O QUE FAZER NA HORA H?
DICAS PARA CRIAR UM PROJETO SIGNIFICATIVO
Autor:Kelly Cristina Marques
Modalidade: Comunicação Científica
Eixo: Aprendizagem Baseada em Projetos (PBL)
1. Resumo
A aprendizagem com base em projetos traz para o educador e para os alunos
uma instigante perspectiva do conhecimento enfatizando a colaboração e a
responsabilidade compartilhada. Mas como fazer? Há um método específico?
Como disse o poeta “Navegar é preciso, viver não é preciso”. Não há fórmulas e
nem resposta única. Ao modo da vida, há diversas possibilidades de iniciar um
projeto e a sua realização depende de muitos fatores. Porém há parâmetros
básicos e cruciais que você deve entender, questionar, digerir e, como os
vanguardistas antropófagos fizeram, transformar em algo que você sinta
segurança em fazer, que você tenha propriedade do discurso e, principalmente,
que você consiga enxergar um objetivo real a ser atingido. A PBL oferece aos
docentes uma abordagem pedagógica promissora além de ajudar os alunos a
perceberem a conexão entre prática e teoria no mundo real, pois o aprendizado
terá uma finalidade específica.
Palavras-chave: investigação, projeto, aprendizagem significativa
2. Problema ► Investigação das necessidades
Para se diferenciar e obter sucesso no mundo complexo, dinâmico, globalizado e
conectado em que vivemos é preciso cada vez mais um conhecimento
aprofundado e capacidade de ler e compreender o espaço a nossa volta.
Imaginamos que estas habilidades sejam natas aos seres humanos e, portanto,
não há necessidade de desenvolvê-las. Porém, em algum momento a vida nos
cobra cooperação, criatividade e cumprimento de metas, é nesta hora que
percebemos uma lacuna cognitiva.
Para desenvolver estas competências é necessário ir além da memorização e da
repetição de conceitos, é preciso estimular a autonomia e o pensamento crítico
desde as séries iniciais. Só assim, intuitivamente, os alunos compreendem que
não há cisão entre o mundo real e o currículo escolar uma vez que os
conhecimentos ensinados apontam para uma finalidade.
A aprendizagem com base em projetos propõe esta perspectiva da construção do
conhecimento a partir da colaboração e da responsabilidade compartilhada.
Portanto, desde a sua gestação, o projeto precisa do outro: professores, diretores,
coordenadores, comunidade, familiares ou profissionais especializados. Este
grupo será responsável não apenas por definir a temática do projeto e em quais
áreas do conhecimento ele estará inserido, mas também pelo planejamento, por
estabelecer quais habilidades serão desenvolvidas e os recursos (financeiros,
pedagógicos, dentre outros) para torná-lo viável e obter os resultados esperados.
Mas como é a recepção da PBL? Será que eles são preparados para trabalhar
com esta metodologia? A escola está comprometida com os projetos?
Ao confrontar com a realidade, muitos docentes se frustram por diversos motivos:
não possuem horário disponível para planejar um projeto interdisciplinar, por
vezes não conseguem a colaboração dos colegas e, na maioria dos casos, não
foram instruídos sistematicamente sobre como separar os conteúdos que
merecem destaque e podem ser desenvolvidos através de projetos.
Para vencer este obstáculo é preciso: coragem, criatividade e disponibilidade para
aprender e delegar responsabilidades. Se o docente está comprometido e
motivado, este sentimento se espalha e os alunos são atraídos para o saber.
Sócrates em suas aulas propunha que, para conseguir apreender algo novo era
necessário, antes de tudo, reconhecer sua ignorância, por isso para cada
resposta engessada, ele interpelava o interlocutor por um viés diferente, quando
restavam apenas as cinzas do pensamento destruído, esse era um momento
mágico, de onde derivava o verdadeiro conhecimento, Sócrates mostrava ao seu
aluno que ele era capaz de gerar idéias, criar conceitos e perceber que dentro
dele havia um mundo inteligível que precisava ser acionado e, uma vez em
funcionamento, não havia como retroceder.
A citação do procedimento socrático é um alerta que devemos ter em mente ao
formular um projeto, pois ele deve nascer de uma necessidade específica, deve
responder questionamentos inquietantes, precisa trazer uma perspectiva
instigante e, acima de tudo, ser socialmente relevante.
