ISSN: 2317-1960 Ano III, Número 15 MAI / JUN 2015 ntu.org.br Tecnologia contribui para melhorar gestão de ônibus urbanos no Brasil Com novas tecnologias, operadores podem oferecer mais qualidade ao usuário, reduzir custos e até mesmo contribuir para o meio ambiente Entrevista: diretora da Metra conta como a empresa virou um modelo a ser seguido 8 21 ANTP promove congresso para mil pessoas em Santos Empresas investem em prevenção de acidentes e colhem resultados 25 34 Editorial Biênio 2015-2017 Tecnologia em favor da qualidade de vida O s con g e st i o nam e nto s de trânsito são uma das principais causas da perda de tempo, do desperdício de combustível e o aumento do estresse nas grandes cidades. A União Europeia estima que 1% do PIB seja perdido em congestionamentos. Estudos já apontam o trânsito como uma das principais causas da perda da qualidade de vida nas cidades. A média nos grandes centros é de 2 horas e 40 minutos no trânsito diariamente. Levantamento da Fundação Getúlio Vargas (FGV) estima que os paulistanos desperdiçaram cerca de R$ 40 bilhões com tempo improdutivo e queima de combustível nos congestionamentos durante o ano de 2012. A solução para esse caos é a prioridade ao transporte público, claro. E, junto a ele, há outro grande aliado do século 21 que pode colaborar em muito na melhoria da qualidade de vida na mobilidade: a tecnologia, no conceito mais amplo do termo. Sistemas inteligentes de transportes, softwares de gestão e operação, aplicativos para usuários, ônibus menos poluentes, enfim, uma gama de inovações tecnológicas permite mudar e melhorar diariamente o transporte público que é oferecido nas cidades. A combinação dessas tecnologias garante mais eficiência ao transporte público, reduz custos e traz mais satisfação ao usuário, que bem informado e atualizado pode se programar melhor e viver mais tranquilamente. Na edição do Seminário Nacional NTU no ano passado, a associação abriu o debate para explorar mais os sistemas inteligentes de transportes. Uma oficina sobre o tema foi ministrada ao longo do segundo dia do evento com debates sobre a gestão operacional, informação ao usuário, controle de gratuidades e perspectivas para o futuro. Conselho Diretor Membros titulares e suplentes Região Centro-Oeste Edmundo de Carvalho Pinheiro (GO) titular Ricardo Caixeta Ribeiro (MT) suplente Região Nordeste Dimas Humberto Silva Barreira (CE) titular Mário Jatahy de Albuquerque Júnior (CE) suplente Luiz Fernando Bandeira de Mello (PE) titular Paulo Fernando Chaves Júnior (PE) suplente Região Sudeste Roberto José Carvalho (MG) titular Rubens Lessa Carvalho (MG) suplente Eurico Divon Galhardi (RJ) titular - presidente do Conselho Diretor Narciso Gonçalves dos Santos (RJ) suplente Lélis Marcos Teixeira (RJ) titular Francisco José Gavinho Geraldo (RJ) suplente João Antonio Setti Braga (SP) titular - vice-presidente do Conselho Diretor Mauro Artur Herszkowicz (SP) suplente Júlio Luiz Marques (SP) Em 2015, o espaço de tecnologia será voltado aos veículos do transporte público. A NTU convida a indústria de chassis, carrocerias e sistemas de propulsão a explanar sobre como as inovações tecnológicas podem beneficiar a sociedade com ganhos ambientais, de energia e qualidade. Não perca esse debate! titular Paulo Eduardo Zampol Pavani (SP) suplente Região Sul Ilso Pedro Menta (RS) titular Enio Roberto Dias dos Reis (RS) suplente Conselho Fiscal Membros titulares e suplentes Heloísio Lopes (BA) titular Paulo Fernandes Gomes (PA) titular Simone Chieppe Moura (ES) titular Dante José Gulin (PR) suplente Ana Carolina Dias Medeiros de Souza (MA) suplente Fernando Manuel Mendes Nogueira (SP) suplente 4 Revista NTU Urbano S U M Á RIO 6 8 12 Expediente OPINIÃO DA NTU Otávio Cunha O prejuízo é de todos ENTREVISTA Otávio Vieira da Cunha Filho Presidente Beatriz Braga Confira a entrevista com a empresária e diretora da empresa Metra de São Paulo PARADA OBRIGATÓRIA Notinhas para você se agendar, se informar e se atualizar Estamos tentando resolver o problema errado? 14 BRT TransOeste tem 74% de aprovação no aniversário de 3 anos 16 Eventos internacionais debatem transporte coletivo urbano 25 31 32 33 34 38 DIÁLOGO TÉCNICO Marcos Bicalho dos Santos Diretor Administrativo e Institucional 13 21 Diretoria Executiva André Dantas André Dantas Diretor Técnico QUALIDADE NTU EM AÇÃO Brasília (DF) CEP 70070-944 Tel.: (61) 2103-9293 CAPA Tecnologia contribui para melhorar gestão de ônibus urbanos no Brasil Fax: (61) 2103-9260 E-mail: [email protected] Site: www.ntu.org.br CONGRESSO ANTP ANTP reúne mais de mil pessoas em evento sobre mobilidade urbana EMBARQUE NESSA IDEIA Luis Antonio Lindau A importância dos dados para salvar vidas no trânsito Editora responsável Bárbara Renault (DF 7048 JP) Editora assistente Hellen Tôrres (DF 9553 JP) PELO MUNDO Conheça as novidades e soluções de mobilidade adotadas mundo afora PONTO DE ÔNIBUS SAUS Q. 1, Bloco J, Ed. CNT 9º andar, Ala A Adamo Bazani Sentir e viver a cidade pelo transporte público ACONTECE NAS EMPRESAS Empresas investem em prevenção de acidentes e colhem resultados #NTURECOMENDA Dicas de livros, sites, aplicativos e vídeos sobre transporte Colaborou nesta edição Evelin Campos Flávio Neponucena Laisse Nonato Diagramação Duo Design Esta revista está disponível no site www.ntu.org.br Siga a NTU nas redes sociais www.twitter.com/ntunoticias www.facebook.com/ntubrasil www.flickr.com/ntubrasil www.youtube.com/transporteurbanontu Revista NTU Urbano 5 O p i n i ã o d a NT U Autor: Otávio Cunha (*) O prejuízo é de todos O debate sobre a desoneração da folha de pagamentos das empresas de ônibus urbano tem sido intenso, entre governo e empresários, cada um de um lado. Cálculos do Executivo mostram que o Estado terá um ganho de R$ 5,3 bilhões, em 2015, e mais R$ 12,8 bi em 2016 ao retomar a cobrança de impostos de setores que antes eram beneficiados pela desoneração. O que não está sendo levado em conta é o impacto direto e indireto desse retrocesso no bolso do cidadão brasileiro, especialmente aquele que depende do transporte público por ônibus. Neste caso, o prejuízo recai não apenas sobre os 40 milhões de passageiros transportados por dia, mas também sobre os mais de 500 mil funcionários diretos que o segmento emprega, além dos indiretos. Na ânsia de adotar medidas severas para reanimar a economia do país, o governo ignora aquele que vai pagar mais para se locomover de ônibus urbano. De acordo com a Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU), a decisão do poder público de aumentar a alíquota da folha de pagamento das empresas de transporte coletivo de 2% para 4,5% gera, de forma geral, um impacto equivalente a mais quize centavos nas tarifas. Há ainda o impacto das demissões, a outra face dessa questão, talvez a mais dramática. Ninguém está questionando a necessidade de ajustes na economia brasileira, ante o quadro que se apresenta diante de todos 6 Revista NTU Urbano nós. No entanto, é preciso que haja bom senso e discernimento sobre os procedimentos adotados para cada segmento. No caso do transporte urbano, um aumento de tarifa gera reflexos em cadeia, que, por fim, penaliza usuários, empresários, indústria e tem o efeito bumerangue, ao retornar aos cofres públicos. Levantamento da NTU, dos impactos diretos e indiretos no setor com a política de aumento da alíquota, em função do ajuste da tarifa do transporte público, mostrou que a elevação causará uma queda na demanda por transporte público equivalente a 14 milhões de viagens/ mês. O reflexo imediato - tendo por referência cálculo feito com base em nove regiões metropolitanas do país - é a queda no faturamento das empresas. Em consequência, esse efeito fará com que o governo deixe de arrecadar R$ 55 milhões por ano, com impostos sobre o setor, mesmo tendo aumentado a alíquota dos impostos. Isso sem mencionar os quase 40 mil postos de trabalhos, diretos e indiretos, que serão afetados. É importante que se registre que essa situação, decorrente da aprovação do Projeto de Lei 863/2015, que volta a onerar o setor de transporte público urbano, pode levar a mais desgastes e perdas para toda a cadeia produtiva. O setor não vem a público, expor esse cenário de crise, pelo prejuízo que quinze centavos a mais devem causar aos empresários e à população, mas principalmente pelos danos da política que privilegia sempre resultados de curto prazo em vez de procurar soluções de médio e longo prazos, com efeitos menos danosos àquele que precisa do sistema público de transporte urbano para exercer o direito constitucional de ir e vir. Nessa hora, quando é necessário agir da forma mais simples e eficaz, pensando em soluções para esse imbróglio, o poder público precisa responder à população por que, até hoje, não evoluiu no atendimento da mais elementar e vital demanda do setor, que é priorizar a oferta do transporte público por ônibus e garantir que ele seja, de fato, um direito social. E quando falamos em direito social não temos por base uma equação matemática, de perdas e ganhos, mas sim o número de pessoas, de famílias e de empregos que estão em jogo, ou melhor, em extrema desvantagem nesse “jogo” que só favorece o lado de quem tem o poder de legislar. *Otávio Cunha é presidente da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU). Revista NTU Urbano 7 e n t r e v i s ta Maria Beatriz Braga Um modelo a ser seguido Divulgação Metra Primeira concessionária de transporte do governo de São Paulo, a Metra atende cerca de oito milhões de passageiros por mês em corredores exclusivos. Para a diretora da empresa, Maria Beatriz Braga, a parceria público-privada é a solução para os problemas do transporte público no país Ônibus urbano do Consórcio Metra de São Paulo. U m sistema de transporte público coletivo inteligente e inovador para o estado brasileiro com a maior população do país. Assim é a Metra, primeira concessionária de transporte do governo de São Paulo. Responsável por um universo de oito milhões de passageiros por mês, a empresa atua no corredor Metropolitano São