UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE Treinamento: Custo ou Investimento em Capital Intelectual Por: Valéria Braga Tavares Orientador Prof. Celso Sanches Rio de Janeiro 2004 2 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE Treinamento: Custo ou Investimento em Capital Intelectual Apresentação de monografia à Universidade Candido Mendes como condição prévia para a conclusão do Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” em Pedagogia Empresarial Por: Valéria Braga Tavares 3 AGRADECIMENTOS ....Primeiro quero agradecer aquele que não podemos ver, mas que está presente em nossas vidas dando-nos força, saúde, sabedoria e paz de espírito; DEUS ! E a todos que tiveram presentes neste período da minha vida e que de alguma forma contribuíram e me incentivaram para realização de mais um sonho de minha vida. Muito abrigada!.... 4 DEDICATÓRIA .....Dedico esse trabalho a um grande amigo administrador Carlos Max, cujo seu talento e entusiasmo profissional, me motivou a desenvolver este tema, e que sempre acreditou incentivando-me no meu potencial, para que eu desistisse de meus sonhos....... não 5 “ A vida é um corredor reto e tranqüilo que nós pecorremos livres e sem empecilhos, mas um labirinto de passagens, pelas quais nós devemos procurar nosso caminho, perdidos e confusos, de vez em quando presos em um beco sem saída. Porém, se tivermos fé, uma porta sempre será aberta para nós, não talvez aquela sobre a qual nós mesmos nunca pensamos, mas aquela que definitivamente se revelará boa para nós.” A. J. Cronim. 6 RESUMO Hoje o capital humano das organizações é composto por pessoas, que vão desde o mais simples operário ao seu principal executivo. E, é este o principal diferencial competitivo das organizações bem sucedidas. Gestores das organizações devem estar atentos para as necessidades de treinamentos nos setores, nas quais irá trazer retorno tanto para empresa quanto para o profissional treinado em um determinado treinamento. Diante deste fato que vem crescendo e sendo assunto de pauta nas grandes e pequenas organizações, é que surgiu o interesse do tema desta pesquisa que é o treinamento ser um custo ou investimento no capital intelectual das empresas. Inicialmente, esta pesquisa discutirá sobre como se deu a evolução do treinamento no meio organizacional, a influência das transformações do mundo globalizado em rumo ao diferencial competitivo. Chamando a atenção para a importância da valorização e do desenvolvimento do capital intelectual, como principal fator hoje para que a empresa tenha seu diferencial. Destacando ainda o treinamento como um processo de educação. Um aprendizado contínuo e não apenas um treinamento técnico. Pretendendo assim, informar o valor e a importância do treinamento nas organizações com o objetivo de conscientizar que é investimento e não custo tanto para empresa quanto para o funcionário. METODOLOGIA 7 Os métodos que levam ao problema proposto e a resposta foram: pesquisa bibliográfica e observação do objeto de estudo. A pesquisa foi realizada através de utilização de resenhas e resumos retirados de livros, textos extraídos da internet e artigos de revistas. As instituições que cederam os materiais para pesquisas bibliográficas foram: Biblioteca da Universidade Candido Mendes e a Biblioteca da Universidade Corporativa da Petrobras. Foram observadas como objeto de estudo as seguintes organizações: empresa de petróleo PETROBRAS e empresa de transportes de dutos e terminais do sudeste, subsidiária da Petrobras – TRANSPETRO. SUMÁRIO 8 INTRODUÇÃO 09 CAPÍTULO I 12 Organizações 12 CAPÍTULO II 19 Capital Intelectual 19 CAPÍTULO III 26 Treinamento 26 CAPÍTULO IV 37 Custo ou Investimento 37 CONCLUSÃO 42 ANEXOS 44 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 53 ÍNDICE 56 9 INTRODUÇÃO O capital humano das organizações é composto por pessoas que vão desde do mais simples operário ao seu principal executivo, portanto hoje os gestores das organizações devem estar atentos para as necessidades de treinamentos nos setores, nos quais irão trazer retorno tanto para empresa quanto para o profissional treinado. Não adianta nada você ter a melhor estratégia, o melhor serviço, o melhor canal de distribuição e não ter pessoas comprometidas com a empresa, atuando da maneira que se espera. E como cada pessoa fica sabendo o que se espera dela, que tipo de atuação é necessária frente aos clientes? Através do treinamento. A música da dupla Sandy & Junior – “Vamos pular!”. Pois então, deveria existir uma versão dela assim: “Vamos treinar, vamos treinar, vamos treinar, vamos treinar!” A música em questão deve ser conhecida por muitos, portanto quando se lê esta frase repetitiva, não é nenhuma loucura, é sim para consolidar a idéia de que é fundamental, hoje empresas treinar e desenvolver seu capital humano, pois é ele que fará o diferencial competitivo da organização. Sendo este fato muito discutido hoje nas organizações e com o questionamento do treinamento ser um custo ou investimento, assim surgiu o interesse por este trabalho com o objetivo de contribuir para o entendimento, que treinar trás retorno a empresa e a valorização do capital humano. Portanto, é fundamental para que as organizações tenham seu diferencial e o próprio colaborador também, tornando ambos bem sucedidos no mercado. Este trabalho baseou-se no enfoque do processo de treinamento como um investimento, trazendo retorno tanto comportamental quanto na produtividade das organizações e que não podem ser dispensados nos dias 10 atuais. A maioria das pessoas não está muito interessada em passar anos trabalhando em “apenas um emprego”. Funcionários conscienciosos querem trabalhar para empresas que os apóiem em desenvolver suas habilidades. Eles querem progredir, querem ser bem-sucedidos e querem dar valiosa contribuição para a empresa e, é claro querem ter o seu diferencial. Portanto, não tenha dúvidas: o treinamento é uma das chaves para ter uma equipe altamente qualificada, que gera resultados positivos nas organizações. Paralelamente, serão discutidos aspectos teóricos sobre o treinamento na organização, a evolução do treinamento aliada à evolução industrial, também abordando a importância da atualização dos colaboradores e gestores nas organizações para que eles possam estar atendendo as necessidades da mesma. A proposta contida neste trabalho é de dar uma contribuição aos gestores de organizações, proporcionando a eles a possibilidade de terem uma nova visão em relação à necessidade de acompanhar as constantes mutações do mercado, e que o treinamento é um recurso ou ferramenta que irá contribuir com o bom desenvolvimento da organização. Destacar para os gestores e colaboradores como é importante treinar e ser treinado, e que cabe a eles buscar saber o treinamento adequado a cada setor, para que ocorra um retorno no investimento que foi feito, não podendo jamais esquecer que tudo isso só poder ser feito através das pessoas – principais elementos de uma empresa, que é o capital intelectual. Outro objetivo desse trabalho é mostrar o capital intelectual como um ativo intangível, em que, não só é uma ferramenta complementar cada vez mais importante, como também, está sendo um novo paradigma desse início do século XXI, já que para a maioria dos negócios, os investimentos em capital intelectual, estão superando o capital físico e o representando as partes mais valiosas das organizações. capital financeiro, 11 12 CAPÍTULO I ORGANIZAÇÕES “Aquilo que escuto esqueço. Aquilo que vejo lembro. Aquilo que pratico realizo .” Confúcio 13 O treinamento tem importância significativa para o desenvolvimento das organizações desde épocas remotas. Antigamente o conhecimento era uma jóia rara. Hoje, cria e transmitem novos conhecimentos, novas tecnologias, e são repassados esses conhecimentos e habilidades para seu semelhante. O conhecimento e a informação à disposição de todos. Ocorre o processo de treinamento nas organizações, ainda que pensando e praticando em formas e estratégias mais pertinentes com a evolução das tecnologias de aprendizagem, e pela qualidade das relações humanas nos diversos ambientes de trabalho. No contexto das organizações, o treinamento surge para solucionar dificuldades que já se faziam presentes no início da industrialização e que a perspectiva taylorista fez revelar. 1.1 – Evolução do Treinamento Segundo, Pontual (1980) para o desenvolvimento das civilizações o treinamento tornou-se fundamental, à medida que o homem desenvolveu uma série de invenções, pois possibilitou a transmissão de conhecimento que tais invenções demandaram. A evolução do treinamento está aliada a evolução da industrialização, este autor trata do assunto evolução do treinamento empresarial, com o objetivo de dividí-lo (o treinamento) em fases, determinando cada momento da industrialização e sua evolução definindo as características da administração e a estratégia existente e o futuro do treinamento. Pontual (1980) se utiliza do modelo discutido no Congresso Internacional de Treinamento e Desenvolvimento realizado na Inglaterra em 1973, no intuito de analisar e compreender a evolução do treinamento nas organizações. Nesse modelo, a industrialização é dividida em cinco fases distintas: Primeira fase – Subdesenvolvimento – apresenta quatro características de administração, tais como: mais ênfase no capital do que na mão-de-obra, 14 mais ênfase na técnica do que na gerência – pouca capacitação é fácil de ser dirigida - horários longos de trabalho e baixos ganhos, e aumento de produção para satisfazer o mercado. Essa fase possuía como estratégia existente e o futuro do treinamento, a plena utilização da mão-de-obra, o início do desenvolvimento da mesma qualificada de acordo com a demanda e procura de mão-de-obra profissional e tecnológica. Na primeira fase a característica do treinamento era o operativo, o instrutor era um trabalhador qualificado ou o supervisor, usavam-se o método de programação não organizada, e a duração dependia do desempenho do treinando, era o início de algum treinamento administrativo. Segunda fase – Em Desenvolvimento – possuía como característica da administração a ênfase na supervisão, estabelecimento de sistemas de administração da produção, divisão do trabalho baseado no seu estudo de trabalho, provisão de incentivos para estabilização da mão-de-obra, desenvolvimento de talentos administrativos e estabelecimento de sistemas de custo e orçamento, e mais responsabilidades atribuídas ao pessoal administrativo. Como estratégia existente e o futuro do treinamento, esta fase estabelecia padrões de mão-de-obra e de trabalho, estudo de tempo e de movimento, fortalecimento do treinamento de mão-de-obra e da estrutura institucional. As características do treinamento na segunda fase era o desenvolvimento de programas de treinamento para supervisores, centros de treinamento da própria organização, treinamentos técnicos, seleção de pessoal para recursos humanos. 