CLOWNEWS Comprovado! A alegria é o melhor remédio. São Paulo, março de 2004 - ano IX - nº 37 NEGÓCIO ENGRAÇADO Foto: Cacalo Kfouri Como os Doutores da Alegria fazem empresários e funcionários de empresas desafrouxarem a gravata e darem asas à imaginação. D O U T O R E S D A ® edit rial D O U T O R E S Alegria Imagem/Ana Paula Cavalheiro D A ® Alegria Imagem/Juan Esteves • notas • Caro e atento leitor. Nas bem-traçadas linhas desta edição apresentamos um resumo das atividades do nosso começo de 2004. E já temos muito que comemorar, como por exemplo a chegada de nosso décimo hospital parceiro, o Barão de Lucena no Recife, e a primeira década de vida de nossa palestra institucional. Também apresentamos a pesquisa de nosso Centro de Estudos sobre as organizações que utilizam o palhaço em hospitais no Brasil, a primeira do gênero no país, e falamos rapidamente sobre dois outros hospitais onde trabalhamos. Finalizando a edição, reproduzimos alguns desenhos de nossos murais no Rio e apresentamos de maneira breve o trabalho de importantes entidades do Terceiro Setor. Ufa! Precisaríamos de pelo menos uma dúzia de páginas pra pôr tudo isso. Mas como só tínhamos doze, tivemos que fazer o impossível pra caber tudo. Mas a gente é assim: por você fazemos do nariz coração. Boa leitura! E tcham, tcham, tcham, tcham: em breve o Clownews estará de nome e formato novo. Vocês não perdem por esperar! E íamos esquecendo: nosso site também está de cara nova. Revigorados, nossos narizes vermelhos aguardam sua visita. Acesse: www.doutoresdaalegria.org.br Formação Cidadã Em parceria com a Unesco e a Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social de São Paulo, concluímos em fevereiro nossa colaboração para a formação de Agentes Comunitários de Intervenção em Ambientes Hospitalares. Com base nos princípios éticos e artísticos do nosso programa, a atividade fez parte do projeto Formação Cidadã, que tem como objeto a Aprendizagem em Atividades de Utilidade Coletiva e Comunitária para jovens beneficiários do Programa Bolsa-Trabalho da Prefeitura de São Paulo. Durante 6 meses, 56 jovens receberam capacitação em temas e técnicas relacionados ao universo do palhaço e do hospital, além de estímulo à construção de propostas de intervenções culturais em suas comunidades. Mais areia pro caminhãozinho de nossa expansão cultural... 4o Congresso Humanização Hospitalar Pelo quarto ano consecutivo, em parceria com a Associação Viva e Deixe Viver, Projeto Carmim e Hospital das Clínicas da FMUSP, realizamos em abril em São Paulo nosso Congresso de Humanização Hospitalar em Ação, com o tema: o respeito pelo profissional da saúde para a criação de ambientes hospitalares mais saudáveis. A idéia é que é preciso cuidar do cuidador, pois o profissional de saúde é o grande elo entre a cura e quem dela precisa. Saiba mais em www.humanizacaohospitalar.com.br ou pelo (11) 5055.9314. Alegria Imagem/Fernando Eschich Bloco do Miolo Mole Cabeça dura tem cura, sim senhor! No dia 19 de fevereiro de 2004 o Bloco do Miolo Mole chegou pra ficar. O que era um bando de palhaços querendo fazer barulho nas ruas do Recife Antigo virou o Bloco Mais Bobo do Mundo. Mais de 250 foliões sem vergonha nenhuma botaram o miolo pra fora e deram a largada para a temporada carnavalesca pernambucana antes mesmo do Galo da Madrugada cantar. CLOWNEWS • Conselho Editorial: Paulo Marra • Thaïs Ferrara • Wellington Nogueira Textos, Coordenação e Edição:Zernesto Pessoa MTb 19.868 [email protected] Projeto Gráfico e Produção: Orlando Pedroso (11) 3088-7224 [email protected] Fotos: Juan Esteves (11) 3826-6997 • Cecília Laszkiewicz (11) 9686 2609 [email protected] Colaboraram nesta edição: Edson Lopes, Fernando Escrich, Gabriel El’Bredy, Luiz Fernando Bolognesi, Renata Zulli e Sávio Moll. Tiragem: 12.000 exemplares • recife • Barão de Alegria! Alegria Imagem/Fernando Eschich Mais lançamento de palhaços no Recife! Desta vez direto da base cômica do Hospital Barão de Lucena, onde nossos palhaços se encontravam em