela dedicação e tempo disponibilizado para me orientar na elaboração de minha monografia. Não podemos mudar a educação sozinhos, mas podemos nos unir em busca de mudanças. Ligia Bilac RESUMO O uso e o desenvolvimento da informática levou o computador a se tornar uma parte do cotidiano das pessoas. A educação não deve ficar alheia a esse processo, pois isso impõe aos profissionais envolvidos o enfrentamento de novos e grandes desafios. Com isso a informática na educação vem sendo utilizada como uma ferramenta pedagógica, a mesma desempenha um importante meio de auxilio no processo de ensino e aprendizagem, tanto para o professor como para o aluno. Diante disto, o presente trabalho vem com o intuito de investigar e analisar como o uso da informática se torna uma ferramenta rica e importante na aprendizagem dos alunos e buscando compreender a importância das atividades realizadas em um espaço informatizado para uma aprendizagem significativa e incentivando os educadores a busca pela formação continuada, para que assim, os mesmos não fiquem dispersos diante dos avanços tecnológicos e que possam através dessa busca melhorar a prática educativa dentro da sala aula, fazendo com que os alunos, despertem mais interesse pelo conteúdo e pelas atividades realizadas. Como base para a construção da pesquisa utilizou-se referencias bibliográficas, abordando as questões educativas e o desenvolvimento técnico em relação à informática. Neste sentido, o computador deve ser considerado não como um facilitador na educação, mas sim como uma ferramenta de apoio que auxilia e facilita o trabalho do professor e do aluno, proporcionando e abrindo espaços para o desenvolvimento de habilidades e capacidades cognitivas, para que assim juntos, descubram e construam o conhecimento. Palavras-chave: Informática Educativa, Formação Continuada, EnsinoAprendizagem. ABSTRACT The use and development of information technology has led the computer to become a part of everyday life. Education should not be oblivious to this process because it requires the professionals involved and facing new challenges. With that information technology in education has been used as a pedagogical tool, it plays an important means of assistance in the process of teaching and learning , both for the teacher and for the student . Hence, the present work in order to investigate and analyze how the use of computers becomes a rich and important tool in student learning and trying to understand the importance of the activities performed in a computerized space for meaningful learning and encouraging educators the pursuit of continuing education , so that , they are not scattered on technological advances and can search through that improve educational practice in the classroom , so that students , arouse more interest for the content and activities . As a basis for the construction of the research used the bibliography, addressing educational issues and technical development in relation to information technology. In this sense, the computer should not be considered as a facilitator in education, but as a support tool that assists and facilitates the work of teachers and students, and providing open spaces for the development of cognitive skills and abilities, so that together, discover and construct knowledge. Keywords : Computers in Education , Continuing Education , Teaching and Learning . SUMÁRIO INTRODUÇÃO 1 A 10 INFORMÁTICA APRENDIZEGEM I OU EDUCATIVA NAS NO SERIÉS PROCESSO INICIAIS DO ENSINO ENSINO FUNDAMENTAL 13 1.1 A HISTÓRIA DOS COMPUTADORES NO BRASIL 17 1.2 HISTÓRIA DA INFORMÁTICA EDUCATIVA NO BRASIL 20 2 FORMAÇÃO CONTINUADA OU CAPACITAÇÃO DO PROFESSOR 23 3 A PRÁTICA DOCENTE COM O USO DO COMPUTADOR NO PROCESSO ENSINO APRENDIZAGEM 4 26 A INFORMATICA EDUCATIVA NAS SERIES INICIAIS NO ENSINO FUNDAMENTAL 29 CONSIDERAÇÕES FINAIS 33 REFERÊNCIAS 35 10 INTRODUÇÃO A informática vem adquirindo cada vez mais relevância no cenário educacional, sua utilização como instrumento de aprendizagem e sua ação no meio social vem aumentando de forma rápida. Nesse sentido, a educação vem passando por mudanças estruturais e funcionais frente a essa nova tecnologia. A introdução dos computadores e da informática na escola pode ocupar um lugar de destaque pelo poder de processamento de informação que possui. A informática é uma ferramenta e um instrumento de mediação entre professor e alunos, na qual permite que ambos possam construir objetos virtuais, modelar fenômenos em quase todos os campos do conhecimento, desenvolver a capacidade de concentração e possibilitar o estabelecimento de novas relações para a construção do conhecimento. O educador ao mediar um novo modo de representação do conteúdo ensinado, além de proporcionar ao aluno uma atividade educacional oferece também um instrumento motivador. O desenvolvimento cognitivo do ser humano esta sendo também mediado por dispositivos tecnológicos, onde as novas tecnologias da informação e comunicação estão ampliando o potencial humano. Observa-se que a informação se disponibiliza através de tecnologias cada vez mais inovadoras, o que demanda novas formas de se pensar, agir, conviver e principalmente aprender com e através dessas tecnologias. É importante destacar que a tecnologia tomou conta do cotidiano das pessoas, assim, com o crescente avanço nas diferentes áreas, pode-se contatar que a apropriação da tecnologia torna-se imprescindível e a necessidade de mudança e de atualização profissional faz com que os indivíduos optem por usufruir das facilidades oferecidas pela tecnologia. Com isto, compreende-se que o uso do computador na escola deve acompanhar uma reflexão acerca da necessidade de mudança na concepção de aprendizagem. Não basta a escola adquirir recursos tecnológicos, é necessário ter professores capazes de atuar, de refletir e de criar ambientes de 11 aprendizagem na busca de contribuir para o processo de mudança do sistema de ensino. O interesse pela temática em questão surgiu da necessidade de se investigar como a informática educativa pode influenciar nas atividades em sala de aula, onde o objetivo principal da pesquisa é analisar e ao mesmo tempo contribuir para uma melhora na prática pedagógica de ensino tendo como meio de ajuda no processo ensino aprendizagem um dos recursos didáticos mais avançados já existentes, a informática. A pesquisa em questão foi realizada através de cunho bibliográfico, onde por meio de pesquisas pode se