3. Objetivo►Começar pelo fim
A palavra projeto deriva do latim projectuse significa “lançar a frente” ou “ação de
se estender”. Portanto, é fazer uma idéia tornar-se algo concreto. E para isso é
preciso elencar perguntas que servirão de guia na hora de escrever o projeto e
colocá-lo em ação.
Pense, por exemplo, que você fará uma viagem nas férias. Logo que esta idéia
vem à cabeça, surgem diversas dúvidas e se não forem respondidas, você vai
acabar ficando em casa e não terá a oportunidade de vivenciar uma experiência
nova. Eis alguns questionamentos que nos ocorrem em uma situação como esta:
Quanto tempo tenho de férias?
Farei uma viagem nacional ou internacional?
Vou de carro, de ônibus ou de avião?
Meu passaporte está em dia?
Preciso de visto para entrar neste país?
Se vou visitar a família, preciso levar presentes?
Quanto dinheiro eu vou precisar?
Quem viajará comigo?
Que tipo de roupa preciso levar?
Vou me hospedar em hotel, albergue, casa de amigos ou parentes?
Estas perguntas são apenas o começo do planejamento da viagem. Parece
complicado, envolve conhecimentos diversos: geografia, economia, idiomas,
gerenciamento de tempo, equilíbrio afetivo, administração de documentos. É uma
mobilização que exige fôlego mas o desejo de se divertir, descansar, matar a
saudade de familiares é maior e nos lança à ação. Vamos cumprindo cada etapa
do planejamento e curtindo a viagem bem antes dela começar. Ultrapassar as
barreiras e ver um projeto em execução é muito prazeroso. Esta é a base de uma
aprendizagem por projetos. Escola e vida como um corpo integrado.
É possível que agora você já esteja com algumas idéias na cabeça e gostaria de
coloca-las em prática, não é? Mas antes, vamos conhecer os referentes para
elaborar um projeto.
4. Estrutura do projeto►Não construa a casa na areia
Abaixo estão disponibilizados seis parâmetros indispensáveis na hora de pensar
um projeto.
Primeiro parâmetro – A seleção do tema
Desenvolva um tópico que seja questionador, instigante, autêntico e que esteja
conectado com a realidade da região. Esta escolha deve garantir que os alunos
consigam pesquisar de modo independente e dar oportunidade de todos sentirem
que estão realizando uma parte importante do projeto.
Segundo Parâmetro – Tecer objetivos
O projeto precisa ter uma finalidade, ao alcançar o objetivo, mostre o produto final
ou uma prestação de serviço que poderá ser usado por todos, moradores,
trabalhadores, profissionais, estudantes, professores ou qualquer pessoa que
visite o bairro. Para iniciar o projeto é preciso ter em mente qual será o seu fim. É
como se você assistisse um filme ao contrário identificando cada parte que
contribuiu para contar aquela história.
Terceiro Parâmetro – Recrutar parcerias
A escola não pode trabalhar sozinha, é preciso abrir as portas para que
organizações e profissionais participem ativamente demonstrando na prática a
conexão entre o estudo acadêmico e o mundo real, é importante que os alunos
vejam nesta parceria um modelo de postura, comprometimento e seriedade com o
projeto. Além de perceberem que trabalhar coletivamente e dividir o conhecimento
é algo que prazeroso para todos.
Quarto Parâmetro– Escolher os recursos necessários
Identificar e organizar os recursos para o aprendizado durante a execução do
projeto e garantir que estejam disponíveis. Estes meios devem estar alinhados ao
questionamento motivador do projeto. Basicamente o professor se pergunta: O
que eu preciso de recurso material ou quais medidas práticas devem ser
adotadas para que o projeto seja executado com sucesso em todas as etapas?