15 Terceira fase – Após o Início da Industrialização – possui como características da administração: ênfase nas vendas e desenvolvimento de novos produtos, estabelecimento de centros de lucro de sistemas de compensação, e de sistemas de administração, promoção de engenharia industrial e automatização/automação e a descentralização, e delegação com aceitação dos princípios de gerência por execução. Na terceira fase a estratégia existente e o futuro do treinamento prevêem o aumento da responsabilidade social interna, mão-de-obra requerida para o planejamento de negócios, ênfase na eficiência e avaliação de mão-de-obra, qualidade, quantidade, tempo, supervisão, relações de trabalho e maior ênfase na mobilidade interna. Nessa fase as características do treinamento eram: o programa de treinamento de vendas, desenvolvimento gerencial com a metodologia informativa e vivenciais - tomadas de decisões. Quarta fase - Industrialização Avançada – caracterizava-se administrativamente pela diversificação da produção e das atividades de negócios pelo estabelecimento de sistemas de planejamento, centralização de sistemas de informações administrativas para fins de avaliação, distribuição racional dos investimentos de capital e pelo estabelecimento de sistemas de participação nos lucros e no capital. A estratégia existente e o futuro do treinamento na quarta fase, demanda a formulação de planos de negócios a longo prazo para atender à responsabilidade social, planejamento do desenvolvimento de recursos humanos em longo prazo, estudo de possível mudança de organizações, desenvolvimento de potencial de mão-de-obra na futura força de trabalho, educação através das ciências do comportamento para fortalecimento do desenvolvimento gerencial e promoção do bem estar e benefícios indiretos. 16 Nessa fase as características do treinamento são os planejamentos estratégicos empresariais, solução de problemas e tomada de decisões, e a ênfase na metodologia Kepner-Tregoe. A quinta fase – Pós Industrialização – possui como características da administração atenção a ser dada à responsabilidade social, ênfase na ação rápida, por pequenos grupos gerenciais, criação de pequenos grupos de trabalhos integrados por especialistas, motivação no espírito do grupo mais do que realização individual e melhor comunicação para criação de diretrizes. Quanto à estratégia existente e o futuro do treinamento fala-se em promoção de desenvolvimento organizacional e aceleração da inovação gerencial e patrocínio de seminários de desenvolvimento gerencial. Na quinta fase as características do treinamento são os programas de sensibilidade, o desenvolvimento organizacional, o treinamento nesta fase evoluiu para “picos” de flexibilidade e complexidade de atuação. Com a globalização o papel do treinamento nas organizações se torna um dos recursos importante para a melhoria dos processos de produção, maximizando resultados e, conseqüentemente, atingindo os objetivos das organizações. Tendo uma visão moderna que é o fato do homem ser considerado em toda a sua potencialidade, os aspectos como bem-estar social e satisfação estarão também presentes na preocupação econônico-social, ao se lidar com o trabalhador. Segundo Alvin Toffler: “vivemos na crise final e irreversível da industrialização, à medida que a era industrial entra para a história, nasce uma outra era.” ( Toffler, 2001) 1.2 – Um mundo em transformação 17 Ainda perdura em muitas empresas uma cultura ultrapassada e absoleta a respeito de investir em treinamentos para o seu pessoal. De acordo com essa cultura, as pessoas são consideradas como centros de custos: levar o funcionário à treinamento é necessariamente ter despesas que comprometem seriamente o orçamento da empresa. Devido a mudança no macro ambiente que trouxe desafios, como a rápida expansão dos mercados, novos produtos e processos, novas tecnologias e sobretudo, o surgimento de potências econômicas emergentes como o Japão. Uma nova realidade – a globalização da economia, trouxe novos conceitos, como a qualidade total, a produtividade, a competitividade, como formas de sobrevivências organizacionais. Na virada do século, surge uma nova era a da “informação”. A nova riqueza passa a ser o conhecimento, a ferramenta administrativa mais importante para as organizações. O ambiente tornou-se mutável e em alguns casos instável devido às intensas mudanças sociais, culturais, econômicas e tecnológicas. Para trabalhar com tal complexidade as empresas começaram a investir internamente em seu capital intelectual. Nesse contexto o espírito empreendedor e a criatividade passam a serem fortemente estimulados. As pressões da competição global levam as empresas a uma busca frenética e incessante da inovação e mudança para obtenção de novas formas de vantagem competitiva. Com a visão voltada para o destino e para o futuro da empresa e das pessoas, passa-se a ter necessidade de criar e agregar novos valores. Nessa nova era, o treinamento passou a gerar o diferencial nos negócios das empresas. 18 1.3 – Organizações inteligentes: o diferencial competitivo Dar a devida importância à inteligência é sem dúvida mais barato do que tocar negócios exclusivamente com a força do capital. A base para se competir é a eficiência e, porque não dizer, a inteligência. O empresário que ainda não percebeu essa realidade e que ainda considera a base dos negócios apenas o capital, e não as pessoas, não terão a mínima chance de integrar-se num mercado exigente e extremamente competitivo. Porém as empresas que estão se preocupando mais com a inteligência, maior o seu potencial e quanto mais apurada a qualidade da inteligência, mais alta o grau de tecnologia do empregado no processo, portanto, melhores condições de concorrências. Pois temos consciência que o homem como único ser pensante, dotado de inteligência e sabedoria, será capaz de realizar a manutenção e a produção destas máquinas. 19 CAPÍTULO II CAPITAL INTELECTUAL “ Nossa capacidade de aprender, é hoje o cerne da nossa capacidade de competir. ” June Delano Como já foi discutido no capítulo anterior, estamos vivendo na era da informação, que hoje é chamada de era do conhecimento, onde o trabalho passou a assumir um conteúdo crescente intelectual, com o desenvolvimento do conhecimento e da informação. O conhecimento está se transformando no recurso organizacional mais importante das empresas – o capital intelectual. O capital intelectual é o somatório dos conhecimentos adquiridos pelo indivíduo, fazendo com que ele se torne competitivo no mercado de trabalho. Em um mundo onde, os tradicionais fatores de produção – natureza, capital e trabalho – já esgotaram e exauriram a sua contribuição para os negócios, as empresas estão investindo pesadamente no capital intelectual para 20 aumentarem a sua vantagem competitiva. Criatividade e inovação através de idéias, e idéias provem o conhecimento, e o conhecimento está na mente das pessoas. A gestão do capital intelectual sempre foi um fator decisivo no mundo dos negócios, mas só agora o capital intelectual começa a despertar atenção das organizações, pois estão percebendo que o capital financeiro está cedendo lugar ao capital intelectual. A tendência é que este capital seja mais valorizado do que os ativos imobilizados. Pessoas talentosas serão o bem de maior valor. De acordo com Chiavenato (1999), este é um ativo intangível e de difícil mensuração e avaliação. Realmente, mas o capital intelectual constitui o ativo que mais traz retorno à organização e é indiscutivelmente o principal motor que garante o sucesso organizacional. 