Anais do 6º Encontro Celsul - Círculo de Estudos Lingüísticos do Sul ANÁLISE DO USO DO OBJETO DIRETO EM TEXTOS INFANTIS Caroline TORTATO Caroline VENDRAME César Augusto RUFATTO Eulenir Ramos Pereira da SILVA (Pontifícia Universidade Católica do Paraná) ABSTRACT: This paper will present preliminary conclusions of a research done in relationship to the analysis of the use of the direct object to refer to objects previously mentioned. In this paper it was evidenced that the children from the 5th grades preferred to refer to the lexical item than to use the standard form or the null object, suggested by the researches carried out by Bagno. KEYWORDS: direct object; personal pronouns. 1. Introdução Este trabalho procurará analisar como crianças de 5ª série fazem o uso e a retomada dos objetos diretos de 3ª pessoa, se usam ou não os pronomes oblíquos ou pessoais para fazer referência a algo já citado, para substituir o objeto direto, se usam “objetos nulos”, ou ainda, se usam a repetição de palavras.Com isso, poderá ser analisado se crianças das faixas etárias entre 10 a 12 anos fazem ou não o uso de uma coesão por referência, seja ela pronominal ou lexical, uma vez que elas estão em fase de aprendizagem, podendo ou não usar adequadamente a norma padrão. Se não usam, pode-se analisar porque crianças da 5ª série ainda não utilizam esse recurso em seus textos. 2. Fundamentação Teórica Para que seja feita uma boa análise do material coletado, fazendo um paralelo das variedades encontradas nos textos com o “ideal” discutindo nas gramáticas normativas, é necessário conhecer a respeito dos fatores sintáticos que serão analisadas. Para isso, irá se definir os seguintes termos: a) Coesão referencial (anáfora) b) Norma culta e padrão c) Heterogeneidade dialetal d) Objeto da Sociolingüística Variacionista e) Objeto direto f) Pronomes pessoais (retos e oblíquos) h) Função do pronome oblíquo - Coesão referencial (anáfora) A coesão entende-se pelas relações de sentido que se estabelecem entre os enunciados que compõe o texto, a interpretação de um elemento depende da interpretação do outro.A coesão referencial anafórica é a função na qual um signo lingüístico se relaciona, e é anafórica quando retoma signos já existentes no texto. - Norma culta e padrão A variabilidade da língua deve-se às diferenças socioeconômicas e regionais do país, entretanto, existe a necessidade de se estabelecer uma língua padrão acima de todas as variantes do português, para ser usada no ensino básico e na produção cultural. As convenções que regem essa língua padrão a tornam distante da língua popular. A variedade culta, sob a perspectiva da lingüística, não é melhor nem pior do que as demais variantes do português. No entanto, é esta variante que é utilizada pelas escolas, pela literatura etc... - Heterogeneidade dialetal Cada falante, além de ter seu próprio sistema lingüístico, também possui estilos diferentes que emprega em circunstâncias diversas. Portanto, cada dialeto possui traços distintos dentro de uma mesma língua. - Objeto da Sociolingüística Variacionista A Sociolingüística Va riacionista procura descrever como a estrutura da língua se relaciona com aspectos sociais, relacionando a diferença de natureza social com as variações existentes na expressão verbal, mostrando que a variação na fala faz um uso sistemático e regular inerente aos sistemas lingüísticos. 