FUNDAÇÃO CASA DE RUI BARBOSA
Projeto de Pesquisa
Título do Projeto
A Casa Senhorial em Lisboa e no Rio de Janeiro: Anatomia de
Interiores
Nome do Coordenador
Ana Maria Pessoa dos Santos
Grupo de Pesquisa
(opcional)
Palavras Chave
(até 3)
Membros (docentes e
discentes)
Resumo (até 200
palavras)
Casas senhoriais e seus interiores: estudos luso-brasileiros em arte,
memória e patrimônio
História da arte, da arquitetura e do urbanismo
Casa senhorial
Museu Casa
Preservação
Hélder Carita, Isabel Mendonça, Gonçalo de Vasconcelos e Silva
Ana Lúcia Véeira dos Santos, Ana Claudia de Paula Torem,
Marize Malta,
Pesquisa sobre residências de elite nos séculos XVIII aos anos
1930 do século XX, voltada para o estudo dos interiores: sua
distribuição, revestimentos, mobiliários, bem como os mecenas e os
artistas envolvidos em sua construção. O projeto conta com site
para divulgação de levantamentos sistematizados de edifícios
notáveis, bem como artigos e informações complementares, a ser
lançado no Rio de Janeiro e em Lisboa em fevereiro/março 2015.
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1 Objetivos e Justificativa (máximo de 01 página)
Objetivo Geral:
O projeto propõe dar continuidade à pesquisa A Casa Senhorial em Lisboa e no Rio de
Janeiro: Anatomia de Interiores que, segundo uma abordagem inovadora, avalia de forma
integrada a organização espacial dos espaços domésticos, sua decoração, equipamentos e
objetos, e as práticas cotidianas das elites dessas duas cidades, e suas mútuas influências.
Para isso, foram inicialmente organizadas equipes de trabalho em Lisboa e no Rio de
Janeiro.
Objetivos Específicos:
Estudo de oito exemplares de construções do século XIX e virada do século, em
continuidade à primeira etapa da pesquisa, quando foram estudos 10 exemplares. Será
mantida a metodologia multidisciplinar que articula a análise sobre características
arquitetônicas e decorativas do bem material – fachadas, plantas, fluxos externos e
internos, divisão interna, ambiências, elementos da decoração integrada e móvel
(revestimentos, mobiliário e objetos) – com informações sobre profissionais envolvidos,
famílias ocupantes e usos e práticas domésticas. A atual equipe brasileira é integrada por
pesquisadores da EBA/UFRJ, EAU/UFF, Museu Nacional/UFRJ, Museu da República e
FCRB.
Justificativa:
Em 2008, foi estabelecido o grupo de estudos Museu-casa: memória, espaço e
representações foi estabelecido, para articular pesquisas e análises interdisciplinares que
têm como objeto a propriedade onde morou Rui Barbosa, instituída como o primeiro
museu-casa do país, e tombada pelo Sphan em 1938 em reconhecimento ao seu valor como
casa e jardins históricos, e como raro remanescente arquitetônico do modelo de linhas
classicizantes consagrado pelo Império.
Na perspectiva da preservação integrada do conjunto arquitetônico, as iniciativas do grupo
de pesquisa buscam abarcar a complexidade dos estudos sobre a propriedade, tomando
como referência diferentes campos do conhecimento: museologia, artes decorativas,
arquitetura, paisagismo, urbanismo, arqueologia e historia social.
Em 2011, o grupo de pesquisa associou-se, por intermédio da Fundação Casa de Rui
Barbosa, à Fundação Ricardo Espírito Santo e Silva (FRESS) e à Faculdade de Ciências
Sociais e Humanas (FCSH) para a realização do projeto “A casa senhorial em Lisboa e no
Rio de Janeiro (séc. XVII, XVIII e XIX). Anatomia dos Interiores”, coordenado por Isabel
Mendonça e Helder Carita, que propõe uma investigação “alargada no espaço e no tempo
sobre a evolução da nobreza em duas importantes regiões do mundo artístico português –
Lisboa e Rio de Janeiro” .
Esse estudo tem caráter inédito ao propor que se avalie, de forma integrada, a organização
espacial dos espaços domésticos, sua decoração, seus equipamentos e objetos, e as práticas
cotidianas das elites dessas duas cidades, e suas mútuas influências. É preciso ressaltar que
a investigação tem em conta não somente a transculturação das matrizes portuguesas e suas
variantes, observadas nas residências nas duas cidades, como as acomodações de outras
culturas estéticas, em especial a italiana, a francesa e a inglesa.
