UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS CENTRO DE CIÊNCIAS DO AMBIENTE MESTRADO EM CIÊNCIAS DO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE DA AMAZÔNIA O PAPEL DO CONSELHO MUNICIPAL DE MEIO AMBIENTE NA GESTÃO LOCAL NO MUNICÍPIO DE COLINAS DO TOCANTINS PAULO FERNANDO MOURÃO VERAS MANAUS 2009 pdfMachine - is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! Get yours now! “Thank you very much! I can use Acrobat Distiller or the Acrobat PDFWriter but I consider your product a lot easier to use and much preferable to Adobe's" A.Sarras - USA UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS CENTRO DE CIÊNCIAS DO AMBIENTE MESTRADO EM CIÊNCIAS DO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE DA AMAZÔNIA PAULO FERNANDO MOURÃO VERAS O PAPEL DO CONSELHO MUNICIPAL DE MEIO AMBIENTE NA GESTÃO LOCAL NO MUNICÍPIO DE COLINAS DO TOCANTINS Dissertação apresentada ao programa de PósGraduação em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade da Amazônia da Universidade Federal ao Amazonas como requisitos parcial para obtenção do título de Mestre em Ciências do Ambiente; área de concentração em Serviços Ambientais e Recursos Naturais. Orientador: Prof. Dr. Antonio Carlos Witkoski MANAUS 2009 pdfMachine - is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! Get yours now! “Thank you very much! I can use Acrobat Distiller or the Acrobat PDFWriter but I consider your product a lot easier to use and much preferable to Adobe's" A.Sarras - USA FICHA CATALOGRÁFICA (Catalogação realizada pela Biblioteca Central da UFAM) VERAS, Paulo Fernando Mourão V476p O papel do conselho municipal de meio ambiente na gestão local no município de colinas do Tocantins / Paulo Fernando Mourão Veras – Manaus: UFAM, 2009. 95f.; il Dissertação (Mestrado em Ciências Ambientais) – Universidade Federal do Amazonas – UFAM, 2009 Orientador: Prof. Dr. Antonio Carlos Witkoski 1. Participação Pública; 2. Democracia Deliberativa 3. Política Pública Ambiental I. Witkoski, Antônio Carlos II. Universidade Federal do Amazonas III. Título. CDU 504.03(811.7)(043.3) pdfMachine - is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! Get yours now! “Thank you very much! I can use Acrobat Distiller or the Acrobat PDFWriter but I consider your product a lot easier to use and much preferable to Adobe's" A.Sarras - USA UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS CENTRO DE CIÊNCIAS DO AMBIENTE MESTRADO EM CIÊNCIAS DO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE DA AMAZÔNIA O PAPEL DO CONSELHO MUNICIPAL DE MEIO AMBIENTE NA GESTÃO LOCAL NO MUNICÍPIO DE COLINAS DO TOCANTINS PAULO FERNANDO MOURÃO VERAS MANAUS 2009 pdfMachine - is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! Get yours now! “Thank you very much! I can use Acrobat Distiller or the Acrobat PDFWriter but I consider your product a lot easier to use and much preferable to Adobe's" A.Sarras - USA PAULO FERNANDO MOURÃO VERAS O PAPEL DO CONSELHO MUNICIPAL DE MEIO AMBIENTE NA GESTÃO LOCAL NO MUNICÍPIO DE COLINAS DO TOCANTINS Dissertação apresentada ao programa de PósGraduação em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade da Amazônia da Universidade Federal ao Amazonas como requisitos parcial para obtenção do título de Mestre em Ciências do Ambiente; área de concentração em Serviços Ambientais e Recursos Naturais. Aprovado em 09 de outubro de 2009. BANCA EXAMINADORA Prof. Dr. Antonio Carlos Witkoski Universidade Federal do Amazonas – UFAM Profª. Dra. Elenise Faria Scherer Universidade Federal do Amazonas - UFAM Prof. Dr. Neliton Marques da Silva Universidade Federal do Amazonas - UFAM pdfMachine - is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! Get yours now! “Thank you very much! I can use Acrobat Distiller or the Acrobat PDFWriter but I consider your product a lot easier to use and much preferable to Adobe's" A.Sarras - USA Dedico o meu trabalho à minha amorosa mãe, Socorro Mourão, uma mulher que me ensinou a lutar e viver a vida com paixão. Devo a ela muito de mim, se não tudo. À minha esposa, Janete, fonte permanente de apoio e inspiração. A meu Filho, querido amigo e companheiro de todas as horas, razão do meu viver. A minhas irmãs, Carla, Gláucia, Leila e Lílian, com as quais sonho, de mãos dadas, todos os sonhos impossíveis. pdfMachine - is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! Get yours now! “Thank you very much! I can use Acrobat Distiller or the Acrobat PDFWriter but I consider your product a lot easier to use and much preferable to Adobe's" A.Sarras - USA AGRADECIMENTOS A Deus, por ter me concedido sabedoria, quando lhe pedi, ao seu Filho Jesus meu salvador e protetor e ao doce Espírito Santo, meu amigo mais íntimo, guia e companheiro. Ao meu pai, que me deu o maior exemplo de amor, e que lutou até as últimas consequências para defender a construção de um mundo melhor. É isso, que tem me ajudado a suportar a dor de ter lhe perdido tão cedo. À minha querida mãe, que me ensinou que ter sensibilidade é conseguir mobilizar a família humana e os homens de boa vontade a fazer algo em prol dos seus semelhantes. À minha esposa Janete, por ter acreditado nesse sonho. Pelo seu exemplo de perseverança que não me deixou desistir de realizar mais esse projeto. Ao Paulo Filho, meu amado filho, fonte constante de alegria, inspiração e orgulho, meu símbolo das futuras gerações. Amo você! À minhas irmãs, Carla, Gláucia, Leila e Lílian, pela compreensão, carinho e incentivo a mim dispensados nos momentos difíceis da minha vida. À Mariana, Nalita e Natália, as filhas que nasceram do meu coração e que com certeza encheram meu mundo de alegria. Aos meus sobrinhos, Wilson Neto, Guilherme, Gustavo, José Neto e Stefani, agradeço por todo amor e carinho dedicado a esse titio. Aos Conselheiros do COMAM, que me ajudaram a tecer esse estudo, feito de inúmeros fios que recebi de vocês. Às minhas diretoras, Iolanda Castro, Elma Moises e Maria de Jesus, que possibilitaram a concretização deste trabalho. pdfMachine - is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! Get yours now! “Thank you very much! I can use Acrobat Distiller or the Acrobat PDFWriter but I consider your product a lot easier to use and much preferable to Adobe's" A.Sarras - USA Aos colegas de trabalho, Ana Leide, Júnior, Eneusa, Cleide, Osiran e Emitério, obrigado pela ajuda proporcionada. A Faculdade de Ensino Superior de Colinas, pela oportunidade e concessão da bolsa de estudos; Aos professores Antonio Carlos Witkoski, Henrique Pereira e Danilo Fernandes, obrigado pela disponibilidade e orientações seguras. Aos colegas da turma, em especial a Ana Paula, Aurélia, Darlan, Daniel, Ioná, Layana, Joana Margarida, Mirian Nydes e Marisete. AGRADEÇO pdfMachine - is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! Get yours now! “Thank you very much! I can use Acrobat Distiller or the Acrobat PDFWriter but I consider your product a lot easier to use and much preferable to Adobe's" A.Sarras - USA As democracias representativas tal como existem hoje não são capazes de absorver toda a demanda de participação da sociedade, por essa razão passam a ser criadas uma série de outras instâncias democráticas e participativas, que, no entanto, não substituem a democracia representativa. Eco- São Paulo pdfMachine - is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! Get yours now! “Thank you very much! I can use Acrobat Distiller or the Acrobat PDFWriter but I consider your product a lot easier to use and much preferable to Adobe's" A.Sarras - USA RESUMO O presente estudo aborda a trajetória do Conselho Municipal de Meio Ambiente de Colinas do Tocantins, desde sua criação, analisando a ação e a produção da política pública na área Ambiental em Colinas do Tocantins - TO, tendo como recorte temporal o fim da primeira gestão do Conselho (2002-2004), durante o governo do Partido dos Trabalhadores e o início da segunda gestão (2005-2008), que coincide com o governo do Partido Progressista. O foco de análise deste trabalho é a produção da política pública e a ação do Conselho Municipal na área do meio ambiente. Portanto, investigaremos o que preceitua a legislação vigente, avançando no sentido de perceber qual a função do Conselho Municipal nas diversas fases da produção das políticas públicas e até que ponto este Conselho incide na gestão local do Meio Ambiente e a forma como incide. A estratégia metodológica consistiu em dois movimentos. Primeiramente, investigamos a agenda temática do Conselho, os assuntos discutidos e as tarefas que o Conselho Municipal de Meio Ambiente (COMAM) assumiu no período. Adiante, comparamos sua atuação em relação aos outros Conselhos do Município. Para isso a pesquisa estruturou-se em torno de duas dimensões analíticas: I- identidade: desenho institucional e trajetória política; II- capacidade decisória e níveis de incidência sobre as políticas públicas. O levantamento de dados foi realizado na sede do próprio Conselho, através de análises documental do acervo do Conselho, bem como a realização de entrevistas e aplicação de questionário aos conselheiros. O estudo revelou que desde a sua criação, em dezembro de 1999 até a sua primeira reunião, passaram-se exatos dois anos, no entanto, apesar da demora, o Conselho entendeu o seu papel e passou a influenciar diretamente sobre as questões ambientais que afetam a cidade. Assim, foi possível demonstrar as diferenças entre as duas gestões do Conselho, as principais decisões e os temas que permearam a sua agenda, bem como as inovações trazidas pelo Código Municipal de Meio Ambiente, que o potencializa fortemente como canal efetivo de participação pública na tomada de decisões no município de Colinas do Tocantins. Palavras-Chave: Participação Pública; Democracia Deliberativa; Política Pública Ambiental. pdfMachine - is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! Get yours now! “Thank you very much! I can use Acrobat Distiller or the Acrobat PDFWriter but I consider your product a lot easier to use and much preferable to Adobe's" A.Sarras - USA ABSTRACT The present study approaches the path of City Council of Environment of Colinas do Tocantins, from its creation, and search to analyze in the action of Council the production of the public politics in the environmental area in Colinas do Tocantins - TO, having as a time the end of the first administration of the Council (2002-2004), during the administration of the Worker´s Party and the beginning of the second administration (2005-2008), that it coincides with the administration of Progressive Party. The analysis focus, of this work, is the production of the public politics and the action of the City Council in the area of the environment. Therefore, we will investigate what the current law stipulates, moving forward in the sense of noticing which the function that is assuming in the several phases of the production of public politics and to what extent this Council happens in the Local Administration of the environment and that in what form does it happen. The methodological strategy consisted of two movements. In first place, it was investigated the thematic calendar of the Council, the discussed subjects and the tasks that City Council Environment (COMAM) assumed in the period. Ahead, its performance was compared in relation to the other Councils of the Municipal district. For that the research was structured around two analytical dimensions: I - identity: A institutional draw and political path; II - The decide capacity and incidence levels on the public politics. The rising of information was accomplished in the headquarters of the own Council, through analyses of the minutes, creation laws and internal regiment, as well as the accomplishment of interviews and application of questionnaires to the counselors. The study revealed that from its creation in December of 1999 to its first meeting, exact two years passed, however in spite of the delay, the Council understood its role and it started to influence directly on the environmental subjects that affect the city. It still demonstrated the differences among the two administrations of the Council, the main decisions and the themes that permeated its calendar, as well as the innovations brought by the Municipal Code of environment, that potentiates strongly as an effective way of public participation in the socket of decisions in the municipal district of Colinas do Tocantins. Keywords: Public Participation; Deliberative Democracy; Environmental Public Politics. pdfMachine - is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! Get yours now! “Thank you very much! I can use Acrobat Distiller or the Acrobat PDFWriter but I consider your product a lot easier to use and much preferable to Adobe's" A.Sarras - USA LISTA DE QUADROS Quadro 1 – Gestão do Comam 2003-2008..........................................................58 Quadro 2 – Temas das Decisões .........................................................................61 Quadro 3 – Lei e Ano de Criação dos Conselhos................................................72 Quadro 4 – Estrutura e Funcionamento dos Conselhos.......................................74 Quadro 5 – Quantidade de Reuniões ..................................................................74 pdfMachine - is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! Get yours now! “Thank you very much! I can use Acrobat Distiller or the Acrobat PDFWriter but I consider your product a lot easier to use and much preferable to Adobe's" A.Sarras - USA LISTA DE SIGLAS COMAM Conselho Municipal de Meio Ambiente CME Conselho Municipal de Educação CMSC Conselho Municipal de Saúde de Colinas COMUSAMA Conselho Municipal de Regulamentação e Controle dos Serviços de Saneamento e Meio ambiente CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente FEEMA Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente FIESC Faculdade de Ensino Superior de Colinas FMMA Fundo Municipal de Meio Ambiente IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística MMA Ministério do Meio Ambiente ONG Organização não- governamental PNUMA Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente PP Partido Progressista PT Partido dos Trabalhadores SANEATINS Companhia de Saneamento de água e esgoto do Tocantins SEMA Secretaria Especial do Meio Ambiente SEMAM Secretaria Municipal de Meio Ambiente SISNAMA Sistema Nacional do Meio Ambiente SISMUMA Sistema Municipal de Meio Ambiente pdfMachine - is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! Get yours now! “Thank you very much! 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Get yours now! “Thank you very much! I can use Acrobat Distiller or the Acrobat PDFWriter but I consider your product a lot easier to use and much preferable to Adobe's" A.Sarras - USA pdfMachine - is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! Get yours now! “Thank you very much! I can use Acrobat Distiller or the Acrobat PDFWriter but I consider your product a lot easier to use and much preferable to Adobe's" A.Sarras - USA 15 INTRODUÇÃO O tema desenvolvido nesta pesquisa tem como objetivo realizar uma análise do Conselho Municipal de Meio Ambiente (COMAM), enfocando a relação do conselho com a política pública na área ambiental no Município de Colinas do Tocantins, tendo como recorte temporal o fim da primeira gestão do conselho (2002-2004) e o início da segunda gestão (2005-2008), que coincide com o governo do Partido Progressista. Acrescentamos uma análise documental do início da primeira gestão do conselho, buscando construir uma perspectiva mais adequada para a análise dos desafios e das possibilidades da ação presente. Dessa forma, investigou-se o que preceitua a legislação vigente, avançando no sentido de perceber qual a função assumida nas diversas fases da produção de políticas públicas e até que ponto este Conselho incide na Gestão Local do Meio ambiente e de que forma se dá essa incidência. Esta pesquisa destinou-se a expor os recursos organizacionais do COMAM, ou seja, suas condições materiais, sua autonomia financeira, apoio logístico e redes de apoio à entidade. Procurou-se, também, identificar os limites e possibilidades da participação cidadã junto ao Conselho, investigando o grau de compreensão que a participação ocupa nas estratégias de encaminhamento de demandas pelos conselheiros e ainda caracterizar o processo de elaboração de políticas públicas ambientais, no município de Colinas do Tocantins. E, por fim, analisam-se as correlações entre a produção da política pública e a ação dos conselhos na área de saúde e educação com o COMAM. Portanto, o objeto de estudo é analisar criticamente a atuação do referido Conselho, dando ênfase ao fim da Administração do governo do Partido dos trabalhadores (2002- 2004) e o início da gestão do Partido Progressista (2005 – 2008) e como as deliberações políticas influenciam a ação de governo municipal na área ambiental. pdfMachine - is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! Get yours now! “Thank you very much! I can use Acrobat Distiller or the Acrobat PDFWriter but I consider your product a lot easier to use and much preferable to Adobe's" A.Sarras - USA 16 Acredita-se, pois, ser de fundamental importância destacar que a atual Constituição Federal, promulgada em 5 de outubro de 1988, considerou o meio ambiente um bem de uso comum do povo e essencial á sadia qualidade de vida. O texto constitucional reza: Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. (art. 225, caput, da CF) Assim, a Constituição assegurou a todos a fruição desse direito e impôs ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações, sendo esse dever de preservar, compartilhado entre o Estado e o cidadão. O poder público passa a figurar não como proprietário dos bens ambientais – das águas e da fauna -, mas como um gestor ou gerente, que administra bens que não são dele e, por isso, deve ser explicado convincentemente sua gestão, como bem assinala Machado (2006). A aceitação dessa concepção jurídica vai conduzir o Poder Público a melhor informar, a alargar a participação da sociedade civil na gestão dos bens ambientais e a ter que prestar contas sobre a utilização dos bens de “uso comum do povo”, concretizando um Estado “Democrático e Ecológico de Direito.” Diante desse novo cenário, inaugurado pela Constituição Federal, os conselhos gestores foram a grande novidade na gestão das políticas sociais. Com caráter interinstitucional, eles têm o papel de instrumento mediador na relação sociedade/estado, como canais de um novo regime de ação pública (GOHN, 2001:56). No caso específico dos conselhos gestores, objeto desse estudo, a bibliografia de referência sugere que essa nova institucionalidade participativa tem ocupado um lugar ainda marginal nos processos decisórios que envolvem a definição das políticas em suas áreas específicas. Mesmo que os problemas apontados variem em natureza e extensão, não é pdfMachine - is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! Get yours now! “Thank you very much! I can use Acrobat Distiller or the Acrobat PDFWriter but I consider your product a lot easier to use and much preferable to Adobe's" A.Sarras - USA 17 incomum encontrarmos nas conclusões dos estudos uma mesma afirmação: os conselhos “não deliberam”. Mais se é verdade que os conselhos não deliberam o que fazem? Para que estão servindo? Para além do que prevê a legislação, qual a função que estão realmente assumindo nas diversas fases de produção das políticas públicas? Indo além das expectativas e focando nas “experiências realmente existentes”, qual têm sido o lugar, o papel e a função dessas novas instâncias e o que isso diz acerca de sua identidade institucional? Até que ponto os conselhos incidem nas políticas públicas e de que forma incidem? Essas são as perguntas que desafiam e que justificam esse novo esforço de investigação. Enfrentar essas questões é essencial nesse momento em que se busca fazer um balanço dos resultados da aposta na participação institucional. Acredita-se que somente com a informação pode-se fugir das armadilhas simplificadoras que ora conduzem a uma aposta cega na participação institucional, ora sugerem o abandono de qualquer tipo de envolvimento com dinâmicas participativas institucionalizadas. Além disso, atentou-se à articulação vertical e horizontal do Conselho com outros espaços de tomada de decisão, como os colegiados de Saúde, Educação, dentre outros, para promover ações integradas e políticas coerentes de desenvolvimento sustentável. Por sua vez, é preciso, também, que o COMAM se transforme em instância de definição de padrões de qualidade ambiental, papel exercido, em parte, pelo CONAMA. Neste sentido, busca-se compreender em que medida o COMAM tem funcionado como instância de formulação das políticas públicas e qual tem sido a capacidade dessa instância