observar o quão é interessante e benéfica para o educador e também para o educando a utilização da informática no processo ensino aprendizagem, pois o mesmo poderá contribuir bastante para uma melhor socialização entre ambos (Professor e Aluno) e fará com que os alunos absorvam melhor e despertem um grande interesse pelo conteúdo trabalhado. Portanto, a informática pode e deve ser utilizado de forma a contribuir com o trabalho do professor como uma ferramenta pedagógica capaz de proporcionar cada vez mais conhecimentos aos alunos e de forma mais rápida e o que é muito importante: atualizadíssima. Por isso, os objetivos delineados neste trabalho, enfatizam a importância da informática educativa no processo ensino aprendizagem dos alunos, onde a mesma pode influenciar de forma positiva no desenvolvimento cognitivo e lógico das crianças. Como afirma FLORES (1996) “A Informática deve habilitar e dar oportunidade ao aluno de adquirir novos conhecimentos, facilitar o processo ensino/aprendizagem, enfim ser um complemento de conteúdos curriculares visando o desenvolvimento integral do indivíduo.”. Contudo, o presente trabalho consiste em quatro capítulos, onde no primeiro capitulo será retratado sobre a informática no processo ensino aprendizagem e abordará sobre a história do surgimento do computador no Brasil e a Historia da informática educativa no Brasil. 12 Em seguida, será abordada a formação continuada ou capacitação profissional do educador, onde serão verificados seus desafios e a conscientização de suas ações dentro de sala de aula. Será abordada a prática docente no processo ensino-aprendizagem com o uso do computador, onde será questionada a qualidade da educação a partir da introdução da informática no processo de construção de conhecimento. E por fim, se abordará sobre a informática educativa nas series iniciais do ensino fundamental, qual sua importância e os benefícios desta nova prática pedagógica de ensino. 13 1A INFORMATICA APRENDIZAGEM EDUCATIVA NO PROCESSO ENSINO O grande avanço da informática tem trazido significativas contribuições para o progresso cultural e científico, principalmente quando possibilita o suporte tecnológico para congregar e difundir o conhecimento. A educação vive um processo de constante evolução. Seja esta evolução pedagógica, tecnológica, social, de conhecimento e outras formas de se manifestar. Em alguns momentos esta evolução é demorada e em outros ela se dá mais rapidamente. A escola tradicional que conhecemos com o quadro negro, giz, livro, mimeógrafo está se obrigando a acompanhar estas formas de evoluções e aos poucos abrindo espaços para novas metodologias e ferramentas pedagógicas (retroprojetor, televisão, videocassete, computador). A escola, hoje em dia, vive em uma sociedade cheia de informações instantâneas, superficiais e fragmentada, marcada por um período efêmero. Os computadores entram no ambiente escolar dentro de um campo mais amplo, que é a informática. Baseado nessas mudanças, (MORAN, 2000, p. 139) afirma que “não é a tecnologia que vai resolver ou solucionar o problema educacional do Brasil, poderá colaborar, no entanto, se for usada adequadamente, para o desenvolvimento educacional de nossos estudantes”. A sociedade contemporânea passou e vem passando por diversas mudanças em todas as áreas do conhecimento, mudanças essas que produzem meios de comunicação sofisticados, provocando uma profunda modificação nas atitudes, condutas, costumes e tendências no mundo inteiro. O crescimento acelerado das tecnologias da informação e comunicação impulsiona o processo de mudança comportamental no país e com isso, a população acaba sendo “obrigada” a se adaptar para se manterem no mercado de trabalho competitivo. Essas mudanças valorizam ainda mais o conhecimento, tornando-se uma necessidade sua valorização. As novas tecnologias produzem ferramentas que nos auxiliam na organização e disseminação do conhecimento através de processos de ensino-aprendizagem. 14 As novas tecnologias da informação computacional interferem na prática de atividades científicas e empresariais, influenciando diretamente e indiretamente os conteúdos e atividades educacionais que também seguem a tendência tecnológica. Pode-se afirmar que o desenvolvimento de sistemas computacionais com fins educacionais e com isto, acompanhou a evolução dos computadores. No final da década de 1950 que se deu o uso dos primeiros computadores na área da educação, as suas possibilidades tecnológicas da época, conhecido como “instrução programada” foi á base para os primeiros sistemas e representava uma automatização do processo de ensino aprendizado. (VALENTE, 1993). Nos dias de hoje, existem grandes avanços tecnológicos, principalmente na área de inteligência artificial (IA), possibilitando uma intuitiva sofisticação de recursos interativos nos sistemas computacionais educativos. Fundamentado no paradigma instrucionista onde o controle reservado ao estudante são raros, um novo paradigma educacional começou a orientar o desenvolvimento de sistemas computacionais aplicados no uso da educação, baseado nas idéias construcionistas. Essas ideias, a autonomia de iniciativa e controle do estudante em ambiente computacional é entendida como a construção pessoal do conhecimento. (ALMEIDA, 1987) A versão moderna dos computadores surge na década de 1980, datam desta época as primeiras experiências de uso do computador em sala de aula. Muitas dessas experiências mostraram falhas na infraestrutura ou pela falta de clareza das diferenças entre informática na educação e educação em informática. Nesta época era muito difícil distinguir informática na educação de educação em informática já que a primeira implicava necessariamente numa prévia passagem pela segunda. A partir da década de 1990 foram desenvolvidos softwares e formas de conteúdo cada vez mais simples aos usuários. Esses softwares foram se tornando cada vez mais fáceis de usar, como consequência, mais pessoas podiam produzir ou usar ferramentas computacionais em seu ramo de atividade sem que para isso, tivessem de se tornar especialistas na área. Nesta mesma 15 época, o uso da informática na educação começou a distinguir-se mais claramente da educação em informática. Mas foi com a revolução da internet, que o computador passou a ser cada vez mais indispensável no processo de ensino aprendizagem. Nesse contexto, a informática na educação deixa de ser um diferencial para se tornar um