treinamento e avaliação desde julho do ano passado. O lançamento oficial do nosso programa aconteceu em pleno embalo pré-carnavalesco (por que será...?) de 2004, no dia 18 de fevereiro, puxado pelo Bloco do Miolinho Mole, criado por nossos palhaços e integrado, além deles, por crianças internadas, seus pais e profissionais de saúde do hospital. Folia com direito a cortejo, instrumentos musicais, frevos carnavalescos e até estandarte. Contágio total e imediato – de alegria. Com a chegada ao Barão de Lucena, para orgulho de nossos narizes vermelhos, passa ser de dois dígitos o número de hospitais visitados por nós em três capitais brasileiras: 6 em São Paulo, 2 no Rio de Janeiro e agora 2 no Recife. 10 no total. Barão é dez! Hospital Barão de Lucena Nosso mais novo parceiro pernambucano é um hospital público da Rede Estadual da administração direta, com 100% dos seus leitos dedicados ao SUS. A passos largos, vem cumprindo com louvor sua missão de “prestar assistência médico-hospitalar universal da melhor qualidade, atender com dignidade seus clientes e contribuir para a formação de novos profissionais de saúde”. Nosso sério interesse em brincar por lá pode ser facilmente compreendi- De Clara Clarabela, Micolino e Mary En todo Barão de Lucena tem um pouco. do se nos debruçarmos sobre o alto nível das conquistas do Barão de Lucena em diversos níveis médicohospitalares. Ele é reconhecido como Hospital Amigo da Criança (pela UNICEF e Ministério da Saúde), Referência para Atendimento à Gestante de Alto Risco, Maternidade Credenciada para Atendimento à Gestante Soropositiva, Centro de Referência Estadual para Terapia Renal Substitutiva e Centro de Alta Complexidade em Oncologia, todos pelo Ministério da Saúde. Não é pra se sentir honrado em colaborar com este trabalho? Os números são igualmente significativos: 1898 servidores, 315 leitos, 33 consultórios, 9 salas no Bloco Cirúrgico, 4 salas de parto e 3 de cirur- gia no Centro Obstetrício, 3 salas no Bloco Cirúrgico Ambulatorial, 4 leitos na UTI Adultos, 10 na Neonatal, 10 na UCI (Unidade de Cuidados Intermediários) e 8 na Unidade de Recém-Nascidos. Ufa! E agora, com a recém-criada ala de Besteirologia, então... não restará leito triste sobre leito triste... Bem-vindo, Hospital Barão de Lucena! A vós estendemos nosso avental de palhaço. Hospital Barão de Lucena Avenida Caxangá 3860 / Iputinga 50670-000 / Recife / PE (81) 3453.3566 / Fax (81) 3453.3555 [email protected] Alegria Imagem/Cacalo Kfouri • palestras • capa • • Multiplicando Alegria “O hospital também é uma empresa. E muita empresa também pode ser vista como um hospital. Porque tem muita doença sendo cultivada nas relações.” Assim Wellington Nogueira (Dr Zinho), nosso Coordenador Geral, resume sua percepção sobre o papel de nossa palestra institucional, que completa dez anos em 2004. A palestra apresenta, em caráter interativo, um resumo da filosofia e dos valores de nosso trabalho: o poder da presença inusitada do palhaço em meio à adversidade e a importância da alegria como estado gerador da criatividade e da transformação dos obstáculos em recursos. Conduzida por nossos bestei- rologistas, alia informação e entretenimento, tem duração média de 80 minutos e vem sendo apresentada em empresas, congressos, hospitais e eventos especiais em todo o Brasil e até em outros países da América Latina. Há na palestra uma grande razão institucional de ser, que é ampliar o alcance de nossa missão a novos públicos, em formatos condizentes com cada um deles. Dr. Zinho pergunta: “Por que a gente acredita tanto em fazer isso? Primeiro, porque todos nós palhaços que entramos no hospital tivemos nossos valores de vida transformados pela experiência. Nós somos no máximo 40. Por que conter essa possibilidade, essa força, para 40 indivíduos? Por que não ampliá-la para públicos maiores? Segundo, pela disseminação, que também é o caminho de volta do palhaço, é uma forma de devolver, contar para as pessoas o que realmente acontece, o que a gente quer dizer com o