Mateus-Jabaquara e na extensão Diadema-Brooklin. Atualmente, são 260 veículos que circulam em 13 linhas distribuídas em 33 km do primeiro 8 Revista NTU Urbano corredor e 12 km do segundo, em um total de 45 km, somam juntas 111.473 viagens por mês. Na lista de cidades atendidas, estão São Paulo, Mauá, Santo André, São Bernardo do Campo e Diadema. Com velocidade de 21km/h nos corredores exclusivos, a Metra é um exemplo de transporte coletivo urbano de qualidade. Entre os diferenciais da empresa, segundo a diretora Maria Beatriz Braga, está a responsabilidade por todos os componentes que envolvem o transporte, desde a manutenção e n t r e v i s ta Referência em outros países pela eficiência do transporte com o modelo semelhante ao BRT (Bus Rapid Transit), a Metra iniciou em 1997 a prestação de serviços em São Paulo e, desde então, não parou de investir em inovações tecnológicas que, além de dar mais conforto ao usuário, reduzem o tráfego de veículos e a poluição do meio ambiente. Para a diretora do grupo, o modelo de corredores exclusivos é um bom caminho para solucionar os graves problemas do transporte público coletivo no país, como os ônibus lotados e congestionamentos que já ultrapassam as fronteiras das grandes metrópoles. “Se houver um bom projeto, com incentivos dos órgãos financiadores, é possível desenvolver um excelente modelo de transporte sustentável em todo o país”, aposta Beatriz. Confira a entrevista: Como funciona o modelo de concessão adotado pela Metra? A Metra é uma empresa de capital privado, detentora da concessão de prestação de serviços públicos de transporte coletivo de passageiros no Corredor ABD, via segregada de ônibus que interliga vários municípios da Região Metropolitana de São Paulo. Isso inclui São Paulo, Santo André, São Bernardo do Campo e Diadema. Nosso contrato de con- Divulgação Metra e a conservação de vias, terminais, sinalizações e semáforos aos serviços de iluminação, limpeza e de paisagismo. “A vantagem desse tipo de negócio para os passageiros de ônibus é a indiscutível qualidade”, destaca, em entrevista exclusiva à Revista NTU Urbano. Os trólebus também fazem parte dos corredores exclusivos comandados pelo Consórcio. Eles funcionam à eletricidade e emitem 0% de poluentes na atmosfera. cessão foi celebrado com a Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos de São Paulo S.A. (EMTU), que representa o Estado de São Paulo na condição de gestora e fiscalizadora dos serviços prestados. Assinamos em 12 de maio de 1997, com duração de 20 anos. A receita da Metra consiste na tarifa paga diretamente pelos usuários, estabelecida pelo poder concedente, mediante regras contratuais próprias. Qual é a área de cobertura da Metra? Atualmente, operamos com 260 veículos na Região Metropolitana de São Paulo, por meio de 13 Linhas. Realizamos o transporte intermunicipal de cerca de 320 mil passageiros por dia. Não somos apenas uma empresa, mas um sistema de transporte que segue o modelo BRT (Bus Rapid Transit), com bilhetagem eletrônica. Dessa forma, respondemos de maneira integral por todos os componentes desse transporte: manutenção da frota, da sinalização horizontal, vertical e semafórica; manutenção, conservação e limpeza de nove terminais metropolitanos; manutenção da infraestrutura do Corredor Metro- politano ABD com serviços como jardinagem, iluminação e limpeza das paradas; e manutenção de 30 km de vias de pavimento rígido e 3 km de pavimento asfáltico. Quais são as vantagens desse tipo de concessão para os passageiros de ônibus? E para o empresário? A vantagem desse tipo de negócio para os passageiros de ônibus é a indiscutível qualidade. Isso porque o poder concedente, como gerenciador, impõe regras, e como fiscalizador, exige o cumprimento. Prova disso é que, na mais recente pesquisa de qualidade e satisfação realizada pela Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP), a Metra obteve nota 75. Ou seja, de cada 10 pessoas que utilizam o sistema, apenas 2,5 não o aprovam integralmente. Lembrando que transportamos um universo de quase oito milhões de passageiros por mês. Aos empresários, esse modelo de negócio representa vantagens no que se refere à melhoria contínua da qualidade do transporte, com inovações tecnológicas e modernização de frota. Sempre visando Revista NTU Urbano 9 Divulgação Metra e n t r e v i s ta oferecer um sistema de transporte de passageiros com mais conforto e qualidade. Esse tipo de operação de um corredor segregado garante velocidade e um tempo menor de viagem. Com isso, novos passageiros aderem ao transporte coletivo e, consequentemente, há redução dos veículos particulares nas vias. Isso se reflete na diminuição do tráfego nas cidades e da emissão de poluentes na atmosfera, melhorando as condições de vida da população, inclusive no que diz respeito à saúde pública. Quais os desafios da Metra e das empresas de ônibus para a manutenção e operação dos corredores? A melhoria contínua do serviço, que vai desde a modernização da frota e qualificação da mão de obra até a manutenção e conservação do corredor para a efetividade do padrão de qualidade que os passageiros desejam e merecem. A Metra administra os 33 km do Corredor São Mateus-Jabaquara, respondendo pela limpeza, infraestrutura das paradas, pavimentação e mais de 5.200 focos semafóricos. Os trabalhos são constantes, pois nosso objetivo é proporcionar à popula- 10 Revista NTU Urbano ção um serviço diferenciado, com muito conforto, segurança e qualidade. Cabe destacar as intervenções de paisagismo e jardinagem, um serviço diário de manutenção e enfrentamento das adversidades do espaço público para a criação de um corredor verde. Qual o diferencial dos corredores de ônibus do consórcio Metra dos demais existentes em São Paulo e em outras cidades do Brasil? Um dos grandes diferenciais do nosso sistema é a agilidade. A Metra opera em um corredor exclusivo com 33 km de extensão, e os benefícios são sentidos diretamente pela população. Se uma pessoa vai de carro de São Bernardo até Piraporinha, em Diadema, leva, em média, 25 minutos para percorrer os 4,4 km de distância. Por outro lado, se opta pelo transporte da Metra, realiza o mesmo trajeto em cerca de 12 minutos. Ou seja, o tempo é reduzido em 48%, praticamente a metade. Além disso, há a diminuição do impacto ambiental. Em um percurso de 24 km, entre Diadema e Morumbi, um único automóvel lança, por ano, 1,8 tonelada de gás carbônico no meio ambiente. Já um ônibus da Metra emite, no mesmo trajeto, um total de 229 kg do gás, por passageiro. Isso representa menos 1,5 tonelada de poluentes no ar por cada pessoa que transportamos em um ano. Existe alguma interferência da prefeitura de São Paulo na operação? A Metra não tem relação direta com a prefeitura de São Paulo para a operação do serviço de transporte, pois é concessionária do Governo do Estado. Naturalmente, na condição de prestadora de serviços de transporte, a empresa utiliza o espaço público na localidade e mantém um relacionamento com o ente público. Operamos no Corredor São Mateus-Jabaquara, com passagem pelos municípios de São Paulo, Mauá, Santo André, São Bernardo do Campo e Diadema. Em sua visão, é possível realizar esse modelo de operação em todas as cidades do Brasil? De que forma? Atualmente, a estruturação do espaço urbano baseada na implantação do modelo de BRTs contribui direta- e n t r e v i s ta mente para um novo padrão de mobilidade urbana nas cidades brasileiras. A viabilidade econômica desse modelo é competitiva, permitindo a implantação de outros modais, que interagem entre si. Portanto, se houver um bom projeto, com incentivos dos órgãos financiadores, é possível desenvolver um excelente modelo de transporte sustentável em todo o país. Com isso, a população é que sairia ganhando, com a oferta de um serviço de transporte coletivo eficiente e de alta qualidade. Quais são os maiores problemas do transporte público coletivo no país? As principais críticas feitas pelo usuário são os ônibus lotados e os grandes congestionamentos causados pela disputa com o transporte individual. No caso dos corredores, oferecemos ao passageiro um atendimento que respeita mais o direito a um transporte inclusivo e de qualidade. Aquele trânsito insuportável, que antes era exclusividade das grandes metrópoles, hoje está se espalhando para cidades médias, tornando a qualidade do transporte coletivo ainda mais vulnerável. Essa baixa no serviço de transporte público acaba levando mais carros às ruas, e esse grande número de veículos nas vias polui muito o meio ambiente, mais até do que o transporte público. Esse também é um problema grave. A parceria entre os poderes público e privado é o caminho para um transporte de qualidade? Por quê? Sim, sem dúvida. O poder público é o ente dotado de responsabilidades sobre a governança urbana e o estabelecimento das políticas públicas que transformam a cidade em um lugar de convivência, onde o acesso ao direito de ir e vir ocorre com liberdade e menos estresse possível para os trabalhadores e cidadãos em geral. Quem define a forma como as políticas setoriais e, nesse caso específico, as de transporte coletivo serão estruturadas é o poder público. Para isso, os governantes dispõem do apoio e da possibilidade de parcerias com empresas privadas. Quando o poder público realiza boas parcerias, alcança grandes vantagens para proporcionar à população um transporte de qualidade. Além do sistema diferenciado, com operação de ônibus coletivo de forma inteligente e manutenção de todos os componentes do transporte, a Metra se preocupa com a sustentabilidade? Sempre. A Metra já plantou mais de cinco mil árvores ao longo dos 33 km do corredor São Mateus-Jabaquara, o que nos deu o título de Corredor Verde. Além do plantio de árvores, a empresa também mantém um trabalho de reciclagem de resíduos nos terminais e na garagem, destinando corretamente cada material. A poda das árvores realizada pela equipe de jardinagem é destinada a uma instituição e retorna para o nosso corredor como adubo orgânico para as