UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ FACULDADE DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DE SAÚDE: CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU EM PRODUÇÃO DE BOVINOS DE CORTE SUPLEMENTAÇÃO DE SAIS MINERAIS PARA PRODUÇÃO DE BOVINOS DE CORTE A PASTO GUARAPUAVA 2010 UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ FACULDADE DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DE SAÚDE: CURSO DE PÓS GRADUAÇÃO LATO SENSU EM PRODUÇÃO DE BOVINOS DE CORTE SUPLEMENTAÇÃO DE SAIS MINERAIS PARA PRODUÇÃO DE BOVINOS DE CORTE A PASTO Trabalho de conclusão de Curso de Pós-Graduação Latu Sensu em Produção de Bovino de corte da Faculdade de Ciências Biológicas e de Saúde da Universidade Tuiuti do Paraná. Orientador: Prof. D. Sc. Mikael Neumann GUARAPUAVA 2010 Tema: Suplementação de sais minerais para produção de bovinos de corte a pasto Instituição Executora: Universidade Tuiuti do Paraná Órgão Executor: Pró-Reitoria de Pós-Graduação, Pesquisa e Estensão –PROPPE Faculdade de Ciências Biológicas e de Saúde Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Produção Bovina de Corte Duração: 18 meses Município: Guarapuava Equipe: Aluno Elton Jhones Granemann Furtado Orientador: Prof. D. Sc. Mikael Neumann SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO............................................................................................... 05 2. REVISÃO DA LITERATURA...................................................................... 07 2.1 Mineralização de bovinos de corte a pasto 2.1.1 Introdução 2.1.2 Suplementação alimentar 2.1.3 As misturas minerais 2.1.4 Consumo de alimento 2.1.5 Fontes de elementos minerais 2.1.6 Biodisponibilidade 2.1.7 Contaminantes 2.1.8 A questão do Flúor 2.1.9 Potencial das pastagens e a utilização de sal proteínado 2.1.10 Exemplo de avaliação de um suplemento mineral comercial 2.1.11 Fisiologia da absorção e secreção de uréia 2.1.12 Ureáse 2.1.13 Exigências minerais de bovinos de corte 2.1.14 Essencialidade dos minerais 2.1.15 Fontes de minerais 2.1.16 Fisiologia dos bovinos na utilização dos minerais 2.1.17 Função dos minerais 2.1.18 Importância dos minerais para a microflora do rúmen 2.1.19 Interação entre elementos minerais 2.1.20 Deficiências minerais 2.1.21 Microelementos minerais considerados novos na nutrição de bovinos 07 07 07 08 08 09 09 10 10 11 14 19 20 21 22 23 25 27 30 31 32 40 3. CONSIDERAÇÕES FINAIS......................................................................... 41 4. CONCLUSÃO................................................................................................ 42 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................... 44 1 INTRODUÇÃO O Brasil segundo o IBGE (2007), possuiu um rebanho bovino de aproximadamente 205,9 milhões de cabeças em 2006 e em 2003 obteve uma leve redução do valor efetivo relativamente ao ano anterior, corresponde a uma redução de 0,6% no rebanho, mas comparando-se os abates de bovinos foi relatado que houve alta na taxa de abate dos animais em comparação ao ano anterior. As previsões de médio e longo prazo para o mercado mundial de carne bovina são muito favoráveis para o Brasil e vale a pena analisá-las agora, nesse momento em que houve diferenças positivas na valorização da carne produzida começando a ter efeitos na economia real. Os países desenvolvidos devem crescer muito pouco nos próximos anos, abrindo oportunidade com melhorias ao nível de crescimento ao Brasil. O crescimento virá dos países emergentes. A demanda mundial por carnes no mundo cresce graças ao aumento da população, aumento da renda per capita e urbanização (ou seja, mais pessoas vivendo em cidades e menos no campo), logo pode-se esperar crescimento de consumo em países emergentes. O consumo de carnes tem a tendência de crescimento nos próximos anos. No caso da carne bovina, a grande questão é a oferta que esta intimamente ligada a produção. Condições para se manter produzindo o Brasil têm de sobra, já que vem demonstrando sua capacidade a nível mundial pela grande representatividade na produção, sendo atualmente o maior exportador de carnes do mundo e detentor do segundo maior rebanho bovino do mundo. Basta adequar-se as condições de mercado internacional em relação a qualidade da carne, e adequar-se no ponto de vista sanitário, produtivo e nutricional a nível nacional. As dificuldades podem ser resolvidas com novos métodos de passar a tecnologia do centro de pesquisa diretamente ao produtor e a técnicos que atuam no campo, facilitando assim a utilização de novas técnicas. Necessitam-se também de incentivos econômicos a nível governamental, no âmbito que a pecuária nacional obtenha melhores índices produtivos para atuar assim numa maior parcela de lucratividade gerada ao país. Objetiva-se com esse trabalho a desmistificação no uso de sais minerais na nutrição de bovinos de corte, aumentando a produção de forma quantitativa e qualitativa já que o valor de preço na arroba paga ao produtor está em nível de melhor expressividade. 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1 Mineralização de bovinos de corte a pasto 2.1.1 Introdução As forrageiras tropicais, em conseqüência da estacionalidade da produção, não fornecem quantidades suficientes de nutrientes para a produção máxima dos animais. Desta forma, há necessidade de se buscar alternativas tecnológicas que possibilitem eliminar ou reduzir os efeitos destas condições sobre a produção (Euclides 2000), já que os animais em pastejo dependem principalmente de forrageiras para atender a seus requisitos nutricionais (Nicodemo 2003). Em relação ao potencial das pastagens a disponibilidade e a qualidade das forrageiras são influenciadas pela espécie e pela cultivar, pelas propriedades químicas e físicas do solo, pelas condições climáticas, pela idade fisiológica e pelo manejo a que a forrageira é submetida (Euclides 2003). 2.1.2 Suplementação alimentar A adubação e o manejo corretos das pastagens têm proporcionado sensíveis melhorias nos índices de produtividade. Todavia, essas estratégias não são suficientes para solucionar o problema de alimentação do gado, principalmente, no inverno que é um período mais seco. Isto é mais verdadeiro para sistemas de produção que objetivam produzir animais de qualidade o ano todo. Nesta situação é importante que se procure atender às exigências dos animais complementando os nutrientes disponíveis no pasto. Assim, no caso da suplementação alimentar em pasto, o que deve ser feito é complementar o valor nutritivo da forragem disponível de forma a se atingir o desempenho desejado. Para se obter o valor nutritivo dos alimentos, podem ser utilizadas tabelas de composição de alimentos ou estimá-lo por meio de análise bromatológica e uso de equações apropriadas (NRC, 1996). 2.1.3 As misturas minerais As misturas minerais propiciam a correção de desequilíbrios e deficiências de elementos minerais na dieta. Para a formulação de misturas adequadas, é necessário reconhecer os dados sobre deficiências e desequilíbrios minerais na região, as exigências nutricionais da categoria suplementada, estimar a quantidade e qualidade do alimento ingerido/dia e conhecer a composição das fontes de minerais e sua disponibilidade biológica (Nicodemo, 2001). 