Versão online: http://www.lneg.pt/iedt/unidades/16/paginas/26/30/185 Comunicações Geológicas (2014) 101, Especial I, 543-546 IX CNG/2º CoGePLiP, Porto 2014 ISSN: 0873-948X; e-ISSN: 1647-581X Estudo palinostratigráfico da sondagem ETA 72 do Karoo Inferior da Bacia Carbonífera de Moatize-Minjova, Moçambique: resultados preliminares Palynostratigraphical study of the ETA 72 borehole from the Lower Karoo rocks in the Moatize-Minjova Coal Basin, Mozambique: preliminary results Z. Pereira1*, G. Lopes1,2, P. Fernandes2, J. Marques3 Artigo Curto Short Article © 2014 LNEG – Laboratório Nacional de Geologia e Energia IP Resumo: Apresentam-se os primeiros dados palinostratigráficos (pólenes, esporos, algas e acritarcas) dos níveis superiores da Formação Tilítica de Vúzi e dos sedimentos pós-glaciogénicos da Formação Gresosa de Moatize, presentes na sondagem ETA 72, recolhida no Karoo Inferior da Bacia Carbonífera de MoatizeMinjova, em Moçambique. Apesar de duas associações palinológicas terem sido identificadas (Associação I - Formação de Vúzi e Associação II - Formação de Moatize), ambas possuem a mesma idade, pertencendo ao Kunguriano/Roadiano (Pérmico Inferior Médio). O estudo palinostratigráfico desta e de outras sondagens recolhidas nesta parte da bacia tem como principais objetivos datar o final da glaciação do Paleozóico Superior no Supercontinente Gondwana e compreender a geologia e estrutura da bacia em profundidade, especialmente das camadas de carvão exploradas. Novos dados são esperados com a continuação deste estudo. Palavras-chave: Palinostratigrafia, Karoo Inferior, Pérmico, Esporos e Pólenes, Bacia Carbonífera de Moatize-Minjova. Abstract: The first palynostratigraphical data collected from borehole ETA 72 of the Lower Karoo of the Moatize-Minjova Coal Basin are here presented. Two palynological assemblages were collected from the upper glacial sediments of Vúzi Tillite Formation and lower post-glacial sediments of Moatize Sandstone Formation, respectively, both yielding a Kungurian/Roadian (Lower - Middle Permian) age. The main objectives of this palynostratigraphical study which also involves the study of several other boreholes drilled in this part of the basin, is to constrain the age of the end of the Late Palaeozoic Gondwana glaciation in Mozambique and to better understand the subsurface geology and structure of the MoatizeMinjova Coal Basin, especially the correlation of the exploited coal seams. New data are expected during the course of this study. Keywords: Palynostratigraphy, Lower Karoo, Permian, Spores and Pollen, Moatize-Minjova Coal Basin. 1 LNEG-LGM, Rua da Amieira, Ap. 1089, 4466-901 S. Mamede Infesta, Portugal. 2 CIMA — Centro de Investigação Marinha e Ambiental, Universidade do Algarve, Campus de Gambelas, 8005-139 Faro, Portugal. 3 Gondwana Empreendimentos e Consultorias, Limitada, Rua B, nº. 233, Bairro da COOP, Caixa Postal 832, Maputo, Moçambique. *Autor correspondente / Corresponding author: [email protected] 1. Introdução O Supergrupo do Karoo (SGK) é uma das mais importantes unidades geológicas da África Austral. Este consiste em duas unidades distintas, uma unidade inferior mais antiga formada por rochas sedimentares de idade Carbónico superior/Triásico, e uma unidade superior e mais recente constituída por rochas ígneas intrusivas e extrusivas de idade Jurássico Inferior e que se relacionam com o início da fase de rifting responsável pela fragmentação do Supercontinente Gondwana. Em Moçambique o SGK está bem representado ao longo do vale do rio Zambeze, na província de Tete, em diversas bacias sedimentares com origem, preenchimento sedimentar e evoluções distintas (Afonso et al., 1998; GTK Consortium, 2006; Vasconcelos & Achimo, 2010). Apesar das diferenças entre as bacias sedimentares do SGK, o estilo tectónico em semi-graben e graben, separados por blocos de tipo horst constituídos por rochas cristalinas do Proterozoico, é uma característica partilhada pelas bacias sedimentares do SGK localizadas ao longo do vale do rio Zambeze. As amostras estudadas neste trabalho correspondem a rochas sedimentares localizadas na Bacia Carbonífera de Moatize-Minjova perto da cidade de Tete (Fig. 1). A Bacia de Moatize-Minjova inclui várias formações sedimentares de natureza clástica depositadas em