A Abramilho, em parceria com a Embrapa Milho e Sorqo e a Fundação
Dom Cabral, trabalha lado a lado com a cadeia produtiva do milho em um
programa para o aumento da produção do cereal no país
Rubens Augusto de Miranda, João Carlos Garcia e José Carlos Cruz, pesquisadores da Embrapa Milho e Sorgo,
e Antonio Alvaro Corsetti Purcino, chefe-geral da Embrapa Milho e Sorgo
A
FAO - Agência das Nações Unidas que trata da Alimentação e
da Agricultura - prevê que a produção de grãos até 2050 deve aumentar
em pelo menos 1 bilhão de toneladas, e
a de carne, em 200 milhões de toneladas, para atender às necessidades do
crescimento populacional e de uma população mundial com maior renda familiar. Espera-se que o Brasil, por possuir estoques de áreas agricultáveis, biodiversidade e água para uso sustentável, deverá prover uma significativa parcela desta demanda adicional por grãos.
Além disso, o Brasil tem um robusto
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sistema de desenvolvimento tecnológico; tecnologia nacional para aumentar a
produtividade das lavouras; condições
de fazer mais de uma safra por ano;
assim como pode expandir o uso de sistemas de produção sustentáveis como
o plantio direto, a integração lavourapecuária-floresta e dos sistemas integrados de manejo de pragas.
Apesar de a questão do crescimento
populacional ser central em qualquer análise prospectiva relativa ao futuro do agronegócio, o aumento da população por si
só não reflete, na sua totalidade, as perspectivas para a cultura do milho. A razão
disso se deve ao fato de que o aumento
populacional até 2050 ocorrerá em países emergentes, cuja renda vem aumentando consistentemente. Esse aumento
de renda tem modificado os padrões alimentares das farrulias, favorecendo um
maior consumo de proteína animal. Ou
seja, a população mundial consumirá, em
termos per capita, mais carne nas próximas décadas. E o milho, por ser um dos
principais insumos utilizados na alimentação animal, deverá seguir essa tendência de aumento.
A despeito da crise econômica pela
qual vários países vêm passando, o con-
rá 200 milhões em 2012/13.
O lugar do Brasil- Uma das principais consequências do aumento do
consumo mundial de milho será o acréscimo do comércio global do grão. As
importações mundiais, que alcançaram
93,5 milhões de toneladas em 2011/
2012, deverão atingir 131,3 milhões de
toneladas em 2021/2022. Esse aumento será capitaneado pela China, que vem
passando por um momento de transição no qual deixa de ser exportadora
para se tomar a maior importadora mundial de milho ao longo da próxima década, atingindo 18 milhões de toneladas
em 2021/2022. Esse cenário abre possibilidades para o aumento da participação no comércio mundial de países como
Brasil, Argentina, Ucrânia. Dentre esses,
o Brasil é o país que se apresenta como
o candidato mais forte em suprir a demanda mundial adicional em função das
suas vantagens comparativas mencionadas anteriormente.
O aumento da demanda por milho
acima do aumento da produção tem deixado os níveis dos estoques globais perigosamente baixos. A relação estoquei
consumo global de milho, que era de
29,3% na década de 1990, passou para
19,2% na década seguinte e, na safra
2009/2010, chegou a 15,8%. No caso
dos Estados Unidos, a situação é ainda
~ mais complicada, pois essa relação está
~ beirando os 7% na safra 201112012,
Jj
enquanto que era de 15% apenas três
safras atrás. Para o ano agrícola 20121
sumo de milho continua aumentando.
2013, a expectativa é de uma supersaNo ano agrícola 2006/2007, o consufra nos Estados Unidos e também no
mo mundial de milho foi de 728 milhões
mundo, com produções respectivas de
de toneladas e, segundo as últimas pro375,68 milhões e 945,78 milhões de tojeções do Departamento de Agricultura
dos Estados Unidos (USDA), chegará a neladas. Caso essas projeções favoráveis se confirmem, espera-se que os
921 milhões de toneladas em 2012/2013.