elemento chave entre pertencer a uma sociedade cada vez mais globalizada ou conectada ou estar alienado a esse mundo. Outro fenômeno observado desde os seus primórdios é a incrível penetração que a informática tem no imaginário infantil, neste contexto consideramos os vídeo games como elementos também pertencentes à revolução da informática. Criando um mundo alternativo, muitas vezes fantástico e distante da realidade, os games exercem um fascínio sobre crianças e adolescentes. Entender esse fenômeno e saber utilizá-lo em prol da educação é um dos desafios impostos aos educadores modernos. Softwares educativos (jogos e animações) podem ser utilizados na educação de maneira geral, pois é um material que consegue inserir o aluno em situações que os façam refletir, interagir, fazer parte da alguma simulação do real, induzindo-os a buscar soluções ou hipóteses a serem testadas. Esse processo resultará no aumento dos mais variados saberes, além de proporcionar momentos de interação/lazer, tornando o ato da aprendizagem mais interessante e motivador. (MORAES, 1997). Com todo esse desenvolvimento é imposta à obrigação aos profissionais envolvidos em educação de se tornarem indivíduos capazes de atender as mais variadas exigências. Isso faz com que o sistema educação seja cobrado, sendo exigida uma formação completa, onde o indivíduo seja capaz de lidar com as mais variadas situações. Para isso, a escola tem de desdobrar-se para atender a grande demanda de exigências, e caso ela não dê conta de tais responsabilidades, essa escola será considerada incapacitada e inadequada para formar o “cidadão capaz”. Contudo, faz-se necessário investir em conhecimentos, tecnologia, manejo de informação, e, sobretudo, profissionais capacitados para a mediação dos conhecimentos. Sem sombra de dúvida, a educação vem se 16 transformando num elemento de importância capitalista, mas que precisa ser firmada em pilares não desprovido de valores morais e éticos, visto que vive implícita nesse processo de inclusão tecnológica, uma luta contra a exploração injusta da classe dominante sobre a classe menos privilegiada. A educação sob o ponto de vista da aprendizagem transforma o conhecimento em cooperação e criatividade, estimulando a liberdade e a coragem para transformar o aprendiz em protagonista da sua aprendizagem. Portanto, pode-se afirmar que a concepção dessa escola ideal ainda está um pouco distante da maioria da população devido à desarmonia que há na política, economia, educação e cultura. Mas, a partir desses problemas surgem outros questionamentos que merecem atenção. Devido à realidade inevitável e cada vez mais próxima da informatização da sociedade surgem algumas preocupações com respeito ao papel do professor e ao uso de meios tecnológicos em sala da aula. (VALENTE, 1996). Ao se trabalhar com estas novas tecnologias ou seja, com as propostas curriculares voltadas para o ensino da informática, não se deve, em hipótese alguma se iludir com toda a fascinação criada por este mundo virtual, sendo preciso dosar o trabalho. O professor não deve também ignorar o mundo de contato pessoal, o livro, o quadro negro. Enfim, a educação deve evoluir, mas manter o que está dando resultados positivos e o tempo revelará que tipos de educação terão, porém, se terá o poder de manipular alguns aspectos do presente para que mais adiante tenhamos bons resultados. Deve-se encarar as novas tecnologias como aliados subordinados aos corpos de aprendizes e educadores, e não uma arma mortífera ou apenas algo intangível que não se tornará uma realidade. 17 1.1 - A HISTÓRIA DOS COMPUTADORES NO BRASIL A informática brasileira desenvolveu-se em duas etapas. A primeira, de 1958 até 1975, caracterizada pela importação de tecnologia de países de capitalismo avançado, principalmente dos Estados Unidos. O processamento eletrônico de dados era realizado basicamente em computadores de grande porte, localizados em grandes empresas e universidades, bem como em órgãos governamentais e agências de serviços. Não havia fabricantes nacionais, embora, já na década de 1970, o volume de vendas tinha justificado a instalação das primeiras montadoras multinacionais no Brasil. Lentamente, porém, começou a desenvolver-se uma competência tecnológica nacional, a partir do trabalho de algumas universidades, como a Universidade de São Paulo (USP), a Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ) e a Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Em 1972, foi construído na USP o “Patinho Feio”, o primeiro computador nacional, seguido, em 1974, do projeto G-10, na USP e na PUC do Rio de Janeiro, incentivado pela Marinha de Guerra, que necessitava de equipamentos para seu programa de nacionalização de eletrônica de bordo. O interesse de vários segmentos da sociedade brasileira, notadamente os militares e os meios científicos, buscando atingir melhor independência tecnológica para a informática brasileira, levou à criação, em 1972, da Capre (Comissão de Coordenação das Atividades de Processamento Eletrônico), com o objetivo de propor uma política governamental de desenvolvimento do setor. Em 1974, foi criada a primeira empresa brasileira de fabricação de computadores, a Cobra (Computadores Brasileiros S.A.) uma estatal que recebeu a missão de transformar o G-10 em um produto nacional. A segunda etapa do desenvolvimento da informática brasileira caracterizou-se pelo crescimento de uma indústria nacional. Iniciou-se em 1976, com a restruturação da Capre e a criação de uma reserva de mercado na faixa de minicomputadores, para empresas nacionais, além da instituição do controle das importações. Os primeiros minicomputadores nacionais, 18 inicialmente utilizando tecnologia estrangeira, passaram a ser fabricados por cinco empresas autorizadas pelo governo federal. A partir de 1979, a intervenção governamental no setor foi intensificada, com a extensão de reserva de mercado para microcomputadores e com a criação da SEI (Secretaria Especial de Informática), ligada ao Conselho de Segurança Nacional, que é desde então, o órgão superior de orientação, planejamento, supervisão e fiscalização do setor. Em 1984 foi sancionada a lei nº 7232, que fixou a Política Nacional de Informática e com a qual se oficializou a reserva para alguns segmentos do mercado, inclusive software, com duração limitada de oito anos. Com tais mecanismos de fomento, a informática nacional chegou a atingir taxas de crescimento de 