INSTITUTO DE INVESTIGAÇÃO AGRÁRIA DE MOÇAMBIQUE Centro Zonal Nordeste Tel. (+285)26-218650, 26240242, Tel/Fax. 26-218649 RELATÓRIO ANUAL DE ACTIVIDADES (CAMPANHA 2009/2010) Maio de 2011 i COMPILADO E EDITADO POR: F. Chitio Director do Centro Zonal Nordeste Sector de Protecção de Plantas Centro Zonal Nordeste, Nampula E-mail: [email protected] [email protected] C. Cuambe Chefe do Departamento de Investigação Sector de Raízes e Tubérculos Centro Zonal Nordeste, Nampula E-mail: [email protected] [email protected] V. Salegua Sector de Estudos Sócio-Económicos Centro Zonal Nordeste, Nampula E-mail: [email protected] A. Nhantumbo Sector de Estudos Sócio-Económicos Centro Zonal Nordeste, Nampula E-mail: [email protected] [email protected] ii ÍNDICE PÁGINA ÍNDICE---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- iii NOTA DE ABERTURA ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- v AGRADECIMENTOS ----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- vi I. INTRODUÇÃO GERAL ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 1 1.1. Abrangência geográfica do Centro Zonal Nordeste . ............................................................. 2 1.2. Recursos humanos do Centro Zonal Nordeste (CZnd)........................................................... 3 II. ACTIVIDADES DE INVESTIGAÇÃO REALIZADAS DURANTE A CAMPANHA 2009/2010 ---------------------------------- 5 2.1. POSTO AGRONÓNICO DE NAMPULA............................................................................. 5 2.1.1. SECTOR DE RAÍZES E TUBÉRCULOS -------------------------------------------------------------------------------------------- 6 I. Avaliação da concentração de linamarina, bolores e leveduras na farinha de mandioca processada para consumo doméstico nos distritos de Angoche, Memba, Mogincual e Nampula ------------------------------------------- 7 II. Avaliação sensorial e nutricional do produto de mistura farinhas de mandioca e milho em Nampula --------- 13 III. Avaliação de clones melhorados para resistência ao listrado castanho da mandioca e rendimento em Nampula------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------ 16 2.1.2. SECTOR DE DE LEGUMINOSAS DE GRÃO E OLEAGINOSAS------------------------------------------------------------- 19 I. Comparação de oito variedades de Feijão boer (Cajanus cajan) nas condições agro-ecológicas de Nampula 20 II. Avaliação da adaptabilidade de 32 linhas avançadas de amendoim (Arachis hypogaea) nas condições agrocológicas da região de Nampula------------------------------------------------------------------------------------------------ 22 III. Estudo comparativo de vinte e cinco cultivares elite de amendoim (Arachis hypogeae) de tipo Spanish na tolerância ao ataque da roseta nas condições agro-ecologicas de Nampula --------------------------------------------- 28 IV. Descrição Morfológica de 40 variedades locais de Amendoim (Arachis hypogaea L.), colhidas na zona Norte de Moçambique no Posto Agronómico de Nampula---------------------------------------------------------------------------- 31 2.1.3. CENTRO DE ESTUDOS SÓCIO-ECONÓMICOS ------------------------------------------------------------------------------ 39 I. Análise da Rentabilidade Financeira da Produção de Cajú: Uma Perspectiva do Pequeno Agricultor no Norte de Moçambique -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 39 II. Análise da Rentabilidade Financeira da Produção do Algodão: Uma Perspectiva do Pequeno Agricultor no Norte de Moçambique------------------------------------------------------------------------------------------------------------------ 52 2.1.4. SECTOR DE FLORESTAS --------------------------------------------------------------------------------------------------------- 69 I. Adubação verde do milho e algodão usando espécies agroflorestais ---------------------------------------------------- 69 II. Colheita e produção de sementes florestais e/ou material vegetativo de qualidade ------------------------------- 71 genética melhorada --------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 71 III. Avaliação e multiplicação do germoplasma das principais espécies nativas e exóticas de fruteiras ------------ 72 IV. Estudo da adaptabilidade de Eucalyptus sp na região agroecológica de Nampula em parceria com a Lúrio Green Resources ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 72 iii V. Adaptabilidade de Eucalyptus sp em Nampula em parceria com a StoraEnso ---------------------------------------- 74 VI. Adaptabilidade de espécies/hibridos de Eucalyptus ------------------------------------------------------------------------ 75 VII. Adaptabilidade de progénies de Eucalyptus --------------------------------------------------------------------------------- 76 VIII. Ensaio agroflorestal de consociação do Eucalyptus com culturas agrícolas ----------------------------------------- 77 IX. Dinâmica da cadeia de valor de carvão e lenha nos distritos de Nampula, Meconta, Murrupula, Muecate e cidade de Nampula ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 77 2.2. CENTRO DE INVESTIGAÇÃO E MULTIPLICAÇÃO DA SEMENTE DO ALGODÃO DE NAMIALO (CIMSAN)-------- 79 I. Efeito de consocição de culturas em faixas no maneio da lagarta americana Helicoverpa spp (Lepidoptera: noctuidae) na cultura do algodão (Gossypium hirsutum) no distrito de Morrumbala, Moçambique ------------- 80 II. Escola na machamba do camponês no maneio integrado de aflatoxinas nas culturas do amendoim e do milho em Nampula, Moçambique ----------------------------------------------------------------------------------------------------------- 90 III. Efeito de Consociação de Algodão ﴾Gosssypium sp﴿ com Faixas de Culturas na Densidades de Pragas e de Inimigos Naturais e na Produção no Distrito de Meconta --------------------------------------------------------------------- 96 IV. Efeito do período de desbaste e número de plantas por covacho na produtividade do algodão (Gossypium hirsutum L.) -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------102 V. Estabilidade e adaptabilidade de produção de nove cultivares comerciais de algodão (Gossypium hirsutum l. raça latifolium)---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------106 VI. Divergência genética entre cultivares e linhagens de algodão (Gossypium hirsutum L. raça latifolium H.) por meio de marcadores moleculares RAPD ------------------------------------------------------------------------------------------109 2.3. CENTRO DE INVESTIGAÇÃO AGRÁRIA DE MAPUPULO (CIAM) ---------------------------------------------------------116 I. Avaliação de 12 variedades de ciclo curto e intermédio de mapira------------------------------------------------------116 II. Ensaio de 17 variedades Elite de Mapira resistentes à pragas, doenças e tolerantes a seca ---------------------117 III. Ensaio de 25 variedades de Mapira Doce -------------------------------------------------------------------------------------118 IV. Ensaio de Arroz de ciclo cuto e de cilco intermédio------------------------------------------------------------------------119 V. Ensaio de 8 variedades de soja ---------------------------------------------------------------------------------------------------120 VI. Ensaio de avaliação de 21 variedades de Algodão ao longo dos ambientes da sua produção ( Namialo, Namapa e Montepuez) para o caracter de rendimento do Campo e Industrial. ----------------------------------------121 2.4. MULTIPLICAÇÃO DE SEMENTE -------------------------------------------------------------------------------------------------123 iv NOTA DE ABERTURA O Centro Zonal Nordeste (CZnd) tem apostado na constante melhoria da qualidade dos trabalhos reportados anualmente, assim como do próprio relatório. Para que isso aconteça, o Centro Zonal Nordeste conta com as críticas e sugestões dos parceiros e os demais utilizadores da informação existente neste relatório e das nossas valiosas tecnologias disponíveis. Desde já, estão todos convidados a contribuir, criticando ou sugerindo, qualquer aspecto que possa permetir a melhoria do trabalho do Centro Zonal, não só deste relatório, mas também do nosso trabalho diário. Para o efeito, contacte a Direcção do Centro Zonal Nordeste. Fernando Mureva Chitio Director do Centro Zonal Nordeste v AGRADECIMENTOS O grupo da edição endereça profundos agradecimentos à Direcção do Centro Zonal pela confiança depositada para a elaboração do presente relatório. O corpo de editores deste relatório não esquece e nunca esquecerá de todos os profissionais e instituições que contribuiram nas suas áreas específicas e que prontamente disponibilizaram informações e auxílio solicitado durante a compilação e edição deste relatório, aos quais endereçamos desde já um especial agradecimento. Um grande apreço vai para as várias unidades experimentais e sectores/programas que compõem o Centro Zonal Nordeste pelo apoio prestado na preparação e revisão das várias versões deste relatório. Agradecimentos vão também para os nossos parceiros que com vontade incomparável trabalharam arduamente com o Centro Zonal durante a campanha finda. Não é fácil listar todos os parceiros numa única página, entretanto, que todos mantenham o mesmo espírito de vontade de colaboração para que continuemos a realizar trabalho cada vez melhor. Por fim, é de reconhecer a estimada dedicação e colaboração de todos os funcionários do Centro Zonal Nordeste que participaram directa ou indirectamente nas actividades descritas neste relatório. vi I. INTRODUÇÃO GERAL O Centro Zonal Nordeste (CZnd) é um órgão regional do Instituto de Investigação Agrária de Moçambique (IIAM), localizado na região Nordeste do país. A sua função básica é coordenar, executar políticas, estratégias, programas e projectos de investigação agrária na sua área geográfica de actuação. O Centro Zonal Nordeste possui um mandato, visão e missão que orientam a realização de suas actividades. É mandato do Centro Zonal Nordeste: Coordenar e promover a participação de todos os actores do sector público e privado na investigação agrária. Assegurar a correcta gestão, racionalização e alocação dos recursos disponíveis aos projectos e programas prioritários e orientados aos clientes. Assegurar a participação dos parceiros na definição de prioridades e agenda de investigação. Assegurar a execução de programas e projectos em todas as zonas agro-ecológicas abrangidas pelo centro zonal. Definir o plano director da investigação agrária no centro zonal. Como visão o centro Zonal Nordeste pretende ser um Centro de Investigação e Inovação de Excelência que contribua para o desenvolvimento do agronegócio, satisfação da necessidade alimentar da população e uso sustentável dos recursos naturais na região Nordeste de Moçambique. A missão do Centro Zonal Nordeste é de gerar conhecimento e soluções tecnológicas para o desenvolvimento sustentável do agronegócio, ecossistemas predominantes e segurança alimentar e nutricional, em benefício da população da região Nordeste e de Moçambique em geral Para alcançar os seus objectivos, o CZnd é constituido por unidades experimentais que por sua vez se subdividem em programas/sectores ou áreas de investigação, nomeadamente: Algodão, Cajú, Cereais, Estudos sócio-económicos, Ciências animais, Fertilidade e gestão de solos, Florestas, Leguminosas de grão e oleaginosas, Protecção de plantas, Raízes e tubérculos e outros sectores de apoio. No decurso da campanha finda o CZnd contou com a colaboração de parceiros na implementação de suas actividades de investigação com destaque para os Serviços de extensão e de Agricultura da DPA, Centros Internacionais de Investigação Agraria (IITA, ICRISAT), Instituto de Fomento de Cajú (INCAJU), Centro de Promoção de Agricultura (CEPAGRI), Instituto de Algodão de Moçambique (IAM), universidades públicas e privadas, Centro Regional de Ciencia e Tecnologia (CRCT-N), entre outros. Os principais financiadores foram o PROAGRI, a União Europeia, AGRA e JICA, os quais contribuiram sobremaneira na investigação em diversas áreas, tais como agronomia, melhoramento, transferência de tecnologias, estudos sócio-económicos e florestas. 1 Nas actividades de investigação a participação das comunidades camponesas como forma de incorporar as experiências e práticas agrícolas adquiridas ao longo de várias gerações constituiu a base de trabalho dos investigadores afectos ao Centro Zonal Nordeste. Entretanto, não foi possível responder todas as necessidades institucionais de aumentar o quadro técnico-cientifico, devido a limitações financeiras, o que faz com que algumas áreas chaves ainda continuem inoperativas. Outros constrangimentos que influenciaram e continuam a influenciar o não cumprimento das metas estabelecidas pelo Centro Zonal incluem: muitos técnicos sem enquadramento no Aparelho do Estado, número limitado de técnicos especializados, insuficiência de moradias e escritórios para os tácnicos, desembolso tardio de fundos, exiguidade de fundos e falta de incentivos para os investigadores, especialmente o não enquadramento dos técnicos nas novas carreiras de investigação. É importante referir que no presente relatório estão apresentados apenas os principais trabalhos realizados pelo Centro na campanha de 2009/10. Portanto, quem estiver interessado em outros estudos ou trabalhos que não constam neste relatório, poderá encontrar no relatório anual de cada sector, bastando contactar a sede do Centro Zonal Nordeste. 1.1. Abrangência geográfica do Centro Zonal Nordeste O Centro Zonal Nordeste abrange as Regiões Agro-ecológicas: R7, R8, R9, cobrindo as províncias da Zambézia (Gilé e Pebane), Nampula (excepto Malema), Cabo Delgado e Niassa (Nipepe, Marrupa e Mecula). Fazem parte do Centro Zonal Nordeste as seguintes unidades experimentais: Posto Agronômico de Nampula, Centro de Investigação de Cajú de Nassuruma, Centro de Investigação de Algodão de Namialo, Posto Agrário de Nametil, Posto Agronómico de Namapa, Laboratório Regional de Veterinária, Estação Agraria de Ribaue, Centro de Investigação de Mapupulo, Posto de Agrário de Napaha e Nacaca. Figura 1: Localização do Centro Zonal Nordeste 2 1.2. Recursos humanos do Centro Zonal Nordeste (CZnd) O CZnd conta com um quadro de 32 investigadores (PhD, Mestres e Licenciados) e 33 técnicos médios agropecuários de apoio à pesquisa, ambos com uma faixa etária média de 21 a 41 anos, para além de 22 técnicos básicos e 71 elementares. A Figura 3 mostra a distribuição dos investigadores e pessoal de apoio à pesquisa nas várias unidades experimentais, onde nota-se a existência de poucos investigadores especializados e com maior concentração na Sede do CZnd–PAN. Dentre os investigadores, existem alguns especialistas com liderança na pesquisa nas áreas de leguminosas de grão, raízes e tubérculos, mapira, cajú, gergelim e algodão, e áreas transversais (solos, entomologia, socioeconomia e fitopatologia). Figura 2: Distribuição dos Recursos Humanos nas Unidades experimentais do CZnd O Centro carece de um programa de recrutamento, treinamento, enquadramento e progressão dos investigadores, e pessoal de apoio à pesquisa. Os instrumentos usados para avaliação de desempenho dos funcionários são muito subjectivos e pouco justa ao sistema de investigação agrária, e o sistema de monitoria e avaliação, e prestação de contas não esta baseado no investigador. Nota-se falta de pessoal formado em economia, gestão e administração de recursos humanos, bem como de técnicos de comunicação e transferência de tecnologias para venda, troca de informação e venda de produtos tecnológicos; ausência de planos de alocação de técnicos nos programas de investigação e nos locais de implementação de actividade, assim como falta de motivação dos técnicos. 3 O pessoal de apoio que actualmente existente no Centro, não está preparado para alcançar os desafios de desenvolvimento da pesquisa (Figura 3). Figura 3: Distribuição do pessoal de apoio em relação ao nível de escolaridade nas unidades experimentais 4 II. ACTIVIDADES DE INVESTIGAÇÃO REALIZADAS DURANTE A CAMPANHA 2009/2010 O presente relatório apresenta os principais resultados das actividades realizadas durante a campanha agrícola 2009/2010 no CZnd. Por questões de organização, as actividades serão apresentadas por unidade experimental e dentro de cada unidade experimental os sectores/programas respectivos. 2.1. POSTO AGRONÓNICO DE NAMPULA Ivete Maluleque O Posto Agronómico de Nampula (PAN) é uma das unidades experimentais do Centro Zonal Nordeste. O PAN tem como missão identificar, desenvolver e disseminar tecnologias agrárias que contribuam para o fortalecimento do sector familiar e comercial na região agro-ecológica R7,8 e 9. Os seus objectivos resumem-se em: Identificar as limitantes da produção agrícola e florestal, Investigar tecnologias apropriadas, Efectuar estudos de adopção de tecnologias disponíveis Avaliar a contribuição das tecnologias libertadas no alívio à pobreza e segurança alimentar. O PAN tem realizado ensaios na estação e fora da estação junto de produtores em colaboração com os seus parceiros. A sua área experimental é de 330 ha, onde anualmente se exploram cerca de 15% da área para ensaios e multiplicação de sementes. As principais culturas estudadas e multiplicadas pelo PAN dentro da área experimental são a mandioca, batata-doce, milho, arroz, mapira, feijão nhemba, amendoim, gergelim, feijão jugo, banana e diversas espécies agroflorestais. A exiguidade de fundos tem contribuído para a não aquisição de insumos básicos para as pesquisas e multiplicação de sementes em moldes desejados. O IITA é um dos parceiros do IIAM que também tem efectuado ensaios e multiplicação de sementes dentro da área experimental do PAN, trabalhando basicamente com as culturas de mandioca, soja e feijão nhemba. 5 2.1.1. SECTOR DE RAÍZES E TUBÉRCULOS C. Cuambe, J. Amisse, M. Avijala, J. Pedro e R. Manjonda Introdução O Programa Nacional de Raízes e Tubérculos é parte integrante do Departamento de Agricultura e Recursos Naturais (DARN), está baseado no Centro Zonal Nordeste – Nampula, e subdivide-se nos seguintes sub-programas: Mandioca, Batata-doce, Batata-reno, Yam e Cocoyam. Em Moçambique, a mandioca é a cultura mais importante de raízes e tubérculos, seguido da Batata-doce e batata-reno. As actividades de investigação do programa compreendem as áreas de melhoramento genético convencional e Biotecnologia, Agronomia, Multiplicação e Pós-colheita (Agroprocessamento), principalmente de mandioca e batata-doce. As actividades de investigação do sub-programa de Batata-reno são desenvolvidas pelo Centro Zonal Noroeste. Trabalhamos com várias ONG’s nacionais e internacionais na transferência de tecnologias aos produtores, tais como: CARE, Visão Mundial, Save The Children, AFRICARE, ADELNA, ACIANA, ESSOR, ADAP-SF, AENA, OKHALIHERA, ACADER, bem como o sector privado (OLIMA, WISSA, Mecupes farm, entre outros). Temos fortes parcerias com algumas Instituições do grupo CGIAR, tais como: IITA e CIAT na área de melhoramento (troca de germoplasma), disseminação de tecnologias e capacitação técnica. Os principais financiadores do programa são o Governo, AGRA, JICA, e USAID através do IITA. Os objectivos do Programa: Introduzir, manter e renovar recursos fito-genéticos de culturas de raízes e tubérculos Melhorar geneticamente as culturas de raízes e tubérculos, com maior enfoque no desenvolvimento de variedades para resistência ao Listrado Castanho da Mandioca (CBSD), Mosaico da Mandioca (CMD), rendimento e matéria seca da raiz e alta proteína. Avaliar genótipos de culturas de raízes e tubérculos para adaptação a ambientes diversos. Avaliar diferentes práticas agronómicas de culturas de raízes e tubérculos. Fazer a multiplicar e maneio da semente vegetativa de culturas de raízes e tubérculos. Promover técnicas melhoradas de processamento da mandioca e batata-doce. Avaliar moleculas de populações de mandioca e batata-doce. Monitorar as pragas e doenças de culturas de raízes e tubérculos, com enfoque no CBSD e CMD 6 Principais trabalhos realizados I. Avaliação da concentração de linamarina, bolores e leveduras na farinha de mandioca processada para consumo doméstico nos distritos de Angoche, Memba, Mogincual e Nampula C. Cuambe1, A. Araújo2, M. Aviajala1, A. Mutaca, J. Amisse1, F. Ragu1, R. Valentim1, A. Zacarias1, E. Mirione3 Resumo Em Moçambique, a mandioca (Manihot esculenta Crantz) é maioritariamente consumida em forma de farinha, seu processamento é tradicional e inadequada. Avaliou-se a concentração de linamarina, bolores e leveduras na farinha de mandioca preparada para o consumo doméstico em quatro distritos da província de Nampula (Angoche, Memba, Mogincual e Rapale). O estudo abrangeu três localidades por distrito. As amostras foram colectadas em 6 casas por localidade e realizados inquéritos para complementar informação. Foi usado o método de Bradbury (1999) para análise de glicosídeo cianogénico, e meios de cultura para determinar a concentração de bolores e leveduras. Foi feita ANOVA para testar o efeito da linamarina, bolores e leveduras na farinha de mandioca entre e dentro dos distritos, DMS (5%) para comparar os tratamentos e diagrama de caixa para verificar a variação das variáveis em estudo dentro das localidades. Foi observada variação significativa de bolores e leveduras e linamarina entre os distritos e dentro das localidades, respectivamente (P < 0.05). A maior parte das famílias, em média, consomem farinha com baixa concentração de linamarina (3 a 7 ppm), bolores e leveduras (300 a 530 UFC/g). As localidades de Liupo (35 ppm), Namaponda (21 ppm) e Naminane (18 ppm) apresentaram amostras com valores críticos de concentração de linamarina. Também foram observados valores acima de 1000 UFC/g de bolores e leveduras nas localidades de Memba-sede, Namitoria, Nacacana, Namaponda e Rapale. Resultados e Discussão Análise de variância da concentração de linamarina na farinha Os resultados da análise de variância (Tabela 2) não mostraram diferenças significativas (Prob.> 0.05) para os distritos em estudo, o que significa que as famílias dos distritos tendem a processar a mandioca da mesma forma. A mesma análise mostrou diferenças estatísticamente significativas (Prob.<0.05) entre as localidades o que significa que nas localidades as famílias tendem a apresentar diferentes hábitos culturais de processamento da mandioca. Por outro lado, as amostras dentro das localidades não apresentaram diferenças significativas (Prob. > 0.05), significando que nestas regiões as famílias vizinhas tendem a apresentar mesmos hábitos culturais de processamento e produção de farinha. Instituto de Investigação Agrária de Moçambique (IIAM) 1 Universidade Mussa Bin Bique, Faculdade de Ciencias Agrárias, Nampula 2 Ministério da Saúde, Laboratório de Higiene de águas e Alimentos, Nampula 3 7 Tabela 1: Resultados da análise de variância da concentração de linamarina Fonte de variação Distrito Distrito (Localidade) Amostra Erro Total CV (%) = 46.8 Gl 3 8 5 55 71 QM ns 49.6 71.6 * ns 20.9 1562.9 2388.8 Prob. 0.1681 0.0208 0.5996 * - Indica a existência de diferenças significativas a probalidade < 5%; ns – não significativo a probabilidade > 5% Variação de linamarina dentro das localidades O diagrama de caixa mostrou que Liúpo (7 a 35 ppm), Namaponda (0 a 21 ppm) e Naminane (0 a 18 ppm), foram as localidades que apresentaram maior variação da concentração de linamarina na farinha de mandioca (acima do recomendado para o consumo humano), o que mostra que nestes locais as famílias têm processado a mandioca de forma inadequada (Figura 1). A variação foi mínima nas localidades de Aúbe (0 a 4.8 ppm) e Namaíta (2 a 8 ppm). Figura 1: Diagrama de caixa: Variação da concentração de linamarina (ppm) dentro das diferentes localidades em estudo. Análise de variância da concentração de bolores e leveduras na farinha Os resultados da análise de variância mostraram diferenças significativas (P < 0.05) entre os distritos quanto a concentração de bolores e leveduras, o que significa que as famílias nos distritos tendem a apresentar diferentes hábitos culturais de conservação da farinha. Esta análise não mostrou diferenças estatisticamente significativas (P < 0.05) entre e dentro das localidades, presumindo-se 8 que as famílias vizinhas tendem a apresentar mesmos hábitos culturais de armazenamento da farinha de mandioca. Variação de bolores e leveduras dentro das localidades A concentração de bolores e leveduras também teve grande variação dentro das localidades (Figura 2) , com especial destaque para as localidades de Memba-sede (150 a 1500 UFC/g), Nacacana (100 a 1050 UFC/g), Namitória (200 a 1100 UFC/g) e Rapale (100 a 1000 UFC/g). Observou-se menor variação na localidade de Marere (100 a 400 UFC/g) e Liúpo-sede (450 a 800 UFC/g), o que leva-nos a crer que as famílias nestas duas últimas localidades consomem farinha com menos contaminação de bolores e leveduras, embora em termos de contaminação microbiológica a farinha de todas as localidades se enquadre dentro do parâmetro recomendado para o consumo humano. Figura 2: Diagrama de caixa descrevendo a variação da concentração de bolores e leveduras (UFC/g) dentro das diferentes localidades de estudo Comparação da concentração de linamarina nos distritos de estudo Os resultados do teste de DMS (5%), mostraram que os distritos de Mogincual, Angoche e Nampula não são estatisticamente diferentes quanto a concentração de linamarina na farinha. O mesmo observou-se ao comparar os distritos de Angoche, Nampula e Memba. Porém, notou-se existir diferenças nos distritos de Mogincual e Memba (Tabela 4). Tabela 2: Comparação da concentração de linamarina na farinha de mandioca colhida dos distritos Distrito Mogincual Angoche Nampula Memba DMS Média (ppm) 7.0 a 4.7 ab 3.9 ab 3.2 b 3.6 9 CV 46.8 Valores na tabela, seguidos duma mesma letra miníscula não são estatisticamente diferentes pelo teste de DMS à 5% Observou-se maior concentração de linamarina no distrito de Mogincual seguido de Angoche, contrário do distrito de Memba que apresentou baixa concentração. Ernesto et al., (2002) e Mirione et al., (2005) em estudos anteriores constataram prevalência do Konzo (Neuropatia tropical) no distrito de Mogincual, doença ocasionada pelo consumo de mandioca e seus derivados com elevada concentração de glicosídios cianogênicos. Comparação da concentração de bolores e leveduras nos distritos Os distritos de Angoche, Mogincual e Memba não se mostraram estatísticamente diferentes na concentração de bolores e leveduras da farinha. O mesmo registou-se ao comparar-se os distritos de Nampula e Memba. Os distritos de Angoche e Mogincual caracterizaram-se por apresentar maior concentração de bolores leveduras, enquanto nos distritos de Memba e Nampula as contagens mantiveram-se baixas (Tabela 3). Portanto, em relação a contaminação por bolores e leveduras a farinha processada pelas famílias responde as normas recomendadas pelo LHAA, entre 102 – 104 UFC/g. Contudo, estes níveis ainda não são totalmente seguros, pois que, com o passar do tempo e dependendo das condições ambientais em que a farinha é submetida ao armazenamento, tais como higiene e temperatura inadequada, entre outros, a concentração de bolores e leveduras pode aumentar (Sant’Anna e Miranda, 2004). Tabela 3: Comparação de bolores e leveduras na farinha de mandioca nos diferentes distritos Distrito Média Angoche 530.56 a Mogincual 508.33 a Memba 419.44 ab Nampula 300.00 b DMS 190.14 CV 32.88 Valores na tabela, seguidos da mesma letra miníscula não são estatisticamente diferentes pelo teste de DMS à 5%. Situação de bolores e leveduras e de linamarina nos distritos Os resultados deste estudo indicam que a contagem média de linamarina assim como de bolores e leveduras nos distritos encontra-se dentro das normas vigentes da FAO/WHO e do Laboratório Nacional de Higiene de Águas e de Alimentos, respectivamente (<10 ppm de linamarina e 102-104 UCF/g de bolores e leveduras). Os distritos de Angoche (4.7 ppm e 530.6 UFC/g) e Mogincual (7 ppm e 508.3 UFC/g) apresentaram maior concentração de linamarina assim como de bolores e leveduras na farinha de mandioca colectada e analisada. Desta forma, estes podem ser considerados os distritos mais problemáticos 10 dentre os 4 distritos submetidos ao estudo em termos de concentração de linamarina, bolores e leveduras na farinha produzida e consumida pelas comunidades rurais. Observou-se menor concentração de linamarina, assim como, bolores e leveduras na farinha de mandioca colectada nos distritos de Memba e Nampula, com cerca de 3.2 ppm e 3.9 ppm, e de 300 UFC/g e 419.4 UFC/g, respectivamente, tal como se pode observar na Figura 3. Figura 3. Avaliação da situação da concentração de bolores e leveduras e de linamarina nos diferentes distritos de estudo. Situação de bolores e leveduras e de linamarina nas localidades Na Figura 4, pode-se observar claramente que a localidade de Liúpo (14.3 ppm), pertencente ao distrito de Mogincual, apresentou uma concentração média de linamarina acima do recomendado para o consumo humano na farinha analisada. As localidades menos problemáticas foram: Aúbe (1.5 ppm), Memba-sede (2.6 ppm) e Nacacana (2.8 ppm). Foram registadas maior concentração de bolores e leveduras (Figura 4) nas localidades de Nacacana (575 UFC/g), Namaponda (541,7 UFC/g) e Liúpo (541,7 UFC/g), estando estas localidades a concorrer para o perigo de contaminação. Observou-se menor concentração nas localidades de Marere (216,7 UFC/g), Namaíta (291,7 UFC/g) e Tropene (333.3 UFC/g). Segundo Brandão (2007), a baixa actividade microbiológica pode ser atribuída a dois factores: a baixa contaminação das amostras durante o processamento, manipulação e armazenamento e as condições pouco favoráveis das amostras para o desenvolvimento dos microorganismos em questão. 11 Figura 4. Avaliação de linamarina, bolores e leveduras nas localidades em estudo Conclusão Os resultados deste trabalho permitem concluir que maior parte das famílias rurais nos distritos de estudo consomem farinha com níveis aceitáveis de bolores e leveduras, bem como linamarina, excepto o distrito de Mogincual. Existe variação da concentração de linamarina, bolores e leveduras nas amostras de farinha processada pelas famílias entre e dentro dos distritos. O mesmo não se verificou dentro das localidades, o que pressupõe que famílias vizinhas tendem a apresentar mesmos hábitos culturais de processamento e armazenamento da farinha de mandioca. No distrito de Mogincual, a localidade de Liúpo apresentou concentração de linamarina acima do recomendado para consumo humano, enquanto que, o distrito de Angoche, as familias consomem farinha de mandioca com maior concentração de bolores e leveduras. 12 II. Avaliação sensorial e nutricional do produto de mistura farinhas de mandioca e milho em Nampula F. Mastre; C. Cuambe; A. Galinha; R. Valentim; A. Zacarias; M. Avijala; J. Amisse INTROINTRODUCÃO Metodologia O trabalho foi realizado em 6 localidades da província de Nampula (Namigonha, Chicá, Rapale, Mutauanha, Nipurro e Nacavala). Fez-se o processamento da mandioca seguido de mistura com farinha de milho. A formulação usada foi: 100%, 90% até 0% de mistura de farinha de mandioca ao milho e vice-versa. Foram preparados pratos com massas de diferentes misturas de farinha composta (Tabela 1). Foi usado o teste de aceitação, através de uma escala hedónica para avaliar a aceitabilidade (1 – menos aceite a 5 – mais aceite) e preferência (1 – menos preferido a 10 – mai preferido) do produto da mistura por 15 provadores por localidade, usando as seguintes variáveis: sabor, aroma, consistência e plasticidade. Foi usado o método de Kjeldhal para análise do conteúdo protéico e o método Soxlet para determinação de gorduras total na farinha. Também analisou-se o conteúdo de celulose, humidade e cinzas. Foi feita ANOVA para testar o efeito da aceitabilidade e preferência do produto e sua interacção entre os locais, usando o SAS 9.1. Usou-se diagrama de caixa para analisar a variação da aceitação e preferências do produto dentro das localidades, análise de regressão simples para relacionar os níveis de mistura em relação ao teor de proteínas, gorduras, e nível de poupança. Foi feita análise Lin e Binn (1986) e AMMI – Additive Main Effects and Multiplicative Interaction (usando o pacote AGROBASE) para verificar a coincidência de opiniões, quanto a aceitabilidade do produto. Resultados e Discussão Os resultados mostraram que a aceitação e preferência do produto varia significativamente dentro e entre localidades (P<0.0001) entre os provadores (Tabela 2). Tabela 1: ANOVA Combinada de diferentes níveis de mistura de farinha de mandioca e milho testadas em 6 localidades de Nampula F.V Gl Quadrado Médio A.global Sabor Aroma Consist. Plast. Pref. Local 5 23.32** 17.27** 28.53** 2.13** 6.77** 82.55** Prov.(local) 84 1.50** 1.11** 1.17** 0.36** 0.48** 2.60** Tratamento 10 88.97** 69.12** 66.13** 12.27** 29.56** 449.48** Loc x Trat 50 6.18** 2.71** 4.15** 2.55** 1.78** 29.69** Erro 840 0.25 0.34 0.24 0.16 0.12 0.95 CV (%) 15.9 19.1 15.7 16.9 15.2 16.1 13 Observou-se maior preferência e aceitação do produto com 10, 20 e 30% de mistura de mandioca ao milho, tendo se considerado de melhor aroma, bom sabor, pouca consistência e elasticidade, com excepção das localidades de Nacavala e Nipurro que preferem produto com maior percentagem de mandioca. As misturas com 10 e 20% de mandioca incluindo a farinha de milho, apresentaram pequena variação de opinião entre provadores nos locais avaliados, podendo-se considerar com maior coincidência de opiniões ou mais estáveis, quanto a aceitabilidade e preferência (Figura 1, 2). Figura 1 e 2: Análise de estabilidade de Lin e Binn (1986) para verificar a coincidência de opiniões quanto aceitabilidade e preferência das diferentes misturas de farinhas Por outro lado, notou-se que os provadores das localidades de Rapale, Mutauanha, Chica e Namigonha mostraram consistência na sua opinião quando testadas as diferentes misturas de farinha (Figura 3). Notou-se significativo o aumento do conteúdo de proteínas (2 a 6%) e de gorduras (0.6 a 2%) as amostras de produto com maior adição da farinha de milho a mandioca, tornando a farinha mista mais nutritiva (Figura 4). 14 Figura 3: Análise gráfica de AMMI da aceitabilidade de farinha compostas designada por a,b,c... Ao longo dos seis locais (A,B, C…) em função da PCA 1 (85%). Figura 4: Relação de dependência dos teores de proteínas quanto aos níveis de mistura de farinha Conclusão A aceitabilidade e a preferência da farinha composta de mandioca e milho varia de local para local, de acordo com os hábitos alimentares dos provadores. Verificou-se maior preferência e aceitação das farinhas com 10, 20 e 30% de mistura de mandioca ao milho, tendo considerado de aroma agradável, bom sabor, menor consistência e pouco elástica. Notou-se significativo aumento do conteúdo de proteínas e de gorduras às amostras de produto com maior adição da farinha de milho a mandioca, tornando a farinha mista mais nutritiva. 