Quinto Parâmetro – Gerenciar o tempo
Adequar a duração do projeto ao calendário escolar, em outras palavras, é
preciso administrar o tempo. É necessário considerar feriados e suas emendas,
períodos de avaliação, reunião de pais ou de professores, excursões préagendadas por outros professores, disponibilidade dos docentes de outras áreas,
que por vezes trabalham em mais e uma instituição ou realizam cursos de
capacitação, campeonatos esportivos ou temáticos ou outros eventos que façam
parte do ano letivo. Imagine que o projeto é um órgão do seu corpo, por exemplo
o coração, ele tem uma função vital: bombear o sangue para fazê-lo circular
através do corpo. Esta ação é natural e não interfere no trabalho dos outros
órgãos, cada um tem sua função a cumprir individualmente e coletivamente,
garantindo o bom funcionamento do corpo humano. Se o coração quiser ter vida
própria e bater mais lento ou mais rápido, isso não só acarreta uma doença
cardíaca e você precisará tomar medicação e cuidados específicos, como
também impactará negativamente os outros órgãos, pois não terão a o coração
funcionando plenamente para que cada um deles também cumpra sua função por
completo, eles continuarão a funcionar, porém com alguma deficiência. Sem
contar que o tratamento medicinal e a alteração na rotina, seja alimentar ou
esportiva, também fará com o corpo sinta fortemente estas alterações, sentindose cansado, nauseado, deprimido e até pode entrar em colapso. Pense que o
mesmo pode acontecer com o projeto.
Sexto Parâmetro – Fechamento
É preciso comemorar e agradecer a dedicação dos que tornaram essa idéia
possível. Como tornar esta experiência inesquecível? Diz o ditado que “a
propaganda é a alma do negócio”, então, espalhe as boas novas, motive novos
colaboradores e, principalmente, valorize o trabalho dos alunos.
5. Metodologia►Da abstração à experiência
Os parâmetros são a base para que um projeto desperte nos alunos o interesse
pelo aprendizado contínuo, pois produzirá uma experiência factível. Esta
experiência não é única, ela será vivenciada em outros momentos da vida
cotidiana ou escolar. A seguir vamos nos aprofundar melhor em cada um dos
parâmetros a partir de um exemplo de projeto direcionado ao público da educação
infantil.
a) Sobre a seleção do tema
O tema do projeto precisa surgir de uma necessidade real da escola, dos alunos
ou da comunidade, deve fluir naturalmente do ambiente e estar atrelado ao
currículo escolar.
Olhando ao seu redor, você pode perceber questões como: a escola se localiza
em um espaço rural, um gato ou cachorro está usando a escola como moradia,
uma notícia sobre a migração dos pássaros, o cachorro que salvou a vida do
dono ou cavalaria da polícia militar está em evidência na mídia, um aluno adquiriu
ou perdeu um animal de estimação, etc. Enfim, são assuntos que geram
questionamentos e comentários. Esse é um ponto de partida para pensar em um
tema atrativo.
A partir desta observação, a escolha do tema poderia ser: identificação de
animais, habitat e cuidados.
De acordo com a idade o professor pode fazer um recorte dos animais a serem
estudados, por exemplo, alunos até 3 anos trabalham com animais domésticos
(cachorro, gato, pássaros) e outros mais conhecidos (cavalo, boi, cobra, galinha).
Alunos a partir dos 4 anos já possuem um repertório maior e podem estudar
animais selvagens ou que estejam em extinção.
Selecionado o tema, organize as etapas do projeto e formas de avaliar o
cumprimento de cada uma delas. Alguns exemplos: fazer uma entrevista simples
e objetiva com 2 ou 3 questões, uma rápida apresentação oral sobre algo que ele
tenha gostado ou pesquisado, selecionar recortes de revistas ou jornais dos
animais estudados, dentre outras possibilidades.
Avaliar é fundamental. Os alunos sentem-se amparados e valorizados pelos
resultados alcançados, além de se empenharem cada vez mais nas próximas
etapas. Ela também demonstra aos pais e aos responsáveis pela escola a
seriedade do projeto e o comprometimento dos professores envolvidos.
b) Sobre a finalidade do projeto
A partir da temática, o docente indica que produto ou serviço este projeto terá
como meta. Veja algumas possibilidades para a educação infantil (você poderá
adequar ou aprofundar de acordo com a idade ou mesmo a maturidade do seu
público):
Um catalogo de animais(com fotos, recortes de jornais ou revistas,
desenhos);
Um mapa com os continentes e a indicação do habitat natural dos animais;
Cartazes com animais míticos (mula-sem-cabeça, dentre outros);
Guia de cuidados com o meio ambiente ou com os animais (com fotos ou
desenhos, pode haver legenda, em caso de alunos já alfabetizados);
Uma peça de teatro (pode ter como tema “Arca de Noé”);
Criar um álbum de figurinhas (o professor de informática edita o álbum e
busca as figuras, a escola imprime e disponibiliza para cada aluno ou
grupo um álbum e um pacote de figurinhas. Para que eles consigam novos
pacotes, é preciso “pagar uma prenda” que pode ser responder alguma
pergunta sobre o que está aprendendo, contar uma história, doar alguma
coisa. Assim você pode gerenciar uma competição em que toda a escola
esteja envolvida.