2.1 Evanildo Bechara Sentido do Objeto Direto: Quanto ao sentido, o objeto direto tenta caracterizar: - Pessoa ou coisa que recebe a ação verbal. O soldado prendeu o ladrão. - O produto da ação. O poeta compôs um belíssimo soneto. - A pessoa ou coisa para onde se dirige um sentimento. Maria ama a José. - Com os verbos de movimento, o espaço percorrido ou objeto final. Viver bons momentos, passar o dia no campo, dormir a noite inteira... Pronomes pessoais Os Pronomes abrangem três pessoas no discurso; 1ª pessoa – eu, nós 2ª pessoa – tu, vós 3ª pessoa – ele, ela, eles, elas. As formas eu, tu, ele, ela, nós, vós eles, elas, funcionam como sujeito, e se dizem retas. A cada um desses pronomes pessoais retos, correspondem a um pronome pessoal obliquo, que funciona como complemento e pode apresentar-se em forma átona ou tônica. Pronomes Pessoais Retos Singular: eu, tu, ele, ela. Plural: nós, vós, eles, elas Pronomes Pessoais Obliquo Átonos: me, te, lhe, o, a, se Tônicos: mim, ti, ele, ela, si. Átonos: nos, vos, lhes, os, as, se. Tônicos: nós, vós, eles, elas, si. Oblíquo ÀTONO: “A melhor companhia acha-se em uma escolhida livraria”. Oblíquo Tônico: “As virtudes se harmonizam, os vícios discordam entre si”. Objeto Direto Preposicionado: Neste caso o objeto aparece iniciado por preposição. Amar a Deus sobre todas as coisas. A preposição aparece para evidenciar o contraste entre o sujeito e o complemento. O objeto direto ocorre nos seguintes casos: - Quando se trata de pronome oblíquo tônico. “Nem ele entende a nós, nem nós a ele”. - Nos verbos que exprimem sentimentos, se deseja encarecer a pessoa a quem a ação verbal se dirige. Amar a Deus sobre todas as coisas. - Quando deseja evitar confusão de sentido. A Abel matou Caim (o objeto direto vem antes do sujeito) - Na expressão de reciprocidade. Conhecem-se uns aos outros. - Com o pronome relativo quem. Conheci a pessoa a quem admiras - Nas construções de objeto direto pleonástico. “Ao ingrato, ou não o sirvo, porque (para que) me não magoe”. Objeto Direto interno: Chama-se de objeto interno ao complemento que, acompanhado de uma expressão qualificativa, serve para repetir a idéia contida no verbo, que é geralmente intransitivo. “Morrerá morte infame de peão criminoso”. Concorrência de complementos diferentes: Um verbo transitivo pode acompanhar-se de dois objetos, podendo daí surgir as três principais possibilidades. - Objeto direto de pessoa e objeto direto de coisa. - Objeto direto de pessoa e um complemento de relação. - Objeto direto de pessoa e complemento de relação (a que NGB chama de objeto indireto). Emprego do Pronome: Ele como objeto direto: O pronome ele, só aparece como objeto direto quando precedido de todo ou só (adjetivo) ou se dotado de acentuação enfática, em prosa ou verso. Função do Pronome Átono em Dou-me ao trabalho: Em gera l, o pronome átono da forma verbal reflexiva, funciona como objeto direto: dou-me (objeto direto) ao trabalho (objeto indireto) de fazer. Cunha & Cintra Objeto direto É o termo que completa o sentido de um verbo transitivo direto, normalmente não vem ligado de preposição. Podem ser representado por substantivo, pronome, numeral, palavra ou expressão substantiva, oração substantiva. Quando o objeto direto vir regido de preposição ele recebe o nome de objeto direto de preposicionado. Ele se torna OBJETO DIRETO é obrigatoriamente preposicionado, quando o objeto direto for expresso por um pronome pessoal obliquo tônico. OBJETO DIRETO PLEONÁSTICO – “Quando se quer chamar atenção para o objeto direto que procede ao verbo, costuma repeti-lo”, quando deseja destacar a idéia expressa pelo objeto direto, pode repeti-lo. Pronome pessoal reto Os pronomes pessoais se caracterizam por indicar as três pessoas gramaticais: 1ª pessoa – quem fala 2ª pessoa – com quem se fala 3ª pessoa – de quem se fala Podem representar algo já pronunciado quando em 3ª pessoa, variam de forma de acordo com a função que estou desempenhando na oração. Pronome pessoal oblíquo Eles podem ter FORMAS TÔNICAS e FORMAS ÁTONAS. O pronome pessoal de forma tônica vem sempre acompanhado de preposição. E podem desempenhar as seguintes funções: - Complemento nominal - Objeto indireto - Objeto direto - Agente da passiva - Adjunto adverbial. Emprego enfático do pronome oblíquo tônico “Para se ressaltar o objeto (direto ou indireto), usa acompanhado um pronome átono, a sua forma tônica regida da preposição a”. FORMAS ÀTONAS São formas próprias de objeto direto, indireto. Emprego enfático do pronome oblíquo átono. Para dar destaque ao objeto direto, “pode reiterar o objeto indireto colocado no inicio da frase”, podem ser usados com sentido possessivo. 