III Simpósio Brasileiro de Ciências Geodésicas e Tecnologias da Geoinformação Recife - PE, 27-30 de Julho de 2010 p. 001-009 PROPOSTA DE APERFEIÇOAMENTO DOS LEVANTAMENTOS DE IMÓVEIS RURAIS PARA FINS DE VISTORIA DO INCRA WENDSON DE OLIVEIRA SOUZA SILVIO JACKS DOS ANJOS GARNÉS Universidade Federal de Pernambuco - UFPE Centro de Tecnologia e Geociências - CTG Departamento de Engenharia Cartográfica, Recife, PE [email protected], [email protected] RESUMO - Os levantamentos de imóveis rurais para fins de vistoria efetuados pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária – INCRA visam atender a classificação de propriedades rurais produtivas ou não, para o programa de reforma agrária. Nos dias de hoje, as medições para obter essas informações no campo são realizadas com receptores GNSS operando no posicionamento absoluto e esse método é passível de erro, principalmente no que diz respeito à precisão posicional desejada. Sabe-se que por meio de métodos relativos esses posicionamentos podem ser melhorados em termos de acurácia. Neste trabalho apresenta-se a criação de mecanismos orientadores no que tange o melhoramento da precisão necessária para o julgamento da produtividade das propriedades rurais. Para isso o emprego do receptor GNSS no posicionamento relativo face às redes homologadas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas – IBGE é uma das soluções aqui propostas viáveis e exequíveis. Permitindo obter como resultado um produto cartográfico mais apurado e sem custo adicional. Proporcionando maior confiabilidade para fins de vistoria e avaliação de imóveis rurais. Palavras-chave: Avaliação de Imóveis Rurais; Posicionamento pelo GNSS. ABSTRACT - The surveying of immobile rural for inspection ends made by Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária- INCRA seek to assist the classification of productive rural properties or not, for the land reform programs. Nowadays, the measurements to obten those information in the field are accomplished with receivers GNSS operating in the absolute positioning and that method is susceptible to mistake, mainly in what it concerns the precision wanted posicional.It is know that through relative methods those positionings can be improved in accuracy terms. In this work its comes the creation of guiding mechanisms in what plays the improvement of the necessary precision for the judgment of the productivity of the rural properties. For that the employment of the receiver GNSS in the positioning relative face to the ratified nets of the Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística- IBGE is one of the solutions here proposed viable and feasible. Allowing to obtain as result a more select cartographic product and without additional cost. Providing larger reliability for inspection ends and evaluation of immobile rural. Keywords: Evaluation of Immobile Rural; GNSS Positioning. W.O. Souza, S. J. A. Garnés III Simpósio Brasileiro de Ciências Geodésicas e Tecnologias da Geoinformação 1 INTRODUÇÃO De acordo com o Ministério do Desenvolvimento Agrário – MDA, uma das suas unidades O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária – INCRA é definido como uma autarquia federal dotada de personalidade jurídica de direito público, com autonomia administrativa e financeira, com sede e foro em Brasília, Distrito Federal, e jurisdição em todo o território nacional, criado pelo Decreto-Lei nº 1.110, de 9 de julho de 1970, com a missão prioritária de realizar a Reforma Agrária, manter o cadastro nacional de imóveis rurais e administrar as terras públicas da União. Para o INCRA, sua principal meta é a implantação de um modelo de assentamento com a concepção de desenvolvimento territorial. Sua finalidade é criar modelos compatíveis com as potencialidades e biomas de cada região do País e promover a união espacial dos projetos. Outra atividade fundamental no trabalho da autarquia é solucionar os recursos