Avaliação das propriedades dos pellets para fins energéticos José Cláudio Caraschi, Bruno Silva Camargo, Sâmique Kyene de Carvalho Araújo Camargo, Dorival Pinheiro Garcia UNESP/Câmpus de Itapeva, Engenharia Industrial Madeireira [email protected]. Introdução Os pellets de madeira são combustíveis renováveis produzidos na forma de pelotas cilíndricas de madeira, compactadas e densas que são produzidas com baixo teor de umidade (menor que 10%), permitindo assim maior eficiência na combustão, ou seja são produzidos a partir dos subprodutos indústriais de processamentos mecânicos da madeira ou materiais lignocelulósicos e resíduos florestais. Com a escassez de atuais fontes não renovavéis e altamente poluentes, como o petróleo e carvão mineral, a biomassa florestal e seus produtos derivados, o uso de pellets de madeira surge como uma forma de energia alternativa, já que possuem grande potencial, além de suprir as necessidades de energia ainda proporciona menor impacto ambiental, o que torna os pellets um biocombustível promissor. A principal aplicação é para aquecimento comercial e residencial de ambientes, mas também pode ser utilizado para a geração de energia elétrica em plantas industriais (GARCIA, 20121). Sua utilização é favorável ao meio ambiente, pois é neutro em carbono, ou seja, todo CO2 liberado na combustão é recuperado no crescimento de novas árvores já que a madeira é um material renovável, e tem baixas emissões de gases do efeito estufa, além de ser derivado de resíduos (galhos, serragem). Com isto, surge um novo cenário energético mundial com a biomassa vegetal em constante fortalecimento, já que , dentre fontes de energia renováveis possue preços cada vez mais competitivos e menor impacto ambiental1. Objetivos Este trabalho teve como objetivo avaliar e comparar os diferentes pellets, quanto as suas propriedades físicas e químicas para fins energéticos, em relação às normas padrões internacionais. Material e Métodos Neste trabalho utilizaram-se como amostras diferentes tipos de pellets. Eles foram designados como: P1 – pellets de maravalhas de Pinus ssp., P2 – pellets de serragem de Pinus ssp., P3 – pellets de serragem de Pinus ssp. com 4% em massa de carvão vegetal, P4 – pellets de casca de amendoim e P5 – pellets de Pinus ssp. (Literatura1). Pode se observar na Figura 1 os pellets utilizados. Figura 1: Amostras de cada pellets Foram efetuadas análise imediata, com as determinações do teor umidade (TU), teor de voláteis (TV), teor de cinzas (TCz) e carbono fixo (CF), de acordo com metodologia expressa na norma ABNT NBR 8112, sendo três repetições para cada amostra de material. Para determinação da densidade a granel (ou absoluta) utilizou-se a metodologia estabelecida pela norma ABNT NBR 6922, para carvão vegetal. Para determinação das análises realizadas foram utilizadas as seguintes normas com suas especificações de qualidade como ilustra a Tabela 1. Tabela 1: Normas de padronização austríaca e suéca para os pellets Alemanha DIN 51731 HP1 Parâmetros (unidades) 4 ≤ Ø ≤ 10 Ø (mm) Áustria ÖNORM M7135 Madeira 4 a 20 Compr. (mm) ≤ 5. Ø máx. 100 3 Dgranel (kg/m ) > 600 > 600 TU (%) < 12 ≤ 12 TCz (%) < 1,5 ≤ 0,50 17,5 a 19,5 ≥ 18 ≥ 95,0 ≥ 95,0 PCI (MJ/Kg) Du (%) Efetuaram-se três repetições para cada procedência de material. A densidade da partícula dos pellets foi determinada de acordo com a norma ONORM M71352 através das medidas das dimensões e o peso de 40 pellets individuais selecionados aleatoriamente de cada amostra. Para determinar o teor de umidade das amostras, utilizou-se a ABNT NBR 14929 pelo método da secagem em estufa. As dimensões dos