de influenciar a ação governamental do município de Colinas do Tocantins. Assim, a estratégia metodológica foi desenvolvida em duas abordagens. Em primeiro lugar, buscou-se investigar a agenda temática do conselho. Os assuntos discutidos e as tarefas que o COMAM assumem é um bom indicador da função que ele efetivamente está ocupando pdfMachine - is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! Get yours now! “Thank you very much! I can use Acrobat Distiller or the Acrobat PDFWriter but I consider your product a lot easier to use and much preferable to Adobe's" A.Sarras - USA 18 no contexto da política municipal. Não será nosso interesse reconstruir o processo de formação da agenda no interior do conselho (embora tema importantíssimo, ele foge da possibilidade de análise nesse momento), mas apenas identificar seus temas mais recorrentes. Em segundo lugar, comparou-se essa agenda do conselho com a agenda da política pública. Ou seja, nesse momento, avança-se na avaliação da agenda do conselho, tendo um ponto de apoio externo ao conselho, que é a própria política pública da área. A pesquisa foi desenvolvida na zona urbana do município de Colinas do Tocantins (TO), município situado a 274 km da capital do Estado, Palmas. O Município de Colinas do Tocantins localiza-se na Mesorregião Ocidental do Tocantins e a cidade é sede da 5ª Região Administrativa do Estado. Com a abertura da BR-14, Belém-Brasília (hoje BR-153) houve grande afluência de pessoas, vindas de diversas partes do País para o recém iniciado povoado de Nova Colina, à procura das boas e baratas terras da região e, também, de espaço comercial e empregos. Sua população, estimada em 2007, é de 29.000 habitantes, possuindo uma área de 844 km², estando toda a sua área inserida dentro da Amazônia Legal. Após criterioso estudo das reflexões teóricas relacionadas ao tema, utilizamos técnicas quantitativas, baseando-se na representatividade e na capacidade inferencial dos dados e em técnicas qualitativas, trabalhando o conteúdo de manifestações da vida social, enfatizando as percepções dos sujeitos sobre o tema em questão Outra problemática enfrentada foi a discussão da representatividade e legitimidade dos atores sociais que integram os conselhos, por isso, atentou-se para “quem representa quem e o que”. Nesse sentido, foram entrevistadas pessoas (gestores e conselheiros) que compõem os Conselhos Municipais de Meio Ambiente, Educação e Saúde de Colinas do Tocantins, sendo, em sua maioria, os conselheiros titulares, nomeados através de portaria e que foram devidamente empossados. pdfMachine - is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! Get yours now! “Thank you very much! I can use Acrobat Distiller or the Acrobat PDFWriter but I consider your product a lot easier to use and much preferable to Adobe's" A.Sarras - USA 19 Com essa amostragem foi possível detectar os dados para a análise, os quais foram coletados de acordo com variáveis sociais relacionadas a seguir: perfil do conselheiro, vontade e/ou envolvimento político do gestor, capacidade financeira do município, bem como o formato institucional que tais inovações assumem, passaram a ser investigadas com o objetivo de aferir como elas determinam e impulsionam a efetividade democrática desta nova instituição. Para atingir esses objetivos, utilizaram-se estratégias complementares de pesquisa. A primeira delas foi a análise documental. Foram analisadas as atas de dezembro de 2002 a junho de 2006, num total de 12 atas investigadas. O segundo tipo de documento investigado foram as leis de criação do COMAM, bem como seu regimento interno e portaria de nomeações. Para além dos registros documentais, realizou-se entrevistas com os conselheiros representantes do governo e da sociedade civil, gestores municipais, assim como a aplicação de questionários. Sem dúvida a associação entre essas estratégias de pesquisa possibilitou a compreensão sobre o COMAM, como instituição política participativa e principalmente, sobre o lugar que tem ocupado na política ambiental em Colinas do Tocantins. Portanto o objetivo desta pesquisa foi bastante desafiador, tendo em vista que ao estudar o mapa temático do COMAM, foi possível lançar pistas acerca do lugar, do papel e da função do COMAM na política ambiental local. De fato, a pesquisa estruturou-se em torno de duas dimensões analíticas, a saber: Iidentidade: desenho institucional e trajetória política; II - capacidade decisória e níveis de incidência sobre as políticas públicas e estabelecer uma análise comparativa com outros conselhos, especificamente o de Saúde e Educação. A primeira dimensão central desta análise remete à pergunta: o que são os conselhos? Para isso, partimos da definição utilizada por Pessanha (2006:38), a qual afirma que o pdfMachine - is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! Get yours now! “Thank you very much! I can use Acrobat Distiller or the Acrobat PDFWriter but I consider your product a lot easier to use and much preferable to Adobe's" A.Sarras - USA 20 conselho é entendido como um canal que favorece o diálogo e a cooperação no processo político. É ainda um canal de reivindicação; de atendimento das mais variadas necessidades culturais e políticas. É por fim, uma forma de fortalecimento e expansão da cidadania. Para além desses princípios mais gerais, cada conselho possui uma identidade própria que pode ser parcialmente apreendida a partir da consideração de duas variáveis fundamentais: desenho institucional e trajetória política. No entendimento de Tatagiba (2002:64) o desenho institucional oferece os parâmetros para a atuação dos conselhos, apresentando os contornos básicos de sua identidade política. Sendo assim, nas leis de criação e regimento interno são definidas as regras para composição e representação, natureza da participação, dinâmica decisória, ritos procedimentais etc., os quais, por sua vez, indicam as potencialidades e os limites de cada espaço no que se refere aos resultados esperados da participação. Como sugere Lüchman, o desenho institucional é uma dimensão analítica importante “na medida em que se constitui como substrato ou suporte da dinâmica política”, definindo “as condições de ampliação e de sustentabilidade das experiências participativas” (LÜCHMAN, 2002:47). Uma segunda dimensão analítica importante remete às expectativas acerca da capacidade deliberativa dos conselhos. Como dissemos nos primeiros parágrafos, é muito comum nos estudos a conclusão de que “os conselhos não deliberam”. Nesta investigação, buscamos substituir a dicotomia “delibera/não delibera” por uma avaliação um pouco mais rica e complexa que busca compreender os diferentes níveis de incidência do COMAM nas diferentes fases da política pública. Para a distinção entre deliberação e decisão, usam-se os conceitos trabalhados por Tatagiba (2002:66). pdfMachine - is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! Get yours now! “Thank you very much! I can use Acrobat Distiller or the Acrobat PDFWriter but I consider your product a lot easier to use and much preferable to Adobe's" A.Sarras - USA 21 Enquanto o conceito de decisão remete ao resultado de um processo que envolve a eleição ou escolha entre alternativas, a noção de deliberação diz respeito à qualidade do processo que leva à decisão. O conceito de deliberação remete a um processo decisório que é precedido de um debate bem informado acerca das alternativas postas à definição dos problemas e às formas de intervenção. Nesse sentido, o padrão de interação é exigente, pois se espera que cada um apresente razões e esteja disposto a rever suas próprias opiniões a partir do diálogo com o outro, “visto como igual em termos dos seus direitos de expressar e sustentar publicamente seus interesses e valores, sob a luz de argumentos razoáveis” (BOHMAN, 1996:78). É esse processo que vai determinar se uma decisão é legitima ou não. O segundo movimento, fundamental para compreendermos de que forma os conselhos incidem sobre a política, é investigarmos as fases da política a que essas decisões estão geralmente referidas. Para facilitar a discussão, começamos esclarecendo o que estamos entendendo por “fases da política”. É possível dizer que as políticas públicas possuem um ciclo: nascem, crescem, maturam-se e transformam-se (DRAIBE, 2001:38). Em linhas gerais, podemos dizer que o desenvolvimento de uma política pública envolve dois processos fundamentais, que não são lineares (como uma evolução no tempo, pois podem se dar ao mesmo tempo), sendo o primeiro, o processo de formulação de políticas públicas, que envolve: a) a identificação de uma questão a ser resolvida ou direitos a serem efetivados, a partir de um diagnóstico do problema. Nos termos de Draibe (2001:46), este ponto seria o de formação da agenda pública em torno da política pública em questão; b) a formulação de um plano de ação para o enfrentamento do problema, evidentemente marcado pelo confronto de alternativas. Este plano de ação, em geral, se traduz num Plano Anual da Política Pública, com programas e projetos detalhados; c) dentro deste plano, a decisão e escolha das ações prioritárias, apontando sobre o que e como investir os recursos públicos, ou privados (no caso de alguns pdfMachine - is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! Get yours now! “Thank you very much! I can use Acrobat Distiller or the Acrobat PDFWriter but I consider your product a lot easier to use and much preferable to Adobe's" A.Sarras - USA 22 fundos públicos que fazem captação de recursos privados), ou seja, as definições de estratégias de implementação. O segundo processo seria a implementação da política pública, que inclui tanto as atividades-meio, que viabilizam o desenvolvimento do programa, quanto as atividades-fim, ou a execução propriamente dita, envolvendo os seguintes subprocessos: sistema gerencial e decisório, processos de divulgação e informação. Desse modo, esse estudo não discute os vícios do sistema eleitoral nem os limites da democracia representativa, mas lança um olhar reflexivo sobre a contribuição dos Conselhos Gestores para o fortalecimento de uma sociedade verdadeiramente democrática. Para isso, é necessário que o COMAM seja conhecido, e assim possa ser efetivamente fortalecido. Não é outro o nosso interesse nessa investigação. Esse estudo está dividido em três capítulos. No primeiro, A participação pública na gestão ambiental, demonstra-se como alguns autores e pensadores conceituam participação, democracia e gestão ambiental. Inicia-se com uma exposição do quem vem a ser democracia, analisando a sua forma mais pura, a democracia direta, caminhando para a democracia representativa em busca do modelo supostamente ideal, suprindo todas as lacunas deixadas pelos outros modelos, que seria a democracia deliberativa, caracterizada por um conjunto de pressupostos teórico-normativos que incorporam a participação da sociedade civil na regulação da vida coletiva. Nessa síntese, procuramos demonstrar que o conceito de participação está permeado por contradições, não somente pela sua relação com o poder político, mas pela amplitude conceitual, em diferentes espaços públicos. Ao lado disso, partimos para uma reflexão sobre a importância da criação dos conselhos gestores como uma das formas de atuação do cidadão fora do sistema político tradicional. pdfMachine - is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! Get yours now! “Thank you very much! I can use Acrobat Distiller or the Acrobat PDFWriter but I consider your product a lot easier to use and much preferable to Adobe's" A.Sarras - USA 23 Dessa feita, analisa-se historicamente a evolução dos conselhos gestores e a participação na seara do meio ambiente, destacando a atuação e ressaltando o importante papel desempenhado pelo Conselho Nacional de Meio Ambiente – CONAMA, verificando se é de fato um espaço de diálogo entre os atores que o compõe. Encerramos o capítulo, apresentando uma discussão sobre o conceito de gestão ambiental, preparando o leitor, para uma fascinante aventura sobre como foram elaborados e constituídos os instrumentos legais que regulamentam a gestão ambiental pública, em especial, a Política Nacional do Meio Ambiente, que institui tanto a base legal quanto o arcabouço de instituições para a formulação de política com respeito ao meio ambiente em todos os níveis de governo (União, estados e municípios). O segundo capítulo, Arcabouço jurídico e institucional do COMAM, apresenta a trajetória do COMAM, resgatando o seu histórico de criação, quando ainda era atrelado à Secretaria Municipal de Saúde, até ganhar o seu atual contorno. Nesse esforço, buscou-se identificar o ano de sua criação, os processos de eleição para cada mandato e criação do seu regimento. Em seguida, passamos a análise do seu desenho institucional, destacando as suas atribuições e a dinâmica do seu conhecimento. Aqui é o momento em que se faz um estudo comparativo entre aquilo que está posto nos instrumentos legais e o que acontece de fato, no dia a dia de seu funcionamento. Nessa perspectiva, nos debruçamos sobre a sua composição, quem são esses atores, quais segmentos estão representando e qual o grau de compreensão de cada conselheiro, no encaminhamento das demandas que serão discutidas, sem perder de vista o tempo de seus mandatos e forma de organização interna do Conselho. Na seção, Gestões do Conselho Municipal De Meio Ambiente, destacamos os traços mais marcantes de cada uma das gestões do COMAM, e o impacto que a mudança de gestor, pdfMachine - is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! Get yours now! “Thank you very much! I can use Acrobat Distiller or the Acrobat PDFWriter but I consider your product a lot easier to use and much preferable to Adobe's" A.Sarras - USA 24 ao fim de cada processo eleitoral, proporciona em sua dinâmica, podendo ser constatado através da análise das decisões que foram registradas em atas, no período de 2002 a 2008. Conclui-se o capítulo, destacando as novas atribuições do COMAM, que foram acrescentadas, com a entrada em vigor no Código Municipal de Meio Ambiente, através da Lei nº. 999/2008, e como o conselho está organizado para cumprir com suas funções, normativas, deliberativas e fiscalizadoras. No terceiro capítulo, A produção da política pública e ação dos conselhos na área de saúde e educação em perspectiva comparada a área ambiental, analisa-se as normas e o desenho institucional assumido pelo Conselho Municipal de Saúde e pelo Conselho Municipal de Educação em Colinas do Tocantins, tendo como objeto a análise da co-relação entre a produção da política pública e a ação dos conselhos nestas áreas, lançando sugestões que visem o aprimoramento da participação no COMAM e para que este tenha uma atuação mais efetiva na gestão dos recursos ambientais. Em seguida, por meio de um refinamento dos instrumentos de análise, tentamos o exercício de um olhar transversal que apontasse as generalizações possíveis a partir da combinação entre três dimensões de análise: natureza da política pública, identidade política, atores, dinâmicas e processos. Além disso, será mostrado como as Leis de Criação e os Regimentos Internos retratam, por meio de suas normas, o formato e/ou desenho institucional que o Conselho Municipal de Saúde e o Conselho Municipal de Educação assumem no município de Colinas do Tocantins. Desta forma, oferece-se uma profusão de dados que nos permitem avaliar o quanto estas novas instituições estão aptas a cumprir as promessas que motivaram suas criações, ou seja, as promessas de expandir e democratizar o acesso às políticas públicas às quais elas se vinculam. pdfMachine - is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! Get yours now! “Thank you very much! I can use Acrobat Distiller or the Acrobat PDFWriter but I consider your product a lot easier to use and much preferable to Adobe's" A.Sarras - USA 25 Vale, portanto, enfatizar que não será analisada a prática política dos atores sociais envolvidos nestas instituições. Buscou-se avaliar, tão somente, as regras e os procedimentos que estruturam tais práticas supondo que elas, juntamente com o desenho institucional, são igualmente importantes na determinação da efetividade deliberativa destas instituições. Feitas as considerações mais gerais, apresentemos a seguir o estudo sobre o Conselho Municipal de Meio Ambiente de Colinas do Tocantins sobre o qual nos debruçaremos nesse texto. pdfMachine - is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! Get yours now! “Thank you very much! I can use Acrobat Distiller or the Acrobat PDFWriter but I consider your product a lot easier to use and much preferable to Adobe's" A.Sarras - USA 26 CAPÍTULO 1 – PARTICIPAÇÃO PÚBLICA NA GESTÃO AMBIENTAL 1.1 Aspectos Conceituais - Democracia A democracia é o futuro que se constrói hoje através da ação e da participação de todos e de cada um. [...] A democracia não é um atalho, mas um caminho. Habermas (1996) Tanto a palavra quanto o conceito de democracia vem do grego –demokratia, de demos, povo + kratia, do verbo krateo, ser forte, poderoso. Daí a clareza para o significado literal “poder do povo”, “poder exercido pelo povo”. (HOUAISS E VILLAR, 2001; AZAMBUJA, 1992). Consta, na literatura a respeito, que, na antiguidade, a forma mais aproximada de democracia direta tenha sido a vivida em Atenas, no áureo período democrático. Mas, nem mesmo com aquela experiência é possível indicar um exercício genuinamente democrático, porque o governo era exercido pelo “povo ateniense”, e por isso excluía os que não tinham o gozo de direitos políticos (mulheres, escravos e estrangeiros). A democracia era exercida, portanto por não mais que seis mil cidadãos adultos e livres que muitas vezes se reuniam na ágora (praça publica), formando a eclésia (assembléia política), para ouvir os demagogos (orientadores do povo) e assim deliberavam (AZAMBUJA, 1992). Consolidada na Inglaterra no século XVII e emergente nos Estados Unidos da América e em quase toda Europa nos séculos XVIII e XIX, a democracia representativa surge como símbolo da vitória sobre o absolutismo. Esse regime é resumido por Azambuja (1992) como sendo espaço onde: a) há soberania popular, pois o poder político pertence ao povo; b) há divisão dos poderes, pois o poder político está sob a responsabilidade de diferentes órgãos, autônomos e independentes; pdfMachine - is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! Get yours now! “Thank you very much! I can use Acrobat Distiller or the Acrobat PDFWriter but I consider your product a lot easier to use and much preferable to Adobe's" A.Sarras - USA 27 c) os poderes dos governantes estão delimitados nas Constituições; d) os direitos individuais são declarados e assegurados. O reconhecimento de que o aprofundamento da democracia requer um conjunto de formas participativas que ampliem as chances de vocalização e expressão de um número cada vez maior de pessoas, capacitando-as a partilharem autonomamente o exercício do poder político não é mais uma novidade no Brasil do novo século. Este reconhecimento, nos dizeres de Farias (2005:16) vincula-se à crença de que a democracia precisa, para se consolidar, de estar amparada em um conjunto de valores democráticos construídos e exercida mediante as práticas cotidianas dos atores na sociedade. Do ponto de vista teórico, esta mesma crença está presente nas obras de diferentes autores: de A. Tocqueville (1977) a R. Putnam (1996), de J. Habermas (1996) a Cohen e Rogers (1995). Em todas elas, a participação cívica é considerada uma variável importante para a ampliação e o fortalecimento das democracias, tanto no que diz respeito ao plano sociocultural, quanto no que diz respeito à dimensão político-institucional. Subjacente a essas concepções teóricas, constata-se que o avanço da democracia é um fenômeno historicamente recente. A afirmação dos direitos civis – dos direitos à liberdade e à propriedade – ocorre nos países desenvolvidos no século dezenove, mas, até então, ainda não se podia falar em democracia, apenas em liberalismo, já que os direitos políticos de votar e ser votado eram limitados: nem as mulheres nem os pobres votavam. A “democracia” era masculina e censitária. Na verdade, a democracia é um fenômeno do século XX. Sendo um século que foi marcado por guerras e genocídios atrozes, mas, em compensação foi o período em que a democracia generalizou-se como regime político: na primeira metade do século nos países desenvolvidos, na segunda, nos países em desenvolvimento da América Latina e no final do século, em alguns países asiáticos e africanos. pdfMachine - is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! Get yours now! “Thank you very much! I can use Acrobat Distiller or the Acrobat PDFWriter but I consider your product a lot easier to use and much preferable to Adobe's" A.Sarras - USA 28 No contexto