mesmas plantas. São mais de 200 sacos de adubo utilizados por dia. Na garagem, a nossa frota operacional é lavada diariamente. Toda a água usada passa por processos químicos em nossa estação de tratamento e reuso para, em seguida, ser reutilizada. Diariamente, a Metra economiza cerca de 30 mil litros de água. Quais são os projetos e perspectivas da Metra para o futuro? A Metra tem como perspectiva futura desenvolver uma matriz energética alternativa para a operação do transporte coletivo. Nosso objetivo é reafirmar nossa preocupação com o meio ambiente e o transporte sustentável. Tanto que, em 2013, a empresa adquiriu 50 novos ônibus: 30 veículos modelo BRT, com 23 metros de comprimento; e 20 trólebus articulados modelo BRT, que são veículos elétricos com emissão zero de poluentes. A Metra consolidou um modelo de transporte que é referência para vários países. É importante mostrar a todos que o sistema funciona com corredores exclusivos, tecnologias limpas, sustentabilidade e o trabalho coletivo. Perfil Maria Beatriz Braga Nascida em São Bernardo do Campo (SP), Maria Beatriz Setti Braga é empresária e, atualmente, exerce o cargo de diretora da empresa Metra, primeira concessionária de transporte do governo de São Paulo. Revista NTU Urbano 11 c a pa PARADA O B RI G AT Ó RIA ÔNIBUS A HIDROGÊNIO EM TESTES NO BRASIL CURSO GESTÃO DE MOBILIDADE URBANA São Paulo começa a testar a primeira frota brasileira de ônibus a hidrogênio para transporte urbano. Os veículos têm tecnologia de propulsão, ou seja, não emitem poluentes, apenas vapor d’água que é eliminado pelo escapamento dos ônibus. Os coletivos também oferecem mais espaço aos passageiros, aperfeiçoamento dos sistemas de controle e integração a bordo e nacionalização de todo o sistema de tração. A Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP) está oferecendo um curso à distância sobre a Lei de Mobilidade Urbana nº 12.587/2012 com conteúdos desenvolvidos por seus especialistas. Em parceria com o Senac-SP, o curso oferece ao aluno textos, animações, vídeos e entrevistas com especialistas, além de contato virtual com os professores para sanar dúvidas. Os ônibus apresentam 45% de energia renovável – contra 14% do resto do mundo -, colocando o País em uma posição de destaque mundial. Além do Brasil, os únicos países capazes de desenvolver e operar ônibus com tal tecnologia são Alemanha, Canadá e Estados Unidos. O projeto foi coordenado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos (EMTU), Agência Brasileira de Cooperação (ABC), direção do Ministério de Minas e Energia (MME), e recursos do Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF) e da Agência Brasileira de Inovação (Finep). O curso exige 20 horas de dedicação do aluno, que poderá ser realizada livremente, em qualquer horário e em qualquer dia, dentro da programação dos módulos e das lições preestabelecidas no prazo máximo de 45 dias. Para o aluno receber o certificado de participação, é necessário cumprir a carga horária de todos os módulos/lições e obter um nível mínimo de participação nas discussões e entregar no prazo o trabalho de conclusão exigido. Para mais informações, acesse www.antp.org.br. QUEDA DE 35% NAS VENDAS DE ÔNIBUS URBANOS A crise econômica que assola o país também atinge a indústria de transportes. A produção de chassi de ônibus e de miniônibus vendidos integralmente no Brasil registrou um dos piores semestres da história recente, segundo balanço divulgado pela Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores). Entre janeiro e junho deste ano, foram produzidos 13.865 ônibus - número 27,8% menor em relação ao mesmo período do ano passado. De acordo com a associação, o segmento de ônibus urbanos é o que apresenta a situação mais delicada. A queda acumulada foi de 34,7% com 10.564 urbanos produzidos entre janeiro e junho deste ano ante 16.189 dos seis primeiros meses do ano passado. 12 Revista NTU Urbano D i á lo g o T é c n i c o André Dantas, PhD, diretor técnico da NTU Estamos tentando resolver o problema errado? C onsidere a frase de Albert Einstein: “...Se eu tivesse 1 hora para salvar o Planeta, eu gastaria 59 minutos definindo o problema e 1 minuto resolvendo-o...”. Vale à pena discutir e reavaliar se estamos aplicando essas palavras sábias à realidade do transporte público urbano no Brasil. Especificamente, muitos apontam que o problema da poluição ambiental tem que ser resolvido por meio da substituição dos ônibus movidos a diesel. Argumentam que a adoção das “tecnologias verdes” resolverá o “problema”. Todavia, estudos e pesquisas revelam que a poluição ambiental é a somatória de várias fontes emissoras e que o transporte público é responsável por uma pequena parcela dos poluentes. Fundamentalmente, é importante destacar que o setor de transportes, como um todo, responde por 20% das emissões globais de dióxido de carbono (CO2) (Carvalho, 2011). Ademais, automóveis e caminhões são responsáveis pela produção de 80% do total de CO2 produzido pelo setor de transportes (MMA, 2011). Esse resultado é magnificado pela ineficiência do transporte motorizado individual (automóvel), que emite quase oito vezes mais CO2 que o usuário de um ônibus. Por outro lado, a emissão de poluentes locais é também dominada pelos automóveis e motocicletas. Por exemplo, estudos da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) para a Região Metropolitana de São Paulo indicam que esses modos respondem por cerca de 90% das emissões de monóxido de carbono e 70% das emissões de hidrocarbonetos. Tendo em vista a realidade desses fatos, que apontam para um problema muito maior e mais complexo, não é muito inteligente a simples substituição do ônibus a diesel por uma outra tecnologia qualquer que prometa não poluir e assim salvar o planeta! Mesmo que isso ocorresse, sem considerar os impactos diretos nos usuários do transporte coletivo por ônibus que arcariam com todos os custos dessa substituição tecnológica, apenas uma parte insignificativa do problema ambiental seria resolvido. Identificar o problema certo é o primeiro passo para evitar o desperdício dos limitados recursos existentes. É muito importante evitar que a discussão seja realizada sob o entendimento equivocado e utópico de que tudo se resolve com uma solução mágica, ou seja, a adoção da chamada “tecnologia verde”. Uma vez superada essa barreira, o desafio é propor soluções que considerem o sistema urbano como um todo e que sejam inseridas em um plano multianual de financiamento e desenvolvimento. Especificamente, isso significa a reestruturação do espaço e das atividades urbanas para que os recursos sejam racionalizados. Um exemplo clássico é observado em Curitiba-PR, que desde a década de 60 tem atuado intensamente na utilização inteligente dos instrumentos de planejamento para direcionar o desenvolvimento urbano ao longo dos eixos de transporte coletivo. Esse tipo de medida gera resultados muito mais eficientes do que a adoção isolada das “tecnologias verdes”. Obviamente, é importante incorporar os avanços tecnológicos como parte de uma política de longo prazo, que permita o estabelecimento de regras estáveis de financiamento e que esteja associada ao desenvolvimento da indústria nacional e da manutenção e geração de empregos em território brasileiro. Tudo isso não será alcançado facilmente, pois serão necessárias muitas mudanças estruturais e a sociedade terá que estabelecer o caminho de acordo com o contexto socioeconômico. Tendo em vista as evidentes dificuldades, outra frase de Einstein também pode afastar os pessimistas e motivar os possibilistas: “...Algo só é impossível até que alguém duvide e acabe por provar o contrário...”. Revista NTU Urbano 13 Fetranspor q ua l i d a d e BRT é o meio de transporte mais bem avaliado no Rio de Janeiro. BRT Transoeste tem 74% de aprovação no aniversário de 3 anos O Pesquisa de satisfação revela que BRT é o meio de transporte mais bem avaliado no Rio de Janeiro. Federação das empresas ganha prêmio internacional em reconhecimento à inovação no transporte carioca sistema BRT Transoeste completou em maio deste ano três anos de operação com índice de 74% de aprovação dos usuários. É o que indica uma pesquisa realizada pelo instituto Datafolha, que entrevistou mais de três mil usuários dos sistemas BRT do Rio de Janeiro. Desse percentual, 25% das pessoas disseram que estavam muito satisfeitas e 49% satisfeitas com os serviços operacionais do BRT. 14 Revista NTU Urbano A pesquisa de satisfação ainda demonstra que o BRT é o meio de transporte mais bem avaliado entre os entrevistados (ver gráfico). Das pessoas que participaram das entrevistas, 70% utilizam o BRT durante cinco ou mais dias por semana e 73% declararam que optam pelo sistema para ir e voltar do trabalho. de viagem dos usuários. Essa é considerada a principal vantagem do BRT para 86% dos entrevistados. Segundo o Datafolha, 26% afirmam que o tempo é 15 minutos e 33% dizem que é de 15 a 30 minutos. Outro ponto positivo é que 80% dos usuários afirmaram que nunca tiveram problemas nas estações ou nos veículos BRT. Um dos pontos fortes do sistema, identificados na pesquisa, é o tempo Apesar do bom desempenho do sistema de forma geral, as linhas q ua l i d a d e 74% dos passageiros dos sistemas BRT Transoeste e Transcarioca estão satisfeitos com o serviço de transporte. alimentadoras ainda deixam a desejar na expectativa dos usuários. A nota média desses ônibus entre os usuários do Transoeste e do Transcarioca ficou em 5,9. Apesar disso, 58% pontuaram o serviço de 6 a 10. “As alimentadoras operam mais ou menos como o sistema de ônibus convencional. A eficiência poderia melhorar com a implantação de BRS por onde passam essas linhas, já que o usuário ganha tempo no eixo do BRT, mas ainda perde para chegar à via troncal”, avalia Suzy Balloussier, diretora de Relações Institucionais do Consórcio BRT. Milão, na Itália, entregue pela União Internacional do Transporte Público (UITP). Em 10 de junho, a Federação das Empresas de Transporte de Passageiros do Estado do Rio