palhaço no hospital, que tipo de palhaço é esse e o que ele realmente faz. Desvendar esse mistério para os outros.” Uma consequência importante disso é que “um grande número de pessoas passa a nos entender melhor, algumas das empresas acabam até se tornando nossas parceiras”, conta Ângelo Brandini (Dr. Zorinho), nosso Coordenador de Difusão Cultural. Origens Como muito que vem do palhaço, a palestra surgiu de maneira casual. Segundo Wellington, “ela nunca foi planejada, é fruto de uma total demanda espontânea. Que tenha havido um primeiro convite é que foi a surpresa. Num ano recebemos convite para uma, no outro para duas, no outro quatro, depois dez e assim por diante.” A partir desses pedidos foi então criada uma estrutura de atendimento, mínima, mas que vem dando conta do recado: no ano passado conseguimos atender a mais de cem convites. É claro que, como consequência, a função captadora de recursos da palestra passou com o tempo a ser significativa, embora nunca tenha sido o motivo inicial. O que buscamos é levar às empresas o mesmo olhar do trabalho no hospital, ouvindo as necessidades de cada uma e nos adaptando a elas. Já após as primeiras apresentações, pudemos ver o crescente interesse das empresas pelos conceitos com que trabalhamos nos hospitais. Um deles é o olhar diferente do palhaço, que confere função nova àquelas mesmas coisas de sempre. “Dentro do hospital isso tem que ser feito o tempo todo, já lidávamos com isso. O que desconhecíamos era a utilidade deste olhar dentro de uma empresa”, afirma Ângelo. Outro conceito trazido do palhaço é o de transformar obstáculos em recursos: “ele precisa disso para poder fazer o seu trabalho. Para o palhaço, quanto mais dificuldades ele encontra, melhor. Esse é um dos pontos centrais da palestra.” Finalmente, a questão da alegria: “é o mais importante em tudo: na vida, no trabalho, na família... Seria possível imaginar a inclusão de alegria num planejamento?”, completa o Dr. Zorinho. A configuração dinâmica e despretensiosa, acreditamos, tem sido um fator principal de diferenciação de nossa palestra: “Ela foi e é até hoje construída com a participação da platéia. É apenas um encontro feliz; não é fórmula para nada, não é receita de sucesso, é apenas a nossa história, ilustrada. Não tenho a mínima idéia se ela é, por exemplo, uma palestra motivacional ou qualquer outra classificação desse tipo. O que importa é que todos nos divertimos”, comemora Wellington. Para nós, depois de dez anos, muitas reflexões: “Quando iremos definitivamente trabalhar com adultos? Será que já começamos e não percebemos? Perguntas, perguntas... isso é coisa de palhaço. Por isso é difícil falar em receita: o palhaço não dita regras, ele quebra regras. Nunca ousaríamos dizer que há uma maneira certa de fazer isso ou aquilo”, conclui o Dr. Zinho. Palestrados Solicitam nossa palestra empresas de praticamente todos os ramos. Dentro delas, os setores a que mais falamos são os de Marketing, Vendas e Recursos Humanos, onde os conceitos expostos encontram eco imediato. Além disso, nossa intervenção também acaba funcionando como agente sensibilizador para a causa da responsabilidade social, hoje uma questão central para empresas. Nossos besteirologistas palestrantes encontram grandes semelhanças entre a palestra na empresa e o trabalho no hospital. Para Ângelo, “não há o mesmo impacto que no hospital, porque no hospital trabalhamos com pessoas em situação limite, a transformação é forte. Mas na palestra também percebemos surpresa nas pessoas. Surpresa com o al- cance e o impacto do trabalho do palhaço, com a nossa estrutura, a existência de um Centro de Estudos Doutores da Alegria, por exemplo. Isso toca as pessoas”, conta. Para o futuro, novos desdobramentos estão em gestação. Entre as idéias está o que provisoriamente estamos chamando de Um Dia de Alegria, que seria a presença pós-palestra de nossos palhaços durante um dia inteiro nas empresas. Também no forno, uma outra novidade será um formato para escolas, direcionado