Sapore estuda novos negócios no varejo em 2015 após parceria
com Raízen, da Cosan
Apesar da desaceleração do varejo em 2014 e de um horizonte que se desenha sem
brilho para 2015, a rede de restaurantes corporativos Sapore estuda novos negócios
no setor após ter acertado neste ano parceria com a Raízen, do Grupo Cosan (CSAN3),
para a criação de uma rede de restaurantes em postos de combustível em rodovias.
Em entrevista à Reuters, o presidente da companhia, Daniel Mendez, afirmou que
analisa opções para ofertar os serviços de infraestrutura alimentar da Sapore a redes
de restaurantes para o público em geral, o que pode culminar inclusive na criação de
uma bandeira nova, em que a Sapore tenha participação direta.
No fim dos anos de 1990, a companhia, que compete com as multinacionais Sodexo e
GRSA no mercado de refeições coletivas, começou a assentar suas operações sobre um
esquema de montagem industrial, com soluções como molhos prontos e peças de
carnes já cortadas.
No auge da crise financeira de 2008, o modelo foi algoz: os clientes cortaram custos e
as concorrentes que os atendiam também, aproveitando a queda no preço dos
alimentos. A Sapore, que dependia dos alimentos processados, teve menos margem
de manobra, amargando expressiva queda de vendas e uma pesada reestruturação
para se manter de pé.
Arrumada a casa, em um processo que incluiu unificação de compras e cancelamento
de contratos que davam prejuízo, a Sapore quer agora diversificar sua fonte de
receitas, após ter fechado o último ano com faturamento de 1,4 bilhão de reais ante
1,2 bilhão em 2012.
"Toda essa expertise que a gente fez para o nosso negócio, quando a gente olha para o
mercado, não vemos soluções assim para o varejo", disse Mendez. "Tanto é que
muitas redes quando vieram para o Brasil nos procuraram para assumirmos a
infraestrutura delas", disse o executivo citando o caso da cadeia norte-americana de
fast food Wendy''s.
A Sapore serve mais de 1 milhão de refeições por dia em mais de 1.100 restaurantes
no Brasil, México e Colômbia, incluindo pontos instalados em fábricas de empresas
como Fiat e Motorola.
"Nossa infraestrutura é muito interessante para um restaurante de alto padrão
(voltado para o público em geral), por exemplo. A gente pode ganhar dinheiro fazendo
outros ganharem dinheiro", acrescentou o executivo uruguaio, que chegou a trabalhar
como garçom em um pequeno restaurante brasileiro do pai antes de fundar a Sapore
em 1992.
Nas rodovias
A parceria com a Raízen, licenciada da marca Shell no país, foi firmada nesse âmbito,
com a criação de uma joint venture anunciada em abril para a criação da rede Bem
Aqui, voltada para alimentação e conveniência em postos de rodovias.
A primeira loja da rede, que competirá com a rede Graal e com a bandeira Frango
Assado, da IMC, deverá ser inaugurada em São Paulo no primeiro trimestre do ano que
vem, ante expectativa inicial de abertura até o fim deste ano.
De acordo com Mendez, os ajustes sinalizados pelo governo federal para a economia e
a desaceleração das vendas do varejo neste ano não mudaram os planos da joint
venture, na qual a Raízen tem 60 por cento e a Sapore os 40 por cento restantes. A
expectativa é abertura de 100 lojas nos cinco primeiros anos de operação da parceria.
Para o ano que vem, contudo, a expectativa é de apenas cinco lojas sejam inaguradas
no eixo Rio de Janeiro-São Paulo. "Evidentemente será uma coisa cautelosa ... mas a
gente não parou o plano", disse o executivo.
Questionado sobre eventual abertura de capital na bolsa da Sapore, Mendez disse que
uma listagem está no radar da companhia, mas mais para o médio prazo.
"Hoje em dia não é favorável. Está no nosso radar para estarmos preparados como
empresa quando for o momento, mas não estamos dependendo disso", afirmou.
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