30% ao ano em meados da década de oitenta. O país alcançou em 1986 a Sexta posição no mercado mundial da informática, sendo o quinto maior fabricante; além do Japão e do E.U.A., é o único país capaz de suprir mais de 80% de seu mercado interno. A mais recente etapa do desenvolvimento da informática do Brasil teve início em 1990, com uma série de modificações introduzidas na PNI, com o intuito de adequá-la às políticas econômicas ditas “liberalizadas” de maior abertura ao mercado externo, postas em prática pelo governo Collor. Estas medidas de “flexibilização”, como foram chamadas, procuraram atender às reclamações oriundas de diversos setores industriais que protestavam contra o atraso tecnológico brasileiro e contra os altos preços provocados pela reserva; procuravam também atender aos interesses dos países desenvolvidos que chegaram estabelecer sanções comerciais temporárias contra o Brasil, em virtude da falta de abertura do mercado nacional para concorrência comercial do exterior. Aqueles países exigiam também o fim do que consideravam violações de seus direitos tecnológicos, como a prática indiscriminada de cópia ilegal de equipamentos e de software. Embora os setores protegidos pela PNI (Politica Nacional de Informática) não tivessem sido desmontados, de a própria lei estabelecer um prazo máximo de vigência, ocorreram abrandamentos nos dispositivos legais que regiam as 19 importações de software e hardware, a taxação aduaneira, a limitação de quotas de importação de insumos industriais, pagamento de conta de tecnologia, a formação de jointventures com empresas estrangeiras, afixação de similaridades. A Secretaria Especial de Informática (SEI) foi extinta e a atribuição de dirigir a política no setor, embora ainda vinculado ao mesmo, passou na prática para o âmbito da Secretaria Especial de Ciência e Tecnologia. 20 1.2 - HISTORIA DA INFORMATICA EDUCATIVA NO BRASIL A história da informática na educação no Brasil data de mais de 20 anos. Deu-se inicio nos anos 1980, sendo considerada por órgãos governamentais como um fator para promover o avanço cientifico e tecnológico da sociedade e se estabeleceu através de diversas atividades e programas, permitindo que essa área hoje tenha uma identidade própria e raízes sólidas. (LEVY, 1997) A partir de 1985 o governo passou a intensificar os investimentos na área de educação nos níveis fundamental e médio para suprir a falta de recursos humanos capacitados. Para atender seus objetivos, a SEI da época desencadeou ações, cujo intuito era viabilizar a utilização de recursos computacionais nas atividades de diversas áreas intersetoriais como educação, saúde, cultura e outros. Com isso, a Secretaria de Informática acreditava que a educação era o setor mais promissor para promover um grande avanço cientifico e tecnológico da sociedade. A implantação do programa de informática na educação do Brasil se inicia com o primeiro e segundo Seminário Nacional de Informática em Educação, realizados na Universidade de Brasília em 1981 e na Universidade Federal da Bahia em 1982. Esses seminários estabeleceram um programa de atuação que originou o Projeto Educação e Comunicação (EDUCOM), com o objetivo de realizar estudos e experiências em informática na educação e com uma sistemática de trabalho diferente de quaisquer outros programas educacionais iniciados pelo Ministério de Educação (MEC). (OLIVEIRA, 1997). A proposta do Projeto EDUCOM se baseia em levar computadores às escolas públicas brasileiras e seu principal objetivo é estimular o desenvolvimento da pesquisa multidisciplinar voltada para a aplicação das tecnologias de informática no processo de ensino-aprendizagem e desenvolver um experimento sobre a utilização do computador na educação básica, avaliando os efeitos que essas tecnologias trariam à aprendizagem, à postura do professor e à organização escolar. Com este fim, a Comissão Especial de Informática da Educação (CE/IE) elaborou e aprovou, em 1983, o Projeto EDUCOM. 21 A decisão dos pesquisadores foi de que as politicas a serem implantadas deveriam ser fundamentadas em pesquisas pautadas em experiências concretas, utilizando as escolas publicas e prioritariamente o ensino médio. Essas foram às bases do Projeto EDUCOM realizado em cinco universidades federais brasileiras. O Projeto EDUCOM teve um papel fundamental no processo de inserção das novas tecnologias nas escolas brasileiras, através do desenvolvimento de pesquisas, da formação de recursos humanos, além da produção de artigos, teses, dissertações e softwares educativos. Considerando os resultados do Projeto EDUCOM, o MEC criou, em 1986, o Programa de Ação Imediata em Informática na Educação de 1o e 2o grau, destinado a capacitar professores (Projeto FORMAR) e a implantar infraestruturas de suporte nas secretarias estaduais de educação (Centros de Informática Aplicada à Educação de 1o e 2o grau - CIED), escolas técnicas federais (Centros de Informática na Educação Tecnológica - CIET) e universidades (Centro de Informática na Educação Superior - CIES). Competia a cada secretaria de educação e a cada instituição de ensino técnico e/ou superior definir pedagogicamente sua proposta. (OLIVEIRA, 1997) Foram implantados em vários estados da Federação 17 CIEDs (1988-89), nos quais grupos interdisciplinares de educadores, técnicos e especialistas trabalhavam com programas computacionais de uso/aplicação de informática educativa. Esses centros atendiam a alunos e professores do fundamental I e II e à comunidade em geral e foram irradiadores e multiplicadores da telemática na rede pública de ensino. A Organização dos Estados Americanos – (OEA), em 1988, convidou o MEC para avaliar o projeto de Informática Aplicada à Educação Básica do México. Isso fez o MEC e a OEA formularem um projeto multinacional de cooperação técnica e financeira, integrado por oito países americanos, que vigorou entre 1990 e 1995. A sólida base teórica sobre informática educativa no Brasil existente em 1989 possibilitou ao MEC instituir através da Portaria Ministerial n. 549/89, o 22 Programa Nacional de Informática na Educação – (PRONINFE), com o objetivo de desenvolver a informática educativa no Brasil, através de atividades e projetos articulados e convergentes, apoiados em fundamentação pedagógica, sólida e atualizada, de modo a assegurar a unidade política, técnica e científica imprescindível ao êxito dos esforços e investimentos envolvidos. Apoiado em dispositivos constitucionais relativos à educação, ciência e tecnologia, o PRONINFE visava: promover o desenvolvimento da informática educativa e seu uso nos sistemas públicos de ensino (Fundamental I e II, Ensino Médio e educação especial); fomentar o surgimento de infra-estrutura de suporte nas escolas, apoiando a criação de centros, subcentros e laboratório; capacitar contínua e permanentemente professores. O Programa previa crescimento gradual da competência tecnológica referenciada e controlada por objetivos educacionais, amparado num modelo de planejamento participativo que envolvia as comunidades interessadas. Os objetivos e metas do PRONINFE foram formulados em sintonia com a política nacional de ciência e tecnologia da época. (OLIVEIRA, 1997). 