de Janeiro (Fetranspor) recebeu o prêmio “UITP Awards 2015”, na categoria “Estratégia do Transporte Público”. O BRT Rio foi o único projeto da América Latina entre 25 finalistas de seis categorias. A federação concorreu com um trabalho intitulado “Reformulando a demanda do Rio de Janeiro com uma rede de BRTs”, desenvolvido em parceria com a área técnica do Rio Ônibus e do Consórcio BRT. BRT Rio recebe prêmio internacional Segundo a diretora de Mobilidade da Fetranspor, Richele Cabral, a federação apresentou, além do projeto dos corredores Transoeste e Transcarioca, o plano de construção de mais dois novos corredores: o Transbrasil, que terá uma parte inaugurada em 2016 e será finalizado em 2017, e o Além da boa avaliação dos passageiros do Rio de Janeiro, o consórcio BRT Rio confirma a importância do seu desempenho operacional com a conquista de um prêmio em Transolímpica, com inauguração prevista para o início de 2016. Os quatro corredores juntos somarão aproximadamente 160 km de extensão para transportar até um milhão de passageiros diariamente — atualmente, o BRT Rio transporta cerca de 400 mil pessoas por dia, segundo dados do Consórcio BRT. O “UITP Awards”, prêmio que reconhece iniciativas inovadoras para o transporte público desenvolvidas nos últimos dois anos, recebeu mais de 200 projetos de todo o mundo. “Essa premiação tem um significado importante tanto para a Fetranspor quanto para a população do Rio. Receber esse prêmio mostra como o BRT transforma a vida das pessoas e demonstra também que o Rio de Janeiro está no caminho certo para continuar melhorando a mobilidade urbana da cidade”, ressalta Richele Cabral. Revista NTU Urbano 15 NT U E M A Ç ÃO Eventos internacionais debatem transporte coletivo urbano UITP NTU apresentou A EVOLUÇÃO DO transporte urbano no país e deu exemplos de mobilidade sustentável em dois grandes eventos do setor de transporte diretor executivo, Marcos Bicalho, palestra em evento internacional da UITP, em Milão. O s efeitos da priorização do transporte urbano no mundo foram temas de dois importantes eventos internacionais sobre o setor no primeiro semestre de 2015 na Cidade do México, no México, em abril, e em Milão, na Itália, no mês de junho. Entre os principais temas discutidos nos dois congressos, a sustentabilidade se destacou como premissa para uma mobilidade urbana mais eficaz nas cidades. A NTU contribuiu para esses debates com exemplos de mobilidade sustentável e a evolução do transporte coletivo no Brasil. 16 Revista NTU Urbano México “Uma mobilidade urbana sustentável depende de quatro fatores principais: instituições, vontade política, planejamento e recursos. Se houver a combinação desses quatro elementos, o resultado será eficaz”, destacou o diretor técnico da NTU, André Dantas, em sua apresentação no 7º Congresso Internacional de Transporte 2015, realizado pela Associação Mexicana de Transportes e Mobilidade (AMTM), na Cidade do México. AMTM NT U E M A Ç ÃO (Direita para esquerda) André Dantas, diretor técnico da NTU durante sua participação no México. De acordo com Dantas, as faixas exclusivas, corredores, BRS e BRT (Bus Rapid Transit) estão tendo um aumento considerável no Brasil e se apresentam de forma sustentável. “Essas intervenções são sustentáveis porque permitem que a qualidade de vida das pessoas seja melhor”, pontua. Os investimentos em faixas exclusivas, como têm acontecido na capital São Paulo, aumentaram a velocidade média dos veículos em 68,7% e estão permitindo uma melhora no serviço e racionalização dos custos. A cidade já possui 490 km de vias dedicadas aos coletivos. O diretor ainda explica que, na medida em que o sistema obtém um conforto melhor com o tempo de viagem menor, atrai outros usuários que tenderiam a utilizar um automóvel, evitando-se assim os congestionamentos nas vias públicas, que levam a um nível de poluição maior e a uma ineficiência na produtividade, diminuindo a qualidade de vida do cidadão. “O serviço de transporte é um instrumento nesse processo de transformação, e em longo prazo, à medida que se concretiza, gera benefícios para gerações futuras”, enfatiza. lidade Urbana e o Estatuto das Metrópoles. “São legislações recentes que estão trazendo uma evolução muito grande para a mobilidade e, por consequência, para os serviços de ônibus no país”, disse. Milão Sustentabilidade, mobilidade, inovação e economia foram palavras -chaves usadas para definir o tema do 61ª congresso e exibição realizado pela Advancing Public Transport (UITP – Associação Internacional do Transporte Público). O evento Smile in the City conferiu a especialistas, empresários e líderes do setor de transporte a oportunidade de conhecer como os outros países estão enfrentando os desafios de mobilidade urbana. O diretor da NTU Marcos Bicalho foi um dos palestrantes no evento e fez um panorama geral sobre a evolução do transporte público coletivo no Brasil. Segundo Bicalho, nos últimos anos o país se desenvolveu muito no âmbito do serviço por ônibus, com a Lei das concessões, a Lei da Mobi- No campo da qualidade dos serviços, as evoluções mais atuais são as implantações de várias medidas de prioridade ao ônibus, como as faixas exclusivas e sistemas BRT. "As vantagens dessas melhorias englobam o aumento da velocidade operacional, a redução nos tempos de viagem, baixo custo e curto prazo para implantação”, pontua o diretor. Bicalho também destacou a evolução tecnológica que o setor está vivenciado, como o aumento significativo dos ITS (Sistemas Inteligentes de Transporte) nos serviços de ônibus por meio da bilhetagem eletrônica, Centros de Controle Operacional e informações aos usuários. Além disso, falou da evolução tecnológica dos veículos com motores menos poluentes e melhores condições de acessibilidade. Revista NTU Urbano 17 O sistema de gestão e controle ideal para sua empresa alcançar sempre os melhores resultados. Centro de Controle Operacional de Consórcio CONHEÇA OS PRINCIPAIS MÓDULOS DO CIT-SAO® E EXPLORE TODAS GESTÃO OPERACIONAL Mais eficiência no acompanhamento e ajuste dinâmico da programação operacional, melhorando a relação entre oferta e demanda. Permite realizar o despacho de veículos sem a necessidade de um fiscal ou despachante. Possui, ainda, sistema para gestão de alarmes e incidentes. GESTÃO DO CONDUTOR Mais segurança por meio do monitoramento permanente da atividade do condutor. 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Após séculos de muitos estudos, várias tecnologias surgiram e hoje vão desde a estrutura dos veículos e motores a softwares que administram a operação do transporte coletivo urbano. Todas buscam um denominador comum: melhorar a qualidade do serviço, com mais conforto aos passageiros, economia para as empresas e sustentabilidade para as cidades. Revista NTU Urbano 21 c a pa As empresas que fornecem softwares e equipamentos com esse tipo de serviço têm como premissa a inovação. Além da utilização de cartão, alguns validadores conseguem fazer a leitura por biometria digital e facial, o que dificulta as fraudes. Atualmente, a Rede Ponto Certo, empresa de recarga do Bilhete Único de São Paulo, vem trabalhando com uma solução de bilhetagem utilizando um relógio de pulso que permitirá efetuar pagamento das passagens com um único gesto: encostar o dispositivo no leitor do validador na hora do embarque. Essa tecnologia, chamada Watch2Pay, já é utilizada como meio de pagamento em países como Turquia, Rússia, Polônia e Reino Unido. “Esse dispositivo pode no futuro comportar outras carteiras do interesse da prefeitura, voltados para os 22 Revista NTU Urbano Divulgação Interação com o usuário Divulgação Para o presidente executivo da NTU, Otávio Cunha, além de permitirem aos usuários uma viagem mais segura, essas soluções contribuem para o monitoramento do veículo e também para o controle de passageiros transportados. “A bilhetagem eletrônica ajuda a reduzir o número de assaltos, já que os ônibus passam a circular sem dinheiro e ajuda no controle dos usuários do serviço, principalmente os que utilizam benefícios tarifários, como estudantes”, pontua. usuários do sistema, pois conta, por exemplo, com aprovação mundial para uso também como cartão de débito. É usado ainda para entrada em estádios de futebol e outros grandes eventos”, diz Nelson Martins, presidente da Rede Ponto Certo. O Watch2Pay já está em teste desde 2014 em São Paulo, Recife e Ribeirão Preto. A comercialização está prevista para agosto de 2015. O equipamento poderá ser recarregado em qualquer ponto da Rede Ponto Certo na capital paulista, além de outras redes credenciadas. Inicialmente, será vendido em lojas virtuais com preço sugerido de R$ 230. O validador é um equipamento essencial na bilhetagem eletrônica já que por meio de comunicação direta, com o uso da internet, o sistema faz a liberação da catraca para o passageiro. Normalmente, os aparelhos oferecem no visor o valor total de créditos que os usuários ainda possuem no cartão. No entanto, uma nova proposta de validador chega ao mercado. Além da função básica de liberação do passageiro, o aparelho CCIT 4.0, fabricado pela empresa Tacom, possui um sistema de mídia direcionada para o usuário. O custo pode variar de acordo com o tamanho da empresa. Em 2013, essa tecnologia, denominada NFC (em inglês, Near Field Communication), que consiste na aproximação de dois dispositivos eletrônicos compatíveis para a realização de transações, começou a ser testada em São Paulo e no Rio de Janeiro com aparelhos celulares. Ou seja, além do relógio, o aparelho móvel ao ser aproximado do validador debita os créditos da passagem, liberando a catraca do ônibus para o usuário. Com um visor de sete polegadas e touch screen (sensível ao toque), é possível inserir conteúdos publicitários voltados para públicosalvo, região e horário, oferecendo a possibilidade de realização de pesquisas de opinião em horários determinados, como explica o diretor comercial da empresa, Marco Antônio Tonussi. Divulgação Os sistemas de bilhetagem eletrônica, serviços pelos quais os