ambientes continentais que registam importantes mudanças dos ambientes sedimentares, desde ambientes glaciares a pósglaciares característicos da Formação Tilítica de Vúzi posicionada na base da sucessão estratigráfica da Bacia de Moatize-Minjova, ambientes temperados húmidos da Formação Gresosa de Moatize localizada na parte intermédia da sucessão, até ambientes quentes e áridos das unidades do topo da sucessão, Formação Margo-Gresosa de Matinde e Gresosa de Cádzi. Por correlação com os depósitos glaciares da unidade Dwyka da Bacia Principal do Karoo na República da África do Sul, à Formação de Vúzi é-lhe atribuída uma idade de Carbónico superior – Pérmico inferior. À Formação de Moatize, a topo da Formação de 544 Vúzi, é atribuída uma idade de Cisuraliano. Enquanto as Formações de Matinde e de Cádzi pertencerão ao Guadalopiano - Lopingiano Inferior e Lopingiano Médio Triásico Inferior, respectivamente. Os estudos palinológicos do Karoo de Moçambique são muito escassos, conhecendo-se apenas os trabalhos de Verniers et al. (1989) e Mugabe (1999). O primeiro realizado no Graben de Metangula, também conhecido como “Mancha do Lago” na província do Niassa na região norte de Moçambique, e o segundo efetuado na Bacia de Moatize-Minjova na província de Tete. O trabalho de Verniers et al. (1989) fornece alguns dados palinológicos sobre unidades correlacionáveis às abrangidas pela sondagem ETA 72, embora seja difícil estabelecer correlações palinológicas com base nos escassos dados fornecidos nesse trabalho. O trabalho de Mugabe (1999) restringe o seu objeto de estudo aos sedimentos pósglaciares da Formação de Moatize (Série Produtiva) e destes, apenas os níveis superiores desta formação apresentam resultados palinológicos, não sendo possível estabelecer correlações com os dados obtidos neste trabalho pois trata da Formação de Vúzi e dos níveis localizados na base da Formação de Moatize. Os estudos de palinostratigrafia apresentados provêm de amostras da sondagem ETA 72, realizada na Bacia de Moatize-Minjova para trabalhos de prospeção de carvão. O presente trabalho pretende identificar e classificar as associações palinológicas (esporos, pólenes e algas) presentes nas unidades da Bacia de Moatize-Minjova, para se constranger a idade do final da glaciação e dos sedimentos pós-glaciares que incluem várias camadas de carvão (Formação de Moatize). São conhecidas nesta sondagem 3 camadas de carvão de diferentes espessuras (0,36 m; 0,18 m; 1,2 m). Este estudo constitui o início de um projeto mais abrangente que perspetiva compreender melhor a geologia e estrutura da Bacia de Moatize-Minjova em profundidade e correlacionar as diferentes camadas de carvão ao longo da bacia. O trabalho de Lopes et al. (2014) apresenta o estudo palinostratigráfico da Formação de Vúzi, recolhida na sondagem ETA 65. 2. Material e métodos Na sondagem ETA 72 foram recolhidas 14 amostras de siltitos, argilitos e argilitos carbonosos, pertencentes às Formações de Vúzi e de Moatize. Seguiram-se procedimentos estandardizados para a preparação de amostras palinológicas. O resíduo orgânico apresentavase bastante escuro, sendo necessário proceder à oxidação dos resíduos. Das 14 amostras processadas na sondagem ETA 72, 9 revelaram resultados positivos, tendo sido observados palinomorfos (pólenes, esporos, algas e acritarcas) moderadamente preservados. O estudo dos palinomorfos efetuou-se num microscópio de luz transmitida, Olympus BX41, equipado com uma máquina fotográfica Olympus C5050. Os resíduos e lâminas estudadas encontram-se arquivados nas instalações da UGHGC/LNEG. Z. Pereira et al. / Comunicações Geológicas (2014) 101, Especial I, 543-546 Os esquemas biozonais seguidos basearam-se nos esquemas propostos para a Bacia do Karoo por Falcon (1975) (Zimbabwe), Utting (1978) (Zâmbia, Vale do Zambeze), MacRae (1988) (África do Sul) e Modie (2007) (Botswana). Fig.1. Mapa geológico simplificado da Bacia de Moatize, Moçambique, com a localização da sondagem estudada, ETA 72 (Adaptado de GTK Consortium folha nº 1633, Tete, Série Geológica 1:250 000, Direcção Nacional de Geologia, Maputo, 2006). Fig.1. Simplified geological map of the Moatize Basin with the location of the borehole studied, ETA 72 (Adapted from GTK Consortium folha nº 1633, Tete, Série Geológica 1:250 000, Direcção Nacional de Geologia, Maputo, 2006). 