Depoimentos: como é ter um animal de estimação ou sobre o animal que
mais gosta e o motivo. O professor da área de linguagem pode preparar os
alunos para este discurso (oral ou escrito). O professor de informática filme
e edita o vídeo final.
Um livro com uma história criada e desenhada pelos alunos.
A definição de um produto permite que os alunos saibam onde vão chegar e seu
engajamento é importante para alcançar esta meta.
Quando você estabelecer que produto os alunos vão criar, junte seus parceiros
nesta jornada e atestem, pelo fazer, a viabilidade de realização. Às vezes há
excesso ou esvaziamento de atividades.
c) Sobre recrutar parcerias
A temática escolhida é a grande chave encaminha o projeto para uma experiência
real que transpassa diversas áreas do conhecimento e permite que todos os
professores explorem e colaborem com a execução do projeto de algum modo.
Veja abaixo algumas habilidades que podem ser desenvolvidas a partir do
exemplo:
Ampliação de vocabulário;
Conscientização para cuidar do meio ambiente e dos animais;
Identificação geográfica do habitat natural;
Adequação dos animais a outros ambientes;
Histórias míticas, por exemplo o boi-bumbá;
Nutrição e saúde, saber do que se alimentam estes animais e como eles
fazem parte da nossa dieta;
Reconhecimento e distinção de figuras (em idades até 3 anos é normal
associar qualquer animal de quatro patas a um cachorro);
Identidade e autonomia, uma vez que cada aluno será atraído por tipo de
animal diferente;
Conhecimentos matemáticos (quantidade de patas, dentes, orelhas);
Conhecimentos lógicos, socioculturais e comportamentais (criar uma baleia
no aquário? levar o animal de estimação para qualquer lugar? alergia à
pelo de gato ou cachorro?).
O recrutamento é uma tarefa árdua e precisa ser definido durante o planejamento.
Converse com os professores, convença-os a participarem do projeto, peça
sugestões. Não assuste seus colegas dando a notícia de última hora. Além disso,
a função de cada colaborador deve estar bem definida no projeto para não
acarretar discrepâncias.
Nesta etapa também são indicados quais profissionais, fora da comunidade
escolar, podem colaborar: veterinário, adestrador, contador de histórias, membro
da polícia (pode falar sobre cães farejadores ou da cavalaria), alimentador de
animais do zoológico, dentre outros.
Uma vez que os alunos ouvem e vêem como os profissionais realizam seus
trabalhos, eles ampliam repertório e assumem uma postura mais comprometida
de acordo com suas aptidões naturais. Eles percebem que o projeto tem impacto
no mundo real.
d) Sobre os recursos necessários
Antecipe os problemas. Faça uma lista de quais recursos e da quantidade
necessária para dar cabo do projeto. Verifique se há material suficiente e
apropriado para cada aluno realizar a pesquisa. Lembre-se que recurso nem
sempre significa um elemento físico. Veja alguns exemplos abaixo:
Professores, coordenação e direção conhecem o projeto e sabem que
papel irão desempenhar?
Os pais foram comunicados e convidados a participar?
Se houver uma saída com os alunos, foi solicitada reserva de transporte,
alimentação, checado valores, autorização dos pais e disponibilidade no
calendário?
Há computadores com acesso à internet e os softwares necessários?
Em caso de realizar um vídeo com os alunos, há máquina fotográfica ou
filmadora disponível?
Há material de pesquisa na biblioteca: documentários, revistas, jornais,
livros, quadrinhos?
Quais locais os alunos podem visitar: uma clínica veterinária, um petshop,
um zoológico?
Há empresas que podem doar livros ou revistas para pesquisa e manuseio
(recortar, grifar, pintar)?
Se este checklist não for feito antes, você corre o risco de, no meio do projeto,
alterar o que foi planejado, causando desconforto e frustração, além de uma
sensação de insegurança e falta de planejamento.