usuários conseguem efetuar o pagamento da passagem por meio de cartões magnéticos e validadores instalados nos ônibus, têm se tornado cada dia mais usual pelas empresas. Tanto que existem cidades em que 100% das tarifas são pagas com o cartão, como exemplo a cidade de Campo Grande (MS). “É uma alternativa importante para a manutenção de custos das empresas, que pode ser usada por diversas marcas e instituições para se comunicar ativamente, da mesma forma que acontece no ambiente online”, anuncia o diretor. c a pa O gerenciamento das empresas de transportes coletivos com armazenamento em nuvem é uma das novidades que surgiram no mercado. Com o software Globus Cloud, da BGM Rodotec, é possível as empresas terem o controle administrativo acessando de qualquer lugar. Além disso, permite a redução de investimentos em servidores, que podem custar, em média, R$ 10 mil. Gestão em nuvem Ônibus sustentáveis Os ônibus coletivos, que hoje são responsáveis por mais de 80% das viagens do transporte público no Brasil, já passaram por muitas modificações. A história conta que no século XIX surgiu o motor elétrico e que, em 1910, já circulavam no Rio de Janeiro ônibus com esse tipo de motor. A principal vantagem do avanço dessas tecnologias veiculares é a sustentabilidade, já que reduzem a emissão de poluentes no ar. Um ônibus totalmente elétrico não emite poluentes. Já um veículo híbrido – que combina duas ou mais fon- Metra A computação em nuvem, outro avanço da tecnologia, permite a utilização da memória e das capacidades de armazenamento e cálculo de computadores e servidores compartilhados e interligados por meio da Internet. Ou seja, é possível acessar, via internet, arquivos e softwares que dão acesso a sistemas das empresas. O ERP Globus, principal possui 45 módulos e tem como objetivo controlar toda a parte administrativa e operacional da empresa. É um software desenvolvido especificamente para o sistema de transporte, explica o gerente comercial da empresa, Valter Silva. “O Globus centraliza todas as informações da empresa em um único sistema. Isso torna a gestão mais dinâmica, tanto do ponto de vista financeiro quanto na tomada de decisão”, enfatiza. A política de preço para aquisição do Globus é definida em função da quantidade de usuários e dos módulos que serão utilizados permitindo que empresas de pequeno porte também consigam utilizar o sistema. Ônibus elétrico que emite zero de poluentes na atmosfera. Revista NTU Urbano 23 c a pa tes de energias e que proporciona potência de propulsão direta ou indiretamente – emite 90% a menos de material particulado e 60% a menos de outros poluentes, informa José Antônio do Nascimento, da fabricante brasileira Eletra. A bateria pesa 200 quilos e pode ser recarregada nos terminais enquanto os passageiros fazem o embarque e desembarque e também na frenagem do veículo. Para José Antônio, além dos benefícios de sustentabilidade, o custo operacional e o de manutenção por quilômetro também é mais baixo. “Até mesmo os ônibus híbridos, que possuem motor gerador, têm um custo de operação menor, já que é possível recargar a energia das baterias durante a frenagem”, explica. Essas tecnologias veiculares são mais caras e, no Brasil, ainda são poucos os incentivos para a aquisição desses veículos, alerta o presidente executivo da NTU, Otávio Cunha. “Além de terem o custo elevado de compra, são poucas as cidades que possuem estrutura viária com prioridade ao transporte coletivo, e para se fazer um investimento desse, é preciso ter, no mínimo, vias exclusivas”, alerta. “A partir desse episódio a consequência foi uma desestruturação do transporte porque a reação dos prefeitos imediatamente baixar os preços das passagens sem olhar as consequências. Isso desestruturou todas as cidades brasileiras, não permitindo nem a simples renovação de frota, quanto mais a adoção de novas tecnologias que são mais caras e que exigem mais infraestrutura, mais treinamento”, argumenta Pimenta cita ainda a onda de queimas de ônibus. “Quem é que vai querer comprar um ônibus novinho, bonito, cheiroso e caro e ver alguém botar fogo ali na esquina”, completa. Outro ponto preocupante na aquisição de um ônibus mais sustentável é a falta de segurança em relação ao transporte coletivo de passageiros. Na opinião do presidente da Volvo Bus Latin America, Carlos Pimenta, atualmente o problema do transporte público no Brasil não é o equipamen- É importante destacar que em cada tipo de linha haverá um tipo de transporte indicado. Sendo assim, por ser uma tecnologia mais cara não há necessidade de utilização desse tipo de veículo em cidades de pequeno porte, com um número reduzido de habitantes e sem trânsito carregado. O ônibus híbrido-elétrico, que está sendo fabricado pela Volvo e chega ao Brasil em 2016, pode fazer de 28% a 35% de economia de diesel e acima de 50% de economia de poluentes na atmosfera. Se o modo elétrico for maximizado, o ônibus consome até 70% a menos de diesel, mas pode chegar a 100% caso as recargas sejam feitas nos pontos certos podendo nunca acionar o motor a diesel. Barreiras na aquisição to, mas sim uma crise monumental que se iniciou pelas revoltas em 2013. NOVAS CONDIÇÕES DE FINANCIAMENTO Em fevereiro de 2015, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) lançou novas condições para a aquisição de ônibus via financiamento. Pelas novas regras do Programa de Sustentação do Investimento (PSI), não será mais possível financiar 100% do bem, como ocorria anteriormente. O percentual financiado para a compra de veículos a diesel passou a ser de 50% para grandes empresas e de 70% para médias e pequenas. Já para ônibus elétricos e híbridos, o BNDES passou a ter participação de 70% para todos os portes de empresa. Essa participação pode chegar a 90%, porém, com taxas de juros mais altas. 24 Revista NTU Urbano DEBATE SOBRE TECNOLOGIAS No dia 3 de setembro o Seminário Nacional NTU 2015 irá debater na “Oficina de Tecnologia Veicular” soluções para o transporte coletivo por ônibus. Na ocasião especialistas, operadores e representantes da indústria vão apresentar e discutir os cenários e tendências relacionados a diversos temas de interesse do setor, como alternativas energéticas e inovações tecnológicas em motores, chassis e carrocerias. Saiba mais acessando: www. eventosdantu.com.br/seminario2015/. CON G R E S S O ANTP ANTP reúne mais de mil pessoas em evento sobre mobilidade urbana Daniel Guimarães Congresso nacional debateu problemas e soluções para trânsito, transporte e qualidade de vida nas cidades A mobilidade urbana não é formada por um ou dois meios de transporte, mas sim pela interligação de toda a cidade, envolvendo a infraestrutura urbana, o trânsito, os diversos modais de transporte público e as ciclovias. Pensar na locomoção ordenada e eficiente das cidades passa, inclusive, pela organização dos transportes de cargas, adoção de novas tecnologias e capacitação de pessoal. ANTP é provocar as entidades públicas e privadas na busca de uma melhor qualidade de vida. “Nós entendemos que essa qualidade de vida fica muito dependente de uma interação em três grandes focos, obviamente o transporte público, o planejamento urbano nas cidades e o trânsito. Evidentemente, tem que agregar o meio ambiente e a questão energética também, mas esses três primeiros pontos são fundamentais”, defende Ailton. Para Ailton Brasiliense, presidente da Associação Nacional de Transp o r te s P ú b l i co s ( A N T P ) , e ss e s pontos são indispensáveis para planejar a mobilidade urbana. Em sua opinião, o principal papel da A discussão em torno da mobilidade urbana em seus diversos conceitos ocorreu durante os dias 23, 24 e 25 de junho no 20º Congresso Brasileiro de Transporte e Trânsito da ANTP. O evento reuniu, em Santos (SP), auto- ridades públicas, especialistas e técnicos de várias partes do Brasil e do Mundo para debaterem problemas e soluções enfrentadas pelas cidades no âmbito do trânsito e transporte. A NTU também participou do Congresso com palestras e estande na feira IX INTRANS. A abertura foi marcada pela presença do ministro das Cidades, Gilberto Kassab, do governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin, dos prefeitos de Santos e Campinas, Paulo Alexandre Barbosa e Jonas Donizette, respectivamente, e do secretário de Transporte e Trânsito de São Paulo, Jilmar Tatto. O presidente executivo da NTU, Otávio Cunha, também compôs a mesa de abertura do evento. Revista NTU Urbano 25 CON G R E S S O ANTP erca de seis anos atrás a NTU inovou ao reintroduzir os sistemas BRT na pauta da mobilidade urbana. Hoje, projetos voltados para os serviços de transporte rápido por ônibus se multiplicam pelo Brasil. Já são 18 sistemas BRT operando em cidades como Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília, Curitiba, São Paulo, Goiânia, Uberlândia, Uberaba e Recife. Como garantir e manter bons padrões de qualidade desse modal são desafios que governantes e operadores têm constantemente e foi tema de uns dos principais debates apresentados no Congresso da ANTP. Na discussão, estavam presentes o diretor da NTU Marcos Bicalho, a diretora executiva do ITDP, Clarisse Cunha Linke, o gerente de infraestrutura do Consórcio Operacional BRT do Rio de Janeiro, Alexandre Castro, e o presidente da BHTrans, Ramon Victor Cesar. Para moderar o debate foi convidado o jornalista da CBN e especialista em transportes Adamo Bazani. Durante a sua apresentação, Clarisse Linke falou da necessidade de repensar as cidades e transformá-las em um modelo policêntrico, onde as pessoas consigam ter trabalho, casa e transporte de fácil acesso. Linke alertou sobre o ciclo vicioso do transporte, no qual a demanda da infraestrutura das cidades está sempre voltada para o carro. Ela também mostrou problemas atuais que envolvem 26 Revista NTU Urbano Adão de Souza C Especialistas discutem como manter bons padrões de qualidade nos BRT BRT Move, em Belo Horizonte, transportou 500 mil passageiros em 1 ano de operação. os sistemas BRT e que acabam denegrindo a imagem do