Foto: bogotasurgery.org Julho/2012 – Ano I - Edição 9 Hospitais do Paraná terão metas para melhorar número de transplantes no Estado Pactuação será discutida de acordo com as características de cada instituição O número de transplantes realizados no Paraná cresceu em um ano e meio. É o que mostram os comparativos do primeiro semestre deste ano em relação ao mesmo período de 2010 e 2011. De janeiro a junho de 2012, foram 190 procedimentos, contra 123 em 2011 e 77 em 2010. O transplante que mais cresceu foi o de rim, de 66 nos primeiros seis meses do ano passado para 124 até junho deste ano. Mesmo com essa melhora, no entanto, ainda há muito a ser feito, já que no Estado são mais de 2600 pacientes a espera de um órgão, segundo dados da Central Estadual de Transplantes do Paraná. Para ampliar o número de órgãos coletados e, assim, a possibilidade de realizar mais transplantes, os hospitais do Programa HOSPSUS terão metas individuais para atingir nessa área também. De acordo com a diretora da Central Estadual de Transplantes, Arlene Badoch, os hospitais serão chamados para discutir essas metas. “A pactuação será de acordo com as características de cada instituição. No caso dos hospitais que não têm o perfil notificador, como maternidades, as metas poderão estar atreladas a ações de promoção junto à comunidade, por exemplo”, explica Arlene. Em algumas localidades, como no município de Londrina, essa negociação já começou. O objetivo desse trabalho de envolvimento dos hospitais integrantes do HOSPSUS é melhorar os índices de notificações de pacientes com morte encefálica, que poderão vir a ser doadores. “Os hospitais precisam entender que para o transplante ocorrer é preciso que a equipe de profissionais da instituição, em especial os que atuam diretamente na UTI, se sensibilize da importância da busca por possíveis doadores. Quanto mais rápido esse paciente for identificado e essa informação chegar à Central, maior a chance de sucesso da utilização desses órgãos”, afirma a diretora da Central. PACIENTES À ESPERA DE TRANSPLANTE NO PR Situação Ativos Semi-ativos TOTAL Coração 34 23 57 Córnea 15 222 237 Fígado 29 32 61 Rim 1233 1023 2256 Pâncreas 5 10 15 Rim/Pâncreas 2 9 11 Total 1318 1319 2637 Fonte: Central Estadual de Transplantes do Paraná - dados até 30/06/2012 Foto: choroby-serca.pl Hospitais devem criar comissão para coordenar doações de órgãos Exigência está estabelecida em portaria do Ministério da Saúde Desde 2009, a portaria nº 2.600 do Ministério da Saúde estabelece três situações nas quais os hospitais são obrigados a criarem a Comissão Intrahospitalar de Doações de Órgãos e Tecidos para Transplantes (CIHDOTT): • hospital com até 200 óbitos ano, e que possua assistência ventilatória, neurocirurgia ou neuropediatria; • hospital com referência a trauma e /ou neurologia, ou neurocirurgia com menos de 1000 óbitos ano, não oncológico; • hospital não-oncológico com mais de 1000 óbitos ano, com pelo menos um programa de transplantes. De acordo com a portaria, aos demais hospitais é opcional a criação da Comissão, mas segundo a Secretaria de Estado da Saúde do Paraná (Sesa), todas as instituições que participam do HOSPSUS terão que ter uma CIHDOTT. Para esclarecer as dúvidas dos hospitais do Estado, a Central de Transplantes elaborou um manual que trata das CIHDOTTs. No documento, que foi encaminhado a todas as instituições hospitalares do Paraná e está disponível na página na internet da Secretaria de Saúde, é possível encontrar, de maneira clara, quais são as atribuições das Comissões, um roteiro para avaliação do hospital, as metas que devem ser pactuadas para que a CIHDOTT seja considerada atuante e a tabela de procedimentos remunerados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) que inclui da captação até o transplante do órgão. Os recursos repassados aos hospitais que participam do processo de transplante vêm direto do Fundo de Ações Estratégicas e Compensação (FAEC), vinculado ao Ministério da Saúde. A orientação do Ministério da Saúde é de que a Comissão seja composta por no mínimo três membros de nível superior, dentre os quais um médico ou enfermeiro, designado como coordenador. No entanto, para se adequar à realidade das instituições, a Central de Transplantes está pactuando essa constituição de forma personalizada em cada hospital. “O que acontece muitas vezes é que os membros da CIHDOTT não exercem apenas essa função dentro do hospital e isso pode comprometer a qualidade do trabalho e o envolvimento com os objetivos da Comissão”, afirma a assistente social e responsável pelo acompanhamento das CIHDOTTs, Gláucia Repula. A portaria estabelece que pelo menos o coordenador deve possuir carga horária mínima de 20h semanais dedicadas exclusivamente à função. Na prática Um dos hospitais que está reestruturando a CIHDOTT é o Hospital do Trabalhador, em Curitiba. O médico neurocirurgião Cesar Vinícius Grande assumiu há cerca de dois meses a coordenação da Comissão composta por uma equipe multidisciplinar e com a dedicação exclusiva de uma enfermeira. O grupo tem trabalhado com ênfase na abordagem aos familiares e na conscientização dos profissionais do hospital, incluindo os médicos. “Ainda enfrentamos resistência