especificamente ao público estudantil. Multiplicação de alegria. Existe conta melhor? Depoimentos “Foi sensacional a maneira com que os doutores nos transmitiram o poder da imaginação, de como lidar com as coisas nas situações difíceis.” Magazine Luiza “O sucesso do evento foi além das nossas expectativas. A apresentação dos Excelentíssimos Digníssimos Doutores resultou numa chuva de ‘quero mais’. Parabéns e muito obrigada por nos permitirem compartilhar dessa alegre alternativa de enxergar o óbvio que está diariamente ao nosso redor.” ING Bank N.V. “Além da motivação e descontração, nos fizeram pensar como podemos ser diferentes e eficazes.” Convenção Primary Care • salada ao molho clown • Deslumbramento Alegria Imagem/Sylvia Guimarães O leitor já reparou no tanto de coisas com as quais acabamos nos familiarizando e aceitando como verdades, mas que não resistiriam a cinco minutos de reflexão? Olhar o mundo com estranhamento tem o mágico poder de descortinar uma porção de outros mundos! Olhemos com estranhamento para algumas coisas consagradas pela familiaridade: Estamos carecas de ouvir que o “tempo passa”. Isso virou até campanha publicitária de caderneta de poupança! Grande bobagem! Passa por quem, cara pálida? O tempo nos leva como uma onda leva uma prancha de surfe. Somos surfistas na onda do tempo! No momento em que escrevo isto que você lê, são 8h22 do dia 4 de março de 2004, e a humanidade nunca esteve além! Agora mesmo, você, leitor incauto, está surfando na onda do tempo. O instante passado acaba de ficar para trás. E outro instante já ficou; agora outro; e mais outro... Você está sendo atualizado pelo tempo a cada novo instante. Somos bandeirantes do tempo! Ele não pode passar porque você está sentado sobre ele. Vivemos à beira de um precipício: o futuro. E o tempo avança, implacável, empurrando o precipício! Nós permanecemos, curiosos e fascinados, sentados sobre o tempo à beira do mesmo precipício. Na conferência, o Comendador é sempre o centro do universo. Ainda no outro mundo do estranhamento: o que dizer sobre as imagens do universo como uma grande calmaria negra e silenciosa? Estrelas bailando ao som de música suavíssima?! Balela! Gostaria de lembrar ao leitor que esta confortável sensação de repouso que sente enquanto lê esta crônica é pura ilusão! Neste exato momento, nós estamos girando em torno do eixo da terra à uma velocidade de 1.500 km/h. Como se não bastasse, estamos girando ao redor do sol, centro de nosso insignificante sistema solar, a centenas de milhares de km/h. E tem mais: nosso sistema solar, um entre centenas de bilhões, gira em torno do centro da galáxia a uma velocidade descomunal. É, sim, o caso de se segurar na cadeira! É um ritmo de movimento frenético e tresloucado que mais combinaria com o som de uma banda de rock pauleira!. E essa idéia megalomaníaca de que a humanidade é a senhora do planeta Terra?! Gente, o planeta é das bactérias! Nós somos turistas, e de passagem rápida. O planeta nem vai se lembrar de nós. Os nossos ancestrais mais distantes – os homo-erectus - estão por aqui há cerca de 2 milhões de anos! O homo-sapiens há trinta mil anos! As bactérias estão por todo o planeta há 3 bilhões de anos! Elas são perfeitamente adaptadas, estão por toda parte! Vivem no deserto, nas geleiras, dentro dos Alegria Imagem Instantâneo do Comendador no momento em que ele tenta exemplificar a profundidade de seus conceitos. homens e totalmente indiferentes à nossa existência. O mundo começou sem os homens e acabará sem ele! Vou ainda mais longe: Se nosso Deus é feito à nossa imagem e semelhança – um velhinho de longas barbas brancas – então, o Deus de uma bactéria é também uma bactéria! O Deus dos pernilongos é também um pernilongo e assim por diante. Que loucura! Eu me sinto uma uva passa quando penso nessas coisas! Por falar em sentir, aí vem mais pano prá manga! Nossos sentidos nos enganam permanentemente. O leitor sabia que o arco íris do beija-flor tem nove cores? O que nossa visão faz com essas duas