2.1 – Da era mecanicista para a era intelectual A evolução industrial, início de toda uma era organizacional lucrativa ocorreu na Inglaterra por volta do ano de 1780, sendo marcada por duas fases: a primeira fase foi chamada de revolução do carvão e do ferro e a segunda fase foi a revolução do aço e da eletricidade. Com a substituição do ferro pelo aço e do vapor pela eletricidade, da calma da produção do artesanato, passou o homem rapidamente para o regime de produção feita através de máquinas, dentro de grandes fábricas. Ao contrário do que se previa na época, as máquinas não substituíram totalmente os homens, mas sim, ocorrem melhores condições de produção. Devido ao crescimento industrial ter sido totalmente improvisado, novo e desconhecido, ocorreram grandes jornadas de trabalho, mão-de-obra barata ocasionada pelo êxodo rural, muitos acidentes e doenças em grande escala. Surge então, o início da divisão do trabalho entre os que pensam e os que executam. Todos esses problemas levaram Taylor, (desenvolver a 21 administração científica), e Weber (burocracia) a estudar o contato direto com os problemas sociais e empresariais. Certamente esta foi uma época voltada mais para as mãos do que para a cabeça do trabalhador. O uso das máquinas transformou radicalmente a natureza de atividade produtiva, a vida organizacional tornou-se mecânica e repetitiva. O trabalho organizacional buscou ao longo de um tempo retirar o poder de participação do trabalhador na realização e no resultado de seu trabalho. Primeiro pondo as máquinas industriais nos lugares das ferramentas artesanais e obrigando-se a sair de sua casa para trabalhar. Depois diminuindo de tal maneira a sua participação no trabalho, através da divisão das tarefas, que o alienasse completamente das “coisas” da administração e utilizasse bem seus braços. Hoje o número de obrigações é muito maior, praticamente não existindo mais fronteiras comerciais e as máquinas... bem, as máquinas todos os concorrentes tem as mesmas. A competição passa a ser ganhar, então por “quem pilota “ a máquina. O modelo “trabalhador-braço” não interessa mais, o que ele tem dentro de sua cabeça é o que fez a diferença. Só que, ao contrario das tangíveis ferramenta de trabalho retiradas pela força do poder econômico, dessa vez, excluindo o processo cirúrgico forçados, o “trabalhador-cérebro “ vai precisar concordar em expor seu intelecto. Nesta mesma linha de raciocínio Peters ( 1995 ) coloca que quando for cada vez mais intelecto e menos materiais, o mundo capital das organizações é a imaginação humana. Bem vindo ao mundo do soft, ao mundo da massa cinzenta. E fique alerta se você ainda pensa que a força muscular define o trabalhador. 2.2 – Definindo o capital intelectual dentro da organização 22 É notório que o conhecimento adiciona valor para a organização, pois a mensuração e divulgação do capital intelectual podem melhorar a imagem e atrair novos investimentos para a organização. A economia da organização baseada no conhecimento e na informação possui recursos ilimitados, nas quais a criação de conhecimento é a fonte de inovações contínuas, de competitividade e sobrevivência final. Com todas as mudanças que as organizações enfrentam por conta do desenvolvimento industrial e por parte das pressões competitivas, os ambientes de negócios está ficando dinâmico e interdependente, sendo que todos os funcionários devem pensar e agir. Portanto, as organizações estão percebendo que os funcionários estão procurando se envolver com treinamentos, conhecimentos, motivação de seus colegas de equipe, dando menos atenção à simples execução dos aspectos técnicos de seu trabalho. O aumento dos profissionais do conhecimento permeia todos os ambientes de negócios. Embora muitos cargos ainda exijam habilidades manuais, eles também requerem conhecimentos teóricos que precisam ser atualizados continuamente. O conhecimento e a habilidade de seu pessoal, é o único capital insubstituível que uma organização possui, a produtividade desse capital depende do quão efetivamente as pessoas dividem sua competência com aqueles que podem usá-la. Há muitas organizações que são quase que voltadas para as informações, como empresas de consultores, bancos, instituições educacionais, empresas de pesquisas, agências do governo, corretoras de ações, enfim uma série de instituições. Nesse sentido as organizações estão exigindo mais, que os funcionários tenham o “conhecimento geral”, à medida que a natureza do valor que elas criam mudam, mais e mais as organizações e 23 os funcionários lidam com materiais, que constituem a minoria, sendo fundamental que as organizações saibam o que é realmente o conhecimento. Para Castilho (1998), o maior enigma é como colocar um preço na informação ou no conhecimento. A prática mais comum ainda é contar o tempo gasto para buscar ou produzir uma informação como unidade de valor. 2.3 – O real valor do capital intelectual O real valor do capital intelectual independe das definições a serem adotadas, no mundo dos negócios é imenso, o resultado é o primeiro padrão de avaliação comum para medir e comparar o crescimento do valor em todos os tipos de uma sociedade, devido à extensão de toda a pose de conhecimento, tecnologia organizacional, experiência aplicada, relacionamentos com clientes e as habilidades profissionais. O capital intelectual pode ser uma nova teoria, mas na prática, está presente há anos como uma forma de bom senso. Ele não engloba somente a capacidade intelectual humana, mais sim, a competência e habilidades dos funcionários, ou seja, o capital intelectual representa uma maneira nova de encarar o valor da organização que no futuro não ficará limitado a desempenhar um papel secundário em relação à contabilidade tradicional. Para Chiavenato (1998) a massa cinzenta humana será a riqueza do amanhã. A moeda do futuro não vai ser financeira, mas o capital intelectual é o que estará na cabeça das pessoas. O talismã do funcionário da era industrial tornou-se um ícone da era do conhecimento – a economia do intangível (o capital intelectual). Ela tem hoje praticamente o mesmo tamanho que a economia tangível, pois a informação sobre o dinheiro tornou-se mais valiosa do que o próprio dinheiro. 24 2.4 - Treinamento como transmissor de conhecimento e valores O treinamento tem relação íntima com o capital intelectual. Porque é através do aprendizado e da experiência que se concretiza num processo de desenvolvimento de novas habilidades e competências. Enfatiza-se que competência é uma combinação de talento com aprendizado. É a atividade responsável que se dedica à transmissão de conhecimentos objetivando suprir deficiências, estimular e desenvolver habilidades/potencialidades visando a um crescimento tanto no aspecto profissional/cultural do indivíduo como da empresa, no que tange à obtenção a manutenção de mão-de-obra mais qualificada e preparada para assimilar e superar desafios. De acordo com este raciocínio, a empresa pode proporcionar ao funcionário uma melhoria profissional, libertando um talento potencial adormecido e oferecendo-lhe a oportunidade, por meio do aprendizado de amadurecer a sua competência e habilidade e desenvolver o capital intelectual cada vez mais. Com conseqüência, a empresa tem enorme possibilidade de colher o seu comprometimento, e a sua dedicação e o aumento da produtividade que gera lucro para a mesma. Concluindo este capítulo, vimos que o capital intelectual é formado pelo conhecimento, pela informação, propriedade intelectual e experiência. Os líderes das organizações precisam focalizar e acumular talento onde houver necessidade seja por meio de contratação, ou seja, por meio da aprendizagem. É neste momento que entra o tema desta pesquisa, o Treinamento, como iremos ver no próximo capítulo. 25 26 CAPÍTULO III TREINAMENTO “As idéias nada podem realizar. Para realizar as idéias são necessários homens que ponham a funcionar uma força prática “ Marx 27 Muito tem se ouvido falar em treinamento, treinar para se gerar mais conhecimento, porque hoje nas grandes empresas o desafio organizacional é a produtividade do conhecimento, que vai levar ao desenvolvimento, e adicionando valores e gerando riquezas para as empresas. E é através do treinamento que as empresas irão criar o seu diferencial. Este capítulo tem o objetivo de esclarecer de forma simples e clara alguns conceitos de que vem a ser treinamento e a relação da aprendizagem contínua no treinamento nos dias de hoje. 3.1 – Conceitos de Treinamento Nas leituras pesquisadas, há uma profusão de conceitos de treinamento, por ser uma palavra que tem muitos significados. Portanto, cada especialista dará o significado que lhe for mais próprio, para alguns autores o enfoque será sobre o ponto de vista da educação, outro terá a visão voltada só para o posto de trabalho, dentro de uma perspectiva mais imediatista e ainda outros que focalizarão em um horizonte mais em médio e longo prazos. No entanto, para que se possa ter uma visão desta profusão de conceitos sobre treinamento, são apresentadas as visões de alguns autores que discutiram o tema e que julgamos serem esclarecedoras. Para Chiavenato (1999, p.294) treinamento é o processo educacional, aplicados de maneira sistêmica, através do qual aprendem conhecimentos, atitudes e habilidades em função de objetivos definidos. Toledo (1986, p.88) treinamento na empresa é a ação de formação e capacitação de mão-de-obra, desenvolvida pela própria organização, com vistas a suprir suas necessidades. 28 Bastos (1994, p.100) a ação educacional na organização deve preocupar-se em integrar, produtivamente, o homem à sociedade, em preparálo para a vida e pela vida. Ressalta que o treinamento é a educação que visa a adaptar o homem à determinada atuação sistemática (profissional ou não). Da mesma forma, desenvolvimento seria a educação que visa ampliar e aperfeiçoar o homem para seu crescimento em determinada carreira ou em sua evolução pessoal. Cardoso (2000, p.127) um programa de educação e treinamento deve ser sempre um processo contínuo e dinâmico, visando sempre promover a melhoria da atuação funcional e a satisfação pelo trabalho realizado. Entendido assim, oferece uma aplicação das possibilidades para que os integrantes possam intervir na organização e no seu processo produtivo. Constatamos através destes conceitos que o treinamento, indica a aprendizagem específica e contínua que, conduzida na escola ou não, antes do trabalho ou durante o mesmo, que ajuda o indivíduo a desempenhar bem suas tarefas profissionais, e a atender as necessidades de produção na empresa na qual esteja atuando. 