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O projeto promoveu um seminário (Palácio Fronteira, 2012), três workshops (FCRB 2011,
2012 e 2013, e o I Colóquio Luso-Brasileiro A Casa Senhorial (Museu de Artes
Decorativas, 2014), produziu duas publicações e implantou o portal A Casa Senhorial
(www.casaruibarbosa.gov.br/acasasenhorial), que reúne não só o levantamentos detalhados
das residências estudadas, como glossário, documentos e artigos sobre o tema.
Como resultado da primeira etapa dessa cooperação, foi estabelecido um novo grupo de
pesquisa da FCRB credenciado junto ao CNPq, Casas senhoriais e seus interiores: estudos
luso-brasileiros em arte, memória e patrimônio, reunindo os pesquisadores portugueses e
brasileiros para prosseguir nos levantamentos de edifícios históricos para a alimentação do
portal e nos estudos e debates sobre o tema.
Para a continuidade da pesquisa, é necessário se contar com equipe composta por bolsista
de nível de mestrado, que realizará as pesquisas de campo, e dois graduandos, para apoio na
alimentação de imagem e texto do site. A equipe irá colaborar também na organização de
eventos e edição de artigos e publicações.
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Metodologia (máximo de 01 página)
Nessa segunda etapa, o estudo sobre as casas das elites no Rio de Janeiro será realizado a
partir de uma amostragem de edifícios que ainda mantenham um grau de integridade física
suficiente para a análise direta, e em especial aqueles que ainda mantêm decoração de
interiores e equipamentos e que tenham documentação conhecida. Essas condições
apontaram para o universo de imóveis tombados e protegidos por instância federal, estadual
ou municipal, embora isso não seja condição indispensável.
A pesquisa, contudo, não se restringirá aos limites da cidade, justamente para poder
conferir o alcance da repercussão dos gostos da elite da capital.
Esse conjunto oferece para estudo diferentes tipologias arquitetônicas, programas e formas
de ocupação dos lotes, ambiências e aspectos decorativos, bem como dos diferentes perfis
socioeconômicos e culturais que compunham os grupos de elite de cada período.
1. Palacete São Cornélio – Situado na Rua do Catete, na Glória, o Palacete São
Cornélio, patrimônio histórico e artístico
nacional tombado pelo Iphan, foi construído
em 1862 em forma de residência térrea com
porão alto e fachada voltada para a via
pública. Naquela mesma década, em 1868, foi
adquirido pelo Comendador João Cornélio
que, em testamento, fez a doação do imóvel a
Santa Casa da Misericórdia. Em 1894, sob a
invocação de São Cornélio, e assim
cumprindo o desejo do doador, a Santa Casa
transformou o Palacete, de arquitetura neoclássica, em asilo para meninas órfãs, daí
a razão do nome Asilo São Cornélio. No início dos anos 70, o Palacete deixou de
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ser orfanato, sendo depois alugado a uma faculdade privada de Medicina. Há cerca
de oito anos, o Palacete foi desocupado, ficando no mais completo abandono. Sua
documentação para o projeto pretende dar mais visibilidade para o edifício e
colaborar para sua recuperação.
2. Casa de Hera – Situada em
Vassouras, RJ, foi erguida na
primeira metade do século XIX,
pois o primeiro registro que se tem
dela é de 1836, em uma planta
baixa da cidade. Foi doada por sua
última
proprietária,
Eufrásia
Teixeira Leite, em 1930, a uma
instituição de ensino para que
fosse preservada, tombada pelo
Iphan na década de 1950, foi incorporada pelo Instituto nos anos 1960. Sua
estrutura é composta por 22 cômodos distribuídos em área comercial, social, íntima
e de serviço. Além de mobiliário, porcelanas, prataria, quadros e objetos de uso
pessoal e doméstico, o acervo possui uma biblioteca com cerca de mil volumes e
três mil periódicos, destacando-se também o piano francês Henri Herz, do século
XIX, e a coleção de indumentárias assinada por mestres da alta costura
internacional, como Charles Worth.
3. Chalet do Parque São Clemente –
Casa de chácara, situada em Nova
Friburgo, RJ, foi construída na década
de 1860, pelo Barão de Nova Friburgo,
em estilo chalet..Em sua área de
3,87km², a chácara possuía pomar,
lagos, jardins, repuxos, casa para
morada do administrador e dos
empregados, casa do hospital, senzala,
escravos, paiol, estrebaria, moinho, gado bovino e criação de porcos. Coube a
Glaziou, projeto paisagístico de toda a propriedade. Com o falecimento do barão,
em 1875, o Conde de São Clemente herda a propriedade do pai. A partir de então, a
Chácara do Chalet passou a ser conhecida como Parque do Conde de São Clemente.