cores faltantes?! Ignora solenemente!! Nossos sentidos ignoram mundos inteiros! Vivemos solitários em nossa subjetividade, esse claustro sufocante chamado ego. Um mundo em cada pessoa! E a vida ainda uma unanimidade!! Eterno deslumbramento ante o abismo. Que estranho! por Dr. Comendador Nelson Zabaione (Luiz Fernando Bolognesi) Momento em que o Comendador busca, em sua memória, os melhores argumentos para suas teorias. Ponto alto da conferência: momento em que o Comendador ilustra os limites de nosso sistema sensorial. (*) Transcrição exclusiva da mais importante conferência interativa do Dr. Comendador Nelson Zabaione, livre catedrático em Besteirologia pela Universidade da Tasmânia e especialista em resolução de cálculos renais e biliares com o auxílio de uma calculadora paraguaia. Paralelamente aos estudos no campo da Besteirologia, o incansável Comendador investiga assuntos de vital importância na área da Astrofísica e da Física Quântica, sempre com um enfoque profundamente humanista. Pelas fotos pode-se facilmente comprovar que a participação do público é efetiva. • arteciência • Pesquisa Palhaços em Hospitais/Brasil Edson Lopes Com relação ao perfil organizacional, 53% das organizações se caracterizam como Voluntárias, 18% como Associações, 14% como ONGs, 8% como Públicas e 6% como Comercial/Privada. Quase metade delas têm sedes próprias e cerca de um terço possui regulamentação jurídica. São jovens: a maioria tem entre 3 e 5 anos de vida. A pesquisa Os projetos e intervenções artísticas em hospitais estão voltados a crianças e adolescentes (28%), familiares e acompanhantes (19%) e profissionais de saúde (18%). Grupos que desenvolvem atividades para adultos, idosos e excepcionais são 34% do total e 40% das equipes trabalham em apenas um hospital. Atuam com freqüência semanal, geralmente de 1 a 2 vezes por semana (58%), em duplas (34%) ou trios. Quanto à formação específica, chamou a atenção a declarada satisfação de todas as equipes com sua própria qualidade artística, sendo que dois terços delas não conta com nenhum profissional com passagem por cursos de artes cênicas. Mapeados 23 estados brasileiros, verificou-se que a maior parte das iniciativas está concentrada na Região Sudeste (60%), principalmente em São Paulo e no Rio de Janeiro. Entre as que responderam integralmente nosso questionário, 20% estão no Nordeste, 14% no Sul e 6% no Centro-Oeste. Apenas 5 organizações afirmaram criar projetos e organizar atividades consultando interesses e valores dos hospitais. Mas, apesar de serem raras as formalizações de contratos, cerca de metade das equipes consultadas declararam ter suas práticas artísticas e seus efeitos periodicamente avaliados pelos hospitais ou No começo era só o Dr. Zinho (Wellington Nogueira). De 1991, ano em que ele iniciou seu trabalho, até hoje, as atividades que utilizam o palhaço em hospitais vêm crescendo sem parar – no Brasil e no mundo. Para mapear essas iniciativas, conhecer suas finalidades, modos de atuação, organização e métodos de trabalho, nosso Centro de Estudos realizou em 2003 a pesquisa Palhaços em Hospitais - Brasil(*) e o I Encontro de Palhaços de Hospitais, que reuniu em nossa sede representantes de grupos de 7 estados brasileiros para uma conversa sobre ética e expansão dessa atividade. O número de visitas varia muito de organização para organização, segundo a capacidade técnica e financeira de cada uma, quantidade de pessoas envolvidas e de hospitais atendidos. A média anual por grupo gira em torno de 2.700 visitas. Para o futuro, as organizações têm como metas principais o aprimoramento e consolidação administrativos (24%), a expansão (22%) e o desenvolvimento de ações de mobilização de recursos (19%). Curiosamente, o aprimoramento artístico aparece apenas como a quarta prioridade. Do Encontro de Palhaços em Hospitais realizado em nossa sede resultou ainda um documento com cinco propostas coletivas: realização de novos encontros, criação de um fórum eletrônico entre os grupos, estudos para