3.1.1 – Treinamento x Desenvolvimento: T & D É imprescindível o treinamento e o desenvolvimento, é o processo que visa à preparação e o aperfeiçoamento das habilidades dos conhecimentos dos funcionários. O biômio T & D deve ser inseparável, para o crescimento organizacional, pois lidam com a mudança do indivíduo e representa um enriquecimento da personalidade humana. Segundo Chiavenato desenvolvimento de pessoas: há uma diferença entre treinamento e 29 “ Embora os seus métodos sejam similares para afetar a aprendizagem, a sua perspectiva de tempo é diferente. O treinamento é orientado para o presente, focalizando o cargo atual e buscando melhorar aquelas habilidades e capacidades relacionadas com o desempenho imediato do cargo. O desenvolvimento de pessoas focaliza geralmente na organização e nas novas habilidades e capacidades que serão requeridas. Ambos, treinamento e desenvolvimento, constituem processos de aprendizagem. (Chiavenato, 1999, p.295) Na prática, costumamos diferenciar o treinamento do desenvolvimento profissional, na verdade esta diferenciação é conceitual e sutil, pois se prende ao enfoque dado ao seu período de abrangência. Dentro desta linha de raciocínio, enquanto o treinamento se preocupa com os resultados a curto prazo, os objetivos do desenvolvimento são traçados para médio ou longo prazo, justamente porque ele está incutido o crescimento / amadurecimento do indivíduo ao longo do tempo. 3.2 - Quando treinar Como todo grande projeto ou idéia colocada em prática numa empresa, tudo o que se faz pensando em ganho de produtividade e em cooperação de ter total comprometimento e empenho da alta administração. Muitas vezes, isso requer uma mudança de postura das pessoas que comandam uma organização, implicando em alterações na forma de conduzir os trabalhos e como lidar com as pessoas, ou seja, na cultura organizacional. Tudo isso gera resistências e o medo do novo que deverão ser superados para que tudo possa ser feito sem maiores problemas ou obstáculos. Isso não é fácil, pois podemos salientar que os próprios gerentes e diretores de uma empresa devem ter a capacidade de aprender e de enfrentar desafios e mudanças. 30 É quando esta na hora de desenvolver programas de treinamento, para ser trabalhar as atitudes reativas e conservadoras dos funcionários para atitudes proativas, inovadoras e criativas. Mas nem sempre essas necessidades são muito claras e precisam de ser diagnosticadas a partir de certos levantamentos e pesquisas internas capazes de localizá-las , esta é a primeira etapa do treinamento – levantamento das necessidades dentro de uma empresa. A partir em que o treinamento focaliza essas necessidades e carências e as elimina, ele se torna benéfico para os funcionários e para a organização. Deve ser contínuo, constante e ininterrupto, assim se consegue elevado desempenho esperado do treinamento. Mas qual é, afinal, a saída para as empresas que ainda não despertaram para a importância do treinamento? Um grande começo é ter uma área ou função descentralizada de recursos humanos realmente implementada. Depois é reconhecer a importância e o potencial de seu principal patrimônio: as pessoas. A partir daí é ter um processo de T & D (treinamento e desenvolvimento) bem definido abrangendo os seguintes pontos: ter fontes de informações que apresentem a real necessidade de investimento em treinamento, como avaliação de desempenho baseada em resultados e competências; ter um diagnóstico permanente de necessidade de treinamento; e tornar a gestão do treinamento continuamente integrada às estratégias da organização e as demais ações da gestão total de recursos humanos. O passo seguinte é elaborar e executar um plano de treinamento anual ou semestral. A aplicação do plano deve levar em conta aspectos como orçamento, objetivos e estratégias, prioridades organizacionais e o desejo de desenvolvimento dos colaboradores. 31 O treinamento deve ser visto como um processo e não como um evento, por isso a sensibilização das pessoas e de seus superiores da necessidade de retorno do treinamento para a empresa, traduzido em melhores resultados, deve ser uma premissa básica no processo de treinamento. A gestão de treinamento e desenvolvimento na empresa é fundamental para se alcançar esses objetivos. Esse processo não tem nenhuma novidade, é só seguir corretamente a receita clássica: o seu planejamento, a sua organização, o seu controle, a sua execução (treinamento interno, externo, ”in company”, em serviço, a distância etc.), e a sua avaliação. 3.3 – Mais que treinar: Aprender Mudanças sempre ocorrem, a grande diferença atualmente é a velocidade alucinante com que estas estão acontecendo, parte-se daí muitas teorias que enfatizam a necessidade premente de um treinamento constante. Algumas empresas estão preocupadas com a carga horária de seus treinamentos e com outros dados quantitativos que na maioria das vezes se perdem em seus principais objetivos estratégicos, estão focados só em treinar os seus funcionários em suas funções específicas de forma mecânica, não existindo um real compromisso com o desenvolvimento dos mesmos. Estas posturas dificultam e por vezes impedem o desenvolvimento da organização como um todo, aliás, vale a pena lembrar que a organização é composta por pessoas que sentem, pensam e que tem aspirações pessoais que nem sempre estão alinhadas e em consonância com as organizações. Existe uma vontade inata do ser humano em se relacionar a fazer a interação do que sabem, então por que não utilizar este benefício em favor das organizações? 32 Na afirmativa de Paulo Freire (1979), não há homem sem mundo. Com isso, a reflexão e ação implicam o binômio homem-realidade, onde não haverá homem no vazio, sem espaço-temporal e sim homem em um contexto social e cultural preciso. Ele não pode ser reduzido a um objeto da técnica, nem a autômato manipulável, subserviente a um programa do qual não faz parte, não participa. O fato de que a conscientização não pode ocorrer de maneira falsamente intelectual. É preciso que haja reflexão-ação, que haja práxis que transforme a realidade. É exatamente este o ponto central para a sobrevivência das pessoas na empresa e desta no mercado, pois se não estiverem capacitadas a aprender novas habilidades e competências, a locomotiva da mudança irá atropelar a todos. Entretanto não há nada que substitua o engajamento autêntico e a visão pessoal, que surgem quando as pessoas começam a se comprometer com determinadas mudanças no ambiente de trabalho. É uma questão comportamental, as pessoas têm que acreditar em algo que tenha significado pessoal para elas, caso contrário o processo do aprendizado não será mantido. O aprendizado pode envolver algum treinamento, mas vai muito além. Para aprender nos necessitamos de inter-relações e questionamentos mais profundos que são construídos e formulados ao longo do tempo e tem muito a ver com a Cultura Organizacional de cada empresa. O aprendizado sempre acontece quando as pessoas estão as voltas com questões essenciais ou se vêem diante de grandes desafios e atualmente isto acontece de forma muito mais freqüente devido a grande velocidade das mudanças mercadológicas. Portanto, o objetivo de aprender a aprender é o processo da educação por toda a existência, e também que deixe de se restringir à escola e se 33 estenda por todo espaço humano e por todos os tipos de organizações humanas (escolas, empresas públicas e privadas, organizações não governamentais, lazer, meio ambiente, família, vida profissional, sociedade, relações internacionais). Que transforme o ser humano em artífice e de sua própria educação, recorrendo a todos as suas potencialidades nos planos intelectual, afetivo e artístico. E que assegure aos seres humanos iguais possibilidades de êxito. A aprendizagem a disposição de todos, para que cada indivíduo possa atingir seu desenvolvimento. Hoje o treinamento é visto pelas organizações como um educação contínua de nossa experiência pessoal, caracterizada pela observação e prática do dia-a-dia de nossa existência. A educação é um processo árduo, profissional e contínuo. É um vetor da evolução que ,entretanto, isolado não opera mudanças, tem de estar vinculado estruturalmente ao econômico, ao político, ao tecnológico e ao social. Teoria e prática de sucesso em treinamento existe aos montes nos livros e em inúmeros casos de empresas bem sucedidas no Brasil e no mundo globalizado. Mesmo assim as empresas que sofrem da anomalia tradicional do treinamento como custo não conseguem perceber que estão desfocadas das estratégias necessárias ao crescimento no seu mercado e no seu negócio. Elas precisam enxergar, com maior nitidez, a importância e a seriedade do treinamento como “adestramento”, ou seja, somente ensinar a pessoa como fazer o trabalho, sem se preocupar com o “por quê” e o “para quê” fazer. E isso é só um começo, na verdade precisam internalizar outros conceitos que já fazem parte da linguagem dinâmica do mercado: educação continuada, “learning organization”, gestão do conhecimento, universidade corporativa, educação a distância e “on-line”, etc. É, o que para uns será futuro, para outros já é passado. Esse é o movimento do processo permanente de mudança mundial nas organizações. Em treinamento, algumas empresas ainda estão na idade da pedra; outras , já 34 despontam como propagadoras de experiências altamente satisfatórias, avançando e antecipando o futuro. 