modelo. “O que percebemos é que muitos atributos do BRT não estão sendo respeitados nos projetos e sendo executados”, alerta. Em relação à qualidade dos sistemas BRT, Clarisse Linke mostrou o trabalho desenvolvido pelo ITDP na identificação de bons projetos e sistemas. Para ela, existe a necessidade dos contratos terem indicadores sobre os sistemas para que sejam executados de forma correta e passem a ter qualidade. “O sistema precisa ser atrativo para as pessoas deixarem o carro em casa”, pontua Clarisse. Mostrando a visão do operador, o diretor executivo da NTU, Marcos Bicalho, relatou os desafios dos empresários de ônibus na operação dos novos sistemas. Bicalho explica que os investimentos em BRT se tornaram uma alternativa ao metrô e ao trem metropolitano, o que exige das empresas uma gestão diferenciada. “Identificamos no sistema BRT a oportunidade de melhorar os serviços de transporte coletivo, mas isso tem demandado das empresas investimento em veículos, tecnologia, pessoal, treinamentos e mais. Só que para tudo funcionar bem é preciso termos projetos bem elaborados, além de uma boa manutenção. Precisamos avançar nas soluções para a cobertura dos custos desses novos sistemas e na unificação da gestão da operação e manutenção", defende. Cases avaliados O gerente do Consórcio BRT Rio, Alexandre Castro, fez um panorama da rede de sistemas BRT que está sendo implantada no Rio de Janeiro (RJ). Atualmente a cidade já possui 90 km de vias segregadas, que fazem parte dos corredores Transoeste e Transcarioca. Em três anos de operação do Transoeste, já foram atendidos 75 milhões de passageiros. Castro alertou que para a garantia dos sistemas é preciso bastantes investimentos em equipe de engenharia e que buscar o CON G R E S S O ANTP equilíbrio econômico é muito difícil devido ao investimento. O projeto BRT Move, de Belo Horizonte (MG), deriva de um plano de mobilidade urbana, o qual inclui outros projetos. No momento atual, existem dois grandes corredores que somam 23 km de vias exclusivas no sistema BRT. Em um ano, foram transportados 500 mil pas- sageiros, segundo o presidente da Empresa de Transportes e Trânsito de Belo Horizonte (BHTrans), Ramon Victor Cesar. O representante do órgão gestor falou que uma das preocupações de manter a qualidade é cuidar da infraestrutura, já que é muito cara. “É um sistema de gestão e infraestrutura que tem um custo muito ele- vado. Só com o vandalismo temos um custo de R$ 1 milhão por mês”, detalha Ramon Victor. Para tentar combater as depredações, o órgão fez a contratação de 192 vigilantes privados que atuam 24h por dia. Outros custos são relacionados à manutenção das estações de integração, algo em torno de R$ 9,5 milhões e também às estações de transferência, R$ 19,5 milhões. Barbieri e Buono Marketing nos tempos de crise no transporte coletivo urbano Bárbara Renault fala das campanhas que a NTU realiza nas redes sociais. “M arketing em tempo de crise: a história do triângulo amoroso e sua evolução para um quadrilátero fantástico”. Esse foi o tema do painel da área de comunicação discutido no 20º Congresso Brasileiro de Transporte e Trânsito da ANTP. A brincadeira no nome remete a algo sério relacionado a todos os atores que são essenciais para a mobilidade nas cidades: os usuários, operadores e gestores do transporte público for- mam um triângulo amoroso, cada um tendo que ceder um pouco para que o relacionamento funcione, e a sociedade em geral, que completa o quadrilátero, afinal, ela também existe na mobilidade. Revista NTU Urbano 27 CON G R E S S O ANTP Presente no debate mediado pelo diretor da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), Sérgio Carvalho, a coordenadora de Comunicação e Marketing da NTU, Bárbara Renault, apresentou campanhas da entidade voltadas para o esclarecimento da população sobre as obrigações, deveres e responsabilidades de governantes, empresários e usuários no que se refere ao transporte coletivo urbano. “As atribuições e discussões sobre o transporte público urbano, que hoje são condicionadas apenas aos usuários, governo e empresários, devem ser ampliadas para um diálogo com toda a sociedade, já que o transporte público é de todos”, defende Renault. As partes citadas (governo, empresário e usuário) têm interesses diferentes, cada um com suas particularidades e por isso, na visão do publicitário e diretor da Debrito, Rodrigo Magalhães, é necessário considerar que essa relação do triângulo preci- sa deixar de ser bilateral [empresário – usuário; governo – usuário; ou governo – empresário]. “Não adianta, esse triângulo não se sustenta. É preciso deixar de pensar em benefícios próprios. Do ponto de vista do marketing, essa gestão é perversa. O ciclo acaba não se sustentando”, argumenta. Para ele, o cidadão que não é usuário do transporte coletivo também precisa ser incorporado nessa relação. “O cidadão também ajuda a construir marcas”, finaliza. Para Paulo Fraga, diretor de MKT da Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Rio de Janeiro (Fetranspor), é necessário o planejamento do transporte coletivo para o ciclo virtuoso e não o ciclo vicioso que se tem vivido. Em relação à mídia, ele alerta que os desafios são intensos. “Precisamos ter a iniciativa de promover um equilíbrio entre a agenda positiva e a agenda negativa. Infe- lizmente a grande mídia não traz as contribuições mais contundentes e necessárias, e a evolução digital tornou o nosso mundo mais complexo, já que o consumidor passou a ser o protagonista das pautas na grande mídia”, pontua. Profissionais que trabalhem de forma eficiente, mas que se preocupem com o emocional do ser humano é a proposta do publicitário e diretor do Grupo Mesa, Lula Vieira, para o transporte público por ônibus. Ele defende que não adianta ser racional, pois o público desse segmento vai reagir sempre de forma emocional. “Precisamos chamar profissionaisque entendam de comunicação, entendam de ser humano, entendam de fazer anúncio, mas entendam também que quando vão para as redes sociais saibam que do outro lado tem um ser humano que se move por motivos que nós temos que lutar muito para saber quais são e responder de forma adequada”, alerta. Novo cálculo de custos Durante o Congresso da ANTP, foi apresentado o estudo sobre a nova planilha de cálculos dos custos do transporte público urbano, que está sendo desenvolvida por especialistas que integram um Grupo de Trabalho coordenado pela Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP), com o apoio da Frente Nacional de Prefeitos (FNP), do Fórum de Secretários e Dirigentes Públicos de Mobilidade Urbana e da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU). Atualmente, a planilha do Grupo Executivo de Integração da Política de Transportes (Geipot), criada na década de 80, ainda é referência para diversos gestores públicos no planejamento de transporte público urbano municipal. No entanto, o docu- 28 Revista NTU Urbano mento é defasado e não inclui uma série de custos que foram incorporados ao setor nos últimos anos, como custos ambientais, bilhetagem eletrônica e outras tecnologias. O presidente executivo da NTU, Otávio Cunha, reforça que o documento técnico traz o cálculo do custo do serviço e não indica a definição do valor da tarifa, pois essa dependerá da política tarifária do governo local. “O objetivo é atualizar a metodologia de cálculo dos custos operacionais com critérios técnicos. A planilha permitirá às prefeituras saber exatamente quanto custa operar o serviço e a partir daí definir o valor das passagens. A nova planilha também ajuda a esclarecer à população como se chega a esses valores”, pontua. CON G R E S S O ANTP Novas tecnologias em favor da mobilidade urbana O Uma dessas tecnologias recentes são os aplicativos para smartphones e tablets que, por meio do sistema de geolocalização e da colaboração dos usuários, podem informar com maior precisão o tempo de viagem e espera dos ônibus. Durante o painel “Os impactos das novas tecnologias nas organizações e na sociedade”, foram apresentados com maior detalhe os apps “Coletivo” e “Busbusters”, ambos apresentados por Julian Monteiro, diretor da Scipopulis. O “Coletivo” informa o tempo de espera por um ônibus, quanto duram as viagens, os melhores e os piores dias da semana, horários alternativos para sair de casa, e alertas personalizados sobre o estado da malha de transportes da cidade. Atualmente, funciona apenas na cidade de São Paulo. Já no jogo “Busbusters” é possível localizar os ônibus na cidade para ganhar créditos e controlar pontos de ônibus e ao jogar e combater inimigos é possível fornecer, por geolocalização, informações a outros passageiros. Entretanto, o app ainda está em fase de projeto, mas em breve será lançado. Arnaldo Luís Pereira ressaltou a necessidade de investimentos em sistemas ITS nos ônibus, já que eles atendem o maior número de pessoas e, na opinião dele, têm o pior meio ambiente. “O ônibus tem o pior meio ambiente em relação ao seu entorno. Ele concorre com o automóvel, com a cidade, com as enchentes, com as manifestações. Os metrôs estão enterrados, têm um sistema isolado e não são obrigados a trabalhar com tudo isso”, argumenta. Os táxis também têm se beneficiado com o avanço da tecnologia e com os aplicativos de celulares. Com o 99Táxis, apresentado pelo diretor de operações Pedro Somma, o passageiro faz o pedido do táxi e os 5 táxis livres mais próximos recebem a chamada. Dos que aceitarem, ganha a corrida o que estiver mais próximo do local do pedido. Assim, o tempo do passageiro e do taxista é economizado. Barbieri e Buono “A prioridade do transporte coletivo nas vias urbanas vai potencializar o uso das ferramentas de ITS e a adoção de novas tecnologias. Se esses pontos estiverem alinhados, elas serão melhores aproveitadas e em todas as fases do projeto, desde a sua concepção, planejamento, operação e avaliação”, argumenta. Barbieri e Buono s Sistemas Inteligentes de Transportes (ITS) têm avançado significativamente e contribuído para a melhoria da mobilidade urbana de forma