2.3 Rocha lima Objeto direto Na voz ativa, o objeto direto é um complemento que representa o paciente da ação verbal. Ele pode ser o sujeito da voz passiva; pode corresponder, na 3ª pessoa, às formas pronominais o, a, os, as; indica o resultado, o conteúdo ou sobre quem recai a ação. Pronomes pessoais Os pronomes pessoais possuem formas retas e obliquas. As formas retas também podem ser chamadas de subjetivas e desempenham função de sujeito, predicativo, e ainda t u e vós podem ser vocativos. 1ª Pessoa 2ªPessoa 3ª Pessoa eu tu, você ele, ela nós vós vocês eles, elas. “O pronome você pertence realmente à 2ª pessoa, isto é, aquela com quem se fala, posto que o verbo com ele concorde na forma da 3ª pessoa. Tal ocorre em virtude da origem remota do pronome (vossa mercê). A concordância faz-se com o substantivo mercê, como nos tratamento de reverência; é com os substantivos e não como o possessivo (vossa) que se estabelece à concordância “. (LIMA, 2002. p.316)”. As formas oblíquas podem ser objetivas diretas ou indiretas. Objetivas diretas: 1º Pessoa 2º Pessoa 3º Pessoa me te o, a nos você, o, a os, as vos se (exclusivamente reflexivo) se (exclusivamente reflexivo) Exemplos: Chamaram-me. Convidaram-nos. (1ª pessoa) Estimo -te. Respeito-vos. (2ª pessoa) Acompanho você (s): acompanho-os (s) se contradiz (em). (2ª pessoa). Diga-lhe que irei v isitá-la(s). Eles se enganam. (3ª pessoa). As gramáticas, ao falarem do objeto direto, não mencionam, no caso de retomada, o uso da repetição da palavra, do pronome pessoal reto e da categoria vazia, considerando como norma culta apenas o uso do pronome obliquo. Somente Evanildo Bechara considera o pronome ele como objeto direto quando procedido de todo ou só, ou dotado de acentuação enfática. Porém, como observa Bagno, as investigarmos a língua falada pelos brasileiros, até mesmo os que utilizam o padrão culto, (isto é, pessoas com escolaridade superior completa, nascidas e criadas em grandes centros urbanos) foi de 100% com o uso de objeto apagado, categoria vazia. Os gramáticos ainda não aceitam essa mudança na língua falada aqui no Brasil. É importante notarmos que as formas usadas, atendendo às necessidades comunicativas e expressivas, estão corretas. Devemos admitir que, neste ponto, a gramática está em declínio, à língua mudou e contra a mudança lingüística nada se pode fazer. 3. Metodologia Com o intuito de analisar como as crianças de 5ª série fazem o uso da coesão referencial, seja ela pronominal, lexical ou vazia, planejamos duas propostas nas quais pensamos que as estimularia ao uso da coesão. As propostas foram as seguintes: “1 – Lembra aquele presente que você adorou? Faça um texto falando a respeito do melhor presente que você já ganhou”. “2 – Faça um texto falando a respeito do seu melhor amigo ou amiga, contando as aventuras que vocês já viveram juntos”. Escolhemos essas propostas, pois queríamos observar se, ao fazerem a retomada de algo já citado, utilizariam a repetição da palavra, o pronome pessoal reto, a categoria vazia ou o pronome pessoal obliquo que é o considerado gramaticalmente correto. Para nossa surpresa, ao observarmos o objeto direto nos textos, vimos que a incidência de uma coesão referencial é pequena, e que quando a utilizam tendem a usar a repetição da palavra. Essa incidência é pequena, pois quase não fazem referência a algo já citado, sempre vão falando de coisas novas, inviabilizando o uso de uma coesão referencial. Observamos, ao analisar o objeto direto, os seguintes aspectos: 1ª A ocorrência do objeto direto oracional. Exemplos: “Continuamos brincando todos os dias”. “Meu pai mandou reformar a bicicleta”. “Eu queria bater numa menina”. 2ª A ocorrência do objeto direto em si. Exemplos: “Meus convidados levaram os presentes ”. “Minha mãe comprou uma rifa ”. “Eu ganhei um cachorro”. 