3.4 – Treinamento de Pessoas – Reflexões e Cuidados É cada vez maior o número de organizações e indivíduos que buscam o aprimoramento pessoal, profissional e institucional. É imperativa esta busca por instrumentos, ferramentas e técnicas para um melhor posicionamento, uma melhor atuação. Este fato se dá, entre tantos outros motivos, em função: • Do enfrentamento da competitividade e das adversidades do mercado; • Da consonância que se deve ter com o mercado (até por uma questão de sobrevivência); • De curiosos, consumidores e clientes cada vez mais exigentes e profissionais; • De turbulências e incertezas internas e externas; • Do correto posicionamento diante da concorrência que também procura - quase sempre sem alardes - o aperfeiçoamento que necessita. É utópico o desejo de participar de um mercado (de pessoas e organizações) tão competitivo e seletivo de forma aleatória, sem um posicionamento e um planejamento estratégico, sem profissionalização em todos os níveis, sem estar municiado de informações e conhecimentos amplos. Em razão disto, uma das ferramentas mais importantes para o desenvolvimento humano e empresarial - e que cada vez mais vem se utilizando com freqüência - é, sem dúvida, o treinamento. É indispensável. Pessoas continuarão empreendimento. sendo o grande diferencial para qualquer 35 Entretanto, não se deve "comprar" treinamentos apenas teóricos com pequena ou quase nenhuma aplicabilidade prática, apenas para engordar o "curriculum" ou ainda, para justificar a aplicação de uma "verba que está sobrando no orçamento". Treinamento não é sinônimo de passatempo. Tampouco é pacote. Deve ser encarado como um grande investimento, deve ser sob medida, atendendo necessidades. As pessoas e as organizações devem atentar seriamente para isto. Faz-se necessário rigor de critérios ao selecionar e contratar instrutores e/ou empresas para os treinamentos. É obrigação verificar: idoneidade de todos os envolvidos, "curriculum vitae " do consultor/instrutor (constando e checando a formação acadêmica, o conhecimento e a experiência teórico– prática com os resultados relevantes obtidos de suas atividades profissionais, o tempo de atuação no mercado, a sensibilidade aos valores culturais da localidade, etc.), a relação de pessoas e empresas atendidas e o nível de satisfação destas durante e pós–treinamento, o local a ser ministrado o treinamento (instalações, segurança, facilidade de acesso, estacionamento), avaliação da carga horária em função do conteúdo programático a ser ministrado, o número de participantes (recomenda para cursos de curta duração, teórico ou prático, um número máximo 20 pessoas por turma), homogeneidade do perfil dos treinandos, recursos audiovisuais e didáticos utilizados, análise do preço cobrado ( na maioria das vezes a opção pelo mais barato sai muito caro), coffee break oferecido, estrutura de apoio ( pessoas envolvidas, ações que desenvolverão, comprometimento ), processo de avaliação (durante e após o treinamento). Após verificar com a exigência precisa as orientações acima ficará mais fácil decidir que rumo tomar para não perder tempo, dinheiro e muitas vezes, o conhecimento correto já adquirido. 36 37 CAPÍTULO IV CUSTO OU INVESTIMENTO “ Nada é bastante para quem considera pouco o suficiente “ Confúcio 38 Dentro do ambiente empresarial, principalmente no campo dos recursos humanos, ou melhor, talentos humanos, se ouve há muitos anos a seguinte pergunta: “treinamento é um investimento ou é custo?” Se a organização trata o treinamento da mesma forma que a música dedicada ao craque de futebol Romário que é cantada pelo humorista cearense Tom Cavalcante, “Treinar pra quê ê ê ? treinar pra quê ê ê ? treinar pra quê, se eu já sei o que fazer”, é lógico que nesta situação o treinamento será sempre custo, pois todos estão prontos, e isso indica que não há qualquer compromisso e necessidade de melhoria do desempenho pessoal e profissional. É importante também lembrar que não adianta ter dez “Romários” na área, se nenhum faz gol. Os baixos resultados e o insuficiente desempenho podem ser causados por falta de treinamento. Mas se a empresa percebe e comprova que o treinamento é um poderoso instrumento de alavancagem de negócio e resultados, um diferencial competitivo e uma necessidade constante para aperfeiçoamento e atualização dos seus colaboradores, com certeza ela vai tratar as ações de treinamento com mais seriedade e como um investimento estratégico e prioritário, principalmente se está em processo de mudança organizacional ou se deseja expandir o seu negócio. Algumas empresas têm bons programas de treinamento, outras não têm quase nenhum. Sem o treinamento profissional a empresa torna-se cega e não observa os desafios do futuro ou se mutila e não é capaz de agarrar a oportunidade quando aparece. No entanto, muitas empresas não fazem ligação entre treinamento com objetivos do desempenho. Conseqüentemente, elas nunca saberão ao certo se o investimento através do treinamento valeu o tempo e o dinheiro gastos. 39 Fica evidente que destinar uma parte do orçamento para o desenvolvimento profissional não é um custo ou um risco desnecessário; ao contrário, trata-se de um investimento estratégico, capaz de beneficiar a empresa em relação a produtividade ( advinda do aprimoramento técnico e da criação de um clima que incentive a busca de novos conhecimentos e inovação entre as equipes) e contribui até mesmo para a imagem externa da companhia, servindo como um atrativo. Afinal, os bons profissionais do mercado querem sempre se aperfeiçoar e por conseqüência, procuram trabalhar em empresas que valorizam essa característica, proporcionando cursos e treinamentos. O que mais importará para organização é estar ciente do tipo de retorno que o treinamento irá trazer para a empresa. Portanto, ao terminar um treinamento devemos avaliá-lo junto com os treinamentos e checar posteriormente se ele trouxe realmente benefícios para empresa. Ao se investir em treinamento espera-se que haja aumento de produtividade, mudanças de comportamento, melhoria do clima humano na organização, redução de custos e de acidentes, rotação de pessoal, além de outros resultados. 4.1 - Visão de investimento Os acionistas de uma maneira geral, possuem uma ótica muito diferente daquela idealizada por grande parte dos profissionais de treinamento e desenvolvimento. Afinal de contas, a ótica do acionista está fortemente centrada no retorno do investimento e na contribuição que o mesmo dará para atingir macro indicadores de resultados da empresa, o que muitas vezes não tem sido o alvo de T&D. Cada um de nós possui (ou pelo menos deveria possuir), metas a serem atingidas, que em última instância, são a nossa razão de ser e existir dentro de uma corporação. Assim sendo, a argumentação lógica/financeira de T&D no foco do acionista, é aquela que contempla o atendimento de metas individuais e globais, portanto, o levantamento de necessidades de treinamento 40 e a conseqüente execução dos mesmos, deveriam estar sempre alinhados com os objetivos e metas da companhia. Mas para tanto, os profissionais de T&D devem estar intimamente familiarizados com o negócio da empresa e suas peculiaridades, conhecendo as melhores práticas do mercado, tecnologias, sistemas de gestão e principalmente tendo percepção e entendimento sistêmicos do negócio, para então, oferecer soluções para os mais diversos problemas do cotidiano. Agindo desta maneira a área de T&D passa a ter uma função estratégica, participando e viabilizando os resultados. De forma sucinta, o caminho mais curto para que a área de T&D deixe de ser vista apenas como um grande centro resumem-se em cinco pontos: 1 - Identificar o cenário atual, que justifique o levantamento da necessidade de treinamento; 2 - Ter em mente de forma clara e objetiva, onde estamos e onde queremos chegar após a atividade de treinamento; 3 - Quantificar, os resultados dos treinamentos, preferencialmente com indicadores numéricos, avaliando de forma cíclica e sistêmica a eficácia dos mesmos; 4 - Justificar com fatos e dados todos os levantamentos de necessidade de treinamento; 5 - Evidenciar para os acionistas os ganhos financeiros e/ou globais das atividades de T&D. Seguindo estes cinco passos, a área de treinamento e desenvolvimento deixará de ser chamada apenas de centro de custos para ser 41 efetivamente reconhecida, dentro de sua essencial fundamentação: Viabilizar "centros de lucros". Portanto, o treinamento é um investimento empresarial destinado a capacitar uma equipe de trabalho e reduzir ou eliminar a diferença entre o atual desempenho e os objetivos e realizações propostos. Em outras palavras e num sentido mais amplo, o treinamento é um esforço dirigido no sentido de equipe, com a finalidade de fazer a mesma atingir o mais economicamente possível os objetivos da empresa. Assim, neste outro enfoque o treinamento não é mais despesa ou custo, mas é investimento necessário cujo retorno pode ser altamente compensador para organização. 