2.1.4 Consumo de alimento O consumo de Matéria Seca (MS) é uma informação difícil de ser obtida para animais em pastejo. Muitos fatores podem afetar a ingestão de forragem, entre eles tamanho corporal, produção de leite, condição corporal, qualidade e disponibilidade de forragem, quantidade de forragem, quantidade e tipo de suplemento e fatores ambientais. Estimativas do consumo médio das forrageiras podem ser obtidas com o uso de equações baseadas nas relações existentes entre peso corporal, qualidade de forragem e ingestão de MS, assim fornecendo informações sobre a taxa de consumo. Quando os animais são suplementados a campo, pequenas quantidades de suplemento (< 0,2 % do peso vivo) em geral podem ser somadas ao consumo de forrageira; o efeito de substituição pode ocorrer quando maior quantidade de concentrado é fornecida (0,3 a 1,0 % do peso vivo). Neste caso, pode-se considerar que para cada 250 g de MS suplementada, o animal deixe de comer 300 g de MS da forragem (Herd, 1997). Conhecer a composição mineral da água fornecida aos animais pode ser de grande valor, considerando que em algumas situações, a água pode fornecer níveis significativos de minerais, como ferro, sódio e cálcio (Nicodemo, 1988). 2.1.5 Fontes de elementos minerais As principais fontes de elementos minerais e sua composição média são listados na tabela 4. O valor biológico das diversas fontes minerais varia em função da concentração do elemento de interesse, disponibilidade biológica, palatabilidade, presença de elementos tóxicos ou contaminantes (Nicodemo, 2001). 2.1.6 Biodisponibilidade O conteúdo total de um determinado elemento na fonte precisa ser qualificado por um fator que indique a disponibilidade biológica. O elemento precisa passar pelos processos de digestão, absorção e transporte até ficar disponível para exercer suas funções. A biodisponibilidade pode ser considerada como uma medida da habilidade de um determinado suplemento suportar os processos fisiológicos do animal (McGillivray, 1978). 2.1.7 Contaminantes Minerais presentes na rocha que deu origem ao fosfato podem aparecer como contaminantes. O alumínio e o ferro, por exemplo, podem complexar o fósforo, reduzindo sua disponibilidade biológica (Ammerman et al., 1957; Internacional Minerals and Chemical Corporation – IMCC, 1982, citado por Nicodemo, 2001). As rochas fosfáticas brasileiras apresentaram níveis baixos de flúor e metais pesados (Ballio, 1986, citado por Lopes et al., 1997), as concentrações de chumbo foram 3,82 mg/kg e 2,55 mg/kg no fosfato bicálcico e superfosfato triplo (obtido a partir de fosfato de Tapira), respectivamente. As concentrações de cádmio nos fosfatos testados ficaram abaixo do limite de detecção (0,1 mg/kg). Bovinos recebendo misturas minerais contendo 70 g de P/kg na forma de fosfato bicálcico ou superfosfato triplo durante cerca de dois anos apresentaram níveis aceitáveis de arsênico, cádmio, mercúrio e chumbo na carne, fígado e rins (Nicodemo, 2001). 2.1.8 A questão do Flúor A legislação em vigor (Portaria MAA-SRD nº 06 de 4 de fevereiro de 2000) proíbe a comercialização de misturas minerais com flúor acima de 2.000 ppm (mg/kg). Os mais importantes minerais que contêm flúor são fluorita, fluorapatita e fosfato de rocha segmentar. Flúor também está presente em menor quantidade em compostos de cálcio, como a calcita e aragonita (NRC, 1974). A concentração de flúor nos fosfatos alimentares depende em grande parte da origem e do processamento (Nicodemo, 2001). 2.1.9 Potencial das pastagens e a utilização de sal proteínado Uma tendência natural dos sistemas de produção de carne nos trópicos seria explorar ao máximo o potencial de cada forragem durante o período favorável de crescimento, isto é, primavera/verão. Nessa época, além de maior produtividade, as pastagens poderiam ser consideradas como dietas completas, desde que suplementadas com água e mistura mineral. O potencial forrageiro de cada planta, associado com as práticas de manejo utilizadas, vai resultar em diferentes desempenhos animais, e o uso do suplemento poderia ser uma opção para adicionar, ao ganho animal cerca de 100 a 200 g/animal/dia considerando valores médios na produção (Thiago et al. 2003). A disponibilidade e a qualidade das forrageiras são influenciadas pela espécie e pela cultivar, pelas propriedades químicas e físicas do solo, pelas condições climáticas, pela idade fisiológica e pelo manejo a que a forrageira é submetida (Thiago & Silva, 2003). Segundo Houser (1976), as pastagens não conseguem suprir a necessidade de minerais para manter a homeostasia fisiológica e a produtividade, sem a suplementação de sal a cocho. Geralmente a deficiência será apresentada por todos os animais sendo a necessidade de ingestão de sal comum para manter o equilíbrio bioquímico e hidroeletrolítico do animal. A suplementação não deve ser considerada uma maneira de mascarar o uso inadequado de pastagens ou problemas de manejo, e sim de aumentar o consumo e utilização de forragem disponível, corrigindo déficits e desequilíbrios porventura existentes, nas várias fases (épocas) do ano, garantindo adequação nutricional da dieta. (Paulino et al, 2002). Quando as forrageiras tropicais não são suficientes ou não contém nutrientes essenciais em proporções adequadas de modo a atender às exigências dos microorganismos do rúmen e dos animais, Euclides (2001), e Paulino (2001), sugerem a suplementação de natureza múltipla, que consiste em formulações envolvendo a associação de fontes de nitrogênio solúvel, proteína verdadeira, energia, macro e microminerais, além de promotores de crescimento, vitaminas, entre outros. O baixo valor alimentício das forrageiras tropicais está associado ao reduzido conteúdo de proteína e minerais, ao alto conteúdo de fibra, à baixa digestibilidade e o baixo consumo. (Houser et al., 1976). A deficiência de sódio é generalizada a animais privados da ingestão de sais, e a mistura mineral em geral busca atender a 100% dos requisitos nutricionais deste elemento. Os animais apresentam apetite específico por sal comum, que é utilizado com veículo para a ingestão outros minerais. Misturas contendo pelo menos 30% a 40% de sal comum são bem consumidas (McDowell, 1985). Os requisitos de sal comum para um bovino adulto estão ao redor de 27g/cabeça/dia, mas a ingestão voluntária com freqüência excede as exigências mínimas. O sal comum não é um regulador preciso da ingestão, e alguns animais toleram mais sal que outros. Podem ser necessários ajustes para a obtenção do consumo apropriado da mistura, pela evaporação do teor de NaCl, ou inclusão de palatabilizantes. Importante cuidar para não causar intoxicação por excesso de sal comum, não passando de 9%, na ração, e manter disponibilidade de água boa a disposição (Schunke, 2003). O sal proteinado é um produto de baixo custo devido ao seu baixo consumo. Mesmo porque não visa atender diretamente as demandas nutricionais protéicas do bovino em pastejo, mas sim a deficiência de nitrogênio no ambiente ruminal. A presença de nitrogênio no rúmen é fundamental para que o processo de síntese microbiana ocorra de forma contínua e eficiente. Isto significa maior digestibilidade, aumento no consumo de matéria seca e melhor desempenho animal. No entanto, uma porcentagem variável, mas de importância de aproximação ideal a 25% deste nitrogênio deveria ser fornecido via proteína verdadeira. O uso do sal é benéfico em diferentes épocas, podendo ser um aliado na produção no tempo em que a produção da pastagem está no período vegetativo e quando as pastagens estão maduras e secas, mas formando a configuração de agregar ganho ao animal ou somente ter a função de mantença, respectivamente (Thiago et al. 2003). De forma econômica poderia se utilizar a mineralização com sal protéico, com o intuito de manter o peso ou até gerar ganhos moderados de até 200 g/animal/dia, levando como variação o tipo de pastagem, e a categoria animal utilizada. O consumo deveria ficar em aproximadamente 1 g/kg de peso