Ao desenvolver estas competências através de projetos, os alunos sentem-se
motivados a escrever, ler e aprender algum assunto de modo aprofundado (por
exemplo, língua portuguesa ou geografia), pois percebem uma razão significativa
e imediata para aplicar estas habilidades.
e) Sobre o gerenciamento do tempo
Como o trabalho é interdisciplinar, o planejamento correto assegura que cada
etapa flua tranquilamente para a próxima. Considere ainda o tempo que levará
para planejar e preparar as etapas do projeto. Uma dica para economizar tempo
é: colaborar com os colegas, compartilhar projetos já realizados, adaptar projetos
existentes e realizar o mesmo projeto diversas vezes.
O produto final não pode ser complexo de maneira que os alunos precisem
desenvolver habilidades específicas (tecnológicas, por exemplo) e ao mesmo
tempo processar o conteúdo acarretando atrasos no cronograma.
f) Sobre o fechamento
Planeje ou insira a demonstração do projeto em um evento que já faça parte do
calendário: um campeonato, uma feira de ciências, etc. Mas também firme
parceria com algum evento que já acontece no bairro, seja na igreja, na quadra
esportiva, na reunião dos representantes do bairro ou em outra escola.
Os alunos podem criar cartazes ou panfletos (com frases ou imagens) para
distribuir pela comunidade, aos pais, aos parceiros colaboradores. Crianças
menores (até 2 ou 3 anos) podem fazer um vídeo-convite ajudados pelos
professores de linguagem e informática. A escola pode enviar por e-mail o convite
aos pais (para não distribuir a imagem dos alunos a desconhecidos).
6. Divisão do projeto ►Uma proposta
A divisão das etapas de um projeto depende do aprofundamento que o assunto
necessite, dos recursos disponíveis, da relevância do tema, do engajamento dos
colegas, do calendário escolar, etc.
A proposta abaixo foi pensada em seis partes que podem ser realizadas
individualmente ou simultaneamente.
►Etapa 1: Aquecendo os tambores
Apresentação o conteúdo a partir do repertório dos alunos. Perguntas mediadoras
são elaboradas para despertar o interesse e introduzir o tema do projeto. Cada
docente direciona as questões de acordo com a disciplina que leciona e a faixa
etária do seu público. Veja alguns exemplos:
Você gosta de animais? Qual seu preferido?
Tem animal em casa? Qual? Quem cuida dele? Ele fica dentro ou fora de
casa? O que ele come?
Quais animais você conhece?
Você conhece este animais como? Pela TV? Revistas? Brinquedos?
Qual animal mais forte? Qual o mais sensível?
Em quais ambientes vivem os animais?
Quais animais servem para nos alimentar?
Por que aqui no Brasil não tem ursos polares?
Quais cores determinados animais possuem?
Todos os animais tem rabo?
Por que os animais fazem suas necessidades em qualquer lugar e os
humanos não?
O que diferencia os homens dos animais?
Quais foram os primeiros animais da Terra?
Por que alguns destes animais não existem mais?
Em seus brinquedos, nos jogos ou nos desenhos que você assiste, quais
animais aparecem? O que estes animais fazem?
Este é o ponto de partida para cada docente conduzir as aulas seguindo duas
vias: o conteúdo do currículo e o desenvolvimento do projeto. É interessante fazer
um resumo das respostas e indicar problemas, por exemplo: alergias ou traumas
e reunir-se com os colegas para partilhar a experiência.
►Etapa 2: Hoje é dia de visita
Momento receber os colaboradores externos para contarem suas histórias e
também de realizar visitas a locais que possam ampliar o repertório.
Tenha uma medida de tempo de concentração dos alunos. Instrua os palestrantes
sobre o tempo de fala, adequação do vocabulário à faixa etária e disposição para
responder curiosidades dos alunos.
Não sobrecarregue os alunos com palestras e saídas. Selecione o que for mais
essencial ou que estiver ao alcance. Segue alguns exemplos de profissionais e
lugares que os alunos podem visitar:
Veterinário: falar sobre o cotidiano da profissão de cuidar da saúde dos
animais.
Adestrador: pode dar dicas e demonstração de adestramento.
Alimentador de leões: contar dos perigos e desafios da profissão, tipo e
quantidade de comida necessária.
Contador de história: falar sobre animais que se tornam mitos ou são
considerados sagrados (mula sem cabeça, boi bumbá, a vaca na Índia)
Clínica veterinária;
Aquário;
Fazenda;
Zoológico.