ambientais existentes, a recuperação da infraestrutura e o desenvolvimento sustentável dos mais de cinco mil assentamentos existentes no território nacional. Os levantamentos de imóveis rurais para fins de vistoria efetuados pelo INCRA visam atender a classificação de propriedades rurais produtivas ou não, para o programa de reforma agrária. Nos dias atuais as medições para obter essas informações no campo são realizadas com receptores GPS e ou GNSS no método de posicionamento absoluto. Sabe-se que por meio de métodos relativos esses posicionamentos podem ser melhorados em termos de acurácia. O estudo dessa pesquisa se deu com os dados do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária – INCRA, através de sua Superintendência Regional – SR03, localizada em Recife-PE. Recife - PE, 27-30 de Julho de 2010 p. 002-009 dos erros envolvidos nas medições receptor/satélites, melhorando a precisão dos pontos limites do imóvel em questão. Assim, a proposta de aperfeiçoamento dos levantamentos de imóveis rurais para fins de vistorias tem como proposição a criação de mecanismos orientadores no que tange o melhoramento da precisão necessária para o julgamento da produtividade das propriedades e para o procedimento seguinte de avaliação de imóveis rurais. Para isso o emprego do receptor GNSS no posicionamento relativo, através de redes homologadas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas, IBGE, é uma das soluções viáveis ao estudo dessa pesquisa. 2 OBJETIVOS Tais objetivos principais da pesquisa tem como analisar a metodologia dos levantamentos para fins de vistorias efetuados pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária – INCRA. Analisar os procedimentos técnicos envolvidos no levantamento para fins de vistoria. Elaborar uma proposta de aperfeiçoamento do processo de vistoria e de determinação dos limites dos imóveis rurais pelo posicionamento GNSS. 3 MATERIAIS E MÉTODOS Para o pós-processamento das medições de imóveis rurais para fins de vistoria foi empregado o próprio software de processamento do receptor GNSS, e o uso do método de posicionamento relativo através das redes homologadas do IBGE. 3.1 Equipamentos Utilizados Até o presente momento o INCRA/SR-03 dispõe de 20 receptores de navegação diferencial para levantamentos de informações de imóveis rurais destinados a vistoria (Tab. 1). Tabela 1 – Receptores GNSS para fins de vistoria INCRA/SR-03 Total 2 15 Figura 1 – Superintendências Regionais do INCRA em Pernambuco. Zona: 25S. Datum: SAD69. No posicionamento relativo à posição de um ou mais pontos são determinadas em função de um ou vários pontos de coordenadas conhecidas. Através dos sistemas de controle ativo, o usuário a partir de um receptor GNSS pode fazer o posicionamento relativo ao menos a uma das estações que a compõe. De modo a minimizar a maioria W.O. Souza, S. J. A. Garnés 3 Receptor Marca Software de processamento Geo Explorer XM 2005 Juno Handheld SB Trimble PathFinder Office Promark 3 Magellan MobileMapper Office 3.2 Posicionamento Relativo No posicionamento relativo, a posição de um ponto é determinada com relação à de outro(s), cujas coordenadas são conhecidas, Monico (2007). Estes pontos III Simpósio Brasileiro de Ciências Geodésicas e Tecnologias da Geoinformação com coordenadas conhecidas são chamados de estaçõe de referência ou estações base, onde existe um vetor ligando as duas estações e o que se usa são as equações de combinações lineares das observáveis SD ou DD (posicionamento relativo com pseudodistância). O princípio do posicionamento relativo envolve, implicitamente, a eliminação de efeitos comuns aos rastreadores. Trata-se, portanto da eliminação de parâmetros, os quais, admitindo-se estarem interferindo em ambas as unidades rastreadoras, podem ser cancelados pela equação de combinação linear que modelam dados observados e os parâmetros a serem determinados. Alguns efeitos residuais permanecem embutidos nas