geral. Em debate sobre o tema no 20º Congresso Brasileiro de Transporte e Trânsito da ANTP, o coordenador do Núcleo de Transportes da NTU, Matteus Freitas, alertou sobre a necessidade dos investimentos e prioridade no transporte coletivo para uma melhor eficiência e aproveitamento das novas tecnologias. Matteus Freitas, da NTU, O consultor e ex-diretor de Planejamento do Metrô de São Paulo palestra sobre tecnologia no transporte público. Revista NTU Urbano 29 Chegaram os Terminais de Autoatendimento da Empresa 1. A solução ideal para ampliar sua rede de vendas e recarga de cartões. Rede de vendas 100% automatizada Software de monitoramento em tempo real do funcionamento do equipamento e seus dispositivos, com alertas automáticos de utilização e capacidade. Feitos sob medida Os equipamentos podem ser montados de acordo com a necessidade de cada operação. Dispositivos opcionais DISPENSADOR DE CARTÕES LEITOR DE CÓDIGO DE BARRAS +55 31 3516 5200 LEITOR DE QR CODE PIN PAD ACEITADOR DE MOEDAS ACEITADOR DE CÉDULAS IMPRESSORA DISPLAY DE PUBLICIDADE empresa1.com.br E mb a r q ue n ess a i d e i a Luis Antonio Lindau, PhD, presidente da EMBARQ Brasil A importância dos dados para salvar vidas no trânsito N enhum problema é solucionado quando as causas são desconhecidas, muito menos o trânsito brasileiro, quarto mais fatal do mundo conforme a Organização Mundial da Saúde [1]. Embora o número de vítimas seja contabilizado, faltam processos claros e eficazes de apuração para identificar o que leva a esta verdadeira epidemia no país. O Código de Trânsito Brasileiro [2] determina a unificação da coleta de informações dos acidentes, prática ainda não adotada nas cidades brasileiras. Atualmente, os registros feitos nas delegacias de polícia, por meio do Boletim de Ocorrência (BO), ou no local do acidente, têm foco na busca por culpados, não contendo todas as informações necessárias à compreensão dos acidentes. Para lançar luz aos dados de um trânsito que ceifou a vida de 44,8 mil pessoas em 2012 [3] e vitimou 1,1 milhão por invalidez permanente de 2010 a 2013 [4], foi criado o “Método para Análise de Acidentes de Trânsito com a Identificação de Fatores Causais”, que propõe um diagnóstico preciso dos acidentes. Ele inclui o Formulário de Vistoria de Acidentes de Trânsito – FVAT [5], cuja finalidade é fazer uma apuração abrangente e in loco. As questões para explicar o que leva condutores a cometer falhas e imprudências vão além de ‘quem, como e onde’. É preciso analisar o perfil dos envolvidos, características dos veículos e do ambiente viário, como condições de pavimento, sinalização, condutas que induzem a erros humanos, como manobras e ultrapassagens, entre outros. Esses fatores, imprescindíveis para compreender as ocorrências, são apurados pelo FVAT, que combina aspectos quantitativos e qualitativos e está alinhado às melhores práticas internacionais em segurança viária. Com o diagnóstico, é possível recriar o cenário do acidente em detalhes. O registro é rápido, leva 18 minutos em média, com questões de simples escolha. O banco de dados criado a partir dessas informações ajuda a entender as causas dos acidentes de trânsito e, a partir dessa análise, a embasar a formulação de estratégias para evitar sua reincidência. que suposições são substituídas por informações precisas. A propósito, o Rio está planejando aplicar uma adaptação do método, específica para registrar os acidentes envolvendo sistemas de ônibus de alta capacidade. Essa versão engloba o levantamento de características como proximidade de pontos de embarque e desembarque ou estações, interior de terminais, entre outras. No transporte coletivo por ônibus, evitar acidentes significa também prevenir atrasos, interrupções da operação e aumentar a qualidade do serviço ofertado. Em plena metade da Década de Ação pela Segurança no Trânsito da ONU [6], que se estende até 2020, ferramentas como essas podem contribuir para que o Brasil decaia da incômoda quarta posição na lista dos países que mais matam no trânsito. Notas A partir da aplicação piloto do FVAT, em Belo Horizonte, foi possível descobrir elementos e aspectos que de outra forma permaneceriam ocultos. Por exemplo, acidentes envolvendo motocicletas revelaram distrações e falhas de percepção do ambiente urbano por parte dos condutores, distâncias incompatíveis entre veículos e velocidades inadequadas. [1] Hold Health Organization [2] Código de Trânsito Brasileiro (Lei n. ° 9.503/1997) [3] DATASUS (Portal da Saúde) [4] Seguradora Líder [5] Handle. Net [6] Organização das Nações Unidas (ONU) Com o FVAT, técnicos e tomadores de decisão têm uma ferramenta em Revista NTU Urbano 31 P E LO M U NDO ITÁLIA IR À AULA DE BICICLETA GARANTE BÔNUS NA NOTA O projeto Bike Control está atraindo cada vez mais a atenção dos moradores da cidade Aprilia, a 30 km de Roma, na Itália. Com o objetivo de melhorar a nota dos alunos e incentivar a utilização da bicicleta como meio de transporte, o programa conta com um dispositivo que é fixado à ESTADOS UNIDOS bicicleta dos alunos e registra a data, horário e a distância do percurso realizado. Assim, o aluno que utiliza a bicicleta de 3 a 4 vezes para ir a escola ÔNIBUS 100% ELÉTRICOS PASSAM A CIRCULAR EM LONG BEACH ganha pontos para o Crédito de Formação, uma pontuação obtida em atividades extracurriculares para integrar a nota final necessária para superar o Exame do Estado, indispensável para cursar o ensino superior. O projeto é uma iniciativa da escola de ensino médio Liceu Antonio Meucci. A Califórnia está investindo em tecnologia sustentável para garantir mais qualidade de vida aos cidadãos. A cidade de Long Beach, que já conta com ônibus elétricos híbridos - que alternam o uso de combustível e energia-, acaba de adquirir 60 novos ônibus totalmente elétricos, fabricados pela BYD. Os modelos BBC BRASIL/Erika Zidko da fabricante da China possuem baterias de fosfato de ferro com garantia de 12 anos. Há um sistema nas rodas que também capta a energia gerada quando os ônibus freiam chamado de frenagem regenerativa. Além de não emitir gases poluentes, outra vantagem dos ônibus é o baixo nível de ruído. “Como passageira, eu adorei como os ônibus elétricos são mais silenciosos. Nossos ônibus híbridos são ótimos, mas agora temos uma melhor tecnologia, eu espero que a minha cidade volte a ser líder em questões ambientais“, disse Weeks Gabrielle, presidente da empresa operadora do serviço. JAPÃO O conceito de qualidade de vida associada à mobilidade urbana pode ir muito além da simples locomoção das pessoas. É o que projeto Soradofarms, implementado em Tóquio, no Japão, quer explorar ao utilizar a superfície de metrôs e outros espaços em desuso para criar hortas orgânicas. Para cultivar alimentos, é preciso pagar uma taxa mensal de 5.400 ienes por mês, o equivalente a R$ 138. A mensalidade dá direito a 5m², assistência técnica para o cultivo, sementes e até as ferramentas necessárias para manuseio. Para solicitar um lote de horta, basta preencher um formulário online. 32 Revista NTU Urbano Divulgação TÓQUIO CRIA HORTAS ORGÂNICAS NAS SUPERFÍCIES DO METRÔ P o n t o d e ô n i bus Adamo Bazani, jornalista da Rádio CBN, especializado em transportes Sentir e viver a cidade pelo transporte público A Sociedade nem sempre se dá conta, mas a sensação de BEM-ESTAR numa cidade também se deve às condições visuais da frota e pinturas condizentes E m meio a tanta poluição, congestionamentos, construções cada vez mais próximas umas das outras, é importante pensar na sensação de bem-estar das pessoas. Uma cidade oferece bem-estar quando propicia à sociedade daquele local segurança, saúde, iluminação, saneamento básico, equipamentos de educação, transporte de qualidade, vias transitáveis, entre outros aspectos. Sem eles, é impossível sentir-se bem. No entanto, nem sempre esses elementos são suficientes e, nesse aspecto, algo que não é muito levado em consideração pelas políticas públicas é a busca pela beleza e conforto nas cidades. Isso mesmo, elas precisam ser bonitas, vividas e sentidas pelos cidadãos. Estudos realizados em cidades com alto grau de desenvolvimento na Europa e na Ásia mostram que por mais que tenham equipamentos e serviços de qualidade à disposição, nem sempre as pessoas se sentem completas onde vivem e citam a necessidade de ambientes urbanos mais acolhedores. E, quando alguém pensa em cidade, deve levar em consideração não apenas praças, calçadões e parques, mas todos os elementos que fazem parte da paisagem urbana. Entre eles, estão os ônibus, que passam quase despercebidos. A imagem distorcida que se tem dos ônibus é de que são veículos grandes, que ocupam áreas nas ruas, poluem, fazem barulho e servem apenas para levar pessoas de um lado para o outro de qualquer jeito. Mas imagine, agora, uma cidade sem ônibus e com mais carros nas ruas? A cidade pode ter os mais belos parques e avenidas, mas tudo será marcado por congestionamentos e pessoas estressadas presas no trânsito. Como fazem parte da paisagem urbana, os ônibus precisam ter um visual qualificado e integrado ao ambiente em que atuam. O ônibus é parte da cidade e se ele está mal conservado, ou não tem um padrão visual condizente, dá impressão que a cidade trata com desleixo quem está nela. Há grandes erros cometidos no que se refere ao padrão visual dos ônibus. Especialistas de comunicação afirmam que as padronizações das pinturas tiraram a identidade que as pessoas tinham com as empresas prestadoras de serviços de transportes, dificultando a identificação de linhas, igualando o mau operador com o bom e tirando o direito do passageiro, que é um consumidor, de saber quem está “vendendo” a ele o serviço. A infraestrutura dada ao transporte coletivo também é outro elemento importante para a sensação de bem-estar nas cidades. Neste ponto, os corredores de ônibus BRT, se vierem com projeto paisagístico de qualidade, podem contribuir muito. Um corredor de ônibus pode abrigar área jardinada, ciclovia, espaço de descanso e convivência ao longo de seu percurso. Assim, investir em espaços de qualidade para o transporte público é também aplicar recursos para as cidades serem mais agradáveis. Fazer com que as cidades ofereçam sensação de bem-estar não é vender ilusões. Os serviços devem funcionar de fato, não apenas o ônibus e a cidade serem bonitos. Mas sensação não pode ser confundida com ilusão, está mais para sentimento. Somos seres humanos, temos que nos sentir bem. Revista NTU Urbano 33 ACONT E C E NA S E M PR E S A S cursos direção defensiva legislação de trânsito atendimento ao usuário Empresas investem em prevenção de acidentes e colhem resultados Com cursos sobre temas como direção defensiva, legislação de trânsito e atendimento ao usuário, empresas de transporte intensificam a capacitação de motoristas e garantem mais segurança aos passageiros A frota brasileira de veículos nas ruas saltou de 24 milhões em 2001 para incríveis 50 milhões em 2012, segundo dados do Departamento Nacional de Trânsito. Com tantos carros dividindo o mesmo espaço e a tendência de que esse número continue a crescer, aumenta a necessidade de ações de prevenção a acidentes. 