42 CONCLUSÃO Num mundo cada vez mais globalizado, com negócios mais complexos e dinâmicos, onde há necessidade em diferenciar mercados por meio da personalização de clientes, as empresas empenham-se na superação das deficiências de aprendizagem como uma forma de reconhecer novas oportunidades e compreender os diversos problemas que bloqueiam seu desenvolvimento. Hoje o capital intelectual é o diferencial das empresas, são os fatores intangíveis, temperados pela velocidade das informações. O profissional do futuro tem que ser treinado constantemente para se tornar competitivo no mercado. O dilema continua: o que fazer para obter o diferencial e seu competitivo? As respostas são simples e estão em saber tirar mais proveito das facilidades, proporcionadas pela aprendizagem, pela tecnologia e pelo meio ambiente que as empresas oferecem. As novas visões alteram profundamente as maneiras tradicionais de exercer as atividades de treinamentos e desenvolvimento. O papel passa ser muito mais apoiador do que executor. O paradigma “mecanicista” é uma visão decadente, mas infelizmente, ainda é o paradigma dominante. O novo paradigma “holístico” é crescente e abrange todas as áreas da atuação humana. O aprendizado que motiva é aquele que mexe com o nível de consciência do colaborador, quando ele reconhece em si a aquisição de uma nova capacidade como ser humano e não apenas uma nova habilidade como mão-de-obra. 43 Quando falamos de aprender a pensar, a sentir, a fazer e aprender, estamos falando de um ser humano que evolui integralmente e, enquanto cresce nos conhecimentos recompõe a sua auto-confiança e sua auto-estima. Tendo como referência o poder e o reconhecimento. Daí a importância de se valorizar e investir em treinamentos técnicos e comportamentais do capital intelectual de sua empresa, pois é ele que irá gerar retorno na produtividade e na área financeira. O treinamento na empresa tem o colaborador como centro de sua ação e visa o aumento de produtividade, por meio de capacitação e integração do mesmo no ambiente de trabalho, proporcionado-lhe maior satisfação e bem-estar social. Treinamento não é um custo, mas sim um investimento. “Caminhar é preciso, para se ir sempre em rumo do novo, ao nosso Ideal ! Ousar é preciso”. Danilo Gandim 44 ANEXOS Índice de anexos Anexo 1 >> Conteúdo de revistas especializadas; Anexo 2 >> Internet; 45 ANEXO 1 RH EM SÍNTESE Nº 13 - ANO III - NOV/DEZ 96 - PÁGINAS 06 a 11 Maior preocupação com a qualidade dos recursos humanos Empresas de todo o país fizeram pesados investimentos na área de treinamento em 96 como forma de valorizar e adaptar seus colaboradores às mudanças por que passam as organizações Heliana Alvares As dificuldades de um ano marcado pela necessidade de se adequar à nova realidade do Plano Real não alteraram, na maior parte das empresas brasileiras, a consciência da importância de continuar os investimentos em novas técnicas de gestão e treinamento, muito treinamento. Em todas as regiões do país, além de modernização tecnológica as organizações mostraram-se, em 1996, cada vez mais preocupadas com os seus recursos humanos. Na corrida para se ajustar às exigências de um mundo globalizado, o empresário brasileiro hoje está aberto a todos os processos que possam contribuir para garantir a qualidade e a competitividade. Terceirização de serviços de apoio como forma de se dedicar ao produto-fim, treinamentos - desde os convencionais até a busca de técnicas alternativas como, por exemplo, a grafologia -, política de remuneração e participação nos lucros. Enfim, tudo que possa ser utilizado para motivar e valorizar o ser humano dentro da empresa passa a fazer parte dos programas de gestão em um país onde se descobre que, para estar no mundo, é necessário manter ações focadas na busca constante da competitividade, na satisfação dos empregados e no crescimento do ser humano. Com base nessas novas tendências a Champion Papel e Celulose, de São Paulo, investiu US$ 1 milhão em vários programas, como a reformulação e ampliação do programa de treinamento em inglês; implantação de um centro de treinamento em Três Lagoas, Mato Grosso do Sul (futura fábrica a ser construída); ampliação e reformulação do programa de trainees e estagiários; programa de potenciais e plano de contingência de sucessão. "Estamos desenvolvendo na área operacional o treinamento com base em competência em RH para supervisores, desenvolvimento de consultores internos de RH e treinamento para coordenadores de equipes", explica Alberto Salvatore Laudani, do setor de treinamento da empresa. Os investimentos em treinamento na Champion foram superiores aos do ano passado e incluíram programas como Team Building, supervisores de primeira linha, liderança situacional, técnicas de celulose e papel. Na área de 46 recrutamento e seleção foram introduzidas novas técnicas, contatos com profissionais da área (consultorias e empresas) e realização de cursos de desenvolvimento pelos profissionais da área. "Estamos vivenciando a terceirização do setor", diz Laudani. A empresa promoveu a abertura de vagas e introduziu novas dinâmicas e testes psicológicos para o recrutamento. Hoje, os critérios da empresa para contratação são mais rigorosos, o que se deve, segundo ele, à aquisição de equipamentos com novas tecnologias e à maior exigência de qualidade por parte do mercado. Com sede na cidade de Salto, interior paulista, a rede de lojas Cem inaugurou seis novos pontos de venda, aumentou o faturamento e consequentemente o quadro de pessoal e investiu US$ 7 milhões na criação de um departamento voltado para a área de desenvolvimento de pessoal e vendas. Um montante significativo em relação ao do ano passado, segundo o gerente de Desenvolvimento de Pessoal, Edson Santos. Na área de treinamento foi desenvolvido endomarketing para funcionários novos, subgerentes e novos talentos e a área de RH passou a contar com equipamentos e programas de computador de última geração. A área de recrutamento e seleção desenvolveu a reciclagem do pessoal envolvido no processo e foram introduzidas técnicas mais rígidas para o preenchimento de novas vagas. O aumento do nível de exigência se deve, segundo Santos, à necessidade de manter a qualidade para suprir a demanda. Como em outras empresas, a maior dificuldade foi encontrar pessoal qualificado para as funções. Na Sabesp, empresa de abastecimento de água de São Paulo, o investimento na área de treinamento foi de cerca de RS$ 1 milhão em 96, o que representou aumento próximo a 98% em relação ao mesmo período ao ano anterior, envolvendo treinamento operacional, administrativo e gerencial. Na área de RH as principais ações desenvolvidas em 96 foram: processo de qualidade Sabesp; participação nos resultados; desenvolvimento do programa gerente 2005; alocação de pessoal em programas especiais; e programa de demissão voluntária. As áreas de RH da Sabesp, descentralizadas inicialmente, consolidaram os segmentos de gestão como administração de pessoal, por exemplo, para gradativamente consolidarem o segmento de treinamento e desenvolvimento, com prioridade no treinamento operacional, técnico e administrativo. Algumas áreas de RH já desenvolvem treinamento comportamental até para os primeiros níveis de gerência. Os critérios de recrutamento também estão mais exigentes. Além dos pré-requisitos, estão sendo valorizados conhecimentos condizentes com a realidade do mercado atual, ou seja, idiomas (globalização) e maior amplitude de conhecimentos gerais. 47 A Volkswagen do Brasil investiu R$ 5,3 milhões em uma vasta gama de treinamentos em suas várias unidades de produção, como autodesenvolvimento, treinamento no Exterior, idiomas (dirigidos aos empregados que necessitam falar, escrever e ler em inglês e/ou alemão para exercerem suas funções), aperfeiçoamento contínuo, entre outros. Na área de RH foi introduzido o aprendizado no próprio posto de trabalho, com acompanhamento de instrutor, eliminando perda de produção, ou seja, o empregado aprende e produz (exemplos: funileiro, soldador, eletricista etc.). E ainda o learning organization, com a finalidade de proporcionar envolvimento, valorização do empregado, criatividade para melhoria do processo e do ambiente de trabalho e criar condições (clima) para que se possa sugerir/participar das mudanças. Na área de recrutamento e seleção vem-se aperfeiçoando o processo de dinâmica de grupo, com o objetivo de identificar candidatos com perfil mais moderno. "Trabalhamos com o referencial de melhoria dos nossos processos internos, em busca de mão-de-obra com perfil mais completo, moderno. Nosso objetivo foi mais qualitativo, visto que na implantação das novas unidades, com tecnologia e sistemas de produção de ponta, necessitávamos colocar recursos humanos cujo perfil atendesse a nova situação", comenta Renata Tubini, coordenadora de programas de RH da Volkswagen. Entre as principais realizações de 96 a Ultrafértil, de Cubatão (SP), cita o investimento de US$ 1,9 milhão em proteção ambiental; triplicação das exportações em relação a 95, incremento dos negócios no setor petroquímico e participação no consórcio MRS logística, que privatizou a malha sudeste da RFFSA. Em treinamento foram investidos US$ 60 mil até o mês de setembro de 96. "A área de treinamento priorizou as atividades voltadas à manutenção da certificação ISO 9000 dos produtos já certificados, bem como aquelas que visam a obtenção do respectivo certificado para outros produtos. Além disso, em função do incremento do uso da microinformática, implementamos um programa de treinamento específico para usuários", comenta Luiz Carlos Cruz, gerente administrativo da Ultrafértil. Também a Avon, de São Paulo, aumentou os investimentos na área de treinamento, atingindo a casa dos US$ 400 mil, na implantação de projetos com foco no autodesenvolvimento, idiomas e atualização. A área de RH introduziu novas técnicas de treinamento, como teatro e palestras. Alguns setores foram terceirizados, como a escola de idiomas e consultores de palestras. A incorporação de novas filiais aumentou o número de vagas, que foram preenchidas a partir de critérios mais exigentes. A maior dificuldade, como em outras empresas, foi encontrar mão-de-obra qualificada. A EIT - Empresa Industrial Técnica, de Fortaleza, Ceará, manteve o mesmo nível de investimento do ano passado em treinamento. Na área de RH as principais realizações da empresa foram: descentralização da área com a criação de líderes de RH nas regionais da empresa; diagnóstico junto aos 48 