vivo/animal/dia. Deve-se ajustar o percentual de sal branco no suplemento para alcançar o consumo programado (Thiago & Silva, 2003). As relações entre os nutrientes precisam ser consideradas na determinação dos níveis ótimos de minerais em uma dada situação (Underwood & Mertz, 1987). No caso de macroelementos, é possível estimar a ingestão, por meio da dieta ajustar quanto deve ser suplementado via mistura mineral. Em geral, a mistura mineral deve conter, em média, pelo menos 6 a 8% de fósforo, correspondendo a uma ingestão média diária de 3 a 4 gramas (g) de fósforo para o consumo de 50 g da mistura mineral suplementar. O fósforo deve ser tratado como um promotor de crescimento. Para fêmeas em reprodução deve-se fornecer fósforo o ano todo, considerando teores de 8 a 10% de fósforo são insuficientes, podendo necessitar de 7 a 9 g P/dia (Underwood & Mertz, 1987). De maneira geral deve-se descobrir as maiores deficiências apresentadas pela região, pelo tipo de exploração e pela espécie de pastagem utilizada para forrageamento dos animais, aconselhando-se suplementar de 50% a 150% dos requisitos dos macroelementos já conhecidos como deficientes na região. O requerimento mineral depende muito do nível de produtividade animal. Os requisitos para ótima saúde são talvez 25 a 50% maiores do que aqueles necessários para o crescimento normal, no caso de alguns microelementos (Herd, 1997). Segundo Houser (1976), a suplementação mineral se aproximaria das necessidades reais com pelo menos 25 a 50% dos requisitos nutricionais, aonde não houvesse informações precisas. A legislação obriga a mistura mineral a conter uma concentração mínima de micro e macroelementos para registro (Tabela 1) (Mota, 1998). TABELA 2 - Concentração mínima de macro e microelementos na mistura mineral para bovinos de corte. Quantidade/Kg de Elemento Unidade mistura final Fósforo G 40 Magnésio G 5 Cobalto Mg 15 Cobre Mg 400 Iodo Mg 30 Manganês Mg 500 Selênio Mg 5 Zinco Mg 2.000 Fonte: Anexo à Portaria SDR Nº30, de 06 de junho de 1997. 2.1.10 Exemplo de avaliação de um suplemento mineral comercial Para avaliarmos uma mistura mineral, além dos pontos referentes à biodisponibilidade, qualidade, qualidade da fonte, e outros já citados, devem ser consideradas, quais as necessidades de minerais da categoria em questão; Quantidade e qualidade do alimento/água consumidos; Deficiências minerais esperadas na região; Consumo estimado do suplemento mineral. Para bovinos sob pastejo em pastagens tropicais, é comum o fósforo ser o mineral mais deficiente sendo que também a forrageira contribui geralmente com um aporte muito pequeno de sódio, cujas exigências serão integralmente suplementadas via mistura mineral (Underwood & Mertz, 1987). Para avaliar se a mistura está adequada o primeiro passo é o consumo do suplemento. Como o sódio é o principal limitante/indutor de consumo, e dependendo da categoria animal. Ex. Vacas de 450 Kg de peso, consumindo 2% Matéria Seca (MS) de forragem, sendo a pastagem de capim Brachiaria brizantha na região do noroeste do Paraná, implantada em solos de média fertilidade, período de estação verão. Quanto de Cálcio e Fósforo devem ser suplementados diariamente; Peso vivo adulto médio das vacas: 450 Kg Consumo de MS: 2% do peso vivo = 9 Kg de MS/dia. Concentração média (no verão) de Ca = 0,28% e P = 0,11% na MS da forragem: Calculando a ingestão diária estimada de Ca e P por meio do consumo de forragem: 100 Kg de MS = 0,28 Kg Ca 9 Kg de MS = 0,025 Kg Ca = 25, 2 g Ca 100 Kg MS 9 Kg de MS = 0,0099 Kg P = 9, 9 g P Requisitos nutricionais médios para Ca = 23g/dia e P = 15 g/dia (NRC, 1996). A mistura mineral deve suplementar cerca de 5 g/dia estando fósforo em concentrações adequadas na forragem. TABELA 3 - Quantidades estimadas de Ca e P (g/dia) fornecida pela forrageira. Discriminação Ca P Forragem 25,2 9,9 Requisitos 23 15 Diferença +2,2 -5,1 Considera-se possível as deficiências de Cu, Zn, Co, I, Se e Na nas condições propostas, e estes elementos deverão ser suplementados também. TABELA 4 - Nível de suplementação de nutrientes por meio da mistura mineral. Nível Ingestão desejada Elemento Cálculo suplementado do elemento/dia Fósforo 5g Sódio 0,1% (0,1 x 9) /100 9g Cobalto 0,1 mg/Kg (0,1 x 9) 0,9 mg Cobre 10 mg/Kg (10 x 9) 90 mg Iodo 0,5 mg/Kg (0,5 x 9) 4,5 mg Selênio 0,1 mg/Kg (0,1 x 9) 0,9 mg Zinco 30 mg/Kg (30 x 9) 270 mg Para calcular a quantidade do elemento que deve constar na dieta do animal, considere que a vaca ingere 9 Kg de matéria seca/dia. Usando regra de três: 100 Kg de MS = 0,1 Kg de sódio 9 Kg de MS da dieta = A Kg de sódio A = (9 x 0,1) / 1 = 0,9 mg de cobalto/dia Considerando uma mistura mineral existente no mercado indicada como suplemento mineral, como saber se a mistura é adequada. O primeiro passo é estimar o consumo do suplemento. Como o sódio é o principal limitante/indutor estima-se o consumo dos demais pelo consumo de sódio. Sendo a quantidade de sódio indicada na concentração descrita no pacote ou indicação da constituição do sal ou da mistura que deve ser administrada: Ex: 1000 g do produto = 141 g de sódio X g do produto = 9 g de sódio X = (1000 x 9) / 141 = 63,83 g do produto Ao consumir 63,83 g do produto, o consumo dos elementos minerais poderá ser comparado ao consumo desejado de cada elemento, já calculado anteriormente. Uréia A inclusão de uréia em rações de ruminantes é lucrativa desde que a produção não seja diminuída e que a uréia seja utilizada para a síntese de proteína microbiana ou para estimular a fermentação do rúmen (Peixoto & Moura, 1984). Dentre os produtos mais comumente utilizados como fontes de nitrogênio não protéico (NNP), a uréia merece lugar de destaque. A uréia é um composto orgânico sólido, cristalizado por meio do sistema prismático e solúvel em água, álcool e benzina (Rezende, 2005 e Gonçalves et al., 2004). Classificada quimicamente é como amida, daí ser considerada um composto de NNP (Rezende, 2005). A obtenção industrial da uréia é feita pela combinação da amônia com gás carbônico, sob condições de elevada temperatura e pressão sendo um produto químico que se apresenta na forma química NH2CONH2. A obtenção industrial da uréia é feita pela combinação da amônia com gás carbônico, sob condições de elevada temperatura e pressão sendo um produto químico que se apresenta na forma química NH2CONH2 (Gonçalves et al., 2004). A amônia é o composto central para síntese de proteína microbiana no rúmen e pode surgir no rúmen por meio da degradação proteolítica do alimento (e/ou da própria proteína microbiana), ou ser proveniente da decomposição da uréia e outras fontes de nitrogênio não protéico, sejam elas provenientes da dieta ou não. (Ørskov, 1992). Para se calcular o percentual da proteína bruta ou total em determinado alimento, multiplica-se o percentual de nitrogênio existente pelo fator 6,25. Chegou-se a esse fator da seguinte maneira: sabe-se que as proteínas têm, em média, 16% de nitrogênio que, divididos por 100 dá como resultado 6,25 (Vilela, 1985). Todavia, o uso da uréia para ruminantes tem sido restringido pela conversão ineficiente do nitrogênio da uréia em misturas alimentares (Stiles et al., 1970), além de sua elevada solubilidade no rúmen, que a transforma rapidamente em amônia, sob a ação da enzima uréase produzida pelos microorganismos ruminais (Daughrty & Church, 1982; Owens et al., 1980). Bloomfiel et al. (1960) estimaram que a taxa de degradação a uréia em amônia é cerca de quatro vezes maior que a taxa de utilização de amônia pelos microorganismos e Swingle & Araiza (1977) relataram que a uréia se transforma em amônia numa velocidade maior que a transformação da lignocelulose em ácidos graxos voláteis necessários para a síntese de proteína microbiana. É evidente a necessidade de adaptação a dietas contendo uréia, pelo fato de que a retenção de nitrogênio apresenta tendência de aumento após o início do fornecimento da uréia e, ao fato de que a quantidade de uréia necessária para intoxicar o animal aumenta significativamente com o tempo após o início do seu fornecimento (Teixeira, 1991). 