pellets, diâmetro e comprimento, foram determinados de acordo com a norma ONORM M7135 através da medida individual do comprimento e do diâmetro de 40 pellets selecionados aleatoriamente de cada amostra. Para cada amostra do material contou-se a quantidade de pellets contidas em 100g. Determinou-se o, poder calorífico útil (PCU), e poder calorífico inferior (PCI) com umidade, em uma bomba calorimétrica isotérmica por meio da metodologia estabelecida na norma ABNT NBR 8633. Realizou-se três repetições para cada amostra coletada. A densidade energética foi determinada multiplicando-se o PCI pela densidade a granel (kg/m3). A durabilidade mecânica (Du) dos pellets foi determinada conforme as especificações técnicas da norma CEN/TS 15210-1 de 2005, utilizando 500,0g da amostra, onde foi rotacionado a 50 rpm, durante 10 min, e foi expressa através do percentual entre a massa retida na peneira de 3,0 mm e a massa inicial. Resultados e Discussão Os resultados da caracterização dos pellets são apresentados nas Tabelas 2 e 3. Tabela 2: Propriedades físicas dos pellets Pellets Análises P1 P2 P3 P4 P5 Diâmetro 7,41 6,76 6,75 6,72 6,30 (mm) Compr. 21,1 21,4 29,9 14,8 18,4 (mm) Pellets / 100g 86 97 80 142 265 (unid.) dgranel 682 649 598 511 638 (kg/m³) Tabela 3: Análise imediata e o poder calorífico superior e inferior dos pellets Análises Pellets P1 P2 P3 P4 P5 TU (%) 7,70 8,31 7,88 10,48 7,78 PCU (MJ/kg) 18,97 18,89 20,40 17,93 17,64 PCI (MJ/kg) 17,52 17,44 18,95 16,45 17,70 TCz (%) 0,63 0,64 1,04 5,04 0,58 CF (%) 13,03 14,83 22,27 13,83 15,42 TV (%) 86,97 85,17 77,73 86,17 84,0 Os resultados demonstraram que o poder calorífico inferior dos pellets P1, P2 e P3 atingiram valoress mínimos exigidos na norma alemã que exige de 17,5 a 19,5 MJ/kg (DIN 51731)3. Em relação a densidade energética (quantidade de energia por unidade de volume), os pellets P1, P2 e P3 apresentaram valores na faixa que exige os padrões de qualidade (9,3012,30)4. Quanto ao teor de umidade, os resultados mostraram que todos os pellets atingiram este parâmetro de qualidade. De acordo com a norma (ONORM M7135 e DIN 51731) todos os pellets apresentaram alta durabilidade mecânica (acima de 80%). Os resltados mostraram que quando coletadas 100 gramas de cada pellets, notou-se maior variação entre os pellets P3 e P4 com relação ao comprimento, com valores de 14,8 e 29,9mm respectivamente, e a quantidade de material presente nas 100 gramas de cada amostra variou de 80 para P4 a 142 unidades para P3. A densidade a granel dos pellets estão dentro do aceitável pelas normas de padronização, com excessão apenas dos pellets P4. Conclusões A partir dos resultados conclui-se que os pellets são biocombutíveis renováveis que possuem bom potencial energético e atendem os padrões internacionais com relação as análises realizadas, com exceção dos pellets de casca de amendoim. Referências Bibliográficas 1 GARCIA, D. P. Caracterização química, física e térmica de pellets de madeira produzidos no Brasil. 2010. 101f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Mecânica) - Faculdade de Engenharia de Guaratinguetá, Universidade Estadual Paulista, Guaratinguetá, 2010. 2 OSTRREICHES NORMUNGS INSTITUT. ONORM M7135. Compressed wood or compressed bark in natural state – pellets and briquettes, Requirements and test specifications, Vienna, 2000. 3 DEUTSCHES INSTITUT FÜR NORMUNG. DIN 51731: Testing of solid fuels – Compressed untreated wood, Requirements and testing. Berlin, 1996. 4 LETHIKANGAS, P. Quality properties of pelletised sawdust, logging residues and bark. Biomass and Bioenergy, Uppsala, Sweden.v.19, n.20, p.351-360, aug. 2001.