observações, enquanto que outros são praticamente eliminados (Tab. 2). Tabela 2 – Contribuição dos erros GNSS na pseudodistância (erros típicos 1σ). Fonte: Oliveira, Alexandre B V. Ferramentas para correção da ionosfera. Portland OR, 9-11. Sep. 2004 POSICIONAMENTO ORIGEM DO ERRO Recife - PE, 27-30 de Julho de 2010 p. 003-009 receptor multiplicado pela velocidade da luz no vácuo e outros fatores que interferem no sinal (efeitos atmosféricos e multicaminho). A pseudodistância pode ser modelada pela seguinte equação (MONICO, 2000): (1) Onde: é a velocidade da luz no vácuo; é a distância geométrica entre o satélite no instante de transmissão do sinal e o receptor no instante de recepção; é o erro na distância geométrica geralmente devido ao erro da órbita do satélite; e é o erro do relógio do satélite e do receptor em relação ao tempo GPS no instante e ; e é o tempo de recepção e de transmissão do sinal no receptor e satélite, respectivamente; e são os efeitos ionosférico e troposférico; é o erro de multicaminho na pseudodistância; é o erro da pseudodistância devido aos efeitos não modelados e aleatórios. À distância pode ser expressa em função das coordenadas da antena do satélite e receptor, por: ABSOLUTO CÓD. C/A RELATIVO CÓD. C/A Relógio do Satélite ~1m 0m Efemérides Satélite ~1m 0m Troposfera ~1m 0m Ionosfera ~10m 0m Onde: , e : coordenadas geocêntricas da antena do satélite; e , e : coordenadas geocêntricas da antena do receptor. Ruído na PseudoDist. ~1m ~1m 3.2.1 Combinação Linear Ruído no Receptor ~1m ~1m Multicaminhamento ~0,5m ~0,5m Erro total ~15,5 m ~2,5 m Com a medida da pseudodistância escreveu-se a equação de observação para o código na seção anterior. A partir de duas estações (a que se deseja determinar e a estação base) é possível realizar combinações lineares entre elas e reduzir ao máximo os erros sistemáticos envolvidos. Dentre os procedimentos de obtenção das combinações lineares, destaca-se: simples e dupla diferença, adaptado Garnés (2001). O posicionamento relativo pode ser realizado utilizando a observáveis: pseudodistância (PD) e fase da onda portadora. No entanto, este trabalho trata apenas do posicionamento relativo através da observável a pseudodistância, haja vista que os receptores utilizados nas vistorias são de navegação e não realizam medidas da fase da onda portadora. Para realizar o posicionamento relativo, o usuário deve utilizar dados de dois ou mais receptores que rastreiem, simultaneamente, os mesmos satélites. Como estação de referência o usuário pode utilizar os dados da RBMC (Rede Brasileira de Monitoramento Contínuo) ou RIBAC (Rede INCRA de Bases Comunitárias do GPS). A pseudodistância é determinada pelo tempo de propagação do sinal, contado desde a sua geração no satélite até o W.O. Souza, S. J. A. Garnés (2) 3.2.1.1 Equação de Observação da Simples Diferença (SD) A simples diferença (SD) pode ser formada entre dois receptores ou dois satélites. A ideia fundamental é que os receptores (r1 e r2) estejam rastreando simultaneamente o mesmo satélite (S), adaptado de Monico (2008), (Fig. 2). III Simpósio Brasileiro de Ciências Geodésicas e Tecnologias da Geoinformação Recife - PE, 27-30 de Julho de 2010 p. 004-009 Figura 2 – Simples diferença formada entre dois receptores. Figura 3 – Dupla Diferença formada entre dois receptores e dois satélites. Quando a combinação linear (SD) é realizada entre as observáveis das pseudodistância de duas estações temse a SD da pseudodistância. A equação da SD da pseudodistância é obtida a partir de Monico (2008): A equação da DD para a pseudodistância é expressa por Monico (2008): ∆PD11, 2 = ∆ρ11, 2 + c[dtr1 − dt r 2 ] + ∆dm1PDr1, 2 + υ ∆PD Onde: ∆ representa a simples diferença entre os receptores; ∆ρ11, 2 = ρ11 − ρ 21 ; Onde: ∇∆ representa a diferença entre os satélites; ∇∆ρ11,,22 = ρ11, 2 − ρ12, 2 ; (3) ∆dm1PDr 1, 2 = dm1PDr1 − dm1PDr 2 ; dtr1 e dtr2 são os erros dos relógios dos receptores 1 