a criação de associações de organizações de palhaços, mobilização de esforços para tornar mais calorosa a relação médico-paciente e fomento à formação de palhaços para hospitais. Os recursos financeiros de 19% das organizações vêm de investimento próprio de seus integrantes. As que recebem financiamento de empresas são 14%, metade delas através de leis de incentivo. Além disso, a realização de cursos ou eventos e a comercialização de produtos completa ainda o orçamento de 15% das equipes. Em seu último livro, Boas Misturas, Morgana Masetti, coordenadora de nosso Centro de Estudos, vê o trabalho de palhaços em hospitais como uma possibilidade de ressignificação da prática médica e do espaço hospitalar. Em contraponto com a pesquisa aqui apresentada, poderíamos perguntar: O alto número de grupos de palhaços em Alegria Imagem/Orlando auto-avaliados. Nestas, a dificuldade financeira (38% dos casos) é o que mais aparece como empecilho a uma maior freqüência em hospitais, compras de materiais ou acréscimo de leitos atendidos. Entre as dificuldades apontadas também estão a relação com o hospital e/ou o profissional de saúde, a falta de suporte artístico e material, a baixa disponibilidade dos artistas e o desgaste e/ou falta de preparo emocional. hospitais existente hoje no Brasil representa um esforço real de construção dessas ressignificações? A partir das informações trazidas pela pesquisa e pelo Encontro de Palhaços, podemos ver a formação artística como o grande desafio atual – não só para as organizações de palhaços, mas também para as instituições formadoras (de artistas e profissionais de saúde) e os hospitais. Sem uma bem costurada aliança entre estas instâncias, ainda díspares quanto à compreensão deste processo, acreditamos que a ressignificação dos espaços e relações hospitalares poderá não passar de boa intenção. (*) Apesar de nossos pesquisadores-palhaços terem notícias de 180 iniciativas no país, só foi possível entrar em contato com 111 delas, com devolução de apenas 57 questionários integralmente respondidos. A íntegra da pesquisa está em www.doutoresdaalegria.org.br. O mapeamento dos grupos internacionais, segunda etapa do trabalho, já se encontra em andamento e em breve será também disponibilizada. • hospitai parceiros • Alegria Imagem/Thaïs Ferrara Hospital do Câncer Pioneiro no Brasil e referência na especialidade, o Hospital do Câncer A. C. Camargo há 50 anos oferece tratamento de qualidade, com respeito aos direitos humanos e atendimento digno. Trabalha com um índice médio de cura de 60%, semelhante aos dos melhores centros internacionais. Possui um quadro de cerca de dois mil profissionais, que atendem gratuitamente por ano mais de 180 mil pessoas de todo o país e da América Latina. Também é líder em pesquisas para o tratamento e combate ao câncer. É visitado por nós desde 1996. Rua Professor Antonio Prudente 211 Liberdade 01509-010 - São Paulo - SP (11) 3272.5000 www.hcanc.org.br Alegria Imagem IPPMG Especializado no atendimento a crianças e adolescentes, o IPPMG - Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira é um hospital público ligado à Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). São 50 anos de vida voltados ao ensino, pesquisa e atendimento prioritário à população carente. Considerado referência no atendimento a pacientes em estado grave, tem como filosofia não perder de vista a importância e a necessidade de desenvolver atividades assistenciais ligadas à atenção primária. É visitado por nós desde 1998. Av. Brigadeiro Trompowsky s/n Ilha do Fundão 21941-590 – Rio de Janeiro - RJ (21) 2562.6151/6152 www.ippmg.ufrj.br • rio • Doutores da Alegria Enquanto isso, no balneário... visite nosso site www.doutoresdaalegria.org.br São Paulo Sede Administrativa Rua Alves Guimarães 73 05410-000 - Pinheiros - São Paulo - SP (11) 3061.5523 [email protected] Rio de Janeiro Rua Senador Dantas 80 sala 1807 20031-201 - Centro - Rio de Janeiro - RJ (21) 2532.1453 [email protected] Recife Av. Eng. Domingos Ferreira 