de algumas pessoas, por isso, é essencial passarmos informação e mostrarmos a importância da captação de órgãos”, explica. De acordo com o coordenador, os profissionais envolvidos com a Comissão estão recebendo treinamento da Central Estadual de Transplantes para enfrentar essas dificuldades. “É um desafio estar à frente desse trabalho, mas está sendo uma experiência muito interessante e a tendência é que consigamos melhorar a taxa de captação de órgãos”, completa. Foto: icu-rehab.com Orientação às famílias sobre transplantes também é tarefa dos hospitais Comissão Intrahospitalar tem papel fundamental na conscientização da comunidade Uma das tarefas mais árduas no processo Assim, entre as atribuições da CIHDOTT de doação de órgãos envolve o acolhimento está a de promover e organizar no hospital o à família do paciente antes, acolhimento familiar, criar durante e depois de todas as O que é morte encefálica? rotinas para oferecer aos etapas. Na opinião da assistente familiares a possibilidade da Morte encefálica é a definição social da Central Estadual doação, realizar entrevistas em legal de morte. É a completa e de Transplantes do Paraná, todos os casos de pacientes irreversível parada de todas as Gláucia Repula, essa tarefa, com diagnóstico de morte funções do cérebro. Isso significa que inclui a sensibilização dos encefálica e acompanhar todo que, como resultado de severa profissionais do hospital, não o processo até a liberação do agressão ou ferimento grave pode ser de responsabilidade corpo do doador à família. no cérebro, o sangue que vem de apenas uma pessoa dentro Segundo Gláucia, com um do corpo e supre o cérebro é da instituição. “À Comissão trabalho bem organizado e bloqueado e o cérebro morre. É cabe responsabilizar-se pela estruturado, é possível atingir permanente e irreversível. educação permanente dos a meta mínima de 60% de funcionários sobre acolhimento efetivação da doação de órgãos Créditos: Biblioteca Virtual em Saúde do Ministério da Saúde. Com informações da familiar e outros aspectos da sobre o total de casos em que Associação Brasileira de Transplante de Órgãos doação”, orienta Gláucia. for realizada a entrevista. CENTROS TRANSPLANTADORES NO PARANÁ POR ÓRGÃO Rim Fígado Coração Córneas Pâncreas Rim+Pâncreas Ossos 13 06 06 24 02 03 16 Valvas TMO Pele Bancos de tecidos oculares Banco de válvulas cardíacas Banco de tecidos músculo esqueléticos (ossos) 08 06 02 05 01 01 Foto: Divulgação Hospital Angelina Caron CASE Darci Moacir Bradt, entre o filho e a sobrinha, observados pelo doutor João Eduardo Nicoluzzi. O médico foi um dos responsáveis por transplante inédito nas Américas no qual o receptor recebeu parte do fígado do doador e parte do fígado da doadora. Referência em transplantes no Paraná Hospital Angelina Caron é pioneiro nas Américas em diversas modalidades do procedimento. O Hospital Angelina Caron, localizado em Campina Grande do Sul, na região Metropolitana de Curitiba é um centro cadastrado pelo Ministério da Saúde que realiza praticamente todas as modalidades de transplantes com doadores intervivos e doadores cadáver. Desde que o serviço foi criado, em 1996, o hospital já realizou mais de 900 transplantes, até o final de 2011. É a maior demanda do Paraná. Além disso, o Angelina Caron é pioneiro nas Américas na realização de transplante de fígado onde um receptor recebe parte do órgão de dois doadores diferentes e também foi o primeiro centro da América do Sul a realizar o transplante de pâncreas com doadores intervivos. Para garantir maior conforto e segurança ao paciente, o hospital incorporou em sua rotina avançados procedimentos de vídeolaparoscopia o que, de acordo com o diretor administrativo do hospital, Bernardo Caron, contribuiu para aumentar a sua importância entre os grandes centros de transplantes do país. O serviço de transplantes do Hospital Angelina Caron atua de acordo com o Certificado de Capacitação fornecido pela Central Estadual de Transplantes do Paraná. Por meio dessa certificação coordena todas as ações relativas à captação e ao transporte dos órgãos no âmbito hospitalar, mantém em ordem e em arquivo próprio as anotações, formulários, livros, documentos e resultados de todos os exames de doadores de órgãos e avalia as condições físicas de higiene de todo o material usado para transporte de órgãos. Conscientização Para conscientizar a população e principalmente as famílias sobre a importância de doação de órgão, o hospital realiza campanhas dentro de seu Programa de Humanização. “Além disso, realizamos campanhas de esclarecimento com a mídia e, em datas pontuais, como no final do ano, organizamos uma grande festa para celebrarmos nossos resultados, reunindo transplantados, familiares, equipe médica, pessoal de apoio e funcionários”, destaca o diretor. O informativo HOSPSUS é uma publicação mensal coordenado pela Federação das Santas Casas de Misericórdia e Hospitais Beneficentes do Estado do Paraná (Femipa). Produção e redação: Interact Comunicação Empresarial Jornalista responsável: Juliane Ferreira – MTb 04881/DRT-PR Projeto gráfico e diagramação: Adriano Perissutti Impressão: Gráfica Ingra Tiragem: 2.000 exemplares Para falar com a redação escreva para [email protected]