histórico atual, a democracia vem sendo generalizadamente apontada pelos teóricos como um instrumento necessário para garantir o pluralismo presente nas sociedades contemporâneas e atender aos seus anseios éticos, políticos e emancipatórios. Muitas vezes, seus valores considerados apriorísticamente redundam na primazia de formalidades que ocultam a fragilidade da estrutura democrática tradicionalmente concebida. A democracia majoritária representativa, o sufrágio universal, os poderes do Estado e grande parte da estrutura legitimadora vêm, sob a perspectiva das nações submetidas às estratégias mundiais de hegemonia político-econômicas, mostrando-se insuficientes e inadequadas a uma devida acepção de democracia. Dentro de um mundo volátil, globalizado e ecologicamente ameaçado, a exigência de um radical aprofundamento democrático na sociedade apresenta-se como condição sine qua non na superação de muitas das demandas ético-sociais. Contudo, há um evidente desequilíbrio de forças quando colocado lado a lado as demandas socioambientais e os desmandos das elites mundiais e seus mecanismos de governança global nada democrático. Essa discrepância, em favor de um sistema econômico excludente e insustentável se dá, por um lado, pelo apoio inescrupuloso das potências mundiais à manutenção dessas assimetrias e, de outro, pela própria estrutura dos países democráticos (conservadora e fundamentalmente centralizada, ainda que no sistema federativo) que possibilita a prevalência desse sistema predatório dissimulado numa estrutura legitimadora formal. Num ensaio intitulado “A democracia dos antigos comparada à dos modernos”, Bobbio (2000) esclarece que os antigos entendiam por democracia, a democracia direta, enquanto para os modernos ela é a democracia representativa. Para o autor, quando os antigos falavam em democracia pensavam numa praça, ou assembléia, em que os cidadãos eram pdfMachine - is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! Get yours now! “Thank you very much! I can use Acrobat Distiller or the Acrobat PDFWriter but I consider your product a lot easier to use and much preferable to Adobe's" A.Sarras - USA 29 convocados a tomar, eles próprios, as decisões de governo (BOBBIO, 1991:97). Essa visão prática, no entanto, não subsistiu no tempo. Uma reflexão acerca do atual sistema político e toda sua tradicional estrutura, que se diz garantir um regime democrático, parece ser subserviente aos desmandos da elite, a qual age através do Estado coator. A falsa idéia propagada de que essa estrutura garante a democracia, já encontrava em Tocqueville posicionamento contrário e, confrontada com a realidade do neoliberalismo, conforme Graeber (2005:69) assiste-se ao maior sistema totalitário da história que é capaz de subjugar tudo e qualquer coisa que tocar. Sendo assim, os limites da democracia representativa estão provocando, em todo o mundo, a busca da participação direta de cidadãos na gestão da coisa pública. O voto em períodos eleitorais se tornou insuficiente tanto para o cidadão quanto aos responsáveis pela gestão. O primeiro não se sente suficientemente representado num contexto de rápidas mudanças e o segundo não encontra canais eficazes para saber se suas ações ou políticas estão sendo eficazes. Outra questão importante para o aperfeiçoamento da democracia representativa é o diálogo intersetorial das mais variadas forças sociais que estabelecem interface com o Estado. Demandas fragmentadas são uma ótima desculpa para gestores públicos justificarem o nãocumprimento de promessas de campanha e plataformas de governo, pois surge a alegação de que “as demandas são muitas, o caixa é um só”. Com efeito, o orçamento público precisa ser pensado como uma articulação de todas as ações do poder público, para o bem da transparência de suas ações. Como todo orçamento trabalha com o fantasma da escassez, é sempre necessário eleger prioridades. Nesse momento, é fundamental que o conjunto dos movimentos sociais esteja articulado para que essas prioridades não se distanciem de suas expectativas e atendam, ao final, apenas aos interesses do governo (em geral ligados à dinâmica eleitoral). E o melhor momento de fazê-lo é na pdfMachine - is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! Get yours now! “Thank you very much! I can use Acrobat Distiller or the Acrobat PDFWriter but I consider your product a lot easier to use and much preferable to Adobe's" A.Sarras - USA 30 tramitação da lei orçamentária no parlamento. Dessa maneira, deliberações realizadas nos conselhos municipais podem ganhar maior efetividade, aumentando a sua credibilidade. A sociedade precisa, então, garantir a troca permanente de agendas e temas em seus mais diferentes fóruns, de modo a fortalecer as demandas específicas e, no plano mais geral, uma plataforma mais progressista e democrática. Outro aspecto que merece ser analisado é a tradição partidária, pois nesta, percebe-se uma verdadeira luta pelo poder e pela sua perpetuação, na qual uma lógica perversa predomina nessa luta. Sobretudo, nas alianças necessárias para fomentar as campanhas e exercer a governabilidade, essas se dão não apenas entre os partidos e as instâncias de poder, mas com as elites, empresas, bancos ou onde houver dinheiro para financiar as campanhas – como no caso de países como o Brasil onde essa verba pode ser proveniente de instituições privadas, havendo uma verdadeira comercialização das campanhas eleitorais. Forma-se, assim, uma espécie de contrato que amarra e direciona, no qual um possível político de princípios se vê obrigado a abandoná-los para governar. Ainda que as verbas das campanhas fossem públicas, o que seria o mínimo necessário, isso não dispensa alianças e não dá garantias de que a lógica econômica, as orientações de organismos como o FMI (Fundo Monetário Internacional), a OMC (Organização Mundial do Comércio) e o Banco Mundial não vão direcionar a governabilidade, fazendo reféns os países pela imposição de sanções e restrições econômicas. Vale ressaltar a importante reflexão feita por Bobbio (2000:59) quando compara a democracia representativa com a democracia direta, e como isso interferiu em outro fenômeno como a democracia política e a social, nos levando a questionar se é possível existir um sistema democrático em uma sociedade que não é democrática, ou seja, a própria família, a escola, igrejas, todas marcadas preponderantemente por modelos de tipo hierárquico e burocrático. pdfMachine - is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! Get yours now! “Thank you very much! I can use Acrobat Distiller or the Acrobat PDFWriter but I consider your product a lot easier to use and much preferable to Adobe's" A.Sarras - USA 31 Ao mesmo tempo, o próprio autor nos leva a pensar em outra possibilidade, que é poder mensurar graus de democratização de uma sociedade, na medida em que se procura ver não o número de eleitores mais o espaço no qual o cidadão pode exercer o seu próprio poder de eleitor, citando como exemplo, a reforma democrática da Itália que instituiu os conselhos escolares com a participação de representantes de pais. Diante dessa realidade, cada vez mais, pensa-se que o ponto de partida da prática democrática deve ser a própria sociedade, por uma democracia deliberativa e participativa e não meramente representativa e formal. Para superar essa insuficiência o Estado deverá ampliar sua eficácia não apenas de aperfeiçoamentos técnicos e burocráticos de sua governabilidade, mas, principalmente, democratizando todas as suas instituições e abrindo canais permanentes de comunicação e participação da sociedade civil nas decisões com uma verdadeira descentralização do poder através de espaços-públicos não estatais como condição para a democracia contemporânea. No entanto a concepção de democracia deliberativa requer um aprofundamento maior de seu conceito. Formulada por Habermas nos anos 90, ela se permeia pela importante junção de idéias, convidando a um debate entre a corrente liberal (que defendem o papel do Estado de Direito como administrador e regulador de problemas sociais) com as idéias republicanas. Para Habermas (1997) tais demandas advêm do mundo da vida (da sociedade civil), as decisões políticas do estado ou dos governantes precisam estar fundamentada na opinião dos cidadãos individuais e sim no resultado de um processo discursivo de formação de opinião e de vontade coletiva, mediada pela esfera pública, que é : Uma rede adequada para a comunicação de conteúdos, tomadas de posições e opiniões; nela os fluxos comunicacionais são filtrados e sistematizados, a ponto de se condensarem em opiniões públicas enfeixadas em temas específicos (HABERMAS, 1997:92). pdfMachine - is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! Get yours now! “Thank you very much! I can use Acrobat Distiller or the Acrobat PDFWriter but I consider your product a lot easier to use and much preferable to Adobe's" A.Sarras - USA 32 Algumas fendas percebidas nesta corrente precisam ser fechadas para que se concretize tal democracia. Segundo Sampaio (2006:67), a questão chave para os teóricos da democracia deliberativa está em criar um sistema em que a ação decisória do Estado esteja intimamente dependente da ação deliberativa da sociedade civil na esfera pública. Para concluir a apresentação do pensamento hebermasiano, Sampaio salienta que: Na concepção habermasiana de democracia, a participação dos atores da sociedade civil é fundamental para que os problemas enfrentados do mundo da vida possam ser processados e debatidos na esfera pública e, desta, canalizados ao sistema político legal. A um só tempo, a esfera pública visa a construção de uma argumentação critica dos atores sociais, orientada pela deliberação de questões públicas, e o tensionamento com os órgão estatais, na medida em procura inserir novos temas na agenda e influenciar os processos decisórios. Em outras palavras, a missão da esfera pública habermasiana é procurar democratizar os dois campos que ela media; o da sociedade civil e o do estado (SAMPAIO, 2006:35) (grifo nosso) Nesse mesmo sentido, para Luchmann (2002:72), a categoria democracia deliberativa constitui-se como um modelo ou ideal de justificação do exercício do poder político pautado no debate público entre cidadãos livres e em condições iguais de participação. Diferente da democracia representativa, caracterizada por conferir a legitimidade do processo decisório ao resultado eleitoral, a democracia deliberativa advoga que a legitimidade das decisões políticas advém de processos de discussão que, orientados pelos princípios da inclusão, do pluralismo, da igualdade participativa, da autonomia e do bemcomum, conferem um reordenamento na lógica de poder tradicional. Constituindo-se como um modelo ou processo de deliberação política caracterizado por um conjunto de pressupostos teórico-normativos que incorporam a participação da sociedade civil na regulação da vida coletiva. Trata-se, pois, de um conceito que está fundamentalmente ancorado na idéia de que a legitimidade das decisões e ações políticas deriva da deliberação pública de coletividades de cidadãos livres e iguais. Constitui-se, portanto, em uma alternativa crítica às teorias “realistas” pdfMachine - is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! Get yours now! “Thank you very much! I can use Acrobat Distiller or the Acrobat PDFWriter but I consider your product a lot easier to use and much preferable to Adobe's" A.Sarras - USA 33 da democracia que, a exemplo do “elitismo democrático”, enfatizam o caráter privado e instrumental da política. É exatamente, tendo em vista, a recuperação da dimensão normativa da democracia, caracterizada pelo questionamento da redução da política a uma lógica individualista e competitiva e pela retomada da articulação entre o conceito de cidadania e de soberania popular, que se desenvolve, a partir dos anos 60, uma concepção participativa ou republicana de democracia, pautada na idéia da ampla participação dos cidadãos nos assuntos de interesse da coletividade. Aqui no Brasil, o fim do regime militar abriu fortes expectativas de que a brecha no bloco de poder permitisse avanços no duplo processo de democratização do Estado e de socialização da política, tornasse transparentes os negócios públicos e ampliasse o envolvimento da sociedade no debate político, nas dinâmicas decisórias e no processo de repartição dos recursos de poder. No entanto, nos vemos confrontados a um paradigma bem diferente: nele, a desqualificação da política justifica a ampliação da esfera não-política. Temas antes políticos se despolitizam e passam para a esfera privada. Práticas governamentais são transferidas a atores não-estatais através de novos canais como fóruns, conselhos, Agenda 21 locais, que se pretendem, via de regra, alheios aos males da política, vista como pequena esfera a ser deixada doravante ao arbítrio das elites “por sua pouca relevância e eficácia”. Nesse sentido, o País foi sendo assim, introduzido gradualmente no modelo que Ranciére (2001:98) chamou de pós-democracia consensual, caracterizado pelo encobrimento dos litígios, pelo desaparecimento da política e pela designação de certos segmentos sociais conhecidos como “parceiros”. Se os conselhos e fóruns integram de fato empresários e trabalhadores, poluidores e poluídos, aquelas figuras híbridas entre Estado e sociedade o têm pdfMachine - is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! Get yours now! “Thank you very much! I can use Acrobat Distiller or the Acrobat PDFWriter but I consider your product a lot easier to use and much preferable to Adobe's" A.Sarras - USA 34 feito, porem na condição de “parceiros” com frequência diluindo qualquer diferença de papéis sociais, de responsabilidade ou de poder entre os agentes. Sendo assim, a legislação brasileira consagra espaços institucionais de exercício da cidadania, como os conselhos e as audiências públicas, e embora se discuta o quanto estas conquistas são efetivamente resultantes de processos democráticos ou de decisões tecnocráticas, o fato é que se criaram espaços de participação. Um dos consensos presentes na comunidade ambientalista brasileira é que “só a democracia levará à sustentabilidade, por meio de criação de espaços de negociação e do fortalecimento dos instrumentos já existentes” (LAYRARGUES, 2002: 89). 1.2 Participação Pública e Conselhos Gestores Nas duas últimas décadas do século XX, a questão ambiental alcançou o status de problema global e tem mobilizado não apenas a sociedade civil organizada, os meios de comunicação, mas os governos de todas as regiões do planeta, como alertam Alonso& Costa (2001:37). Hoje, o processo de disseminação de práticas visando à proteção ambiental está fortemente correlacionada com a difusão das concepções e conhecimentos desenvolvidos por organizações não governamentais e organizações científicas vinculadas à perspectiva ambientalista. No entanto, Alonso & Costa (2001:46), ressaltam que a difusão das preocupações dos governos e de setores da sociedade civil, com os problemas ambientais, em muitos casos não resultou em consenso em torno de soluções, ao contrário, os debates intensificaram conflitos quanto ao uso do poder. pdfMachine - is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! Get yours now! “Thank you very much! I can use Acrobat Distiller or the Acrobat PDFWriter but I consider your product a lot easier to use and much preferable to Adobe's" A.Sarras - USA 35 Parafraseando Ellen Wood, (apud Honorato, 2008:3), quando descreve “a transferência da luta de classes do “chão da fábrica”, da esfera puramente das relações econômico-sociais para a esfera do Estado”; as questões ambientais deslocaram-se do espaço local e atingiram importância global, assim como, teve sua origem nos movimentos revolucionários, e hoje se encontra arraigada na esfera estatal, constituindo tópico da agenda do Estado. Em observação atenta, acerca do “New Deal”, “o Estado somente investiu diretamente quando - e somente - inexistiam interesses de investidores privados ou capitais disponíveis na monta necessária para que estes atuassem direta e livremente” (HONORATO, 2008:5). Desta perspectiva, é compreensível que a realização da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente no Rio de Janeiro em 1992 tenha tido um grande impacto não apenas sobre o movimento ambientalista, mas também sobre a produção intelectual, nas políticas públicas governamentais, bem como influenciou a abertura e ampliação do espaço da participação da sociedade civil nos processos de decisão política em geral. Com o processo de institucionalização da questão ambiental os temas ambientais passam a estar sujeitos às restrições impostas pela racionalidade administrativa, muitas vezes engessada pelo orçamento, interesse do governante, bem como por práticas de corrupção e nível de governabilidade insuficiente para impor medidas concisas em prol da preservação ambiental, que envolve o próprio ser humano. Quanto à presença das questões ambientais estarem presentes em diferentes setores de gestão, temos o ambientalismo multissetorial defendido por Viola (1995) e o ambientalismo transetorial defendido por Crespo (1998) que discutem os conflitos estabelecidos pelo fato da matéria ambiental estar presente em vários setores. pdfMachine - is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! Get yours now! “Thank you very much! I can use Acrobat Distiller or the Acrobat PDFWriter but I consider your product a lot easier to use and much preferable to Adobe's" A.Sarras - USA 36 No Brasil, desde a promulgação da Constituição de 1988, vem sendo estimulada, institucionalmente, a implementação de um novo paradigma de gestão das políticas públicas que promova a descentralização das decisões e amplie o espaço de participação da sociedade. Com esse intuito, foram criados nos municípios de todo o país diversos mecanismos de inserção de segmentos da população nos processos decisórios, dentre os quais os Conselhos Municipais, que reúnem, de acordo, com suas respectivas especificidades os diversos atores sociais. Alguns programas e trabalhos sociais que seguem esse paradigma têm sido implementados no Brasil, a partir de diretrizes que vêm sendo amadurecidas pela sociedade, desde a década passada. Conforme Bonduki (1997:62), eles se caracterizam por uma “nova postura de gestão de cidades, baseado no trinômio: participação, desenvolvimento sustentável, qualidade de vida e do ambiente”. Esse modelo, denominado pelo autor de ambiental - participativo, se contrapõe ao modelo denominado de central – desenvolvimentismo, no qual o desenvolvimento e o crescimento a qualquer custo seriam sempre positivos e que a centralização de poderes no Estado, para intervir sobre a cidade, traria as soluções adequadas para resolver seus problemas. Desde suas origens, a Política e o Sistema Nacional de Meio Ambiente se constituíram na interlocução com lideranças, movimentos e entidades da sociedade civil, sendo que um dos espaços de participação social, negociação de demandas e interesses e mediação de conflitos que vem se consolidando num conjunto expressivo de municípios brasileiros é o fórum, conhecido por Conselho Municipal de Meio Ambiente. Este Conselho, como outros criados para fins de Educação, Saúde ou proteção dos Direitos das Crianças e Adolescentes, ao mesmo tempo em que estabelecem um novo formato de relação Estado e pdfMachine - is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! Get yours now! “Thank you very much! I can use Acrobat Distiller or the Acrobat PDFWriter but I consider your product a lot easier to use and much preferable to Adobe's" A.Sarras - USA 37 sociedade, institucionaliza a participação e possibilita a entrada em vigor de uma nova cultura cívica. Tais conselhos, sobretudo quando se busca fortalecer o debate em torno da autonomia municipal, vêm tentando se firmar como novos canais de participação complementares. No entanto, o que seria essa participação? Segundo Jacobi (1996:59), a participação é um “método de governo”, que pressupõe um cumprimento prévio e simultâneo de um conjunto de requisitos vinculados às regras do jogo democrático e a crescente consolidação de práticas descentralizadoras da organização político-administrativa, que se concretiza através de uma completa revisão da repartição de competências, funções e recursos. Alargando esse entendimento, o debate avança no sentido de que essa participação não seja tão somente o está presente no momento das decisões, ou poder escolher entre as várias alternativas possíveis, mas, que também, caminhe em direção à qualidade do processo que nos leva à decisão. Nesse sentido, a concepção de democracia deliberativa prevê formas participativas mais institucionalizadas, ou mais formalizadas tendo em vista não apenas a discussão pública de um sujeito plural, como também