15 III. Avaliação de clones melhorados para resistência ao listrado castanho da mandioca e rendimento em Nampula C. Cuambe; M. Avijala; A. Zacarias; J. Amisse; A. Galinha; R. Majonda Introdução O listrado castanho da mandioca (CBSD) constitui o maior constrangimentos de produção da mandioca (Manihot esculenta Crantz), na zona nordeste de Moçambique. Foi conduzido um experimento, designado por Ensaio Uniforme de Redimento (UYT), para avaliar oito clones melhorados de mandioca para resistência ao CBSD, alta material seca e rendimento de raiz fresca, na sub-estação de Liúpo (região de alta incidência de CBSD), distrito de Mogincual, província de Nampula. Para tal, foi necessário determinar e comparar a incidência e severidade do listrado castanho e Mosaico, comparar o rendimento de raiz fresca e matéria seca e seleccionar clones promissores na base do indice de seleção. Metodologia Foi conduzido um experimento em 2009, designado por Ensaio Uniforme de Redimento (UYT), na subestação de Liúpo (região de alta incidência de CBSD), distrito de Mogincual, província de Nampula, sob responsabilidade do IIAM-Centro Zonal Nordeste. Os clones foram avaliados usando delineamento de blocos completos, com três repetições com seguintes tratamentos: oito clones do programa de melhoramento (MzMg06/578, MzMg07/041, MzNp04/070, MzNp05/170, MzMg07/008, MzMg07/018, MzMg04/126, MzMg06/627) e duas variedades locais (Likonde e Tomo). As variáveis estudadas foram rendimento de raízes (Ton/ha), conteúdo de materia seca (%), índice de colheita (0 a 1), incidência de CBSD nas folhas (%) e severidade de CBSD na raiz (1 – 5). Usou-se o SAS v9.1 para análise de variância e comparação de médias dos tratamentos (5%). Foi usado o índice de selecção para auxiliar na escolha dos clones com melhor performance, com a seguinte fórmula: IS = (Rend*10)+(MS*8)+(HI*5)-(CBSD*8)-(CMD*3), sendo: Rend – Rendimento raiz (ton/ha); MS – Materia seca (%); HI – Índice de colheita; CBSD – listrado castanho da mandioca; e CMD – mosaico africano da mandioca. Resultados Todos os clones foram significativamente melhores que as variedades locais, quanto ao rendimento, com maior destaque para os seguintes clones: MzMg06/578 (38 Ton/ha), MzMg07/041 (38 Ton/ha), MzMg04/126 (36 Ton/ha) e MzNp04/070 (34 Ton/ha), comparando com variedades Tomo (12 Ton/ha) e Likonde (7 Ton/ha). O conteúdo de matéria seca (33 – 42%) foi significativamente alto para todos clones, excepto para MzMg04/126. Os clones mostraram nas folhas variação de 11 a 38% de incidência de CBSD, e tolerância na raiz de CBSD (severidade <2), com destaque para os clones MzMg07/041 and MzMg07/008. Os genótipos designados pelo sinal (a) foram seleccionados para avaliação multilocal. De forma geral, pode-se afirmar que estes genótipos apresentam maior 16 performance que as variedades já libertadas, com leva a segurar que o programa esta a registar ganhos genéticos quanto às características em estudo. Tabela 1: Performance de oito clones de mandioca avaliados no ensaio UYT (doze meses) em Mogincual, campanha 2008/09 Rendimento (Ton/ha) Altura Íncidência IS Genótipo Raíz Biom M.S MS (%) MzMg07/041 37,6 47,4 14,8 39,4 3,5 25,8 11,1 1,0 68 24,1a MzNp04/070 33,5 25,6 11,2 33,5 3,6 0,0 19,9 2,0 73 13,6 MzMg06/578 38,0 50,7 13,0 34,3 3,4 0,0 18,5 2,0 65 12,5a MzNp05/170 18,9 56,7 8,0 42,2 3,9 16,0 18,5 1,0 40 8,3 MzMg07/008 22,4 53,5 8,8 39,1 3,7 24,5 11,1 1,0 40 4,4a MzMg07/018 20,7 39,3 8,2 39,5 3,5 0,0 22,2 2,3 40 2,3* MzMg04/126 35,6 55,0 10,5 29,4 4,0 0,0 19,0 1,7 60 1,7a MzMg06/627 15,9 40,0 5,6 35,0 3,8 1,9 37,7 2,0 30 -12,3a LSD (0.05) 4,9 2,5 5,4 6,4 6,8 0.2 0.2 1.7 0,1 - Planta (m) CMD CBSD CBSD (1-5) IC (%) (-) a a Testemunhas genótipos locais Tomo 12,2 41,9 4,0 32,7 3,9 0,0 11,1 4,3 20 -39,9 Likonde 6,9 37,0 2,5 36,9 3,6 0,0 7,4 1,3 0.2 -14,69 Parâmetros dos 8 genótipos avaliados Máximo 38,0 56,7 14,8 42,2 4,0 25.8 37,7 4,3 73 22,5 Mínimo 6,9 25,6 2,5 29,4 3,4 0.0 7,4 1,0 20 -37,9 Média 24,2 44,7 8,7 36,2 3,7 6,8 17,7 1,9 46 0,0 Desvio 11,3 9,8 3,3 3,9 0,2 10,9 8,6 1,0 0,3 15,9 a genótipo seleccionado; *genotipo não seleccionado Conclusões Todos os clones foram significativamente melhores que as variedades locais, quanto ao rendimento de raiz, com destaque para: MzMg06/578, MzMg07/041, MzMg04/126 e MzNp04/070. O conteúdo de matéria seca (33 – 42%) foi significativamente alto para todos clones, excepto para MzMg04/126. A Maior parte dos clones mostraram nas folhas variação de 11 a 38% de incidência de CBSD, e 17 tolerância na raiz de CBSD (severidade <2), com destaque para os clones MzMg07/041 and MzMg07/008. Foram seleccionados quase todos clones excepto o clone MzMg07/018. 18 2.1.2. SECTOR DE DE LEGUMINOSAS DE GRÃO E OLEAGINOSAS I. C. Napita, M. Donça e A. Muitia Introdução O sector de leguminosas de grão e oleaginosas do Centro Zonal Nordeste trabalha com várias culturas incluindo, amendoim, feijão nhemba, feijão boer, feijão jugo, soja, feijão holoco e gergelim. Algumas dessas culturas, como é o caso de amendoim, nos útimos anos, já passaram de culturas alimentares para culturas de rendimento visto que existem mercados garantidos com preços aliciantes o que fez com que os produtores da região apostassem no seu cultivo. A demanda do amendoim vermelho e de tamanho grande e da cultura de gergelim obriga ao sector em redrobar esforços para alimentar as necessidades do mercado destas duas culturas. Neste momento, a grande aposta do sector é estabelecer um programa de melhoramento das diversas culturas, principalmente para as culturas de amendoim, feijão nhemba e gergelim. Objectivos gerais do sector Recolher e manter germoplasmas das diversas culturas tanto localmente como de outras instituições de investigação estrangeiras Encontrar variedades com altos rendimentos e estáveis nas condições agro-ecológicas da região e economicamente desejáveis Determinar as melhores práticas culturais para as diversas culturas segundo o sistema de produção da região com a finalidade de aumentar a produção e a produtividade do sistema Produzir semente (pré) básica das variedades recomendadas para a região das diversas culturas Divulgar e difundir as novas tecnologias resultantes da investigação. 19 Principais estudos realizados I. Comparação de oito variedades de Feijão boer (Cajanus cajan) nas condições agro-ecológicas de Nampula 1 2 2 2 2 J. D. Mandomando , B. Divage , I. Napita , M. J. C arvalho e A. Muitia Resumo O presente trabalho teve como obecjectivo avaliar a adaptabilidade e o grau de aceitaçãoo no sector familiar de oito variedades de feijão boer nas condiçoes agro-ecológicas de Nampula. O ensaio era composto por 3 blocos casualizados e cada bloco subdividido em 8 sub-talhões em que cada um destes estavam aleatorizados os tratamentos. As variedades tiveram 6 linhas por cada sub-talhão com o comprimento de 5 m e o espaçamento de 0.90 m entre as linhas e entre as plantas 0.75m. Num universo de 8 sub-talhões são no total 48 linhas e em três blocos totalizando 144 linhas de 5 m. Com o compasso acima referido, salienta-se que cada subtalhão ocupou uma área total de 0.675m² e em 24 sub-talhoes dos três blocos dá 16.2m², sendo esta a área total do ensaio. De salietar que a praga que ataca em grande proporções o ensaio foram as termites forrageiras, pragas esta que causou morte de várias plantas e afectou negativamente o rendimento. Metodologia Para o ensaio foram usadas as seguintes variedades: 001522, 0020, 0040, 00557, DDD4D, Local, Malawi e Ukulinga, em uso no IIAM, CZnd (Nampula), cada uma destas com o seu ciclo e outras características distintas. O delineamento experimental usado foi o de blocos completos casualizados, com três repetições e oito variedades. Para análise de dados, foi usado o pacote estatístico Genstat. Diferença mínima significativa (DMS), protegida pelo teste F, foi determinada para verificar a diferença entre os diferentes tratamentos. Na tabela 1 esta representada a tabela de análise de variância. Os dados recolhidos neste estudo inlcuiram: stand inicial, stand final, peso total do grão, peso de 100 sementes e rendimento. Resultados e Discussão As variáveis analisadas estão sumarisadas na tabela 2, contudo, apenas o peso de 100 sementes é que mostrou diferenças significativas entre os tratamentos. Tabela 1: Variáveis analisadas Variedade 1 2 Altura da planta (cm) Peso da Peso do Peso de 100 Stand Stand final Antiga estudante do Instituto Médio Agrário de Ribáwe, Nampula. Sector de leguminosas de grão (melhoramento de amendoim) do CZnd 20 001522 0020 0040 00557 DDD4D Local Malawi Ukulinga LSD 101.3 82.1 90 88.4 93.4 101.0 87.5 92.1 22.80 vagem (g) 2,17 2 l 2.27 2.83 2.17 1.5 1.5 3.8 1.516 grão (g) 1.27 1.18 1.33 1.13 1.41 1.02 0.93 2.20 0.935 sementes (g) 19 23.33 20 17.00 16.33 19.0 16.33 15.33 2.831 inicial 11.67 10 12.33 10 10 10 10.67 9 5.028 9 7.33 9 4.67 7.67 6.33 5 8.67 4.981 Altura da planta O comportamento e o desenvolvimento das plantas dentro do ensaio mostrou uma tendência de uniformidade, não havendo deste modo uma flutuação maior entre elas. Duas variedades disputam a elevação da altura em termos numéricos, são as variedades 001522 (a mais alta) e DDD4D (a segunda) com 101.3 e 101 cm (Tabela 1). A variedade 0020 é mais baixa com 82.1 cm, seguida de Local com 87.5 cm. Duas variedades têm a mesma altura que é de 92.1 cm, variedades Malawi e Ukulinga. Peso da vagem O peso da vagem refere-se ao peso da casca com o grão. Este peso de todo talhão serve para determinar o rendimento do grão com a casca antes da debulha. A variedade Ukulinga tem maior peso de talhão que todas as variedades e as variedades local e Malawi são as que tiveram menor peso (Tabela 1). Este peso é proporcional à variedade que obtiver maior peso do grão, ou seja, quanto menor for o peso da vagem, elevado é o do grão. 87.5% dos tratamentos são de vagens menos pesadas. As variedades Local e Malawi obtiveram o mesmo peso de 1.5 g. Peso do grão Em termos numéricos, a variedade Ukulinga mostrou maior peso de grão seco que todas as variedades em estudo de cerca de 2.2 kg por unidade de área seguida pela variedade DDD4D com cerca de 1.4 kg (Tabela 1). As variedades Malawi e local são as que mostraram um peso menor que as outras. As variedades 0020 e 00557 tiveram quase o mesmo peso de cerca de 1.1 kg por unidade de área. Peso de 100 sementes O peso de 100 sementes nos fornece a diferença do tamanho do grão das variedades em estudo. Isto é, a variedade que tiver maior peso de 100 sementes tem grão grande. Neste pressuposto, a variedade 0020 com cerca de 25 g de peso das 100 sementes tem sementes grandes (Tabela 1) que as restantes variedades, seguida pelas variedades 0040, local e 001522. A variedade Ukulinga possui grão pequeno quando comparada com todas as outras variedades em estudo. 21 Stand inicial O Stand inicial refere-se ao número de plantas iniciais existentes dentro do ensaio. O levantamento das plantas foi feito após 75 % de germinação, 15 dias depois da sementeira. O levantamento das plantas iniciais mostrou que não existe uma diferença na germinação, o que quer dizer que, quase uniforme. Contudo, entre todas as variedades em estudo, a variedade 0040 teve maior número de plantas na emergência que as restantes variedades, seguida pelas variedades Malawi e 001522 com cerca de 12 plantas por unidade de área (Tabela 1). Stand final Este parâmetro refere-se ao número de plantas sobreviventes até à fase da maturação fisiológica e da colheita da cultura. O número de mortalidades varia de uma à seis plantas por variedade. A variedade que teve maior mortalidade foi a 00557 com 6 plants (Tabela 1) e a de maior sobrevivência de plantas foi a Ukulinga com cerca de 8 plantas por unidade de área. Rendimento do grão seco Das variedades em estudo, a variedade Ukulinga com cerca 800 kg/ha (Tabela 1) apresentou o maior rendimento, enquanto que as variedades Malawi e local com cerca 340 kg/ha, apresentaram rendimentos mais baixos. A variedade DDD4D apresentou um rendimento perto dos 500 kg/ha enquanto as variedades 0020, 0040 e 001522 os seus rendimentos rondavam aos 400 kg/ha. Conclusões Com os resultados apresentados referentes ao presente trabalho, pode se conluir que: A variedade 00557 possui maior quantidade de casca comparativamente as outras, perfazendo deste modo um total de 12.5%; A variedade com maior peso de 100 sementes significa que tem um tamanho maior de grão, e as de menor peso são de tamanho menor. 87.5% das variedades são de peso de 100 sementes inferior a 23 g (grãos muito pequenos). II. Avaliação da adaptabilidade de 32 linhas avançadas de amendoim (Arachis hypogaea) nas condições agrocológicas da região de Nampula 1 1 3 M. J. Carvalho , A. Muitia e S. J. Estaindo Introdução Em Moçambique a cultura do amendoim ocupa cerca de 332.000 hectares, ou seja 9% da área total cultivada sendo a província de Nampula a maior produtora seguida de Inhambane, Gaza, Zambézia e 1 2 Sector de leguminosas de grão (melhoramento de amendoim) do Posto Agronómico de Nampula Antigo estudante da Universidade Católica de Moçambique 22 Cabo Delegado (INE, 2005). O amendoim, apesar de desempenhar uma grande importâcia para o sector familiar assim como na comercialização e segurança alimentar, o cultivo desta leguminosa, segundo os valores percentuais vem conhecendo rendimentos baixos e fraca produção (INE, 2003), devido à adaptabilidade das variedades de amendoim usadas nas condições agroecológicas da região norte de Nampula. Ao nível da província de Nampula, o amendoim é vendido nos mercados locais e aparece em maiores quantidades entre os meses de Abril e Outubro. Mesmo assim, esta produção não tem sido suficiente para satisfazer as necessidades dos consumidores devido a vários factores, incluindo agro-ecológicos ou técnicos. É neste contexto que se propõe este trabalho de estudo de adaptabilidade de 32 linhas avançadas de amendoim com vista a se encontrar variedades mais adaptadas e capazes de garantir o aumento do rendimento no sector familiar. Metodologia As 31 linhas de amendoim usadas são originárias da República da África do Sul e uma variedade local que serviu de testemunha (Nametil), obtida no mercado local da província. Das 31 linhagens, as estudadas foram resultados de um cruzamento de duas variedades, Spanish e Valência. Foram implantados no país para se fazer um estudo de adaptabilidade e viabilidade em Moçambique. Foi montado um ensaio usando delineamento de blocos completos casualizados (DBCC), com 32 tratamentos e três blocos. A análise de dados foi feita usado um pacote estatistico Gen Stat modelo ANOVA, correspondente ao Delineamento de Blocos Completamente Casualizados para análise de variância. E para determinar o nível de diferença significativa entre tratamentos e repetições fez se teste LSD (Diferença Minima Significativa) para todas variáveis. Na análise dos rendimentos agronómicos foram determinados o peso médio do grão de cada tratamento, o peso médio da vagem e peso de 100 sementes. Para a determinação do rendimento foram usados os pesos médios da vagem de cada variedade e o peso médio do grão de cada variedade dividido por sua área útil do talhão. Os dados foram analisados pela análise de variância (ANOVA) e Gen Stat para a análise da variância e na determinação do nível das diferenças significativas entre os tratamentos e blocos foi usado o teste LSD (Diferença mínima significativa), protegida pelo teste F em todas variáveis que foram medidas antes e depois da colheita, através do programa informático EXCEL. Resultados e Discussão Crescimento vegetativo da cultura de amendoim durante a emergência 23 Tendo em conta o baixo nível de precipitação registado durante a campanha 2009/2010, a maioria das variedades com as regas realizadas conseguiram atingir rendimentos aceitáveis. Com o problema de compactação do solo, a germinação da semente não foi completa e nem foi uniforme. Foi registada a emergência das plântulas após 12 dias da sementeira. Em geral, a germinação foi de cerca de 85%. As variedades que foram estudadas, tivem dois tipos de hábitos de crescimento, sendo um do tipo erecto e outro do tipo prostrado. As variedades 34A, 45B, 10A, 40A, 24ª e 25B apresentaram hábito de crescimemte prostrado, folhas de cor verde-claro, as flores de cor amarela-alaranjada, a infloresc&encia apresenta só um ramo príncipal e as vangens estao distribuidas pelo caule. As restantes variedades apresentam hábito de crescimento erecto com muitas ramificações, folhas de cor verde, as flores amarelas, flores presentes em todas ramificações, a vagem concentrada junto a caule. É de salientar que as variedades provenientes da República da África do Sul mostraram possuir uma adaptabilidade boa às condições dos ensaios, atingindo rendimentos dignos em relação a variedade local. Resultados médios das variáveis de rendimento Para se identificar 31 linhas, nas condições agroecológicas da região norte de Nampula principalmente no (PAN) as varíaveis de rendimentos, estão apresentadas na tabela 1 a baixo e seus repectivos resultados de coefientes de varíação. E suas respectivas LSD (Diferença Mínima Significativa) isso pode se ver nos anexos para todas varieveis que foram observadas e medidas. Para análise de variância (ANOVA) pode se ver nas tabelas 2; 3 e 4 abaixo das variedades análizadas, não há diferença significativas em todos tratamentos das variáveis de rendimentos observadas: Tabela 1: Resumo de análise de variância das variáveis de rendimento Variável Repetição Tratamento Coef. De variação % Plantas no início ns Ns Plantas no fim ns Ns Altura ns Ns Peso da vagem (g) ns Ns Peso do grão ns Ns Peso de 100sementes * * Rendimentos (kg/ha) ns Ns **– Há diferenças significativas em 5%, ns–Não há diferença significativa em 5%, (g)– grama 25.5 30.5 47.1 37.4 10.9 8.0 37.4 De modo geral foi observado diferença significativa na percentagem de peso de 100 sementes entre os tratamentos e entre as repetições. Para determinar de entre as 32 linhas, o que teve maior número de plantas foi no início em relação no fim (colheita), foi feito o teste LSD apesar de se usar amostra as variáveis mostraram boa altura, melhor peso da vagem, do grão e maior peso de 100 sementes. 24 Enquanto as plantas na colheita a maior média foi no T8 com 82.3 e a minima T28 com 45.3 na análise das médias não existem diferenças significativas a maioria dos tratamentos só no caso de T27 , T26 há uma grande diferença entre eles e outros tratamentos, veja a tabela 2 abaixo. Tabela 2: Resultados médios de plantas no inicio e no fim (colheita) Variedades 6A 52B 4A 27A 20A 25B 24A 37A Nametil 23A 1A 21A 40A 17A 15A 72B 32A 16A 33A 19A 10A 41A 34A 45B 13A 75B 28A 5A 31A 8A 26B 35B Stand_inicial 82.3 82.7 70 79 78 63.7 69 90.7 63 76.7 75.3 65.3 71.3 82.7 97 84.7 75.7 98.7 93 61.3 76.7 91 73.7 82 86.7 88 67 71 78.7 69 75.7 72.3 Stand_final 69.7 63.7 57 67 59.3 48.3 47.3 66.3 49.7 55.7 70 53 58.7 66.3 82.3 68 62 73.7 80 50.7 60 75 45.3 60.3 61.3 78 45.7 55.3 64 56.7 59.7 56.3 O tratamento com o maior peso da vagem é T3 com uma média de 2.458g, encontramos uma média mas baixa no T18 com média de 1.292g por parcela (Tabela 3). Apesar de se usar amostra de peso do grão para análise das médias, o T25 e T8 apresentaram a média de 0.2033g como a maior de todos peso do grão e com a mínima no T7 com uma média de 0.085g. O peso de 100 sementes apresentou o maior peso no T20 e T 9 com uma média máxima de 0.04667g de todas variedades e com uma média mínima de 0.3g nos tratamntos T7; T15 e T32. 25 Tabela 3: Resultado médio da vagem, do grão e de 100 sementes Variedade 6A 52B 4A 27A 20A 25B 24A 37A Nametil 23A 1A 21A 40A 17A 15A 72B 32A 16A 33A 19A 10A 41A 34A 45B 13A 75B 28A 5A 31A 8A 26B 35B Peso da Vagem 1.555 1.757 2.267 2.419 2.029 2.122 1.492 1.542 1.93 2.073 1.858 2.205 2.173 1.798 1.865 1.612 1.292 2.398 2.26 2.028 1.857 2.262 1.402 1.972 2.338 2.235 1.75 2.458 2.038 1.993 1.843 1.927 Peso do grão 0.1817 0.165 0.185 0.19 0.2 0.2033 0.1967 0.1917 0.195 0.1983 0.1783 0.185 0.1833 0.1683 0.2033 0.1983 0.1583 0.1733 0.1833 0.1933 0.1817 0.1967 0.1817 0.1433 0.085 0.1517 0.185 0.1783 0.1867 0.2 0.175 0.1883 Peso de 100 Semente 0.04 0.04167 0.04 0.045 0.045 0.035 0.03667 0.04333 0.03 0.04 0.04333 0.04333 0.03667 0.04167 0.04167 0.03167 0.04167 0.04667 0.045 0.04167 0.04167 0.03833 0.04667 0.03833 0.03 0.04 0.03333 0.045 0.04167 0.045 0.03833 0.03167 Para a altura das plantas teve como maior altura o T29 com 47.44 cm, portanto na análise estatístico esse tratamento apresentou uma grande diferença significativa em relação às outras variáveis. O outro tratamento que se destacou por apresentar maior média foi T7 com 45.11 cm. Para a análise do rendimento, é de sublinhar que todas variedades apresentaram um rendimento significativo com uma média máxima de 2049 kg/ha para variedade 5A (Tabela 4). Tabela 4: Resultado médio de altura das plantas e rendimento Variedade 6A 52B 4A 27A 20A 25B Altura 28.94 47.44 38.38 37.47 35.38 33.33 Rendimento 1296 1464 1889 2016 1691 1768 26 24A 37A Nametil 23A 1A 21A 40A 17A 15A 72B 32A 16A 33A 19A 10A 41A 34A 45B 13A 75B 28A 5A 31A 8A 26B 35B 40.39 38.22 44 39.44 31.55 30.05 27.94 31.22 37.66 36.93 30.22 31.77 28.22 29.55 44.72 29.39 38.89 38.05 45.11 42.61 36.33 29.16 28 26.94 30.77 44.94 1243 1285 1608 1728 1549 1837 1811 1499 1554 1343 1076 1999 1883 1690 1547 1885 1168 1643 1949 1863 1458 2049 1699 1661 1536 1606 A variedade 5A é que obteve maior rendimento no presente ensaio com (2049kg/ha), os rendimentos médios que foram também maiores são: 27A (2016kg/ha); 16A (1999kg/ha); 4A (1889kg/ha); 13A (1949kg/ha); 41A(1885kg/ha); 33A (1883kg/ha); 75B (1863kg/ha); 21A (1837kg/ha); 40A (1811kg/ha); 25B (1768kg/ha); 23A (1728kg/ha); 31A (1699kg/ha); 20A (1691kg/ha). Das 32 linhagens a que apresentou menor rendimento em relação as outras foi 32A com 1076 kg/ha. Na determinação das 32 linhagens, obteve-se maior percentagem em todas variáveis observadas e medidas como: plantas no inicio e no fim do ensaio; altura das plantas, peso da vagem; peso do grão, peso de 100 sementes e o rendimento por área. Apesar de alguns factores que afectaram negativamente o ensaio, por exemplo escassez das chuvas que se registou após a sementeira, os rendimentos foram significativos em todas repetições, as vagens estavam cheias e o peso do grão foi bom. Com base na análise feita pode-se afirmar que as linhagens que faram avaliadas, 90% delas apresenta maiores rendimentos aproximados à média da variedade local (Nametil) e 10% obteve rendimento mais abaixo a esta. Em relação ao rendimento médio em África, 743kg/ha, os rendimentos deste etudo são bem maiores (Tabela 4). Comparando os rendimentos do estudo com o rendimento médio da variedade local 27 considerado como (Nametil com 1608 kg/ha) obtido no presente trabalho, pode-se se dizer estas são superiores, dado que a maior parte delas tem rendimentos maiores qu a variedade Nametil. Conclusões De acordo com os resultados do ensaio pode-se concluir que os mesmos resultados foram satisfatórios mesmo com alguns constrangimentos. As linhas que foram avialiadas a sua adaptablidade nas condições clímaticas de Nampula 75% mostrou rendimentos maiores que a média em relação a local que obteve 20% de rendimento e 5% apresentou menor rendimento. As linhas que foram estudas são geralimente mais altas porque apresetam o grão maior, possuem maior teor de óleo, e são muito rentavéis se a semente for lançada cedo e não no tempo seco. A mioria das linhagens é tolerante a roseta e outras pragas. A linha 5A foi a melhor em termos de rendimento, com uma média de 2049 kg/ha e a linhagem com menor média foi a 32A com 1076 kg/ha. Ainda concluiu-se que a escassez das chuvas afecta os rendimentos nas linhagens, altas taxas de mortalidade por seca, ataque de termites, roseta esses influeciaram no rendimento. III. Estudo comparativo de vinte e cinco cultivares elite de amendoim (Arachis hypogeae) de tipo Spanish na tolerância ao ataque da roseta nas condições agro-ecologicas de Nampula Cencia. M. Da Conceição Maurício, B. Divage, I. Napita, M. J. Carvalho e A. Muitia Introdução O amendoim é uma das principais oleaginosas cultivadas no mundo. É considerada, entre as leguminosas, uma das mais importantes culturas, juntamente com o feijão e a soja. O amendoim é caracterizado por ter teores elevados de óleo e proteínas. Trata-se de um dos alimentos humanos mais concentrados e, ao mesmo tempo, um alimento de fácil digestão (Brücher, 1989). O amendoim tem uma grande importância na alimentação humana em países da África e Ásia e nos Estados Unidos (Keprovicks, 1994) . Em Moçambique, a maior parte da produção é feita pelo sector familiar (acima de 98%) em condições de sequeiro, com utilização de baixos insumos e normalmente cultivada para o consumo humano (Arias e Libombo, 1994). Segundo Freire e Fernandes (1994), o amendoim é a quarta cultura mais importante da Província de Nampula, situando-se depois da mandioca, algodão e mapira, ocupando um total de 17.4% de área total cultivada na província. Esta cultura é amplamente afectada por pragas e doenças que atacam partes da planta como folhas, raízes, vagens e grão (Porter, 1997). Este trabalho irá permitir que os produtores utilizem variedades que toleram essa doença (roseta) e que haja uma melhoria no rendimento económico do amendoim. 28 Metodologia O presente trabalho foi realizado no IIAM (Instituto de Investigação Agrário De Moçambique) - Posto Agronómico de Nampula que dista à 7 km da cidade de Nampula na rua de Corrane, entre (15º,09´ Latitude Sul, 39º30’ Longitude Este e 432m de Altitude). A precipitação total média ronda aos 1114,2 mm anuais. Com temperaturas médias mínimas que não ultrapassam os 21ºC. Os solos do local onde o ensaio foi montado são francos arenosos de textura grossa (INIA, 2007). Foi usado o delineamento de blocos completos casualizados (DBCC). A área total de ensaio foi de 397,3m2 e composta por dois blocos e com vinte e cinco tratamentos, com uma faixa de isolamento entre blocos de 1,5m. Cada bloco foi dividido em 5 parcelas com 1m de separação entre elas, uma área de (5X6,1m) =30,5m2 , onde cada parcela tinha 10 linhas, 2 para cada variedade e cada linha tinha 50 covachos que corresponde a 100 plantas por variedade, 500 plantas por parcela , 2500 plantas por bloco e 5000 plantas em todo o campo. Não havia separação entre tratamentos, isto é, a separação entre tratamentos é através do compasso usado. Para a análise da variancia (ANOVA) foi usado o pacote estatístico GenStat. A comparação de médias protegida pelo teste Ficher, foi feita pela diferença mínima significativa (LSD) ao nível de significancia de 0.05. Resultados e Discussão Neste capítulo abordaremos os resultados encontrados ao longo do ensaio da seguinte forma: avaliação da taxa de infestação da doença ﴾Roseta) ao longo do cíclo da cultura, identificação de cultivares resistentes ou tolerantes a roseta, identificação de possíveis pragas ao longo do cíclo da cultura, avaliação do rendimento das vagens (g), do peso do grão (g), do peso de cascas (g) e rendimento (kg/ha). Pragas e doenças Durante o ensaio foram observadas várias pragas, que de certa forma contribuiram para a destruição de algumas plantas. As doenças observadas foram a roseta, as manchas foliares (tardias e precoces). De um modo geral não foi observada diferença significativa no índice de ataque de roseta e das manchas foliares. As principais pragas observadas foram as térmites. Como nas doenças, o efeito das términtes nos vários tratamentos não foi significativamente diferente. Rendimento e seus componentes A Tabela 1 apresenta o resumo dos resultados médios do rendimento e de componentes de rendimento. O peso de vagem mais alta é de 1099g observada na variedade T01515 e a média mais baixa é 268g, da cultivar T99557. Houve diferenças entre os tratamentos T01514, 01506 e 99568 e 29 entre o T99530, 99543, 24, 99551. 99541, 01513, 99537, 99552, 01504, 93437, 99574, 99555, 99554, 03520 e 03520 entre os T12991, 01501 também não diferem entre si. A diferença observou-se nos T99566, 01510 e 99557. Tabela 1: Resumo de resultados médios do rendimento e seus componentes Tratamanto ICGV-SM-99566 ICGV-SM-01514 ICGV-SM-99574 ICGV-SM-03520 ICGV-93437 ICGV-SM-01502 ICGV-SM-99557 ICGV-SM-99552 ICGV-SM-99568 ICGV-01501 ICGV-SM-01515 ICGV-SM-99554 ICGV-SM-99537 ICGV-SM-99530 ICGV-SM-01513 ICG-12991 ICGV-SM-99529 ICGV-SM-01504 ICGV-SM-01506 ICGV-SM-99541 ICGV-SM-99551 ICGV-SM-99555 ICGV-SM-99543 JL-24 ICGV-SM-01510 LSD Peso de vagem(g) 636 1012 510 434 512 716 268 577 740 372 1099 470 593 712 607 409 570 575 802 629 632 505 696 662 360 367.96 Peso do grão(g) 342 638 320 276 366 422 135 319 500 234 644 248 395 418 352 290 226 380 512 382 322 288 408 448 204 205.49 Peso de casca(g) 294 374 190 150 147 294 132 258 240 139 456 222 198 295 255 119 343 194 290 246 310 217 288 213 157 211.23 Peso de 100 sementes(g) 47 39 37 42.5 33 35.5 36.5 47.5 43.5 33 38.5 40.5 32.5 32 35 34.5 32 34 38 41.5 42.5 48.5 35.5 44.5 52 9.0972 Rendimento (kg/ha) 570 1063 533 461 609 704 225 532 830 389 1073 413 658 696 587 483 377 634 854 638 537 480 679 747 339 342.49 O peso da semente possui a maior média no tratamento T01515 com 644g e não há diferença significativa entre as cultivares 01514, 01506, 99568. A menor média foi registada na cultivar T99557 com 135g. Aos tratamentos T01515, 01514, 01506, 99568 e 24 não houve diferenças entre si. Na análise do peso de 100 sementes, a cultivar T01510 teve maior média, 52.00g. A cultivar T99529 mostrou a média menor 32.00g. Não houve diferenças significativas entre as cultivares T01510, 99555, 99552, 99566, 24, 99568 e também em T01501, 93437,99530 e 99552. A diferença é observada entre T99551, 0350, 99541, 99554, 01514, 01506, 99574, 99557, 99543, 01513, 12991, 01504 e 01502. 30 Conclusões Todas as variedades foram tolerantes a doença da roseta embora houve sinais da doença em algumas variedades, mas estes não foram significativos. A cultivar T01515 teve maior rendimento em relação aos restantes tratamentos com uma média de 1073kg/ha e a média mais baixa foi observada na cultivar T99557 com 225kg/ha. Para o peso da vagem as cultivares com maior média foram T01515 e T99557 com (1099g) e (1012g) respectivamente. Para o peso do grão a cultivar T01515 teve maior média (664g) e a T01510 com menor média (205g), ao peso da casca tiveram maior peso o T01515 (456g) e o menor peso ao T12991 (119g). O peso de 100 semente, a maior média na T01510 (52 g) e médias menor T99530 (32g) e T99529 (32g). IV. Descrição Morfológica de 40 variedades locais de Amendoim (Arachis hypogaea L.), colhidas na zona Norte de Moçambique no Posto Agronómico de Nampula P. C. Raúl, M. J. Carvalho e A. Muitia Resumo O trabalho foi desenvolvido no PAN, com o objectivo de fazer uma descrição morfológica de quarenta variedades locais de Amendoim, colhidas na região Norte de Moçambique, sobre um delineamento experimental de blocos completamente casualizados, cujos tratamentos eram as variedades. As variáveis a observar foram cor de testa, cor da flor, tipo de ramificação, tipo de folha e resistência a roseta. O método da colecta de amostras (plantas) foi o de “zig-zag”. As análises e conclusões tomadas foram com ajuda de um suporte teórico previamente existente usado para descrição de amendoim que permite o agrupamento das variedades quanto a variável de observação para facilitar na tomada de decisão. Existiram diferenças significativas entre elas, muito embora variedades como Erati Omar António, Erati Sede, Lurio Napacal Miguel, Pambara 7, mostraram fraca resistência a roseta. As cultivares apresentam ramificação do tipo Decumbent divididas em três categorias, em relação a cor das flores apresentam apenas duas cores diferentes e quanto ao tipo de folha maior parte das variedades apresentam folhas do tipo elíptica, algumas aparecem com folhas do tipo ovais, obovate e orbiculares com frequências relativamente baixas. Em relação a cor da testa apresentam seis categorias de cores. 31 Metodologia O material genético usado para o presente ensaio foi proveniente das províncias de Cabo Delgado Niassa e Nampula. Este material é conhecido e cultivado pelos agricultores destas regiões. O Delineamento usado para o ensaio foi o de blocos completamente casualizados (DBCC) (MAE 2005), com duas repetições e 40 cultivares locais colhidas ao nível das províncias de Cabo Delgado e Nampula. A sementeira obedeceu um compasso de 0,60 m x 0,20 m. A distância entre os blocos foi de 1,5m e 0,60m entre os tratamentos. Os dados foram colectados com base em observações e registos directos em campo, com ajuda de manuais de avaliação de pragas e doenças e bem como a ficha de recolha de dados. Para análise de dados do resultado do ensaio, foi usado o pacote estatístico Genstat. Diferença mínima significativa (DMS), protegida pelo teste F, foi determinada para verificar a diferença entre os diferentes tratamentos, a nível de significância de 5%. Resultados e discussão Relação entre Stand inicial e Stand Final (plantas perdidas) A análise de variância mostra existirem diferenças significativas entre as diferentes cultivares (P = 0.042) para a percentagem de plantas perdidas (Figura 1). Sendo que variedades como Cuamba L. Eugénio, Erati Mercado, Inpomge 2, Inpomge 5, Lurio N. Miguel, Muali 2, Nacate 2, Ncoela 2, Ncoela 4, Pambara 4, Pan 3, Pan 5 e Pan 6, perderam muitas plantas (acima de 20%), quando comparadas com as restantes variedades, esta diferença poderá ter sido originada pelo ataque da roseta e termites. As variedades Namuno, Pambara 1 e Pambara 3 quase que não perderam nenhuma planta. Maior densidade de plantas no campo é muito importante no cultivo de qualquer cultura, visto que a cobertura do solo com as plantas na fase de estabelecimento da cultura diminui a infestação de certas pragas e ervas daninhas. Neste contexto a taxa de fotossíntese atinge quase o máximo quando a superfície do solo é completamente coberta pelas folhas das plantas e, consequentemente, a intercepção da luz pelas folhas é quase completa e a maior parte de radiação solar atinge a planta (ICRISAT 1986). 32 Percentagem de Plantas Perdidas 60 50 40 30 20 10 0 Pan-6 Pan-4 Pan-2 Pambara-7 Pambara-5 Pambara-3 Pambara-1 Ncoela-4 Ncoela-2 Namuno-1 Nacate-1 Mualia-3 Mualia-1 MetaricaMutara ImpongeTomo1 Imponge4/3 Imponge4 Imponge2 EratiO-Antonio CuambaL- Variedades Figura 1: Percentagem de plantas perdidas Dias de floração a 75% A análise de variância mostra existirem diferenças significativas entre as cultivares (P = 0.01) (Figura 2). As cultivares Cuamba L. Eugénio, Metarica Mutara, Namuno 1, Ncoela 1, Pambara 5, Pambara 6 e Pambara 7, atingiram 75% de floração em média de 39 dias depois de sementeira, enquanto as outras atingiram 75% de floração quase aos 50 dias após a sementeira. Segundo (Walixar 1993) as variedades de cíclo curto iniciam a floração na quarta a sexta semana depois de sementeira. Assim sendo, provavelmente as cultivares em questão sejam de ciclo médio a longo nas condições do local onde o ensaio foi estabelecido, porque atingiram a 75% da floração na 7 semana. Neste contexto é de salientar que muito embora sejam todas variedades locais, o período de floração de variedade para variedade pode variar de acordo com as características genéticas e factores externos proporcionadas às condições ambientais da região onde forem estabelecidas as cultivares. 