23 2 – FORMAÇÃO CONTINUADA OU CAPACITAÇÃO DO PROFESSOR A formação do professor para a utilização da informática nas práticas educativas não tem sido priorizada tanto quanto a compra de computadores de ultima geração e de programas educativos pelas escolas transparecendo a ideia de que os equipamentos sozinhos podem melhorar a qualidade das práticas educativas. O computador é uma ferramenta que pode auxiliar o professor a promover aprendizagem, autonomia, criticidade e criatividade do aluno. Mas para isso, é necessário que o professor assuma o papel de mediador da interação entre aluno, conhecimento e computador, o que logo supõe-se uma formação adequada para o exercício deste papel. (FAZENDA, 1993). Embora a informática não seja a alavanca principal da transformação escolar, ela pode ser encarada como motivadora da reflexão. Não há softwares que propiciem adequadamente o desenvolvimento cognitivo-afetivo dos alunos, é ao professor que cabe este papel. Para que se torne possível esta prática, o professor precisa se conscientizar que a formação continuada prevê e propõe essas ações, onde o mesmo tenha a oportunidade de participar de momentos em que possa analisar a sua atuação em sua sala de aula, e que possa repensar e refletir sobre tal prática. O desenvolvimento de novas tecnologias de informação provoca mudanças na sociedade em todas as áreas, inclusive na educação. Diante disto, o professor para utilizar o computador como ferramenta educacional, necessita de uma formação que o capacite para o desempenho das atividades que contribuam para a construção do conhecimento dos alunos. Inserir a informática na educação não é apenas adquirir equipamentos e programas de computadores para a escola, o sucesso e a eficácia de um projeto educacional com a utilização da informática, exige capacitação e/ou 24 formação continuada os profissionais da educação diante da realidade e do contexto educacional. (FLORES, 1996). O processo de capacitação dos profissionais da educação deve englobar conhecimentos básicos de informática, conhecimentos pedagógicos, integração das tecnologias com as propostas pedagógicas, formas de gerenciamento da sala de aula com os novos recursos tecnológicos, revisão das teorias de aprendizagem, didática e projetos multi, inter e transdisciplinares. O educador será capaz de incorporar a informática como recurso pedagógico, planejando com segurança aulas mais criativas e dinâmicas em que haja integração da tecnologia com a proposta de ensino planejada. A sociedade requer pessoas criativas e com capacidade para criticar construtivamente, nesta perspectiva, a preparação do professor é fundamental para que a educação deixe de ser baseada na transmissão da informação e seja baseada na construção de conhecimento e o professor com isto, precisa ser formado para torna-se o facilitador e o mediador dessa construção. (GOUVÊA, 1999). Diante disto, Stahl (2008, p.299) diz que Os professores precisam entender que a entrada da sociedade na era da informática exige habilidades que não tem sido desenvolvidas na escola, e que a capacidade das novas tecnologias de propiciar aquisição de conhecimento individual e independente implica num currículo mais flexível, desafia o currículo tradicional e a filosofia educacional predominante, e depende deles a condução das mudanças necessárias. A formação continuada e/ou capacitação não se trata apenas de reciclagem do professor em relação à evolução dos conceitos que ensina e das novas técnicas e recursos pedagógicos, mas também da qualificação para desempenhar novas funções. Assim o que se aponta não é apenas o aperfeiçoamento do educador, mas também a transformação nos processos educacionais. 25 Com base nessas ideias, Nóvoa (1992, p.29) diz que Para formação de professores, o desafio consiste em conceber a escola como um ambiente educativo, onde trabalhar e formar não sejam atividades distintas. A formação deve ser encarada como um processo permanente, integrado no dia-a-dia dos professores e das escolas, e não como uma função que intervem á margem dos projetos profissionais e organizacionais. Ao se pensar nas alterações que a adoção de novas tecnologias promovem na prática docente, faz-se necessário pensar na pessoa do professor e em sua formação que, não se dá apenas durante o seu percurso nos cursos de formação de professores, mas, durante todo o seu caminho profissional, dentro e fora da sala de aula. Faz-se necessário que o profissional tenha tempo e oportunidades de familiarização com as novas tecnologias educativas, suas possibilidades e limites para que, na prática, possa fazer escolhas conscientes sobre o uso das formas mais adequadas ao ensino de um determinado tipo de conhecimento, em um determinado nível de complexidade, para um grupo específico de alunos. A diferença didática não está no uso ou não uso das novas tecnologias, mas na compreensão das suas possibilidades. Mais ainda, na compreensão da lógica que permeia a movimentação entre os saberes no atual estágio da sociedade tecnológica. (GATTI, 1993) O Ministério da Educação (MEC) oferece programas aos educadores para o aprimoramento e aperfeiçoamento dos mesmos perante aos avanços tecnológicos na educação. Diante disto o Plano Nacional de Formação de Professores da Educação Básica (PARFOR) é uma ação estratégica do MEC, resultante de um conjunto de ações que se concretizam mediante o princípio de colaboração com as Secretarias de Educação dos Estados e Municípios e as Instituições de Educação Superior neles sediadas. Serve para elevar o padrão de qualidade da formação dos professores das escolas públicas da educação básica no território nacional. 