e 2; υ ∆PD é o resíduo da SD da pseudodistância. Na SD vários tipos de erros são praticamente eliminados, como por exemplo, o erro do relógio do satélite e os erros devido à órbita do satélite, pois se assume que os sinais recebidos nas duas estações foram emitidos simultaneamente Para linhas de base curtas (linha composta de duas estações distanciando aproximadamente de até 20 km uma da outra), os efeitos da ionosfera e troposfera são similares, sendo, portanto, praticamente eliminados. Os erros não modelados ou não totalmente eliminados são assumidos como de natureza aleatória, fazendo parte do resíduo da observação em questão. Entretanto, o multicaminho não é reduzido, pois dependem da geometria entre o receptor, satélite e refletor, ou seja, das condições de reflexão do sinal na região onde o receptor está localizado, Monico (2000). 3.2.1.2 Equação de Observação da Dupla Diferença (DD) A dupla diferença (DD) é a combinação linear dada pela diferença entre duas SD. Envolve, portanto, dois receptores (r1 e r2) e dois satélites (S e P), onde um destes satélites é considerado como base e utilizado nas demais combinações, Monico (2008). Na Figura 3 podese observar a DD. W.O. Souza, S. J. A. Garnés ,2 ∇∆PD11,,22 = ∇∆ρ11,,22 + ∇∆dm1PDr 1, 2 + υ ∇∆PD (4) ,2 1 2 ; ∇∆dm1PDr 1, 2 = dm PDr 1, 2 − dm PDr 1, 2 υ∇∆PD é o resíduo da DD da pseudodistância. A característica mais importante das DD é que nas combinações entre duas SD os erros dos relógios dos receptores (dtr1 e dtr2) são eliminados na equação da pseudodistância. Porém, da mesma forma que para a SD, o multicaminho não é eliminado na DD. A partir destes modelos matemáticos a determinação dos parâmetros desconhecidos (as coordenadas) é geralmente baseada no Método dos Mínimos Quadrados (MMQ). O ajustamento de observações pelo MMQ pode ser efetuado utilizando o método das equações de observação (paramétrico), Gemael (1994). 3.3 Software GPS Pathfinder Office O software GPS Pathfinder Office é o programa de processamento de dados GPS usado nas vistorias do INCRA/SR-03. O posicionamento relativo ocorre a partir da escolha de provedores disponível no software ou com a opção de inserção dos dados das redes de referência. É possível realizar a correção das incertezas que afetam a pseudodistância, Trimble (2007). 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO Para aplicar e avaliar o método proposto para posicionamento relativo das propriedades rurais destinadas a vistoria, foram utilizados 2 imóveis do III Simpósio Brasileiro de Ciências Geodésicas e Tecnologias da Geoinformação Estado de Pernambuco de acordo com atuação do INCRA/SR-03. E foram empregadas as estações Homologadas do IBGE (RBMC e RIBAC) de: Recife-PE, Arapiraca-AL e Campina Grande-PB; tomando como Recife - PE, 27-30 de Julho de 2010 p. 005-009 linha de base a distância de um raio de 250 km, de modo que fosse possível abranger os imóveis em estudo (Fig. 4). Figura 4 – Localização dos imóveis vistoriados. Zona: 25S. Datum: SAD69. 4.1 Experimento-1 O imóvel analisado fica localizado no município de Gravatá-PE, denominado de Fazenda Santa Fé. Este imóvel foi rastreado com receptor GPS Pathfinder Geo Explorer XM 2005. Seu perímetro foi de 8.389,32m, ao longo de 58 pontos. Obteve-se uma área total de 291,3377ha. Ao longo de todos os 58 pontos percebeu-se que a média do desvio padrão e a média da precisão posicional foram de: 4,1m e 5,8m; respectivamente. 