33 Dias de floracao a 75% 60 50 40 30 20 10 0 Pan-6 Pan-4 Pan-2 Pambara-7 Pambara-5 Pambara-3 Pambara-1 Ncoela-4 Ncoela-2 Namuno-1 Nacate-1 Mualia-3 Mualia-1 MetaricaMutara ImpongeTomo1 Imponge4/3 Imponge4 Imponge2 EratiO-Antonio CuambaL- Variedades Figura 2: Dias de floração a 75% Cor da flor As observações mostraram que para esta variável foram agrupadas em duas categorias de cores que são laranja amarelo e amarelo laranja (Tabela 1). Sendo que variedades como Cuamba Lurio Eugénio, Erati Mercado, Erati sede, Inpomge 4/3, Lurio Napacala Miguel, Metarica Mutara, Mualia 1, Mualia 2, Nacate, Ncoela 1, Pambara 2, Pambara 4, Pambara 6, Pan 2, Pan 3, Pan4 estão na categoria de Amarelo Laranja e as restantes cultivares como Mualia 3, Pan 1, Ncoela 3, Nacate 1, Inpomge 4/2, Ncoela 5, Inpomge 2, Inpomge 2A, Pan 6, Pan 5, Pambara 7, Pambara 1, Erati O. António, Mualia, Namuno 1, Pambara 5, Inpomge tomo, Pambara 3, Ncoela 2, Nacate 2, Inpomge 5, Unhaphatenha, Ncoela 4 e Inpomge 4 estão na categoria de Laranja Amarelo. O conhecimento da cor da flor é importante para os trabalhos de melhoramento (IBPGR and ICRISAT 1992). Tipo de folha Quanto ao tipo de folha temos seis tipos (Tabela 1). Observações mostram que apenas uma variedade que é Inpomge 4/3 tem folhas do tipo Obovate, e as variedades como Ncoela 1, Pambara 2, inpomge 4, Ncoela 4, Nacate, Pan 4, Inpomge tomo, Pambara 5, Mualia, Pambara 1, Erati O. António, Mualia 1, Inpomge 2A, Lurio N. Miguel e Mualia 2 tem folhas do tipo Wide-ellipitic. Variedades como Pambara 6, Unhaphatenha, Inpomge 5, Nacate 2, Ncoela 2, Pambara 3, Pan 5, Pan 6, Pan 3, Inpomge 2, Ncoela 5, Cuamba L. Eugenio Ncoela 3, e Mualia 3 tenham folhas do tipo Oblong-ellipitic. A variedade Namuno 1 tem folhas do tipo Ovate, a variedade Erati sede te folhas do tipo Orbicular. As variedades Inpomge 4/2 e Metarica Mutara tem folhas do tipo Ellipitic. E por fim Pambara 7, Pambara 4, Pan 2, Erati Mercado, Nacate 1 e Pan 1 tem folhas do tipo Narrow-ellipitic, (IBPGR and ICRISAT 1992). Tipo de ramificação Quanto ao tipo de ramificação observaram-se quatro tipos de ramificação a destacar: Decumbent-1, Decumbent-2, Decumbent-3, e Erecta (Tabela 1). As variedades Inpomge 4/3, Ncoela 4, Nacate, 34 Ncoela 2, Pambara 3, Namuno 1, Mualia, Pambara 1, Erati O. António, Mualia 1, Pan 2, Inpomge 4/2, Mualia 2, Nacate 1, Ncoela 3 e Mualia 3 apresentam ramificação do tipo Decumbent-3. As variedades Cuamba L. Eugénio, Erati sede, Ncoela 5, Ncoela 1, Pambara 5 e Unhaphatenha apresentam ramificação do tipo Decumbent-1. As variedades Lurio N. Miguel Pambara 4, Pambara 7, Nacate 2, Pambara 2 e Pambara 6 apresentam ramificação do tipo Decumbent-2. As variedades Pan 1, Metarica Mutara, Erati Mercado, Inpomge 2, Inpomge 2A, Pan 6, Pan 3, Pan 5, Inpomge tomo, Pan 4, Inpome 5 e Inpomge 4 apresentam ramificação do tipo Erecta. O tipo de ramificação pode definir o hábito de crescimento da cultura do amendoim (IBPGR and ICRISAT, 1992). Cor da testa As variedades que foram usadas no presente ensaio apresentaram sete categorias de cores, (Tabela 1). Para a cor roxa temos apenas duas variedades que são Inpomge 2A, e Inpomge 4/2. Para a cor roxa clara temos as variedades Pan 1, Pan 6 e Pan 5. Para a cor branca roxa temos as variedades Cuamba L. Eugénio, Erati Mercado e Lurio N. Miguel. Para a cor bronzeado escuro as variedades são Mualia 3, Ncoela 3, Nacate 1, Ncoela 5, Mualia 1, Pambara 4, Pambara 7, Pambara 1, Mualia, Pambara 5, Namuno 1, Pambara 3, Ncoela 2, Nacate 2, Nacate, Inpomge 5, Ncoela 4, Pambara 2, Pambara 6 e Ncoela 1. Para a cor bronzeado médio temos as variedades Erati sede, Mualia 2, Inpomge 2, Unhaphatenha, Pan 3 e Erati O. António. Para a cor bronzeado claro temos as variedades Pan 4, Pan 2 e Metarica Mutara. Para a cor bronzeado claro a médio temos as variedades Inpomge 4/3, Inpomge 4 e Inpomge tomo (IBPGR and ICRISAT 1992). A cor da testa da semente muitas vezes é usada para diferenciar entre diferentes tipos comerciais de amendoim (valência e spanish). Em geral variedades do tipo valência tem cor de testa roxa enquanto variedades do tipo spanish apresentam cor bronzeada. Cor do caule Quanto a cor do caule temos duas categorias que são violeta e verde, (Tabela 1). As variedades que apresentam a cor verde são: Pan 1, Ncoela 3, Erati sede, Cuamba L. Eugénio, Metarica Mutara, Nacate 1, Mualia 2, Erati Mercado, Lurio N. Miguel, Pan 2, Inpomge 2A, pambara 4, Mualia 1, Pan 3, Pan 5, Pambara 7, Pambara 1, Mualia, Pambara 3, Namuno 1, inpomge tomo, Nacate 2, Pan 4, Nacate, Inpomge 5, Unhaphatenha, Ncoela 4, Inpomge 4, pambara 2 e as que apresentam a cor violeta são: Pambara 6, Ncoela 1, Inpomge 4/3, Ncoela 2, Pambara 5, Erati O. António, Pan 6, Pambara 4, inpomge 2, Ncoela 5, Inpomge 4/2 e Mualia 3. Tabela 1: Características morfológicas das variedades em estudo Variedades Cuamba-Lurio – Eugénio Cassimo Erati – Mercado Erati-Namapa sede – Mercado Erati-Namapa sede - Omar António Inpomge – 2 Inpomge – 2ª Inpomge – 4 Inpomge – 4/2 Inpomge – 4/3 Inpomge – 5 Cor da flor Amarelo laranja Amarelo laranja Amarelo laranja Laranja amarelo Laranja amarelo Laranja amarelo Laranja amarelo Laranja amarelo Amarelo laranja Laranja amarelo Tipo de folha Elípticas rectangulares Estreitas Elípticas Orbicular Elípticas largas Elípticas rectangulares Elípticas largas Elípticas largas Elípticas Obovate Elípticas rectangulares Tipo de Ramificação Decumbent-1 Erectas Decumbent-1 Decumbent-3 Erectas Erectas Erectas Decumbent-3 Decumbent-3 Erectas Cor da testa Branca roxa Branca roxa Bronzeada médio Bronzeada médio Bronzeada médio Roxa Bronzeada claro a médio Roxa Bronzeada claro a médio Bronzeada escura Cor de caule Verde Verde Verde Violeta Violeta Verde Verde Violeta Violeta Verde 35 Inpomge/Tomo – 1 Lurio –Napacala – Miguel Metarica – Mutara Mualia Mualia – 1 Mualia – 2 Mualia – 3 Nacate Nacate – 1 Nacate – 2 Namuno – 1 Ncoela – 1 Ncoela – 2 Ncoela – 3 Ncoela – 4 Ncoela – 5 Pambara – 1 Pambara – 2 Pambara – 3 Pambara – 4 Pambara – 5 Pambara – 6 Pambara – 7 Pan – 1 Pan – 2 Pan – 3 Pan – 4 Pan – 5 Pan – 6 Unaphatenha Laranja amarelo Amarelo laranja Amarelo laranja Laranja amarelo Amarelo laranja Amarelo laranja Laranja amarelo Amarelo laranja Laranja amarelo Laranja amarelo Laranja amarelo Amarelo laranja Laranja amarelo Laranja amarelo Laranja amarelo Laranja amarelo Laranja amarelo Amarelo laranja Laranja amarelo Amarelo laranja Laranja amarelo Amarelo laranja Laranja amarelo Laranja amarelo Amarelo laranja Amarelo laranja Amarelo laranja Laranja amarelo Laranja amarelo Laranja amarelo Elípticas largas Elípticas largas Elípticas Elípticas largas Elípticas largas Elípticas largas Elípticas rectangulares Elípticas largas Estreitas Elípticas Elípticas rectangulares Ovais Elípticas largas Elípticas rectangulares Elípticas rectangulares Elípticas largas Elípticas rectangulares Elípticas largas Elípticas largas Elípticas rectangulares Estreitas Elípticas Elípticas largas Elípticas rectangulares Estreitas Elípticas Estreitas Elípticas Estreitas Elípticas Elípticas rectangulares Elípticas largas Elípticas rectangulares Elípticas rectangulares Elípticas rectangulares Erectas Decumbent-2 Erectas Decumbent-3 Decumbent-3 Decumbent-3 Decumbent-3 Decumbent-3 Decumbent-3 Decumbent-2 Decumbent-3 Decumbent-1 Decumbent-3 Decumbent-3 Decumbent-3 Decumbent-1 Decumbent-3 Decumbent-2 Decumbent-3 Decumbent-2 Decumbent-1 Decumbent-2 Decumbent-2 Erectas Decumbent-3 Erectas Erectas Erectas Erectas Decumbent-1 Bronzeada claro a médio Branca roxa Bronzeado claro Bronzeada escura Bronzeada escura Bronzeada médio Bronzeada escura Bronzeada escura Bronzeada escura Bronzeada escura Bronzeada escura Bronzeada escura Bronzeada escura Bronzeada escura Bronzeada escura Bronzeada escura Bronzeada escura Bronzeada escura Bronzeada escura Bronzeada escura Bronzeada escura Bronzeada escura Bronzeada escura Roxa clara Bronzeado claro Bronzeada médio Bronzeado claro Roxa clara Roxa clara Bronzeada médio Verde Verde Verde Verde Verde Verde Violeta Verde Verde Verde Verde Violeta Violeta Verde Verde Violeta Verde Verde Verde Violeta Violeta Violeta Verde Verde Verde Verde Verde Verde Violeta Verde Incidência da roseta aos 100 dias Resultados da análise de variância mostram que não existem diferenças significativas entre as variedades (P = 0.496) (Figura 3). Cultivares como Erati O. António, Lurio N. Miguel, Ncoela 2, Pambara 7, Pambara 5, Pambara 3, Cuamba L. Eugénio, Mualia, Mualia 2 e Nacate 1, mostraram ter fraca capacidade de tolerância a roseta. De entre estes cultivares acima citados a mais susceptível foi a Erati O. António com uma percentagem oito vezes acima da média geral. Em Moçambique a roseta é uma doença comum na produção de amendoim especialmente quando a sementeira for tardia, ou quando é cultivado na segunda época, esta doença é muito frequenta nas regiões onde as quedas pluviométricas são baixas e associada a baixa densidade das plantas (Davis 1976). 70 60 50 40 30 20 10 0 Percentagem de ataque de Roseta Pan-6 Pan-4 Pan-2 Pambara-7 Pambara-5 Pambara-3 Pambara-1 Ncoela-4 Ncoela-2 Namuno-1 Nacate-1 Mualia-3 Mualia-1 MetaricaMutara ImpongeTomo1 Imponge4/3 Imponge4 Imponge2 EratiO-Antonio CuambaL- Variedades 36 Figura 3: Percentagem de ataque de roseta Peso da vagem Ao nível de significância avaliado para o peso de vagem (P = 0.001) mostra existirem diferenças significativas entre cultivares como Erati O. António, Inpomge 2, Inpomge 4, Inpomge 4/2, Inpomge tomo, Metarica Mutara, Lúrio N. Miguel, Mualia, Mualia 2, Mualia 3, Nacate, Nacate 1, Namuno 1, Ncoela 5, Pambara 4 e Pan 4. A cultivar que se observou ter menor peso de vagem foi Lúrio N. Miguel com cerca de 0.092kg de peso. A Tabela 2 mostra o peso médio superior a média geral, mas a variedade Lúrio N. Miguel esta com uma media de peso muito a abaixo da média geral. Este comportamento pode ter sido resultante da maior contribuição genética das cultivares associado a falta de homogeneidade de nutrientes no solo. O défice hídrico durante a fase de enchimento de vagens geralmente reduz o peso das vagens e sementes (Graciano 2009). Entretanto, ainda na campanha 2009/2010 houve fraca precipitação no local em que o ensaio foi desenvolvido nas fases de frutificação e enchimento de grão aos 50 – 90 dias o que contribuiu nas diferenças de peso médio das vagens, consequentemente baixa peso de grão e rendimentos, podendo também tal situação ter sido causada por incidência de pragas como térmites e outras. Peso de grão A análise de variância mostra existirem diferenças significativas (P = 0.001), entre as cultivares Mualia 2, Mualia 3, Nacate, Nacate 1, Namuno 1, Erati O. António, Inpomge 2, Inpomge 4, Inpomge 4/2, Inpomge tomo, Metarica Mutara, Lúrio N. Miguel, Mualia, Ncoela 5, Pambara 4 e Pan 4 (Tabela 2). Embora se verifique que existem variedades que tiveram pesos maiores que as médias, é de salientar que menor peso de vagem implica redução do peso de grão e posteriormente o rendimento da mesma variedade, como podemos ver as variedades que tiveram menor peso de vagem são as mesmas que tem menor peso de grão. Rendimento Avaliado o rendimento do grão notou-se existirem diferenças significativas (P = 0.001) (Tabela 2). Valores de baixo rendimento de certas cultivares são indicadores de suprimento de cálcio e Magnésio na zona de desenvolvimento das vagens não satisfatória, visto que a deficiência destes nutrientes no solo resulta na formação de vagens chochas, peso médio baixo da sementese baixo rendimento (SILVA 2003). A deficiência de nutrientes no solo tem sido identificada em diferentes partes do país. No Sul de Moçambique basicamente na província de Inhambane é caracterizado pela deficiência de Zinco na produção de amendoim, fósforo nos solos de Gaza e Maputo. No Norte do país concretamente na 37 província de Nampula nota-se a deficiência de cálcio (Malithano 1980). Os rendimentos em Moçambique são em média 260 kg/ha (Malithano, 1980 e SNAP, 2002 citados por (Hlunguane, 2003). Tabela 2: Rendimento das variedades em diferentes componentes Variedade P. vagem (g) P. Grão (g) Rendimento (kg/ha) Cuamba-Lurio–Eugénio Erati – Mercado Erati-sede-Mercado Erati-Omar António Inpomge – 2 Inpomge – 2ª Inpomge – 4 Inpomge – 4/2 Inpomge – 4/3 Inpomge – 5 Inpomge/Tomo – 1 Lurio –Napacala – Miguel Metarica – Mutara Mualia Mualia – 1 Mualia – 2 Mualia – 3 Nacate Nacate – 1 Nacate – 2 Namuno – 1 Ncoela – 1 Ncoela – 2 Ncoela – 3 Ncoela – 4 Ncoela – 5 Pambara – 1 Pambara – 2 Pambara – 3 Pambara – 4 Pambara – 5 Pambara – 6 Pambara – 7 Pan – 1 Pan – 2 Pan – 3 Pan – 4 Pan – 5 Pan – 6 Unaphatenha DMS CV (%) 148 146 190 228 640 204 224 278 164 224 284 92 245 235 162 218 242 260 278 177 240 136 157 175 202 271 161 221 164 319 130 223 153 273 342 370 746 302 224 164 194.1 39.9 84.6 77.6 101.5 104.4 349.8 109.6 127.8 154 104.5 119.9 156.6 46.3 166.6 114.1 86 126.3 131 119.4 167.1 120.5 128.4 54 75.5 73 118.7 169.4 96.2 145.4 96.2 160.4 73.3 131.8 85.8 148.1 201 205.2 431.4 188.6 127.5 100.3 110.65 40.7 353 323 423 435 1457 457 532 642 435 499 653 193 694 475 358 526 546 498 696 502 535 225 314 304 494 706 401 606 401 669 305 549 358 617 837 855 1797 786 531 418 461.1 40.7 P. 100 sementes (g) 35.2 29.2 43.3 23.7 42.9 36.8 41.1 37.4 34.4 54 33.6 23.2 28.9 49.7 40.2 46.5 47.5 39.2 45.4 50.2 49.1 31.1 34.2 38.4 47.6 50.8 40.5 49.9 38.4 47.4 28.1 42.1 35.9 44.1 38.1 31.5 39 39.1 37.6 38 22.30 27.9 Conclusões Para vários dados observados como percentagem de plantas perdidas, dias de floração, cor da flor, cor da testa, tipo de folha, tipo de ramificação, cor de caule, peso de vagem, peso de grão e rendimento ao nível de significância de 5%, mostraram existir diferenças significativas. O trabalho evidencia que variedades com maiores rendimentos são na sua maioria resistentes a roseta bem como manchas foliares. Todas as variedades em termos de rendimento por hectare estão numa média de 572.17kg/ha. Variedades como Lurio Napacala Miguel e Ncoela 1, tiveram rendimentos abaixo da média nacional. Este trabalho deu a primeira indicação de parentes resistentes à roseta que futuramente poderão ser usados nos programas de melhoramento. 38 2.1.3. CENTRO DE ESTUDOS SÓCIO-ECONÓMICOS V. Salegua e A. Nhantumbo Introdução O Centro de Estudos Sócio-Económicos (CESE), tem a missão de integrar os aspectos sócioeconómicos na investigação agrária ao nível do Centro Zonal, de forma a permitir o acompanhamento das tecnologias agrárias libertadas. Neste contexto, o CESE tem estado envolvido em actividades tais como: Avaliação de impacto de adopção das tecnologias agrárias, realização de diagnósticos participativos rurais para diversos, estudos de mercados para diversas culturas, determinação dos orçamentos parciais das tecnologias, determinação de prioridades de investimento e de investigação, análise de sazonalidade e sensibilidades dos produtos agrários, determinação de atitude de risco das tecnologias e dos grupos alvos, entre outros. Principais estudos realizados I. Análise da Rentabilidade Financeira da Produção de Cajú: Uma Perspectiva do Pequeno Agricultor no Norte de Moçambique R. Pitoro, V. Salégua e G.Mlay Resumo Com o presente estudo pretende-se analisar a rentabilidade do cajú para os camponeses e identificar os problemas no cultivo de cajueiros e na comercialização da castanha e subprodutos de caju. Os dados para o presente estudo provêm de entrevistas semi-estruturadas aos grupos focais de produtores de cajú que para o efeito foram subdivididos em 3 (três) grupos estratificados de acordo com a produção média de castanha obtida por cada árvore. O inquérito teve lugar em 4 (quatro) distritos da província de Nampula; nomeadamente Mogovolas (Muatua, Armazém 50 e Mapuco 2), Mogincual (Quinga, Metapa e Maquela), Angoche (Km 13, Matucuti e Lipuene) e Moma (Rurabo, Nampuiria e Muaziwa), seleccionados na base no sua importância na produção de cajú na província. Os dados obtidos foram usados para elaboração de orçamentos parciais entre os grupos. Para a validação de dados obtidos e garantir a segurança da sua fiabilidade, foi aplicado o método de triangulação de informação recorrendo-se á dados do Trabalho do Inquérito agrícola, resultados de estudos anteriores e estatísticas do INCAJU. Os resultados do estudo indicam que no geral, alguns produtores de cajú entrevistados na província de Nampula apresentam retornos positivos na produção de cajú e outros não. É de notar que, os que apresentam retornos positivos, são essencialmente aqueles cujos seus rendimentos são iguais ou superiores a 5 kg/árvore, enquanto que os com rendas negativas são agricultores com árvores que produzem menos que 4.5 kg/ arvore. 39 O processamento de subprodutos de cajú, nomeadamente o sumo e a aguardente, constituem uma fonte importante de renda para as famílias camponesas na área de estudo. A produção e venda destes derivados de cajú, incrementa a renda familiar particularmente nos casos em que o preço da castanha é relativamente baixo devido às flutuações do preço no mercado nacional e internacional. A pulverização dos cajueiros contra Oídio e outras doenças, representa os maiores custos de produção e, assim sendo, a sua aquisição deve ser feita cautelosamente. Por exemplo, para os produtores com cajueiros com baixos rendimentos, a aquisição deste serviço não é compensada pelos rendimentos. Este serviço só faz sentido quando adquirido pelos agricultores que têm cajueiros com elevados rendimentos e que coincidentemente são mais jovens e com maior diâmetro de copa. Resultados e discussão As práticas agronómicas e tecnologias Calendário das actividades associadas ao cultivo do cajueiro O INCAJU tem vindo a produzir e a distribuir mudas aos produtores de cajú, apresentando as seguintes características: Mudas de produção precoce que entram em produção a partir do terceiro ano, comparativamente ao cajueiro comum que produz a partir do quinto ano. As mudas precoces entram em produção comercial cedo (por volta do 7º ano), têm maior produtividade e produzem castanha de maior qualidade; Mudas enxertadas com material genético (garfos) de espécies de cajueiro comum e anão que demonstraram alto rendimento e adaptabilidade às condições de cada região; Mudas tolerantes à pragas e doenças que, a nível nacional, constituem os principais constrangimentos do sector de cajú. No entanto, estas mudas têm sido distribuídas aos agregados familiares, ONG´s, privados e associações de produtores. Na campanha 2007/2008, o INCAJU distribuiu cerca de 541.000 mudas de cajueiro na província de Nampula. Na cultura de cajú, a propagação do cajueiro é feita na forma vegetativa, no entanto, as actividade associadas à produção da cultura iniciam no viveiro, destacando-se as seguintes actividades: Preparação de mudas Enchimento de vasos com solo: Nesta operação cada trabalhador consegue preparar cerca de 300 vasos por dia; 40 Sementeira no vaso: Depois das primeiras chuvas faz-se a sementeira, normalmente esta operação realiza-se em Dezembro. Após a sementeira inicia-se o processo de rega, por dia rega-se duas vezes, passados 45 dias após a sementeira as mudas são transportadas para a estufa para fins de enxertia; Enxertia: Entre os meses de Fevereiro e Abril, as mudas são enxertadas e, estas levam cerca de 14 dias para o pegamento, onde será removido capucho colocado no momento de enxertia e ambientam-se. As mudas devem receber raios solares, este processo leva 10 dias e depois as mesmas são transportadas para o campo definitivo. Uma pessoa bem treinada pode enxertar cerca de 250 plantas por dia; Manutenção das mudas: No processo de manutenção, ocorre a selecção das mudas pegadas, não pegadas e mortas, estas últimas são retiradas do viveiro e as não pegadas continuam no viveiro; Preparação do solo no campo definitivo: Na preparação da terra é necessária um uma lavoura e duas gradagens antes das primeiras chuvas, a lavoura realiza-se 30 dias antes da sementeira, a primeira gradagem 15 dias e segunda 10 dias antes da sementeira. A preparação do solo é feita manualmente com enxada de cabo curto, normalmente os produtores fazem entre Outubro e Novembro. A preparação manual do solo, muitas vezes não garante o bom revolvimento do solo e consequentemente boa porosidade e aeração do solo de forma a permitir boas trocas gasosas, isto sucede sobretudo se a lavoura não for bem profundo. Este factor é observado não só, para a cultura de cajú, como também noutras culturas, contribuindo assim para o baixo rendimento das mesmas. É importante salientar que a maior parte dos produtores na área de estudo não possuem novas plantações de cajueiros, mas sim detêm os cajueiros que foram plantados no período colonial. Actividades no campo definitivo Plantação no campo definitivo: Faz-se a plantação das mudas entre Janeiro e Março, tempo de maior disponibilidade de água ou precipitação, normalmente se houver disponobilidade de água para rega, pode-se fazer a plantação em todo ano; Limpeza dos cajueiros: Na plantação de cajú, faz-se duas limpezas, a primeira faz-se entre Março a Abril e tem como objectivo garantir o bom desenvolvimento dos cajueiros e a segunda limpeza é feita antes da colheita para permitir a identificação das castanhas. A maioria dos produtores só faz a limpeza para facilitar a colheita; 41 Poda dos cajueiros: A poda faz-se depois da colheita, antes do início da floração, de Janeiro a Abril. Faz-se somente uma única poda junto do tronco principal, mas os produtores habitualmente não fazem desta forma. Na área de estudo, de uma forma geral não são observadas as podas, porque no entender de alguns produtores a poda pressupõem a retirada da parte da cada copa que pode garantir mais castanha. Pulverizações contra oídio: As pulverizações são realizadas no início da floração, a 1ª pulverização contra o oídio e antracnose ocorre na primeira semana de Junho e, dependendo da área agroecológica, intercalado em 21 dias em relação a 2ª e da 2ª em relação a 3ª. No maneio integrado de cajú, a pulverização contra oídio e antranose é a actividade mais importante quando comparada com a poda e a limpeza de cajueiros. Os produtores na área de estudo entendem este facto, mas muitas vezes não o fazem devido à indisponibilidade financeira para a actividade. Os provedores de serviços de pulverização de INCAJU cobram entre 18 a 20 Mt por planta para três pulverizações, mas na maioria das vezes não chegam a pulverizar as três vezes, fazendo apenas 1 a 2 pulverizações. Existe também a desconfiança por parte dos beneficiários das pulverizações, que a solução de calda preparada por maior parte de provedores seja demasiadamente diluida com o objectivo de abranger mais plantas, de forma a ter maiores retornos monetários. A colheita A colheita de caju é uma actividade prolongada, observa-se com maior intensidade entre os meses de Outubro a Dezembro, embora possa ser feita a partir de Setembro. Na produção de cajú, as primeiras operações culturais iniciam ao nível de viveiro, onde são multiplicadas as mudas que mais tarde são plantadas nos campos definitivos. Na área em estudo, os agregados familiares não possuem viveiros de produção de mudas de cajueiros, apenas o INCAJU que detêm os viveiros. Variedades usadas e suas fontes De acordo com os resultados do programa de melhoramento de cajú do Centro de Investigação de Nassuruma (IIAM-Centro Zonal Nordeste), os principais clones/variedades são 11.7 PA; 11.8 PA; 7.10 PA; 5.12 PA; CCS 27; PPE 10; 19.5 PA; 1.5 R (Ricatla); 4.1 AD (anão desconhecido). O processo de produção e distribuição das mudas aos produtores é da inteira responsabilidade do ÍNCAJU. Insumos, doses aplicadas e sua calendarização. Mudas de cajueiro: Na província de Nampula, todos os distritos possuem viveiros sob égide do INCAJU vocacionados à produção de mudas de cajueiros e, estes viveiros representam a principal fonte de material de plantio. Na província de Cabo Delgado, existem viveiros do INCAJU nos distritos 42 de Macomia e Nangade e na província da Zambézia destacam-se os viveiros nos distritos de Mocuba e Pebane. O maneio integrado do cajueiro consiste em limpezas, podas, combate às queimadas descontroladas e pulverizações. Porém, a pulverização é a fase mais visível no maneio integrado do cajueiro, visando o combate das principais pragas e doenças do cajueiro em prol da estabilização do aumento da produtividade, produção e qualidade e a qualidade de castanha. Dependendo do tamanho da sua copa, um cajueiro devidamente pulverizado, pode produzir entre 12 a 40 Kg de castanha de boa qualidade, contrastando com 2 a 3 Kg de castanha produzida pelo cajueiro não tratado. Voltraid e Oxicloreto de cobre: No combate de Oídio e Antracnose usa-se uma mistura de calda, na qual o Voltraide (fungicida) e Oxicloreto de cobre combatem o Oídio e a Antracnose, respectivamente. A mistura consiste em 10 ml de Voltraid 40 g de Oxicloreto de cobre um litro de água para tratamento de única planta. São efectuadas três pulverizações e os produtores recebem do INCAJU estes químicos de forma gratuita. Entretanto, dependendo da área agro ecológica, a 1ª aplicação com a calda de fungicida contra o Oídio ocorre na primeira semana de Junho, intercalado sucessivamente em 21 dias em relação a 2ª e a 3ª aplicação. Flint: Este agro químico é o mais eficiente para o combate de Oídio e Antracnose. Para o efeito, são necessários 10 ml de Flint misturados em 1 litro de água e aplicados numa planta. Não obstante a sua eficiência, 1 Kg deste agro químico custa 3.000,00 Mt, o que limita muitos produtores de usar este produto. Karate: O agro químico usado para o maneio de Helopeltis spp está disponível no mercado local sendo necessários 10 ml de Karate misturados em 1 litro de água para uma planta. O preço de Karate é de 400,00 Mt/litro. O combate a Helopeltis spp, é feito no período compreendido entre Abril e Maio. Equipamento usado Para além de enxada e catana, os produtores de cajú usam também atomizadores, serras de poda e motosserras. Os atomizadores são utilizados para a pulverização e os produtores detentores de atomizadores são designados por provedores de serviço aos demais agricultores. Os provedores de serviço cobram 20 Mt/planta pulverizada correspondendo às três pulverizações contra o Oídio. As serras de poda e motosserra são usados para a poda. 43 Serviços de apoio à produção Extensão O INCAJU possui uma rede de extensão que tem como funções mobilizar os produtores a ingressarem no programa das pulverizações contra o Oídio e Antracnose bem como arrolar os novos produtores que pretendam aderir ao programa, distribuir fungicidas e apoiar os produtores no processo de aquisição dos atomizadores e recolher informação relativa às quantidades de castanha comercializada pelos produtores. Em cada posto administrativo, o INCAJU possui pelo menos um extensionista. Caso haja muitos atomizadores num dado posto administrativo, o INCAJU coloca 2 a 3 extensionistas. De notar que, em cada distrito existe um supervisor da rede de extensão. No âmbito do acordo celebrado entre o INCAJU e o Ministério de Educação, existe o programa escolar com resultados muito satisfatórios. Neste programa, o INCAJU distribui uma muda de cajueiro para cada aluno que além de levá-la para casa, este programa contribui para uma maior cobertura efectiva dos clones de cajueiros bem como a promoção de pomares em cada escola abrangida. Crédito O INCAJU concede crédito de gasolina às associações e singulares que possuem atomizadores e o valor a ser cedido depende do número de atomizadores, devendo ser pago no fim da campanha. Normalmente, as associações e produtores singulares que recebem créditos são os provedores de serviço de pulverização que, a pedido dos interessados, realizam as pulverizações dos cajueiros mediante cobrança de 20 MT/planta nas três pulverizações contra o Oídio e Antracnose. Insumos Como acima referido, o INCAJU possui viveiros em todos distritos da província de Nampula vocacionadas á produção de mudas. Até 50 plantas é feita a distribuição gratuita aos produtores. Acima de 50 mudas, são cobrados 10 Mt/ muda e, nos casos de grandes quantidades para estabelecimento de pomares comerciais (superior a 5000 plantas) o preço é negociável variando entre 5 a 10 Mt/muda. O processo de transporte das mudas para os produtores é a da inteira responsabilidade do INCAJU e, nalguns casos, os governos distritais colaboram no transporte das mudas usando seus próprios meios de transporte. O processo de pulverização é subsidiado, onde o pesticida é entregue gratuitamente ao provedor de serviços. O custo real do atomizador é 16.000,Mt e o provedor de serviços paga apenas o equivalente a 50% deste valor em duas prestações equitativas, sendo uma no início da campanha e a segunda no fim da campanha. Importa referir que existe um desconto de 1.000 Mt caso o provedor proceda o pronto pagamento na altura da aquisição do atomizador. É de notar que verificam-se raros casos de pagamento do atomizador feito em espécie, isto é, via castanha de cajú. 44 Rendimento e produção Os produtos colhidos e vendidos pelos produtores são a castanha e pêra de cajú sendo maioritariamente vendida a castanha. Na campanha de (2007/2008) o preço por Kg oscilou entre 8,00 e 15,00 Mt. No Centro de Investigação de Cajú de Nassuruma, os rendimentos por hectare variam em função do clone. A título de exemplo, em regime de sequeiro, o clone 5.12PA apresenta um rendimento de 650 Kg/hectare, o clone 11.7PA aproximadamente 750 Kg/hectare e o clone 7.10 PA, cerca de 800 Kg/hectare. Entretanto, os clones PP 10 e CCS 27 são os mais promissores, chegando a obter um rendimento de 30 a 40 Kg/planta, o correspondente a 2.070 a 2.760 Kg/hectare. Existem clones com rendimentos inferiores aos acima mencionados como é o caso do clone 4.1PA com 350 Kg/hectare. É de frisar que, a amplitude de variação de rendimento é, em grande medida, devido: às diferenças genéticas entre clones, à escassez das chuvas, à não pulverização contra o Oídio e Antracnose, à queima, às técnicas de podas inapropriadas. Efectivamente, quando o maneio do cajueiro é feito de acordo com as recomendações, os rendimentos obtidos no Centro de Investigação de Cajú de Nassuruma não diferem de forma significativa aos do produtor. Comercialização Canais de comercialização, os agentes envolvidos e serviços providenciados A produção de cajú na área de estudo apresenta variações cíclicas, nas quais um ano de boa produção é geralmente seguido por um ano de baixa produção até atingir-se um mínimo relativamente ao ano de pico (em média, depois de dois a três anos), a partir do qual volta a registar-se um crescimento até atingir-se um novo pico, repetindo-se sucessivamente o ciclo. Os níveis de comercialização de cajú têm vindo a acompanhar o ciclo acima referido. Tomando como exemplo as últimas cinco campanhas (campanhas 03/04 à 07/08) na província de Nampula, pode-se constatar que, na campanha 04/05 (a considerada melhor campanha pós-independência) a comercialização de castanha de cajú atingiu um pico de 59.346 toneladas. Na campanha 07/08, a comercialização decresceu para 46.123 toneladas. Nestas últimas 5 campanhas, a baixa comercialização resulta da fraca produção resultante da baixa precipitação na época de floração. Na campanha 2007/08, a falta de precipitação na época de floração representou o maior constrangimento pois, os agricultores produzem a castanha de cajú em regime de sequeiro e, nos casos de baixa precipitação verifica-se uma diminuta capacidade da planta no aproveitamento de nutrientes e sais minerais para a floração. Por sua vez, a baixa floração implica baixa produção e 45 consequente baixa comercialização. A estiagem destrói parte considerável das flores, reduz a frutificação dos cajueiros e por conseguinte baixo rendimento. Na província de Nampula, regista-se um forte negócio de processamento e venda informal da castanha. O processamento e venda informal está em plena expansão, pois é notória a presença da amêndoa de cajú nos mercados e bazares bem como, muitos vendedores ambulantes e produtores nas ruas da cidade de Nampula, e vendedores ambulantes na beira da estrada Nampula a NamialoMeconta. Importa referir que, neste troço os vendedores mandam parar as viaturas para venderem amêndos de caju e pêra de caju aos potenciais interessados. Pelo acima apresentado, pode-se concluir que a castanha de cajú pode chegar ao consumidor final através do próprio produtor, ou o produtor pode vender ao vendedor ambulante e este por sua vez, vender a castanha ao consumidor, ao processador e exportador. O canal mais observado no mercado, circunscreve-se à castanha que sai do produtor para o vendedor ambulante (intermediário) e deste para o consumidor final. Sistema de classificação do produto comercializado Na comercialização vende-se a castanha por qualidade. Infelizmente, na região é rara ou inexistente a castanha grande, podendo-se encontrar a castanha média e pequena, sendo a castanha média a mais preferida e considerada limpa em virtude de não apresentar manchas e vendida a um preço relativamente elevado. Em contrapartida, a castanha pequena é a menos preferida porque possui manchas e é considerada suja, sendo vendida a um baixo preço e, muitas vezes, rejeitada na fábrica. Na campanha 2006/07, o preço da castanha oscilou de 8 a 15,00 Mt/Kg. Armazenamento nos diferentes níveis da cadeia, Nos diferentes níveis da cadeia de valor, a partir da machamba registam-se consideráveis perdas pós colheita, destacando-se a castanha chocha, castanha imatura e perda de peso da castanha desde a colheita até ao consumidor (industrial e processador). Estima-se que cerca de 10% de perdas são originadas pelo deficiente ou falta de maneio integrado de pragas e doenças. Principais componentes de custos de comercialização Os principais componentes de custos de comercialização da castanha incluem: Perda de peso da castanha desde a comercialização primária até á exportação ou entrada na fábrica; Perdas comerciais (castanha chocha, imatura, materiais estranhos nos sacos como é o caso de rochas nos sacos para aumento ilícito do peso) Stocks nos diversos estágios de comercialização (comerciantes, exportadores, industriais, etc.) que transitam de uma campanha para a outra e Custos associados ao transporte da castanha. 