26 Portanto, a importância da educação continuada para professores mediante a formação de um grupo de estudos, articulado, por meio da aprendizagem colaborativa, a integração da tecnologia de computadores ao ensino. Parte-se da ideia de que a produção do conhecimento necessita ser vista como uma construção social em ambientes que propiciem a interação, em que um grupo necessita trabalhar em conjunto para alcançar seus objetivos. A escola como um ambiente de formação, pode beneficiar-se da aprendizagem colaborativa, cujos fundamentos são a participação ativa e a interação tanto dos alunos como dos professores. 27 3 - A PRÁTICA DOCENTE COM O USO DO COMPUTADOR A Informática vem adquirindo cada vez mais relevância no cenário educacional. Sua utilização como instrumento de aprendizagem e sua ação no meio social vem aumentando de forma rápida, nesse sentido, a educação vem passando por mudanças estruturais e funcionais frente a essa nova tecnologia. Nos dias atuais o uso do computador no processo da prática pedagógica já é uma realidade e também uma grande conquista das escolas, pois pode-se encontrar tanto em escolas da rede particular quanto á rede de ensino publico. O uso do computador na prática pedagógica de ensino tem sido alvo de inúmeros questionamentos e debates, o que se discute não é o instrumento em questão, mas sim a maneira em que se vai emprega-lo, que depende de uma concepção filosófica e de uma teoria de aprendizagem de acordo com a concepção de educação, o computador assumirá um determinado papel na relação entre o aluno, o conhecimento e o professor. (ALMEIDA, 2001). No entanto, o computador não substitui o professor, o mesmo é apenas mais um recurso de que estes utilizam para atingir os objetivos propostos para melhorar a qualidade de ensino. Da mesma forma em que os livros, vídeos educativos e filmes, o computador não é usado somente para motivar os alunos e fazer com que isso, os mesmos participem mais de trabalhos escolares, assim como os outros recursos, o computador é um instrumento de comunicação de dados. (MORAN, 1995). A informática deve ser vista como um instrumento de interação com o educando, a fim de proporcionar um ambiente experimental, o que significa que o ambiente de aprendizagem e descoberta que o educando vivencia nas experiências de investigação da aprendizagem que por fim, acabam gerando o conhecimento. Portanto, os softwares educativos podem ser extremamente proveitosos se utilizados no processo experimental da aprendizagem. Desta forma, Marques (1986, p.17) afirma que A relação de ensino é uma relação de comunicação por excelência, que visa a formar e informar; e instrumentos que possam se encaixar nesta dinâmica tem sempre a possibilidade de servir ao ensino. Livro, vídeo, fotografia, computador e outros são formas de comunicar conhecimentos e, como tais, interessam à educação. 28 A inserção do computador na educação gerou e ainda gera uma determinada revolução nas teorias sobre a relação de ensino-aprendizagem existente anteriormente. As inovações tecnológicas exigem do individuo a capacidade de se adaptar as transformações da sociedade, é necessário que disponha de recursos tecnológicos que possam atender aos alunos de acordo com as exigências pedagógicas necessárias à atualidade e neste contexto, surge a informática educativa. De acordo com Valente (1993, p.26) O processo que coloca o computador e sua tecnologia a serviço da educação. Portanto, todos os aspectos e as variáveis neste método deverão estar subordinados à consideração de que a essência da informática Educativa é de natureza pedagógica, buscando assim melhorias das metodologias de ensino-aprendizagem de forma a levar o aluno a aprender, e o professor a orientar e auxiliar esta aprendizagem, tornando-o apto a discernir sobre a realidade e nela atuar. Nesse sentido, o papel do educador não é somente o de transmitir informações, o mesmo se torna facilitador e mediador da construção do conhecimento. O computador passa a ser o aliado do professor na aprendizagem, proporcionando transformações no método de aprendizagem dos alunos. A vantagem do uso do computador na educação é unicamente pelo seu apelo visual. Não se trata somente de uma técnica para transmitir aos alunos conteúdos, significa também que a escola precisa repensar o seu tempo, seu espaço, sua forma de lidar com os conteúdos e com a informação. Significa pensar na aprendizagem como um processo global e complexo, de fato conhecer a realidade. Segundo Fagundes (1999, p.18) Se o ser humano deixa de ser uma criança perguntadora, curiosa, inventiva, confiante em sua capacidade de pensar, entusiasmado por explorações e por descobertas, persistente nas suas buscas de soluções, é porque nós, que o educamos, decidimos “domesticar” essa criança, em vez de ajuda-la a aprender, a continuar aprendendo e descobrindo. 29 Na escola o computador deve ser usado não como um substituto do professor, mas como mais um recurso auxiliar. O computador pode ser utilizado de varias formas e para diversos fins. São inúmeros os benefícios da introdução do computador no processo de ensino aprendizagem, além da possibilidade do mesmo ser útil para o desenvolvimento de novas competências cognitivas. Para Valente (1999, p.83) A analise de diferentes usos do computador na educação nos permite concluir dois resultados importantes. Primeiro, que o computador pode tanto passar informação ao aprendiz quanto auxiliar o processo de construção do conhecimento e de compreensão do que fazemos. Segundo, que implementar computadores nas escolas sem o devido preparo de professores e da comunidade escolar não trará os benefícios que esperamos. A intermediação do professor neste processo torna-se fundamental para direcionar os conteúdos e demonstrar onde e como procurar assuntos relevantes para o entendimento de conteúdos dados em sala de aula. O educador que tem uma atitude de equilíbrio e confiança ajuda os alunos a evoluir no processo de aprendizagem. Portanto, o computador não deve ser visto unicamente como uma mera maquina de escrever ou apenas como um transmissor de informações, o mesmo deve ser uma maquina que interage com o aluno, fazendo com que haja construção de conhecimento. O computador possui um grande papel dentro do ambiente escolar, o papel de potencializar o processo de aprendizagem, possibilitando este fato de uma maneira moderna, lúdica e interessante. Não há como viver alheio à utilização da informática. Os processos de informação e informatização estão cada vez mais presentes em todas as atividades humanas, por isso a informática deve ser utilizada cada vez mais no processo educativo, pois além de uma excelente ferramenta educacional e um instrumento mediador da construção do conhecimento, é uma tecnologia indispensável para o desenvolvimento das atividades humanas no século 21. 