o poder de decisão, à luz do estabelecimento – público e coletivo – de ideais ou princípios vinculados à promoção do bem comum. (LUCHMAN, 2002:98). Até mesmo por sua definição etimológica (participatio, significa partilha), participação demanda envolvimento. Envolvimento de indivíduos e de grupos. Demo (2001:36) ressalta que a participação que dá certo é aquela que traz em sua essência problemas, já que implica em dividir espaços, muitas vezes ocupando o espaço de outrem. Mas esse é seu sentido. O desenvolvimento comunitário só é possível mediante participação. pdfMachine - is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! Get yours now! “Thank you very much! I can use Acrobat Distiller or the Acrobat PDFWriter but I consider your product a lot easier to use and much preferable to Adobe's" A.Sarras - USA 38 Segundo o referido autor, uma vez a participação percebida como completa, originase a regressão no processo. Processo porque, assim como a democracia, ela não é só fim, mas acima de tudo é meio. E ainda porque “não cai do céu”. É preciso conquistá-la a cada movimento desse processo. Não pode ser concebida, portanto, como sendo uma dádiva ou concessão, mas, sobretudo uma conquista dentro do processo democrático. Assim os conselhos são canais potenciais às tomadas de decisões com mais qualidade, porque estimula a expressão das diferenças e a provisão de informações. Acreditando ser este o caminho que melhor desponta para o exercício da cidadania, defende-se a idéia de que é pelos conselhos que a sociedade pode participar da elaboração de políticas públicas e do controle da execução. Por sua vez, os conselhos abertos à sociedade civil, mostram-se cada vez mais “participativos” em sua composição, ao mesmo tempo em que se tornam menos decisórias em sua pauta e mais passíveis de apropriação por uma política-espetáculo. A vontade de indiferenciação social interna aos espaços de “parcerias” favorece o desenvolvimento de uma espécie de democracia imagética. A aparência de estabilidade obtida por meios dos consensos simbólicos torna-se elemento essencial das políticas de atração de investimentos internacionais. A necessidade de oferecer vantagens para os capitais internacionais - consenso social, segurança, sustentabilidade ecológica - justifica, assim, que todos os projetos em disputa se anulem em favor de uma competição interlocal ou interurbana. Mesmo diante dessas dificuldades Gohn (2003:106) apresenta os conselhos como sendo os órgãos que contem a possibilidade de reordenação das políticas públicas brasileiras numa direção de governança democrática, pois “a exigência de uma democracia participativa deve combinar lutas sociais com lutas institucionais, e área ambiental é um grande espaço para essas ações, via participação nos conselhos.” pdfMachine - is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! Get yours now! “Thank you very much! I can use Acrobat Distiller or the Acrobat PDFWriter but I consider your product a lot easier to use and much preferable to Adobe's" A.Sarras - USA 39 Nessa perspectiva, a criação de conselhos gestores é a mais importante inovação institucional das políticas públicas no Brasil democrático. Não há estudos sobre o tema que não enfatize a precariedade da participação social nestas novas organizações e sua tão frequente submissão a poderes locais dominantes. Por outro lado, é praticamente unânime o reconhecimento do potencial de transformação política que os conselhos encerram, principalmente nas decisões que dizem respeito ao meio ambiente. Essas definições refletem certo consenso quanto à uma crença nas virtudes intrínsecas da descentralização, o que é destacado por Carvalho (1998). Segundo essa autora, subjacente a algumas dessas teorias, há uma idéia de que o Estado estaria mais comprometido com as questões sociais. Entretanto, ela enfatiza que a descentralização não se efetiva dissociada das condições econômicas, políticas, culturais e sociais do contexto mais amplo da sociedade. Nesse sentido, seria os Conselhos de Meio Ambiente um bom exemplo de democracia deliberativa em nosso País? Uma tentativa de resposta nos leva a uma reflexão mais elaborada sobre esta categoria e somente a partir daí, nos possibilita algumas conclusões. Segundo Luchmann (2002:102), a democracia deliberativa configura-se, portanto, como um processo de discussão e decisão pública que articula Estado e sociedade através de um formato institucional que, por sua vez, torna esta deliberação possível. Para a autora isso requer uma institucionalidade que, feita e refeita através do diálogo incessante entre o público deliberante, seja um antídoto aos constantes riscos dos processos participativos, tais como a manipulação, a cooptação e o controle político e administrativo. É exatamente tendo em vista se evitar ou reduzir os riscos de uma “associação acrítica entre participação e racionalidade administrativa”, que se ressalta a dimensão dupla da esfera pública, caracterizada pela existência, articulação e combinação entre os espaços pdfMachine - is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! Get yours now! “Thank you very much! I can use Acrobat Distiller or the Acrobat PDFWriter but I consider your product a lot easier to use and much preferable to Adobe's" A.Sarras - USA 40 públicos da sociedade e os espaços públicos formatados ou institucionalizados. Se os primeiros apresentam uma configuração aberta e “selvagem”, ou totalmente livres dos ditames e agendamentos do aparato estatal, os segundos submetem esses aparatos estatais ao escrutínio da discussão e decisão coletiva. A fim de melhor compreender o papel dos órgãos colegiados de gestão dos recursos ambientais, não podemos deixar de ressaltar o importante papel desempenhado pelo Conselho Nacional de Meio Ambiente – CONAMA, e verificar se é de fato um espaço de diálogo entre os atores que o compõe. O CONAMA é o órgão consultivo e deliberativo do Sistema Nacional do Meio Ambiente – SISNAMA foi instituído pela Lei 6938/91 que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, regulamentada pelo Decreto 99.274/90, alterado pelo decreto 2.120/97, sendo composto por plenário, CIPAM, Grupo Assessores, Câmaras Técnicas e Grupos de Trabalho. O Conselho é presidido pelo Ministro do Meio Ambiente e sua Secretaria Executiva é exercida pelo Secretário-Executivo do MMA. É de competência do CONAMA: estabelecer, mediante proposta do IBAMA, dos demais órgãos integrantes do SISNAMA e de Conselheiros do CONAMA, normas e critérios para o licenciamento de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras. O Conselho é um colegiado representativo de cinco setores, a saber: órgãos federais, estaduais e municipais, setor empresarial e sociedade civil. Ao contrário de outros conselhos da América Latina, o CONAMA não é apenas um órgão consultivo, mas também um órgão deliberativo, criado em 1981 para resolver conflitos, propor inovações e solucionar assuntos importantes de política ambiental e de gestão dos recursos naturais renováveis. Suas resoluções têm força jurídica e são aplicadas no âmbito nacional. No contexto das leis do setor, resolve todo tipo de assuntos que, em outros países, são decididos unilateralmente pelo ministério respectivo. pdfMachine - is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! Get yours now! “Thank you very much! I can use Acrobat Distiller or the Acrobat PDFWriter but I consider your product a lot easier to use and much preferable to Adobe's" A.Sarras - USA 41 Vale ressaltar a importante reflexão feita por Haroldo Mattos de Lemos, presidente do Instituto Brasil, acerca do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), quando participou do seminário: Diálogo Sobre Política Social e Meio Ambiente, em reunião anual do BID, em março de 2002, na qual falou sobre o sistema nacional do meio ambiente do Brasil e o CONAMA, descrevendo seu impacto sobre a qualidade de vida e o impacto que as resoluções vêm trazendo para a construção de políticas públicas na área ambiental e suas implicações para a sociedade. Nesse mesmo seminário tivemos um importante comentário feito pelo então Ministro do Meio Ambiente: “O CONAMA é mais do que uma experiência de gestão, é a mais importante experiência da democracia no Brasil, porque através do CONAMA começamos a sair do modelo clássico de democracia formal representativa. É uma ruptura do esquema de decisões monolíticas e unilaterais que existe em quase todos os países da América Latina”, ressaltou o recém-empossado ministro do Meio Ambiente, José Carlos Carvalho. O ministro acrescentou que o CONAMA é a primeira grande iniciativa no sentido de estabelecer mecanismos legais para que a sociedade possa participar do processo decisório. “Com esse modelo participativo livre e aberto, iniciamos a verdadeira reforma do Estado brasileiro e eliminamos a intermediação política e o clientelismo”. No entanto, já foi objeto de estudo pelo Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas, o papel que vem sendo desempenhado pelo CONAMA, tendo como período de análise IBASE os anos de 1990. Esse estudo foi coordenado por Henri Acselrad que chegou a algumas conclusões. A primeira delas é a de que o CONAMA desde a sua primeira reunião em junho de 1984, sofreu progressivo esvaziamento político, na medida em que se caminhou para o processo de democratização do país. Para o autor, o esvaziamento continuou e se agravou no governo Collor, pois entre 1990 e 1992 o IBAMA, que era a instância que detinha pdfMachine - is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! Get yours now! “Thank you very much! I can use Acrobat Distiller or the Acrobat PDFWriter but I consider your product a lot easier to use and much preferable to Adobe's" A.Sarras - USA 42 a secretaria executiva do colegiado, teve oito presidentes em dois anos. Entre os principais problemas encontrados nesse estudo, destacam-se: 1. A pauta de discussões muito diversificada em itens e não há um eixo que articule e hierarquize o conjunto dos debates; 2. Falta de articulação horizontal intragovernamental, já que inexiste articulação dos posicionamentos das diversas áreas do governo federal representadas no conselho e seus interesses muitas vezes são conflitantes; 3. Excesso de burocracia nas ações do conselho, muitas discussões se perdem, a condução das reuniões é confusa, o que desestimula a participação dos diferentes setores; 4. As câmaras técnicas não têm estrutura adequada para funcionar; 5. O conselho se perdeu “no labirinto das normas”, ou seja, tornou-se um órgão voltado primordialmente à formulação de normas específicas, deixando de exercer o papel de fórum de aconselhamento dos ministros, articulador e formulador de políticas mais amplas (como uma política de desenvolvimento sustentável para o país, por exemplo); 6. Há uma série de deficiências na atuação dos diversos segmentos: os representantes ministeriais tendem a votar segundo interesses setoriais; os representantes estaduais apresentam certa apatia e não se articulam com as ONGs das mesmas regiões, em defesa de interesses comuns; e as representações das entidades ambientalistas atuam com base em acordos de última hora e são muitas vezes desarticuladas com suas bases (ACSELRAD, 1995:97). Seguindo o padrão do CONAMA, todos os 26 estados e o Distrito Federal criaram seus próprios conselhos de meio ambiente, embora a forma, missão e propósito de cada um deles se diferenciem, em alguns casos, de forma notável. No Espírito Santo, por exemplo, decidiu-se que, além do conselho estadual, seis conselhos regionais fossem estabelecidos, para cada uma das bacias hidrográficas do estado. pdfMachine - is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! Get yours now! “Thank you very much! I can use Acrobat Distiller or the Acrobat PDFWriter but I consider your product a lot easier to use and much preferable to Adobe's" A.Sarras - USA 43 O ritmo e a regularidade com que os conselhos estaduais exercitam sua missão não são uniformes tampouco. Em 2001, para exemplificar, o Conselho Municipal de Meio Ambiente do Amazonas teve uma única reunião, enquanto o do Acre teve quatro e o de Santa Catarina, sete (RIBEIRO, 2000:86). As informações disponibilizadas pelo IBGE em 2001 demonstram que 22,2% dos municípios brasileiros declaram ter Conselho de Meio Ambiente, o que vem demonstrando uma tendência crescente, tendo em vista que em 1991 era apenas 16,6%. Vale destacar o caso da região Norte, onde a proporção de municípios com Conselho varia desde 6,5% no Estado do Tocantins, até 53,3% em Roraima. Muito embora, o SISNAMA preconize que haja Conselhos de Meio Ambiente estaduais e municipais, dos mais de cinco mil municípios brasileiros, apenas uma pequena parte deles possui órgão de meio ambiente e conselho, o que impede a municipalização e descentralização democrática da gestão do meio ambiente. Em suma, não existe receita que possa ensinar o segredo do funcionamento "justo e competente" de um Conselho de Meio Ambiente. Talvez, o mais importante é que as forças sociais comprometidas com o processo de desenvolvimento local e com o meio ambiente estejam conscientes da contradição inerente a esta forma que vem, cada vez mais, assumindo as políticas públicas. Seu potencial transformador é permanentemente ameaçado pela tentação de burocratizar as decisões, de incorporar o conselho à rotina da vida local, de permitir que seja dominado por direções já consolidadas. Mas, tão importante quanto a preocupação com os métodos e a composição do conselho é voltar-se ao que ele faz e pode fazer. O enfoque deste trabalho é uma análise da participação consultiva e deliberativa no Conselho Municipal de Meio Ambiente de Colinas do Tocantins, investigando o grau de acesso da sociedade civil organizada aos processos de gestão ambiental local. pdfMachine - is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! Get yours now! “Thank you very much! I can use Acrobat Distiller or the Acrobat PDFWriter but I consider your product a lot easier to use and much preferable to Adobe's" A.Sarras - USA 44 1.3 Gestão Ambiental Os termos administração, gestão do meio ambiente, ou simplesmente gestão ambiental serão aqui entendidos como as diretrizes e as atividades administrativas e operacionais, tais como, planejamento, direção, controle, alocação de recursos e outras realizadas com o objetivo de obter efeitos positivos sobre o meio ambiente, quer reduzindo ou eliminando os danos ou problemas causados pelas ações humanas, quer evitando que eles surjam. (BARBIERI, 2000:76). No caso do setor público, a Gestão Ambiental apresenta algumas características diferenciadas. O governo tem papel fundamental na consolidação do desenvolvimento sustentável, porque ele é o responsável pelo estabelecimento das leis e normas que estabelecem os critérios ambientais que devem ser seguidos por todos, em especial o setor privado que, em seus processos de produção de bens e serviços, se utiliza dos recursos naturais e produz resíduos poluentes. Por isso mesmo, além de definir as leis e fiscalizar seu cumprimento, o poder público precisa ter uma atitude coerente, responsabilizando-se também por ajustar seu comportamento ao princípio da sustentabilidade, tornando-se exemplo de mudança de padrões de consumo e produção, adequando suas ações à ética socioambiental. Compreendido como arcabouço institucional de regras, instituições, processos e comportamentos que afetam a maneira como os poderes são exercidos na esfera de políticas ou ações ligadas às relações da sociedade com o sistema ecológico, a governança ambiental possui atributos comparativamente avançados no Brasil. Isso pode ser comprovado, na própria definição de gestão ambiental que está presente no Código Municipal de Meio Ambiente de Colinas do Tocantins, Lei nº. 999/2008, art. 6º, XIV, a saber: Gestão Ambiental: atividade que consiste em gerenciar e controlar os pdfMachine - is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! Get yours now! “Thank you very much! I can use Acrobat Distiller or the Acrobat PDFWriter but I consider your product a lot easier to use and much preferable to Adobe's" A.Sarras - USA 45 usos sustentados dos recursos ambientais, naturais ou criados, por meio de instrumentação adequada: regulamentos, normatização e investimento público, assegurando, deste modo, o desenvolvimento racional do social e do econômico, sem prejuízo do meio ambiente. Clovis Cavalcanti (2001:123), cita como fato importante para a gestão ambiental, sob inspiração da conferência de Estocolmo, a criação, em 1973, da Secretaria Especial do Meio Ambiente (SEMA), dentro do Ministério do Interior. A despeito de seu trabalho (que, de qualquer forma, sempre foi marginal dentro da estrutura do governo federal), a situação do Brasil quanto ao meio ambiente após 1973 se tornou ainda mais crítica. Muitos grupos, incluindo ONGs, surgiram então para reagir contra o estado de coisas, gerando verdadeiro movimento ambientalista (...). Ainda mais, em alguns estados, como o Rio de Janeiro com a Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente (FEEMA), agências públicas tomaram medidas para tentar regular o uso dos recursos naturais. É no contexto desses acontecimentos que algumas mudanças adicionais na legislação ambiental estavam sendo consideradas na esfera da Federação. O grande momento ocorre em agosto de 1981, quando, em consequência do trabalho da SEMA e das ações de muito grupos da sociedade, é aprovada a Lei n.º 6.938/81, que estabeleceu a Política Nacional do Meio Ambiente. Essa pode ser considerada a peça mais importante de legislação ambiental promulgada no país até hoje (DRUMMOND, 1998:141). Ela institui tanto a base legal quanto o arcabouço de instituições para a formulação de política com respeito ao meio ambiente em todos os níveis de governo (União, estados e municípios). Através dessa lei, criou-se o Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA), cuja estrutura é coroada por seu órgão superior, o Conselho de Governo, composto por todos os ministros, sob a coordenação da Casa Civil. A instância deliberativa e consultiva do SISNAMA compete ao Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), integrado hoje pdfMachine - is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! Get yours now! “Thank you very much! I can use Acrobat Distiller or the Acrobat PDFWriter but I consider your product a lot easier to use and much preferable to Adobe's" A.Sarras - USA 46 por 101 membros, sendo 32 do governo federal, 27 dos estados e Distrito Federal, 8 dos municípios, 22 da sociedade civil, 8 do setor produtivo, mais um membro honorário. Incluem-se ainda no CONAMA três membros sem voto, sendo dois do Ministério Público. Cabe ao MMA a função de órgão central do Sistema e ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), que pertence ao MMA, mas é algo autônomo, a de órgão executor. O IBAMA executa diretamente e comanda outros setores da administração federal. Órgãos ou entidades federais da administração direta ou indireta (setoriais), cujas atividades tenham a ver com as de proteção da qualidade ambiental ou de disciplinamento da utilização de recursos naturais, junto com órgãos ou entidades estaduais (seccionais) responsáveis pela execução de programas e projetos, e pelo controle e fiscalização de atividades capazes de provocar degradação ambiental, além de órgãos locais (municipais) de controle do ambiente, formam o último, e descentralizado, segmento do SISNAMA. E este órgão tem grande relevância, na implementação da gestão ambiental local, pois conforme Philippi Jr. etti alli (1999:87), com a resolução do CONAMA n° 237/97, os municípios, interessados em ampliar seus espaços de contribuição para com as questões ambientais, passam a ter diretrizes necessárias para implementar sua gestão ambiental, como por exemplo, o exercício da competência de licenciamento ambiental e para a integração da atuação dos órgãos competentes do Sistema Nacional de Meio Ambiente (SISNAMA) na execução da Política Nacional do Meio Ambiente. No entanto, para o exercício desta importante função, a Resolução estabelece que “os entes federados, para exercerem suas competências licenciatórias, deverão ter implementados os Conselhos Municipais de Meio Ambiente, com caráter deliberativo e participação social e, ainda, possuir em seus quadros ou a sua disposição profissionais legalmente habilitados. pdfMachine - is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! Get yours now! “Thank you very much! I can use Acrobat Distiller or the Acrobat PDFWriter but I consider your product a lot easier to use and much preferable to Adobe's" A.Sarras - USA 47 Verifica-se, portanto, a existência de todo um arcabouço jurídico-legal para o efetivo exercício da ação ambiental pelo município, o qual tanto mais realizará esta ação, quanto mais articulado e integrado estiver com os órgãos que compõem o SISNAMA, respeitadas as competências atribuídas a cada instância decisória. Como se pode depreender, a área ambiental tem envolvimento em todos os setores da atividade humana, o que exige uma atuação baseada na busca do entendimento e na construção de parcerias com os mais variados segmentos das administrações públicas e da sociedade civil. Segundo Harrington e Knight (2001:47), as razões que existem para aplicar-se um Sistema de Gestão Ambiental para municípios, além das vantagens legais, são: 1. maior satisfação dos munícipes: com um município que se preocupa com o meio ambiente, melhora a qualidade de vida de seus munícipes, aumentando a auto-estima e satisfação em morar neste local. 