46 Constrangimentos de comercialização O facto de existirem stocks nos diversos estágios de comercialização a transitarem de uma campanha para outra, origina relativa baixa procura de castanha na campanha seguinte. Importa sublinhar que, caso haja stocks em mais de duas campanhas consecutivas, poder-se-á registar uma diminuição considerável da oferta de castanha de cajú no mercado. Contudo, as vias de acesso, transporte, infraestruturas de armazenamento e a má classificação da castanha, são igualmente constrangimentos da comercialização. Mercados de insumos No mercado local há disponibilidade de mudas de cajueiro nos viveiros do INCAJU existentes em todos os distritos de Nampula. Nas lojas de venda de insumos agrícolas, pode-se encontrar o Karate para o controlo de Helopeltis spp e, infelizmente não estão disponíveis no mercado os agro-químicos utilizados para a calda de maneio de Oídio e Antracnose. De notar que, estes agro-químicos são importados pelo INCAJU. No que se refere às mudas de cajueiros, o INCAJU oferece ao produtor até 50, mas o produtor que deseja acima de 50 mudas, cada muda custa 10,00MT. Se o produtor precisar acima de 1000 mudas, o preço pode ser negociado, mas varia entre 5 a 10,00 Mt. Agro-processamento Na província de Nampula ocupam um lugar de relevo, as pequenas e médias indústrias de agroprocessamento de castanha de cajú que, estando na fase de plena consolidação são caracterizadas pelo uso semi-mecânico de descasque, mais eficiente em termos de produção de amêndoa inteira e branca, que apresenta maior valor no mercado. Essas empresas são caracterizadas pelo uso de mãode-obra intensiva, permitindo a geração de postos de trabalho, renda e dinamização da economia rural. No distrito de Monapo a ADPP desenvolve algumas actividades de agro-processamento. Na ADPP em Itoculo, os principais produtos processados são a amêndoa de cajú, sumo de cajú e doce de cajú. No processamento caseiro, a pêra de cajú também é utilizada para produção de aguardente. No processamento de 5 Kg de cajú pode-se obter 1 Kg de amêndoa de cajú. Porém, não existe informação comprovada e documentada relativa ao factor de conversão de sumo de cajú e doce de cajú. 47 Rentabilidade financeira da produção de cajú Na análise da rentabilidade financeira, a unidade de análise é a planta e, assim sendo, todos os derivados de cajú, desde a castanha, sumo de cajú e aguardente, foram convertidos para esta unidade de forma a permitir uma comparação entre os vários grupos de produtores. Para os produtores que pulverizaram os seus cajueiros, foi excluído o custo de aquisição do atomizador nos custos de produção visto que este custo está incorporado na pulverização por planta. Os produtores comerciais receberem mudas da INCAJU a um preço de 10Mt por unidade, A tabela 2, apresenta os orçamentos de produção de castanha de cajú e seus subprodutos. Os resultados de orçamentos de cultura nos 12 distritos visitados, revelam que: Três grupos de produtores de cajú foram identificados em Nampula com base em rendimentos de castanha. O grupo 1, é composto por produtores com menores rendimentos de castanha por árvore. Este grupo comporta produtores com rendimento igual ou inferiores a 3 kg/árvore, tendo como média, 2 kg/árvore. O grupo 2, de produtores intermédios que apresentam rendimentos entre 4.5 e 8 kg/árvore, sendo a sua média de 6 kg/árvore. Por último, o grupo 3, o de produtores com os maiores níveis de rendimento por árvore na região, sendo iguais ou superiores a 10kg/árvore e apresentando uma média estimada em 12kg/árvore; De uma forma geral, os níveis de rendimento de castanha de cajú estão positivamente correlacionados com o número de árvores. A título de exemplo, os produtores de grupo 1 possuem uma média de 22 cajueiros por família com um rendimento médio de 2kg/árvore, enquanto que, os produtores do grupo 3, apresentam uma média de 207 cajueiros por agregado familiar com uma média de rendimento de 12kg/árvore; A produção de castanha de cajú e seus sub produtos não é rentável para o grupo 1 cujo seu retorno médio a bens familiares é negativo, mas é para os grupos de maior nível de rendimento por árvore que são caracterizados por terem árvores relativamente novas e com maior diâmetro de copa. Para estes grupos, o retorno médio aos bens familiares é de 90.50 Mt/árvore e 278.12 Mt/árvore para os grupos 2 e 3, respectivamente; Atendendo que o custo de aluguer de equipamento de processamento de subprodutos de cajú não varia em função do volume do falso fruto processado ou do rendimento por árvore ou do número de cajueiros, os produtores com menor rendimento por árvore 2.7 kg e por conseguinte menor volume de falso fruto despendem relativamente mais recursos financeiros no processamento do sumo e aguardente de cajú. Para este grupo de produtores, a rentabilização desta actividade passa necessariamente pela aquisição de elevadas quantidades 48 de falso fruto para a produção de derivados. Provavelmente, esta seria uma oportunidade para especialização deste grupo neste tipo de actividade, relegando a produção da castanha/cajú para os produtores com maior número de cajueiros e com maiores rendimentos unitários; A contratação de mão-de-obra extra familiar quer para as actividades produtivas quer para as de processamento é limitada e contribui pouco nos custos de produção; Considerando que a pulverização do cajueiro contra Oídio e outras doenças não varia muito com o diâmetro, idade nem rendimento, afigura-se ser lógico pulverizar cajueiros mais jovens, com maiores diâmetros de copa e relativamente maiores rendimentos unitários. Tabela 1: Rentabilidade financeira de produção de cajú e seus subprodutos (2008) Item Rendimento castanha (Kg/árvore) Rendimento sumo (L/árvore) Rendimento aguardente (L/árvore) Receita bruta amendoa (Mt/árvore) Receita bruta sumo (Mt/árvore) Receita bruta aguardente (Mt/árvore) Receita Bruta total (Mt/árvore) INSUMOS (Mt/árvore) Pulverização EQUIPAMENTOS (Mt/árvore) Sacos Alambique Casquinho Panela Tambor MÃO-DE-OBRA (Mt/árvore) a. Lavoura manual CUSTOS Retornos a bens da família Total de mão-de-obra familiar (dias) Retorno á mão- de-obra familiar (Mt/dia/árvore) 1 (3≤kg/árvore) Média Min Max 2 (4.5 a 8 kg/árvore) Média Min Max 3 (≥10kg/árvore) Média Min Max 2.5 2.5 1.5 1.5 3.0 3.0 6.2 6.2 4.5 4.5 8.0 8.0 12 12 10 10 14 14 1.2 0.8 1.5 3.1 2.3 4.0 6 5 7 16.63 9.75 21.00 42.02 29.25 56.00 78.45 65.00 98.00 32.35 18.75 37.50 83.61 56.25 114.00 154.39 113.64 206.25 23.55 13.50 30.00 60.68 40.50 80.00 112.47 92.05 130.00 72.53 0.00 0.00 149.17 11.25 10.33 15.57 15.35 96.67 0.13 0.13 149.29 -76.77 42.00 0.00 0.00 101.33 10.00 8.00 6.67 10.00 66.67 0.00 0.00 101.33 -59.33 88.50 0.00 0.00 224.00 15.00 15.00 30.00 24.00 140.00 1.50 1.50 225.50 137.00 186.31 20.00 20.00 75.68 12.50 4.96 7.68 6.61 43.93 0.13 0.13 95.81 90.50 126.00 20.00 20.00 45.15 10.00 3.00 2.50 3.33 26.32 0.00 0.00 65.15 60.85 250.00 20.00 20.00 119.50 20.00 7.50 15.00 12.00 65.00 1.50 1.50 141.00 109.00 345.31 20.00 20.00 46.84 11.50 2.64 4.19 3.94 24.57 0.35 0.35 67.19 278.12 270.68 20.00 20.00 35.16 10.00 2.31 2.00 3.00 17.86 0.00 0.00 55.16 215.52 434.25 20.00 20.00 61.54 15.00 3.13 8.00 6.25 29.17 2.00 2.00 83.54 350.71 21.39 18.08 28.05 75.91 48.43 144.43 149.76 52.49 336.28 -3.58 -3.28 -4.88 1.19 1.26 0.0.76 1.86 4,11 1.04 49 Análise de sensibilidade Dado que, nos actuais sistemas de cultivo do cajueiro, os produtores do grupo 1, apresentam retornos negativos com a produção de cajú, seria importante identificar as eventuais mudanças a serem introduzidas no processo produtivo que, do ponto de vista financeiro, resultariam em retornos positivos. Os resultados da Tabela 2 indicam os actuais sistemas de cultivo de cajú, os produtores deste grupo teriam retornos positivos se o rendimento fosse superior a 6.1kg/árvore. Este nível de rendimento unitário, representa um aumento de 148% comparativamente ao nível actual de rendimento e tem a vantagem de reduzir em 60%, os custos de equipamento para a produção de sumo e aguardente. A outra alternativa que os dados revelam, é o aumento superior a 547% do preço local vigente de 6.57 Mt/kg de castanha de cajú. Esta é uma alternativa difícil de sustentar na medida em que o preço de castanha apesar de ser livre ainda é controlado e um aumento em cerca de 550% seria insustentável. A redução dos custos de insumos na produção não constitui solução viável para estes produtores, devido aos baixos níveis de rendimento unitário alcançados por este grupo de produtores, a distribuição gratuita de mudas e as pulverizações a custo zero, não tornariam positivos os retornos dos mesmos. Tabela 2: Análise de sensibilidade Item 1 (<4.5kg/árvore) Break-even: Preço de castanha 547% 50.2 Break-even: rendimento 148% Break-even: equipamento por kg de castanha -60% 6.1 Break-even: pulverização -100% (0.00)* * retornos são negativos; **retornos positivos 2 (4.5-8kg/árvore) -100% (0.00)** -43% 3 (≥10kg/árvore) -100% (0.00)** -78% 75% 400% 346% 1340% 3.6 100.5 2.6 288.12 Observando os grupos 2 e 3, pode-se constatar que baixando os preços de castanha até zero, os produtores destes grupos ainda teriam retornos positivos no valor de 38.48 Mt/árvore e 189.67 Mt/árvore; respectivamente. Estes grupos de produtores ainda têm espaço para registar perdas de rendimento sem que isso resulte necessariamente em prejuízos financeiros. A título de exemplo, uma redução de rendimento de 43% (para 3.6 kg/árvore) ainda resulta em retornos positivos para o grupo 2. De notar que, a redução de rendimento até 2.6 kg/árvore resulta em retornos positivos para o grupo 3 (Tabela 2). Concluindo, o aumento da rentabilidade financeira de produção de cajú em Nampula passa necessariamente pelo seguinte: Aumento de produtividade para os produtores que actualmente produzem menos de 4.5kg/árvore O material em testagem revela que os clones 11.7PA e 11.8PA, apresentam características similares e são promissoras pois, em anos de boa campanha, têm alta produção, apresentam 50 uma boa pêra de cajú e uma castanha média, peso da castanha acima de 6 gramas, fácil despiculagem da amêndoa e fácil remoção da castanha do falso fruto. O clone 5.12PA é tolerante às principais doenças ( Oídio, Antracnose e queima). Felizmente, este clone apresenta bons rendimentos mesmo sem pulverização. Importa referir que, os clones 11.7PA e 5.12PA são os mais preferidos e cultivados na maioria dos pomares dos produtores. Não obstante o papel crucial desempenhado pelo Centro de Investigação de Cajú de Nassurruma no processo da testagem das tecnologias, importa referir o envolvimento do INCAJU e das associações de produtores. Para os produtores com cajueiros mais produtivos (superior a 10 kg/árvore), as perdas de rendimento não devem ser superiores a 8 kg, isto é, não devem ter rendimentos inferiores a 2.6 kg/árvore. Este grupo de produtores pode suportar os elevados custos de produção de mudas bem como de aquisição de equipamento para pulverização dos seus cajueiros. Conclusões Com base nos resultados da análise de rentabilidade financeira de produção de cajú, realizada em 12 distritos da província de Nampula, pode-se tecer as seguintes conclusões: A produção de cajú e seus subprodutos não é financeiramente rentável para produtores com árvores de baixos rendimentos, ou seja, rendimentos inferiores a 4.5kg/árvore. Estes produtores são caracterizados por cajueiros velhos com relativamente menor diâmetro da copa e não pulverizam as árvores; A produção de cajú revela-se financeiramente rentável para os produtores com árvores com rendimentos entre acima de 4.5kg/arvore Estas árvores são geralmente de maior porte em relação ao diâmetro de copa e são relativamente mais jovens; A produção de subprodutos é uma fonte importante de renda para os produtores de cajú em Nampula e segundo os resultados do estudo maior benefícios vai para os produtores que exibem maiores rendimentos por árvore; Foram exploradas várias alternativas de melhoramento de rentabilidade financeira e constatou-se o seguinte: Os produtores com baixos rendimentos por árvore, deveriam apostar na melhoria das técnicas de maneio do cajueiro, na introdução de variedades que possam alcançar níveis de rendimento iguais ou superiores a 7kg/árvore; Os produtores com maiores rendimentos por árvore podem suportar altos custos de pulverização como também podem permitir alguma perda de rendimentos, desde que as suas árvores não apresentem rendimentos médios inferiores a 2.6 kg. Os produtores com 51 maior número de cajueiros tendem a ter cajueiros mais produtivos e estes podem suportar custos de pulverização. II. Análise da Rentabilidade Financeira da Produção do Algodão: Uma Perspectiva do Pequeno Agricultor no Norte de Moçambique R. Pitoro, A. Manuel, G. Mlay e V. Salegua Resumo O presente estudo pretende determinar a rentabilidade da cultura do algodão, avaliar o nível de rentabilidade do algodão para os camponeses e identificar os problemas no cultivo e comercialização do algodão. Os dados para o estudo provem de entrevistas semi-estruturadas realizadas aos associados produtores de algodão que foram subdivididos em três grupos estratificados de acordo com a produção média obtida por hectare de algodão caroço. O inquérito teve lugar em 4 (quatro) distritos da província de Nampula, nomeadamente Monapo (Netia, Muruto e Nacololo), Meconta (Namialo, 25 de Setembro e Eduardo Mondlane), Mecuburi (Metotia, Namina e Popue-Natala) e Lalaua (Mercado Nrepo, Mercado Nacusse e Lalaua Velho), seleccionados na base no nível de produção. Para a recolha de dados foi usado um Diagnóstico Rápido Participativo (DRP) em que, a equipa de pesquisadores reunia-se com pequenos grupos de camponeses seleccionados com base no seu nível de produtividade como critério de tipologia. Os dados obtidos foram usados para elaborar orçamentos parciais entre os grupos. Para a validação de dados obtidos e aumentar a segurança da sua fiabilidade, recorreu-se a combinação de métodos e dados, tais como resultados de estudos anteriores, estatísticas do IAM, aplicando-se o método de triangulação de informação. Resultados do estudo indicam que no geral, todos produtores de algodão entrevistados na província de Nampula apresentam retornos positivos na produção de algodão e os seus rendimentos em geral são superiores a 600 kg/ha e o grupo de melhores produtores chega a produzir em média 850 kg/ha. Todavia os rendimentos são inferiores aos rendimentos médios na África Austral. Os custos de mãode-obra contratada representam acima de 50% dos custos totais variáveis na produção de algodão. Os grupos 1 e 2 tendem a ter maiores custos de mão-de-obra comparativamente ao grupo 3. Os retornos a mão-de-obra familiar são baixos e tem uma relação positiva com rendimento do algodão por hectare. Apesar de se ter registado uma considerável melhoria nos rendimentos agronómicos do algodão em Nampula, este não se reflecte na melhoria da rentabilidade. Os retornos para os bens da família em 2005/06 são maiores que os retornos em 2007/08 apesar de os rendimentos de 2007/08 serem maiores que os de 2005/06. O grupo de maiores produtores, com um rendimento de 700 kg/ha, resulta num retorno a mão-de-obra familiar de mais do dobro do retorno a mão-de-obra para os melhores produtores da campanha 2007/08 mesmo tendo um rendimento por hectare de 850 kg/ha. 52 Resultados e Discussão Calendário da cultura e sequência das actividades Agro-técnica da cultura do algodão Segundo Chamuene (2002), o algodão é uma cultura extremamente exigente em mão-de-obra e o agricultor deve possuir o equipamento (pulverizadores, pilhas, enxadas, catanas, etc) e insumos (pesticidas e insecticidas) necessários. Nesta secção prende-se analisar as práticas seguidas pelos produtores com vista a identificar as possíveis causas de baixo rendimento. A análise descritiva é baseada nas recomendações da investigação e observações de campo. Preparação do terreno Segundo Chamuene (2002), são necessária uma lavoura antes da primeira chuva e uma ou duas gradagens depois da primeira chuva. Solos com elevado teor de argila só podem ser trabalhados quando húmidos, o que limita a área total a ser trabalhada. Os solos de textura franco-argilosa são bons para o cultivo do algodão. Os solos continuamente cultivados, com precipitação superior a evaporação, tornam-se ácidos. Solos ácidos inibem o crescimento do algodoeiro. Segundo o diagnóstico rápido rural participativo. Os produtores de algodão na área de estudo fazem a preparação da terra manualmente, podendo durar 10 dias/ha, dependendo do tipo de solo e produtividade da mão-de-obra. O custo por hectare é avaliado em 500Mt para mão-de-obra contratada. Alguns produtores têm usado mão-de-obra familiar para o efeito, chegando a levar 30 dias para fazer lavoura manual de numa área de 1 hectare. O DRP indica que os produtores fazem apenas uma lavoura uma semana antes do início das chuvas. De uma forma geral, os solos na área de estudo são de textura leve. Sementeira O algodoeiro é uma planta exigente quanto a temperatura e insolação. Durante o seu ciclo vegetativo necessita de, pelo menos, cinco meses de condições climáticas propícias ao seu desenvolvimento e produção. Estas condições verificam-se em Moçambique, durante a época das chuvas, que geralmente tem seu início em Dezembro e fim em Maio. Se a fase vegetativa não coincidir com este período, a cultura é prejudicada. Por esta razão a época de sementeira é um dos factores que mais influi na produção do algodão. Estudos realizados no país, concluíram que as épocas mais propícias para a sementeira do algodão nas regiões algodoeiras nas diversas províncias são: Tete e zonas baixas de Nampula e Cabo Delgado, Dezembro; Regiões de média altitude de Nampula, Niassa e Cabo Delgado, realizam-se a sementeira em princípios a meados de Dezembro; Sofala e Baixa Zambézia, Dezembro; Manica e Alta Zambézia, meados de Novembro a meados de Dezembro, e Inhambane, Gaza e Maputo, semeia-se nos meados 53 de Novembro e meados de Dezembro (Carvalho, 1996). Na província de Nampula, concretamente nos distritos cujo estudo teve lugar, a sementeira tem de ser feita entre os meses de Novembro e Dezembro. A sementeira da cultura do algodão pode ser feita em seco, em aberta ou em cova tapada com humidade óptima no solo. A quantidade de semente é de cerca de 30 kg/ha, a um compasso de 1 metro entre linhas e 0,20 metros entre plantas e 4-5 sementes por covacho (Chamuene, 2002). Resultados das entrevistas do estudo revelam que, numa área de 1 ha, os agricultores semeiam 25 kg de semente de algodão, recebida gratuitamente das empresas fomentadoras. Como se pode observar, os produtores usam menos semente que o recomendado. De uma maneira geral, os agricultores afirmaram usar semente tratada e o custo de mão-de-obra para a sementeira é de 150Mt/ha. Segundo os produtores, usando a mão-de-obra familiar, dependendo do tamanho do agregado familiar e da produtividade desta, a actividade pode durar até 4 dias, razão pela qual preferem contratar a mão-de-obra para realizar esta actividade o mais rapido possível. Devido a escassez de mão-de-obra como de problemas de gestão da própria cultura por parte dos produtores, tem se observado um atraso no início das sementeiras podendo deste modo resultar em baixos rendimentos. Segundo Pitoro (2004), uma semana no atraso do início da sementeira equivale a perda de rendimento de cerca de 94 kg, podendo significar uma perda financeira de cerca de 500Mt. Sachas A erradicação de infestantes é importante para evitar a competição com a cultura na disputa da luz, nutrientes, água, oxigénio, que são factores principais para um bom desenvolvimento da cultura. A competição com as infestantes, sobretudo nas primeiras oito semanas de desenvolvimento do algodoeiro, chega a representar quebras de produção até 100% (Carvalho, 1996). O mesmo autor afirma que a qualidade da fibra pode ser prejudicada, devido a insuficiência de nutrientes. Por outro lado, as infestantes crescidas nos algodoeiros, durante o período de colheita, além de dificultarem o trabalho do pessoal que apanha o algodão, depreciam a fibra devido as sementes das infestantes que com ela se misturam, baixando assim a qualidade da fibra. Os herbicidas parecem ser uma solução, mas o elevado custo tem inviabilizado a sua utilização pelos produtores do sector familiar. Durante o período da floração é essencial ter os campos limpos das infestantes. As sachas terão de ser feitas com os cuidados especiais para não ferir as raízes superficiais. Junto dos pés dos algodoeiros a sacha não poderá ir além de 3-4 cm de profundidade. Se for mais funda, as raízes podem ser cortadas e a planta prejudicada, podendo se dar a queda de botões florais e frutos pequenos e também pode favorecer a entrada de doenças (Passos, 1977). 54 Os produtores de algodão na área de estudo revelaram que em média realizam 4 sachas ao longo da campanha e devido a importância desta actividade, geralmente contratam mão-de-obra. Contra as recomendações do maneio do algodoeiro, a primeira sacha normalmente é feita com 1-2 semanas de atraso. Esta dura um dia, chegando a custar em média 250Mt/ha e as restantes duram ao todo cerca de 5 dias a um custo médio de 100Mt/ha para cada sacha. O custo global da sacha ronda aos 750Mt/ha. Desbaste Para a cultura de algodão recomenda-se que o desbaste seja feito com boa humidade no solo entre duas e quatro semanas após a germinação. Apesar do fraco poder germinativo das sementes, a má prática de sementeira leva os produtores a fazer em média dois desbastes por época nos campos de algodão, chegando a custar 100Mt/ha em mão-de-obra por cada desbaste. Pragas e seu maneio O algodão possui uma larga variedade de pragas, sobretudo de insectos que levam à rendimentos muito baixos quando não controlados. São conhecidos em África 480 espécies de insectos, ácaros, miriápodes e nemátodos, que se alimentam do algodão. Estas diferentes espécies atacam as plantas, quer comendo-as como sugando a seiva ou introduzindo nelas saliva tóxica ou agentes patogénicos. As pragas mais importantes são aqui alistadas de acordo com o órgão da planta que atacam e a natureza de dano que causam (Chamuene, 2002). As plântulas podem ser comidas por gafanhotos, podem ser sugadas por tripes e afídeos, enquanto as raízes são destruídas por térmites, larvas de um coleoptero, Agrostis ou picadas por nemátodos. O caule é picado por sugadores, Helopeltis, afídeos, cochonilhas ou comido pelas larvas de Earias (lagarta espinhosa). As folhas são comidas pela Spodoptera, Sylepta, Lygus, Bessimia (mosca branca), jassídes, afídeos e ácaros. Os botões florais são picados e destruidos por lagartas de Lygus, Heliothis, Diparopsi (lagarta vermelha) e Earias. As cápsulas são destruídas em qualquer estágio do seu crescimento por Heliothis, Diparopsis (lagarta vermelha), Earias (lagarta espinhosa) e picadas ou sugadas por Dystercus (manchador da fibra). As sementes podem ser atacadas ainda dentro da cápsula pela lagarta rosada (Pectinophora ou Cryptophlebia), não permitindo que a cápsula abra convenientemente. A fibra é contaminada por meladas secretadas pela mosca branca e por afídeos (Aphis gossypi) quando presentes em largos números nas plantas após o término das aplicações de insecticidas. No maneio de pragas, a eficácia de um programa de controlo de pragas depende da selecção correcta 55 do insecticida e do período óptimo de aplicação. O esforço da investigação e da extensão de nada vale se os insecticidas são entregues demasiadamente tarde dado que o atraso na aplicação reduz a eficácia do produto. Para um bom controlo de pragas recomenda-se insecticidas do grupo organofosforados nas primeiras 6-8 semanas em 1-2 aplicações para controlar sugadores e em seguida aplicar insecticidas do grupo piretróides para controlar mastigadores (lagartas) em 3-4 aplicações. Os insecticidas líquidos podem ser aplicados com alto volume de água ou baixo volume de água respectivamente, usando pulverizador de dorso ou ULV. A aplicação usando ULV é mais comum pois não requer muita água para preparação da calda. Na selecção de insecticidas é sempre necessário ter em conta a sua toxicidade. Os produtores de algodão na área de estudo pulverizam de 3 a 5 vezes contra lagartas e sugadores de folha do algodoeiro. Esta variação deve-se basicamente a capacidade financeira dos produtores, resultando em menor número de pulverizações do que o recomendado, para além de não aplicaçao de dosagem recomendada. Cada pulverização custa 75Mt/ha. Este é um preço subsidiado, devendo no final da campanha, as empresas fomentadoras recuperarem o custo custo total do Estado. O custo total das pulverizações é de 200Mt/ha. Adubação Na cultura de algodão não é prática o uso de fertilizantes químicos pelo sector familiar. Numa situação de recursos bastante limitados para a aquisição de insumos, estes devem ser alocados na compra e aplicação de insecticidas e não de fertilizantes. Sendo o algodão cultivado geralmente em sequeiro e em áreas de chuvas irregulares, torna-se difícil oferecer recomendações que sejam rentáveis aos camponeses. No entanto recomenda-se que: Azoto28 kg de N /ha; Fósforo 40 kg de P205 /ha e Potássio 4 kg/ha de K2O (Chamuene, 2002). Colheita Fazer a primeira colheita quando ¾ das cápsulas estiverem abertas; a segunda colheita é feita em geral um mês depois da primeira (Chamuene, 2002). Os produtores por nós entrevistados indicaram que contratam mão-de-obra para esta actividade ao custo de 2,5Mt/Kg colhido. Secagem Quando o algodão é colhido e transportado do campo contém sempre humidade, que pode afectar a qualidade de fibra. Recomenda-se que o algodão colhido seja acumulado no secador e ensacar na altura de escoamento para as fábricas de descaroçamento (Chamuene, 2002). 56 Os produtores nos distritos visitados em Nampula, constroem secadores para a secagem do algodão ao redor das suas residências. O algodão é colhido 3 vezes, mas os agricultores têm dificuldades em cumprir com algumas orientações técnicas da colheita. Por exemplo, colhem o algodão das cápsulas superiores e as inferiores em simultâneo, não observam os níveis de humidade e em algumas vezes o algodão não é deixado secar suficientemente nos secadores. Todos estes factores concorrem para a baixa qualidade da fibra do algodão. O custo para construir um secador para armazenar algodão proveniente de uma área de 1 hectare é de 140Mt. Os produtores de algodão da zona em estudo também reportaram duas actividades que necessitam de considerável mão-de-obra, o ensacamento e transporte do algodão e a remoção de restolhos após a colheita. Em geral, a mão-de-obra contratada para a remoção de restolhos custa 200Mt/ha enquanto o ensacamento e transporte, apesar de depender do volume de produção têm custado o mesmo valor na mesma porção de área. Serviço de crédito Na produção do algodão, para além de crédito em pesticidas de que os produtores se beneficiam, tem havido também concessões de crédito em dinheiro, embora em menor número. As principais finalidades do crédito têm sido a sacha e a colheita (Pitoro, et al., 2001). Acredita-se que, a ausência de serviços de crédito de fertilizantes, que concorre para a má selecção de insecticidas, a aplicação em período não adequado e em dosagem incorrecta (factores que influência na eficiência do produto), podem ser responsáveis pelo baixo rendimento. Não existe nenhuma instituição que disponibiliza crédito a actividade agrária na área de estudo. A única fonte de crédito para os produtores de algodão são as próprias empresas fomentadoras. Estas adoptam vários modelos para concessão de crédito, alguns dos quais não muito transparentes. Contudo, os agricultores afirmaram que tem sido concedido crédito de cerca de 700Mt/ha em dinheiro para custear as actividades de produção do algodão, devendo no final da campanha reembolsar ao provedor. Preços Em Moçambique, o governo tem estado ligado a fixação e garantia dos preços de compra de algodão caroço ao agricultor. A política de preço para o algodão consiste em assegurar um “preço mínimo” que deve ser seguido por todos os compradores de algodão caroço. O que significa que, não lhes é permitido comprar a um preço inferior ao fixado, mas que podem oferecer mais (Lemaitre, et al., 2001). Um aspecto muito importante na comercialização de qualquer produto é o preço. No entanto, o 57 produtor necessita de saber do preço mínimo, antes de cultivar o seu algodão, para melhor prever a receita e decidir sobre o tamanho da terra a alocar a cultura do algodão e outras praticadas. Moçambique é o único país que funciona com um modelo de monopsónio local em termos de fomento de algodão e é o único país que mantém um sistema de preços definidos administrativamente, pan-sazonais e pan-territoriais. O papel do governo na fixação de preço é forte em Moçambique, por um lado devido ao fraco estado das organizações dos produtores no país. Nos países onde o sub-sector funciona num modelo concentrado como na Zâmbia e no Zimbabwe, apesar de os preços indicativos serem estabelecidos antes da sementeira, estas decisões reflectem os interesses das principais empresas existentes nestes países e, os governos desses países não tem influência nos preços. Os preços pagos aos produtores de algodão em Moçambique e na região estão mais ligados ao movimento a médio ou mesmo a curto prazo do Index A do que são os da África Ocidental e Central. Por exemplo na Zâmbia, os preços são largamente definidos por Dunavant, enquanto no Zimbabwe os preços flutuam ao longo da campanha agrícola. No país, a fixação do preço mínimo de compra do algodão caroço ao produtor a vigorar em cada campanha, é da responsabilidade dos órgãos competentes, sob proposta do IAM – Instituto do Algodão de Moçambique, conforme o artigo 6 do Decreto nº 8/91 de 23 de Abril do Conselho de Ministros. A alínea f) do artigo 3 do Estatuto Orgânico do Instituto do Algodão de Moçambique – Decreto nº. 7/91, também de 23 de Abril indica que compete ao IAM propor os preços de algodão caroço que, em cada campanha, hão-de vigorar e zelar pelo seu cumprimento. Até aqui, o preço era fixado uma vez por ano e para minimizar o risco de discrepância entre o preço fixado e a dinâmica das variáveis preço internacional e taxa de câmbio, foi se adaptando a prática de fixar o preço na véspera da comercialização, em Abril/Maio de cada ano. Esta prática, fazia com que o produtor realizasse uma campanha inteira (da preparação da terra à colheita) sem conhecer o preço que iria receber pelo seu algodão. De modo a colmatar esta situação foi adoptado o princípio de marcação do preço em duas fases sendo uma em Outubro/Novembro (antes da sementeira) denominado preço indicativo e outro preço mínimo, em Abril/Maio de cada ano, este que é aprovado pelas autoridades competentes. O preço provisório ou indicativo para a compra do algodão caroço é dado a conhecer aos produtores antes do início da respectiva campanha. Desde a campanha de 1994/1995 que foi adoptado e está em uso o critério de paridade na determinação do preço mínimo, que tem em vista uma partilha “justa” da 58 receita bruta potencial do algodão (fibra e semente) entre as partes (produtores e empresas) competindo a cada parte gerir os custos de produção de modo a garantir renda e lucros sustentáveis. Resumindo, essa fórmula divide o preço internacional entre os produtores e processadores (45% para camponeses e 55% para os processadores). O preço internacional é ajustado aos custos de transporte, diferença de qualidade, insumos fornecidos aos camponeses e uma taxa de descaroçamento fixa estabelecida de 1 para 3. Em seguida, o resultado é partilhado entre os produtores e as empresas. A produção num sistema de fomento, as empresas comprometem-se a distribuir os insumos e outros serviços aos camponeses. Portanto, a diferença entre o valor unitário de exportação e os preços de algodão são resultado de dois processos. Primeiro, os valores unitários de exportação dependem da relação entre as empresas de processamento e os importadores, que algumas vezes são empresas relacionadas. Segundo, o preço que os camponeses recebem depende da fórmula descrita acima. Portanto, qualquer mudança nos valores unitários de exportação que não são reflectidos no preço internacional não serão transmitidos aos camponeses e a única forma pela qual os produtores de algodão podem aumentar o preço que recebem é aumentando a proporção na fórmula ou aumentando o preço internacional de referência. As discussões com os vários intervenientes na produção e comercialização de algodão nomeadamente os produtores, governos locais e empresas resultaram nas seguintes conclusões: Apesar de preço do algodão caroço estar em constante aumento em termos nominais com o tempo, ele ainda está abaixo da satisfazer as necessidades dos produtores. Na opinião deles, um bónus aos produtores associados devia ser revisto porque já está ultrapassado sugerindo níveis de 10-12 % caso o preço mínimo aprovado não seja superior a 5% do preço da campanha anterior; A problemática de baixos preços do algodão é resultante do ambiente do mercado internacional, bem como dos custos associados com o baixo uso de capacidade de processamento instalada. Na opinião dos produtores e dos governos locais, o relançamento da indústria têxtil nacional é urgente, mas a questão que se coloca é de âmbito político e técnico. Nomeadamente: a sustentabilidade da indústria têxtil no âmbito de ajuda em vestuário, usado nos países desenvolvidos e a concorrência com fibras sintéticas na indústria têxtil. Segundo ABIODES (2009) no seu estudo realizado na campanha agrícola 2007/08, revela que os produtores consideram o mecanismo actual da negociação de preço como satisfatório apesar de não terem domínio de instrumento da fórmula de preço mínimo. Contudo, os dirigentes do Fórum 59 Nacional de Produtores de Algodão (FONPA) reportaram as suas inquietações em relação a não inclusão do preço nos contratos de produção por este ser aprovado após a assinatura dos contratos. Deste modo, o preço mínimo devia continuar a ser fixado em duas fases como acontece actualmente, mas que o preço indicativo devia ser fixado relativamente cedo, no mês de Setembro por exemplo. Comercialização A comercialização do algodão é um momento ímpar tanto para os produtores como para os fomentadores e compradores, uma vez que é neste período que todos ficam gratificados pelo esforço despendido ao longo da campanha agrícola. É neste período onde se observa o cumprimento das regras de comercialização bem como se dá o início ao processo de planificação da campanha seguinte (Pitoro et al., 2001). Para os produtores, o método mais conveniente é em dinheiro em mão logo após ao fornecimento da produção ao comprador. No entanto, nem sempre isto é possível, particularmente quando as empresas têm recursos limitados, onde os pagamentos dependem da produção total após o processamento ou onde os pagamentos são baseados no preço que as empresas conseguem na venda do produto. Também, as empresas podem ter obrigações de pagar o crédito adiantado pelos bancos aos produtores que usaram o contrato como garantia. As associações reportam que os pagamentos dos valores correspondentes a venda do algodão são feitos a posterior, contrariamente ao que é feito para os agricultores do