3. Resultados e discussão A sondagem ETA 72, com uma profundidade total de 60,38 m, possui desde a base até ao topo, cerca de 10 m de espessura de conglomerados de matriz a clasto suportados intercalados com finas camadas de siltitos e argilitos, pertencentes à Formação de Vúzi; a estas camadas seguem-se cerca de 45 m de espessura de camadas de xistos negros carbonosos, xistos cinzentos e três níveis de carvão da Formação de Moatize. A topo observam-se cerca de 5 m de espessura de xistos meteorizados. Da base para o topo, nesta sondagem as amostras positivas estudadas são: M14 a M9 concernentes à Formação de Vúzi que possuem uma associação tipo I, e as amostras M8 a M1 pertencentes à Formação de Moatize, que têm uma associação de palinomorfos tipo II (Fig. 2). Ambas as associações de palinomorfos (tipo I e tipo II) permitiram a identificação de palinomorfos característicos da fronteira Kunguriano/Roadiano do Pérmico Inferior a Médio. As associações estudadas, apesar de possuírem a mesma idade, mostram diferenças consideráveis. A associação tipo I (Amostras M9 a M14) apresenta uma reduzida percentagem de esporos triletes, destacando-se a presença de raros Cirratriradites africanensis, Cyclogranisporites verrucosus e Punctatisporites sp. e raros esporos monoletes como Laevigatosporites sp. Os pólenes monossacados são relativamente comuns, merecendo destaque as espécies Cannanoropolis janakii, Florinites spp. e Potoniesporites sp., assim como o grupo dos pólenes colpados dos quais se assinalam as espécies, Cycadopites sp., Gnetaceaepollenites sinuosus, Marsupipollenites triradiatus, M. striatus, Vittatina magnus, V. scutata, Vittatina sp., Weylandites lucifer e W. magmus. A associação é dominada por pólenes bissacados (taeniados e não taeniados) das espécies Alisporites ovatus, A. potonie, Palinostratigrafia da Bacia de Moatize-Minjova A. maximus, Alisporites sp., Limitisporites sp., Lunatisporites variasectus, Platysaccus papilionis, Protohaploxypinus goraiensis, P. limpidus, P. hartii, Pteruchipollenites sp., Stratipodocarpites cancellatus, S. fusus e S. gondwanensis. Esta associação apresenta raros palinomorfos aquáticos (algas tipo Leiosphaeridia sp. e os acritarcas Horoginella sp. e Peltacystia spp.). A associação tipo II (Amostras M1 a M8) apresenta uma elevada percentagem de esporos, merecendo destaque a presença das espécies Apiculatisporis sp., Apiculatisporis unicus, Calamospora microrugosa, C. plicata, C. obscura, Cirratriradites africanensis, Fabasporites sp., Horriditriletes curvibaculatus, H. tereteangulatus, H. ramosus, Indotriradites sp., Kraeuselisporites enormis, Laevigatosporites sp., Leiotriletes sp., Leiotriletes directus, Lophotriletes novicus e Microbaculispora sp., assim como de pólenes bissacados (taeniados e não taeniados) de que se assinalam as espécies Alisporites ovatus, A. potonie, A. splendens, Alisporites sp., Illinites sp., Limitisporites sp., Lueckisporites sp., Lunatisporites sp., Platysaccus papilionis, Protohaploxypinus goraiensis, P. limpidus, Pteruchipollenites sp., Stratipodocarpites cancellatus, S. fusus, S. pantii, S. gondwanensis e Vittatina fasciolata. A reduzida quantidade de pólenes monossacados, apenas se reporta aos géneros Canannoropolis, Potoniesporites e Striomonosaccites, assim como do grupo dos pólenes colpados onde apenas foi identificado o género Cycadopites (Cycadopites cymbatus). Foram ainda identificados raros palinomorfos aquáticos (algas tipo Leiosphaeridia sp. e acritarcas da espécie Tetraporina sp.). Em ambas as associações merecem destaque as espécies Gnetaceaepollenites sinuosus, Striatopodocarpites cancellatus, S. fusus e Platysaccus papilionis que permitem datar pela primeira vez os sedimentos do topo da Formação de Vúzi e os níveis inferiores da Formação de Moatize do limite Kunguriano/Roadiano (K/R). Estas espécies são comuns nos esquemas biozonais utilizados relativos à parte inferior do Supergrupo do Karoo, em bacias estudadas na Zâmbia, Botswana, Zimbabwe e África de Sul (Fig. 3). As espécies Striatopodocarpites fusus e Platysaccus papilionis, surgem pela primeira vez no limite K/R no Botswana (base da Biozona KK3 de Modie, 2007 e Modie & Le Hérrisé, 2009). As espécies Kraeuselisporites enormis e