EUA recomponham parcialmente os seus
Nesse período, o aumento de consumo
mundial foi observado em todos os anos. estoques, mas o mesmo não será observado nos estoques mundiais. Apesar
Analisando esses dados de uma forma
mais desagregada, se observa uma re- da superprodução mundial, que representa um aumento de 75 milhões em
lativa estabilização no consumo norterelação à safra 2011/2012, os estoques
americano e europeu, dois dos maiores
globais devem permanecer estabilizados.
mercados, enquanto que o consumo
doméstico em alguns dos principais pa- Isso é o reflexo do aumento do consuíses emergentes vem aumentando acen- mo mundial, que no geral tem sido maior que o aumento de produção.
tuadamente. Projeta-se que o aumento
Internamente, o fato de o Brasil ser
do consumo brasileiro de milho no reum grande produtor de aves e suínos
ferido período seja de 36,5%, percentual similar ao do aumento projetado para incorpora um dinamismo ao mercado
o consumo chinês, 38%. A China é o doméstico. Ou seja, o consumo interno
do milho oscila de acordo com os mogrande destaque, consumiu 145 milhões
de toneladas em 2006/2007 e consumivimentos dos mercados de carne. Adi-
cionalmente, o aumento da renda interna deve direcionar os hábitos alimentares para um maior consumo de proteína animal, o que aumenta a demanda
por milho para produção de rações. Segundo projeções feitas pela Assessoria
de Gestão Estratégica, do Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento,
e pela Secretaria de Gestão Estratégica
da Embrapa, 2011, a produção de carne
bovina passará de 9,15 milhões, em
2010/2011, para 11,35 milhões de toneladas, em 2020/2021, um aumento de
24%. No mesmo período, a produção
de carne suína passará de 3,38 milhões
para 4,09 milhões de toneladas (crescimento de 21 %) e a produção de carne
de frango, de 12,11 milhões para 15,74
milhões de toneladas, o que representa
um aumento de 30%.
Em 2010/2011, a Associação Brasileira das Indústrias do Milho (Abimilho)
e a consultoria Céleres indicam que o
consumo de milho pelo mercado de
aves foi da ordem 21,9 milhões de toneladas, o consumo pela suinocultura
foi de 11 milhões de toneladas e a bovinocultura consumiu 3,5 milhões de toneladas. Utilizando as projeções do auAgricultura de Precisão
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mento de produção da carne e o consumo atual de milho para projetar o aumento do consumo do grão por avicultura, suinocultura e bovinocultura seriam, respectivamente, de 6,57 milhões,
2,32 milhões e 0,84 milhão de toneladas. Portanto, a projeção de aumento
do consumo de milho por esses três mercados seria de 9,73 milhões de toneladas. Assim, em termos de demanda doméstica, as perspectivas no Brasil em
relação ao futuro, do mercado de milho, também são muito favoráveis.
Visualizando esse cenário futuro favorável ao milho, a Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho), em parceria com a Embrapa Milho e Sorgo e a Fundação Dom Cabral,
vem trabalhando junto com toda cadeia
produtiva do milho na elaboração de um
programa que visa criar as condições
que permitam aumentar a produção de
milho no Brasil. O programa objetiva
identificar as melhores oportunidades,
os locais mais favoráveis para incremento da produtividade agrícola e expansão
da área plantada e as ações, tanto públicas quanto privadas, necessárias para
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aumentar a competitividade e a sustentabilidade da produção deste cereal, visando atender às demandas do mercado interno e colocar o Brasil como um
importante e robusto fornecedor mundial de milho no mercado internacional.
Múltiplos usos - Por fim, cabe ressaltar que falar da importância do milho
apenas a partir da expectativa do aumento
do consumo mundial de carne, ou mesmo de biocombustíveis, é subestimar o
potencial dessa cultura. É possível produzir uma infinidade de mercadorias com
milho, pois existem mais de 3.500 usos
diferentes para produtos desse cereal.
Além de alimentar pessoas e animais,
assim como produzir combustíveis, o
milho processado é utilizado em antibióticos, sabonetes, detergentes, polímeros,
vitaminas, tintas, goma de mascar, bate-
rias elétricas, pneus, cerveja, fogos de
artifício, etc. Pelas suas inúmeras possibilidades de aplicação, o milho é um insumo estratégico para o futuro, principalmente na substituição de fontes não
renováveis de recursos naturais. (iJ
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A Abramilho, em parceria com a Embrapa Milho e Sorqo e a