2.1.11 Fisiologia da absorção e secreção de uréia Segundo Helmer & Bartley, (1971), grande quantidade de nitrogênio amoniacal é absorvida pela parede do rúmen, sobrecarregando o fígado e aumentando a concentração de amônia no sangue, o que pode levar a um quadro de intoxicação nos animais, podendo ser agravado quando o consumo de uréia se dá em um curto espaço de tempo (Helmer & Bartley, 1971). Essa amônia em excesso, ao atravessar o epitélio ruminal e ser carreada via sistema circulatório até o fígado, podendo ou não ser perdida via sistema urinário (Vilela, 1985), e no fígado é novamente convertida em uréia (Mugerva & Conrad, 1971), em um processo conhecido com “ciclo da uréia” (Lehninger et al., 1995), que resulta na manutenção baixa dos níveis séricos de amônia, sendo essa uma forma fisiológica de desintoxicação. À medida que a digestão ruminal progride, todo o alimento ingerido pelo animal, juntamente com as bactérias e seus produtos, continuam a avançar pelo trato digestivo. Quando a digesta alcança o abomaso, que possui grande acidez, e é considerado o estômago verdadeiro do ruminante, as bactérias são destruídas e seu conteúdo é liberado. No abomaso e no intestino delgado, todas as frações alimentares são digeridas. A digestão da proteína bacteriana nada mais é do que sua quebra em aminoácidos, os quais serão absorvidos no intestino e transformados em proteínas pelo próprio animal. (Gonçalves et al., 2004) Existe ainda a uréia endógena (produzida no metabolismo animal), que é sintetizada no fígado do próprio animal. Nesse processo, a amônia proveniente da degradação da proteína ou da uréia ingerida é absorvida pela parede do rúmen e chega ao fígado pela veia porta. No fígado, essa amônia é convertida em uréia. Parte dessa uréia volta ao rúmen, parte vai para a saliva e parte é excretada pela urina (Gonçalves et al., 2004). Seja qual for a origem da uréia que alcança o rúmen dos animais, é inegável a contribuição dessa na síntese de todos os aminoácidos, e é considerável seu valor na sobrevivência de animais que se alimentam de rações deficientes em aminoácidos nãoessenciais ou em proteína (Correia, 1992). 2.1.12 Ureáse A ureáse é uma enzima classificada como amidase. Ela é largamente encontrada em plantas, principalmente em certas leguminosas, fermentos e bactérias. O líquido do rúmen apresenta uma alta atividade ureolítica pelo fato de ser produzida por bactérias. O líquido do rúmen apresenta uma intensa atividade ureolítica pelo fato de ser produzida por bactérias. Quanto maior a temperatura do rúmen maior ( até 49 graus centígrados), maior a atividade da urease. A atividade ureolítica é maior à temperatura de 39 graus centígraso entre o pH de 7,0 a 9,0, tendo seu ótimo de ação em pH 8,5 e sendo que é quase nula com pH abaixo de 3,0 e acima de 9,5. Este efeito pode ter um valor prático, já que em rações com amido o pH negativo por causa da influência de íon sobre a permeabilidade da membrana celular à passagem da uréia, pois a ureáse é uma enzima que age intracelularmente. Cobalto, potássio, bário, reduzem a atividade e Cálcio, magnésio e manganês, aumentaram (Vilela, 1985). A absorção da amônia é provavelmente passiva na forma não ionizada NH3, isto é, amônia na forma não ionizada passa através das membranas no sentido de uma concentração fisiológica menor (gradiente fisiológico). Uma vez que a concentração de amônia na circulação periférica é mantida a baixos níveis devido à conversão de amônia periférica, existe um gradiente permanente que permite a absorção da amônia em excesso em relação à capacidade de utilização dos microorganismos (Peixoto et al., 1984). 2.1.13 Exigências minerais de bovinos de corte O grau de controle fisiológico varia de um elemento para outro, mas a ingestão contínua de dietas deficientes, ou exposição contínua a ambientes que são a rigor deficientes, desequilibrados ou expressivamente altos, em particular, de alguns elementos, induz trocas nas formas de funcionamento, concentração e atividade nos fluidos e tecidos do corpo. Dessa forma, eles caem abaixo ou vão acima dos limites permitidos pela homeostasia orgânica. Nessas circunstâncias, são desenvolvidos defeitos bioquímicos, as funções fisiológicas são afetadas e desordens estruturais podem surgir com o passar do tempo, as quais diferem conforme os distintos elementos e suas funções, com o grau de duração da dieta tóxica ou deficiente, com a idade, sexo e espécie de animal envolvida (Underwood & Mertz, 1987). Os requerimentos para o cobre são bem maiores se a pastagem tem teores elevados de molibdênio e enxofre. Isso se deve ao efeito antagônico dos referidos elementos no metabolismo do cobre. Outro aspecto importante para bovinos, é que os requisitos para algumas funções orgânicas podem ser maiores do que para crescimento. Similar situação ocorre com o cobre e o manganês para ovelhas no período reprodutivo (Underwood, 1981). Segundo Suttle & Jones (1989), a nutrição tem uma grande importância sobre a função imune. As deficiências de cobre e zinco alteram várias funções do sistema imunológico. Existem, portanto, indicações de que as exigências desses elementos na fase de formação do sistema imunológico devem ser maiores do que as necessidades dos mesmos considerando apenas crescimento (Spear, 1991). 2.1.14 Essencialidade dos minerais Um elemento mineral pode ser considerado essencial quando sua ausência na dieta ocasiona redução no desempenho e/ou saúde dos animais. Existe uma condição ótima de concentração e forma funcional ideal para cada elemento no organismo, a fim de manter sua integridade estrutural e funcional, de maneira que a saúde, crescimento e reprodução se mantenham inalterados (Moraes 2001). Sabe-se que pelo menos são 15 elementos minerais reconhecidos com essenciais para vida dos animais superiores: cálcio, fósforo, magnésio, potássio, sódio, cloro, enxofre, iodo, manganês, ferro, cobre, cobalto, molibdênio, selênio e flúor. Com o avanço da produtividade da pecuária, as exigências minerais aumentaram, necessitando assim uma adequação da nutrição para que os índices produtivos não recuem (Moraes 2003). 