ESTRADAS DE RODAGEM II PAVIMENTAÇÃO 2009 ESTRADAS DE RODAGEM II Docente(s): Fernando Nogueira Carga horária teórica: 60 horas Crédito: 4 Ementa: Introdução. Construção da Superestrutura de Rodovias. Noções de Pavimentos Rígidos. Materiais para Pavimentação. Dimensionamento do Pavimento Flexível. Noções sobre Drenagem. Bibliografia básica: - Bernucci, L.B.; Motta, L.M.G.; Ceratti, J.A. P.; Soares, J.B. Pavimentação Asfaltica: Formação Básica para Engenheiros. Petrobrás. ABEDA. RJ. 2006. - Senço, W. - Manual de Técnicas de Pavimentação. Vol. 1. Ed. Pini. 2000. Bibliografia Complementar: - DNIT. Ministério dos Transportes. Publicação IPR 719. Manual de Pavimentação. 2006. - DNIT. Ministério dos Transportes. Publicação IPR 724. Manual de Drenagem. 2006. - SENÇO, W. - Manual de Técnicas de Pavimentação. Vol. 2. Ed. Pini. RJ. 2001. - DNIT. Ministério dos Transportes. Manual de Implantação Básica. 1996. - SANTANA, H. Manual de Pré-Misturados a Frio. I.B.P.-Comissão de Asfalto. 1a Ed. RJ. 1992. - Informações Básicas sobre Materiais Asfalticos. I.B.P. 4a Edição. RJ. 1990. - FRAENKEL, B. B. - Engenharia Rodoviária. Ed. Guanabara Dois. RJ . 1980. - BATISTA, C. N. - Pavimentação . Vols. 1, 2, 3. Editora Globo. Porto Alegre. 1979. - SOUZA, M. L. - Pavimentação Rodoviária. MT – DNER - IPR. RJ. 1976. CONTEÚDO PROGRAMÁTICO I – CLASSIFICAÇÃO E NOMENCLATURA DOS PAVIMENTOS 1.1 Definição. Cargas. Distribuição das pressões 1.2 Classificação dos Pavimentos 1.3 Composição do pavimento 1.4 Noções sobre pavimento rígido 1.5 Pavimento flexível. II –MATERIAIS PARA PAVIMENTAÇÃO 2.1 Solos e Agregados. Ensaios. 2.2 Materiais betuminosos. 2.3 Ensaios e Especificações. 2.4 Usinas III - ESTUDO DO SUBLEITO 2.1 Estudos de campo e Laboratório. 2.2 Áreas de empréstimos. IV - DIMENSIONAMENTO DE PAVIMENTOS 5.1 Métodos de dimensionamento 5.2 As cargas rodoviárias. 5.3 Dimensionamento pelo Método do DNIT. 5.4 Projeto de Pavimento V – NOÇÕES SOBRE DRENAGEM 6.1 Estudos hidrológicos. 6.2 Tipos de Drenagem. 6.3 Dimensionamento de dispositivos superficiais 6.4 Drenagem Subterrânea I – CLASSIFICAÇÃO E NOMENCLATURA DOS PAVIMENTOS Introdução : Origem dos caminhos O Homem pré-histórico: busca de alimentação e água – deixar os caminhos entre caverna e campos de caça ou poços de água – condições de permitir sua passagem o mais rápido possível. Estava assim, atendendo ao principio fundamental do transporte: “Melhorar o caminho por onde devia passar, quando tinha necessidade de se deslocar periodicamente entre pontos extremos e intermediários.” – Uso do animal: deram um passo adiante nessa evolução- rendimento das viagens – melhorias que teve que introduzir nos caminhos. – Atrelou um rústico veículo a esse animal: melhorando o rendimento das viagens – melhorando ainda mais os caminhos – invenção mais importante no ramo dos transportes: a RODA. – Ataque à natureza – o homem era inteiramente condicionado pelo meio ambiente e pela topografia dos terrenos por onde circulava. Maiores volumes e maiores cargas a serem transportadas com maior freqüência a distancias cada vez maiores, obrigou o homem a procurar exercer controle sobre o meio, alterando os caminhos, cortando, aterrando e construindo obras de passagem sobre cursos d’água. - Vias duráveis : Com o aumento da freqüência das viagens os caminhos e estradas precisavam ser transitáveis em qualquer época do ano. – Revestimento do leito carroçável : dar estabilidade a via inclusive na época de chuvas. Regra básica: -Terrenos arenosos: oferecem boas condições nas chuvas e excessiva poeira nas secas; - Terrenos argilosos: oferecem boas condições nas secas e lama nas chuvas; Introdução Estabilização – misturar areias e argilas, em proporções tais que as argilas evitem