30 4 - A INFORMATICA EDUCATIVA NAS SERIES INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL Uma das tentativas de se repensar a educação tem sido feita por intermédio da introdução do computador na escola. Entretanto, a utilização do computador na educação não significa, necessariamente, o repensar da educação. O computador usado como meio de passar a informação ao aluno mantém a abordagem pedagógica vigente, informatizando o processo instrucional e, portanto, conformando e fossilizando a escola. Na verdade, tanto o ensino tradicional quanto sua informatização prepara um profissional, de modo a não se tornar obsoleto. Com isso, o computador tem provocado uma revolução na educação por causa de sua capacidade de "ensinar". Existem várias possibilidades de implantação de novas técnicas de ensino e contamos, hoje, com o custo financeiro relativamente baixo para implantar e manter laboratórios de computadores, cada vez mais exigido tanto por pais quanto por alunos. A informática trouxe benefícios para o setor educacional, onde houve uma maior interação entre aluno/professor/computador, tornando o mesmo, um recurso no processo de mediação do conhecimento. O trabalho a ser desenvolvido com alunos das séries iniciais do ensino fundamental, sugere o uso da informática como fonte inovadora do processo de aprendizagem, visando um melhor aproveitamento e rendimento das atividades desenvolvidas. (VALENTE, 1993). A utilização da informática na área da educação é mais complexa do que a utilização de outro recurso didático conhecido, sendo muito diferente em função da diversidade dos recursos disponíveis. É possível se comunicar, pesquisar, criar desenhos, efetuar cálculos e muito outras ações. Segundo GATTI (1993), a introdução dos microcomputadores na sala de aula pode representar uma possibilidade mais eficaz de lidar com alguns tópicos do ensino, e que o enriquecimento constante dessa tecnologia talvez permita ampliar e flexibilizar a sua utilização enquanto instrumento de ensino e aprendizagem, podendo ainda o professor fazer modificações importantes e interessantes e alterar o próprio processo de aprendizagem. 31 O computador é a ferramenta que permite ao aluno realizar uma série de tarefas, das mais simples, como produzir uma carta, até as mais complexas, como a resolução de problemas sofisticados em matemática e ciências. Nesse sentido, o computador passa a ter uma função maior do que simplesmente passar informação, o mesmo passa a ser uma ferramenta em que o aluno usa para realizar uma tarefa. Nessa situação o aluno descreve as suas ideias para a máquina (na forma de um programa), em seguida, a máquina executa "essa ideia" e o resultado pode ser analisado. Se o resultado não é o esperado, certamente o aluno será instigado a refletir sobre o seu trabalho. Do mesmo modo, o professor, através do trabalho do aluno, terá mais recursos para entender o que o aluno conhece e o que desconhece sobre um determinado assunto, conhecer o estilo de trabalho do aluno, bem como seus interesses, frustrações. (VALENTE, 1993). O computador é constituído por uma linguagem lógico-simbólica, não é correto que prematuramente force a criança a pensar de forma abstrata sem ainda estar vivendo o período das operações formais. Segundo Papert (1988) o uso de computadores por estudantes, que devem aprender a usá-lo o quanto antes, pois correm o risco de ficarem atrasados em relação aos alunos que fazem uso do computador de forma efetiva, considerando-se o avanço tecnológico e os benefícios dessa utilização para a aprendizagem humana. Por outro lado, o computador apresenta recursos importantes para auxiliar o processo de mudança na escola: a criação de ambientes de aprendizagem que enfatizam a construção do conhecimento e não a instrução. Isso implica entender o computador como uma nova maneira de representar o conhecimento, provocando um redimensionamento dos conceitos básicos já conhecidos e possibilitando a busca e compreensão de novas ideias e valores. Usar o computador com essa finalidade requer a análise cuidadosa do que significa ensinar e aprender demanda rever a prática e a formação do professor para esse novo contexto, bem como mudanças no currículo e na própria estrutura da escola. (José A. Valente NIED-UNICAMP e CED-PUCSP). O computador é apenas uma ferramenta, sozinho, não é capaz de trazer avanços educacionais. Uma escola que resolve utilizá-lo como recurso didático necessita de bons professores, os quais estejam preparados e 32 treinados para utilizar os recursos oferecidos por este sistema tecnológico de forma significativa. (VALENTE, 1999) Diante disto percebe-se que a utilização de qualquer software para os alunos usarem não traz benefícios algum e não gera aprendizado. É importante que a escola tenha um projeto pedagógico que envolva a utilização do computador e seus recursos. O aluno não pode ser um mero digitador, mas sim, deve ser estimulado a produzir conhecimentos com o uso do computador. Neste sentido, o professor deve agir como um orientador do projeto que está sendo desenvolvido. Entre os softwares úteis à educação escolar podemos destacar o Sherlock, por sua proximidade com a realidade e a qualidade atribuída a ele em várias experiências em sala de aula. Trata-se de um software desenvolvido por David Carraher, professor doutor e sociólogo da UFPE onde o detetive Sherlock Holmes das historias policiais é desafiado a desvendar palavras que completam o texto. O Sherlock é apenas um exemplo de inúmeros outros existentes. Programas de processamento de texto, planilhas, manipulação de banco de dados, construção e transformação de gráficos, sistemas de autoria, calculadores numéricos, são aplicativos extremamente úteis tanto ao aluno quanto ao professor. Talvez estas ferramentas constituam uma das maiores fontes de mudança do ensino e do processo de manipular informação. As modalidades de softwares educativos descritas acima podem ser caracterizadas como uma tentativa de computadorizar o ensino tradicional. (VALENTE, 1999). Segundo Valente, o computador pode ser usado na educação