2. melhoria da Imagem do Município: um município, com seu meio ambiente conservado e respeitado, é mais bem visto em sua região, melhorando sua imagem e incrementando o turismo. 3. redução de custos: pela eliminação de desperdícios, obtido pelo uso mais racional dos recursos como água, energia, matérias primas e diminuição da produção de resíduos e poluição. 4. melhoria do desempenho: as melhorias do desempenho ambiental são conseguidas por meio de um processo estruturado de ações gerenciais, apoiadas por forte programa de treinamento. Neste programa deverão ser aprendidas técnicas de administração e conceitos de qualidade, que fatalmente serão aplicados por todos em outras atividades de sua vida profissional, não somente em relação às questões ambientais, resultando em melhorias globais de desempenho. pdfMachine - is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! Get yours now! “Thank you very much! I can use Acrobat Distiller or the Acrobat PDFWriter but I consider your product a lot easier to use and much preferable to Adobe's" A.Sarras - USA 48 5. redução de riscos: um município bem estruturado para tratar dos seus aspectos ambientais, apresenta um menor risco de ter de arcar com multas, ações legais, por descumprimento da legislação, menor probabilidade de acidentes ambientais sérios e menos passivo ambiental. 6. maior Facilidade de Obtenção de Recursos: um município com um bom desempenho ambiental tem mais facilidade em conseguir financiamentos junto à órgãos ambientais; além disso, existem linhas especiais de financiamento para implementar sistemas de gestão ambiental. Seguindo esta lógica, em 22 de fevereiro de 2008 é instituído o Código Municipal de Meio Ambiente do Município de Colinas do Tocantins, (Lei nº 999/2008), que cria o Sistema Municipal de Meio Ambiente – SISMUMA, instituindo toda a política ambiental do município, abrangendo o poder público e as comunidades locais, sendo integrantes desse Sistema de acordo com o art. 8º da referida lei: Art. 8°. São integrantes do Sistema Municipal de Meio Ambiente: I. Conselho Municipal de Meio Ambiente - COMAM: órgão consultivo e deliberativo em questões referentes à preservação, conservação, defesa e recuperação do meio ambiente; II. Secretaria Municipal de Meio Ambiente - SEMAM: órgão de execução programática, que tem a seu encargo a orientação técnica e atividades concernentes à preservação e conservação ambiental, no território municipal; III. Secretarias e autarquias afins do Município, definidas em ato do poder executivo. Dentro do SISMUMA foram criados vários instrumentos essencialmente de natureza de comando e controle, como: zoneamento ambiental, criação de espaços especialmente protegidos; estabelecimento de padrões de qualidade ambiental, licenciamento ambiental, avaliação de impacto ambiental, auditoria ambiental, monitoramento ambiental, cadastro de atividades potencialmente poluidoras ou utilizadoras dos recursos naturais, banco de dados ambientais, fundo municipal de meio ambiente, Educação Ambiental, mecanismos de pdfMachine - is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! Get yours now! “Thank you very much! I can use Acrobat Distiller or the Acrobat PDFWriter but I consider your product a lot easier to use and much preferable to Adobe's" A.Sarras - USA 49 benefícios e incentivos com vistas à preservação e conservação dos recursos ambientais, naturais ou criados, fiscalização ambiental e sanções administrativas. 1.3.1 Governança Ambiental no Brasil O problema da governança ambiental no Brasil reside em sua implementação, uma vez que o núcleo do sistema político nacional persiste no seu apego quase fanático ao crescimento econômico (cf. VIOLA 1998-1999:59), além de ser extremamente vulnerável (ou simpático, para dizer ao menos) aos poderosos lobbies que rondam a formulação de políticas públicas no país. Não há dúvida de que falta sintonia entre a tomada de decisão e as iniciativas de políticas de governo no Brasil. (CAVALCANTI, 2004:67). Para Acselrad, (2006:14-19) a governança, apresenta um papel interventor na criação de um ambiente que conduz ao desenvolvimento econômico e social e na divisão equitativa das riquezas. Na medida em que permitem um gerenciamento transparente e responsável de todos os recursos do país, eles reduzem a corrupção e, consequentemente, fortalecem a democracia. Com efeito, as práticas da boa governança são exigidas tanto pelo Banco Mundial como pelo Fundo Monetário Internacional no que tange à liberação de recursos financeiros. Além da conotação estritamente econômica, na qual as exigências passam pelo fim da “excessiva” intervenção estatal na economia, mercado estável e revisão valorativa dos salários e pensões, essas instituições visam a um abrandamento da corrupção, definida como o abuso de autoridade ou confiança para alcançar benefícios particulares. Como tem sido prática comum o desvio de verbas públicas, não há razão para que a ajuda internacional seja concedida. Logo, Banco Mundial e FMI prescrevem o combate à má pdfMachine - is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! Get yours now! “Thank you very much! I can use Acrobat Distiller or the Acrobat PDFWriter but I consider your product a lot easier to use and much preferable to Adobe's" A.Sarras - USA 50 governança aos países solicitantes de auxílio porque ela incentiva atos de corrupção, os quais pioram as distorções na alocação de recursos e na distribuição de renda, além de afetar negativamente o crescimento e o padrão de vida. (ALONSO, 2001:102). Outro ponto é o localismo, abordado por Acselrad (2006:15-19). A gestão local é, hoje, reflexo das transformações engendradas no seio das relações socioeconômicas, políticas e culturais dos dezenove anos da Constituição Brasileira. Essa gestão local não é mais exclusivamente organizada de maneira hierárquica pelos atores públicos federal, estadual e municipal. Ao contrário, a transformação do papel do Estado bem como o reposicionamento dos atores privados fazem com que ela seja cada vez mais definida de maneira conjunta pelos atores locais públicos e privados (ABRUCIO et all, 1996). Para alguns autores, a noção de governança diz respeito, por sua vez, a novas formas de negociação e sistemas de barganha que tem ampliado a esfera de ação pública local para além da estrutura política tradicional, envolvendo uma pluralidade de atores na perspectiva da regeneração da economia local (Mayer, 1997; Harding et alli, 2000). Entretanto, paralelamente à constatação de que políticas de crescimento econômico subnacionais – sejam regionais ou locais – tornam-se cada vez mais importantes, observa-se que os governos nacionais desempenham um papel crucial neste processo, pois não são eles que estão reformulando instrumentos políticos e estruturas institucionais na intenção deliberada de promover melhorias nas condições subnacionais de competitividade, flexibilidade do trabalho e qualificação profissional (ACSELRAD, 2006:69). Para Cavalcanti (2004:64) a Constituição ao atribuir novos poderes a estados e municípios favorece o modelo descentralizado (e participativo) de gestão. Tal característica tem como alvo não apenas o meio ambiente, mas muitos outros setores da vida social (educação, cultura, saúde, etc.). Governos locais podem criar conselhos (ambientais ou não), podem estabelecer fundos ambientais especiais - para promover melhor uso dos recursos naturais ou apoiar projetos locais, por exemplo - e podem ainda elaborar legislação especial para promoção de práticas sustentáveis, de usos específicos do solo, de proteção de áreas de interesse particular (paisagem, patrimônio cultural, etc.). pdfMachine - is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! Get yours now! “Thank you very much! I can use Acrobat Distiller or the Acrobat PDFWriter but I consider your product a lot easier to use and much preferable to Adobe's" A.Sarras - USA 51 O sucesso dos conselhos ambientais, onde eles existem formalmente, tem dependido, no entanto, do peso político, via de regra pequeno, dessa instância dentro das administrações locais ou da intensidade, normalmente baixa, com que nelas se manifestam sentimentos verdes. pdfMachine - is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! Get yours now! “Thank you very much! I can use Acrobat Distiller or the Acrobat PDFWriter but I consider your product a lot easier to use and much preferable to Adobe's" A.Sarras - USA 52 CAPÍTULO 2 – ARCABOUÇO JURÍDICO E INSTITUCIONAL DO COMAM 2.1 A Trajetória do Conselho Municipal de Meio Ambiente de Colinas breve histórico O que se opõe ao descuido e ao descaso é o cuidado. Cuidar é mais que um ato: é uma atitude. Portanto, abrange mais que um momento de atenção, de zelo e de desvelo. Representa uma atitude de ocupação, preocupação, de responsabilização e de envolvimento afetivo com o outro. (Leonardo Boff) A partir dos anos 90, assistimos uma expansão sem precedentes da incorporação na administração pública dos conselhos gestores. No município de Colinas, isso não foi diferente, foram criados vários conselhos, dentre eles o Conselho Municipal de Regulamentação e Controle dos Serviços de Saneamento e Meio ambiente (COMUSAMA) em 1999, através da lei nº. 704/99, de 1º de dezembro de 1999, pelo então prefeito, José Santana Neto. Porém, não existia a Secretaria Municipal de Meio Ambiente, este era ligado a uma Diretoria de Meio Ambiente, dentro da Secretaria Municipal de Saúde. É importante ressaltar que a primeira reunião do conselho aconteceu no dia 3 de dezembro de 2002, oportunidade em que foram eleitos por voto direto e secreto os representantes da sociedade civil (segmento dos usuários). A partir desta reunião foram nomeados os conselheiros titulares, bem como os seus suplentes, para o primeiro mandato, através da Portaria nº. 376 de 06 de dezembro de 2002. Em 10 de dezembro de 2005, já na gestão da prefeita Maria Helena é publicada uma nova Portaria (634/2005), nomeando novos membros para o conselho, fruto de uma reunião que solicitava a urgente reestruturação deste, tendo em vista que o mandato dos conselheiros já havia expirado e os trabalhos estavam parados. Outro marco importante neste período foi a aprovação do Regimento Interno, através do decreto nº. 020 de 02 de dezembro de 2005. pdfMachine - is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! Get yours now! “Thank you very much! I can use Acrobat Distiller or the Acrobat PDFWriter but I consider your product a lot easier to use and much preferable to Adobe's" A.Sarras - USA 53 Mais adiante, em 22 de fevereiro de 2008 , através da Lei nº. 999/2008 foi instituído o Código Municipal de Meio Ambiente de Colinas do Tocantins, que vem estabelecendo normas de gestão ambiental para preservação, conservação, defesa, melhoria, recuperação, proteção dos recursos ambientais, controle das fontes poluidoras e do meio ambiente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à qualidade de vida, de forma a garantir o desenvolvimento sustentável. Além disso, cria o sistema municipal de Meio Ambiente, sendo integrante deste a Secretaria Municipal de Meio Ambiente - SEMAM, órgão de execução programática, que tem a seu encargo a orientação técnica e atividades concernentes à preservação e conservação ambiental, e o Conselho Municipal de Meio Ambiente – COMAM, órgão consultivo e deliberativo em questões referentes à preservação, conservação, defesa e recuperação do meio Ambiente e normatiza toda a política ambiental do município de Colinas do Tocantins. 2.2 Desenho Institucional: Competências e Dinâmicas de Funcionamento Como exposto, o Conselho nasceu vinculado a Secretaria Municipal de Saúde, e a dinâmica do seu funcionamento só foi devidamente regulamentada com a criação do seu Regimento Interno em 2005, que o caracterizava como órgão consultivo, deliberativo e estratégico. Nele, também estavam previstas reuniões mensais ou extraordinárias em caso de urgência, mas como pode ser visto no quadro abaixo, isto não foi cumprindo, tendo anos em que o Conselho se reuniu apenas uma única vez. Quanto à composição, a Lei previa que o COMUSAMA devia funcionar com 8 membros, sendo três membros de governo, um do legislativo municipal e quatro representantes dos usuários. Na representação governamental, os três são representantes da prefeitura, sendo dois da Secretaria de Saúde e um da Secretaria de Finanças, um do pdfMachine - is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! Get yours now! “Thank you very much! I can use Acrobat Distiller or the Acrobat PDFWriter but I consider your product a lot easier to use and much preferable to Adobe's" A.Sarras - USA 54 Legislativo Municipal e outro da Companhia de Saneamento de água e esgoto do Tocantins – SANEATINS. Entre os representantes dos usuários estão: um dos usuários residenciais, um dos usuários comerciais e um dos usuários residenciais e comerciais. Os representantes governamentais são indicados pela prefeitura. Os usuários por seus respectivos segmentos. Este conselho destacou-se pela forma de indicação dos usuários, no qual houve uma eleição direta para escolha dos membros. Gráfico 1 – Composição do COMAM Fonte: Dados da pesquisa, 2009 Vale uma ressalva, sobre a composição do Conselho. Somente uma entrevistada fez uma critica à forma da composição: “Acho importante não ter composição do Legislativo e sim representante de entidades não governamentais atuantes e que o presidente deste conselho fosse ocupada por representantes da sociedade civil e não do governo.” (Representante dos Usuários). Mesmo não aparecendo nas atas do conselho, nas entrevistas surge, muito fortemente, o grau de compreensão que a participação dos membros incide no encaminhamento das demandas. Vejamos algumas falas: pdfMachine - is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! Get yours now! “Thank you very much! I can use Acrobat Distiller or the Acrobat PDFWriter but I consider your product a lot easier to use and much preferable to Adobe's" A.Sarras - USA 55 “Como conselheiro, acho de grande importância participar, pois o Meio Ambiente é muito importante para todos, daí surge a vontade de preservar, os nossos rios, as nascentes e toda a natureza que temos. Aqui é o melhor espaço para debater as políticas de valorização e preservação do Meio Ambiente, em nosso município e já vou entrar com um projeto para criar a Secretaria do Meio Ambiente.” (Vereador Zacarias, representante do Poder Legislativo). “Através da participação no Conselho, tive oportunidade de conhecer todos os córregos da cidade e em especial, um pelo qual me apaixonei e realizei um projeto junto com meus alunos – O Projeto Restauração do Córrego Sinhá-, tendo grande repercussão em nosso município e até recebeu reconhecimento a nível nacional, quando foi selecionado para participar na II Feira Nacional de Ciências e Educação em Brasília, ganhando o III Prêmio de Ciências. Foi bom participar, e toda vez que ia falar deste assunto eu dizia que tinha nascido de uma reunião do conselho, isso dava uma força grande, e de lá a gente faz alguma coisa pelo Meio Ambiente.” (Prof.ª Maria de Jesus ,representante dos Usuários). O tempo de mandato dos conselheiros observava prazos diferenciados, sendo da seguinte forma: 12 meses para os usuários residenciais e comercias, 18 meses para prestadora de serviço – SANEATINS, e 24 meses para os representantes do governo municipal. O mandato era exercido de forma gratuita sendo vetada qualquer vantagem de natureza pecuniária. Quanto à participação nas reuniões, pode-se constatar uma frequência bem significativa, conforme a figura a seguir: pdfMachine - is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! Get yours now! “Thank you very much! I can use Acrobat Distiller or the Acrobat PDFWriter but I consider your product a lot easier to use and much preferable to Adobe's" A.Sarras - USA 56 Gráfico 2 – Participação das Reuniões Participação Fonte: Dados da Pesquisa, 2009 Referente à sua organização, o Conselho é composto pelo Plenário e a Presidência, sendo que o Plenário é composto por todos os membros acima relacionados. A presidência estava regulamentada na Lei 704/99, sendo exercida pelo Secretário Municipal de Saúde e Meio Ambiente. Sobre a competência do conselho no processo de produção das políticas, o artigo 3º da referida lei, evidencia que compete ao conselho: a) analisar, fixar proposta da Diretoria quanto às normas para a regulamentação e controle da prestação de serviço em Saneamento e Meio Ambiente; b) analisar e decidir sobre os recursos interpostos às decisões da Diretoria pelos prestadores de serviço e usuários; c) analisar e opinar sobre as políticas públicas relativos ao serviço prestado; d) analisar e aprovar os reajustes tarifários dos serviços públicos; e) fixar normas e instruções para melhoria da prestação dos serviços, redução dos seus custos, segurança de suas instalações e atendimento aos usuários, observadas os limites estabelecidos na legislação e nos instrumentos de delegação, e aprovar as revisões e reajustes tarifários para a manutenção e equilíbrio econômico e financeiro da prestação dos serviços; f) estabelecer procedimentos para a realização de audiências e consultas públicas. pdfMachine - is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! Get yours now! “Thank you very much! I can use Acrobat Distiller or the Acrobat PDFWriter but I consider your product a lot easier to use and much preferable to Adobe's" A.Sarras - USA 57 Vale ressaltar que o Regimento Interno, ainda acrescentou mais atribuições como: apreciar propostas de projetos de lei e programas de Saneamento e meio Ambiente, inclusive aquele referente a convênios de cooperação ou contratos de concessão; articula-se com os demais conselhos municipais cujas funções tenham interface com as ações de Meio Ambiente; fiscalizar os órgãos municipais responsáveis pela gestão dos recursos; propor ao poder executivo e ou Legislativo, projetos de Leis, Decretos e Regulamentações referentes à proteção e conservação ambiental no município de Colinas do Tocantins. Desta análise do desenho institucional, podemos apreender que foi dada uma ênfase muito acentuada no caráter consultivo do conselho, tanto é, que a palavra predominante é “analisar”, porém destaca-se também na questão de planejamento de políticas ambientais bem como no seu caráter de fiscalização. Isso é o que podemos resumir da análise do desenho institucional do conselho. Na prática, sabemos que a divisão das funções, competências e poderes entre o conselho e as instituições administrativas e burocráticas quanto à definição, execução e fiscalização das políticas está longe de estar resolvida apenas por essa disposição presente na legislação, que, no mais das vezes, é vaga no que se refere ao lugar e papel de cada ator. A seguir, continuo investigando a atuação do conselho, estabelecendo comparações entre as duas gestões que marcaram a sua existência, bem como a sua atuação frente aos outros conselhos existentes em Colinas do Tocantins. 2.3 Gestões do Conselho Municipal de Meio Ambiente O Conselho Municipal de Meio Ambiente de Colinas do Tocantins é uma instituição participativa de história recente, tendo em vista que desde a sua criação em 1999 até o ano de pdfMachine - is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! Get yours now! “Thank you very much! I can use Acrobat Distiller or the Acrobat PDFWriter but I consider your product a lot easier to use and much preferable to Adobe's" A.Sarras - USA 58 2008, contabilizamos um período de 9 anos de gestão. No quadro a seguir, buscamos comparar os traços mais marcantes de cada uma das gestões, tomando como base a análise das atas do Conselho. Procuramos também comparar o conselho com os outros conselhos existentes em Colinas, especificamente o da Educação e da Saúde. Não resta duvidas, que após esse estudo é possível dizer que a dinâmica do conselho muda, quando muda a gestão municipal, por isso o quadro está dividido didaticamente em dois momentos: a primeira de 2002 a 2004, sendo a gestão do Partido dos Trabalhadores e a segunda de 2005 a 2008, do Partido Progressista. Quadro 1 – Gestão do COMAM – 2003-2008 GESTÃO DO COMAM GOVERNO PRINCIPAIS LINHAS DE ATUAÇÃO EM CADA GESTÃO 2002 PRIMEIRA GESTÃO 2003-2004 PARTIDO DOS TRABALHADORES • Reestruturação do Conselho • Eleição direta e secreta dos representantes de Associação; • Indicação dos representantes das secretarias; •Aprovação do reajuste tarifário para os serviços de água; 2003 • Não houve deliberação; 2004 •Aprovação de um realinhamento de tarifas e preços de serviços complementares e da SANEATINS. 