principais clientes internos sobre problemas e soluções para a área; concessão de seguro de vida em grupo para todos os empregados; estabelecimento de uma nova visão para a área de RH, na qual os assuntos são tratados por um comitê formado por profissionais de diversas áreas da empresa; revisão do plano de cargos e salários; e elaboração do planejamento estratégico de RH para 96/97. Na área de treinamento, o superintendente da Cavo - Companhia Auxiliar de Viação e Obras, de São Paulo, Eurípedes Castello, considera que o desenvolvimento em 96 foi ainda um pouco tímido. "Foram realizados principalmente projetos ligados ao desenvolvimento do corpo gerencial e da chefia das áreas operacional e administrativa. Os programas de treinamento operacional são realizados como estratégia de formação/qualificação da mãode-obra operacional", explica. Ainda assim, verificou-se aumento no investimento nessa área, que atingiu RS$ 200 mil. As principais realizações da empresa em 96 foram, segundo ele, o desenvolvimento de um sistema integrado de gestão de RH; criação de jornal interno; racionalização e descentralização de atividades ligadas à administração de pessoal; implantação do programa de participação nos resultados em uma unidade de negócios com 2.500 funcionários; e a realização de seminários para níveis de chefia operacional (300 funcionários), visando desenvolvê-los para assumirem a gestão de RH e estimulá-los a trabalharem em equipe. Com um aumento de 15% em relação ao ano passado, a Rigesa Celulose Papel e Embalagens, de Valinhos, interior de São Paulo, investiu, em 1996, um total de US$ 760 mil em treinamento, intensificando a atuação na área de qualidade, segurança no trabalho e treinamento técnico. A área de RH introduziu o projeto de autotreinamento operacional como nova técnica para treinar pessoas. Durante 96 as principais realizações da empresa foram a implantação de um centro de supletivo para atender seus funcionários, deixando as vagas excedentes para membros da comunidade, com cursos da primeira à quarta série, da quinta à oitava e segundo grau, somando 389 pessoas, sendo que deste número 175 são da Rigesa e 214 da comunidade. A implantação de um novo sistema de produção exigiu novas contratações, sendo também grande a dificuldade de se encontrar o perfil desejado para o cargo devido a má formação profissional dos candidatos. "Os critérios da empresa hoje para contratação são mais exigentes. O grau de escolaridade é fundamental. Funcionários de produção devem ter no mínimo o 1º grau completo", explica Celso de Carvalho Vieira, gerente de recursos humanos. Empresas mineiras também entraram na era da modernização de suas gestões. Exemplo disso é a Martins Comércio Importação e Exportação, com sede em Uberlândia, que manteve, em 96, um investimento equivalente aos dois últimos anos na área de treinamento, ficando em torno de R$ 500 mil. 49 Como principais realizações, a empresa destaca o início da descentralização das operações de armazenagem e distribuição; renovação da frota; e foco no investimento de tecnologia, em especial na automatização de depósitos e rede de telecomunicações. Em 96, comenta a gerente de recursos humanos, Simone Afonso De Castro, a empresa investiu muito em treinamento, tanto no âmbito operacional, quanto técnico e gerencial. "Vários projetos foram executados, como o programa de desenvolvimento gerencial que consta de uma série de módulos de treinamento", diz Simone. O treinamento envolveu todas as áreas da empresa como manutenção, central de distribuição, vendas, além de contar com programas de integração, palestras técnicas e motivacionais e treinamentos técnicos externos realizados em São Paulo, através de consultorias. Na área de recrutamento e seleção foram desenvolvidos vários projetos de contratação (padronizando etapas), normatização de uma série de processos (entrevistas de desligamentos, acompanhamento após o período de experiência), além de serem introduzidos vários controles para acompanhamento de todos os processos da área. Na área de recrutamento foi introduzida a indicação formalizada de candidatos através dos próprios colaboradores da empresa, consulta ao banco de candidatos de outras empresas de Uberlândia, e utilização dos serviços de empresas de recolocação de pessoal. "No que diz respeito à seleção de pessoal foram introduzidas técnicas mais ligadas ao dia-a-dia dos profissionais, como, por exemplo, elaboração de projetos, simulações etc.", diz a gerente da Martins. A Cia Vale do Rio Doce introduziu em suas unidades, em Minas e Rio de Janeiro, várias técnicas para identificação de candidatos, entre elas a grafologia. "Na área de recursos humanos, a empresa deu continuidade à estratégia de investir no desenvolvimento dos seus empregados, tanto no segmento gerencial quanto técnico e operacional, com programas e ações focadas na busca constante da competitividade, na satisfação dos empregados e no crescimento do ser humano", comenta José Roberto Fagundes, da superintendência de RH. A maior dificuldade encontrada pela empresa é identificar candidatos com bom potencial nas graduações de geologia, engenharia de minas e pesquisa de metalurgia. Os critérios para recrutamento hoje são mais rigorosos, o que se deve, segundo Fagundes, à necessidade de aferir mais a capacidade de adaptação a àreas remotas e estabilidade emocional, resistência a frustrações e aceitação/flexibilidade em relação às mudanças. Empresas situadas na região Sul do país acompanham a evolução rumo à modernização. Exemplo disso é a Telepar - Telecomunicações do Paraná, com sede em Curitiba, que em 96 investiu R$ 4,8 milhões em treinamento, valor 15% superior ao do ano anterior. O grande marco da empresa durante o ano foi o lançamento do sistema de gestão empresarial, que definiu a nova missão da Telepar até o ano 2000. "Dentro desse contexto podemos citar a contratação de terminais convencionais e celulares, convênios com entidades de ensino e tecnologia nacional e internacional, bem como o sistema de gestão de vida 50 funcional que visa integrar todas as ações e programas de recursos humanos em consonância com os objetivos organizacionais. Para garantir a competitividade contratamos uma empresa para o processo de certificação ISO 9000 para o centro de treinamento", diz Luiz Carlos Gryzinski, gerente de planejamento e RH. Os treinamentos na Telepar foram dirigidos para as áreas de novas tecnologias, administração, vendas, marketing, atendimento ao público e desenvolvimento atitudinal. Como nova técnica de treinamento, a área de RH introduziu o sistema de teleconferência interna que abrange 60 pontos no Estado do Paraná (via Embratel) e ampliou o treinamento em computador (TBC), além do sistema de videoconferência já existente pela KTV. Grande parte do treinamento já está terceirizado, principalmente nas áreas de novas tecnologias e de desenvolvimento atitudinal, em função da empresa não ter empregados especializados nessas áreas. Com sede em Gaspar, Santa Catarina, a Ceval, indústria de alimentação, investiu de janeiro a junho de 96 um total de US$ 31 milhões na expansão e modernização dos parques fabris. Na área de treinamento, de janeiro a setembro os investimentos somaram US$ 1,1 milhão, ficando na média do que foi investido no mesmo período do ano anterior. Programas voltados para o desenvolvimento gerencial, qualidade ISO 9000, informatização, além de programas abertos voltados para o aprimoramento e reciclagem para diversas áreas foram alguns dos treinamentos realizados durante o ano de 96. A área de RH, a Ceval introduziu novas técnicas como normatização/padronização da área no que se refere ao levantamento de necessidade de treinamento; plano anual de treinamento; e banco de dados de treinamento (inventário de pessoal). Na área de recrutamento e seleção foram implantadas novas ferramentas, como seleção para resultado e dinâmica de grupo, que visam o aperfeiçoamento do processo no que se refere à identificação de mão-de-obra qualificada. Para identificar candidatos também foi intensificado o contato com empresas da região e de outros Estados, bem como a troca de candidatos com empresas do ramo alimentício, divulgação de vagas na comunidade através de instituições de ensino e entidades de bairros, além de recrutamento interno visando o aproveitamento dos potenciais da empresa. Também em Santa Catarina, na cidade de Modelo, a AM Cooperativa Regional Alfa aumentou em 77,45% os investimentos, o que até setembro de 96 somava R$ 80.399,31. O treinamento envolveu as áreas de informática, desenvolvimento gerencial e tecnológico, marketing e qualidade total. A maior atividade da empresa, em 96, foi o repasse aos associados do manejo correto dos defensivos agrícolas. Outra conquista foi atender os clientes internos com qualidade e rapidez. 