2.1.15 Fontes de minerais Tabela 5 - Fontes de minerais. Elemento Cálcio Fósforo Sódio Fonte Fórmula Carbonato de cálcio CaCO3 Ele men to % 40 Calcário calcítico CaCO3 35 Calcário dolomítico CaCO3.MgCO3 22,3 Farinha de ostra CaCO3.Cax 38 Fosfato monocálcico Ca(H2PO4)2.H2O 15,9 Fosfato bicálcico CaHPO4.2H2O 23,3 Fosfato tricálcico Sulfato de cálcio diidratado (gesso) Farinha de ossos autoclavada Ca3(PO4)2 Forma Física Biodisponibilidade Média 38,6 Pó branco Pó insolúvel Pó insolúvel Granulada Cristais brancos Cristais brancos Pó branco CaSO4.H2O 22 Pó branco - Ca(PO4)2.CaX 26 - Alta Farinha de ossos calcinada Ca3(PO4)2.CaX 36 - Alta Fosfato monocálcico Ca(H2PO4)2.H2O 24,6 Fosfato bicálcico CaHPO4)2.H2O 18 Fosfato tricálcico Farinha de ossos autoclavada Ca3(PO4)2 20 Cristais brancos Cristais brancos Pó branco Ca3(PO4)2.CaX 14,5 - Alta Farinha de ossos calcinada Ca3(PO4)2.CaX 15,5 - Alta Ácido fosfórico H3PO4 24 - Alta Fosfato monoamônico (NH4)H2PO4 23,5 Pó branco Alta Cloreto de sódio NaCl 37 Cristais brancos Alto Óxido de magnésio MgO 60,3 Pó branco Alta Carbonato de magnésio MgCO3 28,8 Cristais brancos Alta Alta Magnésio Média Média Média Alta Alta - Alta Média Média Potássio Cloreto de potássio KCl 50 Pó ou cristal branco Enxofre Flor de enxofre S0 96 Pó amarelo Baixa Sulfato de amônio (NH4)2SO4 24 - Média Ferro Cobalto Iodo Manganês Cobre Sulfato de cálcio diidratado (gesso) CaSO4.2H2O 18 Pó branco Baixa Sulfato ferroso anidro FeSO4 36,7 46- Pó solúvel Alta Óxido de ferro FeO 60 Pó preto Indisponível Carbonato de ferroso FeCO3.H2O 41,7 Pó solúvel Média Sulfato de cobalto CoSO4.7H2O 24,8 Cristais vermelhos Carbonato de cobalto CoCO3 49,5 Cristais vermelhos a Cloreto de cobalto CoCl2.6H2O 24,7 Cristais vermelhos a Iodato de potássio KIO3 59 Iodeto d potássio KI 76 Iodato de cálcio Ca(IO3)2 62 Sulfato de manganês MnSO4.H2O 32,5 Óxido de manganês MnO 77,4 Carbonato de manganês MnCO3 47,8 Sulfato de cobre CuSO4.5H2O 25,5 Óxido de cobre CuO 80 Cloreto de cobre CuCl2.H2O 37,2 Sulfato de zinco ZnSO4.7H2O 22,7 Óxido de zinco ZnO 80,3 Cloreto de zinco ZnCl2 48 Carbonato de zinco ZnCO3 52,1 Selenito de sódio Na2SeO3 45 Zinco Selênio a Efetivo; bComposto instável Cristais brancos Cristais brancos Cristais brancos Cristais avermelha dos Cristais verdes Pó avermelha do Cristais azuis Pó preto Cristais verdes Cristais brancos Pó branco Cristais Brancos Cristais brancos Cristais brancos a Alta Altab Alta Alta Alta Média Alta Baixa Alta Alta Alta Média Alta Alta Fontes: Souza (1981), McDowell (1985), Nicodemo (1988), NRC (1996). 2.1.16 Fisiologia dos bovinos na utilização dos minerais Organismos superiores possuem mecanismos homeostáticos que podem manter as concentrações dos minerais em seus locais ativos, dentro de estreito limite fisiológico, apesar de altas e baixas disponibilidades na dieta. Tais mecanismos incluem o controle da absorção e excreção intestinal, a disponibilidade de estoques específicos para elementos individuais e o uso de carreadores químicos que se ligam a alguns elementos sob formas inócuas ou em quantidades potencialmente tóxicas (Underwood, 1981). O grau do controle homeostático varia de um elemento para outro, mas a ingestão contínua de dietas deficiente, a exposição contínua a ambientes que são a rigor deficientes, desequilibrados ou excessivamente altos, em particular, de alguns elementos, induz trocas nas formas de funcionamento, concentração e atividade nos fluídos e tecidos do corpo (Moraes, 2001). Nessas circunstâncias, são desenvolvidas defeitos bioquímicos, as funções fisiológicas são afetadas e desordens estruturais podem surgir, as quais diferem conforme os distintos elementos e suas funções, com o grau de duração da dieta tóxica ou deficiente, com a idade sexo e espécie do animal envolvida (Underwood & Mertz, 1987). Dessa forma, tem sido proposta uma definição de quatro fases de um estado de deficiência (Underwood & Mertz, 1987): I – Fase de depleção inicial é caracterizada pelas trocas, somente, no metabolismo do próprio elemento em resposta a uma ingestão subótima; compensado durante um período de tempo pelo suprimento inadequado. Nenhum distúrbio da outra estrutura biológica ou das funções é detectável. Aumento da eficiência da absorção intestinal e/ou a redução das perdas por excreção, desnaturação das proteínas carreadoras específicas e diminuição gradual dos estoques corporais são as típicas características, mas a concentração do elemento com seus locais específicos de ação não é afetada. A fase de depleção inicial pode retroceder a um status normal com uma crescente ingestão do elemento; e pode persistir por todo o tempo de vida se a oferta permanecer marginal; ou pode levar à fase II com uma ingestão mais limitada. II – Fase de “compensação metabólica”: é caracterizada pela diminuição de certas funções bioquímicas específicas, tais como as atividades das enzimas dependentes de elementos traços ou receptores afins. Às vezes, durante o processo de depleção, pode ficar inadequado para manter a concentração do elemento normal no local de ação, resultando na paralisação de algumas funções bioquímicas específicas. Primeiro existe uma troca mensurável no nível e no metabolismo dos substratos dessa função bioquímica, porque outros sistemas, independentes do elemento deficiente, realizam essa compensação – é a fase de compensação metabólica propriamente dita. A “fase e compensação metabólica” representa a deficiência propriamente dita, por causa da diminuição da função biológica. Sua conseqüência direta para a saúde é insignificante, quando os vários sistemas compensatórios estarão em vigor. Se nenhuma troca houver na dieta ou na exposição aos fatores que se interagem pode precipitar uma deficiência severa. III – Fase de “descompensação metabólica” da deficiência: é caracterizado pelo aparecimento de defeitos nas importantes funções para a saúde, tais como, metabólico, imunológico, desenvolvimento cognitivo e emocional, a aqueles relativos à capacidade de trabalho. Por definição, os sinais e sintomas não são clínicos e são detectados somente por testes especializados. Em relação aos riscos à saúde, discutidos na fase II, os desvios metabólicos (p.ex. metabolismo da glicose ou de lipídios) representam fatores de riscos para as doenças clínicas, como diabete e doenças cardiovasculares. IV – Fase clínica: é caracterizada pelo aparecimento da doença e, com o crescente agravamento, da deficiência até a morte. Para muitos microelementos, a fase clínica pode ser curada por meios nutricionais; alguns não respondem à terapia nutricional sozinhos. 2.1.17 Função dos minerais As principais funções dos minerais estão ligadas à composição estrutural física e química do corpo, participação sob forma iônica dos fluídos e líquidos intra e extracelular, como catalisadores enzimáticos e como constituintes hormonais. Existem funções dos minerais, que não são de um elemento em particular, mas podem ser desempenhadas por mais de um elemento ao mesmo tempo (Georgieviskii et al., 1982). Os elementos que são componentes estruturais dos órgãos e tecidos corporais, tais como cálcio, fósforo, magnésio e flúor nos osso e dentes, e o fósforo e enxofre nas proteínas musculares. O osso contém cerca de 99% do total de cálcio, 80% do total de fósforo, 70% do magnésio e 40% de microelementos do organismo do animal. O P faz parte de uma gama de reações metabólicas produtoras de energia para o animal e para as bactérias do rúmen, controle ácido-básico, sistema enzimático e da molécula de ácido nucléico e seus derivados. É importante na transmissão do código genético. Cerca de 1% do Ca encontra-se distribuído no tecido mole (contração e relaxamento muscular) e na forma iônica, no plasma sangüíneo (coagulação do sangue, excitabilidade normal neuromuscular, regulação das batidas cardíacas, manutenção da permeabilidade das membranas das células de todos os tecidos moles e ativação de algumas enzimas) (Salviano, 2006). O magnésio está envolvido no metabolismo de carboidratos e lípides, como também, é um fator essencial de muitas enzimas envolvidas na síntese do ATP. Os elementos componentes dos fluídos e tecidos corporais, como eletrólitos na manutenção da pressão osmótica, balanço ácido-básico, permeabilidade das membranas, irritabilidade tissular. Assim, têm-se o sódio, potássio, cloro e magnésio presentes no sangue, fluido cérebro espinhal e o suco gástrico. Os minerais estão presentes como sais solúveis no meio intracelular, e demais fluídos do organismo animal, de forma parcial ou total, dissociados em íons eletricamente carregados (cátions e ânions). Na análise do plasma sangüíneo dos animais, a proporção dos íons é correspondente à composição salina da água do mar (Anderson, 