2005 SEGUNDA GESTÃO 2005-2007 PARTIDO PROGRESSISTA • Reestruturação do Conselho • Eleição direta e secreta dos representantes de Associação; • Indicação dos representantes das secretarias; •Aprovação do reajuste tarifário para os serviços de água; 2006 • Não houve deliberação; 2007 •Aprovação de um realinhamento de tarifas e preços de serviços complementares e da SANEATINS. Fonte: Dados da Pesquisa, 2009 pdfMachine - is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! Get yours now! “Thank you very much! I can use Acrobat Distiller or the Acrobat PDFWriter but I consider your product a lot easier to use and much preferable to Adobe's" A.Sarras - USA 59 Como relatado acima, é possível dizer que estamos falando em dois momentos do conselho, nessas duas gestões existentes até agora. A primeira gestão, marcada pela própria reformulação do conselho, na eleição de seus membros e a questão do realinhamento do reajuste tarifário proposto pela SANEATINS. A quantidade de reuniões foi pequena, apenas 05, embora as atas revelem que houve bastante discussão sobre os temas trazidos a debate. A segunda é um pouco mais dinâmica e avança no debate de temas com foco nas questões ambientais, são realizadas 07 reuniões, com destaque a questão da mudança do Curtume de lugar, os conselheiros contaram inclusive com o apoio do Ministério Público e a mobilização da sociedade colinense no que se refere à grande degradação dos Corrregos Sinhá e Marajá. Um ponto bastante negativo percebido no período de mudança de gestão do conselho foi o grande lapso temporal para reestruturação do conselho. Conforme as atas, da última reunião da primeira gestão, até a realização da primeira reunião da segunda gestão passaram mais de 10 meses, tendo sido paralisado qualquer ação mais efetiva na área ambiental. Ficou evidente também, a mudança significativa dos membros, ou seja, as pessoas que participaram da primeira gestão, praticamente não participaram da segunda. As reconduções, não chegaram a atingir um percentual de 10%, o que talvez ajude a explicar, é o fato de que o início da segunda gestão do conselho coincide com o fim da administração do Partido dos Trabalhadores (PT) e o início da administração do Partido Progressista (PP). Aqui, vale perguntar qual o impacto desta polarização de membros, ora ligados ao PT, ora ligados ao PP, para a efetiva participação no conselho. Essa polarização aliada à recente história do COMAM, pode estar levando a que a democracia participativa – nomeadamente aqui o COMAM – se subordine à lógica da democracia representativa (TATAGIBA, 2002:89), colocando provavelmente em segundo plano a função do conselho, pdfMachine - is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! Get yours now! “Thank you very much! I can use Acrobat Distiller or the Acrobat PDFWriter but I consider your product a lot easier to use and much preferable to Adobe's" A.Sarras - USA 60 qual seja, de fornecer as diretrizes das políticas públicas, bem como exercer o papel fiscalizador dos gastos públicos. Assim, se em outros conselhos é mais difícil perceber se há ou não um vínculo entre os partidos políticos e os componentes de movimentos e sociedade civil no conselho, neste conselho os vínculos são mais perceptíveis. Dentre as dificuldades enfrentadas pelo Conselho levantadas em entrevista pelos seus membros, incluídos tantos os representantes de governo como os usuários, destaca-se: 1 o fato de está vinculado à Secretaria de Saúde deixa-o relegado a segundo plano; 2 falta de autonomia financeira que dificulta a execução das atividades do conselho; e, por fim, 3 necessidade de apoio técnico-científico para tomada de decisões mais consistentes; Portanto, nosso próximo passo será descrever a capacidade deliberativa do Conselho, através de uma análise das decisões produzidas no período de 2002 a 2008, no município de Colinas do Tocantins. 2.4 A Capacidade Deliberativa do COMAM Neste ponto o objetivo é avançar na compreensão do lugar e da função que o Conselho Municipal de Meio Ambiente de Colinas do Tocantins ocupa no processo de produção da política ambiental, investigando os temas que foram objeto, nas discussões no conselho. Ou seja, quais são os assuntos que se tornaram objeto de deliberação pelo COMAM ao longo de sua história? Quais os problemas que incitaram as decisões do conselho? Uma análise mais qualitativa das atas podem nos ajudar a responder estes questionamentos. Em seu estudo sobre o Conselho Municipal de Saúde de Curitiba, Fuks etti alli (2004) identificou cinco tipos de deliberação: resolução, prestação de contas, aprovação, moção, encaminhamento. O autor agrupou esses tipos em três modalidades: “Modalidades pdfMachine - is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! Get yours now! “Thank you very much! I can use Acrobat Distiller or the Acrobat PDFWriter but I consider your product a lot easier to use and much preferable to Adobe's" A.Sarras - USA 61 fracas”: envolve decisões de “caráter meramente formal”, como os encaminhamentos e as moções; “Modalidade intermediária”: envolve uma “aprovação” do plenário do conselho relativa a temas cuja decisão envolve, por exemplo, indicação de representante do conselho para participação em eventos ou comissões, aprovação de proposta sobre encaminhamentos de Conferência etc. “Modalidade forte”: envolve decisões de natureza substantiva, como as resoluções e as prestações de contas. Partindo dessa indicação mais geral, usamos todos esses tipos de deliberação como nosso referencial empírico. No Quadro a seguir, apresenta-se uma síntese dos principais temas debatidos no Conselho, no período de 2002 a 2008. Quadro 2 – Temas das Decisões TEMAS Sobre programas ou políticas Assuntos internos (eleições e indicações de conselheiros, funcionamento do conselho etc.) Convênio Aprovação de reajuste de tarifas Elaboração do Plano Diretor Articulação do Fórum Municipal do Lixo Novos Projetos Elaboração da agenda 21 do Município FREQUÊNCIA DOS TEMAS NAS ATAS DAS REUNIÕES 03 05 01 03 01 01 01 01 Fonte: Dados da Pesquisa, 2009 É notória a percepção que a maior atribuição do conselho neste tempo, fora os seus assuntos internos, a aprovação de reajustes tarifários e o debate sobre programas ou políticas, para o município. Um tema bastante recorrente em todas as reuniões do conselho é referente à questão da água no setor Santo Antônio, que não dispõe de sistema de tratamento de água. No entanto, o poder executivo, em nenhuma das gestões, tomou providências no sentido de solucionar o problema. pdfMachine - is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! Get yours now! “Thank you very much! I can use Acrobat Distiller or the Acrobat PDFWriter but I consider your product a lot easier to use and much preferable to Adobe's" A.Sarras - USA 62 Outros temas bastante significativos, que foram pauta de discussão no conselho, referem-se à mudança do Curtume, pois estava muito próximo da cidade, e vinha causando inúmeros problemas a população colinense, bem como o local onde está localizado o Lixão, que está próximo a mananciais que abastecem a cidade, sendo deliberado pelo conselho a imediata retirada desses poluidores de onde estão situados. Vale ressaltar, que essas discussões influenciaram significativamente, na tomada de decisão do poder executivo, em parceria com o Ministério Público, na mudança do curtume, que hoje se encontra em uma área mais afastada da cidade e totalmente adequada às normas ambientais. Infelizmente a questão do lixão continua a mesma, o que vem preocupando em muito a população. 2.5 O Código Municipal de Meio Ambiente e as Novas Atribuições do COMAM A partir da entrada em vigor do Código Municipal de Meio Ambiente (Lei nº. 999/2008), foram implementadas significativas mudanças ao conselho, não só na quebra de nomenclatura, pois antes era chamado de COMUSAMA, mas, sobretudo em um novo reordenamento que ocupa dentro da estrutura legal do Município. Some-se a isto, o fato de que ele passa a fazer parte do Sistema Municipal de Meio Ambiente, como órgão consultivo e deliberativo em questões referentes à preservação, conservação, defesa e recuperação do meio ambiente, tendo ao seu encargo formular, em sintonia com as normas e orientações do Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA, as diretrizes superiores para a política municipal do meio ambiente, conforme o artigo 11, da referida lei. O Código o define como um colegiado de assessoramento superior, órgão consultivo e deliberativo nas questões referentes à preservação, conservação, defesa, recuperação e pdfMachine - is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! Get yours now! “Thank you very much! I can use Acrobat Distiller or the Acrobat PDFWriter but I consider your product a lot easier to use and much preferable to Adobe's" A.Sarras - USA 63 melhoria do meio ambiente natural artificial e laboral em todo território do Município de Colinas do Tocantins, integrante da estrutura administrativa da SEMAM. As suas atribuições são profundamente alteradas e alargadas, passando a ser competente agora para: I. Manifestar-se sobre as políticas, diretrizes e programas definidos pelo Poder Municipal para a preservação e o uso racional do meio ambiente, controle e fomento dos recursos naturais renováveis do Município; II. pronunciar-se sobre as propostas e iniciativas voltadas para o desenvolvimento do Município, originárias do setor público ou privado, notadamente as que envolvem atividades utilizadoras de recursos ambientais consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras, bem como empreendimentos capazes de causar degradação ambiental; III. homologar acordos que tenham por objeto a conversão de penalidades pecuniárias em obrigação de executar medidas de interesse para a proteção ambiental, entre elas: a pesquisa ecológica, a educação e reconstituição ambiental; IV. fiscalizar, no âmbito municipal, a legislação referente à defesa florestal, flora e fauna; V. elaborar e submeter à aprovação do Poder Executivo Municipal o plano de aplicação dos recursos de defesa ambiental; VI. analisar e decidir sobre outras questões que lhe forem submetidas pelo Poder Executivo Municipal ou pela SEMAM. Compete ainda ao Conselho, estabelecer normas gerais como: a - O licenciamento para construção, instalação, ampliação e funcionamento de estabelecimentos, equipamentos, pólos industriais, comerciais, turísticos e atividades utilizadoras de recursos ambientais, considerados efetiva ou potencialmente poluidoras, bem pdfMachine - is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! Get yours now! “Thank you very much! I can use Acrobat Distiller or the Acrobat PDFWriter but I consider your product a lot easier to use and much preferable to Adobe's" A.Sarras - USA 64 como as capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental, a ser concedido pela Coordenadoria de Controle e Análise Ambiental da SEMAM; b - O licenciamento de atividades poluidoras, a ser concedido pelo Departamento de Controle e Análise Ambiental da SEMAM; c - O atingimento dos objetivos preconizados na Política Municipal do Meio Ambiente; d - O controle da poluição nas várias formas, inclusive por veículos automotores; e - O controle da qualidade do meio ambiente e o uso racional dos recursos naturais; f - A definição de áreas de proteção ambiental, reservas ecológicas, estações ecológicas de especial interesse turístico, preservação permanente, relevante interesse ecológico e outras a serem tombadas pelo Poder Público; g - A fixação de critérios objetivos e de parâmetros para a declaração de áreas críticas ou saturadas; h - O parcelamento de débitos oriundos da aplicação de penalidades. Além destas atribuições, que estão regulamentadas em um único artigo do Código Municipal de Meio Ambiente, encontramos outras de extrema relevância, como a de regulamentar conjuntamente com o chefe do poder executivo, o FMMA – Fundo Municipal de Meio Ambiente, tendo por objetivo financiar planos, programas, projetos, pesquisas e tecnologias que visem ao uso racional e sustentado dos recursos naturais, bem como a implementação de ações voltadas ao controle, à fiscalização, à defesa e à recuperação do meio ambiente, observadas as diretrizes da Política Municipal de Meio Ambiente. O COMAM funcionará também como instância recursal da aplicação de sanções administrativas, bem como será responsável pela regulamentação da tramitação do recurso, até sua decisão final. pdfMachine - is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! Get yours now! “Thank you very much! I can use Acrobat Distiller or the Acrobat PDFWriter but I consider your product a lot easier to use and much preferable to Adobe's" A.Sarras - USA 65 Outra importante inovação é com relação a sua composição, pois, quando de sua criação, 8 conselheiros, compunham o colegiado. Com a nova Lei, a composição tornou-se mais ampla e diversificada, com representantes assim distribuídos: presidente: secretário de Meio Ambiente, 6 membros natos representantes da Secretaria de Saúde, Educação, Administração, Infra-Estrutura, Habitação e Urbanismos, Procuradoria do Município, 2 membros da Câmara Municipal e representantes de outras entidades, sendo: um representante da Secretaria Estadual do Meio Ambiente, Recursos Hídricos e Minerais do Estado do Tocantins; Um representante do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente – IBAMA; um representante do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia – CREA; um representante dos discentes da Faculdade Integrada de Ensino Superior de Colinas do Tocantins; um representante dos docentes da Faculdade Integrada de Ensino Superior de Colinas do Tocantins; um representante da Associação Comercial, Industrial e prestacional de Colinas do Tocantins; um representante dos Bairros de Colinas do Tocantins; um representante de qualquer entidade civil ligada ao movimento ecológico, totalizando assim 17 membros. Quanto à forma de seleção dos membros pelas entidades, a lei não estabelece nenhum critério específico, apenas aqueles do governo, que são os seus respectivos secretários. A análise destas normas referentes ao COMAM, sem dúvida alguma, lhe impõe inúmeros desafios que precisam ser superados. Para que possa cumprir a magnitude de suas atribuições, é imperioso, que este Conselho conte com um quadro próprio de recursos humanos, disponha de espaço físico e operacional, e possa disponibilizar de recursos orçamentários próprios, garantindo-lhe assim, maior autonomia financeira. Outro ponto, a ser superado é da forma de indicação dos membros, sejam eles do governo ou de outras entidades. O método da indicação é extremamente frágil, uma vez que esse conselheiro passa a comportar-se como um mero porta-voz de sua entidade. O ideal é que pdfMachine - is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! Get yours now! “Thank you very much! I can use Acrobat Distiller or the Acrobat PDFWriter but I consider your product a lot easier to use and much preferable to Adobe's" A.Sarras - USA 66 esse assento fosse discutido por todos e que pessoas com afinidade e comprometidas com a causa ambiental fossem os escolhidos. Mas isto não é tudo, necessário se faz também, uma capacitação para que possam ter uma atuação mais adequada, podendo dominar os temas da área ambiental e decidir com mais propriedade. pdfMachine - is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! Get yours now! “Thank you very much! I can use Acrobat Distiller or the Acrobat PDFWriter but I consider your product a lot easier to use and much preferable to Adobe's" A.Sarras - USA 67 CAPÍTULO 3 – A AÇÃO DOS CONSELHOS NA ÁREA DE SAÚDE E EDUCAÇÃO EM PESPECTIVA COMPARADA COM A ÁREA AMBIENTAL A terra também grita sob a máquina depredadora e mortífera do nosso modelo de sociedade e de desenvolvimento. Leonardo Boff A análise da gestão local tem sido orientada por um conjunto de incertezas e indefinições acerca dos fatores explicativos associados ao seu desempenho. Ou seja, após a descentralização, em curso no País, nos últimos anos, não existem dúvidas sobre o fato de que os municípios vêm assumindo maior autonomia e mais responsabilidades na provisão de bens e serviços públicos (ainda que de forma seletiva e na medida de suas possibilidades). Com a reforma de eleições diretas para todos os níveis de governo e a desconcentração fiscal instituída com a Constituição de 1988, recuperaram-se as bases do Estado federativo. A autoridade política dos governadores e dos prefeitos foi expandida expressivamente, sobretudo com relação aos recursos federais, mediante a redistribuição tributária. Acrescente-se o fato de que os municípios foram declarados entes federativos autônomos, o que implica que um prefeito é autoridade soberana em sua circunscrição. Essa recuperação das bases federativas do Estado brasileiro, mediante a qual o governo federal vem delegando grande parte das funções de implementação das políticas sociais, vêm-se imprimindo efeitos no desempenho da gestão pública municipal. Mudou a relação entre a esfera federal e as esferas subnacionais com a nova correlação de forças promovida pela descentralização. A gestão pública brasileira apresenta hoje um caráter difuso, gerador de uma fragmentação de poder, em que os políticos locais têm espaço próprio para desempenhar sua capacidade de gestor. pdfMachine - is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! Get yours now! “Thank you very much! I can use Acrobat Distiller or the Acrobat PDFWriter but I consider your product a lot easier to use and much preferable to Adobe's" A.Sarras - USA 68 Paradoxalmente, a maioria dos pequenos municípios do País permanece fortemente dependente dos governos federal e estadual, além de exibirem, em sua maior parte, um déficit orçamentário e uma incapacidade de investimento. A reduzida produtividade das bases tributárias próprias, em termos de geração de receitas - que vinha sendo historicamente compensada por transferências negociadas de recursos estaduais e federais no modelo anterior - atualmente, configura um quadro de fragilidade financeira. Dessa forma, o município é continuamente pressionado a assumir encargos tradicionalmente debitados ao governo federal como aqueles ligados à implementação das políticas sociais e também aqueles ligados à infra-estrutura urbana de suporte. Conter gastos e equilibrar o orçamento tem sido apontado como a forma possível, mas também, a tarefa árdua dos governos para viabilizar o investimento público. Esse quadro que parece constituir um limite ao processo de descentralização em curso no País expressa, contudo, a realidade na qual estão inseridos os municípios mais pobres. Tal modo de perceber as limitações da gestão municipal, por sua incapacidade de investimento, conduz a que se analise a forma como os municípios se inserem na proposta federal de descentralização das políticas públicas, mediante sua adesão aos programas sociais e, por conseqüência, ao modelo que institui a criação dos conselhos gestores setoriais Das leituras que se fez (e ainda se faz), para um colegiado funcionar bem e ser caracterizado como conselhos de políticas setoriais, recorre-se de maneira sintética ao texto de Tatagiba, A institucionalização da participação (2002:47-48), que afirma: os conselhos de políticas são aqueles ligados às políticas públicas mais estruturadas ou concretizadas em sistemas nacionais. São, em geral, previstos em legislação nacional e são considerados parte integrante do sistema nacional, com atribuições legalmente estabelecidas no plano da formulação e implementação das políticas na respectiva esfera governamental. [...] São também concebidos como fóruns públicos de capacitação de demandas e negociação de interesses específicos dos diversos grupos sociais e como uma forma de ampliar a participação dos segmentos com menos acesso ao aparelho do estado. Neste grupo situam, ainda segundo a autora, os Conselhos de Saúde, de Assistência Social, de Educação, de Direitos da Criança e do Adolescente (TATAGIBA, 2002:49). pdfMachine - is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! Get yours now! “Thank you very much! I can use Acrobat Distiller or the Acrobat PDFWriter but I consider your product a lot easier to use and much preferable to Adobe's" A.Sarras - USA 69 Certamente, as gestões municipais têm se sucedido, ostentando variados desempenhos e apresentando diferentes resultados, sob a aprovação ou a desaprovação dos cidadãos, concernentes a efetivação