3ª A ocorrência do objeto direto por coesão referencial com a repetição do item lexical. Exemplos: “(...) foi uma bicicleta (...) eu tenho ainda a bicicleta”. “Eu ganhei um videogame (...). Meu pai escondeu o videogame”. 4ª A ocorrência do objeto direto com o uso do pronome pessoal reto. Exemplos: “Eu tenho ele.” “Ganhei ele.” “Eu vendi ele para o meu colega”. 5ª A ocorrência do objeto direto com o uso do pronome pessoal oblíquo. Exemplos: “Eles tomam uma vacina que os protegem”. “Eu sempre a considerei como minha melhor amiga”. 6ª A ocorrência do objeto direto como categoria vazia. Exemplos: “Quando ganhei Ø fazia muito frio”. “Eu queria um radio TV, mas nós não achamos Ø”. “Até hoje eu espero Ø e não ganho”. Depois de feita a análise, chegamos aos seguintes resultados: Número de textos masculinos a respeito do texto do presente: 20 Número de textos femininos a respeito do texto presente: 18 Número de textos masculinos a respeito do amigo: 19 Número de textos femininos a respeito do amigo: 18 4. ANÁLISE Estratégias de pronominalização. Ao fazer a retomada de um objeto de 3ª pessoa, o falante, segundo Bagno, pode usar três estratégias: - usando o pronome obliquo, que é a única forma considerada correta pela gramática tradicional: “Eles tomam uma vacina que os protegem.” - usando o pronome reto, forma condenada pelas gramáticas norma tivas: “Eu tenho ele.” - usando o objeto nulo, categoria vazia, que não aparecem nem citação em nenhuma gramática nos capítulos a respeito de pronomes oblíquos e análise sintática dos objetos: “Quando ganhei fazia muito frio”. Porém, na análise dos textos, a forma mais usada não foi nenhuma das três citadas por Bagno. Ao fazerem a retomada, as crianças preferiram repetir a palavra que estavam retomando e quase nenhuma usou o pronome obliquo: apenas quatro ocorrências num total de 412 objetos diretos. São as crianças e adultos analfabetos ou semi-analfabetos, que não sofrem a influência da escola, que mostram as regras gramaticais que realmente são usadas pela maioria da população falante da língua materna. Dessa forma, o pronome oblíquo está quase totalmente morto, visto que nos textos analisados as crianças escreveram da maneira como falam, sem se prender às regras gramaticais. Com relação ao uso da retomada usando o pronome reto, apesar de não ser permitida pela gramática, é encontrada em textos da literatura clássica. Esse recurso é usado, na maioria das vezes, para se relacionar com o traço semântico [+ animado]. “Eu vendi ele para o meu colega”. Esta forma, também não padrão, não prejudica a compreensão do texto, mas mesmo assim é condenada. Assim, o caráter conservador da língua fica evidenciado, pois o que é considerado padrão, quase nunca é usado. Porém, formas não-padrão, que também são compreensíveis, não são aceitas. Relativas Copiadoras. Segundo Bagno, as orações relativas (produto de uma síntese) constituem um corpo estranho na língua, ou seja, um sistema derivado de declinações do latim clássico. Desta forma, os falantes dessa língua tendem a eliminar esse corpo estranho. Marcos Bagno, descreve a origem grega da palavra análise, a qual significa quebra, ou seja, a palavra tem as suas funções divididas. As preposições atenuam as estranhezas na língua, ocupando lugares estabelecidos na sintaxe do português (elas se posicionam sempre antes do termo que estão regendo). Considerando a norma padrão, percebemos um contraste com o que é dito como correto e o que é realmente utilizado pelos falantes, assim em orações relativas padrão, as preposições deslocam-se nesta ordem: (ANTECEDENTE – PREPOSIÇÃO- CONSEQUENTE). Na língua Portuguesa uma preposição não pode vir desacompanhada, ou seja, uma construção não pode ser finalizada com uma preposição. No entanto, a função do conseqüente é preenchida por um pronome cópia, o qual tem por função a retomada do objeto direto. Nos textos analisados, percebemos que o uso do objeto direto com o pronome pessoal reto, é freqüentemente