o aparecimento de poeira nos terrenos arenosos, nas secas, e as areias evitem o aparecimento de lama nos terrenos argilosos, nas chuvas. A busca de melhores materiais para a estabilização levou a utilização de revestimentos de pedras, de misturas betuminosas ou de concreto de cimento – a PAVIMENTAÇÃO – atendendo assim outro principio fundamental na evolução dos transportes: A necessidade de que os deslocamentos sejam possíveis em qualquer época do ano – estabilização do leito das estradas. A estrutura que se constrói sobre o leito de terra pode variar quer no que se refere a espessura, aos materiais utilizados, em consonância não só com as solicitações, mas, também com a própria função que a estrada está exercendo ou deverá exercer. O que é um pavimento ? ESTRUTURA construída após a terraplenagem e destinada, econômica e simultaneamente, em seu CONJUNTO, a: Resistir e distribuir ao subleito os esforços verticais produzidos pelo tráfego; Melhorar as condições de rolamento quanto a comodidade e segurança; Resistir aos esforços horizontais que nela atuam, tornando mais durável a superfície de rolamento. Transmissão das cargas ao pavimento Q/2 q a q a r2 Q/2 r2 Q/2 r q 1/ 2 Q = Carga transmitida pelo eixo q = pressão de contato r = raio da área circular de contato Exemplo 1: Adotando uma pressão de contato de q = 7 Kgf / e uma carga de roda Q / 2 = 5000 Kgf, que é o limite máximo permitido pela Legislação Brasileira, calcular o raio da área circular de contato. cm2 r= 5000 ½ ---------3,14 x7 r = 15 cm Distribuição das Pressões Z 1 q 2 z 1 r tg . Condição de equilibrio: Q/2 = q . . r2 = z . . (r + s)2 Rs = Resistência do Subleito Rs Z Estável z = pressão no subleito (Kqf / cm2); q = pressão de contato (Kgf / cm2); z = espessura do pavimento (cm); r = raio da área circular de contato (cm); = ângulo de distribuição de pressão Exemplo 2 - Considerando uma carga por eixo simples Q = 10 tf, aplicada segundo um círculo de raio r = 15 cm, resultando numa pressão de contato q = 7 Kqf / cm2 em um pavimento de espessura Z = 20 cm, a pressão aplicada no subleito será. Adotar = 45 º. 1 Z 7 2 1 20 tg .45 15 Z 1,3kgf / cm 2 Tipos de pavimentos Rígidos: placas de concreto de cimento Portland Semi-rígidos: são estruturas mistas revestidas de camada asfáltica e com base estabilizada quimicamente (cal, cimento) Ex: uma camada de solo cimento revestida por uma camada asfáltica. Flexíveis: revestido de camada asfáltica e com base de brita ou solo Pavimento Rígido Constituído por uma placa de concreto de cimento Portland (PCCP), que pode ser simples, armado ou protendido. Possui elevada rigidez em relação às camadas inferiores, absorvendo praticamente todas as tensões provenientes do tráfego. A laje de concreto desempenha simultaneamente o papel de revestimento e de base, resistindo à abrasão do tráfego, diluindo as tensões de tal maneira tornando-a compatível com a resistência do subleito. Rompem por tração na flexão, quando sujeitos a deformações. A sub-base, geralmente 10 cm de material granular ou solo-cimento, garante um suporte uniforme e evita o fenômeno do bombeamento (“pumpking) Calçamentos de pedra • • Pedra poliédrica regular (Paralelepipedos-cerâmica ou madeira). rejuntados com produtos asfálticos ou argamassa de cimento • Pedra poliédrica irregular assentados manualmente sobre um colchão de areia, sem base. Distribuição das cargas - Alta dissipação das pressões - Alto modulo de rigidez: Er Er 350.000 kgf/cm2 T - Tensão de tração na flexão Variações volumétricas do concreto o Reação química do cimento o Temperatura o Umidade Expansão e Contração da Placa Fissuras Trincas ou Juntas transversais • Construídas no sentido da largura da placa de concreto. • de retração (ou