como máquina de ensinar ou como ferramenta para ensinar. O uso do computador como máquina de ensinar consiste na informatização dos métodos de ensino tradicionais. Do ponto de vista pedagógico, esse é o paradigma instrucionista. Nesse caso, o computador tem a finalidade de facilitar a construção dessas “paredes", fornecendo "tijolos" do tamanho mais adequado, em pequenas doses e de acordo com a capacidade individual de cada aluno (VALENTE 1999). O conhecimento por meio do computador tem sido denominado por Papert de construcionismo. O termo foi usado para mostrar outro nível de 33 construção do conhecimento: a construção do conhecimento que acontece quando o aluno constrói um objeto de seu interesse, como uma obra de arte, um relato de experiência ou um programa de computador (PAPERT, 1986). Como toda tecnologia, a introdução dos computadores na educação apresenta aspectos positivos e negativos. Para que uma instituição escolar introduza a informática, é preciso ter em primeiro lugar um plano pedagógico, onde serão discutidos os objetivos de sua utilização como ferramenta educativa e a escolha do software educativo que possa ser usado para ajudar a atingir mais fácil e eficientemente os objetivos educacionais, não deixando, portanto, que o computador se torne um brinquedo. Contudo, a informática na escola é fundamental, tanto para alunos quanto para professores. Essa nova tecnologia tornou-se um importante meio de estudo e pesquisa. Os alunos do ensino fundamental ao utilizarem o computador entram em um ambiente multidisciplinar e interdisciplinar, ou seja, ao invés de apenas receberem informações, os alunos também constroem conhecimentos, formando assim um processo onde o professor educa o aluno e ao educar é transformado através do diálogo com os alunos. (LEVY, 1994). Cada geração inventa, cria, inova e a educação tem seu processo também de criação, invenção e inovação, principalmente no campo do conhecimento. É preciso evoluir para se progredir, e a aplicação da informática desenvolve os assuntos com metodologia alternativa, o que auxilia o processo de aprendizagem. O papel então dos professores não é apenas o de transmitir informações, é o de facilitador, mediador da construção do conhecimento. Logo, o computador passa a ser o "aliado" do professor na aprendizagem, propiciando transformações no ambiente de aprender e questionando as formas de ensinar. A informática então, a serviço de um projeto educacional, propicia condições aos alunos de trabalharem a partir de temas, projetos ou atividades extracurriculares. O computador é apenas e tão somente um meio onde desenvolvemos inteligência, flexibilidade, criatividade e inteligências mais críticas. (FLORES, 1996). 34 CONSIDERAÇOES FINAIS O presente trabalho buscou por meio de estudos dos autores mencionados, esclarecer a importância da utilização da informática como complementação e expansão da aprendizagem. Neste sentido, a utilização dos espaços informatizados e de suas novas tecnologias de informação, além de aprimorar as aulas, tornou-se uma poderosa ferramenta pedagógica utilizada na construção da aprendizagem dentro das escolas. A Informática educativa pode e deve fazer parte do projeto político pedagógico da escola, projeto esse que define todas as pretensões da escola em sua proposta educacional. A utilização do computador dentro de sala da aula, mesmo nas tarefas mais simples, como desenhar na tela, escrever um texto, etc..., são suficientemente ricas e complexas, permitindo o desenvolvimento de uma série de habilidades que ajudam na solução de problemas, levando o aluno a aprender através de seus erros. Isto contribuirá para o desenvolvimento de sua autoconfiança, ou seja, dar a capacidade da criança viver em uma sociedade cada vez mais permeada pela tecnologia, crescendo com o sentido que são elas que devem controlar as máquinas e não o inverso. Quando se fala de educação e de tecnologia, propõe-se mostrar a importância desta no ensino. O educador tem que centralizar as necessidades do aluno e a partir delas, conscientizar-se que os recursos tecnológicos precisam ser vistos como auxílio à educação e a sociedade, para ascensão do homem, provendo assim a obtenção do aprendizado contextualizado. É evidente que os professores precisam romper com práticas arcaicas e repensar o fazer pedagógico, como um profissional crítico, questionador de sua própria prática. No contexto de uma sociedade tecnológica, a educação exige uma abordagem diferenciada. Sabe-se, contudo, que o objetivo principal do professor é promover a aprendizagem. Por isso, é imprescindível que os professores percebam a necessidade de se apropriarem das novas tecnologias de forma crítica, criativa e construtiva. Neste contexto, o professor, para assumir novas tarefas e responsabilidades, 35 deve possuir novos conhecimentos, comportamentos e atitudes que modifiquem sua prática pedagógica. A formação do professor deve prover condições para que ele construa conhecimento sobre as técnicas computacionais, entenda por que e como integrar o computador na sua prática pedagógica e seja capaz de superar barreiras de ordem administrativa e pedagógica. Assim, cabe ao docente do ensino se inteirar e se adequar às tecnologias que ora se apresentam, pois, a sociedade do conhecimento demanda agora um novo perfil de profissional e uma nova abordagem na prática de transmissão de conhecimentos. Portanto, o professor deve criar condições onde saiba se recontextualizar tanto o aprendizado como as experiências vividas durante a sua formação para a sua realidade de sala de aula, compatibilizando as necessidades de seus alunos aos objetivos pedagógicos a que se propõe atingir. 36 REFERÊNCIAS ALMEIDA, Maria Elizabeth. Informática e Formação de Professores. Brasília 2001. ALMEIDA, Fernando José de. Educação e Informática. Os computadores na escola. São Paulo. 1987. ALTOÉ, Anair. O computador na escola: o facilitador no ambiente logo. Dissertação de Mestrado: Supervisão e Currículo. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 1993. BRASIL. Programa Nacional de Informática Educativa (Proninfe). Brasília, 1989. GATTI, Bernadete. Os Agentes Escolares e o Computador no Ensino. Acesso. São Paulo: FDE/SEE – Ano 4. Dezembro 1999. GOUVÊA, Sylvia Figueiredo. Os Caminhos do Professor na era da Tecnologia – Acesso Revista de Educação e Informática. Ano 9 – numero 1. Abril 1999. 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