sector familiar. Os arranjos para a compra de algodão têm suscitado discórdias devido a viciação das balanças resultando em pesos menores a favor das companhias. Este assunto tem resultado em grandes discussões entre os compradores e os produtores de algodão. As penalizações em relação ao crédito deviam ser escalonadas por exemplo: 85% de recuperação a associação deveria receber 5% de bónus. Desta forma iria encorajar os associados a mobilizar os seus membros a cumprir com as devoluções de crédito. Este assunto merece um trabalho interno dos associados porque não está claro como os associados irão se beneficiar deste 5%. Enquanto não estiver clareza no mecanismo, os produtores não terão incentivos para pagarem o crédito na sua totalidade. Constata-se também que os 5% de bónus não são suficientes para motivar os produtores associados, sugere-se um aumento deste bónus para o dobro, porque na sua opinião, aquando da existência da empresa SODAN, nas campanhas 2001 até 2003, o bónus era de 12%. Um outro aspecto reportado pelos produtores é a retenção dos 5% de bónus que, segundo o contrato devia ser pago aos produtores associados após a comercialização de algodão. Na opinião dos associados, este bónus não é pago porque tem se notado um baixo nível de reembolso do crédito concedido em forma de serviços e produtos químicos aos associados. Esta situação é vista pelos 60 produtores como resultante de viciação das balanças para a pesagem do algodão e a dificuldade ou mesmo falta de registo consistente por parte dos produtores das quantidades de produtos químicos fornecidos que possibilitariam confrontos com os registos das empresas no final da campanha. No entanto, recomenda-se a criação de uma unidade de registo e estatísticas a nível das associações. Esta unidade teria que mensalmente harmonizar os seus dados com os das empresas para classificar e corrigir algumas diferenças a medida que a campanha vai decorrendo. As duas principais obrigações dos produtores no contrato de produção são a venda de todo algodão à empresa concessionária e pagar todo crédito concedido. A este respeito, duas questões se colocam: Que garantias de partilha de risco são apresentadas ou existem? O que acontecerá se por ventura os produtores produzirem mais algodão do que a capacidade de compra da empresa? Não seria ideal incluir alguma forma de quota ou alguma cláusula sobre a partilha de risco? O contrato também não indica com exactidão a data da compra de algodão para permitir que o algodão não se deteriore nas machambas dos produtores. Orçamento da cultura Resultados de seis (6) distritos na campanha 2007/08 (Tabela 2) indicam que: Todos os grupos de produtores de algodão entrevistados na província de Nampula apresentam retornos positivos na produção de algodão e os seus rendimentos em geral são superiores a 600 kg/ha e o grupo de melhores produtores chega a produzir em média 850 kg/ha. Os três grupos, conseguem contratar a mão-de-obra para as operações agrícolas, gerando emprego nas comunidades. Os custos de mão-de-obra contratada estão acima de 50% dos custos totais variáveis na produção de algodão. Os grupos 1 e 2 tendem a ter maiores custos de mão-de-obra por hectare comparativamente ao grupo 3. Estes produtores representam menor proporção dos produtores da aldeia e que podem ser usados para a disseminação de tecnologias inovativas, uma vez que se pode tirar proveito do investimento que eles próprios podem realizar. Os grupos 2 e 3, representando a maioria da população da aldeia (90%), produzem algodão por hábito mas não para adquirir dinheiro dado que anualmente não consegue ter retornos para os bens da família acima de 600 Mt/ha e 400 Mt/ha; respectivamente. Estes grupos, deveriam concentrar os seus esforços na produção de alimentos, dado que quando tentam sem sucesso produzir o algodão dispersam os seus poucos recursos e que não chegam nem produzir o algodão de forma rentável. Estes agricultores podiam adquirir dinheiro vendendo a sua mão-de-obra às camadas superiores e dedicando-se a produção de outras culturas para a sua alimentação, 61 Tabela 1: Orçamentos de algodão ao nível do camponês em Nampula na campanha 2007/08 Item Proporção de produtores (%) i. Rendimento (kg/ha) ii. Receita bruta (Mt/ha) iii. Custos (Mt/ha) 1. Insumos a. Sementes b. Pesticidas c. Sacos Total de insumos 2. Equipamento d. Pilhas e. Pulverizador (aluguer) 3. Mão-de-obra contratada a. Lavoura manual b. Sementeira c. Sacha d. Desbaste e. Pulverização f. Colheita g. Ensacamento e transporte h. Remoção de restolhos Total de mão-de-obra Custos totais (Mt/ha) 4. Retornos a bens da família (Mt/ha) Total mão-de-obra familiar (homem-dia) 5. Retorno a mão-de-obra familiar (Mt/dia) MOBC cost ratio (%) Custo de produção por kg de Algodão Caroço Fonte: DRP Nampula, 2008 1 10 858 4,653.75 Grupos 2 20 750 4,106.25 3 70 654 3,558.75 150.00 375.00 57.20 582.20 150.00 375.00 50.00 575.00 150.00 375.00 43.60 568.60 180.00 375.00 180.00 375.00 180.00 225.00 500.00 100.00 750.00 200.00 125.00 425.00 200.00 200.00 2500.00 3,637.20 1,016.55 125 8.13 54 4.24 500.00 100.00 750.00 200.00 125.00 375.00 200.00 200.00 2450.00 3,580.00 526.25 125 4.21 60 4.77 500.00 100.00 650.00 200.00 125.00 325.00 100.00 200.00 2200.00 3,173.60 385.15 115 3.35 62 4.85 Os custos elevados dos pesticidas, fazem com que os camponeses com menores posses reduzam o número de pulverizações, resultando em grandes perdas de produção devido à pragas e consequentemente, baixos retornos económicos da actividade. Em termos de rendimentos agronómicos, os resultados obtidos na campanha 2007/08 apresentam uma situação de melhoria comparativamente à campanha 2005/06 na mesma região (Tabela 3). Num período de duas campanhas, observa-se uma mudança considerável no perfil dos produtores de algodão de Nampula, passando de apenas um para três grupos de produtores com retornos positivos a preços constantes. Esta indicação optimista foi sustentada pelo continuado crescimento de médias de rendimento a nível nacional, como resultado do investimento em inovação técnica e tecnológica, em implementação a 4 campanhas e a dedicação dos produtores nas operações culturais. 62 Tabela 2: Orçamentos de algodão ao nível do camponês em preços constantes (2004=100) Items Rendimento (kg/ha) Àrea média por produtor (ha) Receitas brutas Receita Líquida depois de pagar insumos Receita Líquida depois de pagar MOBC Retorno à mão-de-obra familiar Custo de mão-de-obra contratada Custo de produção kg Carroço MOBC cost ratio Fonte: PRA Nampula 2005 e 2008 NAMPULA 2005/06 Grupo1 Grupo2 700 565 2.1 1.1 3,710.0 2,996.8 3,356.6 2,126.6 23.5 1,230.0 1.78 39% 2,639.3 1,572.6 8.15 1,066.6 9.17 31% Grupo3 230 0.6 1,221.2 NAMPULA 2007/08 Grupo1 Grupo2 858 750 2.3 1 3909.1 3449.2 Grupo3 654 0.5 2989.35 966.21 602.88 4.73 363.33 14.25 36% 3420.1 1320.1 6.83 2100 3.56 69% 2511.73 663.73 2.81 1848 4.08 69% 2966.2 908.25 3.54 2058 4.01 68% Este facto por um lado pode ser devido a melhoria dos serviços de extensão e pesquisa, havendo cada vez mais massificação de técnicas melhoradas de cultivo do algodão nesta região. Tabela 3: Balanço do plano económico e social para o subsector do algodão das campanhas 2005/06 e 2007/08 Item Número de famílias produtoras Área total (ha) Rendimento unitário (kg/ha) Produção total de algodão caroço (ton) Receita ao camponês (1.000,00Mt) Taxa de descaroçamento (%) Produção total de fibra (ton) Preço médio por tonelada de fibra (USD) Receita total da exportação da fibra (USD) Produção total da semente (ton) Preço médio por tonelada de semente (USD) 2005/06 280,000 212,000 510 122,000.00 646,600.00 38 46,000 1,000.00 6,360,000.00 N/A N/A 2007/08 224,246 176,279 394 69,505.00 441,356.75 34 23,319 1,430.00 3,345,598.00 39,145.00 80.00 variação (%) -19.9 -16.8 -22.7 -43.0 -31.7 -10.5 -49.3 43.0 -40.8 Fonte: IAM 2007, IAM 2009 Apesar de ter havido expectativas positivas em relação ao melhoramento do desempenho do subsector em relação a campanha 2005/06, tanto a campanha 2006/07 como de 2007/08 não satisfizeram estas expectativas a nível nacional, os produtores foram aconselhados a colherem cedo, porque a exposição excessiva do algodão ao sol e orvalhos após a abertura das cápsulas leva a deterioração da sua qualidade e consequente menor encaixe financeiro pelo mesmo esforço (IAM, 2009). Dados do estudo comparativo do desempenho do sub-sector algodoeiro em África (Estur, 2007) indica que Moçambique apresenta algodão que tem vindo a ganhar alguma bonificação de 63 qualidade no mercado internacional como resultado da sua qualidade (Figura 3), graças ao esforço do IAM e as empresas algodoeiras nas suas actividades de extensão a assistência aos produtores. Figura 1: Estimativas de prémio de fibra de qualidade mais alta entre meados de 1990 a 2006/2007 por país Fonte: Gerald Estur, Quality Survey, World Bank, 2007 Para dar um exemplo, podemos citar a campanha 2007/08, logo depois da aprovação do preço mínimo do algodão caroço pelo Conselho de Ministros, algumas empresas arrancaram com o processo de comercialização. Esta prática poderá ser benéfica, porque para além do factor qualidade, a exportação antecipada para o mercado Asiático poderia encontrar melhores preços antes do algodão produzido no Hemisfério Norte entrar no mercado, estes que são os maiores produtores e determinantes do preço internacional. Todas estas expectativas não foram satisfeitas a nível nacional, limitando-se a casos isolados como Nampula e Cabo Delgado. Esta considerável melhoria nos rendimentos agronómicos do algodão em Nampula, não se reflecte na melhoria da rentabilidade. Com base na Tabela 2, os retornos para os bens da família em 2005/06 são maiores que os retornos em 2007/08 apesar de os rendimentos de 2007 serem maiores que os de 2005. O grupo de maiores produtores, com um rendimento de 700 kg/ha, resulta num retorno a mãode-obra familiar de mais do dobro do retorno a mão-de-obra para os melhores produtores de 2007 mesmo tendo um rendimento por hectare de 850 kg (Tabela 2). Em discussões sobre os aspectos gerais sobre a produção de algodão, os produtores sentem que o algodão não rende-lhes lucro suficiente ao nível actual dos preços. Eles são todos unânimes a caracterizar a produção de algodão como uma vida de escravidão. Este sentimento é também expresso pelos produtores do grupo 1 e para estes o maior desafio na produção é a mão-de-obra, como se pode ver na Tabela 3, que representa cerca de 70% dos custos de produção. Mesmo assim, os produtores desta região continuam ano pos ano produzindo algodão, por um lado pelo facto desta 64 actividade ser algo considerado a sua cultura tradicional e por outro lado por se ter um mercado garantido. Os produtores também lamentam o facto de o preço de compra de algodão ser anunciado tardiamente, fazendo com que estes não façam o melhor plano da sua produção. Na sua opinião, a negociação com as companhias algodoeiras devia iniciar com um preço tentativa antes do início da campanha, que seria ajustado no final da campanha em função do desempenho do mercado internacional. A outra reclamação apresentada pelos produtores, é a baixa capacidade germinativa das sementes do algodão. Este facto, requer que se façam duas ou três replantações, resultando em elevados custos de mão-de-obra. Segundo eles, é difícil saber que tipo de variedade de algodão está a ser usada devido a mistura. Na sua opinião, variedades com maior capacidade de germinação são recomendáveis para reduzir os custos de mão-de-obra. Análise marginal Após observada uma ligeira diferença de retornos aos bens da família entre os três grupos de produtores, surge o interesse de responder uma pergunta essencial: qual é o retorno adicional que se ganha investindo em tecnologias e práticas de maneio de algodão quando os agricultores passarem de grupo 3 para grupo 2 e finalmente para o grupo 1? Para responder a esta pergunta, iremos usar a análise marginal que por definição consiste no cálculo das taxas marginais de retorno entre tratamentos, procedendo gradualmente desde o grupo com menor custo, para o de maior custo e comparando estas taxas de retorno com a taxa de retorno mínima aceitável pelos agricultores. Os agricultores devem estar dispostos a mudar de um grupo para outro se a taxa de retorno marginal desta mudança for maior que a taxa de retorno mínima. A experiência e evidência empírica mostraram que para a maioria das situações a taxa de retorno mínima aceitável para os agricultores encontra-se entre 50 e 100%. Se a tecnologia é nova para os agricultores e exige que eles ganhem algumas habilidades, é razoável estimar uma taxa de retorno mínima de 100%. Se a mudança de tecnologias oferece uma taxa de retorno acima de 100%, parece ser seguro recomendá-la na maior parte dos casos. Se a tecnologia apenas representa um ajuste na prática actual do agricultor, então pode ser aceitável uma taxa de retorno mínima de 50%. É pouco provável que seja aceite uma taxa inferior a 50%, a não ser que o capital seja facilmente disponibilizado e os custos de aprendizagem sejam muito baixos. Uma forma alternativa de estimar a taxa de retorno mínima é através de um exame do mercado informal de capital. Em muitas zonas, os agricultores não tem acesso ao crédito institucional, o que 65 significa que eles devem usar o seu próprio capital ou tirar vantagem do mercado informal de capital, como por exemplo os agiotas da aldeia. As taxas de juro deste sector informal fornecem uma forma para começar a estimar a taxa de retorno mínima. As conversas informais com vários agricultores que fazem parte do domínio de recomendação devem dar aos pesquisadores uma boa ideia sobre as taxas de juro locais. No caso vertente, ficamos sabendo que os agiotas locais chegam a cobram 12,5% por mês, então o custo do capital em quatro meses é de 50%. Para estimar a taxa de retorno mínima neste caso, devese juntar um montante adicional para representar o que os agricultores esperam que pague o seu esforço em aprender e usar a nova tecnologia. Esta quantia extra pode se aproximada, duplicando o custo do capital. Contudo, as mudanças que são propostas para mudar de um grupo para outro representam grandes ajustes das práticas e aprendizagem de novas tecnologias. Desta forma, no nosso caso, a taxa de retorno mínima estimada seria de 100%. Para iniciar esta análise, tomamos como ponto de partida o gráfico de benefícios líquidos que no nosso caso chamamos de retornos a bens do agregado familiar (Figura 2). Grupo 1 (995%) (174%) Grupo 2 (56%) Grupo 3 Figura 2: Curva de benefícios líquidos Os resultados da análise marginal reportados na figura 4, indicam que para os produtores do grupo 3 passar para o grupo 2 resulta num baixo ganho do que investir em passar do grupo 2 para o grupo 1. A cada 1.00Mt investido para os produtores de grupo 3 passarem a usar tecnologias usadas pelo grupo 2 recupera-se o valor investido em mais 0.50 Mt adicionais. Se assumirmos que o custo de oportunidade de capital avaliado pela taxa de juro de capital para agricultura for de 100% ao fim de ciclo da cultura, valerá apenas aconselhar os produtores a investirem um pouco mais, mas caso o capital for mais caro que 12% ao mês, esta passagem não valerá a pena. Encorajar os produtores de grupo 2 a passarem para o grupo 1, resulta numa taxa de retorno marginal de mais de 900% o que 66 sugere que esta passagem é bastante aconselhável. Passar produtores de grupo 3 para grupo 1 é bastante arriscado e oneroso apesar de mostrar uma taxa de retorno marginal de mais de 100%. Assumindo que esta passagem exige considerável nível de investimento desde a mudança de práticas culturais, treinamento e tecnologias melhoradas como controlo integrado da cultura incluindo IPM, este investimento poderá ser compensado se passamos de produtores dos grupos 3 e 2 para grupo 1. Esta situação remete-nos a uma pergunta: Como aumentar o número de produtores no grupo de rendimento de topo? Várias alternativas podem ser avançadas para uma posterior pesquisa e validação, nomeadamente: (a) Uso generalizado de tracção animal; (b) Selecção de produtores com adequados recursos de terra e mão-de-obra para cultivar eficientemente; (c) Crédito para herbicidas ou dinheiro (ou alimentos) para pagar a mão-de-obra contratada; (d) Introdução do algodão transgénico. No que se refere a gestão e melhoramento da qualidade da fibra, podemos avançar medidas como: (a) Grande diferença de preço entre o algodão da primeira e da segunda, de forma a desincentivar a obtenção de algodão de qualidade baixa; (b) Expansão de área com variedades com altas taxas de descaroçamento e comprimento (“staple length”); (c) Provisão adequada e uso exclusivo de sacos de juta e (d) Pautar pela colocação de algodão limpo à entrada da fábrica e com bónus para os grupos de bons produtores. Conclusões Os resultados do estudo mostram que os retornos a mão-de-obra são baixos e com uma relação positiva com o rendimento. Os rendimentos por hectare são baixos contribuindo a baixa rentabilidade. Avaliando as práticas agronómicas, o estudo mostra que os produtores não seguem as recomendações sobre densidade de sementeira, data de sementeira, frequência de pulverização, execução a tempo as actividades de sacha e colheita. Esta falta do seguimento das práticas agronómicas recomendadas, contribui na baixa produtividade e qualidade do algodão. Algumas das causas do não seguimento dessas são: a falta de mão-de-obra e crédito. A baixa produtividade e produção contribuem para sob utilização da capacidade instalada para o processamento do algodão que por sua vez aumenta os custos de processamento por unidade de algodão caroço. Um aumento dos custos de processamento tem uma influência negativa sobre a promoção do preço obtido no mercado internacional que pode ser passada aos produtores. Dos resultados do inquérito constatou-se que a comercialização do algodão caroço, é afectado com problemas como: preços de venda (muito baixos); problemas na pesagem e classificação do algodão caroço e preços elevados dos insumos (insecticidas) creditados. 67 Os dois grandes problemas ao nível do produtor que merecem atenção especial são a baixa produtividade e qualidade do algodão caroço. As intervenções tecnológicas para aumentar a produtividade devem considerar o constrangimento da mão-de-obra e devem garantir que o algodão seja mais rentável do que as culturas alternativas. 68 2.1.4. SECTOR DE FLORESTAS I. Maluleque, A. Jamal, A.Patrício e A. Mamba Introdução A sustentabilidade da floresta nativa está ameaçada pelas queimadas descontroladas, agricultura itinerante, exploração de lenha e carvão e exploração desordenada de madeira. O estabelecimento de plantações florestais com espécies nativas e exóticas ainda está aquém do potencial de reflorestamento no país. O sector de florestas do Centro Zonal Nordeste pretende contribuir para o maneio sustentável dos recursos naturais através de realização de diferentes pesquisas no ramo florestal. Neste âmbito, o sector de investigação florestal no Centro Zonal Nordeste tem como como principais objectivos e desafios: Desenvolver e disseminar métodos de propagação e técnicas de estabelecimento de árvores de forma a melhorar e sustentar os sistemas agro-silvo-pastoris, Desenvolver técnicas agroflorestais integradas e apropriadas aos sistemas agrosilvo-pastoris, Aumentar a produtividade de espécies arbóreas específicas. Na campanha agrícola 2009/2010, o sector de florestasonde planificou as seguintes actividades: Producão de pacotes tecnológicos na área de florestas; Garantir e disponibilizar sementes florestais e/ou material vegetativo de qualidade genética melhorada; Caracterizar, avaliar, rejuvenescer e multiplicar o germoplasma das principais espécies nativas e exóticas; Melhorar espécies florestais para diferentes fins Realizar estudos sócio-económicos da utilização de produtos florestais De referir que estas actividades estão apresentadas no presente relatório de forma sumária e alguns estudos ainda estão em curso. Principais estudos realizados I. Adubação verde do milho e algodão usando espécies agroflorestais Introdução A aplicação apropriada de tecnologias agroflorestais pode contribuir para a melhoria da segurança alimentar, gestão sustentável dos recursos naturais, redução da prática do desflorestamento e da agricultura itinerante. 69 Estudos mostram que a aplicação de certas espécies leguminosas, incluindo as lenhosas podem contribuir para o melhoramento da qualidade do solo disponibilizando nutrientes essenciais às plantas. O uso destas plantas constitui uma alternativa economicamente e ambientalmente viável para muitas famílias rurais sem posses para adquirir adubos inorgânicos. E neste contexto que foram estabelecidos em 2007 dois ensaios agroflorestais de adubação verde usando espécies agroflorestais para a cultura do milho (no PAN) e para a cultura do algodão (em Namialo). Objectivo geral: Avaliar a influência da adubação verde com espécies agroflorestais e fertilizantes inorgânicos no rendimento do milho e do algodão. Objectivos específicos: Comparar o rendimento do milho e do algodão quando consociado com plantas agroflorestais e quando sujeito a aplicação de adubos inorgânicos. Materiais e Métodos O ensaio com o milho comporta os seguintes tratamentos: Materiais T1 T2 T3 T4 T5 T6 T7 T8 T9 T10 (Control) (milho Gliricidia sepium) (milho + Acacia angustissima) (milho + Prosopis juliflora) (milho + Leucaena leucocephala) (milho + NPK+Ureia) (milho + Sesbania sesban) (milho + Crotalaria juncea) (milho + Tephrosia vogelli) (milho + Ureia) O ensaio com o algodão comporta os seguintes tratamentos: T1 T2 T3 (Control) (Algodão Gliricidia sepium) (Algodão + Acacia angustissima) 70 T4 T5 T6 T7 T8 T9 T10 (Algodão + Prosopis juliflora ) (Algodão + Leucaena leucocephala) (Algodão + NPK+Ureia) (Algodão + Sesbania sesban) (Algodão + Crotalaria juncea) (Algodão + Tephrosia vogelli) (Algodão + Ureia) Metodologia Os ensaios foram estabelecidos utilizando o delineamento de blocos completos casualizados, com um total de três (03) repetições e dez (10) tratamentos incluindo o controle. Cada parcela teve dezasseis (16) plantas agroflorestais ( 4x4) e entre as linhas de plantas agroflorestais foram semeadas 4 linhas de plantas de milho (no PAN) ou 3 linhas de algodão (em Namialo). O espaçamento foi de 4 x 1 m para as plantas agroflorestais, 80x25 cm para as plantas de milho (variedade Tsangano) e 100x20 cm para as plantas de algodão (variedade ISA 205). As linhas de plantas agroflorestais foram alternadas com as de culturas agrícolas. Nas parcelas adubadas com ureia e/ou NPK foi usada a dosagem recomendada para a cultura. Foi efectuada uma poda por ano para as espécies com capacidade de rebrotação e a ramada incorporadas ao solo. Foram observados os rendimentos por cultura e por parcela. Resultados Os resultados preliminares até ao 3⁰ ano indicam que os rendimentos das culturas agrícolas são superiores quando sujeitos à aplicação de adubos inorgânicos comparativamente às espécies de adubação verde. Porém, comparando o rendimento das mesmas culturas em parcelas com espécies agroflorestais entre si, observa-se melhores rendimentos nas parcelas com a Gliricidia sepium e a Leucaena leucocephala. Para resultados conclusivos o ensaio será repetido em outros locais. II. Colheita e produção de sementes florestais e/ou material vegetativo de qualidade genética melhorada Com vista a garantir a colheita de semente de espécies florestais nativas, foi efectuado o levantamento das zonas potenciais em alguns distritos de Nampula, conforme ilustra a seguinte tabela: Tabela 1: Áreas potenciais por distrito para colheita de sementes de chanfuta, umbila e jambire Distrito Zonas potenciais 71 Mogovolas Muecate Meconta Mogincual Murrupula Mecuburi Malema Calipo, Cusse Mutepo, Napala, zona de Grácio Nacoma, Napuri Quixaxe Morupa, Mucare, Cavaro Muite Nataleia, Mutacaze,Hawela, Nioce, Muripa Estudos fenológicos estão sendo efectuados para se conhecer também as melhores épocas de maturação dos frutos de diferentes espécies florestais Foi efectuado o maneio rotineiro das áreas de colheita de sementes (ACS) de espécies agroflorestaais existente no PAN. A ACS foi estabelecida em 2003 e comporta as seguintes espécies: Gliricidia sepium, Tephrosia vogelli, Acacia angustissima, Bixa orellana e Ateleia herbert. III. Avaliação e multiplicação do germoplasma das principais espécies nativas e exóticas de fruteiras Na campanha em referência foram produzidas no PAN mudas de diferentes espécies, com destaque para citrinos enxertados (laranjeiras, tangerineiras e toranjeiras) destinadas à venda, numa quantidade de 1264 plantas. Também foi efectuado o levantamento das zonas potenciais para o fornecimento de semente e garfos de citrinos (laranjeiras e tangerineiras) nos distritos de Meconta, Angoche, Mecubúri e Ribawe. Com esta actividade pretende-se estabelecer um banco de germoplasma em campo de citrinos colhidos localmente para estudos futuros. IV. Estudo da adaptabilidade de Eucalyptus sp na região agroecológica de Nampula em parceria com a Lúrio Green Resources Introdução O género Eucalyptus, com cerca de 600 espécies, na sua maioria nativas da Austrália, é um dos mais largamente plantados nas regiões tropicais devido ao seu rápido crescimento e fácil adaptação a diferentes condições climáticas e edáficas. 72 Em Moçambique, as primeiras plantações com espécies do género Eucalyptus iniciaram no século XIX com o plantio de árvores predominantemente deste género com o objectivo de secar os pântanos existentes na parte baixa da cidade de Lourenço Marques, hoje Maputo. A década de 80 foi marcada por intensa investigação florestal, onde foram realizados e registados ensaios de selecção de espécies e proveniências de diferentes espécies exóticas incluindo o Eucalyptus sp. Na mesma altura, em Nampula, com a implementação do projecto FO-5, foram estabelecidos diversos ensaios com diferentes espécies do género Eucalyptus. As plantações de Eucalyptus estabelecidas nessa época visavam fundamentalmente a produção de lenha e carvão com a visão de solucionar a crise energética nas zonas urbanas e diminuir a pressão sobre a floresta nativa (DNFFB, 1992). Actualmente, com o aumento da demanda do mercado mundial de papel e postes de madeira, e com a existência de um potencial para o estabelecimento de plantações florestais com espécies de rápido crescimento no nosso país, estudos de adaptabilidade de espécies de Eucalyptus que respondam às exigências da qualidade do mercado são necessários. O Centro Zonal Nordeste realiza estudos de adaptabilidade do Eucalyptus sp em Nampula, junto com os seus parceiros como a Lúrio Green Resouces e a StoraEnso. O presente ensaio tem como objectivo geral avaliar o comportamento de espécies e híbridos de Eucalyptus estabelecidos no PAN. Constituem objectivos específicos os seguintes: Avaliar a sobrevivência das plantas Avaliar o crescimento das espécies/híbridos Indicar as melhores espécies/híbridos para a região Metodologia O ensaio foi estabelecido no PAN em Fevereiro de 2008, num compasso de 3x2m, e comporta 4 espécies e 6 hibridos de Eucalyptus. A tabela 3 apresenta a lista das espécies e híbridos estudados: Tabela 3: Espécies e híbridos de Eucalyptus estudados com a Lúrio Green Resources Nr 1 2 3 4 5 6 7 Espécie/hibrido (tratamentos) Eucalyptus grandis E. urophylla E. camaldulensis E. pellita 238 E. pellita 153 E. henryi (corimbia henryi) E. grandis x camaldulensis 215 Codigo Gran Uro Cam PP 238 PP 153 Hen GC 215 Observ. Espécie Espécie Espécie- Testemunha Espécie Espécie Espécie Hibrido 73 8 E. grandis x camaldulensis 228 GC 228 9 E. grandis x urophylla 082 GU 082 10 E. grandis x urophylla 111 GU 111 Bordadura do ensaio com E. Grandisxcamaldulensis (GC229) Hibrido Hibrido Hibrido Foi estabelecido usando o delineamento de blocos completos casualizados, com 4 repetições e 10 tratamentos (espécies/hibridos). A análise estatística dos dados foi feita para a comparação das médias de alturas e total de sobrevivência observadas por cada parcela nos diferentes tratamentos. Para cada tratamento foram usadas parcelas de 5x5 plantas (sendo as centrais 3x3 úteis para observação). As principais características avaliadas no ensaio foram a sobrevivência das plantas e altura total das plantas. A análise da sobrevivência foi efectuada através da contagem do número total de plantas vivas por parcela, expressa em percentagem em relação ao número de plantas originais da parcela. A medição de altura total da planta foi efectuada utilizando como instrumento de medição a régua graduada ou fita métrica. Resultados A média geral de sobrevivência das plantas do ensaio é de 60%, onde se observaram as melhores médias nos Eucalyptus híbridos GC 215, GC228, GU 082 com 97%, 96% e 83% respectivamente e na espécie E. camaldulensis com 83%. As piores taxas de sobrevivência foram observadas nas espécies E. pellita (PP 238), E. grandis, e E. henryi com taxas de 8%, 25% e 36% respectivamente. V. Adaptabilidade de Eucalyptus sp em Nampula em parceria com a StoraEnso Introdução O IIAM e a StoraEnso firmaram em Setembro de 2009 uma parceria que visa a colaboração entre as duas instituições na implementação do projecto relativo a ensaios de espécies/hibridos, procedências, progénies e ensaios agroflorestais de Eucalyptus sp no Centro Zonal Nordeste (o projecto Muiri). As actividades definidas no âmbito do projecto estão sendo executadas no Posto Agronómico de Nampula e Nametil. Em Março e Abril de 2010 foram estabelecidos 3 ensaios no PAN, nomeadamente: Ensaio de adaptabilidade de espécies/hibridos de Eucalyptus Ensaio de adaptabilidade de progénies de Eucalyptus Ensaio agroflorestal de consociação de Eucalyptus e culturas alimentares 74 A semente para os ensaios é proveniente de diferentes empresas brasileiras, e as mudas foram produzidas no PAN. VI. Adaptabilidade de espécies/hibridos de Eucalyptus O ensaio tem como objectivo geral avaliar o comportamento das espécies/híbridos de Eucalyptus nas condições agroecológicas de Nampula. Os objectivos específicos compreendem: Avaliar a sobrevivência das plantas no ensaio Avaliar o crescimento em altura e diâmetro das plantas Foi estabelecido com 7 espécies ou híbridos (tratamentos) num compasso de 4x2 m, 3 blocos, sendo o numero de plantas por parcela=36(6x6) ou 9x4. A seguir é apresentada na tabela 4 a lista de espécies e híbridos que compõem o ensaio: Tabela 4: Espécies e híbridos de Eucalyptus estudados com a StoraEnso Nr Espécie/híbrido (tratamento) Código 1 2 3 4 E.urophylla (hibrido) E.urophylla E. grandisxE urophylla (hibrido) E. pellita AES-122150309 PSM PSC da Ripasa AN0206N01 5 6 7 E. urophyllax E grandis (hibrido) E. urophylla E grandisxE camaldulensis (hibrido) AN0162N01 AN0106N01 AN0202N01 Empresa brasileira fornecedora da semente Arcelor Mittal Valorec Mannesman(VM) Votorantim Celulose e Papel(VCP) Instituto de Pesquisas e Estudos Florestais(IPEF) IPEF IPEF IPEF Resultados Tabela 5: Média da sobrevivência e altura das plantas de Eucalyptus aos 7 meses de idade Código 1 2 3 4 5 6 7 Espécie/hibrido E.urophylla (hibrido) E.urophylla E. grandisxE urophylla (hibrido) E. pellita E. urophyllax E grandis (hibrido) E. urophylla E grandisxE camaldulensis (hibrido) Média Média da sobrevivência das plantas (%) 73.15 69.44 93.52 94.44 93.52 84.26 Média da altura das plantas (cm) 104.05 108.26 98.52 98.70 103.74 114.85 94.44 86.11 109.67 105.40 75 Conforme se pode observar na tabela 5, o ensaio apresenta uma alta taxa de sobrevivência (86.11%) considerando que o ensaio foi estabelecido no final da época chuvosa apesar do facto de se ter aplicado 250 ml de hidrogel por planta no acto da plantação. A taxa de crescimento em altura das plantas de Eucalyptus é satisfatória, tendo atingido uma média de 1,05 m. VII. Adaptabilidade de progénies de Eucalyptus O presente ensaio tem como objectivo geral avaliar o comportamento das progénies de Eucalyptus nas condições agroecológicas de Nampula. Os objectivos específicos compreendem: Avaliar a sobrevivência das plantas no ensaio Avaliar o crescimento em altura e diâmetro das plantas Foi estabelecido com 3 blocos, 23 tratamentos (progénies), 3 plantas por parcela, num compasso de 4x2 m, tendo como bordadura a espécie hibrida E grandisxcamaldulensis AN0202N01 do IPEF. A tabela 6 a seguir apresenta a lista de progénies que compõem o ensaio. Tabela 6: Progénies de Eucalyptus estudadas com a StoraEnso Nr Progénies (tratamento) Código 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 E grandisxE urophylla E grandisxE urophylla E grandisxE urophylla E grandisx E urophylla E grandisxE urophylla E urophyllaxE grandis E urophyllaxE grandis E urophyllaxE grandis E urophyllaxE grandis E urophylla xHibrido de E grandis E urophyllaxE urograndis E urophylla E urophylla E camaldulensisxE urophylla E. brassiana E pellita E tereticornis E tereticornis E urophylla 22 30 6 41 7 139 141 138 130 9 10 57 238 30 P180-2 P174-2 P177-2 P177-3 P178-1 Instituição fornecedora semente Veracel Veracel Veracel Veracel Veracel Veracel Veracel Veracel Veracel Plantar Plantar Copener Copener Valorec Mannesman(VM) Suzano Suzano Suzano Suzano Suzano 20 E urophylla P178-2 Suzano 21 E hibrido P173-1 Suzano da 76 22 23 E hibrido E camaldulensis P173-2 18 Suzano IIAM-Maputo Resultados Foi efectuada a observação aos 7 meses de idade após o plantio e constatou-se que a média geral de sobrevivência das plantas de Eucalyptus no ensaio foi de 72.52% e a altura média das plantas foi de 93.73 cm. VIII. Ensaio agroflorestal de consociação do Eucalyptus com culturas agrícolas O ensaio tem como objectivo geral identificar as melhores opções de consociação entre o Eucalipto e as culturas agrícolas envolvidas. Os objectivos específicos compreendem: Avaliar o rendimento das culturas agrícolas quando consociadas com o Eucalyptus Avaliar o crescimento do Eucalyptus quando consociado com culturas agícolas Identificar as melhores técnicas de consociacao entre as culturas e o Eucalyptus O ensaio comporta um hibrido de eucalipto ( E grandis x camaldulensis AN0202N01) do IPEF e as culturas agrícolas de feijão nhemba(Vigna unguiculata) variedade INIA-73 e de mandioca (Manihot esculenta) variedade Likonde. Os tratamentos do ensaio são: T1- Eucaliptus plantados num compasso de (3+3+10)x1.5m e sem culturas agrícolas (Parcela A) T2- Eucaliptus plantados num compasso de (3+3+10)x1.5m e com culturas agrícolas (Parcela B) T3- Eucalyptus plantado num compasso de 4x2m e sem culturas agrícolas (Parcela C) T4- Eucalyptus plantado num compasso de 4x2m e com culturas agrícolas (Parcela D) T5- Culturas agrícolas adubadas e sem Eucalyptus (Parcela E) T6- Culturas agrícolas não adubadas e sem Eucalyptus (Parcela F) As parcelas têm a dimensão de 50x50m e foi aplicado 10 grs por planta do adubo NPK(12:24:12) nas respectivas parcelas. Serão efectuadas observações no ensaio por um período de 3 anos. IX. Dinâmica da cadeia de valor de carvão e lenha nos distritos de Nampula, Meconta, Murrupula, Muecate e cidade de Nampula Introdução 77 O presente estudo teve como objectivo geral analisar a dinâmica de produção e comercialização de lenha e carvão nos distritos de Nampula, Meconta, Murrupula, Muecate e cidade de Nampula. Com os objectivos específicos pretendeu-se identificar os principais intervenientes e sua articulação, descrever os processos de produção e comercialização, identificar os principais constrangimento e oportunidades ao longo da cadeia de valor de lenha e carvão consumidos na cidade de Nampula. Metodologia O estudo foi conduzido na cidade de Nampula, para a componente de comercialização e consumo de lenha e carvão, tendo abrangido os distritos de Meconta, Nampula, Murrupula e Muecate, situados ao redor da cidade de Nampula, principais fontes de combustível lenhoso para a cidade. Abrangeu um universo de 167 entrevistados estratificados em oito categorias de intervenientes na cadeia de valor. Foram conduzidas entrevistas semi-estruturadas, para todas as categorias de intervenientes. O trabalho de campo foi efectuado de Julho a Outubro de 2010. Resultados Os resultados do estudo revelam que intervêm na cadeia de valor de carvão e lenha, os produtores locais, vendedores grossistas, vendedores retalhistas, transportadores, vendedores ambulantes (ciclistas), Instituições do Estado, consumidores domésticos e institucionais. A articulação entre os diferentes intervenientes é fraca, não existindo um mecanismo institucionalizado para a articulação entre os diferentes actores. A produção de carvão é feita pelos residentes dos distritos circunvizinhos da cidade de Nampula usando como técnicas tradicionais o forno tipo barco como fonte de geração de renda familiar. A Lenha para a venda é produzida em menor escala em relação ao carvão. Participam na comercialização os transportadores, os vendedores em estaleiros, os vendedores ambulantes (ciclistas), os vendedores retalhistas em montinhos. As Instituições do Estado que intervêm na regulação do sector, fiscalização e cobrança de taxas são os SDAEs dos Distritos que circundam a cidade de Nampula, SPFFB-Nampula e o Município. Os principais constrangimentos apurados ao longo da cadeia são de natureza organizacional, tecnológica e provimento de serviços (extensão e insumos) para os produtores, de natureza estrutural relativa ao sistema de cobrança de taxas e altos custos de transporte para os vendedores, de natureza tecnológica e económica para os consumidores. Para os intervenientes do Estado, os constrangimentos incluem a fuga ao fisco da maior parte dos vendedores, para além de recursos humanos e meios escassos para a fiscalização a diferentes níveis (desde a produção, transporte até a venda). 