utilizado pelas crianças, no que diz respeito à retomada de um fato já descrito. “Eu ganhei uma bicicleta, ganhei ela do meu pai”. Relativa cortadora As relativas cortadoras são mais faladas entre os falantes mais cultos, para eles representa uma maneira de fugir de dois problemas, ou seja, parecer cansativo demais ao usar o relativo padrão, ou parecer pouco instruído ao usar relativa copiadora. A relativa cortadora é freqüentemente usada, pois o ouvinte ou leitor consegue entender a preposição mesmo ela não sendo lida ou ouvida. O Português do Brasil é uma língua de categorias vazias, sempre o falante acredita na capacidade do interlocutor entender o que foi falado. “A restrição semântica do verbo o que permite a ocorrência da sintaxe cortadora e a obtenção dos efeitos pragmáticos visados pelo falante”.Sendo que o ouvinte entende o contexto verbal e não verbal adequadamente os lugares deixados vazios pelos processos de apagamento não havendo ambigüidade no entendimento. Nos textos das crianças de 5ª série que analisamos percebermos que as crianças deixam o uso da cortadora em terceiro plano, ou seja, primeiro eles preferem repetir, depois uso pronome reto, é só depois elas utilizam a cortadora: de um total de 412 objetos direto, só 14 formas às categorias vazias. A vitória da cortadora A relativa cortadora veio para ficar. Até mesmo na língua escrita mais monitorada que, em geral, observa mais a norma-padrão, esse tipo de estratégia de revitalização, já mostra sua força. Na literatura a relativa cortadora aparece com possibilidade de recurso estilístico, apoiado na capacidade de interpretação adequado das elipses por parte dos leitores e ouvintes do português brasileiro. Veríssimo é o escritor que mais faz uso, na literatura, das regras gramaticais que caracterizam o português culto no Brasil. Porém, os professores não se dão conta que essas regras não são “erros”, e continuam reprovando o uso delas. Alguns professores justificam essa correção, argumentando que o autor tem licença para escrever desta forma, porque ele conhece bem a língua culta. Isso supervaloriza o escritor, mas superdesvaloriza o falante da língua, como se existisse uma barreira imensa entre os dois. Existe uma contradição nisso, os falantes aprendem a norma culta, porém quando algum escritor a transgride, eles não tem direito de reclamar. A tradição gramatical se baseia em uma escrita “pura”, que deve excluir a interferência da fala na escrita, entretanto, quando esta aparece em alguma obra, recebe o nome de “estilização”. Esse argumento não tem fundamento, pois, baseiam-se num preconceito muito grande contra a língua falada, como se ela fosse caótica, confusa, sem regras etc. É preciso acabar com este preconceito, pois a língua escrita e língua falada convivem juntas, ao contrário do que a gramática tradicional admite. GRÁFICO 1 TEXTO - PRESENTE O.D. oracional O.D. como item lexical O.D. - item lexical - coesão referencial O.D. com o pronome pessoal reto O.D. com o pronome oblíquo Categoria Vazia 5% MASCULINO 10 75 15 1 0 4 Texto sobre o presente TOTAL 22 148 27 10 2 12 O.D. oracional O.D. como item lexical 1% 5% FEMININO 11 73 12 9 2 8 10% O.D. - item lexical - coesão referencial 12% O.D. com o pronome pessoal reto O.D. com o pronome oblíquo 67% Categoria Vazia No gráfico acima percebe-se que o objeto direto item lexical é o que mais ocorre com 67% do total, seguindo do objeto direto item lexical – coesão referencial com 12% de ocorrência. Tem-se o objeto direto oracional com 10%, com uma mínima diferença, a categoria vazia com 12 ocorrências e o objeto direto com o pronome pessoal reto com 10 ocorrências, aparece empatado em 5%, seguindo do objeto direto com o pronome oblíquo com um percentual de 1% de ocorrência. GRÁFICO 2 TEXTO – AMIGO O.D. oracional O.D. como item lexical O.D. - item lexical - coesão referencial O.D. com o pronome pessoal reto O.D. com o pronome oblíquo Categoria Vazia MASCULINO 12 61 6 4 1 0 FEMININO 