1987). A catálise dos sistemas enzimáticos requer, freqüentemente, a presença não somente a presença da enzima e do substrato, mas também de uma substância não protéica denominada de cofator (vitaminas), que são as coenzimas, e íons metálicos. As reações entre os íons metálicos e as enzimas formam um complexo organometálico (metaloenzima e metaloproteína) fundamental no processo biológico. O efeito de cada metal é específico. Podem existir, também, microelementos que atuam na manutenção de certas macromoléculas não enzimáticas, como o silício (Si) no colágeno, Co na Vitamina B12 (cianocobalamina) e cromo (Cr), ingrediente ativo do fator de tolerância da glicose (GTF) (Anderson, 1987). Alguns elementos que têm efeito específico na ação de hormônios, como a aldosterona (Na), hormônio da paratireóide (Ca), a calcitonina (Ca) e S sob a forma de ponte dissulfídrica que interliga cadeias de aminoácidos e estabiliza a estrutura protéica, estão contidos na maioria das moléculas de hormônios, principalmente a insulina, prolactina, oxitocina, vasopressina. Quando as pontes de dissulfetos são rompidas, a atividade hormonal é perdida. (Georgieviskii et al., 1982). O iodo é um elemento único por ser parte estrutural, integrante e específica do hormônio tironina da tireóide. O Cr vem despertando interesse na pecuária de corte em função de sua ação ativa do GTF e a sua relação com a entrada da insulina na célula para metabolizar a glicose produzida nos casos de estresse. 2.1.18 Importância dos minerais para a microflora do rúmen Dados de literatura têm indicado mecanismos de interação dos minerais com a microflora simbiótica do trato gastrointestinal. Com relação aos ruminantes, observa-se o seguinte: Alguns elementos minerais são essenciais, tanto para o organismo animal, quanto para a microflora ruminal. Entre os elementos incluem-se: K, essencial para o crescimento de certas espécies de microorganismos ruminais; P, essencial para os processos energéticos das células, tanto do animal, com da microflora; Mg, Fe, Zn, e Mo, componentes ativadores de enzimas bacterianas. O elemento mineral Co é essencial, principalmente para os microorganismos que produzem os metabólitos requeridos pelo organismo animal. Por exemplo, certos grupos de bactérias que produzem vitamina B12 (cianocobalamina) (Rosa, 1994). O elemento é essencial ao organismo animal e à microflora, mas é assimilado preferencialmente pelos microorganismos do rúmen, na forma que é fornecido. Um exemplo é o S, requerido para a digestão da celulose, assimilação de N não-proteíco síntese de vitaminas do grupo B. (Rosa, 2001). Elementos minerais que são essenciais nos processos metabólicos no organismo animal, mas também participam na criação de um meio ótimo para suporte dos microorganismos. Tais elementos incluem K, Na, Cl, e P e, sendo o rúmen um sistema biológico fechado, mantêm seu meio interno constante (ação tampão, pressão osmótica, concentração relativa de íons) (Rosa, 1994). 2.1.19 Interação entre elementos minerais Os minerais podem interagir entre si, com outros nutrientes e com fatores não nutritivos. Essas interações podem ser sinérgicas ou antagônicas, tomam lugar no próprio alimento, no trato digestivo, nos tecidos e no metabolismo celular (Georgieviski et al., 1982). Segundo Rosa (2001), elementos sinergéticos são aqueles que aumentam mutuamente a sua absorção no trato digestivo e cumprem a mesma função metabólica no tecido ou na célula: A interação pode ser direta entre os elementos. O nível de absorção é que determina suas proporções na dieta. Ex.: Ca/P; Na/Cl; Zn/Co. As deficiências minerais constituem um dos principais fatores responsáveis pelos baixos índices de produtividade dos ruminantes do Brasil, principalmente porque essas deficiências provocam a diminuição da taxa de crescimento e ganho de peso, baixa eficiência reprodutiva, e redução da produção de carne e leite (Tokarnia, et al. 1999). O cálcio e o fósforo são os minerais mais estudados na nutrição de ruminantes devido as inúmeras funções, suas presenças nos tecidos moles e principalmente nos ossos e devidos aos seus metabolismos apresentaram mecanismos físicos e biológicos semelhantes (Salviano, 2006). 2.1.20 Deficiências minerais Cálcio Segundo Moraes, (2001), deficiência de cálcio em pastagens é rara nas regiões tropicais. Alguns aspectos colaboram com este fato: As forrageiras encerram em seus tecidos concentrações de cálcio superiores às de fósforo; os solos deficientes de cálcio são geralmente menos comuns do que os deficientes de fósforo; os níveis de cálcio para a as forrageiras não declinam com a maturidade e senescência da planta, o que acontece com o fósforo. Outro aspecto importante é a presença de oxalato em algumas forrageiras tropicais, que complexa o cálcio, tornando-o indisponível para utilização de alguns animais, mas dificilmente poderia aplicar-se a bovinos, que têm uma capacidade muito maior de utilizar o cálcio sobre a forma de oxalato. Assim, é muito difícil em se estabelecer deficiência de cálcio nas áreas de pastagens brasileiras, a não ser em algumas regiões ou condições atípicas. Fósforo A deficiência de fósforo é ampla e de maior importância econômica, envolvendo bovinos sob condições de pastagens. Os sintomas da carência de fósforo podem manifestar-se, no inicio, reduzindo o apetite, seguindo-se perda de peso, apatia geral, redução da fertilidade, alterações ósseas (deformidade e fraturas) enrijecimento das articulações (“andar duro”), claudicação, apetite depravado (pica, alitriofagia), caracterizado por mastigar ou chupar materiais em geral estranhos à dieta. Sabe-se que a relação cálcio:fósforo é importante e afeta a absorção de ambos, ma para bovinos de corte é muito menos crítica do que para a maioria dos outros animais. Algumas pesquisas têm mostrado que bovinos de corte toleram a relação Ca:P até 7:1, sem efeitos prejudiciais, desde que os níveis de fósforos estejam adequados (Moraes, 2001). Sódio e cloro Bovinos mantidos a pasto precisam ser suplementados com sódio, porque as forrageiras em geral são pobres no elemento. As altas concentrações de potássio, que muitas vezes ocorre nas forrageiras tropicais, podem agravar o problema de carência de sódio por promover e excreção deste pela urina (Moraes, 2001). O primeiro sinal da deficiência dietética de sódio é um apetite exagerado para o sal, manifestando-se pelo hábito de roer, lamber ou chupar madeira, lamber ou ingerir solos e lamber o suor de outros animais. A avidez pelo sal estabelece-se após poucas semanas de uma dieta deficiente, pois não existe um órgão ou tecido de depósito no organismo. Isto implica em que o cloreto de sódio deva ser suprido em uma base constante aos animais em pastejo. O bicarbonato de sódio é tão efetivo na recuperação do animal carente quanto ao cloreto de sódio, indicando que o elemento cloro, ele faz parte do suco gástrico, formando o ácido clorídrico para a degradação das proteínas no abomaso, além de ser mediador no balanço ácido/básico do sangue e tem função de ativação das amilases (Perry, 1995). Potássio Apesar de requerimentos dietéticos altos de potássio dos animais, a maioria dos alimentos encerram este mineral em concentrações adequadas (Rosa, 2001). A deficiência de potássio geralmente é difícil de acontecer e de ser avaliada em bovinos sob pastejo. A degradação contínua das pastagens pode favorecer a redução na disponibilidade deste elemento para os animais, possibilitando o aparecimento sinais da deficiência, aparecendo limitações a produção. Teores de 3% na dieta de bovinos podem interferir na utilização do magnésio. O aumento da concentração do magnésio