ID: 26197117
01-08-2009 | Público Porto
Tiragem: 59760
Pág: 29
País: Portugal
Cores: Cor
Period.: Diária
Área: 28,57 x 22,98 cm²
Âmbito: Informação Geral
Corte: 1 de 1
Plano para criar grande metrópole de Lisboa à volta
do Tejo custa 520 milhões e é para concretizar em 18 anos
Diogo Cavaleiro
Demolições e relocalizações
acontecerão em Almada,
Barreiro e Seixal. O plano
prevê relocalização de
algumas indústrias pesadas
a Um volume de investimento de
520 milhões de euros vai ser usado
para a recuperação de três grandes áreas da margem sul do rio Tejo, naquela que é uma tentativa de
criação de uma área metropolitana
forte e competitiva. O plano prevê
a relocalização de algumas indústrias pesadas e o nascimento de áreas habitacionais complementadas
com comércio e serviços em larga
escala nas zonas da Margueira (Almada), da Quimiparque (Barreiro)
e da Siderurgia Nacional (Seixal). A
apresentação aconteceu ontem, e
contou com a presença do primeiro-ministro, José Sócrates.
Nunes Correia
pensa deixar
uma marca na
História com a
reconfiguração
de parte da Área
Metropolitana de
Lisboa
Demorará 18 anos até que o projecto esteja totalmente concluído e
se atinjam os objectivos de 17 mil residentes e de mais de 55 mil postos de
trabalho directos nos três terrenos.
Com 536hectares (ha) na Siderurgia
Nacional, 290 ha na Quimiparque
e ainda 55 ha na Margeira, a área
equivale a cerca de três Parques das
Nações, uma comparação feita tanto
por José Sócrates como pelo ministro
do Ambiente, do Ordenamento do
Território e do Desenvolvimento Regional, Francisco Nunes Correia, ao
referirem o sucesso que consideram
ter existido na recuperação da Expo98 e que esperam ser proporcional
nesta região.
Feitos os trabalhos de diagnóstico
e de programação das intervenções,
com o apoio técnico da Parque Expo,
a próxima fase passa pela execução,
para que se alicercem as “novas âncoras de desenvolvimento, tendo em
conta os grades investimentos programados para a península de Setúbal”, como afirmou o coordenador
do Grupo de Trabalho Interministerial do Projecto do Arco Ribeirinho
Sul, António Fonseca Ferreira.
Preservar valor natural
Com a criação do novo aeroporto em
Alcochete, da plataforma logística no
Poceirão e da terceira travessia entre
Chelas e o Barreiro, a requalificação
da área entre Alcochete e Almada
foi vista como uma oportunidade
para aí instalar uma zona urbana
de forma a responder à pressão que
se pensa vir a sentir. Quem o disse
foi Nunes Correia. “Em vez de essa
construção ter lugar em zonas de
grande valor natural (...), a ideia é
trazer essa construção para dentro
destas áreas industriais abandonadas
e qualificá-las”, declarou o ministro
aos jornalistas no fim da cerimónia
de apresentação do projecto.
A zona do Quimiparque, no Barreiro, vai sofrer grandes modificações.
No plano estratégico do Arco Ribeirinho Sul está assente que não podem
ser aí instaladas actividades que não
sejam geradoras de emprego e que a
indústria não conciliável com a qualidade que se quer para o terreno terá
de ser transferida para locais em que
a recuperação esteja dificultada pela
grande concentração de compromissos de indústria mais exigente. Na
Quimiparque poderá também ser
instalado o novo terminal fluvial do
Barreiro, de forma a encurtar o percurso efectuado pelos barcos.
Lisnave libertou terrenos na zona
Por sua vez, a construção de uma
Gare Intermodal do Lavadrio tem como finalidade ser “um contraponto à
Gare do Oriente”, em Lisboa, ligando-se às linhas ferroviárias do Alentejo,
do Sado e da nova ponte. Já o Metro Sul do Tejo é aconselhado a rever o anteprojecto de 1995-96 para
que sejam possíveis ligações a locais
que se pretendem recuperar. O documento estratégico tem presente
também a aposta no turismo náutico,
na construção e reparação naval e
investimentos no âmbito da biologia
marinha.
A constituição da sociedade Arco
Ribeiro Sul, SA, aconteceu no passado dia 23 de Julho, com a aprovação
no Conselho de Ministros do plano
estratégico, tendo esta como função
a coordenação da globalidade do plano. A Arco Ribeiro Sul, SA deve constituir sociedades executoras locais,
com cada um dos municípios afectados directamente pelo projecto,
onde participará com 60 por cento
do capital social e os restantes 40 por
cento serão da responsabilidade de
cada autarquia. A execução deverá
ter em conta os planos de urbanização feitos em cada município; o da
Quimiparque foi já noticiado pelo
PÚBLICO no dia 28 de Março e o da
Margueira está agora disponível para
inquérito público.
“Oportunidade”
“É uma oportunidade que não temos o direito de não aproveitar”: foi
assim que José Sócrates se referiu à
assumida visão política em relação
à ligação das duas margens do Tejo de forma a permitir a afirmação
da Área Metropolitana de Lisboa
no continente europeu. O primeiro-ministro deixou bem presente,
mais uma vez, que o novo aeroporto
é essencial para que isso aconteça e
para que “Portugal não aceite ficar
para trás”.
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