Ao final de cada palestra ou visita, avalie o aprendizado dos alunos. Faça alguma
pergunta, solicite alguma associação, peça que façam um desenho, uma frase. É
importante saber o quanto esta experiência foi significativa para os alunos e para
o projeto.
►Etapa 3: Agora é a minha vez
Separe os grupos e designe suas funções. Nesta etapa os alunos são
acompanhados para realizarem suas pesquisas e buscarem respostas de acordo
com o produto final. Por exemplo, se o produto escolhido for um livro, veja quais
funções precisariam ser desempenhadas:
Que história será contada? Cada aluno contribui com uma parte.
Quais animais estarão presentes? Os alunos escolhem e pesquisam sobre
estes animais.
Será contada por imagens ou terá frases? Quem irá desenhar ou recortar
as imagens? Quem irá escrevê-la?
Quais as partes de um livro? Como montar um livro?
Quem vai organizar a ordem das páginas de acordo com a história? Quem
vai fazer a capa? Como as páginas serão presas umas nas outras?
Como indicar os autores do livro: colocar nomes ou fotos?
Qual o título do livro? Haverá uma votação?
Quantas cópias do livro vamos precisar? Quem será responsável?
►Etapa 4: Um olho no peixe e o outro no gato
Os alunos conduzem suas pesquisas de forma independente e apresentam um
protótipo do produto. É de extrema importância que os alunos sejam
continuamente acompanhados. Faça um acompanhamento coletivo e individual
do comprometimento e do quanto e como eles estão aprendendo.
►Etapa5: Agora falta pouco!
Os alunos desenvolvem as habilidades necessárias para que o produto final seja
de qualidade, por exemplo, artes gráficas, organização de boneco de livro,
desenho de capa. Nesta hora os alunos estarão ansiosos, pois finalmente verão o
projeto tomar forma e cada grupo pode ver, criticar, elogiar ou sugerir melhorias
aos colegas.
7. Conclusão: além dos muros da escola
Geralmente quando alguém pergunta qual foi a sua melhor experiência com um
grupo, geralmente as pessoas dizem: o time de futebol, o grupo que jogava RPG,
a banda de rock que eu tinha na adolescência. A razão destas resposta é que,
neste tipo de grupo todos os integrantes são fundamentais, cada um tem um
papel importante a desempenhar. A experiência se torna especial pois a pessoa
teve a oportunidade de usar sua habilidade individual para compor um resultado
coletivo.
A capacidade do cérebro de pensar de formas diferentes – habilidade de resolver
problemas, refletir, ser receptivo à novas ideias – é construída com o tempo e
deve ser incentivada desde os primeiros anos da vida.
A aprendizagem baseada em projeto é resultante não apenas deste trabalho
compartilhado, mas também da disposição do maestro em orquestrar naipes de
alunos com competências comuns, delegar atividades com o mesmo nível de
importância, celebrar o sucesso, criticar e direcionar o grupo quando estiverem
perdendo o foco.
8. Referências bibliográficas: aguçando o interesse pela PBL
BAKER, S., BAKER, K. E. (1998) Project Management. Alpha books, New York,
1998.
BUCK INSTITUTE FOR EDUCATION. Aprendizagem baseada em projetos: guia
para professores de ensino fundamental e médio. Porto Alegre: Artmed, 2008.
FOSBERG, K., MOOZ, H., COTTERMAN, H. Visualizing Project Management.
John Wileyand Sons, Inc., New York, 1996.
FRAME, J. DAVIDSON (1995) ManagingProjects in Organizations. JosseyBassPublishers, San Francisco, USA, 1995.
FREIRE, Paulo (2002) Pedagogia da Autonomia. São Paulo, Paz e Terra, 2002.
HERNANDEZ, Fernando. Transgressão e mudança na educação - Os projetos de
trabalho. Porto Alegre: ArtMed, 1998.
JEAN, Pierre Boutinet. Antropologia do Projeto. Trad. Patrícia ChitonniRamos.Porto Alegre: Artmed, 2002.
LIENTZ, B. P., REA, K. P. Project Management for the 21st Century, Academic
Press, San Diego, 2002.
MOURA, D. G.; BARBOSA, E. F. Trabalhando com Projetos: Planejamento e
gestão de projetos educacionais. Petrópolis/ RJ: Vozes, 6ª. Edição, 2011.
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