na dieta oferece proteção contra a toxicidade do potássio (Moraes, 2001). Enxofre Segundo Moraes, (2001) na deficiência de enxofre, a síntese da proteína microbiana é reduzida e os animais apresentam aspecto distrófico. A falta de enxofre permite o desenvolvimento de microorganismos no rúmen que não utilizam o lactato, que acumula no rúmen, sangue e urina. É difícil diagnosticar uma deficiência de enxofre. Ocorre perda de peso, debilidade muscular, lacrimejamento, tontura e morte. A flora microbiana ruminal tem a capacidade de converter o enxofre inorgânico em compostos orgânicos sulfurados, que são utilizados pelo animal ou pelos próprios microorganismos no rúmen. Com o crescente aumento do uso de nitrogênio nãoprotéico (NNP) para suplementar parte da proteína na dieta dos ruminantes aumentam as probabilidades de ocorrência de carência de enxofre. Recomenda-se a suplementação de uma parte de enxofre para cada dez a quinze partes de NNP utilizado em complementação à proteína verdadeira da dieta dos bovinos. A suplementação de enxofre pode ser importante para ruminantes sob dieta de volumoso de baixa qualidade, produzido em solos pobres de enxofre ou volumosos fornecidos com alguma fonte de NNP. A concentração máxima tolerável de enxofre em dieta de bovinos tem sido estimada em 0,40% e níveis excedentes a este podem resultar em grave intoxicação (Teixeira, 1991). Ferro Setenta por cento do ferro no organismo do animal está sob forma de hemoglobina e 30% encontra-se no fígado, baço e medula óssea. A hemoglobina é o composto de eleição para diagnóstico da deficiência de ferro. Esta raramente ocorre no gado bovino, exceto quando os animais apresentam alto grau de parasitismo ou hemorragia. Nos solos tropicais, a disponibilidade de ferro nas forrageira é suficiente e até alta para atender à demanda dos bovinos. Em termos de pesquisa, é possível que o ferro deva ser um motivo mais de preocupação em relação ao seu potencial tóxico que de deficiência, para bovinos. O principal efeito deletério do excesso de ferro na dieta seria a formação de complexo insolúvel com o fósforo no rúmen. Manganês O manganês é necessário para manter o funcionamento perfeito dos processos reprodutivos tanto para os machos como das fêmeas. Ele é necessário, também, para a manutenção da estrutura óssea normal e o funcionamento adequado do sistema nervoso central. O fígado é o órgão de eleição para a estocagem do manganês. A deficiência de manganês é pouco provável em bovinos sob condições de pastagens, pois estas encerram quantidades adequadas que suprem as exigências dos animais. Por outro lado, pastos formados em áreas que eram originalmente florestas podem apresentar teores deficientes de manganês. Os sintomas da deficiências desse elemento podem ser expressos por anomalias no esqueleto de animais jovens e recém-nascidos, transtornos na reprodução, retardamento do cio e conseqüente baixa taxa de concepção. A disponibilidade do Mn é maior em solos cujo pH está abaixo de 6, como nas regiões de Cerrados. Análise de pastagens nativas e cultivadas nesta região tem demonstrado concentrações sempre acima do nível máximo de exigência de bovinos. Cobre Este elemento está diretamente ligado à formação da hemoglobina, maturação da hemácia e no funcionamento do sistema enzimático. Participa da formação do tecido ósseo e conjuntivo e do sistema imunológico. Ele é importante para a integridade do sistema nervoso central e da musculatura cardíaca. O fígado também é o órgão de estocagem deste microelemento. Os principais sintomas de sua deficiência são: 1) anemia nutricional, resultante de uma prolongada deficiência de cobre; 2) Ataxia enzoótica em bezerros recém-nascidos, caracterizada por perturbações da locomoção, paralisia posterior e morte, causada pela má formação da bainha de mielina da medula espinhal em decorrência da deficiência crônica de cobre das mães; 3) morte súbita, caracterizada por e fibrose do miocárdio, os animais caem e morrem de súbito por falência cardíaca aguda; 4) diarréia, uma ocorrência mais comumente associada com deficiência direta ou induzida (toxidez de molibdênio e/ou enxofre); 5) perda da cor natural dos pêlos, demonstrada em animais de pelagem escura; 6) declínio de fertilidade pela falta ou retardamento do cio; 7) deformidade e enfraquecimento dos ossos longos, que fraturam com relativa facilidade. Carências de fósforo e cobre estão entre as mais generalizadas em ruminante em pastejo. Em algumas regiões do Brasil, como as de solos mais férteis, pode ocorrer a deficiência condicionada de cobre, devido a altas concentrações de molibdênio e/ou enxofre no solo. O excesso de molibdênio na dieta causa sinais clínicos similares e indistinguíveis da deficiência de cobre. Tanto o excesso de molibdênio como o cobre deficiente podem ser corrigidos pela provisão adicional de cobre aos animais. Nas áreas onde o molibdênio está presente em altas concentrações nas pastagens, a melhor maneira de suplementar o cobre é pela aplicação de injeções periódicas de compostos à base desse alimento, evitando complexação no trato gastrointestinal. Zinco Segundo Moraes (2001) o zinco tem papel fundamental no metabolismo do ácido nucléico e de proteínas, em conseqüência, nos processos fundamentais de multiplicação celular. É um elemento estrutural ou ativador de uma série de enzimas. Ele é necessário para a adequada formação e funcionamento do sistema imunológico na primeira fase da vida do animal. Um parte do zinco da dieta é absorvida no abomaso e o restante no duodeno, daí é metabolizado no fígado. O zinco, ao contrário dos demais elementos, não é estocado em nenhum órgão. Ele se constituí “pool” móvel, comandando pro uma proteína específica, que mobiliza-o para um tecido ou órgão de maior demanda. É um elemento importante na estabilização dos déficits causado pelo estresse. A deficiência de zinco de animais em pastejo dificilmente se manifesta de uma forma clara, com a sintomatologia clínica bem definida. Deficiências subclínicas são comuns. Bezerros pertencem à categoria animal mais predisposta a esta deficiência. A carência de zinco incide primeiro bloqueando a síntese de proteínas; em conseqüência há redução de apetite, redução na imunocompetência (baixa resistência às infecções), dificuldade de cicatrização das lesões cutâneas, paraqueratose e infertilidade, tanto de machos como de fêmeas. A administração de doses orais ou de injeções de compostos à base de zinco pode reduzir o estresse metabólico presente na desmama. As deficiências de zinco alteram várias funções do sistema imunológico (Existem, portanto, indicações de que as exigências desses elementos na fase de formação do sistema imunológico, assim devem ser maiores do que as necessidades dos mesmos considerando apenas crescimento (Suttle & Jones, 1989; Spear, 1991). Iodo É o único elemento exigido para uma só função primordial no organismo dos mamíferos. Ele é necessário para a síntese do hormônio tiroxina pela glândula tireóide, que regula o metabolismo energético em todas as fases da vida do animal, ou seja, da produção de energia para a mantença (termoregulação, reprodução, crescimento, circulação sangüínea, função muscular). Na falta de iodo, o hormônio não é sintetizado e ocorrendo aumento da glândula tireóide (bócio). Alguns fatores que contribuem para a deficiência do elemento incluem solos com baixos níveis de iodo e muito drenados, distância do mar, variação da capacidade da planta em absorver iodo. Bovinos em pastejo estão sujeitos a deficiência deste elemento. A maneira mais eficiente de prevenir a deficiência de iodo é suplementá-lo em misturas minerais. O