78 2.2. CENTRO DE INVESTIGAÇÃO E MULTIPLICAÇÃO DA SEMENTE DO ALGODÃO DE NAMIALO (CIMSAN) P. Maleia, A. Chamuene, D. Jocene, J. Omar, J. Abudo e F. Ramos Introdução O CIMSAN, Centro de Investigação e Multiplicação de Sementes de Algodão de Namialo, é parte integrante do Centro Zonal Nordeste, Instituto de Investigação Agraria de Moçambique (IIAM). O Centro tem uma área de cerca de 347 ha, dos quais cerca de 100 ha são anualmente cultivados para ensaios e multiplicações de sementes. Localiza-se a 14.58° Sul e 39.51° Este, numa altitude de 230m do nivel do mar. A sua textura é frnco-arenosa com pH entre 55-59 em Kcl e 6.2-7.0 em água. A precipitação média anual é de 1000mm, as chuvas caem de Novembro a Maio. O período óptimo para as sementeiras é de 15 de Novembro a 15 de Dezembro. A temperatura máxima média anual é de 31°C e a mínima média é de 21°. 153 O CIMSAN é uma Instituiçâo do Estado, responsável pela investigação do algodão em Moçambique, mas actualmente o programa de pesquísa inclui para além do algodão, outras culturas, tais como milho, mapira, feijões e gergelim. Objectivos do Centro Identificar, desenvolver e testar vareidades de algodão com bom rendimento de campo e alta percentagem de fibra; Desenvolver práticas agronónicas apropriadas para diferentes regiões agroecológicas; Desenvolver um programa de controlo de pragas que minimize os danos causados pelos insectos; Colaborar com a extensão publica e ONG´s na divulgação e utilização dos resultados da Investigação agrária. Missão Identificar, desenvolver, testar e recomendar as técnicas de produção da cultura de algodão e de culturas alimentares para o aumento da produção e productividade por hectere, que contribuam para a segurança alimentar e para o aumento da renda das familias rurais através da venda de produtos agrícolas contribuindo desta maneira para redução da pobreza absoluta no País. 79 Principais estudos realizados I. Efeito de consocição de culturas em faixas no maneio da lagarta americana Helicoverpa spp (Lepidoptera: noctuidae) na cultura do algodão (Gossypium hirsutum) no distrito de Morrumbala, Moçambique 1 1 Chamuene, A. , Ecole, c. C. e Freire, M. 1 2 2 IIAM-Instituto de Investigação Agrária de Moçambique, P.O.Box 3658, Maputo, Moçambique, [email protected]; IIAM Compete, Av. FPLM 2698, Edifício de Pedologia, 1º Andar, Maputo, Moçambique, [email protected] Resumo A consociação de culturas em faixas pode influenciar a dinâmica populacional de insectos, aumentando ou diminuindo a densidade populacional de pragas e de inimigos. Desse modo, foi avaliado o efeito da consociação de culturas em faixas (Algodão com Mapira, Feijão Bóer e Crotalaria) no maneio da lagarta americana (Helicoverpa spp), na cultura do algodão (Gopssypium spp.), estabelecendo um ensaio de campo, usando o esquema de talhões subdivididos, sendo alocado aos talhões principais o maneio da lagarta americana (pulverização com base no limiar económico e sem pulverização) e nos subtalhões as faixas (Mapira, Feijão Bóer e Crotalaria), em Delineamento de Blocos Completos Casualizados (DBCC), com quatro repetições. Depois da emergência do algodão todos os tratamentos foram monitorados semanalmente, fazendo contagens da população da lagarta americana, outras pragas e dos inimigos naturais. Os resultados mostraram que as densidades populacionais da lagarta americana foram mais altas no cultivo puro (controlo) do que em todos os outros sistemas de cultivo considerados. Nos talhões sem aplicação de insecticidas as densidades das pragas foram maiores do que nos tratados de acordo com o limiar económico. Também os inimigos naturais foram mais abundantes no cultivo consociado do que no algodão puro, particularmente nas parcelas pulverizadas com insecticidas. No entanto, não foram observadas diferenças significativas nas médias de rendimento de algodão por hectare entre o sistema de cultivo consociado com faixas de Mapira, Feijão Bóer e Crotalaria com o algodão em cultivo puro. Materiais e Métodos O estudo foi realizado na Estação Experimental de Lipembe, no Distrito de Morrumbala, Província da Zambézia, na zona agro-ecológica R7, a latitude de 17°12'27" Sul e longitude de 35°42'15" Este, a uma altitude de 404 metros, no período entre 14/12/2005 a 15/06/2006. O clima do distrito é do tipo tropical húmido com precipitação média anual de 800-1400 mm e temperaturas médias anuais de 2226 ºC. O solo é de textura franco arenosa ou franco argilosa (MADER, 2003). O foi usando o Delineamento de Blocos Completos Casualizados (DBCC) em talhões sub-divididos (split plot) com quatro repetições. No talhão principal foi alocado o maneio da lagarta americana (aplicação de insecticida) e no subtalhão as faixas de culturas. Cada subtalhão foi constituído de oito linhas de 80 algodão e duas linhas de culturas faixas, todas com dez metros de comprimento, separadas a 0,90 metros de distância entre si. Os tratamentos foram representados por quatro sistemas de cultivo consociado em faixas (algodão com mapira, algodão com feijão bóer, algodão com crotalária e algodão puro) e dois níveis de maneio de pragas (sem aplicação de inecticidas e com apliação na base de limiar económico). Depois da emergência, todos os tratamentos foram monitorados semanalmente, fazendo contagens da população da lagarta americana, outras pragas e dos inimigos naturais. A prospecção de pragas foi feita usando uma amostragem do tipo convencional, caminhando em zig-zag na área útil (Gallo el al., 2002), seleccionando um número fixo de amostras de por subparcela (10 plantas). Os dados registados foram a altura das plantas, número de plantas colhidas, número de cápsulas colhidas e algodão-caroço. Os dados foram processados analisados usando o Sistema de Análises Estatísticas e Genéticas da Universidade Federal de Viçosa (SAEG) (Júnior, 1999). Os dados foram submetidos aos testes de normaliadade de Lilliefords e de Cochran e Bartlett para verificação da homogeneidade de variância dos dados e, quando necessário, foram transformados para √(x + 0,1). Seguindo-se a análise de variância, teste de agrupamento de médias de Scott & Knott (1974) a 5% de probabilidade de erro e correlação de Pearson. Os gráficos foram feitos usando funções da folha de cálculo Excel. A avaliação económica do sistema de cultivo em faixas e do maneio foi feita usando os métodos de análises parciais, calculando o benefício líquido e a taxa de retorno. Resultados E Discussão O sistema de cultivo afectou significativamente as densidades populacionais da lagarta americana, tanto ovos (p<0,0233) como lagartas (p<0,0181). A aplicação de insecticida também teve efeitos significativos na densidade de ovos (p<0.0025) e de lagartas (p<0.0001). A interacção entre o sistema de cultivo e a aplicação de insecticida não foi significativa para ovos e lagartas (p>0,1962 e p>0,1867, respectivamente). Não ocorreu o efeito conjunto entre as faixas de cultivo e o maneio da lagarta americana, todavia, verificou-se que houve efeito independente das faixas e do maneio. Desta forma, o algodão consociado com as faixas Crotalaria e Mapira apresentou menor densidade popolacional da lagarta. O algodão com Feijão bóer, devido a floração tardia, não atraíu agentes de controlo biológico e teve densidades populacionais similares ao algodao puro com maiores densidades da praga (Tabela1). Tabela 1: Teste de agrupamento de médias de densidade populacional da lagarta americana ao longo de tempo em função do sistema de cultivo do algodão. Ovos* 3- Algodão/Feijão bóer 4,192 a 1- Algodão puro 3,840 a 4- Algodão/Crotalaria 3,067 b 2- Algodão/Mapira 2,825 b CV= 28,8 Lagartas* 1- Algodão puro 3- Algodão /Feijão bóer 2- Algodão/ Mapira 4- Algodão/ Crotalaria CV = 24,3 4,346 a 3,673 b 3,043 c 2,623 c * Par de médias seguidas da mesma letra não diferem entre si pelo teste de Scott & Knott a P < 0,05. 81 Em relação ao maneio, as densidades populacionais da lagarta americana foram menores nas subparcelas pulverizadas com base no limiar económico de seis ovos ou duas lagartas em dez plantas observadas. Dessa forma, as pulverizações foram realizadas enquanto as lagartas eram pequenas, protegendo a cultura na fase de floração e de formação das cápsulas (Tabela 2). Tabela 2: Teste de agrupamento de médias de densidade populacional da lagarta americana ao longo de tempo em função do maneio. Ovos* 2- Não pulverizado 1- Pulverizado Lagartas* 2- Não pulverizado 1- Pulverizado 4,014 a 2,798 b CV= 28,8 5,091 a 1,957 b CV = 24,3 * Par de médias seguidas da mesma letra não diferem entre si pelo teste de Scott & Knott a P < 0,05. O aumento das densidades populacionais da lagarta americana foi observado a partir da semana oito, atingindo densidades maiores nas semanas nove, dez e onze. Esse facto, pode ter sido devido ao aparecimento de bões florais, flores e cápsulas, de que se essa lagarta se alimenta. Em geral, as densidades populacionais dessa lagarta foram menores em quase todos os sistemas de cultivo de algodão com culturas faixas em relação ao algodão puro (Figura 1). 20 Ovo-não tratado 18 16 Control Mapira F.Bóer Crotalaria 14 12 10 8 6 Ovo-tratado 18 No. ovos/10 plantas N o . o v o s/1 0 p lan tas 20 16 Control Mapira F.Bóer Crotalaria 14 12 10 8 6 4 4 2 2 0 0 S4 S5 S6 S7 S4 S8 S9 S10 S11 S12 S13 S14 S15 S16 Semanas depois de emergência S5 S6 S7 S8 S9 S10 S11 S12 S13 S14 S15 S16 Semanas depois de emergência 20 18 16 14 12 10 8 6 4 2 0 (B) Lagarta-não tratado N o. larvas/10 plantas L arvas/10 plantas (A) Control Mapira F.Bóer Crotalaria S4 S5 S6 S7 S8 S9 S10 S11 S12 S13 S14 S15 S16 Semanas depois de emergência (C) 20 18 16 Lagarta-tratado 14 12 Control Mapira F.Bóer Crotalaria 10 8 6 4 2 0 S4 S5 S6 S7 S8 S9 S10 S11 S12 S13 S14 S15 S16 Semanas depois de emergência (D) 82 Figura 1: Flutuação populacional de Lagarta Americana, (A) fase de ovo em plantas de algodão não tratado, (B) fase de ovo tratado, (C) fase de lagarta em plantas nao tratadas e (D) fase de lagarta em plantas tratadas. As setas indicam dias em que foi feito o tratamento fitossanitário de acordo com o limiar económico de 2 larvas em 10 plantas observadas. Esses resultados estão de acordo com os de Vandermeer (1989), segundo o qual as vantagens da consociação de culturas, é a redução do ataque de pragas em cultivos múltiplos, já que insectos herbívoros geralmente alcançam maiores densidades populacionais em cultivo puro. Em termos práticos, se o algodão for consiciado com faixas de culturas, por exemplo, Crotalaria ou Mapira, o limiar económico é atingido mais tarde do que no algodão puro, o que implica redução do número de pulverizações. Outras pragas observadas foram os sugadores, Jassides Jassides (Empoasca fascialis) e Afídeos, (Aphis gossypii), cujas densidades populacionais sofreram efeitos do sistema de cultivo (p<0.0019 e p<0.0002, respectivamente) e da aplicação de insecticida (p<0.000 para ambos). Porém, a interação entre esses dois factores não foi significativa (p>0.0827 e p>0.0932, respectivamente Jassides e Afideos). Menores densidades populacionais de Jassides e Afideos no algodão consociado com Crotalaria e Mapira em relação ao algodão com faixa de Feijão bóer e em cultivo puro (Tabelas 3). A baixa densidade de Jassideos e Afideos, provavelmente foi devido a contribuição de inimigos naturais, pois o polém das culturas usadas como faixas servem de alimento adequado para os inimigos naturais (Venzon et al., 2006 e Berg, 1993), Densidades populacionais altas no algodão com faixas de Feijão bóer deveu-se a floração tardia e o polém não atraiu inimigos naturais no momento desejado. Tabela 3. Teste de agrupamento de médias de densidade populacional de Jassides e Afideos ao longo de tempo em função do sistema de cultivo do algodão Jassides* 3- Algodão/ Feijão bóer 4,615 1- Algodão puro 4, 212 4- Algodão/ Crotalaria 3,471 2- Algodão/ Mapira 3,404 CV 15, 5 a a b b Afideos* 1- Algodão puro 3- Algodão/ Feijão bóer 2- Algodão/ Mapira 4- Algodão/ Crotalaria 6,337 5,904 5,327 5,029 8,8 a a b b Em relação ao maneio menores densidades desses sugadores foi observado nos tratamentos, aplicados insecticida na base de limiar económico, em relação aos sem aplicação (Tabelas 4). Tabela 4: Teste de agrupamento de médias das densidades populacionais de Jassides e Afideos ao longo de tempo em função do maneio. Jassides* 2- Não tratado 1- Tratado CV 5,173 a 2,678 b 15, 5 Afideos* 2- Não tratado 1- Tratado 8,072 a 3,226 b 8,8 83 Nas semanas em que não se registou precipitação, a densidade populacinal das pragas aumentou em quase duas vezes em uma semana, principalmente no algodão em sistema de cultivo puro. Segundo Smitt (1974) apud Neto at al. (1976), existe uma correlação negativa entre a chuva e a população de pragas (sugadores). Chuvas prolongadas fazem com que os insectos se recolham às habitações e muitas vezes impedem a postura e, consequentemente, reduzem as populações de insectos. Contudo, o algodão com faixas de Crotalaria e Mapira entre as semanas onze e treze tiveram densidades abaixo de limiar económico, tanto Jassides como Afideos (Figura 2). 100 Control 70 Mapira 60 F.boer 50 Crotalaria 40 30 20 10 0 S4 S5 S6 S7 S8 S9 S10 S11 S12 S13 S14 S15 S16 Semanas depois de emergência (A) (B) 5 Escala Afideos/10plantas Jassides-tratado Control Mapira F.boer Crotalaria S4 S5 S6 S7 S8 S9 S10 S11 S12 S13 S14 S15 S16 Semanas depois de emergência Control Mapira F.boer Crotalaria 4 5 Afideos-não tratado 3 2 1 0 E s cala A fid eo s /1 0 p lan tas No. jassides/10 plantas 80 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 N o . ja s s id e s /1 0 p lan ta s Jassides-não tratado 90 4 Control Mapira F.boer Crotalaria Afideos-tratado 3 2 1 0 S4 S5 S6 S7 S8 S9 S10 S11 S12 S13 S14 S15 S16 Semanas depois de emergência S4 S5 S6 S7 S8 S9 S10 S11 S12 S13 S14 S15 S16 Semanas depois de emergência (C) (D) Figura 2: Flutuacao populacional de Jassides e Afideos. (A) Jassides em plantas de algodão, não tratado, (B) Jassides, tratado, (C) Afideos em plantas nao tratadas e (D) Afideos em plantas tratadas. A seta indicam dia em que foi feito o tratamento fitossanitário de acordo com o limiar económico. Os principais inimigos naturais registados foram Sirfideos (Sirphus spp.), Crisopas (Chrysopa spp.) e Aranha (Oxyopes spp.) e as suas densidades populacionais foram afectadas pelo sistema de cultivo (p<0,0011; p<0,0327 e p<0,0478; respectivamente Sirfideos, Crisopas e Aranha e pela aplicação de insecticida (p<0,000; p<0,0059 e p=0,0025; respectivamente Sirfideos, Crisopas e Aranha), mas a 84 interacção, entre os dois factores não foi significativa (p>0,05). De maneira geral, o cultivo de algodão com faixas apresentou densidades mais altas de Sirfideos, Crisopa e Aranha em relação ao algodão em cultivo puro. (Tabelas 5). Esses resultados estão de acordo com Tonks (1997), segundo o qual vários insectos, aranhas e patogenos podem alimentar-se, parasitar ou infectar muitas pragas do algodão. Tabela 5: Teste de agrupamento de médias de densidades populacionais de Sirfideos, Crisopa e Aranha ao longo de tempo em função do sistema de cultivo do algodão Sirfideos* Crisopa* Aranha* 3-Algodão/Crotalaria 1,029 a 2-Algodão/ Mapira 1,019 a 4-Algodão/ Feijão bóer 0,981 a 1-Algodão puro 0, 537 b 4- Algodão/ Crotalaria 0,541 a 2- Algodão/ Mapira 0,503 a 1- Algodão/ Feijão bóer 0,388 b 3- Algodão puro 0,283 b 4- Algodão/ Crotalaria 0,888 a 1- Algodão/Mapira 0,841 a 2- Algodão puro 0,801 a 3- Algodão/Feijão bóer 0,654 b CV= 39,4 CV = 18,9 CV = 18,9 Elevadas densidades populacionais de inimigos naturais contribuiram na redução da população de afideos depois da semana nove, principalmente nas parcelas sem uso insecticidas (Tabela 6). Tabela 6: Teste de agrupamento de médias de densidades populacionais de Sirfideos, Crisopa e Aranha ao longo de tempo em função do maneio. Sirfideos* 2- Não tratado 1- Tratado CV = 39,4 8,072 a 3,226 b Crisopa* 2- Não tratado 1- Tratado CV = 18,9 0, 549 a 0,457 b Aranha* 2 - Não tratado 1- Tratado CV = 18,9 0,934 a 0,608 b Foram observadas elevadas densidades populacionais de Sirfideos, Crisopas e Aranhas no sistemas de cultivo de algodão com Crotalaria, Mapira e Feijão bóer, principalmente nas parcelas sem aplicação de insecticidas. (Figura 3). Resultados idênticos também foram obtidos por Berg (1993) na consociação algodão com mapira, que mostrou ser promissores e mais fiáveis, por afetar bastante o nível da população de inimigos naturais e o de infestação da lagarta americana. Resultados obtidos por Venzon et al. (2006), reportam que a Crotalaria e o Feijão bóer, fornecem pólen nutricionalmente adequado para os predadores, podendo aumentar a sua efectividade na redução da população de pragas, daí a sua utlilização na abordagem do maneio integrado de pragas como controlo cultural. A análise dos indicadores de colheita (densidade de plantas, altura das mesmas e número de cápsulas por planta), mostra que, o sistema de cultivo do algodão teve efeitos significativos para densidade de plantas (p<0,001) e número de cápsulas (p<0,002); mas a altura das plantas não sofreu efeto (p>0,05) do sistema de cultivo. A aplicação de insecticidas não teve efeitos significativos na densidade e na 85 altura das plantas (p>0,05). Porém, o número de cápsulas por planta foi afetado significativamente (p<0,001) pelo maneio. Entretanto, a sua interação não foi significativa (p>0,05) para todas variáveis de indicadores de colheita. O agrupamento de médias pelo teste de Scott & Knott (1974) mostrou que a densidade de plantas foi maior no algodão em cultivo puro, do que no algodão consociado com faixas de Crotalaria, Mapira e Feijão bóer. O algodão em cultivo puro teve maior densidade de plantas (100% da área ocupada pelo algodão) em relação algodão consociado (80% da área de algodão), como era esperado pelo delineamento, sendo outra parte (20%) ocupada por culturas faixas. Apesar disso, o número de cápsulas por planta foi maior em algodão consociado em faixas devido a produtividade das plantas, compensando dessa forma, a produção da área ocupada pelas culturas faixas (Tabelas 7e 8). Tabela 7: Análise de Indicadores de Colheita (densidade e altura (cm) das plantas; N° de cápsulas) em função do sistema de cultivo do algodão (faixas). Densidade de plantas/90m² 1-Algodão puro 125 a 2-Algodão/ Mapira 98 b 4-Algodão/ Crotalaria 92 b 3-Algodão/ Crotalaria 90 b CV 11,54 Altura das plantas (cm) 4- Algodão/ Crotalaria 154 a 2- Algodão/ Mapira 153 a 3- Algodão/ Feijão bóer 15 a 1- Algodão puro 151 a 6,28 N° de cápsulas/plantas 4- Algodão/ Crotalaria 23 2- Algodão/ Mapira 22 3- Algodão/ Feijão bóer21 1- Algodão puro 15 a a a b 12,89 Tabela 8: Análise de Indicadores de Colheita (densidade e altura (cm) das plantas; N° de cápsulas) em função do maneio do algodão. Densidade de plantas/90m² 2- Não pulvrizado 101,3 a 1- Pulverizado 100,8 a CV = 11,54 Altura das plantas (cm) 2- Não pulverizado 154,6 a 1- Pulverizado 149,3 a CV = 6,28 N° de cápsulas/plantas 1 - Pulverizado 23,2 a 2- Não pulverizado 17,9 b CV = 12,89 O rendimento por planta foi afectado significactivamente pelo sistema de cultivo (p<0,0011) e pelo maneio (p<0,0005) isoladamente. Porém, a interação não foi significativa (p>0,05). Não houve efeito significativo do sistema de cultivo (p>0,3529) para as médias de rendimento de algodão caroço por hectare. No caso de maneio essas médias sofreram efeito da aplicacão de insecticida (p<0,0000). A interacção entre o sistema de cultivo e aplicação de insecticida não foi significativa (p>0,05). O teste de agrupamento de médias de Scott & Knott (1974) mostra que o rendimento por planta foi maior em todos sistemas de cultivo de algodão consoxiado em faixas em relação ao algodão cultivo puro. Entretanto, rendimento por hectare teve médias de sem diferenças significativas em todos os sistemas de cultivo. Apesar da redução de 20% da área do algodão consociado em faixas o rendimento foi similar ao algodão puro (Figuras 4 e 5). Esses resultados estão de acordo com Berg (1993), segundo o qual este método de sistema de cultivo estimula a prática da agricultura sustentável de pequenos produtores. Por sua vez, Venzon et al. (2006), afirma que em face de reduzida capitalização dos pequenos agricultores, a menor demanda para o controle de pragas, pode 86 contribuir para redução do custo final da produção, já que inseticidas e adubos constituem alta porcentagem do custo de produção. Na prática, os produtores, adoptando o sistema de cultivo de algodão em faixas, podem obter uma produção adicional sem afectar significativamente o rendimento da cultura por hectare. (A) (B) 120 100 100 a a Rendimento, g/planta Rendimento, g/planta 120 a 80 60 b 40 a 80 b 60 40 20 20 0 0 Algodão/ Crotalaria Algodão/ Mapira Algodão/ Feijão Algodão puro bóer Pulverizado Efeito de Sistema de cultivo (Faixas) Não pulverizado Efeito do Maneio (Insecticida) Figura 4: Rendimento do algodão em gramas por planta: (A) sistema do cultivo e (B) efeito do Maneio (A) (B) 1000 1200 a 800 a 1000 a a 600 400 200 Rendimento, Kg/ha Rendimento, Kg/ha 1200 a 800 b 600 400 200 0 0 Algodão/ Crotalaria Algodão/ Mapira Algodão/ Feijão bóer Algodão puro Pulverizado Não pulverizado Efeito do Maneio (Insecticida) Efeito de Sistema de cultivo (Faixas) Figura 5: Produção do algodão em Kg/ha: (A) sistema do cultivo e (B) efeito do Maneio insecticida Em geral, o incremento da produção em todas parcelas do algodão, independentemente das pulverizações feitas, pode ser devido a contribuição dos inimigos naturais na redução da população 87 das pragas, ao efeito armadilha das culturas usadas como faixas, da contribuição das culturas leguminosas na fertilização do solo e da interação entre as espécies consociadas. Por outro lado, a nas pacelas não tratadas observou-se maiores densidades populacionais de inimigos naturais. Resultados obtidos por Quinderé & Santos (1986) apud Bastos et al. (2003), mostraram a maior sobrevivência e eficiência de inimigos naturais, podendo manter as populações das pragas em equilibrio e facilitar a acção de controlo natural dessas pragas. Na prática, os produtores usando a consociação de culturas podem aumentar a sua produção sem a necessidade de insumos dispendiosos, o uso eficiente da terra, a obtenção de duas produções concomitantemente, a redução de riscos e a diversificação da dieta alimentar (Carvalho, 1989). A correlação entre a densidade de plantas com o rendimento por hectare embora seja positiva (r=0,1326), ela não é significativa (P=0,2365), daí que pode-se afirmar que, que a densidade de plantas não teve contribuição significativa no rendimento. A relação existente lagarta americana com o rendimento é negativa (r=-0,6082) e significativa (p=0,0001). Assim, quando a população da lagarta americana aumenta, o número de cápsulas diminuiu significativamente, porque a lagarta americana alimenta-se de botões florais, flores e cápsulas do algodoeiro (Carvalho, 1996). Por isso, os tratamentos, onde se registou elevedas densidades da lagarta americana, o rendimento por hectare foi relativamente baixo (algodão em cultivo puro). A relação de número de cápsulas com o rendimento é positiva (r=0,8066) e significativa (p=0,0000), por isso rendimento elevado foi obtido nas parcelas com número de cápsulas por planta maior (Tabela 9). Tabela 9: Correlação de Pearson entre densidade de plantas, a lagarta americana, o número de cápsulas com o rendimento em kg.ha-1 Variável Densidade de plantas* Rendimento ha-1 Lagarta americana* Rendimento ha-1 No de cápsulas*Rendimento ha-1 Correlação (r) 0,1326 -0,6082 0,8066 Significância 0,2365 ns 0,0001*** 0,0000*** * Significantivo a 10% de probabilidade; ** Significantivo a 5% de probabilidade; *** Significantivo a 1% de probabilidade ; ns - Não significativo A análise económica sobre o sistema de cultivo mostra que o benefício líquido é maior no algodão, quando não se aplica insecticidas. Mas quando se aplica insecticida, já o cultivo em faixas apresenta benefícios líquidos maiores em relação ao algodão puro. A taxa de retorno do sistema de cultivo em faixas foi negativa, nas parcelas sem aplicação de insecticida e positiva quando foi feita pulverização na base de monitória de pragas (Tabela 10). Tabela 10: Parâmetros Usados para Análise Económica Parcaial do Algodão Consociado em Faixas com as Culturas de Mapira, Feijão bóer e Crotalaria. Valores em Meticais 88 Maneio Sistema de Cultivo Insecticida Não Tratado Tratado Custos V. de Produção Cvp Beneficio Líquido BL Taxa de Retorno Culturas em faixas Valor de Produção VP Algodão puro (controlo) Algodão/Mapira Algodão/Feijão bóer Algodão/Crotalaria 3.640,00 3.640,00 3.640,00 3.640,00 740,00 825,13 835,00 745,44 2.900,00 2.814,87 2.805,00 2.894,56 -2,94 -3,28 -0,19 Algodão puro (controlo) Algodão/Mapira Algodão/Feijão bóer Algodão/Crotalaria 5.152,00 5.152,00 5.152,00 5.152,00 1.894,00 1.840,00 1.829,00 1.804,00 3.258,00 3.312,00 3.323,00 3.348,00 1,66 2,00 2,76 % De acordo com os resultados apresentados na tabela acima, o valor do benefíco líquido e da taxa de retormo marginal, dependeu essencialmente dos custos de produção, já que o valor da produção foi igual para todos os sistemas de cultivo. Porém, quando se associa o sistema de cultivo com maneio de pragas, pulverizando na base de limiar económico, esses benefícios tendem a aumentar, particularmente, no algodão consociação em faixas. Em geral, estes resultados estão de acordo com os de Willey (1979) e Horwith (1985), os quais descrevem que a maior vantagem atribuída aos sistemas consociados está na melhor utilização dos recursos ambientais e na estabilidade da produção das culturas, no uso eficiente da terra e de mão-de-obra, na redução de pragas e maior rendimento económico entre outras vantagens. Conclusões A infestação mais elevada da lagarta americana observou-se da semana 8 até semana 13. As faixas de Crotalária e de Mapira mostram densidades relativamente mais baixas das pragas em relação aos outros tratamentos. Outras pragas observadas foram Jassideos e Afídeos. Em geral, densidades elevadas de inimigos naturais foram observadas em todos tratamentos de algodão com faixa, com destaque nas sub-parcelas sem aplicação de insecticida. Em todas variáveis analisadas, geralmente, o algodão com as faixas de Crotalaria e Mapira formam par, enquanto que o Feijão bóer está sempre ligado ao algodão puro. Não há diferenças de rendimento por hectare entre os sistemas de cultivo de algodão (consociado e puro), embora haja diferença de rendimento por planta. Porém, em relação ao maneio, os rendimentos mais altos foram obtidos em todos os sistemas de cultivo de algodão pulverizados com insecticidas na base de limiar económico. A análise económica mostra existir um ganho no cultivo do algodão com culturas faixas, particularmente, quando se aplica insecticida na base de limiar económico. Embora as culturas faixas 89 reduziram 20% da área total de produção do algodão, o incremento da productividade devido ao efeito das faixas compensou a produção. Na prätica, além de ganhos em valores monetários, o produtor pode obter colheita de Mapira e Feijão bóer para consumo ou pode servir de cultura alternativa de rendimento. As culturas de Crotalaria e de Feijão bóer podem melhorar o solo, evitando a sua degradação do solo agrícola, entre outras vantagens, como o melhoramento de (faixas de crotálaria e feijão-bóer), melhor utilização dos recursos ambientais, estabilidade da produção das culturas, uso eficiente da terra e de mão-de-obra, redução de pragas e maior rendimento económico. II. Escola na machamba do camponês no maneio integrado de aflatoxinas nas culturas do amendoim e do milho em Nampula, Moçambique Chamuene, A1; Gardner, P2; Benjamim, A. F3 e Valentim, A3 1 IIAM-Instituto de Investigação Agrária de Moçambique, CZnd-Centro de Investigação e Multiplicação de Sementes de Algodão de Namialo, Nampula, Moçambique, e-mail: [email protected] 2 Consultor da CLUSA, Nampula, Moçambique; email: [email protected] 3 Supervisores da rede de extensão da CLUSA, Nampula, Moçambique; [email protected] Resumo O maneio integrado das práticas culturais, tais como a escolha da área para a sementeira, a variedade a usar, o controlo de pragas e doenças, o controlo de humidade no solo na época da colheita, a secagem e o armazenamento do produto final, pode contribuir para a prevenção da contaminação de produtos por aflatoxinas, compostos tóxicos produzidos por fungos (bolores), que se desenvolvem sobre o grão de cereais e oleaginosas. Esses compostos podem causar no homem ou no animal efeito agudo ou subagudo, dependendo da dose e da frequência ingerida, respectivamente, provocando morte ou distúrbios e alterações irreversíveis nos órgãos. Por isso, existe uma necessidade de disseminação das técnicas do maneio integrado das práticas culturais aos produtores para contornar essa situação. Assim, foi organizado um treinamento pela CLUSA em colaboração com o IITA-UniLúrio e o IIAM-Centro Zonal Nordeste para formar extensionistas e produtores assistidos pela CLUSA na Província de Nampula. Para o treinamento usou-se a abordagem de escola na machamba do camponês nas culturas de amendoim e milho. Foram formados doze extensionistas, que por sua vez, foram treinar os produtores, estabelecendo quinze escolas na machamba do camponês em seis distritos nesta província envolvendo cerca de trezentos quarenta e um camponeses no total. Em cada uma dessas escolas foram estabelecidas duas parcelas de estudo, sendo uma para demonstrar o maneio integrado das práticas culturais (ICM) e outra para ilustrar a prática local dos camponeses (PC). Na primeira, a sementeira foi feita em linha, usando o compasso recomendado de 0,5 metros entre plantas e 0,10 metros entre plantas na linha para o amendoim, variedade Nametil. E para o milho, variedade Matuba, usou-se o compasso de 0,80 por 0,25 metros. Todas as operações culturais 90 na parcela de ICM foram realizadas na base da análise de ecossistema das culturas. Na segunda, a sementeira foi realizada conforme a prática local dos produtores e todas as operações culturais foram realizadas segundo a prática local. Na parcela de PC o amendoim foi semeado ao acaso usando um compasso irregular e o milho foi semeado com espaçamento de 1,0 metros entre linhas e 0,5 metros entre plantas na linha. Em todos os locais os participantes encontravam-se semanalmente para observações de campo em grupos, discutindo a situação real do campo para tomada de decisão correcta na plenária sobre o maneio apropriado nas diferentes fases de desenvolvimento da cultura. Na colheita foram construídos secadores melhorados usando material local para produtos colhidos nas parcelas de ICM. Para os colhidos nas parcelas de PC, a secagem foi segundo o hábito dos produtores locais. Os resultados obtidos mostram, que houve maiores rendimentos por ha e menor contaminação por aflatoxinas nas parcelas de ICM, do que nas de PC. Metodologia usada na formação Parcelas de Estudo Cada escola na machamba do camponês tinha uma parcela de estudo, subdividida em duas subparcelas de dez metros de comprimento e dez metros de largura. Na primeira ilustrou-se a prática do maneio integrado das práticas culturais (ICM) e na outra foi demonstrado a prática local dos camponeses (PC). Semanalmente os participantes organizados em grupos de trabalho com cinco a seis membros faziam exercícios práticos de campo nessas sub-parcelas, repetidas segundo o número de grupos dos formandos. Sementeiras de Amendoim e Milho Parcelas de ICM Na parcela de maneio integrado das práticas culturais (ICM) a sementeira foi feita em linha, usando o compasso recomendado de 0,5 metros entre linhas e 0,10 metros plantas na linha para amendoim, variedade Nametil. No caso de Milho (variedade Matuba) o compasso usado foi de 0,80 metros entre linhas e 0,25 metros plantas na linha. Todas as operações culturais foram realizadas na base da análise de ecossistema das culturas. Parcelas da PC Nas parcelas da prática do camponês a sementeira foi realizada conforme a prática local dos produtores (ao acaso) e todas as operações culturais feitas segundo a prática local. Análise de Ecossistema Agrícola nas Parcelas de Estudo A análise de ecossistema agrícola (AESA) nas parcelas de ICM e PC era feito semanalmente pelos participantes para fazer trabalhos de campo, que consistia em: 91 1. Observações e registo de dados de campo em grupos de 5-6 participantes; 2. Processamento de dados registados e apresentação na plenária em grupos; 3. Discussão plenária das apresentações em grupos, sugestões e recomendações para o maneio apropriado da cultura nessa fase de desenvolvimento da cultura. 