51 A Volvo do Brasil, localizada em Curitiba, Paraná, teve como principal realização, em 96, o lançamento do Volvo EDC e a conquista da certificação ISO 9001. Foram implantados novos programas nas áreas de produção e informática, o que resultou num investimento de R$ 500 mil, ficando no mesmo patamar do que foi investido no ano anterior. A área de recrutamento foi terceirizada e a principal dificuldade sentida pela empresa é a comum a todas as outras: falta de qualificação para as funções desejadas. A Embraco, unidade do grupo Brasmotor situada em Joinville, Santa Catarina, tem em andamento o programa de incentivo "on the job training". Com isso o setor de educação e treinamento iniciou um projeto que visa a valorização do treinamento no local de trabalho. Para isso, foi contratado um estagiário do curso de Psicologia com a função de efetuar um levantamento da empresa: como são realizados esses treinamentos; quem os realiza; quais têm sido os resultados; como computar essas horas etc. Ao mesmo tempo, foi iniciado um trabalho com os supervisores para que fossem melhor preparados para realizar esses treinamentos, com cursos de liderança situacional, TWI, Master Curriculun Plan. "O objetivo final é acompanhar de perto esses trabalhos e implantar um sistema de controle e resgate de horas/homem/treinamento de on the job training", afirma Norbert Peter Kuhr, da Divisão de Recursos Humanos. Foram concluídos vários projetos, como atualização do inventário de educação formal de todos os funcionários; implantação do processo de avaliação de resultados de cursos externos; consolidação do diagnóstico do trabalho operacional em recursos humanos, entre outros. Na área de recrutamento foi adotado um processo sistematizado de indicações internas de candidatos operacionais, com o apoio das chefias e da supervisão da fábrica, visando atender todas as áreas e turnos existentes, com o objetivo de cadastrar candidatos com melhor nível de escolaridade para atendimento de futuras necessidades. A Telebahia, companhia de telecomunicações da Bahia, investiu R$ 281,2 milhões até o 3º trimestre de 96, devendo fechar o ano com investimentos da ordem de R$ 354,7 milhões. "Isso possibilitou a instalação até setembro de mais de 54,1 mil acessos telefônicos convencionais e mais 58,8 mil acessos telefônicos celulares. Até o final do ano a Telebahia deve atingir uma planta instalada de aproximadamente 892 mil acessos totais, sendo 696 mil terminais convencionais e 196 mil terminais celulares, representando um acréscimo de 11,5% e 82,8%, respectivamente, em relação ao ano anterior", comenta o diretor de RH, Luiz Moreira da Silva Filho. Foi dada continuidade ao programa de qualidade com o envolvimento de todos os colaboradores e o programa de reengenharia se encontra em fase de implantação nos processos selecionados. A área de treinamento tem dedicado atenção especial à qualificação do seu quadro funcional em busca da excelência empresarial, visando garantir a melhor posição para a empresa no 52 ambiente de competitividade. A otimização dos investimentos em capacitação foi possível através da consolidação da atividade de consultoria interna, cujo principal foco é dar tratamento personalizado aos clientes internos."Assim, em 96, mais de 65% da força de trabalho terá participado de pelo menos uma atividade de treinamento, significando cerca de 300 mil horas dedicadas à capacitação de pessoal", conclui o diretor da Telebahia. Coroando as realizações de 96, a Companhia de Bebidas da Bahia (Cibeb) recebeu o Prêmio Brahma/Skol de Qualidade. A empresa promoveu a implementação dos programas de remuneração variável; excelência fabril; manutenção autônoma; realização da pesquisa de clima organizacional e qualidade de vida no trabalho; criação de uma comissão de satisfação e motivação (composta de empregados). Conseguiu ainda a redução de absenteísmo, do número de acidentes do trabalho e tunover e implantou a política de parceirização. O investimento na área de treinamento da Cibeb foi maior do que no ano passado, atingindo a casa dos R$ 131 mil com programas que atingiram 100% do efetivo, inclusive com pagamento de horas-extras aos treinandos e formação de cultura para o aprendizado contínuo. Os programas de treinamento foram técnico, função específica e comportamental. A área de RH introduziu a Atitude na Função, uma nova técnica de treinamento. Na área de recrutamento, para o preenchimento de 10% do efetivo, a dificuldade foi, como em todas as empresas, conseguir captar mão-de-obra qualificada. Serviço: AM Cooperativa Regional Alfa (049) 723-2622; Avon Cosméticos (011) 546-7223; Cavo - Companhia Auxiliar de Viação e Obras (011) 809-9099; Ceval (047) 331-2230; Champion Papel e Celulose (019) 861-8121; Cia Vale do Rio Doce (021) 272-4765; Cibeb - Companhia de Bebidas da Bahia (071) 8342222; EIT - Empresa Industrial Técnica (085) 261-8833; Embraco (047) 4412121; Lojas Cem (011) 7828-9562; Martins Comércio Importação e Exportação (034) 218-1329; Rigesa Celulose, Papel e Embalagens (019) 869 -9000; Sabesp (011) 228-3039; Telebahia (071) 325-2146; Telepar Telecomunicações do Paraná (041) 305-1200; Ultrafertil (013) 361-4170; Ultrafértil (013) 361-4170; Volkswagen do Brasil (011) 753-3076; Volvo do Brasil Veículos (041) 317-8111 53 ANEXO 2 INTERNET www.manager.com.br Empresas nos EUA investirão US$ 54 bilhões em treinamento As empresas norte-americanas investirão até o final deste ano U$ 54 bilhões no treinamento de seus funcionários. A maior parte desses recursos, US$ 34,7 bilhões, será destinada ao pagamento de instrutores internos e custeio dos departamentos treinamento. O expressivo montante de US$ 19,3 bilhões será direcionado a fornecedores externos de produtos e serviços, como cursos, vídeos, filmes, material de sala de aula, programas de curso para computador e gastos com seminários e conferências. Essas são algumas das conclusões do "Industry Report 2000", pesquisa que ocupa quase toda a edição de outubro da Revista Training. O estudo é uma radiografia dos investimentos em treinamento e desenvolvimento corporativo nos EUA. Entre outras conclusões, a pesquisa constata que o treinamento presencial, cursos com a presença de instrutores, é responsável por 73% do total de meios utilizados para treinamento, com a capacitação fornecida via computador (sem instrutores) respondendo por 13%, seguida pelo treinamento remoto com instrutor, utilizado por 6%. Interessante observar que, do total de treinamento entregue via computador, 40% é feito via CD-ROM, 31% via rede interna de computador, 19% pela Internet, 7% com disquetes. A tendência geral, de acordo com a publicação, é de as empresas mesclarem treinamentos presenciais e à distância e fazerem uma revisão rigorosa do conteúdo dos cursos. Programas de treinamento que não tenham sido revisados há dois anos devem ser descartados. Dos aproveitados, dever ser feita uma análise para saber quais devem ser atualizados e quais podem ser disponibilizados online ou em sala de aula. Segundo o estudo, os treinamentos gerais mais oferecidos pelas empresas são: Utilização de Computador (programas), oferecido por 99% das empresas, Desenvolvimento Gerencial, por 96% delas, Habilidades de Supervisão, por 96%, Conhecimento e Habilidades Técnicas, por 94%, Comunicação, por 94%, Análise de Sistemas e Programação de Computador, por 88%, Serviço ao Cliente, por 88%, entre outros. Já com relação a treinamentos específicos, 99% das empresas ministram cursos de Orientação a Novos Funcionários; 81% delas oferecem treinamento 54 de Liderança; 81% dão orientação contra Assédio Sexual; 80% treinam para Operação de Novos Equipamentos, e 77% delas investem na Formação de Equipes, entre vários outros. Fonte: Training Magazine 55 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA BOMFIN, David. Pedagogia no Treinamento: correntes pedagógicas no ambiente de aprendizagem nas organizações. 2º ed. rev. e ampl. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2004. CHIAVENATO,Idalberto. Gestão de Pessoas; o novo papel dos recursos humanos nas organizações. 21º reimpressão. Rio de Janeiro: Elsevier,1999. Editora Campus. ________________. Teoria Geral da Administração: abordagem prescritivas e normativas da administração. Vol VI E II. São Paulo: Mc Graw-Hill, 1987. DRUCKER, Peter F. Uma Era de Descontinuidade. Rio de Janeiro: Zahar, 1970. EDWINSSON, Leif; MALONE, Michael S. Capital Intelectual: Descobrindo o valor real de sua empresa pela identificação de seus valores internos. Tradução de Roberto Galman. São Paulo: Makron Books, 1998. FREIRE, Paulo. Conscientização: Teoria e Prática da libertação – uma introdução ao pensamento de Paulo Freire. São Paulo: Moraes, 1980. MOSCOVICI, Fela. Desenvovilmento interpessoal: treinamento em grupo. 14º ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 2004. _______________. Renascença Organizacional. 10º ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 2003. 56 PETERS, Tom. Tempos loucos exigem organizações malucas. São Paulo: Harbra, 1995. PONTUAL, Marcos. Evolução do treinamento Empresarial. In: BOOG, Gustavo (Coord.). Manual de Treinamento e Desenvolvimento. São Paulo: Mc Graw-Hill do Brasil, 1980. STEWART, Thomas A. Capital Intelectual: a nova vantagem competitiva das empresas. Rio de Janeiro: Editorial de Ciências Sociales, 1984. TOFFLER, Alvin. A terceira onda. Rio de Janeiro: Record, 1980. TOLEDO, Flávio. Administração de Pessoal: Desenvolvimento de Recursos Humanos. São Paulo: Atlas, 1981. www.gestaoerh.com.br www.petronet/petrobras.com.br www.rh.com.br 57 ÍNDICE INTRODUÇÃO 9 CAPÍTULO I 11 ORGANIZAÇÕES 11 1.1 – Evolução de Treinamento 13 1.2 – Um mundo em transformação 17 1.3 – Organizações inteligentes: o diferencial competitivo 18 CAPÍTULO II 19 CAPITAL INTELECTUAL 19 2.1 – Da era mecanicista para era intelectual 20 2.2 – Definindo o capital intelectual dentro da organização 22 2.3 – O real valor do capital intelectual 23 2.4 – Treinamento como transmissor de conhecimento 24 CAPÍTULO III 26 TREINAMENTO 26 3.1 – Conceitos de treinamento 27 3.1.1 - Treinamento x Desenvolvimento:T&D 28 3.2 – Quando treinar 29 3.3 – Mais que treinar: Aprender 31 3.4 – Treinamento de Pessoas – Reflexão e Cuidados 34 CAPÍTULO IV 37 CUSTO OU INVESTIMENTO 37 4.1 – Visão de investimento 39 CONCLUSÃO 42 ANEXOS 44 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 55 ÍNDICE 57 58 FOLHA DE AVALIAÇÃO Nome da Instituição: Título da Monografia: Autor: Data da entrega: Avaliado por: Conceito: Avaliado por: Conceito: Avaliado por: Conceito: Conceito Final: 59