uso de iodeto de potássio não estabilizado deve ser evitado porque o iodo se volatiliza com facilidade nas condições tropicais. O iodato de potássio é mais estável (Moraes, 2001). Cobalto O cobalto é requerido pelos microorganismo do rúmen para a síntese da vitamina B12 (cianocobalamina), requerida para o funcionamento de vários sistemas enzimáticos na utilização de energia (Moraes, 2003). A deficiência de cobalto, pela sua gravidade e freqüência com que ocorre, é uma das mais consideráveis para bovinos em condição de pastagem. Ela é características pela diminuição do apetite, perda de peso, pêlos arrepiados, pele grossa, anemia e às vezes a morte. Os sintomas são indistinguíveis dos da subnutrição protéica ou energética e parecem indicar que o efeito da falta de cobalto pode ser sobre o apetite, em vez de um efeito direto sobre o organismo animal. A deficiência do cobalto pode ser prevenida ou tratada com adição de sais de cobalto à mistura mineral, do uso de veículos albergando cobalto (que permanecem no rúmen-retículo liberando o elemento de modo gradativo), ou de injeções de vitamina B12. O adequado suprimento de cobalto aos bovinos deficientes produz rápida redução e desaparecimento dos sintomas, sendo este talvez o sinal mais seguro para o correto diagnóstico da deficiência do elemento (Moraes, 2001). Selênio O selênio é um elemento ativador de uma enzima estratégica na eliminação dos radicais livres originados dos processos de estresse, infecções, atuando juntamente com a vitamina E (tocoferol). A enzima (glutationa peroxidase) atua no citoplasma celular e a vitamina E na membrana. Hoje sabe-se que este alimento está envolvido, com o zinco e cobre, na formação e desenvolvimento dos órgãos de defesa na resposta imunitária e no combate ao estresse. Os sinais clínicos da deficiência de selênio em ruminantes são: falta de vitalidade, crescimento retardado e infertilidade. O sintoma característico da deficiência grave de selênio em bezerros e cordeiros é a “doença do músculo branco”, uma distrofia muscular de origem nutricional. A forma mais adequada de suplementar selênio é pelas misturas minerais, ou pela administração via intramuscular de compostos contendo selênio e vitamina E (Moraes, 2001). 2.1.21 Microelementos minerais considerados novos na nutrição de bovinos Cromo Na década de 1990, foi reconhecido o potencial do Cr na nutrição de bovinos e suínos.(Chang & Mowat, 1992). O cromo tem importância para a bovinocultura, quando há estresse emocional, físico e metabólico, resultante da intensificação das práticas produtivas, que propicia uma maior susceptibilidade às doenças e alterações metabólicas (Burton, 1995). O Cr funciona integralmente como componente e biologicamente como ativador do fator de tolerância à glicose (GTF) que potencializa a ação da insulina na célula. O átomo de Cr, do GTF, facilita a interação entre insulina e os receptores dos tecidos musculares e tecidos adiposos (Mertz, 1987). O cromo é necessário para o funcionamento dentro da normalidade das células â (alfa), secretoras de insulina no pâncreas, prevenindo uma super-resposta da secreção de insulina mediante ao estímulo da glicose (Striffler 1995). A insulina é um hormônio que promove o processo anabólico e inibe o catabolismo nos músculos, fígado e tecido adiposo, para tal, é dependente do GTF. Em condições de estresse (período pré e pós parto, no transporte, em alta lotação e variação extrema da temperatura) há aumento dos níveis sangüíneos de glicose e, ao mesmo tempo, do hormônio cortisol, provocando mobilização das reservas de Cr nos tecidos (Moraes, 2001). 3 CONSIDERAÇÕES FINAIS Quando a forrageira é a única fonte de energia e proteína para os animais em crescimento ou engorda, as taxas de ganho de peso podem ser menores de que as desejadas, para atingir os objetivos da pecuária de ciclo curto. Nesse caso, suplementos energéticos e protéicos devem ser usados para aumentar as taxas de ganho. Entretanto, esse aumento pode ser maior ou menor do que o esperado, e isso será a função das interações entre o tipo, a quantidade e a qualidade de forragem disponível. Desta forma, ao formular-se um suplemento, o objetivo a ser alcançado deve estar bem claro, de forma a trazer benefício econômico. O uso da suplementação alimentar a pasto está em franca expansão devido, principalmente, ao trabalho de marketing promovido pelas empresas produtoras de suplementos. Porém, o uso indiscriminado dessa prática pode não promover resultados adequados. Por exemplo, a suplementação em épocas que a forrageira utilizada na propriedade está no seu pico de produção pode promover o efeito de substituição do pasto pelo suplemento, o que não é desejável. Outro aspecto importante nesse contexto é o fato de que a suplementação ser recomendada sem estar fundamentada em resultados regionais. É importante ressaltar que esses fatores podem contribuir de forma negativa e resultar em redução do uso desta alternativa tecnológica que além de promissora, pode ser fundamental para a melhoria da competitividade da pecuária de corte brasileira. A procura pela intensificação de produção, resultante da combinação da oferta de forragem e da suplementação alimentar em pasto, aumenta a complexidade do sistema de produção, quando se almeja diminuir o tempo de produção na pecuária nacional. 4 CONCLUSÃO O uso errôneo de um complemento nutricional influencia significativamente a estrutura de custos, com custos explícitos (envolvendo desembolso de dinheiro) aumentando sua participação nos custos totais. Isso exige um gerenciamento técnico mais rigoroso, sem o qual a viabilidade do negócio pode ficar comprometida. Dessa forma, a maior utilização de capital e de tecnologia tem como conseqüência maiores probabilidades de maior lucro, todavia, por outro lado, resultam em maior complexidade e aumento de risco, o que por sua vez requer melhor manejo gerencial. Neste contexto, vale ressaltar que além da maior demanda por melhoria de gerência, tornam-se de fundamental importância os investimentos em capacitação de pessoal, para que haja melhor compreensão e utilização das tecnologias, visando a melhor adaptação do sistema onde o lucro seja o único produto para o produtor rural. A condição para a adoção da suplementação dentro dos sistemas de produção de carne é que a mesma atenda a uma relação custo/benefício favorável. Essa relação será diferente para cada produtor. Para determinar benefícios, é necessário conhecer o custo atual do suplemento (R$/kg) e compará-lo ao valor do ganho de peso adicional correspondente da produção (R$/arroba). Finalmente deve-se lembrar que a necessidade da suplementação vem intimamente correlacionada em função da expectativa de cada propriedade rural, devendo assim ser estipulada uma meta, pela quantidade e qualidade da pastagem, com os atuais níveis de manejo conciliada a cooperação da natureza se tratando de clima propício, chega-se as necessidades estimadas para o animal. 5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BLOOMFIELD, R. A.; GARNER, G. B.; MUHRER, M. E. Kinectics of urea metabolism in sheep. Journal of Animal Science, Champaign, V. 19, n. 4, p. 1248, Apr. 1960. BURTON, J. L. Suplemental chromium: its benefits to the bovine immune system. Animal Feed Science and Tecnology, Amsterdam, v. 53, n. 3, p. 117-133, 1995. BUTOLO, J.E. Qualidade de ingredientes na alimentação animal. Campinas/SP. 2002. CHANG, X.; MOWAT, D. N. Supplemental chromium for stressed and groing feeder calves. Journal of Animal Science, Champaign, v. 70, p. 559, 1992. COELHO DA SILVA, J. F.; LEÃO, M. I. 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