4. A tomada de decisão feita na base da situação real de campo, tomando em conta a disponibilidade de recursos a serem usados na implementação da decisão tomada. Todo processo, referido nos pontos anteriores (1, 2, 3 e 4), chama-se análise de ecossistema agrícola (AESA). AESA é um instrumento de tomada de decisão no meneio integrado das práticas culturais (ICM), porque todas as operações culturais são baseadas na situação real do desenvolvimento da cultura em campo no momento em que as observações são realizadas. Durante as sessões de AESA as principais actividades realizadas foram as sachas, as observações das pragas e doenças, colheita, secagem e armazenamento. Nas parcelas de ICM essas actividades eram realizadas segundo a indicação de AESA (recomendação técnica) e nas parcelas de PC as intervenções eram feitas segundo a prática local dos produtores (controlo). Nos dias de AESA os resultados dos dados agronómicos e entomológicos observados nas parcelas de ICM e PC eram comparados entre si com os registados na AESA anterior. Na base das diferenças observadas os participantes nas sessões plenárias tomavam uma decisão correcta para o maneio apropriado a realizar nessa fase de desenvolvimento da cultura (Figura 1). Figura 1: Fases de AESA: observações e registo de dados nas parcelas (fotos a esquerda); processamento e apresentação de dados de campo em grupo e recomendações para tomada de decisão correcta do maneio da cultura (fotos a direita). Nos Postos Agronómicos de Nametil e de Namialo os trabalhos de campo consistiam na condução de AESAs, esclarecimento de dúvidas trazidas dos produtores e troca de experiência entre todos os extensionistas participantes, considerados facilitadores dos produtores. Os conhecimentos adquiridos eram implementados nas escolas da machamba do camponês ao nível dos produtores nas comunidades rurais (nas zonas de trabalho dos técnicos). 92 Construção de Secadores Melhorados Foram construídos secadores melhorados, usando material local para a secagem do amendoim e do milho na altura da colheita. Para o amendoim foram construídos secadores em forma de “A” e para o milho em forma de “T” para colheitas da parcela de ICM (Figura 2A), comparado com o método local de secagem usado na comunidade para as duas culturas (Figura 2B). (Figura 2A): Secadores melhorados (parcela de ICM). (Figura 2B): Secadores usados pelos camponeses (parcela da PC) Figura 2: Tipos de secadores de amendoim (a esquerda) e milho (a direita): prática de ICM (A) e prática dos produtores (B). Alguns métodos de secagem usados pelos produtores também mostraram serem eficientes para a redução da humidade do grão de milho. Entretanto, no amendoim outros produtores continuam a fazer colheitas, amontoando ou espalhando o produto no chão, debulhando e ensacando antes da secagem com muito teor de humidade, facto que estimulou o ataque de gorgulhos e o desenvolvimento de fungos, que produzem aflatoxinas, o que foi constatado em alguns locais nas parcelas da PC. Visitas aos Produtores na Comunidade Foram realizadas visitas de supervisão e monitoria em 10 locais com escolas na machamba do camponês estabelecidas nos campos dos produtores. Foi assistido o decurso das AESAs e da construção de secadores melhorados usando material local. Em certos locais o produto colhido tinha sido vendido ou consumido logo depois da colheita, pelo que não foi possível obter amostras para determinação do rendimento e análise laboratorial (Nacarôa, Iúluti e Nametil-Sede). Resultados 93 Técnicos e Produtores Formados No total, 12 técnicos extensionistas e 341 produtores foram treinados em técnicas de maneio integrado das práticas culturais na produção de amendoim e de milho (Tabela 2). Tabela 2: Número de tëcnicos e produtores formados em FFS-ICM nas culturas de amendoim e milho Nº Produtores /FFS Nº Local Instituição do Técnico Nome do Técnicos/ Extensionistas Amendoim Milho 1 Nametil Clusa Abílio Fernandes 0 0 2 Nametil Save the Children Augusto A. Uassiua 0 0 3 Mogovolas SDAE Saranque Joaquim 6 5 4 Iulute/Mogovolas Save the Children António das N. Júnior 30 30 5 Nanhopo-rio Save the Children Boaventura João 30 0 6 Nanhupo-rio Save the Children Orlando Madeira 30 0 7 Moma Clusa Herculano R. Ossufo 0 0 8 Nacarôa Clusa António Valentim 0 0 9 Namialo Africare José Mendoso 25 25 10 Nacala-velha Clusa Toni Ernesto 25 25 11 12 Monapo Mossuril Clusa Save the Children Tomé A. Capena Uorque António 0 25 0 25 12 171 170 Total de técnicos e produtores formados Alguns técnicos inicialmente envolvidos na formação não chegaram de montar escola na machamba do camponês devido a acumulação de tarefas. Rendimento de Campo Os resultados de rendimento de campo do amendoim e do milho foram relativamente mais altos nas parcelas de ICM, do que nas de PC nos locais onde os produtores seguiram todos os procedimentos do treinamento. Entretanto, esses rendimentos podem ser melhorados ainda mais se a componente de aplicação de fertilizantes for incorporada. Aflatoxinas Em média, a contaminação do grão do amendoim por aflatoxinas, foi relativamente menor no produto conservado no secador melhorado, do que no da prática dos produtores (vagens estendidas ao chão). No caso de milho, certos produtores usam outro tipo de secadores, que mostrou resultados similares aos melhorados. 94 Humidade A diferença da humidade no grão entre as parcelas de ICM e PC não foi significante na altura da análise de laboratório, pelo que se pode afirmar que a elevada contaminação de aflatoxinas nas parcelas da prática local pode ter ocorrido durante a secagem das vagens espalhadas ao solo, que é prática comum de muitos camponeses. Os resultados do rendimento de campo, do teor de humidade e da contaminação por aflatoxinas são apresentados na Tabela 3. Tabela 3: IIAM/CLUSA - IITA/Unilúrio Resultados de Escola na Machamba do Camponês-FFS 2010 Informação do Local Região Fórum Rendimento (kg/ha) Amendoim Humidade (%) Aflatoxina (ppb) Rendimento (kg/ha) Milho Humidade (%) Aflatoxina (ppb) Prática Prática Prática Prática Prática Prática Prática Prática Extensiodo Prática do Pratica do Pratica do Prática do do de de nista Campo- de ICM Campo- de ICM Campo- de ICM Campo- de ICM CampoCampoICM ICM nês nês nês nês nês nês Boaventura Namirico 476 553 7 7.1 0.32 0.07 / / / / / / Joao Local/ Associação Nanhupo Rio Nanhupo Nanhupo Rio Rio Nametil Calipo Mcuezeria Orlando Madeira Augusto Uassiwa António Iulúti Ass.19 Nov Junior António IIAM CIMSAN Chamuene Nacala Toni Velha Ernesto Namialo José Nacaroa Tabuane Mendoso Tome Mossuril Ampivine Capena Médias 457 542 7.1 7.5 42 0 / / / / / / 153 181 8 7.4 250 0.15 / / / / / / / / / / / / 340 860 13.8 13.8 0 0 786 1130 8.2 8.5 6.6 0.19 1240 2660 15.2 13.5 0.9 0.5 700 1000 7.5 6.9 0 0.01 / / / / / / / / / / / / 529 733 16.5 11.2 0 0 513 583 7.1 8.1 0.017 0.22 / / / / / / 7.5 7.6 49.8 0.1 22.8 19.3 0.5 0.3 514.17 664.8 1054.5 2126.5 ICM-Maneio Integrado de praticas cultrurais Em alguns locais, parte da produção colhida tinha sido consumida ou vendida antes da secagem e amostragem para análise de laboratório; outros tinham juntado o produto colhido de parcelas diferentes. Por isso, não foi possível fazer a avaliação do rendimento de campo e do grau da contaminação do produto por aflatoxinas. Em Calipo registou-se rendimentos muito baixos, provavelmente, devido a sementeira tardia em solo pobre. As chuvas iniciaram a cair em Janeiro com uma distribuição irregular. Conclusões A abordagem de escola na machamba do camponês melhorou a compreensão dos produtores sobre o ecossistema das culturas do amendoim e do milho através da interação e troca de experiências durante as sessões plenárias de estudos em grupos. A condução de exercícios de campo e discussões em grupos sobre os problemas reais da produção permitiu aos participantes a tomarem decisão correcta das práticas culturais realizadas, o que pode ter contribuído para uma boa produção nas parcelas de ICM em relação a outras parcelas. Resultados foram observados por Godrick e Richard (2003) no seu estudo sobre feedback de escolas na 95 machamba do camponês, em que o rendimento da produção das culturas aumenta, quando as práticas culturais são realizadas de forma integrada. Constatou-se que sementeiras tardias, atraso das sachas, baixa fertilidade de solo e distribuição irregular de chuvas afectaram negativamente o rendimento das culturas, como por exemplo, na associação de Mcuezeria em Calipo no Distrito de Nametil em que o rendimento do amendoim foi muito baixo, cerca de 181 e 153kg/ha na parcelas de ICM e PC, respectivamente. De maneira geral, rendimentos mais elevados foram obtidos nas parcelas de maneio integrado das práticas culturais (ICM), do que o das parcelas da prática do camponês (PC). A sementeira em linha usando o compasso recomendado e a integração das práticas culturais na base do ecossistema das culturas podem ter contribuído para esse resultado. Observou-se uma redução da contaminação do produto por aflatoxinas nas parcelas de ICM em relação as parcelas PC de 49.8 para 0.1 ppb para o amendoim e de 0.5 para 0.3 ppb para o milho. Provavelmente, o uso de secadores melhorados pode ter contribuído para esse resultado. Esses valores estão abaixo dos limites de contaminação de produtos por aflatoxinas estabelecidos para Europa-Áfríca, 15 ppb para amendoim e 20 ppb para o milho (Otsuki et al, 2001). III. Efeito de Consociação de Algodão ﴾Gosssypium sp﴿ com Faixas de Culturas na Densidades de Pragas e de Inimigos Naturais e na Produção no Distrito de Meconta Raimundo, A1 e Chamuene, A1 e Rego2, J.M. 1 IIAM-CZNd-Centro de Investigação e Multiplicação de Sementes de Algodão de Namialo 2 UCM-Faculdade de Agricultura de Cuamba, Departamento de Ciências de Solo Resumo A Consociação de culturas em faixas (Strip intercropping) é o cultivo de duas ou mais culturas crescendo simultaneamente em diferentes faixas, suficientemente largas para permitir operações culturais independentes, mas suficientemente apertadas para permitir que as culturas interajam agronómicamente. Neste sistema de cultivo a diversidade biológica aumenta em áreas agrícolas, o que pode manter as populaçãoes de insectos em equilíbrio e facilitar a acção de controlo natural. Deste modo foi avaliado o efeito das culturas em faixas (algodão com mapira, feijão-nhemba, milho, soja, mucuna-preta e algodão puro), no maneio de pragas lagarta americana (Helicovepa armigera), lagarta vermelha (Diparopsis castanea), jassideos (Empoasca facialis), afideos (Aphis gossipy) e inímigos naturais sendo joaninha (Hippodamia convergens) e aranha, estabelecendo-se um ensaio 96 com delineamento experimental de blocos completos casualizados (DBCC) com 3 repeticoes e 6 tratamentos. Depois da emergência do algodão todos tratamentos foram monitorados semanalmente, avaliando a população de pragas e seus inimigos naturais. Tambem foram registados os dados agronomicos e de produção. Resultados encontrados mostram que existe maior densidade populacional de pragas no sistema de cultivo puro em relação aos sistemas de cultivo em faixas. Verificou-se também que em todos sistemas de cultivo do algodão consociado com faixas de culturas houve maior densidade populacional de inimígos naturais comparativamente ao cultivo puro de algodão. Os resultados mostram que o rendimento não foi direfente em todos os sistemas de cultivo com uma média de 860,4 kg/ha, rendimento considerado satisfatório em relação com o de sector familiar que ronda aos 500 kg /ha. Resultados e Discussão Em função da semana As densidades das pragas e dos inimigos naturais apresentam diferenças significativas (p<0,05) em todas semanas, excepto ovo da lagarta vermelha (p>0,05) em todos tratamentos. No caso das faixas, as diferenças significativas (p<0,05) foram observadas nas densidades populacionais da lagarta vermelha e aranha. Nos restantes insectos não houve efeito significativo (p>0,05) das faixas sobre as densidades populacionais. A interacção entre semana e faixa não teve efeito significativo (p>0,05) nas densidades tanto de pragas como de inimigos naturais (Tabela 2). Tabela 2: Cálculo de ANOVA das Principais Pragas e seus Inimigos Naturais Fonte de variação Afideos Jassideos Principais Pragas Lagarta América Ovo lagarta Inimigos Naturais Lagarta vermelha Ovo lagarta Pr> F Semana 0,0001*** 0,0001*** 0,0001*** 0,0034** 0,0866 ns 0,0001*** Faixa 0,2887 ns 0,0099* 0,0590 ns 0,2584 ns 0,0011** 0,0015** Semana*Faixa 0,6678 ns 0,5653 ns 0,4347 ns 0,5964 ns 0,0089* 0,0607 ns C.V 24,8 25,1 6,9 33,4 4,0 5,5 1 Teste de Duncan a 5% de probabilidade; *** Altamente significativo a 1% de probabilidade * *Significativo a 5% de probabilidade; * Significativo a 10% de probabilidade Joaninha Aranha 0,0001*** 0,2354 ns 0,5686 ns 11,6 0,0001*** 0,0010 ** 0,0770 ns 8,9 Maiores densidades de afideos foram observadas nas semanas, 7, 8 e 11 com médias 3,20, 2,80 e 2,79 respectivamente; as semanas 4, 9 e 12 foram as que menores densidades de afideos apresentaram com 0,96, 1,07 e 1,41 respectivamente. No caso de Jassideos, maiores médias das densidades populacionais foram registadas nas semanas 12 e 11 com 1,43 e 1,15 respectivamente; as menores densidades desta praga foram observadas nas semanas 5-9, com uma média de 0,81 insectos. 97 Em relação a lagarta vermelha a média de ovos foi constante em todas semanas com 0,71 unidades; porém a média da densidade populacional das lagartas foi maior na semana 10 com 0,78 e menor densidade nas semanas 4 e 5 ambas com média 0,71. A densidade populacional da lagarta americana foi maior nas semanas 6 e 9 (ovos) e semana 6 (lagartas), respectivamente 0,77 e 1,01 em média; menor densidade desta praga observou-se nas semanas 4, 5, 7, 8 e 12 ambos com uma média de 0,71. Os inimigos naturais tiveram maiores densidades populacionais nas semanas 6, 7 e 9 com média de 86,7 de joaninha; a menor densidade deste insecto observou-se nas semanas 4 e 12 com uma média de 0,72. Para a aranha maiores densidades foram registadas nas semanas 6 e 12 ambas com 0,86 e menores densidades nas semanas 5, 8, 9 e 10 com uma média de 0,76 (Tabela 3). Tabela 3: Teste de agrupamento de médias das principais pragas e seus inimigos naturais em função de semanas Semanas Afideos Jassideos Semana 4 Semana 5 Semana 6 Semana 7 Semana 8 Semana 9 Semana 10 Semana 11 Semana 12 C.V. 0,96 e 1,89 dc 2,43 bc 2,80 ba 2,79 ba 1,41 de 2,20 c 3,20 a 1,07 e 24,8 0,97 cb 0,79 c 0,77 c 0,83 c 0,79 c 0,87 c 1,03 cb 1,15 b 1,43 a 25,1 Lagarta vermelha Ovo Lagarta 0,71 a 0,71 c 0,71 a 0,71 c 0,73 a 0,73 bc 0,72 a 0,73 bc 0,71 a 0,73 bc 0,71ª 0,75 ba 0,71 a 0,78 a 0,71 a 0,74bac 0,70 a 0,72 bc 6,9 33,4 Lagarta americana Ovo Lagarta 0,74 ba 0,71 b 0,73 ba 0,71 b 0,77 a 1,01 a 0,74ba 0,71b 0,71 b 0,72 b 0,77 a 0,90 ba 0,71 b 0,85 ba 0,70 b 0,75 ba 0,71 b 0,71 b 4,0 5,5 Inimigos Naturais Joaninha Aranha 0,71 c 0,80 ba 0,73 bc 0,76 b 0,87 a 0,86 a 0,89 a 0,80 ba 0,83 ba 0,75 b 0,84 a 0,76 b 0,80 bac 0,75 b 0,80 bac 0,81 ba 0,72 c 0,86 a 11,6 8,9 Em função das faixas A média das densidades populacionais dos afideos foi de 2,08 em todos sistemas de cultivo de algodão (cultivo puro e em faixa). No caso de jassideos, menores densidades populacionais foram observadas em todos sistemas de cultivos em faixas em relação ao cultivo puro, onde as densidades foram relativamente maiores. Para ovos da lagarta vermelha registou-se menores densidades em todos sistemas de cultivo em faixas comparativamente com o cultivo puro do qual foram relativamente maiores. As densidades da lagarta vermelha foram maiores no sistema de cultivo em faixa (algodão e milho) e o cultivo puro, e as menores densidades populacionais foram observadas nos restantes sistemas de cultivo. A lagarta americana também apresenta médias de ovos superiores no cultivo puro comparado com o em faixas. Porém, suas médias referentes as lagartas apresentam uma média de 0,78 para todos os sistemas de cultivos. Para inimigos naturais, a joaninha registou uma média de 0,80 em todos tratamentos, enquanto que a aranha a maior densidade foi no sistema de cultivo de algodão com faixa de soja em relação aos restantes tratamentos. 98 Segundo Tahvanainen & Root (1972), afirmam que, as razões para que alguns insectos-pragas apresentem menores densidades populacionais em cultivos consociados incluem a maior diversidade destes agroecossistemas, mudanças no microclima da cultura e o incremento das populações de inimigos naturais. Estes factores podem justificar a menor ocorrência de algumas pragas do algodoeiro cultivado em sistema consociado (Tabela 4). Tabela 4: Teste de agrupamento de médias das principais pragas e seus inimigos naturais em função de faixas Afideos Jassideos 2,16 a 2,11 a 2,12 a 2,21 a 1,95 a 1,94 a 1,12 a 0,95 ba 0,95 ba 0,89 b 0,94 ba 0,90 b Faixas T1-Algodão puro T2-Algodão x Milho T3-Algodão x soja T4-Algodão x Muc1 T5-Algodão x F.n1 T6-Algodão x Map1 Lagarta vermelha Lagarta americana Inimigos Naturais Ovo Lagarta Ovo Lagarta Joaninha Aranha 0,74 a 0,71 b 0,71 b 0,71 b 0,71 b 0,71 b 0,75 a 0,75 a 0,72 b 0,73 ba 0,72 ba 0,72 b 0,75 a 0,74 ba 074 ba 0,71 b 0,72 ba 0,74 ba 0,87 a 0,74 a 0,74 a 0,84 a 0,76 a 0,74 a 0,78 a 0,80 a 0,84 a 0,80 a 0,78 a 0,80 a 0,77 b 0,77 b 0,85 a 0,79 b 0,80 ba 0,80 ba 1-Muc=mucuna; F.n= Feijão nhemba; Map=Mapira De maneira geral, a dinâmica de pragas e de inimigos naturais durante o cíclo da cultura em diferentes sistemas de cultivo resume-se na Tabela 5: Tabela 5: Resumo de comparações de médias pelo teste de Duncan da dinâmica das densidades populacionais de pragas e inimigos naturais. Sistemas de Cultivo (Faixas) T1-Algodão puro T2-Algodão x Milho T3-Algodão x soja T4--Algodão x mucuna T5-Algodão x F.nhemba T6-Algodão x Mapira Pragas 7.5 a 5.9 ab 5.9 ab 6.6 ab 4.8 b 5.6 ab Inimigos Naturais 0.49 b 0,53 b 0,79 a 0,52 b 0,51 b 0,58 b Verificou-se maior densidade populacional de pragas no sistema de cultivo puro em relação aos sistemas de cultivo em faixas. Estes resultados estão de acordo com o Vandermeer (1989), segundo o qual as maiores densidades populacionais de pragas foram observadas em sistema de cultivo puro do que em consociados. Observou-se também, menor densidade populacional de pragas no sistema consociado (algodão x feijão), não discordando portanto com os resultados verificados por Armstrong & Mckinlay (1997) e Booij et al. (1997) ao cultivarem trevo consociado com repolho, que mostraram uma redução da população de pragas devido ao aumento de inimigos naturais. Existem evidências de que estes inimigos naturais afectam a dinâmica populacional das pragas das culturas consociadas (Best & Beegle, 1977). 99 Maior densidade populacional de inimigos naturais registou-se no sistema de cultivo em faixa algodão consociado com soja comparativamente com os restantes sistemas de cultivo incluindo a testemunha (algodão puro). Este resultado é similar aos estudos feitos por (Hsin et al., 1979; Bechinsk & Pedigo, 1981) que mostraram a grande abundância de insectos predadores nas culturas de soja consociada com milho. Porém, observou-se menor densidade de inimigos naturais no cultivo puro. O sistema de cultivo puro faz com que as plantas fiquem mais visíveis para os herbívoros (Altieri, 1993). Indicadores de Produção e Rendimento do Algodão-Caroço A média da densidade de plantas teve diferenças significativas (p<0,05) entre todos sistemas de cultivo. Porém, a altura das plantas não sofreu efeito do sistema do cultivo (p>0,05). No caso da produção por planta, produção da área útil e rendimento por hectare as suas médias sofreram efeitos significativos (p<0,05) em todo sistemas de cultivo (Tabela 6) Tabela 6: Cálculo de ANOVA dos indicadores de produção e rendimento do algodão caroço Fonte de variação Sistema de cultivo C.V Densidades de plantas 0,0012** Altura de plantas (m) 0,4452 ns 5,5 11,1 (Pr> F) Produção/planta (g) 0,0025** Produção/parcela (g) 0,0202 ns Rendimento/ha (kg) 0,0202 ns 7,1 9,4 9,4 A densidade de plantas foi maior no cultivo puro em relação aos restantes sistemas de cultivo em faixa; enquanto altura das plantas não sofreu efeitos do sistema de cultivo em todos tratamentos tendo como média geral de 1,09 m. No concernente a produção por planta observou-se que os sistemas de cultivo em faixa (5, 3 e 2) tiveram maior produção em comparação com os sistemas de cultivo puro e os sistemas consociados algodão+mucuna-preta e algodão+mapira. No caso da produção por parcela o sistema de cultivo não afectou em todos tratamentos tendem como média de 8,604kg. A mesma situação voltou a observar-se no rendimento em que não sofreu efeitos do sistema de cultivo em todos os tratamentos com uma média geral de 860,4 kg/há (Tabela 7). Tabela 7: Cálculo de DUNCAN de indicadores de produção e rendimento por ha Faixa T1-Algodão puro T2-Algodão x Milho T3-Algodão x Soja T4-AlgodãoxMucuna T5-Algodão x F.nhemba T6-Algodãox Mapira Densidade de planta/parcela 436,00 a 344,00 b 356,33 b 330,33b 368,67 b 372,33 b Altura das plantas (m) 1,08 a 1,02 a 1,15 a 1,02 a 1,19 a 1,05 a Produção por planta (g) 20,18 b 24,89 a 25,99 a 21,04 b 26,69 a 21,77 b Produção por parcela (g) 8866,04 a 8554,33 a 9283,67 a 6975,00 a 9834,67 a 8110,33 a Rendimento/ha (kg) 886,60 a 855,43 a 928,37 a 697,50 a 983,47 a 811,03 a 100 As correlações de Pearson entre indicadores de produção e rendimento por hectare são positivas (r>0) e significativa (p <0,05) com a excepção da densidade de plantas (p>0,05). Contudo, a produção por planta teve maior contribuição no rendimento por hectare (r = 0,75). Os inimigos naturais também têm uma relação positiva (r> 0) embora não seja significativa. Isto significa que a contribuição destes organismos não influenciou bastante no rendimento de campo, devido provavelmente ao efeito de insecticidas químicos aplicados. No caso de pragas, porém, verificou-se uma correlação negativa (r <0) e não significativa (p> 0,05). Significa que o rendimento baixa com o aumento das pragas, apesar dessa redução de não ser significativa devido a estes insectos (Tabela 8). Tabela 8 : Correlações de Pearson entre indicadores de produção e rendimento Variável Densidade de plantas com rendimento Altura das plantas com rendimento Produção por planta com rendimento Predadores com rendimento Pragas com rendimento Correlação (r) 0.4416 0.6105 0.7505 0,1901 -0,2118 Significância (Pr> F) 0.0333 ns 0.0036 ** 0.0002* 0,2250 ns 0,1994 ns * Significativo a 10% de probabilidade; ** Significativo a 5% de probabilidade *** Altamente significativo a 1% de probabilidade. Conclusões Maiores densidades populacionais de afideos foram observadas nas semanas 7, 8 e 11. No caso dos jassideos maiores médias das densidades populacionais foram registadas nas semanas 11 e 12. Em relação a lagarta americana, a maior densidade populacional foi observada nas semanas 6 e 9 (ovos) e semana 6 (larvas). No que diz respeito aos inimigos naturais, tiveram maiores densidades populacionais nas semanas 6, 7 e 9 de joaninhas, enquanto que a aranha maiores densidades foram observadas nas semanas 6 e 12. O sistema de cultivo de algodão consociado com faixas de soja teve maiores densidades populacionais de inimigo natural (aranha) em relação aos restantes tratamentos, enquanto que no sistema de consociação de algodão com feijão-nhemba observou-se menor densidade populacional de pragas em relação aos restantes sistemas. Maiores densidades populacionais de pragas foram observadas no sistema de cultivo puro, como consequência de baixa densidade populacional de inimigos naturais comparando com os restantes sistemas de cultivos. Contudo, o sistema que apresentou maiores densidades populacionais de inimigos naturais foi a consocição de algodão com faixas de soja 101 Não se registou diferenças de rendimentos entre sistemas de cultivo de algodão (consociado e puro), embora haja diferenças na produção por plantas. Tanto na produção do algodão por parcela como rendimento do algodão por hectare não sofreram efeitos do sistema do cultivo em todos tratamentos tendem como médias gerais de 8,604 kg/parcela e 860,4kg/ha respectivamente. No caso de pragas, porem, verificou-se uma correlação negativa (r <0) e não significativa (p> 0,05). Significa que os rendimentos baixam com aumento das pragas. Entretanto, os inimigos naturais têm uma correlação positiva (r> 0) embora não significativa. Portanto, significa que a contribuição desses organismos não influenciou bastante no rendimento, provavelmente devido o efeito de insecticidas aplicados que também controlavam os inimigos naturais provocando uma redução na sua densidade populacional. As faixas das culturas, reduziram 20% da área total do algodão, contudo, pode ser compensada pelo o incremento da produtividade devido ao efeito das faixas e pelas vantagens de melhoramento do solo para o caso das faixas de leguminosas (feijão-nhemba, soja e mucuna-preta), melhor utilização de recursos ambientais, estabilidade da produção das culturas e da manutenção da biodiversidade. IV. Efeito do período de desbaste e número de plantas por covacho na produtividade do algodão (Gossypium hirsutum L.) Tsamuele, I.1; Maleia, M.P. 2; Chamuene, A.2; Sylla, N.A.T. 2 1 2 Estudante finalista do curso de Licenciatura em Agricultura, Universidade Católica de Moçambique (UCM), Cuamba; Investigadores do Instituto de Investigação Agrária de Moçambique (IIAM), Centro de Investigação e Multiplicação de Sementes de Algodão de Namialo (CIMSAN). Resumo O presente trabalho teve como objetivo avaliar o efeito do tempo de desbaste e número de plantas deixadas em cada covacho na produtividade e na dinâmica de pragas na cultura do algodão Gossypium hirsutum L. O delineamento experimental utilizadodo foi o de blocos completos casualizados, com quatro repetições, em parcelas subdivididas. Os tratamentos foram constituídos pela combinação de 4 tempos de desbaste (aos 15, 25, 35 e 45 dias após a emergência) e 2 números de plantas (1 planta e 2 plantas) por covacho.Os resultados mostraram que o tempo de desbaste e número de plantas deixadas em cada covacho agiram independentemente nas variáveis de produtividade de algodão caroço avaliadas; o desbaste antecipado, permitiu aumentar o rendimento e reduzir a população de lagartas e sugadoes. O rendimento obtido no desbaste para uma e duas plantas não diferiu significativamente, porém houve aumento de número de lagartas ao deixar duas plantas por covacho. 102 Resultados e Discussão Na avaliação da homogeneidade das variâncias residuais, entre os tramentos, pelo teste de Bartlett, constatou-se que foi razoável supor que as variâncias residuais foram homogêneas, a 5% de probabilidade, e conforme a recomendação de Cruz e Regazzi (2001). A análise de variância (Tabela 1), mostra que não houve efeito significativo da interação entre o tempo de desbaste (TD) e número de plantas deixadas em cada covacho (NP) para todas as variáveis analisadas, mostrando que estes factores agiram independentemente sobre as variáveis: número médio de cápsulas, peso médio de cápsulas, produção por planta e rendimento de algodão caroço. Porém, o número de plantas deixadas por cavacho teve efeito significativo no produção obtida por planta e o tempo de desbaste influenciou significativamente no rendimento de algodão caroço (Tabela1). Tabela 1: Resumo da análise de variância (ANOVA) Quadrado Médio (QM) Variáveis Tempo Desbaste (TD) de NS NMC PMC PPP RAC GL 1.96 NS 0.25 NS 23.10 * 118135.14 3 F [QM/QME(a /b)] Número de Plantas (NP) NS 4.10 NS 1.45 ** 951.90 NS 4884.18 1 Interacção (TD x NP) NS 3.05 NS 0.86 NS 10.15 NS 17327.65 3 Erro (a) [Ea] Erro (b) [Eb] TD NP TD*NP 13.48 0.39 14.45 65385.54 9 3.84 0.25 10.42 27754.28 12 0.15 0.65 1.60 1.81 - 1.07 3.71 65.86 0.08 - 0.80 3.42 0.97 0.62 - CVa CVb 40.09 10.99 24.43 27.85 - 21.39 8.86 20.74 18.14 - NS Não significativo. * Significativo, a 5 % de probabilidade, pelo teste F. ** Significativo, a 1 % de probabilidade, pelo teste F. NMC = Número médio de cápsulas; PMC = Peso médio de cápsulas (g); PPP = Produção por planta (g); RAC = Rendimento de algodão caroço (kg.ha-1); GL = Graus de Liberdade. No gráfico 1, observa-se que deixando uma planta por covacho o rendimento por planta foi o dobro do obtido quando se deixaram duas plantas por covacho, isto mostra que a produção por planta pertida quando se deixaram duas plantas por covacho foi compensada pela outra planta do mesmo covacho. Gráfico 1: Produção por planta com desbaste para uma ou duas plantas por covacho 103 O resultado observado no gráfico 1 se confirma no gráfico 2, pois o rendimento obtido no desbaste para uma planta por covacho não diferere significamente (p > 0.05) do rendimento obtido quando se faz desbaste para duas plantas por covacho; isto é, a produtividade média por planta que se perde devido a competição ao deixar duas plantas por covacho é compesada pela planta vizinha. Gráfico 2: Rendimento de algodão caroço com desbaste para uma ou duas plantas por covacho Resultados similares foram observados por Bolonhezi et al. (1997), em ensaios de avaliação do comportamento do algodoeiro em vários maneios de desbaste com duas densidades de plantas por metro linear (5 e 10). O número de plantas por covacho (1 ou 2 plantas) não teve efeito significativo sobre o rendimento de algodão caroço. Contudo, a ANOVA (Tabela 1) mostrou que o rendimento foi influenciado pelo tempo de desbaste. No gráfico 3 oberva-se claramente a vantagem de desbaste quando feito cedo, indicando um descréscimo de rendimento a medida em que se atrasa com o desbaste. De acordo com Carvalho (1996), o atraso no desbaste prejudica as plântulas do algodão, que podem atrofiar-se atrasando e alongando o seu desenvolvimento e ciclo vegetativo, respectivamente. Sendo o algodoeiro mais sensível a maneios culturais tardios, tais como desbaste, a sua produtividade reduz consideravelmente. Gráfico 3: Rendimento de algodão caroço em diferentes tempos de desbaste 104 Em relação dinâmica de pragas, os gráficos 4A e 4B ilustram que houve menor pressão de lagartas e sugadores quando o desbaste foi efectuado cedo (aos 15 dias após emergência); isto é, quanto mais tarde se desbastou, maior população de pragas se registou. Observa-se ainda que houve maior densidade de lagartas quando se deixaram duas plantas por convacho em relação; porém o número de plantas por covacho nao teve efeito significativo na densidade de sugadores. Gráfico 4: Flutuação de pragas (lagartas - A e Sugadores - B) em diferentes tempos de desbaste deixando uma ou duas plantas por covacho. Conclusões Não houve efeito significativo da interação entre o tempo de desbaste e número de plantas deixadas em cada covacho nas variáveis de produtividade de algodão caroço avaliadas; Desbaste antecipado, ou seja aos 15 dias depois de emergência, permitiu evitar a competição entre plantas no mesmo covacho, assegurando a obtenção do rendimento esperado e uma redução de população de lagartas e sugadoes, provavelmente, devido, ao bom vigor das plantas; O rendimento obtido no desbaste para uma e duas plantas não diferiu significativamente, embora houvesse um aumento de número de lagartas ao deixar duas plantas por covacho. 105 V. Estabilidade e adaptabilidade de produção de nove cultivares comerciais de algodão (Gossypium hirsutum l. raça latifolium) Manuel Pedro Maleia1, Pedro Soares Vidigal Filho2, Marcus Vinícius Kvitschal3 e Maria Celeste Gonçalves-Vidigal2 1 Instituto de Investigação Agrária de Moçambique, Av. FPLM, 2698. C.P 3658, Maputo, Moçambique. Universidade Estadual de Maringá, Programa de Pós-graduação em Genética e Melhoramento. 3 Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina, Rua Abílio Franco, n.1500, 2 Resumo O algodão, conhecido também por “ouro branco” é uma cultura importante em muitos países da região africana, dentre eles, Moçambique. O presente estudo teve como objetivo avaliar a estabilidade e a adaptabilidade de produção de nove cultivares comerciais de algodão (Gossypium hirsutum L. raça latifolium) introduzidas em diferentes regiões agroecológicas de Moçambique. Os experimentos foram conduzidos no período de 2003 a 2006, utilizando-se de delineamento de blocos completos casualizados, com 4 repetições. A estabilidade e a adaptabilidade foram avaliadas mediante o uso das metodologias propostas por (ANNICCHIARICO, 1992) e por (TOLER; BURROWS, 1998). As cultivares de algodão ISA 205, STAM 42 e IRMA 12-43 por terem apresentando maior estabilidade e padrão de resposta fenotípica favorável, mostaram-se mais promissoras para serem recomendadas para cultivo nas condições de Moçambique. Material e métodos Os experimentos foram instalados na vila de Namialo e município de Montepuez, situados na região norte de Moçambique, nos anos agrícolas 2003/04, 2004/05 e 2005/06, e na vila de Morrumbala, que se situa na região central do país, no ano agrícola 2005/06. Os anos (2003/04, 2004/05 e 2005/06) e os locais (Namialo, Montepuez e Morrumbala) foram combinados, totalizando sete ambientes distintos de avaliação. Neste estudo foram avaliadas nove cultivares de algodão, sendo uma delas de origem local (Remu 40), uma introduzida de Camarões (ISA 205), uma de Senegal (STAM 42), três de Costa de Marfim (CA 222, CA 324, IRMA12-43) e três introduzidas do Zimbabwe (Albar SZ9314, Albar FQ902, Albar BC853). O delineamento experimental utilizado foi o de blocos completos casualizados, com quatro repetições. As parcelas experimentais foram constituídas de cinco linhas de plantas com 5,0 m de comprimento, espaçadas a 1,0 m entre linhas e 0,20 m entre plantas na linha, totalizando 25 plantas por linha, e correspondendo a uma densidade populacional de 50.000 pl ha-1. A área útil da parcela, por sua vez, constituiu-se das três linhas centrais, enquanto que as duas laterais constituíram-se de bordaduras. Os experimentos foram conduzidos em regime hídrico de sequeiro, durante o período de início das chuvas, geralmente na primeira quinzena de dezembro. 