Striatopodocarpites cancellatus, surgem pela primeira vez na base da Biozona E, definida por MacRae em 1988 para o Karoo da África do Sul. Na região do Karoo inferior (Grupo Ecca) do Zimbabwe, Falcon (1975) descreve para o limite K/R a presença das espécies Cirratriradites africanensis, Horriditriletes tereteangulatus, Alisporites potonie, Marsupipollenites striatus, Protohaploxypinus goraiensis, P. limpidus e Striatopodocarpites cancellatus. Todas estas espécies guia foram documentadas na Bacia de MoatizeMinjova. A presença de algas e acritarcas pode sugerir a presença de lagos, associada aos tilitos da Formação de Vúzi. A diferença composicional observada nas palinofloras documentadas poderá estar associada às fases de degelo, num período pós-glaciar, com marcadas variações de temperatura, passando de temperaturas mais frias (fácies 545 glaciogénicas – associação tipo I) a moderadamente mais quentes e húmidas (fácies de sequências de xistos negros carbonosos e de xistos cinzentos – associação tipo II). Fig.2. Log estratigráfico detalhado da sondagem ETA 72 com a indicação das amostras recolhidas (amostras positivas assinaladas) e das associações estabelecidas. Fig.2. Detailed stratigraphical log of borehole ETA 72 showing the position of the samples (samples with positive results are highlighted) and the recognized palynomorph biozones. 4. Conclusões O estudo palinológico preliminar possibilitou a obtenção de uma datação do Kunguriano/Roadiano (Pérmico Inferior - Médio) para as sucessões estudadas, indicando que os níveis de topo da Formação Tilítica de Vúzi e os níveis de base da Formação Gresosa de Moatize possuem a mesma datação, embora as duas associações identificadas sejam diferentes do ponto de vista palinológico. Estas diferenças podem ficar a dever-se a alterações nos paleoecossistemas e nos paleoambientes, refletindo-se essas mesmas mudanças nas fácies constituintes de ambas as formações. A associação palinológica tipo I poderá estar associada a ambientes mais frios, enquanto a associação tipo II marcará a transição para climas mais quentes e húmidos. A datação obtida permite correlacionar a datação da associação palinológica presente nos sedimentos glaciogénicos da sondagem ETA 65 (Lopes et al., 2014). Com base nos primeiros dados obtidos neste estudo e no 546 trabalho de Lopes et al. (2014), obtêm-se uma das primeiras datações biostratigráficas para os sedimentos glaciares da Bacia Carbonífera de Moatize-Minjova. Uma das dificuldades observadas nas sondagens estudadas (ETA65 e 72) corresponde à ausência de informação estratigráfica relacionada com o desconhecimento da profundidade a que o soco se encontra. Assim, torna-se difícil correlacionar as fácies glaciogénicas e a datação aqui identificada, com outras sequências bem conhecidas do Karoo, a exemplo, África do Sul (MacRae, 1988). Com a finalidade de se compreender melhor as paleofloras e paleoecossistemas que vigoraram nesta bacia, encontram-se em curso, estudos quantitativos e qualitativos de caracterização palinoflorística, conjuntamente com estudos de correlação biostratigráfica que visam datar o fim da glaciação do Paleozóico Superior no Supercontinente Gondwana e a datação das camadas produtivas de carvão, para uma melhor compreensão da geologia e da estrutura da Bacia Carbonífera de MoatizeMinjova. Agradecimentos Os autores agradecem às empresas ETA STAR Moçambique, S.A. e Gondwana Empreendimentos e Consultorias, Limitada, pela disponibilização das sondagens e toda a informação relativa a estas. Aos técnicos do LNEG, Fernando Oliveira e Nicolau Silva o apoio laboratorial e preparação das amostras. Referências Afonso, R.S., Marques, J.M., Ferrara, M., 1998. A Evolução Geológica de Moçambique. Instituto de Investigação Científica Tropical de Portugal e Direcção Nacional de Geologia de Moçambique. 1ª Edição, Lisboa, Portugal. Z. Pereira et al. / Comunicações Geológicas (2014) 101, Especial I, 543-546 GTK Consortium, 2006. Map Explanation; Volume 2: Folhas 1631 – 1934. Geology of Degree Sheets, Mecumbura, Chioco, Tete, Tambara, Guro, Chemba, Manica, Catandica, Gorongosa, Rotanda, Chimoio e Beira, Mozambique. Ministério dos Recursos Minerais, Direcção Nacional de Geologia, Maputo. Falcon, R., 1975. 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