dessas políticas públicas. No entanto, existe quase uma unanimidade em torno da idéia de que a participação concreta dos segmentos populares no processo decisório referentes às decisões é condição básica para efetivação da gestão e, dessa maneira, os recursos seriam destinados mais eficientemente e o controle da aplicação dos mesmos seria da forma mais ampla possível. A abertura de novos canais de comunicação, entre a sociedade civil e o poder político local, é entendida, assim, como instrumento fundamental da gestão pública local, evidenciando inusitados aspectos da dinâmica política da sociedade civil. Nos municípios, os conselhos gestores têm sido vistos como "um dos principais resultados das recentes reformas municipais, que têm buscado instaurar um regime de ação política de tipo novo, com uma maior interação entre o governo e a sociedade" (GOHN, 2001:83). Seguindo a mesma argumentação, acredita-se que os conselhos gestores são importantes porque são originários de lutas e demandas populares e de pressões da sociedade civil, a despeito de sua inserção na esfera pública ter sido efetivada por força de lei, de modo integrado a órgãos governamentais vinculados ao poder executivo. A rigor, essa condição não parece se apresentar como impeditivo a que os conselhos sejam compostos por legítimos representantes do poder público e da sociedade civil organizada, nem a que eles atuem responsavelmente nas áreas específicas ou controlem efetivamente as ações públicas. Sobre esse aspecto, tem-se afirmado que tais experiências se constituem num efetivo fortalecimento da capacidade institucional do município, mas até que ponto essa capacidade constitui um patrimônio organizacional capaz de empreender ações coletivas sustentáveis ou pdfMachine - is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! Get yours now! “Thank you very much! I can use Acrobat Distiller or the Acrobat PDFWriter but I consider your product a lot easier to use and much preferable to Adobe's" A.Sarras - USA 70 se manifesta de modo permutável, circunstancialmente, conforme as singularidades políticas de cada gestão? Na perspectiva de analisar a influência da atuação dos conselhos gestores no desempenho das gestões municipais, duas questões surgem como importantes: a) os conselhos gestores constituem elementos fundadores de um novo padrão Estado x Sociedade, com vista à melhoria do desempenho da gestão; b) os conselhos gestores são uma das formas de constituição de esferas públicas democráticas. Entre os conselhos gestores de políticas sociais em Colinas do Tocantins, identificamos, pelo menos, um ponto de convergência: há um claro predomínio dos gestores em todos os momentos do processo decisório. A esse respeito, o Conselho Municipal de Saúde de Colinas do Tocantins (CMSC) é o que apresenta a mais bem equilibrada distribuição de iniciativa política. Ainda assim, pode-se facilmente perceber que, embora em minoria, os atores governamentais controlam a iniciativa do debate neste conselho. No entanto a participação dos membros de outros segmentos é bastante intensa, há sempre um representante desse segmento que se levanta contra as propostas apresentadas pelos representantes do governo, porém na hora da votação são sempre vencidos. Isso ocorre, em parte, devido ao papel central que o gestor tem ocupado na mesa diretora, na permanente condição de presidente do conselho, abrindo, frequentemente, o debate referente aos assuntos em pauta nas reuniões. No caso do CMSC e do COMAM, o presidente são os Secretários Municipais das respectivas pastas. Isso também revela o peso do conhecimento técnico na dinâmica da instituição, que confere aos assessores técnicos um papel decisivo na disseminação da informação a respeito das ações e dos programas governamentais, assim como dos aspectos técnicos envolvidos em assuntos específicos de interesse do conselho. pdfMachine - is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! Get yours now! “Thank you very much! I can use Acrobat Distiller or the Acrobat PDFWriter but I consider your product a lot easier to use and much preferable to Adobe's" A.Sarras - USA 71 O CME é um bom exemplo do que foi descrito acima, apesar de não ser o Secretário Municipal de Educação o seu presidente, é conduzido por um representante da Faculdade local, a quem cabe a apresentação das propostas e programas de governo municipal. O que, no entanto, nos impede de realizar uma avaliação conclusiva a respeito da influência de cada segmento no processo decisório do CMSC e CME é o fato de que praticamente todas as propostas encaminhadas foram aprovadas. Vale perguntar, portanto, por que o Conselho teria como regra aprovar as propostas apreciadas em suas reuniões. Podemos, aqui, apenas especular. Supondo, por exemplo, que o Conselho tende a estruturar sua agenda com temas e propostas que estejam em sintonia com os interesses da maioria de seus membros, excluindo temas não consensuais. Podemos igualmente supor que determinados setores consigam “impor”, na agenda do conselho, os temas que atendem apenas aos seus próprios interesses. Em ambos os casos, a influência é exercida no processo de constituição de um “filtro”, o qual define quais as questões estarão presentes e quais serão excluídas do processo decisório (COBB e ROSS, 1997). Sem o exame do processo de formação da agenda, não é possível avaliar em que medida os interesses de cada segmento foram atendidos mediante a inclusão e a exclusão de determinados assuntos na pauta de deliberação do conselho. 3.1 AS NORMAS E OS DESENHOS INSTITUCIONAIS DO CONSELHO MUNICIPAL DE SAÚDE E DO CONSELHO MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO DE COLINAS DO TOCANTINS 3.1.1 Ano de Criação e Legislações dos Conselhos Municipais de Saúde e Educação Ao analisarmos cronologicamente as Leis de Criação dos Conselhos Municipais de Saúde e Educação em Colinas do Tocantins, percebemos que estes Conselhos remontam, em sua maioria, à década de 90, quando passaram a ser legalmente exigidos. Como mostram as pdfMachine - is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! Get yours now! “Thank you very much! I can use Acrobat Distiller or the Acrobat PDFWriter but I consider your product a lot easier to use and much preferable to Adobe's" A.Sarras - USA 72 Leis de Criação, o CMSC, foi criado pela Lei n° 470/91, posteriormente alterada pela Lei n° 625/96 de 17 de outubro de 1991, posteriormente alterada pela Lei n° 625/96 de 16 de setembro de 1996, tendo seu funcionamento devidamente regulamentado, através da Resolução n° 001/97 que o define como instancia colegiada de natureza permanente com finalidades deliberativas e fiscalizadoras da política de saúde em âmbito municipal. O CME teve sua criação através da Lei 697/99, atribuindo-lhe a função normativa, deliberativa, consultiva e fiscalizadora da política educacional municipal. Em 2007 este conselho também passa por posteriores mudanças, tendo em vista o atendimento à nova lei do FUNDEB, no qual este passa agora a ter uma nova estrutura, composta pela câmara da educação básica e pela câmara do FUNDEB. Quadro 3 – Lei e ano de Criação dos Conselhos e Regimento Interno CONSELHO Lei e Ano de Criação Elab. Do Regimento COMAM Leis n° 704/99 e 999/2008 2005 CMSC Leis n° 470/91 e 625/96 1997 CME Leis n° 697/99 e 986/2007 2003 Fonte: Dados da Pesquisa, 2009 3.1.2 O Desenho Institucional dos Conselhos Municipais de Saúde e Educação: Estrutura e Dinâmica de Funcionamento O Regimento Interno, que para otimizar a leitura, passaremos a chamar de RI, dos Conselhos define normativamente a estrutura e a dinâmica de funcionamento dos mesmos. A lei de criação atribui aos Conselhos a elaboração do RI. De um modo geral, o RI deve ser aprovado em plenário e submetido à apreciação do chefe do poder Executivo que o aprovará por meio de decreto (TATAGIBA, 2004:344). O CMSC publicou o seu através de uma pdfMachine - is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! Get yours now! “Thank you very much! I can use Acrobat Distiller or the Acrobat PDFWriter but I consider your product a lot easier to use and much preferable to Adobe's" A.Sarras - USA 73 Resolução do próprio Conselho, já o CME, através de decreto do prefeito, após discussão em plenário. Uma vez que o RI nos fornece as regras que balizarão o funcionamento dos Conselhos, ao analisá-las em conjunto podemos obter uma radiografia das condições normativas que facilitarão ou não o estabelecimento de dinâmicas mais inclusivas e democráticas no interior destas instituições. Para aferir em que medida as regras que ordenam o CMSC e o CME propiciam relações mais inclusivas e democráticas, analisaremos, além da existência e o ano de elaboração dos RIs, as seguintes informações neles contidas: 1. a estrutura de funcionamento dos Conselhos; 2. a freqüência das reuniões ordinárias e o local onde ocorrem; 3. o número de membros e a existência ou não de paridade entre eles; 4. o mandato e a possibilidade de reeleição dos membros; 5. como são escolhidas as entidades de origem dos conselheiros; 6. quem são e como se elegem os presidentes dos Conselhos; 7. quem propõe a pauta das reuniões do Conselho e como se chegam as decisões. Como já mencionado, a presença ou não destas informações nos permite analisar que tipo de regra estruturará a ação prática dos membros que participam destas instituições. As regras de funcionamento dos CMSC e do CME seguem, de um modo geral, um padrão comum caracterizado pela presença de um Plenário, local onde os membros titulares do Conselho se encontram face a face, debatem o conteúdo da política em questão e, por vezes, deliberam; de uma Secretaria Executiva e Comissões Internas Técnicas, Temáticas e/ou de Trabalho permanentes e/ou temporárias cujas funções são auxiliar e assessorar o plenário em relação a temas específicos relativos às políticas públicas a que eles estão vinculados. pdfMachine - is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! Get yours now! “Thank you very much! I can use Acrobat Distiller or the Acrobat PDFWriter but I consider your product a lot easier to use and much preferable to Adobe's" A.Sarras - USA 74 Quadro 4 – Estrutura de Funcionamento dos Conselhos ESTRUTURA COMAM CMSC CME Possui essa estrutura Possui Possui Secretaria Executiva Não possui Possui Possui Comissões Internas Não possui Possui Possui Plenário Fonte: Dados da Pesquisa, 2009 Quanto à freqüência de reuniões e os locais onde elas ocorrem, podemos afirmar, como mostram os dados do Quadro 5, que o CMSC e o CME realizam reuniões ordinárias mensais, e em ambos os Conselhos são realizadas reuniões extraordinárias, sempre que existe a necessidade de aprovação urgente de algum projeto. Quadro 5 – Quantidade de Reuniões N° de REUNIÕES ANO 2002 COMAM 03 CMSC 08 CME 06 2003 01 07 09 2004 01 05 05 2005 04 06 08 2006 01 09 08 2007 01 04 08 2008 01 06 09 Fonte: Dados da Pesquisa, 2009 É interessante mencionar também que os dois Regimentos não mencionam os locais onde ocorrem as reuniões e/ou funcionam os Conselhos, mas quando o fazem, as reuniões são realizadas nas dependências da Secretaria Municipal de Saúde ou Educação e em outros pdfMachine - is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! Get yours now! “Thank you very much! I can use Acrobat Distiller or the Acrobat PDFWriter but I consider your product a lot easier to use and much preferable to Adobe's" A.Sarras - USA 75 espaços cedidos pela Faculdade Municipal de Colinas - FIESC, indicando possivelmente a ausência de uma infra-estrutura permanente para o funcionamento dos mesmos. Quanto ao número de membros, encontramos certa variação entre os Conselhos gestores. O CMSC possui 20 conselheiros, e o CME, por sua vez, possui 12 membros. Salientando que o COMAM, com sua nova roupagem apresenta um número de 17 representantes. No que se refere à paridade entre os membros do CMS, a maioria deles segue a Lei de Criação que institui que o CMS deve ter um formato tripartite, cuja proporção deve ser de 50% para os representantes dos usuários dos serviços públicos de saúde e os outros 50% divididos entre representantes do governo (25%) e representantes dos prestadores de serviços e dos trabalhadores do setor (25%) (Santos Júnior et. al., 2004, p. 24). No caso do CME, este mais uma vez, segue o que está posto na Lei Federal do FUNDEB, divididos por categorias, tendo a representação dos seguintes segmentos: diretores escolares, técnico-administrativos de Unidades Escolares, dos pais de alunos, dos estudantes, do Conselho Tutelar, da Secretaria de Educação, dos professores, das escolas privadas, das associações de pais e mestres, e da FIESC. No que se refere ao tempo de mandato dos membros dos Conselhos e a possibilidade ou não de reeleição dos mesmos, nos Conselhos analisados, os Conselheiros possuem mandatos de dois anos e podem ser reeleitos. Destacando que diferentemente do COMAM, que tem prazos distintos de mandatos para os conselheiros, neste o tempo é de dois anos para todos os membros. A forma como são escolhidas as entidades de origem dos conselheiros revela-se um dado importante na medida em que ela informa como se constitui a representação no interior dos Conselhos e a legitimidade da mesma. Como se sabe, a participação nestes espaços ocorre via representação dos segmentos envolvidos. No caso do governo, ela se realiza, em geral, por pdfMachine - is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! Get yours now! “Thank you very much! I can use Acrobat Distiller or the Acrobat PDFWriter but I consider your product a lot easier to use and much preferable to Adobe's" A.Sarras - USA 76 agentes públicos titulares de cargos de direção na Administração direta ou indireta, por responsáveis pelas áreas das políticas sociais e por outros que atuam nas áreas afins. No caso da sociedade civil, a representação ocorre mediante a escolha, entre os pares, nas entidades e organizações não-governamentais prestadoras de serviço, de defesa de direitos, movimentos, associações comunitárias, sindicatos e associação de usuários (MOREIRA, 1999 apud TATAGIBA, 2004:50-51). De um modo geral, todos os RIs analisados seguem um padrão comum de escolha dos representantes: aqueles que representam o governo devem ser escolhidos pelo chefe do poder Executivo e/ou pelos órgãos vinculados a este poder; os representantes dos trabalhadores de saúde e dos prestadores de serviços de saúde são escolhidos e/ou indicados pelas respectivas organizações envolvidas. Tal escolha e/ou indicação pode ser feita pelos dirigentes das mesmas ou em assembléias próprias. No caso dos representantes dos usuários, eles (as) devem ser indicados pelas assembléias das respectivas entidades de origem. No CME, apenas os representantes do SINTET – Sindicato dos Trabalhadores em Educação é que está previsto a eleição através de assembléia. Outra característica importante na estruturação dos CMS diz respeito a quem é o presidente e como ele é eleito. Embora a Lei de Criação e/ou o RIs dos Conselhos restrinjam formalmente as atribuições do Presidente, na prática, como apontou Tatagiba (2002:78), em muitos casos é concedido ao presidente à prerrogativa de definir o que será discutido nas reuniões, estabelecendo temas prioritários para a agenda. Sendo assim, acreditamos que a forma de escolha do presidente importa para aferirmos o grau de democratização das relações no interior destas instituições. Ademais, se o ato eleitoral expressa antes de tudo o consentimento do indivíduo para com a liderança (MANIN, 1997:53), a indicação nata do Secretário de Saúde para ocupar o cargo não só fere o princípio representativo, como indica monopólio do cargo pelo pdfMachine - is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! Get yours now! “Thank you very much! I can use Acrobat Distiller or the Acrobat PDFWriter but I consider your product a lot easier to use and much preferable to Adobe's" A.Sarras - USA 77 representante do governo, configurando de antemão a preponderância do governo frente aos demais segmentos que participam dos Conselhos. Embora a presença do Secretário de Saúde ou de seu representante seja imprescindível para a dinâmica de negociação e implementação das diretrizes da política de saúde, avaliamos que esta naturalização precisa ser revista. O CME, neste ponto avançou bastante, desde a sua criação a presidência nunca ficou com o secretário de educação, sempre se deu através de eleição pelos membros, logo após a posse dos conselheiros. Dois outros pontos relevantes na análise das regras que balizam a dinâmica de funcionamento dos Conselhos são: quem propõe a pauta das reuniões e como se chegam às decisões. No que diz respeito a quem propõe a pauta de discussão, é predominante nos Conselhos, a definição ser proposta pelo presidente do conselho ou pelos técnicos das respectivas secretarias. Apenas quando uma discussão é mais calorosa, ou quando é apresentada alguma denúncia no momento da reunião é que temos a manifestação de algum conselheiro que acrescenta algo novo para deliberação. 3.2 A AGENDA POLÍTICA DOS CONSELHOS Os principais temas presentes nas agendas dos Conselhos, certamente giram em torno das aprovações de projetos e propostas apresentadas pelo executivo municipal, no caso do CMSC, por exemplo, grande parte das reuniões foi para discutir a aprovação do Centro de Atenção Psicossocial, do Centro de Especialidades Odontológicas, da reforma do Hospital Municipal e na construção dos postos de saúde. O CME, não se diferenciou do que aconteceu na Saúde, pois manteve como foco principal das discussões e deliberações no Conselho a aprovação da proposta pedagógica da Rede Municipal de Educação, a nova proposta curricular para Educação Infantil, a pdfMachine - is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! Get yours now! “Thank you very much! I can use Acrobat Distiller or the Acrobat PDFWriter but I consider your product a lot easier to use and much preferable to Adobe's" A.Sarras - USA 78 regulamentação das escolas municipais e privadas que atendem a crianças de 3 a 6 anos e na elaboração do Plano Municipal de Educação, ou seja, a maioria das decisões intrinsecamente ligas ao poder local. Quando consideramos apenas as deliberações em que houve controvérsia, seguidas de encaminhamento de mais de uma proposta para votação, o gestor permanece sendo o segmento com maior iniciativa no encaminhamento da proposta original para votação (11 propostas), seguido pelo usuário-sociedade civil (09 propostas). Nesse contexto, o trabalhador - tanto da educação, como o da saúde - torna-se mais ativo, aproximando-se do usuário (07 propostas). Por sua vez, o usuário destaca-se na qualidade de formulador de propostas alternativas (13 propostas), superando o gestor (11 propostas). O que, no entanto, nos impede de realizar uma avaliação conclusiva a respeito da influência de cada segmento no processo decisório do CMSC é o fato de que praticamente todas as propostas encaminhadas foram aprovadas. Vale perguntar, portanto, por que o conselho teria como regra aprovar as propostas apreciadas em suas reuniões. Podemos, aqui, apenas especular, supondo, por exemplo, que ele tende a estruturar sua agenda com temas e propostas que estejam em sintonia com os interesses da maioria de seus membros, excluindo temas não consensuais. Podemos igualmente supor que determinados setores consigam “impor”, na agenda do conselho, os temas que atendem apenas aos seus próprios interesses. Em ambos os casos, a influência é exercida no processo de constituição de um “filtro”, o qual define quais as questões estarão presentes e quais serão excluídas do processo decisório (COBB e ROSS, 1997:64). A análise do processo decisório nesses conselhos indica, portanto, que a explicação baseada exclusivamente nos dados fornecidos pela observação da própria deliberação é insuficiente para entendermos os procedimentos por meio dos quais a influência política é pdfMachine - is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! Get yours now! “Thank you very much! I can use Acrobat Distiller or the Acrobat PDFWriter but I consider your product a lot easier to use and much preferable to Adobe's" A.Sarras - USA 79 exercida. Ao contrário do que esperávamos encontrar no começo desta a pesquisa, a principal certeza que se chega é que os conselhos estudados desempenhavam importantes funções no processo de produção das políticas públicas, embora essa incidência não se desse da forma esperada (ou seja, conforme prevê suas leis de criação e regulamentos internos) e nem de forma homogênea. Constata-se que os conselhos foram encontrando, não sem conflitos, em seu lugar, e seu papel (nem sempre desejado) na divisão do trabalho que envolve a gestão das políticas públicas locais. pdfMachine - is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! Get yours now! “Thank you very much! I can use Acrobat Distiller or the Acrobat PDFWriter but I consider