4.2 Pós-processamento-1 Para o pós-processamento da Fazenda Santa Fé, foram utilizadas as estações homologadas do IBGE (RIBAC) de: Recife-PE, Arapiraca-AL e Campina Grande-PB, onde as mesmas realizaram 100% de cobertura durante o tempo de rastreio. O software empregado para o Pós-processamento foi o mesmo utilizado para transferir os dados do receptor Geo Explorer XM 2005 para o computador. Isto é, o programa Pathfinder Office. Gerando um relatório com os resultados Pós-processados (Tab. 4). Tabela 4 – Relatório do pós-processamento. Alcance dos 58 pontos 0,5 – 1m 1 – 2m 2 – 5m W.O. Souza, S. J. A. Garnés Porcentagem 15,3% 76,3% 8,4% Diante disso, gerou-se um novo perímetro para a Fazenda Santa Fé com as posições dos pontos corrigidos e observou-se que a média do desvio padrão e a média da precisão horizontal são: 1,0m e 1,4m; respectivamente. Logo, a nova área da Fazenda Santa Fé é igual a: 290,8040ha. 4.3 Resultados comparados-1 No gráfico a seguir são comparados todos os 58 pontos rastreados, nos eixos Norte e Este. Tomando como referência a diferença entre o ponto rastreado pelo corrigido (P - Pcor). III Simpósio Brasileiro de Ciências Geodésicas e Tecnologias da Geoinformação Recife - PE, 27-30 de Julho de 2010 p. 006-009 Gráfico 1 - Comparativo dos resultados Fazenda Santa Fé . Nota-se que o pior resultado foi obtido na diferença dos pontos P53 - P53cor, que diferiu no eixo Norte e Este num valor de 11,67m e 4,42m; respectivamente. Consequentemente, a área entre os perímetros, transferido e o pós-processado, diferiu em: 0,5337ha. Isso representa um percentual equivalente a 0,18% da área dos pontos transferidos. 4.4 Experimento-2 O segundo imóvel analisado fica localizado no município de Bonito-PE, de nome Fazenda Brejão. Esse imóvel foi rastreado com receptor GPS Juno Handheld SB. Obteve-se uma área total de 611,8214ha, com o perímetro de 11.842,71m, rastreado com 36 pontos, onde a média do desvio padrão e a média da precisão horizontal foram: 4,2m e 5,9m; respectivamente. 4.5 Pós-processamento-2 Para o posicionamento relativo da Fazenda Brejão foram utilizadas as estações homologadas do IBGE (RBMC) de: Recife-PE, Arapiraca-AL e Campina Grande-PB, onde as mesmas, também, realizaram 100% de cobertura durante o período de rastreio. O software W.O. Souza, S. J. A. Garnés mais uma vez empregado para o Pós-processamento foi o mesmo utilizado para transferir os dados do receptor Juno Handheld SB para o computador. Ou seja, o software Pathfinder Office. Tabela 6 – Relatório do pós-processamento. Alcance dos 36 pontos 0,5 – 1m 1 – 2m 2 – 5m Porcentagem 39.8% 59,7% 0,6% III Simpósio Brasileiro de Ciências Geodésicas e Tecnologias da Geoinformação Os 36 pontos corrigidos apresentaram a média do desvio padrão e a média da precisão horizontal de: 1,6m e 2,2m; respectivamente. Com isso, a nova área da Fazenda Brejão foi igual a: 612,4283ha. Recife - PE, 27-30 de Julho de 2010 p. 007-009 No gráfico abaixo são comparados todos os 36 pontos rastreados, nos eixos Norte e Este. Tomando como referência a diferença entre o ponto rastreado pelo corrigido (P - Pcor). 4.6 Resultados comparados-2 Gráfico 2 - Comparativo dos resultados Fazenda Brejão. Atenta-se que os piores resultados foram obtidos nas diferenças dos pontos P5 - P5cor., que deferiu no eixo Norte de 4,81m e P6 - P6cor -4,59 m no eixo Este. 5 RESULTADOS De acordo com a tabela abaixo, a área entre os perímetros, transferido e o pós-processado, diferiu em: 0,6069ha. Isso representa um percentual, equivalente a 0,10% da área dos pontos transferidos. O posicionamento relativo utilizando os dados das estações da RIBAC apresentaram os melhores resultados na determinação da área e na precisão posicional dos pontos limites de propriedades, devido ao tempo de W.O. Souza, S. J. A. Garnés gravação dos dados a cada 5s e pela proximidade da linha de base das estações de Recife-PE, Arapiraca-AL e Campina Grande-PB num raio inferior a 250 km. A precisão posicional dos pontos da Fazenda Santa Fé, após o pós-processamento, ficaram em média 1,4m. Para a Fazenda Brejão foi em torno de 2,2m – isso explica a menor variação das coordenadas dos pontos. A Fazenda Brejão obteve a maior diferença de área, igual a 0,6069ha. No entanto, seu percentual foi o menor, exatos 0,10%; pois sua área total corresponde a 611,8214ha. Enquanto que fazenda Santa Fé obteve um percentual 0,18%, mesmo possuindo uma diferença de área menor, 0,5337ha. III Simpósio