106 A sementeira foi efectuada em covas, de forma manual (com auxílio de enxada), depositando-se quatro a dez sementes por covacho, a aproximadamente 4 cm de profundidade. Aos quinze dias após a emergência das plântulas foi realizado o primeiro desbaste deixando-se duas plantas por cova, posteriormente, aos vinte e um dias após a emergência, foi realizado um segundo desbaste deixandose apenas uma planta por cova. O controle de plantas invasoras foi feito mediante cinco a seis capinas manuais, com auxílio de enxada, de forma a impedir que as plantas daninhas exercessem concorrência com a cultura. Não foi realizada nenhuma adubação de fundo ou de cobertura, de forma a permitir que os experimentos simulassem as condições similares àquelas predominantes nos campos dos produtores rurais daquelas regiões. No controle de pragas foram feitas duas pulverizações de inseticida Endossulfan (475 g L-1), seguida de três aplicações de Lambda-cihalothrin (50 g L-1), com intervalo de duas semanas, a partir da sexta semana após a emergência, nas doses de 800 e 400 mL ha-1, respectivamente. A aplicação do inseticida foi realizada com micro ulva do tipo ULV (Ultra Low Volume). A característica avaliada foi a produção da massa total de algodão em caroço (kg ha-1), colhido de todas as plantas existentes na área útil de cada parcela experimental. Os dados obtidos foram submetidos primeiramente a análise de variância individual em cada ambiente. Segundo a recomendação de Cruz e Regazzi (2001) procedeu-se inicialmente a avaliação da homogeneidade das variâncias residuais, a fim de garantir a viabilidade da aplicação da análise de variância conjunta, na qual se considerou efeito fixo para cultivares, e efeito aleatório para as demais fontes de variação. A análise da estabilidade e da adaptabilidade fenotípica foi realizada mediante o emprego das metodologias propostas por (ANNICCHIARICO, 1992) e por (TOLER; BURROWS, 1998). Resultados e Discussão A análise de variância conjunta indicou efeito significativo da interação cultivares x ambientes (P < 0,01), bem como para o efeito ambiental para a produtividade de algodão em caroço (Tabela 1). Tabela 1: Quadrados médios referentes à análise de variância conjunta da produtividade de algodão em caroço (kg ha-1) de nove cultivares avaliadas em sete ambientes. F.V. Blocos/Ambiente Cultivares Ambientes Cultivares x Ambientes Resíduo Total Média geral CV (%) ** Significativo a 1% pelo teste de F G.L. 21 8 6 48 168 251 Produtividade 414.554,74 28.238,43 23.579.295,31** 214.352,41** 83.351,18 1.569,63 18,39 Na análise da adaptabilidade mediante a proposta de Toler e Burrows (1998), observa-se que todas as cultivares apresentaram comportamento uni-segmentado, visto que a hipótese de nulidade entre as 107 estimativas de β2i e β1i foi aceita para todas elas (Tabela 2). A cultivar CA 324, classificada no grupo B, caracterizou-se por ser mais responsiva em ambientes de alta qualidade (estimativa de βi > 1,0) mostrando, portanto, adaptabilidade específica (Tabela 2). Assim, a indicação da cultivar CA 324 deve se restringir aos ambientes mais favoráveis, constituídos por áreas de maior fertilidade do solo, neutralidade de pH, com regime de chuvas que garantem as necessidades hídricas do algodoeiro, e onde os produtores sejam detentores de melhores condições tecnológicas. Caso contrário, a mesma poderá apresentar médias de produtividade significativamente reduzidas, visto que, um genótipo que é superior em ambientes muito específicos pode apresentar comportamento medíocre em outros, caso as condições ambientais requeridas por ele não forem prevalecentes (BORÉM, 1997; CAIERÃO et al., 2006). Por sua vez, a cultivar STAM 42 apresentou adaptabilidade específica à ambientes de baixa qualidade (Grupo D), visto que a estimativa de βi foi inferior a 1,0 (Tabela 2). As demais cultivares avaliadas enquadraram-se no grupo C (Tabela 2), fato que indica que estas cultivares apresentaram resposta fenotípica satisfatória para maior parte de ambientes, ou seja, mostraram adaptabilidade ampla (estimativa de βi = 1,0). No que se refere a metodologia de Annicchiaricco (1992), as cultivares ISA 205, STAM 42 e IRMA 12-43, apresentaram estimativas do índice de confiança Ii superiores a 100 %, evidenciando uma maior estabilidade fenotípica para produção de algodão caroço (Tabela 2). Ou seja, estas cultivares apresentaram-se com 95% de probabilidade de, na pior das hipóteses, terem 8,49; 6,63 e 1,81% de produtividade, respectivamente, acima da média dos ambientes, sendo, portanto, as mais previsíveis. Tabela 2: Estimativa dos parâmetros de estabilidade e adaptabilidade para produção de algodão caroço de nove cultivares comerciais de algodão mediante as metodologias propostas por (TOLER; BURROWS, 1998) e (ANNICCHIARICO, 1992). Toler e Burrows Cultivares ̂ i ˆ2 i - ˆ1i Albar SZ9314 Albar FQ902 Albar BC853 STAM 42 CA 222 CA 324 IRMA 12-43 ISA 205 REMU 40 1.504,71 1.561,57 1.353,29 1.669,57 1.599,29 1.527,71 1.652,86 1.718,86 1.538,86 - 0,371ns 0,441ns 0,183ns - 0,499ns - 0,362ns 0,117ns 0,481ns - 0,483ns 0,490ns Annicchiarico ˆ1i - ˆ2 i - ˆi 1,036ns 1,088ns 0,958ns 0,829* 1,121ns 1,148* 0,882ns 0,885ns 1,053ns Grupo Ii (%)1/ C C C D C B C C C 90,56 (8) 94,00 (6) 81,02 (9) 106,63 (2) 94,80 (4) 91,69 (7) 101,81 (3) 108,49 (1) 94,32 (5) * Significativo a 5% pelo teste t para H0( ̂ i = 1); ns Não significativo. 1/ Os valores dentro dos parênteses indicam o ranking de estabilidade em ordem decrescente. Conclusões As cultivares de algodão ISA 205, STAM 42 e IRMA 12-43 por terem apresentando maior estabilidade, com menor risco de baixa produtividade de algodão em caroço e padrão de resposta fenotípica 108 favorável, mostraram-se mais promissoras para serem recomendadas para cultivo nas condições em que foram avaliadas. VI. Divergência genética entre cultivares e linhagens de algodão (Gossypium hirsutum L. raça latifolium H.) por meio de marcadores moleculares RAPD 1* 2 2 2 2 1 1 2 2 M. Maleia ; P. Filho ; Maria C. Vidigal ; A. Gonela ; G. Lacanallo ; L. Moiana ; A. Chamuene ; L. de Sousa ; L. Darben . 1 Instituto de Investigação Agrária de Moçambique, Av. FPLM, 2698. C.P 3658, Maputo, Moçambique. 2 Universidade Estadual de Maringá, Programa de Pós-graduação em Genética e Melhoramento, *E-mail: [email protected] / [email protected] Resumo A cultura do algodão é a que produz a mais importante fibra têxtil no mundo e a maioria das cultivares comerciais pertencem à espécie G. hirsutum raça latifolium. O presente estudo teve como objectivo estimar a divergência genética entre cultivares e linhagens africanas e americanas de algodão (Gossypium hirsutum L. raça latifolium H.) por meio de marcadores moleculares RAPD. Os 24 primers RAPD utilizados amplificaram um total de 166 bandas, identificando 90.96% de polimorfismo. A quantificação da variabilidade genética intra e inter grupos geográficos evidenciou uma variabilidade significativa de 16.30% entre os grupos geográficos africano e americano. O estudo revelou maior similaridade genética entre as cultivares comerciais de algodão africanas, enquanto que as cultivares e linhagens americanas foram as mais dissimilares. O complemento aritmético de Jaccard, obtido com os 151 marcadores moleculares RAPD, mostrou que as cultivares africanas Albar BC853 e STAM 42 foram as mais similares, enquanto que as combinações mais dissimilares foram entre a cultivar TAMCOT Sphinix com ISA 205, Albar BC853 e REMU 40. Em Programas de Melhoramento do Algodoeiro visando incremento de produtividade recomendam-se as combinações ISA 205 x TAMCOT Sphinix, Albar BC853 x TAMCOT Sphinix e REMU 40 x TAMCOT Sphinix de forma a se obter segregantes transgressivos superiores. Resultados e Discussão Análise da divergência genética A utilização de 24 primers RAPD propiciou a amplificação de um total de 166 bandas, com uma média de 6.92 e amplitude de 2 a 10 bandas por primer. Do total de bandas produzidas, 151 foram polimórficas (90.96 % de polimorfismo), o que corresponde a 6.29 bandas polimórficas por primer (Tabela 3). Tabela 3. Relação dos primers decâmeros utilizados, número de bandas obtidas de RAPD amplificados de 21 cultivares e linhagens de algodão 109 Primer OPA-11 OPA-13 OPA-18 OPB-04 OPB-07 OPB-12 OPC-06 OPC-20 OPE-18 OPF-05 OPF-06 OPF-07 OPF-16 OPG-14 OPG-19 OPH-14 OPI-03 OPJ-04 OPK-08 OPK-09 OPK-20 OPO-19 OPW-07 OPY-20 Total Média Total de bandas 8 4 2 10 4 8 6 4 9 7 8 5 8 5 7 10 7 9 8 8 9 7 8 5 166 6.92 Bandas polimórficas 7 4 2 10 2 8 6 4 8 7 8 4 7 3 7 10 7 8 8 6 8 6 6 5 151 6.29 Bandas monomórficas 1 0 0 0 2 0 0 0 1 0 0 1 1 2 0 0 0 1 0 2 1 1 2 0 15 0.63 Polimorfismo (%) 87.50 100.00 100.00 100.00 50.00 100.00 100.00 100.00 88.89 100.00 100.00 80.00 87.50 60.00 100.00 100.00 100.00 88.89 100.00 75.00 88.89 85.71 75.00 100.00 90.96 - Esmail et al. (2008), estudando a divergência genética entre linhagens elites de germoplasma de algodão nos Estados Unidos da América, utilizando 23 primers RAPD, encontraram 113 bandas, dos quais 96 bandas (84,96%) foram polimórficas. Por sua vez, Menezes et al. (2008), estimando a divergência genética entre linhagens avançadas de germoplasma de algodão, utilizando 28 iniciadores RAPD, obtiveram um total de 280 fragmentos de DNA, dos quais apenas 70 fragmentos (25%) foram polimórficos. No presente trabalho, observou-se um polimorfismo diferenciado e relativamente superior ao dos trabalhos acima mencionados. De acordo com Colombo et al. (2000), a obtenção de 50 a 100 bandas polimórficas são suficientes para estimar relações genéticas entre e dentro de espécies vegetais. Ainda na Tabela 3 pode-se observar que os primers OPB-04 e OPH-14, propiciaram um maior número de bandas (10), enquanto que o primer OPA-18, propiciou o menor número de bandas (2). A percentagem mais alta de polimorfismo foi observada com os primers OPA-13, OPA-18, OPB-04, OPB12, OPC-06, OPC-20, OPF-05, OPF-06, OPG-19, OPH-14, OPI-03, OPK-08 e OPY-20, com 100% de polimorfismo cada, enquanto que o nível de polimorfismo mais baixo foi obtido com o primer OPB-07 (50%). 110 A análise de padrões de bandas de DNA (Figura 1), correspondente a amplificação obtida com os primers OPA-11, OPA-13 e OPB-07, mostra o nível de polimorfismo encontrado entre as cultivares e linhagens, observando-se 100% de polimorfismo com o primer OPA-13 que amplificou dois marcadores moleculares, com pesos de 500 pb e 700 pb específicos para a cultivar TAMCOT Luxor. Por sua vez, o primer OPA-11 amplificou um marcador de 550 pb específico para a cultivar TAM 94L25. A estimativa da divergência genética entre os pares de 13 cultivares e oito linhagens de algodão (G. hirsutum), determinada a partir de 151 bandas polimórficas, por meio do complemento aritmético de Jaccard (Tabela 4), evidenciou que a dissimilaridade entre as cultivares e linhagens variou de 0.08 a 0.66, com uma média de 0.29. Os pares de cultivares ou linhagens de algodão mais divergentes foram ISA 205 e TAMCOT Sphinx, seguido por Albar BC853 e TAMCOT Sphinx. A cultivar americana TAMCOT Sphinx formou pares mais divergentes com a maior parte das cultivares comercial africana (dii' > 0.50). A menor divergência genética foi encontrada entre as cultivares Albar BC853 e STAM 42, com dissimilaridade menor que dii’ = 0.1. Ainda na Tabela 4, observa-se que na maioria dos casos, a maior similaridade encontrada foi entre as cultivares comerciais de algodão de origem africana (sii' > 0.80). Figura 1: Perfil eletroforético dos produtos de amplificação do DNA genômico de 13 cultivares e oito linhagens de algodão (G. hirsutum) com os primers OPA-13 (A), OPB-07 (B) e OPA-11 (C). M- DNA ladder de 100 pb; 1-Albar SZ9314; 2- Albar FQ902; 3-Albar BC853; 4-STAM 42; 5- CA 222; 6-CA 324; 7IRMA 12-43; 8- ISA 205; 9-REMU 40; 10- TAMCOT 22; 11-TAM 96WD-69s; 12-TAMCOT PYRAMID; 13TAM 98D-102; 14-TAM 96WD-18; 15-TAM 94J-3; 16-TAM 88G-104; 17-TAMCOT Sphinx; 18-TAM 98D99ne; 19-TAM 94WE-37s; 20-TAM 94L-25; 21-TAMCOT Luxor. 111 Na análise da diversidade genética dentro e entre os grupos geográficos (americano e africano), verificou-se que a dissimilaridade dentro do grupo africano foi menor, pois variou de 0.08 a 0.31; com uma média de 0.19 muito abaixo da média geral (0.29). Resultados similares de baixa divergência, foram obtidos também por Multani et al. (1995) ao estimarem a divergência genética entre nove cultivares de algodão australianas, e por Iqbal et al. (1997), entre 17 cultivares de algodão da espécie G. hirsutum, por meio de marcadores RAPD, os quais observaram uma dissimilaridade que variou, respectivamente, de 0.01 a 0.08 e 0.07 a 0.18. Em outro estudo, Lukonge (2005) relatou também altos valores de similaridade na avaliação de 26 cultivares comerciais de algodão na Tanzânia, variando de 0.89 a 0.98. Porém, a diversidade dentro do grupo americano, o qual é constituído principalmente por linhagens (Tabela 1) apresenta-se relativamente maior, variando de 0.16 a 0.62, com uma média de 0.32 acima da média geral. A baixa divergência verificada entre as cultivares comerciais africanas sugere que estas possuem uma base genética estreita. Tal fato indica a utilização de poucos genótipos parentais com menor divergência entre si nos programas de melhoramento das mesmas (Van-Esbroeck et al., 1998; Iqbal et al., 2001). Situação idêntica foi reportada por Lu e Myers (2002), ao encontrarem alta similaridade (92.7% a 97.7%), na avaliação da divergência genética entre as 10 variedades de algodão herbáceo (Gossypium hirsutum L.), que tiveram a maior contribuição genética para as cultivares comercias de algodão, nos Estados Unidos da América. Tabela 4: Medidas de dissimilaridade obtidas a partir de Complemento Aritmético do Índice de Jaccard entre as 13 cultivares e oito linhagens de algodão (G. hirsutum) Cultivares/ Linhagens 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 1 0.00 - 2 0.27 0.00 - 3 0.26 0.13 0.00 - 4 0.24 0.15 0.08 0.00 - 5 0.31 0.22 0.19 0.15 0.00 - 6 0.25 0.15 0.12 0.14 0.17 0.00 - 7 0.26 0.13 0.14 0.11 0.18 0.15 0.00 - 8 0.27 0.22 0.26 0.23 0.26 0.24 0.16 0.00 - 9 0.27 0.19 0.16 0.10 0.20 0.16 0.11 0.21 0.00 - 10 0.29 0.32 0.28 0.27 0.31 0.25 0.28 0.38 0.27 0.00 - 11 0.29 0.27 0.23 0.22 0.26 0.23 0.21 0.28 0.23 0.17 0.00 - 12 0.31 0.25 0.21 0.22 0.28 0.22 0.22 0.33 0.25 0.26 0.19 0.00 - 13 0.32 0.22 0.22 0.24 0.28 0.18 0.24 0.30 0.23 0.20 0.21 0.19 0.00 - 14 0.26 0.24 0.22 0.23 0.27 0.16 0.23 0.32 0.25 0.23 0.23 0.18 0.16 0.00 - 15 0.32 0.25 0.28 0.25 0.29 0.25 0.26 0.30 0.23 0.28 0.26 0.30 0.23 0.20 0.00 - 16 0.30 0.24 0.26 0.26 0.28 0.19 0.22 0.26 0.25 0.28 0.27 0.26 0.22 0.18 0.19 0.00 - 17 0.61 0.61 0.65 0.62 0.61 0.61 0.59 0.66 0.63 0.61 0.60 0.60 0.62 0.58 0.62 0.56 0.00 - 18 0.29 0.22 0.21 0.16 0.24 0.19 0.15 0.26 0.14 0.30 0.24 0.23 0.25 0.20 0.25 0.25 0.61 0.00 - 19 0.39 0.38 0.40 0.38 0.44 0.37 0.36 0.44 0.38 0.40 0.38 0.36 0.42 0.32 0.37 0.38 0.54 0.37 0.00 - 20 0.33 0.25 0.24 0.26 0.30 0.24 0.25 0.38 0.25 0.33 0.28 0.24 0.26 0.21 0.29 0.28 0.57 0.24 0.44 0.00 - 21 0.37 0.28 0.30 0.28 0.31 0.16 0.28 0.39 0.29 0.33 0.28 0.29 0.27 0.23 0.27 0.29 0.60 0.25 0.39 0.23 0.00 Coeficiente de dissimilaridade media = 0.29; Amplitude de coeficiente de dissimilaridade (0.08 – 0.66). 1= Albar SZ9324; 2= Albar FQ902; 3= Albar BC853, 4= STAM 42; 5= CA 222; 6= CA 324; 7= IRMA 12-43; 8= ISA 205; 9= REMU 40; 10= TAMCOT 22; 11= TAM 96WD-69s; 12= TAMCOT PYRAMID; 13= TAM 98D-102; 14= TAM 96WD-18; 15= TAM 94J-3; 16= TAM 88G-104; 17= TAMCOT Sphinx; 18= TAM 98D-99ne; 19= TAM 94WE-37s; 20= TAM 94L-25; 21= TAMCOT Luxor. Análise de variância molecular (AMOVA) A quantificação da variabilidade entre e dentro dos grupos geográficos, verificada pela AMOVA, foi estimada em 16.30% e 83.70%, respectivamente, e segundo Wright (1978), o valor de FST foi alto e 112 significativo (p < 0.01) evidenciando uma considerável divergência genética entre os grupos geográficos (Tabela 5). Na mesma Tabela observa-se que não existem evidências estatísticas (p > 0.05) que suportam a existência de variabilidade entre as cultivares ou linhagens dentro de todos os grupos geográficos. Porém, a maior variância observada dentro dos grupos geográficos é evidenciada em virtude da divergência entre cultivares ou linhagens dentro do grupo geográfico americano, uma vez que se verificou maior similaridade entre as cultivares comerciais dentro do grupo africano (Tabela 4). Análise de agrupamento Com base na matriz de dissimilaridade correspondente ao complemento do coeficiente de Jaccard, tornou-se possível a obtenção do dendrograma obtido pelo método hierárquico UPGMA. Ao se efetuar um corte vertical a uma distância de 41.30 % no dendrograma, possibilitou identificar seis grupos (Figura 2). O primeiro grupo foi constituído por cerca de 90% de cultivares comerciais, de origem africana, com a cultivar ALBAR SZ9314 formando um grupo isolado (IV). As cultivares e linhagens americanas foram agrupadas nos restantes quatro grupos (II, III, V e VI), com exceção da linhagem americana TAM 98D-99ne, que apesar de pertencer ao grupo geográfico americano, foi alocada no grupo africano. Esta linhagem não possui nectários nas folhas e nas brácteas, comparando com as demais linhagens e cultivares americanas (Thaxton et al., 2005). No caso do grupo II, foi possível observar dois subgrupos: o subgrupo 1 com similaridade de 59.02 % em relação ao subgrupo 2. Por sua vez, o grupo III foi formado pela linhagem TAMCOT 94L-25 e cultivar TAMCOT Luxor com 61.04 % de similaridade entre si. Os grupos IV, V e VI foram constituídos por apenas uma cultivar ou linhagem, quais sejam, cultivar africana ALBAR SZ9314, linhagem americana TAMCOT 94WE-37s e a cultivar americana TAMCOT Sphinx, respectivamente. As cultivares e a linhagem acima mencionadas, que formaram grupos singulares e isolados dos outros, possuem características que lhes são peculiares em relação a outras. A cultivar Albar SZ9314 tem muita das suas características agronômicas e de qualidade de fibra melhoradas pelo Instituto de Investigação do Algodão no Zimbabwe. Por sua vez a linhagem TAMCOT 94WE-37s é caracterizada pela ausência de tricomas no caule e nas folhas (Smith, 2003). Enquanto que a cultivar TAMCOT Sphinx destaca-se por ter elevo nível de resistência a nematóides (Rotylenchus reniformis) (El-Zik e Thaxton, 1996). 113 Figura 2: Dendrograma baseado na matriz de dissimilaridade correspondente ao complemento do coeficiente de Jaccard entre 21 cultivares e linhagens de algodão (G. hirsutum) definido pelo critério de agrupamento UPGMA, utilizando 151 marcadores RAPD. A projeção gráfica das cultivares e linhagens no espaço bidimensional obtida pela matriz de dissimilaridade de Jaccard, mostra de maneira generalizada as distâncias genéticas entre e dentro de grupos geográficos (Figura 3). Esses resultados confirmam o grau de variabilidade genética existente entre e dentro dos dois grupos geográficos (africano e americano) usados neste estudo. O grupo africano engloba cultivares comerciais mais similares, e por sua vez, o grupo geográfico americano é constituído por cultivares e linhagens mais divergentes. 114 Figura 3: Projeção gráfica das distâncias genéticas das 13 cultivares e oito linhagens de algodão (G. hirsutum) em espaço bidimensional, com base no Complemento Aritmético do índice de Jaccard. A identificação das cultivares e linhagens encontra-se apresentada na Tabela 1. Os resultados indicam que a diversidade genética observada nas cultivares comerciais de algodão em Moçambique foi baixa. A recente introdução de cultivares e de linhagens americanas permitiu ampliar essa baixa variabilidade genética encontrada entre as cultivares comerciais africanas. Dessa forma, os resultados obtidos no presente estudo poderão vir a auxiliar no incremento da eficiência nas pesquisas, dando uma direção consistente ao Programa de Melhoramento do Algodão em Moçambique. Neste contexto, de forma a alcançar elevação na produtividade de algodão em Moçambique, e utilizando do germoplasma disponível, são recomendados os seguintes pares de combinações híbridas: ISA 205 x TAMCOT Sphinix, Albar BC853 x TAMCOT Sphinix e REMU 40 x TAMCOT Sphinix. Porém, cruzamentos entre parentais com bom desempenho e ao mesmo tempo divergentes entre si aumentam a possibilidade de obtenção de segregantes superiores e consequentemente aumenta as chances de êxito dos programas de melhoramento visando o aumento da produtividade da cultura. Sendo assim, a hibridação entre ISA 205 e TAMCOT Sphinx seria a mais indicada por serem estas as mais divergentes e pela boa adaptabilidade e estabilidade encontrada na cultivar ISA 205 (Maleia et al., 2010) e que pode ser complementada com a alta resistência à pragas e doenças encontrada na cultivar TAMCOT Sphinix (El-Zik e Thaxton, 1996). Conclusões O uso de marcadores moleculares RAPD foi eficiente no estudo de divergência genética das cultivares e linhagens de algodão, identificando um polimorfismo de 90,96 %. O gráfico de projeção das cultivares e linhagens no espaço bidimensional obtido pelo complemento do Coeficiente Aritmético de Jaccard evidenciou menores distâncias dentro das cultivares comerciais africanas, por sua vez as cultivares e linhagens americanas foram mais divergentes entre si. O Complemento Aritmético de Jaccard, obtido com os 151 marcadores moleculares RAPD indicou que as cultivares mais divergentes foram ISA 205 e TAMCOT Sphinx, enquanto que as mais similares foram Albar BC853 e STAM 42. As combinações híbridas recomendadas, utilizando-se o germoplasma estudado, em Programas de Melhoramento do Algodoeiro visando o incremento de produtividade são as seguintes: ISA 205 x TAMCOT Sphinix, Albar BC853 x TAMCOT Sphinix e REMU 40 x TAMCOT Sphinix. 115 2.3. CENTRO DE INVESTIGAÇÃO AGRÁRIA DE MAPUPULO (CIAM) J. Mutaliano Introdução O Centro de Investigação Agrária de Mapupulo é uma das unidades locais de execução do Centro Zonal nordeste e que se encontra localizada na região sul da província de Cabo Delgado a 18 Km da cidade do distrito de Montepuez. Esta unidade experimental é composta por quatro sectores de actividades a citar: sector de cereais, leguminosas de grão, raízes e tubérculos e horti-fruticultura. Desenvolvendo as suas actividades nas regiões agro ecológicas R7 e 9. Principais trabalhos realizados I. Avaliação de 12 variedades de ciclo curto e intermédio de mapira Estabelecido em 2008 com objectivo de avaliar a adaptabilidade e estabilidade varietal ao longo de diversos ambientes do Pais nomeadamente Cabo Delgado, Nampula e Manica. Foi usado o delineamento de blocos completos casualisados, com 3 repetições; com 12 variedades e 4 linhas para cada variedade. Duas linhas internas foram usadas para o estudo e análise estatística. Da analise estatística efectuada, usando AMMI, analise mostrou que existe interacção significativa entre as variedades ao longo dos ambiente ao nível de significância de α=5%. O desempenho máximo das variedades ao longo dos ambientes foi observado para as variedades Sima, ICSV93010-1/708E-10 com 3.6-3.5 ton/há respectivamente e o rendimento mais baixo foi observado na variedade Macia em uso no país cuja libertação foi em 2000 (Tabela 1). Tabela 1: Média de rendimento em ton/ha ao longo de 3 Ambientes Genotype ZSV-15 GVSIMA ZSV-15-4 (SDS5006*WSV-18) SDS 1958-1-3-2 ELITE 17 ELITE16 SDS 3047 ICSV 93010-1 KUYUMA SIMA MACIA NG G1 G2 G3 G4 G5 G6 G7 G8 G9 G10 G11 G12 Gm 3.353 2.912 2.943 3.499 3.255 3.046 3.394 2.482 3.495 2.908 3.609 2.49 IPCAg[1] -0.1898 0.51355 0.00438 -0.3531 0.26858 0.11909 0.10479 0.31336 -0.2279 0.33661 -0.8301 -0.0594 IPCAg[2] -0.6513 -0.1285 0.40816 0.12914 -0.1781 0.30482 0.30754 -0.3593 -0.388 0.37839 0.16503 0.01206 116 Da análise discriminatória das variedades em função da sua estabilidade e adaptabilidade ao longo dos ambientes mostrou-se que para o ambiente de Mapupulo as primeiras 4 variedades mais rentáveis foram G5, G7, G2 e G9 com uma média de rendimento de 3.253 ton/ha; No ambiente de Namialo as 4 primeiras variedades apuradas foram a G11, G1, G9 e G4 com uma media de rendimento de 3.077 ton/ha. E no ambiente de Sussundenga as 4 primeiras apuradas foram as variedades G11, G4, G7 e G3 com 3.016 ton/ha. As variedades G4 e G11 mostraram que podem ser cultivadas em ambientes de Sussundenga e Namialo enquanto que as restantes variedades somente ponderam ser cultivadas em ambientes específicos (Tabela 2). Pelos resultados observados em todos ambientes pode-se concluir que a variedade Macia a primeira a ser liberta em Moçambique sugere a sua substituição por outras mais produtivas, e variedades específicas devem ser acomodadas em ambientes específicos para melhor explorar o seu potencial produtivo. Tabela 2: Selecção das primeiras quatro variedades mais produtivas por Ambiente Number 1 3 2 Environment Mapupulo Sussundenga Namialo Mean 3.253 3.016 3.077 Score 0.9775 -0.3395 -0.6380 1 G5 G11 G11 2 G7 G4 G1 3 G2 G7 G9 4 G9 G3 G4 II. Ensaio de 17 variedades Elite de Mapira resistentes à pragas, doenças e tolerantes a seca O ensaio foi estabelecido com objectivo de avaliar a estabilidade da produção ao longo de três diferentes ambientes e a resistência a pragas, doenças e tolerância a seca nas zonas de fraca precipitação anual, principalmente nas zonas costeiras e de altitude. Para o efeito foi usado o delineamento de blocos completos casualizados, com 3 repetições em três ambientes nomeadamente Namialo, Mapupulo-Montepuez e Sussundenga. A análise de variância ao longo dos ambientes mostrou que existe uma interacção significativa entre tratamentos e ambientes ao nível de significancia de α=5%. Os genótipos G7, G17, G15, G11, G1, G2 e G3 foram aqueles que mostram rendimentos acima de 2.0 ton/ha ao longo de todos ambientes (Tabela.3). Tabela 3: Média de rendimento em ton/ha ao longo de 3 Ambientes Genotype G1 G2 G3 G4 G5 G6 G7 NG 1 2 3 4 5 6 7 Gm 2.2470 2.1190 2.0980 1.8660 1.9010 1.6330 2.6590 IPCAg[1] 0.0693 0.5500 0.0360 -0.3244 -0.0626 -0.9513 -0.1580 IPCAg[2] -0.4772 0.2540 0.2199 -0.4025 0.2452 0.0692 -0.2608 117 G8 G9 G10 G11 G12 G13 G14 G15 G16 G17 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 1.8410 1.5330 1.8480 2.2360 1.7910 1.5550 1.3130 2.2930 2.0470 2.3080 -0.2707 -0.1723 0.7085 0.4957 0.0909 -0.6617 -0.2825 0.2865 0.5302 0.1164 0.1121 0.2122 -0.4258 0.3373 0.0544 0.0401 -0.1491 -0.1274 -0.0544 0.3528 Da descriminação efectuada dos genótipos ao longo dos ambientes, foi observado que o ambiete de Sussundenga foi o que mostrou média de rendimento de 2.5 ton/ha em relação aos ambientes de Namialo e Mapupulo com 1.6 ton/ha (Tabela.4). Tabela 4: Selecção das primeiras quatro variedades mais produtivas por Ambiente Number 3 1 2 Environment Sussundenga Mapupulo Namialo Mean_ton/ha 2.519 1.694 1.661 Score 1.0756 0.2886 -1.3642 1 G10 G11 G7 2 G15 G17 G6 3 G16 G2 G13 4 G7 G7 G4 III. Ensaio de 25 variedades de Mapira Doce O ensaio foi estabelecido em três locais nomeadamente Namialo, Sussundenga e Mapupulo, com objectivo de explorar o teor de açúcar no colmo e o grão para alimentação. Foi usado o delineamento de blocos completos casualisados, com 3 repetições e 25 tratamentos. Da análise de variância efectuada ao nível de significância de α=5%, mostrou haver diferenças significativas entre variedades e entre ambientes em estudo para o caracter de rendimento. De salientar que os resultados de teor de açúcar não são aqui apresentados. Ao longo de todos ambientes as variedades G6, G15, G22, e G23 foram os mais produtivos ao longo dos três locais com média de rendimento de 3.0 ton/ha respectivamente, e o rendimento mais baixo foi observado para a variedade G17 e G21 com 1.5 e 1.9 ton/ha respectivamente (Tabela.5). Tabela5: Média de rendimento em ton/ha ao longo de 3 Ambientes 2010 Genotype G1 G2 G3 G4 G5 G6 NG 1 2 3 4 5 6 Gm 2.624 2.755 2.97 2.428 2.553 3.097 IPCAg[1] -0.3641 -0.1704 0.29048 0.26973 -0.2971 0.25667 IPCAg[2] 0.11212 0.07305 0.09855 0.5323 0.10905 -0.1029 118 G7 G8 G9 G10 G11 G12 G13 G14 G15 G16 G17 G18 G19 G20 G21 G22 G23 G24 G25 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 2.595 2.944 2.819 2.88 2.046 2.645 2.274 2.965 3.099 2.495 1.577 2.016 3.189 2.453 1.976 3.069 3.09 2.72 2.338 0.24078 0.38828 -0.1643 0.5226 -0.5378 -0.4506 0.26318 0.41055 0.27052 0.59125 -0.6642 -0.5448 -0.2525 -0.6433 -0.715 0.62805 0.47704 0.27456 -0.0798 0.2986 0.04728 -0.1527 0.12165 0.27513 -0.2241 0.43839 -0.1087 -0.3216 0.34063 0.46661 0.12293 -0.7675 -0.3552 -0.0044 -0.2865 -0.4068 -0.2151 -0.0909 Na descriminação ambiental efectuada mostrou-se que os ambientes de Sussundenga e Mapupulo são similares em termos de rendimento médio das primeiras 4 variedades seleccionadas com média de rendimento de 2.5 ton/ha respectivamente, o rendimento médio mais baixo foi observado no ambiente de Namialo com 2.8 ton/ha. As variedades seleccionadas para cada ambiente deverão ser consideradas para ambientes específicos (Tabela.6). Tabela 6: Selecção das primeiras quatro variedades mais produtivas por Ambiente Number 3 1 2 Environment Sussundenga Mapupulo Namialo Mean 2.557 2.5 2.817 Score 1.717 -0.593 -1.125 1 G22 G1 G19 2 G23 G2 G20 3 G10 G3 G12 4 G14 G4 G9 IV. Ensaio de Arroz de ciclo cuto e de cilco intermedio Os ensaios foram estabelecidos com objectivos de avaliar a adaptabilidade, estabilidade da produção no ambiente do planalto de Cabo Delgado em particular no Distrito de Montepuez. Os ensaios comportaram 12 variedades melhoradas e 2 variedades locais como testemunhas, com três repetições em blocos completos casualizados (RCBD). A análise de variância mostrou que existe difernças significativas entre os tratamentos de arroz do ciclo curto, mas não se observou diferenças significativas entre as variedades de arroz de ciclo intermédio ao nivel de significancia de α=5% (Tabela.7). 119 Tabela 7: Analise de variancia simples para as variedades de arroz Ensaio Rep Trat Residuo Lsd (5%) Cv (5%) Ciclo Curto ss 37.261 182.400 98.803 3.27 30.2 ms 18.631 * 14.031 * 3.800 Ciclo Intermedio ss 37.429 31.086 92.063 3.15 23.2 ms 18.714 * 2.391 ns 3.541 Conforme pode-se observar na Tabela 8, os resultados sugerem que as variedades do ciclo curto são mais produtivas em relação as variedades do ciclo intermédio, contudo foi observado também que as variedades testemunhas (13 e 14) tem rendimentos médios mais baixos em relação as variedades melhoradas. Este facto, sugere que existe um potenciaal significativo nas variedades melhoradas e que as variedades do ciclo curto aproveitam melhor a disponibilidade de água no solo em relação as variedades do ciclo intermédio e longo respectivamente (Tabela.8). Tabela 8: Rendimento médio de variedades de arroz do ciclo curto e intermedio Mapupulo/2010 Tratamento G1 G2 G3 G4 G5 G6 G7 G8 G9 G10 G11 G12 G13 G14 Media geral Ciclo curto rend_ton/ha 9.117 8.506 3.305 5.515 7.235 7.282 8.404 5.356 4.855 4.984 4.850 6.308 4.290 3.947 6.461 Ciclo lntermedio rend_ton/ha 4.378 5.694 5.200 5.340 4.213 5.311 3.448 4.384 7.188 5.004 4.684 5.774 4.536 4.630 4.985 V. Ensaio de 8 variedades de soja O esnsaio foi estabelecido com objectivo de avaliar a produtividade da soja na região do planalto de Cabo Delgado em particular no Distrito de Montepuez. Foi estabelecido em blocos completos casualizados, com três repetições. Da ánlise de variância efectuada foi detectada que existem 120 diferenças significativas entre as variedades testadas ao nível de significância de α=5%, cujo o cv(5%) foi de 25.0%. A média de rendimeto médio mais elevado foi observado para a variedade Tgx 1447-2f com 2.2 ton/ha e o rendimento médio mais baixo para as variedades H10, H17 e H19 com uma média de 1.3 ton/ha (Tabela 9). Tabela 9: Rendimento médio de 8 variedades de Soja Trat Trat 427/5/7 1.707 Ocepara-4 1.382 H10 1.316 Tgx1447-2f 2.216 H16 1.83 H17 1.337 H19 1.363 H7 1.718 VI. Ensaio de avaliação de 21 variedades de Algodão ao longo dos ambientes da sua produção ( Namialo, Namapa e Montepuez) para o caracter de rendimento do Campo e Industrial. O ensaio foi estabelecido em três ambientes com objectivo de explorar a interacção entre variedades e o meio ambiente para o caracter de rendimento do campo e industrial; foi montado em blocos completos casualizados, com três repetições. Da análise de variância efectuada mostrou haver diferenças significativas entre as variedades e entre ambientes ao nivel de significancia de α=5 %. Ao longo dos três ambientes foi observado que o rendimento médio de campo das variedades variou de 1.095 a 1.529 ton/ha e o rendimento industrial entre 35 a 38% (tabelas 10 e 11). Dos resultados observados da descriminação das variedades em função dos ambientes, sugerem que nenhuma das quatro primeiras variedades seleccionadas devem ser extrapoladas para outros ambientes, assim, variedaes especificas devem ser praticadas em ambientes especificos para onde foram selecionadas (Tabela12). Tabela 10: Rendimento médio de campo em ton/ha Genotypes Albar BC 853 Albar FQ 902 Albar SZ9314 CA-222 CA-324 IRMA 12-43 ISA-205 REMU-40 Stam-42 Tam-94J-3 Tam-94L-25 Tam-94WE-37s Tam-96W-18 Tam-96WD-69s Tam-98D-102 Tam-98D-99ne Gm_ton/ha 1.095 1.313 1.077 1.517 1.309 1.334 1.282 1.508 1.281 1.39 1.363 1.253 1.379 1.274 1.344 1.155 IPCAg[1] 0.32308 -0.01475 -0.0114 -0.34648 0.02427 0.09395 0.24981 -0.35627 -0.00713 0.1055 0.10661 0.04996 -0.07134 0.24496 0.08718 -0.07304 IPCAg[2] -0.0072 -0.1744 0.01068 -0.5037 0.09214 0.06737 0.19614 0.28417 -0.0783 0.024 -0.2943 0.00635 -0.0762 0.0022 0.17627 0.27763 121 Tam-98G-104 Tamcot Luxor Tamcot Pyramid Tamcot Sphinx Tamcot-22 1.303 1.529 1.269 1.19 1.204 0.10182 -0.71803 0.2294 0.24825 -0.26637 -0.1764 0.08162 -0.0319 0.02487 0.0989 Tabela 11: Rendimento Industrial em % Genotypes Albar BC 853 Albar FQ 902 Albar SZ9314 CA-222 CA-324 IRMA 12-43 ISA-205 REMU-40 Stam-42 Tam-94J-3 Tam-94L-25 Tam-94WE-37s Tam-96W-18 Tam-96WD-69s Tam-98D-102 Tam-98D-99ne Tam-98G-104 Tamcot Luxor Tamcot Pyramid Tamcot Sphinx Tamcot-22 Gm_% 37.55 36.9 37.48 37.38 38.41 37.14 36.31 36.68 37.3 36.7 37.39 35.25 37.87 38.47 37.96 37.73 39.4 37.39 37.33 36.46 36.92 IPCAg[1] -0.1392 1.06441 0.52242 -0.2841 0.47287 -1.3781 -1.0278 -0.4429 0.02101 0.59146 1.20128 -0.988 -0.0652 0.6595 0.07839 0.39657 -0.263 0.2773 -0.5375 -0.8398 0.68045 IPCAg[2] -0.137 -0.404 0.04615 0.52786 0.60259 -0.6726 -0.1995 0.04041 0.17733 -0.7402 -0.9883 0.41177 0.37482 1.13315 0.33514 -0.2529 -0.1687 0.00167 0.03094 -0.3747 0.25593 Tabela 12: Selecção das primeiras quatro variedades mais produtivas por Ambiente Number 2 3 1 Environment Namapa Namialo Mapupulo Meanton/ha 1.28 1.202 1.428 Score 0.6458 0.2303 -0.8761 1 Tam-94L-25 REMU-40 Tamcot Luxor 2 CA-222 Tam-98D-102 CA-222 3 Tam-98G-104 ISA-205 REMU-40 4 Tam-94J-3 Tam-94J-3 Tam-96W-18 122 2.4. MULTIPLICAÇÃO DE SEMENTE Na campanha agrícola 2009/2010 foram produzidas cerca de 100 toneladas de semente de culturas diversas e 537127 hastes de mandioca nas diferentes unidades experimentais do Centro Zonal Nordeste. De acordo com os dados da Tabela 1, pode-se notar que em termos de áreas realizadas foram maiores que as áreas planificadas em quase todas as culturas, excepto nas culturas de milho e Soja. Para o caso de Milho em particular área realizada foi relativamente menor que a planificada, pelo facto de faltado semente pré-basica suficiente para toda área, de algumas variedades como é o caso de dzandza e matuba. É importante referir que as quantidades produzidas apresentadas na Tabela 1, referem-se a semente depois de ser tratada e processada e não matéria bruta colhida do campo. Tabela 1: Multiplicação de semente básica de diversas culturas na campanha 2009/10 Cultura Mandioca Milho Mapira Algodão Amendoim F. Nhemba F. Boer Gergelim Soja Arroz Mexoeira Total Área Planificada (ha) 77 23 12 10 16 5 3 2 . . Área realizada (ha) 77 21 15 15 18.2 12.5 4.5 4 . . 148 90.2 Quantidade produzida (ton) 537127* 13.1 9.8 35.5 13.08 7.5 2.5 5.25 8.25 3.7 3.5 102.18 *=hastes 123