your product a lot easier to use and much preferable to Adobe's" A.Sarras - USA 80 CONSIDERAÇÕES FINAIS E SUGESTÕES Onde não há conselhos fracassam os projetos, mas com os muito conselheiros, há bom êxito. Provérbios 15:22. Agora, de posse desse “ínfimo” panorama da atuação do Conselho Municipal de Meio Ambiente de Colinas do Tocantins, representado pela análise minuciosa de sua produção no período de 2002 a 2008, podemos afirmar que o resultado é de grande relevância, pois não é preciso saborear o bolo inteiro para termos noção ou conhecer o sabor dele. O vocábulo ínfimo, nesse contexto traduz a relação entre o tamanho desta pesquisa com a grandeza do campo de estudo desta tecnologia democrática que se encontra pouco explorada no Tocantins, aliás, no Brasil. O trabalho buscou investigar a trajetória do Conselho desde sua criação em 1999 até hoje, e compreender o lugar e o papel do COMAM no processo de produção da política ambiental no município de Colinas do Tocantins. Ao nortear a pesquisa, decidi fugir da imagem idealizada do conselho, que em um instante o eleva a uma categoria de que tudo pode e em outro instante de que “não tem nenhuma utilidade”. Sei que o desafio era dar conta da complexidade que envolve a atuação dos conselhos que, como bem disse Sônia Draibe (2001), “não se deixam conhecer com facilidade”. No caso do COMAM, o que causou mais admiração foi o longo período para que começasse a funcionar, pois desde a sua criação em dezembro de 1999 até a sua primeira reunião, passaram-se exatos dois anos, sendo o motivo para sua convocação a urgência que o prefeito tinha para aprovar o reajuste tarifário da empresa de abastecimento de água, atuante na cidade. No entanto, foi através desta primeira convocação que o conselho começou a entender definitivamente o seu papel, e já na segunda reunião, foi debatido de forma intensa a pdfMachine - is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! Get yours now! “Thank you very much! I can use Acrobat Distiller or the Acrobat PDFWriter but I consider your product a lot easier to use and much preferable to Adobe's" A.Sarras - USA 81 questão do abastecimento de água do setor Santo Antônio, pois lá os moradores estão consumindo esta água sem nenhuma forma de tratamento, o que vem gerando inúmeros transtornos de saúde daquele bairro. Detectou-se nesse estudo que o perfil dos conselheiros se alteram significativamente, quando muda o gestor municipal. O perfil dos participantes em cada gestão do Conselho se traduz em padrões diferenciados de disputa política, o que ocasionou uma polarização facilmente percebida, ou seja, na primeira gestão as pessoas estão quase que totalmente ligadas ao Partido dos Trabalhadores e na segunda gestão do Conselho, a uma predominância de membros ligados ao grupo da Prefeita Sra. Maria Helena, que é do Partido Progressista. Nos outros conselhos investigados, Saúde e Educação, essa realidade é bem diferente, existem entidades bastante combativas, como por exemplo, o Sindicato de Professores e Profissionais da Saúde que lutaram para participar destes conselhos, rejeitando a influência político partidária vigente na cidade. Na recente trajetória do Conselho Municipal de Meio Ambiente, foi possível investigar dois momentos distintos. A primeira fase, que vai de 2002 a 2004, o que caracteriza a primeira gestão, é um caráter muito intenso de compartilhamento entre usuários e governo para aprovação de reajuste tarifário proposto pela SANEATINS, bem como a estruturação de sua composição (indicação dos membros). Neste período houve eleição direta para escolha dos membros representantes dos usuários e decisão sobre a realização das reuniões. Dois temas estiveram sempre presentes nas reuniões: a questão do não fornecimento de água tratada aos moradores do bairro Santo Antônio, e apuração de denúncias, referente à ligação clandestina na rede de esgoto. A segunda fase se inicia com a nova gestão do Conselho, setembro de 2005 – segunda gestão -, com a saída de quase todos os membros da primeira gestão, tanto do governo, como dos Usuários, permanecendo apenas o representante da SANEATINS. Essa pdfMachine - is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! Get yours now! “Thank you very much! I can use Acrobat Distiller or the Acrobat PDFWriter but I consider your product a lot easier to use and much preferable to Adobe's" A.Sarras - USA 82 fase foi mais dinâmica, a temática ambiental esteve mais fortemente presente. Temas como Agenda 21 do município, a inadequação do local de funcionamento do Lixão, a contaminação dos córregos Bacabinha, Sinhá e Marajá, possibilidade de criação de cooperativa para as famílias que vivem no lixão, bem como o impacto ambiental que vem causando o frigorífico União e o Curtume, foram alvo de bastante discussão, que culminaram em ações efetivas no Município. Somando-se ao exercício de comparar o conselho consigo mesmo ao longo da sua história, importante também foi a comparação com outros Conselhos que já existiam em nosso município, no caso os Conselhos Municipais da Saúde e Educação. Concluímos que embora não tenha tanta efetividade como este, já avançou significativamente, pelo menos no que se refere à questão legal. Assim fizemos uma análise minuciosa sobre estes conselhos, tanto no aspecto institucional, organizacional e capacidade deliberativa destes. Assim, tratou-se da questão da participação política em termos da capacidade dos atores de influenciar o processo decisório. Inicialmente, avaliou-se a possibilidade de que o real exercício da influência política seja definido, em termos do resultado concreto do conflito político, indicado pelo sucesso de determinados atores no processo decisório, independentemente da posição institucional e, em consequência, dos recursos de que dispõem. Em seguida, consideramos a hipótese de que a posse de determinados recursos explicaria a distribuição da participação política nos conselhos gestores de políticas públicas em Colinas do Tocantins. Nossas conclusões indicaram que os recursos são condições necessárias, mas não suficientes para que haja participação e o exercício efetivo da influência política, já que os atores com menos recursos tinham uma atuação mais intensa e eficaz dentro dos conselhos do que outros que possuíam uma quantidade maior de recursos de diversas naturezas. pdfMachine - is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! Get yours now! “Thank you very much! I can use Acrobat Distiller or the Acrobat PDFWriter but I consider your product a lot easier to use and much preferable to Adobe's" A.Sarras - USA 83 Por fim, levamos em consideração os fatores que configuram os contextos (interno e externo), nos quais os conselhos se inserem, e “estruturaram”, em alguma medida, os distintos padrões de ação e interação no interior dessas instituições. A introdução desses fatores na análise permitiu, a nosso ver, superar as limitações das abordagens que levam em conta apenas interações observáveis no processo decisório ou os recursos possuídos pelos atores políticos. Desse ponto de vista, pensar a influência política exclusivamente em termos de recursos ou de interferência direta no processo decisório seria reduzir a explicação de tal fenômeno a um formalismo incapaz de dar conta das circunstâncias reais em que as arenas se estruturam e o processo decisório se desdobra. Na mesma linha de raciocínio, podem-se apontar outros fatores, alem de todos aqueles já mencionados nestas considerações finais, que venham a comprometer o pleno exercício da autonomia legal por parte do COMAM, previsto na Lei Municipal 999/2008, quais sejam: 1) A ausência de estrutura organizacional autônoma. O COMAM não possui estrutura organizacional própria, pois se encontra funcionalmente no prédio da Secretaria Municipal de Meio Ambiente. Tal fato de per si não se configura em problema grave, tendo em vista que essa é uma pratica comum na maioria das esferas da administração pública. Porém pode comprometer quando se estabelece uma relação de dependência que compromete a isenção necessária para o exercício pleno de sua autonomia. 2) A ausência de quadro de pessoal autônomo. Todas as atividades realizadas pelo Conselho contam com apoio de profissionais que lhe são designados por outros órgãos da prefeitura. Não há, pois, um processo de seleção pdfMachine - is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! Get yours now! “Thank you very much! I can use Acrobat Distiller or the Acrobat PDFWriter but I consider your product a lot easier to use and much preferable to Adobe's" A.Sarras - USA 84 especifico para o ingresso no quadro de servidores do COMAM, e nem um programa de formação continuada para tais profissionais. 3) Ausência de Autonomia Financeira do COMAM. O COMAM é um dos poucos conselhos que tem em sua estrutura um Fundo Municipal que visa financiar planos, programas e projetos ligados a sustentabilidade ambiental. No entanto, na pratica o Fundo não existe e no orçamento municipal não há previsão de destinação de recursos para o conselho, ficando sempre na dependência da prefeitura e da secretaria municipal de meio ambiente, o que compromete significativamente o efetivo exercício de sua autonomia. 4) Ausência de autonomia administrativa. A pesquisa comprova igualmente que da mesma forma em que a autonomia financeira é inexistente, também é o mesmo fim da autonomia administrativa, tendo em vista que todos os seus atos devem ser previamente apresentados ao Secretario Municipal de Meio Ambiente. Na análise comparativa com os outros conselhos (Educação e Saúde), afirmamos no início que nosso objetivo não era defender uma relação de exclusão, mas de complementaridade, tendo em vista que essa análise servirá apenas para identificar os limites e as possibilidades que deverão ser superadas pelo COMAM, a fim de que se torne um efetivo canal de participação popular, ou seja, vislumbrar no “fazer” dos outros conselhos os caminhos para conquistar sua autonomia constitucional. Agora, nos resta a grande expectativa de como será a terceira fase de gestão do conselho, tendo em vista, todas as inovações trazidas pela da Lei nº. 999/08, que instituiu o Código Municipal de Meio Ambiente, ampliando, significativamente suas atribuições e o colocando como um canal de formulador da política municipal do meio ambiente. pdfMachine - is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! Get yours now! “Thank you very much! I can use Acrobat Distiller or the Acrobat PDFWriter but I consider your product a lot easier to use and much preferable to Adobe's" A.Sarras - USA 85 Dessa forma, formularam-se algumas sugestões que podem ser consideradas para um funcionamento justo e competente do Conselho Municipal de Meio Ambiente: Capacitação de todos os conselheiros promovida pela FIESC, através dos professores que são mestres em ciências do ambiente, possibilitando assim uma participação mais consistente; Parceria com o núcleo de práticas jurídicas da FIESC, disponibilizando acadêmicos do curso de Direito para prestar assessoria na área jurídica, bem como na redação de instrumentos normativos e resoluções; Criação de um cargo de assessor técnico aos membros do COMAM, para esclarecimento de ordem técnica, sempre que o conselho entendesse necessário; Ampliar os mecanismos de comunicação do COMAM com a sociedade, dando espaço a manifestação de todos os segmentos ali representados, através dos canais de comunicação oficial do município, site da FIESC e imprensa local. Esse material informativo seria elaborado pelos acadêmicos do curso de Letras da FIESC; Definir rubrica orçamentária para o COMAM e destinar recursos para que tenha autonomia financeira e possa executar suas atribuições de maneira efetiva. Para assessorar nesta tarefa, seriam disponibilizados estagiários do curso de Contabilidade da FIESC; Criação de processo de monitoramento das decisões tomadas pelo COMAM e da avaliação da efetividade de suas decisões. Portanto, a maior contribuição que o COMAM, pode trazer para a democratização das instituições no município de Colinas do Tocantins é servir como um espaço público de participação da cidadania, permitindo que os pensamentos plurais se apresentem e que os pdfMachine - is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! Get yours now! “Thank you very much! I can use Acrobat Distiller or the Acrobat PDFWriter but I consider your product a lot easier to use and much preferable to Adobe's" A.Sarras - USA 86 conflitos ganhem visibilidade. Assim, ele precisa ser uma instância de negociação real, instrumento de controle da sociedade para discussão e aprovação de políticas ambientais e não apenas um órgão controlado pelo Poder Executivo local. Não se pretendeu aqui esgotar todas as possibilidades de resgate da história do COMAM, nem de identificar toda a sua capacidade de influenciar a formulação de políticas públicas na área ambiental no município de Colinas do Tocantins, descortinadas no desenrolar desta atividade. Por isso, muitas outras possibilidades para futuras pesquisas estão postas, e certamente este trabalho cumpre com o seu propósito de ser um ponto de partida e não de chegada. pdfMachine - is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! Get yours now! “Thank you very much! I can use Acrobat Distiller or the Acrobat PDFWriter but I consider your product a lot easier to use and much preferable to Adobe's" A.Sarras - USA 87 REFÊRENCIAS ABRUCIO, F.L.; COUTO, C.G. A Redefinição do Papel do Estado no Âmbito Local. São Paulo, Cortez, 1996. ACSELRAD, H. Cidade, Ambiente e Política – Problematizando a Agenda 21 local. Rio de Janeiro: Garamond, 2006. ____________. Repensando o CONAMA: Elementos para discussão – Projeto Meio Ambiente e Democracia, Ibase. Rio de Janeiro, 1995. ALONSO, A. e COSTA, V. Ciências Sociais e Meio Ambiente no Brasil: um balanço bibliográfico. BIB - Revista Brasileira de Informações Bibliográficas em Ciências Sociais, ANPOCS. No. 53, 1º semestre de 2002, pp.35-78. AZAMBUJA, D. Teoria Geral do Estado. 29. Ed. São Paulo: globo, 1992. BARBIERI, J.C. Desenvolvimento e Meio Ambiente: As Estratégias de Mudanças da Agenda 21. Rio de Janeiro: Vozes, 2000. BOBBIO, N. O Futuro da Democracia. 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(Cadernos do Observatório, 31). pdfMachine - is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! Get yours now! “Thank you very much! I can use Acrobat Distiller or the Acrobat PDFWriter but I consider your product a lot easier to use and much preferable to Adobe's" A.Sarras - USA 90 ____________. Movimentos sociais e sistema político: os desafios da participação. São Paulo: Polis/PUC-SP, 2005 (Cadernos do Observatório, 25). VIOLA, E. O movimento ambientalista no Brasil (1971-1991): da denúncia à conscientização pública para a institucionalização e o desenvolvimento sustentável. In GOLDENBERG, M. (ed.). Ecologia, ciência e política. Rio de Janeiro: Revan, 1992 pdfMachine - is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! Get yours now! “Thank you very much! I can use Acrobat Distiller or the Acrobat PDFWriter but I consider your product a lot easier to use and much preferable to Adobe's" A.Sarras - USA 91 ANEXOS pdfMachine - is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! Get yours now! “Thank you very much! I can use Acrobat Distiller or the Acrobat PDFWriter but I consider your product a lot easier to use and much preferable to Adobe's" A.Sarras - USA 92 Anexo 1: Questões norteadoras das Entrevistas TÓPICO 1- identidade 2- Recursos Humanos 3- Recursos Financeiros 4- Hierarquia Organizacional 5-Publitização 6- Função 7- Material de apoio 8- Instalações Físicas AOS SECRETÁRIOS MUNICIPAIS AOS CONSELHEIROS (REP. USUÁRIOS) AOS CONSELHEIROS (REP. GOVERNO) Para o (a) senhor (a), o que é o COMAM? Quantos são os servidores que prestam serviço no COMAM? Este número é suficiente? Acontece formação continuada para esses servidores? Como? Para o (a) senhor (a), o que é o COMAM? Você tem conhecimento de como acontece à indicação dos servidores que atuam no COMAM? Para o (a) senhor (a), o que é o COMAM? Você tem conhecimento de como acontece a indicação dos servidores que atuam no COMAM? O COMAM elabora sua proposta orçamentária? O (a) senhor (a) conhece a forma que é elaborada a proposta orçamentária do COMAM? O senhor (a) considera que recursos existentes e disponíveis ao COMAM, são suficientes para executarem as suas tarefas? O (a) senhor (a) conhece a forma que é elaborada a proposta orçamentária do COMAM? O senhor (a) considera que recursos existentes e disponíveis ao COMAM, são suficientes para executarem as suas tarefas? O (a) senhor (a), considera que os atos realizados pelo COMAM, são publicados de forma eficiente para o conhecimento da sociedade? O (a) senhor (a), considera que os atos realizados pelo COMAM, são publicados de forma eficiente para o conhecimento da sociedade? O (a) senhor (a) julga necessário que o COMAM esteja mais próximo da sociedade? O (a) senhor (a) julga necessário que o COMAM esteja mais próximo da sociedade? O (a) senhor (a) considera importante que o COMAM tenha sua sede própria? O (a) senhor (a) considera importante que o COMAM tenha sua sede própria? (Se não) como suas necessidades são supridas? Numa hierarquização de órgãos: governo executivo, SEMAM e COMAM, qual seria a posição do COMAM? Como o COMAM torna suas ações conhecidas pelo sistema? Segundo o regimento do conselho, o órgão teria uma revista.Ela existiu? Como era essa revista?O COMAM é um dos conselhos que ainda não possui pagina eletrônica. Por que? Quando o COMAM estava mais próximo da sociedade? Como o COMAM é suprido de material de consumo? O COMAM ainda não possui sede própria. O prédio atual supre as necessidades da casa? Onde o COMAM já fixou sede? pdfMachine - is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! Get yours now! “Thank you very much! I can use Acrobat Distiller or the Acrobat PDFWriter but I consider your product a lot easier to use and much preferable to Adobe's" A.Sarras - USA 93 Anexo 2: Questionário aplicado aos Conselheiros QUESTIONÁRIO APLICADO AOS CONSELHEIROS SESSÃO A : DADOS PESSOAIS A1- Idade: ( ) entre 18 e 30 anos ( ) entre 31 e 40 anos ( ) entre 41 e 50 anos ( )mais de 50 anos A2- Sexo: ( ) Feminino ( ) Masculino A3- Estado Civil: ( ) Casada(o) ( ) Solteira(o) ( ) União estável ( ) Outros: ____________________ SESSÃO B: DADOS PROFISSIONAIS E EDUCACIONAIS B4- Qual a sua ocupação ? ( ) Está trabalhando ( ) Não está Trabalhando ( ) Está estudando ( ) Aposentado B5- Qual a sua renda mensal? ( ) até 600 ( ) até 1200 ( ) acima de 3000 ( ) Não respondeu ( ) até 2400 B6- Quanto à escolaridade: ( ) Fundamental Incompleto ( ) Fundamental completo ( ) Ensino Médio ( ) Nível superior ( ) Pós- graduado Outros: ____________________ pdfMachine - is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! Get yours now! “Thank you very much! I can use Acrobat Distiller or the Acrobat PDFWriter but I consider your product a lot easier to use and much preferable to Adobe's" A.Sarras - USA 94 SESSÃO C: AUTO AVALIAÇÃO SOBRE ATUAÇÃO NO CONSELHO C7- Qual o segmento que você representa? ( ) Segmento do Governo Municipal ( ) Usuário ( ) Legislativo Municipal. C8- Como avalia a sua participação nas reuniões do conselho? ( ) Participei ativamente ( ) Participei de algumas reuniões ( ) Não participei de nenhuma reunião. C9- Em sua opinião a convocação para a reunião do Conselho foi satisfatória? ( ) Sim ( ) Não C10- Se SIM, quais os fatores que influenciaram? ( ) Uma boa rede de comunicação ( ) Clareza da convocação, quanto ao local, dia e hora da reunião ( ) Foi recebida em tempo hábil Outros:______________ C11- Você levou alguma problemática ambiental para ser discutida no Conselho? ( ) Sim ( ) Não C12- Qual a forma de sua indicação para participar no Conselho? ( ) Indicação do representante legal ( ) Eleição interna ( ) Outros:__________ C13- Na sua opinião as decisões que foram tomadas no Conselho incidiram sobre as políticas públicas ambientais no Município? ( ) Sim ( ) Não C14- Como você representa o seu órgão ou Instituição? ( ) Na condição de delegado( porta-voz, embaixador) ( ) Tenho poder de agir com uma certa liberdade, em nome e por conta dos representados pdfMachine - is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! Get yours now! “Thank you very much! I can use Acrobat Distiller or the Acrobat PDFWriter but I consider your product a lot easier to use and much preferable to Adobe's" A.Sarras - USA 95 C15- Caso considere necessário, faça um breve relato da sua atuação no Conselho, bem como sua percepção a respeito da entidade e da sua importância para o Município de Colinas: ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ pdfMachine - is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! Get yours now! “Thank you very much! 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