Brasileiro de Ciências Geodésicas e Tecnologias da Geoinformação Recife - PE, 27-30 de Julho de 2010 p. 008-009 Tabela 7 – Tabela dos resultados. Valores Posicionamento Absoluto Cód. C/A Posicionamento Relativo Cód. C/A Diferença Média do Desvio Padrão 4,1 m 1,0 m 3,1 m (75,61 %) Média da Precisão Posicional 5,8 m 1,4 m 4,4 m (75,86 %) Área 291,3377 ha 290,8040 ha 0,5337 ha (0,18%) Média do Desvio Padrão 4,2 m 1,6 m 2,6 m (61,90 %) Média da Precisão Posicional 5,9 m 2,2 m 3,7 m (62,71 %) Área 611,8214 ha 612,4283 ha 0,6069 ha (0,10%) Imóvel Rural Fazenda Santa Fé (Experimento_1) Fazenda Brejão (Experimento_2) 4 CONCLUSÕES Os resultados comprovaram a proposição de aperfeiçoamento dos trabalhos para fins de vistoria efetuados pela Superintendência Regional do INCRA/SR03 quando da utilização do posicionamento relativo, usando o próprio software do receptor GPS, e com isso, pôde-se gerar um produto cartográfico mais apurado e sem custo adicional. Entretanto, a sua qualidade depende de um planejamento e as medições devem ser realizadas pelos conhecimentos básicos inerentes aos levantamentos de imóveis rurais, obedecendo a um valor máximo de 6 para o PDOP. Com relação às diferenças de área dos imóveis em estudo, estas foram pequenas – comparada com a extensão territorial total dos mesmos, portanto não influenciou na classificação da produtividade do imóvel vistoriado. Entretanto, a diferença de área encontrada, aproximadamente 0,2%, proporciona maior confiabilidade para o procedimento seguinte de vistoria de avaliação do imóvel, caso o Cadastro Rural declare o imóvel em análise improdutivo. Com isso, evitaria ao INCRA, gastos financeiros, humanos e instrumentais com novo levantamento da propriedade rural. Assim esta pesquisa permitiu esclarecer o erro quantitativo em área das informações levantadas em campo. De modo que fica satisfeita a legislação vigente no código civil de tolerância de ±5% nas determinações de áreas. W.O. Souza, S. J. A. Garnés A utilização do Pós-processamento para as medições de imóveis rurais através das redes homologadas do IBGE é uma solução viável, exequível e gratuita. Basta, apenas, acessar o endereço eletrônico do órgão na internet e descarregar os dados coincidentes do rastreio realizado. AGRADECIMENTOS Ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária – INCRA, pelo suporte necessário no desenvolvimento desta pesquisa e na permissão da exposição dos resultados. Ao Prof. Dr. S. J. A. Garnés pelo apoio essencial nos tratamentos dos pontos rastreados e a Prof. Dra. A. F. T. Carneiro pelo amparo didático na compreensão e na fundamentação dos levantamentos de imóveis rurais para fins de vistoria, ambos do Departamento de Engenharia Cartográfica – UFPE. REFERÊNCIAS DECRETO-LEI Nº 1.110, de 9 de julho de 1970 GARNÉS, S.J.dos A. Resolução das Ambiguidades GPS para Linhas de Base Curta: Análise dos Algoritmos de Otimização. Curitiba, 2001. Tese (Doutorado em ciências Geodésicas) – Setor de Ciências da Terra, Universidade Federal do Paraná. III Simpósio Brasileiro de Ciências Geodésicas e Tecnologias da Geoinformação GEMAEL, C. Introdução ao Ajustamento de Observações: Aplicações Geodésicas. Curitiba: Editora UFPR, 1994. INCRA. Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária. Manual de Orientação - Declaração para Cadastro de Imóveis Rurais. Disponível em: <http://www.incra.gov.br/portal/index.php?option=com_c ontent&view=category&layout=blog&id=152&Itemid=1 81 >. Acesso: 27 de março de 2009. INCRA. Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Brasil). Ministério do Desenvolvimento Agrário. Norma Técnica para Georreferenciamento de Imóveis Rurais. Aplicada à Lei 10.267, de 28 de agosto de 2001 e do Decreto 4.449, de 30 de outubro de 2002. Brasília-DF, novembro, 2003. Disponível em: <http://200.252.80.5/Cartografia/download/Norma%20Té cnica.pdf >. Acesso: 10 de junho de 2009. INCRA. 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