34 Revista NTU Urbano Pensando nisso, empresas de transporte coletivo urbano estão capacitando motoristas de ônibus para garantir a segurança de passageiros e dos próprios funcionários, além de contribuir para a paz no trânsito. Entre essas empresas, está a SBCTrans, que opera na cidade de São Bernardo do Campo, na região metropolitana de São Paulo. Para a gerente de Gestão de Pessoas da SBCTrans, Thereza Christina, os benefícios vão além das estatísticas. “Conseguimos melhorar a comunicação entre os departamentos e a interação dos colaboradores com a empresa e da empresa com o cliente. Hoje, temos funcionários mais conscientes sobre um dos nossos principais pilares, que é transportar com segurança”, comemora. A capacitação varia de 4 a 8 horas, e o conteúdo é repassado por meio de palestras, debates, dinâmicas de grupo e até mesmo apresentações teatrais. Informações internas sobre os acidentes ocorridos ajudam a identificar os pontos que precisam ser trabalhados. Em agosto deste ano, a empresa vai implantar um treinamento específico sobre direção defensiva na integração de novos motoristas. “Assim, teremos a inserção do profissional já atualizado com as melhores práticas de prevenção a acidentes”, afirma Thereza. Os motoristas aprendem, inclusive, a economizar combustível e preservar a manutenção dos veículos. Os treinamentos ocorrem uma vez por ano e, a cada bimestre, o setor de Recursos Humanos recebe dos setores envolvidos demandas de inclusão de novos tópicos nos cursos. Os condutores são avaliados mensalmente e aqueles que alcançam as metas estabelecidas são premiados conforme o desempenho. Segundo o gerente de Recursos Humanos da Empresa São Gonçalo, Antônio Geraldo, tanto a empresa quanto o passageiro saem ganhando com a ação. “Investimos na qualificação profissional dos nossos colaboradores porque a diretoria tem consciência de que os resultados têm melhorado nossa Divulgação regras de trânsito, direção defensiva, condução inteligente e análise de acidentes anteriores. Gerente de Gestão de Pessoas da SBCTrans, Thereza Christina. eficiência e a confiança dos nossos clientes”, garante. E isso se reflete em números. Na comparação entre o primeiro quadrimestre de 2014 e de 2015, as ocorrências de atropelamento, colisão, quedas de passageiros dentro e fora do veículo e Divulgação Com um projeto de reciclagem anual, a empresa promove cursos que abordam temas como prevenção a acidentes, direção defensiva, legislação de trânsito e atendimento ao usuário. A aposta já tem gerado resultados. De 2013 a 2015, houve redução de 45% no número de acidentes envolvendo condutores da companhia. Investimento que vale a pena Na Empresa São Gonçalo, localizada em Contagem (MG), a preocupação em evitar os acidentes de trânsito é antiga. Há mais de uma década, a admissão de um novo motorista só ocorre depois que ele conclui o Curso de Condução Inteligente. Na grade curricular, estão assuntos como Motorista da empresa São Gonçalo fica em primeiro lugar após alcançar as metas estabelecidas. Revista NTU Urbano 35 Divulgação ACONT E C E NA S E M PR E S A S Motoristas de ônibus fazem reciclagem anual na empresa SBCTrans. lesão de usuários caíram de 360 para 306. A meta é melhorar ainda mais. “Nosso objetivo é manter uma equipe que lute pela redução de acidentes no trânsito para que possamos oferecer uma viagem confortável e segura ao usuário”, finaliza Antônio. Outra empresa que investe nessa área é a Flores. Situada no município de São João de Meriti (RJ), a companhia realiza treinamentos ao longo da carreira do motorista. Os recém-contratados aprendem sobre legislação de trânsito, direção defensiva e aspectos do acidente. Ao longo da carreira, mantém-se a capacitação com cursos sobre cidadania e relacionamento interpessoal. Para incentivar a prevenção de acidentes, a empresa realiza há nove anos o programa “Motorista Zero Acidente”, que premia os condutores que não se envolvem em ocorrências no trânsito. 36 Revista NTU Urbano Reflexos no dia a dia “Já evitei acidentes em rodovias por me antecipar à ação do outro motorista. Às vezes, um carro entra em minha frente numa velocidade muito abaixo da via ou sem sinalizar. Mas, hoje, consigo perceber antes e reduzir com antecedência”. O relato é de Valmir Marques, 52 anos, motorista de ônibus da SBCTrans há 15 anos. Com o curso oferecido pela empresa, ele conta que evoluiu não apenas profissionalmente, mas também como ser humano. Além da direção defensiva, ele destaca as aulas de cidadania. “Tem que andar devagar, olhar o trânsito ao redor e prestar atenção quando o passageiro for embarcar ou desembarcar, especialmente idosos e pessoas com deficiência”, ensina Valmir. “A atitude do motorista pode mudar o trânsito”, acrescenta. Aos 43 anos - dos quais 10 como motorista da Empresa São Gonçalo -, Vilmar Lima também nota os efeitos positivos das ações de prevenção a acidentes. Segundo ele, existem duas versões dele mesmo: a de antes e após as capacitações. “A tendência, no trânsito, é agirmos por impulso e acharmos que estamos sempre certos. Mas, com os cursos, percebemos que o trânsito é de todos, e não de uma pessoa só”, explica. Na opinião do condutor, é impossível eliminar a exposição aos riscos, mas dá para evitá-los. “Passamos o dia todo evitando acidentes e sabemos que, se ignorar o que aprendeu, entra para a estatística. Hoje em dia a quantidade de carros e ônibus é maior, então precisamos redobrar a atenção e colaborar para um trânsito melhor”, pondera. # n t u r e c o me n d a Apps Nosso Transporte Criado para contribuir com o desenvolvimento sustentável, Nosso transporte foi criado para conscientizar as pessoas do uso consciente do transporte. O app traz dicas de transporte, economia, saúde e meio ambiente. Com sua calculadora Transporte consciente, o usuário pode comparar os gastos financeiros entre o preço do combustível, o valor do transporte público e seu endereço de destino. Assim ele pode escolher o meio que vai causar maior impacto negativo para o meio ambiente e mais vantajoso para sua saúde e seu bolso. Redes Sociais Melhor Mobilidade, Menos Tráfego Na fanpage “Melhor Mobilidade, Menos Tráfego”, você encontra informações e algumas dicas para melhorar a mobilidade de sua cidade, além de conhecer as ações que já foram realizadas e outras que estão sendo aplicadas e que contribuem para o desenvolvimento do país. A página foi criada para promover a mobilidade sustentável e conscientizar que as cidades devem funcionar, acima de tudo, para as pessoas. Livro Brasil não motorizado O livro Brasil não motorizado é uma coletânea de artigos escrita por 18 profissionais de diferentes áreas de mobilidade urbana. Uma publicação voltada para pessoas com deficiências, pedestres e ciclistas. O livro apresenta vários projetos criados que foram implementados e outros que estão em fase de implantação. Além disso, ele fala de alguns projetos que estão sendo estudados e que poderão ser implementados por gestores públicos, regionais e privados para melhorar a mobilidade urbana no país. A publicação conta com 200 páginas, escrita com o objetivo de motivar estudantes e cida- Lançado pela Federação Brasileira de Bancos dãos a buscar em novas perspectivas para suas (Febraban) em parceria com o Instituto Akatu. necessidades e despertar a população também O aplicativo móvel Nosso Transporte está dis- para a melhoria dos meios ativos de transporte, ponível na versão Android nos smartphones. de modo que o pensamento não poluidor se espalhe na educação dos leitores de hoje e nas futuras gerações de usurários. Organizado pelo arquiteto e urbanista Antonio Carlos M. Miranda e editado pela Labmol Bike é Legal Editora, o livro está à venda na Livraria Cultura (www.livrariacultura.com.br). Navegando pela página na rede social BikeELegal, encontra-se matérias, fotos, vídeos e artes sobre a bicicleta como ferramenta de WIGO cidadania, esporte, transporte e lazer. O conteúdo é atualizado diariamente para informar aos O aplicativo Wigo que reúne informações sobre visitantes sobre tudo que acontece no mundo as opções de transporte coletivo é um guia da bicicleta. para quem usa o transporte público de Porto Alegre. A ferramenta indica o ponto mais próximo, as opções de integração e os meios mais fáceis para se chegar ao local desejado. Basta digitar no campo de busca e o app indicará, a partir da geolocalização, a melhor opção. O aplicativo ainda permite que os usuários compartilhem em tempo real informações sobre o transporte, engarrafamentos, horários e também interajam entre si. O app está disponível para plataformas Android e OIS. 38 Revista NTU Urbano PRIORIDADE AO COLETIVO PARA UMA MOBILIDADE SUSTENTÁVEL M A R Q U E N A A G E N D A 1-3 / SETEMBRO / 2015 TRANSAMÉRICA EXPO CENTER, SÃO PAULO (SP) I N F O R M A Ç Õ E S : R E AL IZAÇÃ O O RG A N I Z A Ç Ã O (61) 2103-9293 [email protected] WWW.NTU.ORG.BR A P O I O EDI TORI AL AP OI O I N STI TUC I ON AL PATROC Í N I O