contração) • de retração com barras de transferência • de construção • de expansão ou dilatação Barras de transferência ou passadores São barras de aço comum, dispostas em toda extensão da junta, para que haja transferência da carga para a placa contígua. = ¾” a 1” Comprimento da barra = 60 cm. Seção Transversal Típica de Pavimento Rígido Seção Transversal Típica de Pavimento Rígido DIMENSIONAMENTO FUNDAÇÃO TRÁFEGO CONCRETO PCA CBR Contagem e Classificação Resistência - Portland Cement Association PCA/66 - utiliza a tensão de tração na flexão como parâmetro para o dimensionamento do pavimento de concreto através da resistência do concreto à fadiga PCA/84 - leva em consideração além dos critérios do PCA/66, a existência de acostamento de concreto, barras de transferência, o tamanho das placas e a resistência a erosão. AASHTO /1993 Pavimento Flexivel Pavimento - Estrutura construída sobre a terraplenagem e destinada, técnica e economicamente, a resistir aos esforços oriundos do tráfego e a melhorar as condições de rolamento. Camada de Terraplenagem Aplicação de Revestimento Processo de Aplicação Comportamento Estrutural do Pavimento Flexível Pavimento solicitado por uma roda pneumática com carga Q/2, se deslocando com velocidade V, recebe uma tensão vertical de compressão (q) e uma tensão horizontal de cisalhamento (). A tensão q é diluída pelo pavimento, de modo que o subleito recebe uma tensão bem menor “p1 “- que deve ser compatível com a resistência do mesmo. A tensão de cisalhamento ( o ) agindo na superfície do pavimento exige que a mesma apresente uma coesão mínima (cp). Comportamento Estrutural do Pavimento Flexível Deformação excessiva as tensões de tração e cisalhamento podem levar a ruptura do pavimento. O atrito interno e a coesão do ligante não são mais suficientes para garantir a estabilidade. O pavimento se rompe e as deformações se tornam permanente nas diferentes camadas. As tensões geradas no subleito, por efeito das cargas, podem romper o pavimento. O aparecimento das bacias de deformações sob as rodas dos veículos levam a estrutura a deformar-se permanentemente e ao rompimento por fadiga. Assim, os pavimentos são dimensionados a compressão e a tração na flexão. Seção Transversal típica Camadas constituintes (Reforço; Subbase, Base; Revestimento) Regularização: Camada irregular sobre o subleito. Corrige falhas da camada final de terraplenagem ou de um leito antigo de estrada de terra. Reforço do Subleito: Quando existente, trata-se de uma camada de espessura constante sobre o subleito regularizado. Tipicamente um solo argiloso de qualidades superiores a do subleito. Camadas constituintes Sub-base: Entre o subleito (ou camada de reforço deste) e a camada de base. Material deve ter boa capacidade de suporte. Previne o bombeamento do solo do subleito para a camada de base. Base: Abaixo do revestimento, fornecendo suporte estrutural. Sua rigidez alivia as tensões no revestimento e distribui as tensões nas camadas inferiores. Exemplos: brita graduada ou corrida (tratada ou não com cimento), macadame hidráulico ou betuminoso, solo estabilizado granulometricamente, solo-brita, solo-cimento, solo-cal Base e Sub-base Nos pavimentos asfálticos a camada de base é de grande importância estrutural. As bases podem apresentar uma das seguintes diversas constituições: Granular Coesiva Sem Aditivo Com ligante ativo Solo; Solo-brita; Brita graduada. Com aditivo Solo melhorado com cimento; Solo melhorado com cal. Base Granular: Não tem coesão, não resiste à tração, dilui as tensões de compressão, principalmente devido a sua espessura. Solo-cimento; Solocal; Concreto rolado. Com ligante asfáltico Solo-asfalto; Macadame asfáltico; Mistura asfáltica. Base Coesiva: Dilui as tensões de compressão também devido a sua rigidez, provocando uma tensão de tração em sua face inferior. Base e Sub-base Brita graduada Pedra poliédrica Solo-Cal Solo-Cimento Revestimentos flexíveis Constituídos por associação de agregados e materiais betuminosos. Concreto betuminoso: -Mistura de agregados, satisfazendo rigorosas especificações, e o betume devidamente dosado. -Feita em usina, com rigoroso controle de granulometria, teor de betume, temperaturas do agregado e do betume, transporte, aplicação e compressão. Pré-misturado a quente: Mistura, obtida em usina, de agregados e asfalto. As especificações são menos rigorosas do que as do concreto betuminoso Pré-misturado a frio: Mistura de agregado e asfalto, onde o agregado é empregado à temperatura ambiente. É um produto menos nobre que o pré-misturado a quente e o concreto betuminoso. Tratamentos superficiais: Aplicação de uma ou mais camadas de agregados ligadas por pinturas betuminosas. • • • • Simples: uma camada de agregado e uma pintura de betume; Duplos: duas camadas de agregado e duas pinturas de betume; Triplos: três camadas de agregado e três pinturas de betume; Quádruplos: quatro camadas de agregado e quatro pinturas de betume. Pavimento Rígido e Flexível DIFERENÇAS CONCRETO ASFALTO • As Técnicas de projetos são praticamente invariáveis. • Maiores resistências mecânica e a abrasão; a resistência mecânica do material aumenta com a idade. • Estruturas menores de pavimentação (no máximo duas camadas. • Maior vida útil (mínima de 30 anos). • A qualidade da superfície é mantida ao longo de muitos anos, conservando integra a superfície do pavimento. • Pequena necessidade de manutenção e conservação, o que mantém o fluxo de veículos sem interrupções. • Resiste a ataques químicos (óleos, graxas, combustíveis). • Os Métodos de dimensionamento são muito variáveis. • O pavimento deforma e se deteriora, prejudicando o conforto e a segurança. A resistência tende a diminuir principalmente em climas quentes. • Requer maior escavação e maior movimento de terra e estrutura de camadas múltiplas. • Vida útil máxima de 10 anos (com manutenção pesada). • Os buracos (panelas) , afundamentos e trilhas de roda são freqüentes e causam danos aos veículos e tráfego. • Necessidade de manutenção e reparações rotineiras, com prejuízos ao tráfego e custos elevados. • É fortemente afetado pelos mesmos produtos. DIFERENÇAS CONCRETO ASFALTO • Custo inicial (construção), para uso em vias de tráfego médio e pesado, é normalmente igual ou maior do que o flexível. • Custo final (no decorrer da vida útil) é normalmente menor do que o flexível. • Melhor difusão de luz, o que permite até 30% de economia nas despesas de iluminação da via. •Maior distancia de visibilidade horizontal proporcionando maior segurança. •Melhor distribuição de pressões à fundação. Suporta facilmente sobrecargas imprevistas e tráfego intenso e canalizado. • Melhores características de drenagem superficial: é praticamente impermeável, escoa melhor a água superficial e as estruturas de drenagem são mais simples. Os pavimentos flexíveis não tem a mesma durabilidade dos pavimentos de concreto. Custo final, considerando o mesmo período de vida útil dos pavimentos rígidos, é bastante alto. De cor escura; não há reflexão de luz. Maiores gastos com iluminação. A visibilidade é bastante reduzida durante a noite ou em condições climáticas adversas. Sobrecargas imprevistas e tráfego canalizado danificam a estrutura do pavimento, inclusive o subleito. Absorve a umidade com rapidez e, devido à textura superficial, retém a água, o que requer maiores caimentos e sistema de drenagem mais eficientes. Altas temperaturas ou chuvas abundantes produzem perda de material.