18 77 6 4 1 2 TOTAL 30 138 12 8 2 2 1% Texto sobre o amigo 1% O.D. oracional 4% 16% 6% O.D. como item lexical O.D. - item lexical - coesão referencial O.D. com o pronome pessoal reto O.D. com o pronome oblíquo 72% Categoria Vazia No gráfico acima o objeto direto com item lexical é o que mais ocorre com 72%, seguindo do objeto direto oracional com 16%. Com 6% o objeto direto item lexical – coesão referencial é o terceiro que mais ocorre, o objeto direto com o pronome pessoal reto aparece com 4% de ocorrência. Empatados ambos com duas ocorrências, aparecem o objeto direto com o pronome obliquo e a categoria vazia com 1% de ocorrência. GRÁFICO 3 TEXTO – AMIGO + PRESENTE MASCULINO FEMININO TOTAL O.D. oracional 22 29 52 O.D. como item lexical 136 150 286 O.D. - item lexical - coesão referencial 21 18 39 O.D. com o pronome pessoal reto 5 13 18 O.D. com o pronome oblíquo 1 3 4 Categoria Vazia 4 10 14 3% Texto sobre o amigo e o presente 1% 4% O.D. oracional O.D. como item lexical 13% O.D. - item lexical - coesão referencial 9% O.D. com o pronome pessoal reto O.D. com o pronome oblíquo 70% Categoria Vazia No gráfico acima o objeto direto com item lexical aparece com 72% de ocorrência, o objeto direto oracional com 13%, o objeto direto item lexical- coesão referencial aparece com 9%, o objeto direto com pronome pessoal reto tem 4% de ocorrência, com 3% a categoria vazia e com 1% de ocorrência aparece o objeto direto com pronome obliquo. GRÁFICO 4 TOTAL OBJETOS DIRETOS MASCULINO FEMININO 189 TOTAL 223 412 TOTAL DE OBJETOS DIRETOS 189 223 MASCULINO FEMININO O gráfico acima mostra que o objeto direto é mais utilizado pelo sexo feminino com uma ocorrência de 54%, sendo que o sexo masculino aparece com 46%. 5. CONCLUSÃO Ao desenvolvermos este trabalho concluímos que os textos das crianças de 5ª série quando fazem a retomada do objeto direto, tendem a usar a repetição lexical e o pronome pessoal reto mais do que a considerada norma padrão, ou seja, o uso do objeto direto como pronome pessoal obliquo é quase nulo. Relacionando o nosso trabalho com o que Bagno conclui com sua pesquisa, não podemos considerar que os resultados foram semelhantes. Bagno considera que os falantes utilizam a categoria vazia e o pronome pessoal reto. Seria importante que essas crianças percebessem que na escrita é necessário seguir a norma culta, sem, contudo desconsiderar a variedade. O trabalho nos fez refletir a situação da escola, e a necessidade de mudanças no curso do Português e que se tenha um ensino mais eficiente, que não apenas indique um único modelo como padrão, mas também, aceite as demais variantes como formas. É importante lembrar que a coleta de dados é um objeto de investigação com relação às mudanças no Português Brasileiro e não deve ser utilizada para rotular ninguém. Agradecemos a colaboração de todas as crianças do Colégio Estadual Padre Cláudio Morelli, do bairro de Umbará, Curitiba/Pr, que gentilmente dispuseram-se a escrever os textos para que pudéssemos coletar os dados e fazer esta investigação. RESUMO: Apresentar-se-á conclusões preliminares de um trabalho feito com relação à análise da retomada do objeto direto. Neste trabalho evidenciou-se que as crianças de 5º série preferiram retomar o item lexical a usar a norma padrão ou o objeto nulo, sugerido pelas pesquisas feitas por Bagno. PALAVRAS-CHAVE: objeto direto; pronomes pessoais. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BA GNO, Marcos. Português ou brasileiro? Um convite à pesquisa. São Paulo: Parábola, 2001. p.69-108 BECHARA, Evanildo. Moderna Gramática Portuguesa. São Paulo, SP: Companhia Editora Nacional, 1985. 2 ed. CUNHA, Celso. CINTRA, Lindley. Nova gramática do Português Contemporâneo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985. 2ed. LIMA, Rocha. Gramática Normativa da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: José Olympio Editora, 1986. FAVERO, Leonor Lopes. Coesão e coerência textuais. São Paulo: Ática, 1995.