2215 sala 102 51020-031 - Boa Viagem - Recife - PE (81) 3466.2373 / 3463.0866 [email protected] Central de Sócios-Mantenedores 0800 7710902 [email protected] Centro de Estudos Doutores da Alegria [email protected] Assessoria de Imprensa Paulo Marra – (11) 3258.4780 [email protected] Aqui tem Doutores da Alegria São Paulo Hospital da Criança Hospital do Câncer Hospital do Mandaqui Hospital Santa Marcelina Instituto da Criança Instituto Emílio Ribas Rio de Janeiro I.P.P.M.G. Hospital Municipal Jesus Recife Hospital Barão de Lucena Hospital da Restauração Patrocínio Apoio Institucional • caminhos do meiO • Iniciativas para um Brasil melhor Conheça. colabore, participe! ADUSEPS Associação de Defesa dos Usuários de Seguros, Planos e Sistemas de Saúde A ADUSEPS conscientiza, educa e defende, inclusive em juízo, os interesses dos usuários dos serviços público e privado de saúde, fiscalizando suas políticas e discutindo com segmentos da sociedade alternativas para a melhoraria do atendimento no Sistema Único de Saúde. Integrada por médicos, advogados e assistentes sociais, é a única entidade no Brasil a atuar neste setor. Rua Henrique Dias 145 / Boa Vista 50070-140 / Recife / PE (81) 3423.5567 www.aduseps.org.br Cais do Parto Centro Ativo de Integração do Ser Fundo Angela Borba de Recursos Para Mulheres O Cais do Parto trabalha diretamente na orientação e capacitação de mais de seis mil parteiras das regiões Nordeste e Centro-Oeste. Sua missão é articular e mobilizar grupos de parteiras para que sejam garantidos os direitos públicos, políticos e sociais da profissão, viabilizando a mescla entre ciência e tradição. Fornece apoio psicológico e orientação a meninas de rua e casais que estão em período de gravidez ou pós-parto. O Fundo Angela Borba de Recursos para Mulheres luta pela construção de uma sociedade onde homens e mulheres tenham igualdade de direitos e a diversidade seja respeitada. Capta e distribui recursos dentro de critérios específicos, oferece consultoria a fundações e empresas, capacita grupos e cria parcerias que fortaleçam as iniciativas de organizações e mulheres cujos projetos beneficiem mais mulheres em todo o Brasil. Rua Maria Ramos 1212 / Bairro Novo 53030-050 / Olinda / PE (81) 3429.3204 www.caisdoparto.org.br Rua Jardim Botânico 610 casa 7 / Jardim Botânico 22461-000 / Rio de Janeiro / RJ (21) 2512.2220 www.angelaborbafundo.org Casa das Palmeiras Movimento Nacional de Meninos e Meninas de Rua Associação Lua Nova A Associação Lua Nova trabalha com mães e gestantes em situação de risco, geralmente ainda adolescentes, usuárias ou não de drogas, com vidas fortemente marcadas por experiências de abandono familiar precoce, violência, abuso sexual, marginalização e dificuldade de inserção social. Na Lua Nova elas podem criar seus filhos em ambiente seguro e com estabilidade psíquica e social. Fundada pela Dra. Nise da Silveira há quase cinquenta anos, a Casa das Palmeiras assiste pessoas com problemas de esquizofrenia, tratando-as através da arte. Psicólogos, monitores e estagiários interagem com os pacientes em ateliês artísticos de pintura, modelagem, trabalho em madeira e bordados, entre outros. As famílias dos pacientes também participam, através de atividades teatrais, musicais e eventos comemorativos. O MNMMR é composto de uma rede de educadores e voluntários que participa de forma crítica e ativa na elaboração de leis e políticas públicas para a infância e adolescência. Está presente em 24 estados e no Distrito Federal, tem mais de cinco mil meninos e meninas filiados e conta com cerca de 800 educadores voluntários. Seu principal objetivo é mobilizar meninos e meninas para a ampla e irrestrita defesa de seus direitos. Rua José Batista Martins 170 18190-000 / Araçoiaba da Serra/ (15) 281-1937 / 234.597 www.luanova.org.br Rua Sorocaba 800 / Botafogo 22270-010 / Rio de Janeiro / RJ (21) 2266 6465 www.casadaspalmeiras.org.br SHIGS 703 Bloco L Casa 42 / Asa Sul 70331-712 / Brasília / DF (61) 226-9634/9627 /4369 www.mnmmr.org.br