Herança passada por quatro gerações da família Clemente Pinto, os últimos
descendentes do barão mal tinham condições financeiras de manter a propriedade.
Em 1913, os netos do Conde de São Clemente alienam a propriedade a Eduardo
Guinle (1878-1941), que promoveu profunda reforma no parque e na casa, na
mesma ocasião em que erguia seu palacete no Rio de Janeiro.
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4. Palacete Eduardo Guinle – Construído
entre os anos de 1909 e 1914 para servir
de residência à família de Eduardo Guinle,
o palacete é composto por três alas (social,
residencial e serviços), e dominava, do
alto de uma colina, um vasto parque de
aproximadamente 430 mil metros
quadrados. Pelo seu tamanho e rigor
estilístico, se aproxima dos hôtels privés.
Os interiores da ala social, a área Os interiores da ala social, a área “pública” da
casa por excelência, são os mais ricamente decorados. Com dois andares
interligados por uma majestosa escadaria, e dividida em sete salões, todos com suas
funções específicas, a “zona de representação” do Palacete Eduardo Guinle era sem
dúvida uma das mais ricas da elite carioca da Primeira República. Em sua decoração
há uma profusão de materiais nobres, como mármores, granitos, ônix, ébano,
lambris de carvalho, porcelanas, espelhos, cristais e bronze.1
5. Pavilhão São Clemente, antiga residência do Barão de São Clemente, erguida em
1859, e situada à Rua Marquês de Abrantes, nº 55. Antônio Clemente Pinto Fº,
barão e depois conde de São Clemente, era filho do Barão de Nova Friburgo,
proprietário do palácio do Catete e do
Chalet do Parque São Clemente, em
Nova Friburgo. É um sobrado situado
em centro de terreno, com porta e seis
janelas, no térreo, e sete janelas no
andar nobre, com pequenas sacadas.
A casa sofreu reformas, com o
acréscimo de uma varanda e
escadaria
nos
fundos.
Uma
construção anexa abrigava as cavalariças. Em 1905 foi vendida ao médico Miguel
Couto, e em 1919 passou à propriedade da Igreja Metodista. A casa encontra-se em
estado de abandono, o que torna urgente seu estudo detalhado. O conjunto foi
tombado pela Prefeitura do Rio de Janeiro em 2014, incluindo o gradil que cerca a
propriedade.
6. Villa Ferreira Lage – Situada em Juiz de
Fora, foi sede da antiga chácara construída
pelo comendador Mariano Procópio
Ferreira Lage (1821/1872), inspirada no
estilo
do
Renascimento
italiano.
Inaugurada em 1861, o projeto é do
arquiteto alemão O projeto da residência
é de autoria do arquiteto alemão Carlos
Augusto Gambs, contratado pela Companhia União e Indústria, constituída e
1
.
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presidida por Mariano Procópio, em 1852. Após a morte de Mariano Procópio, a
chácara foi alugada a sua sobrinha e seu marido, futuros Viscondes de Cavalcanti.
Com 743 metros quadrados, a casa conta com dois pavimentos, subsolo e um
torreão e está situada no ponto mais elevado da área da chácara, hoje parque
Mariano Procópio. Entre 1882 e 1884, sofreu reformas de embelezamento. A
primeira fase da casa apresenta decoração de interiores mais simples, possivelmente
uma redução do Classicismo, enquanto a segunda fase apresenta motivos dos estilos
Império e Romântico. O
edifico se encontra hoje em
processo de restauração.
7. Casa do Mordomo Mor da
Casa Imperial – O hoje
chamado Palacete Laguna
tem origem num sobrado em
terras da Quinta da Boa
Vista que era a residência de
Francisco Gomes da Silva, o
Chalaça, mordomo de Dom
Pedro I. Em 1865, o sobrado seria modernizado, segundo projeto do arquiteto
alemão Theodor Marx, com a construção de uma espécie de torreão e uma ala de
serviço em forma de “chalet” para abrigar o mordomo-mor Paulo Barbosa, do
imperador Dom Pedro II. O arquiteto era formado em Karlsruhe, e estava então a
serviço da Casa Imperial como arquiteto das obras do Paço.
8, Palacete do Barão de Icaraí, Niterói Constantino
Pereira de Barros, primeiro e único barão de São João
de Icaraí, (Rio de Janeiro, 27/01/ 1821 – Rio de
Janeiro, 15/01/1896)
foi
um fidalgo e
oficial
da Imperial Ordem da Rosa. Herda terras,
originalmente pertencentes a José da Fonseca
Vasconcelos, onde constrói em 1858 sua residência. Em 1920 passa a funcionar na casa o
Colégio Brasil.
3 Viabilidade e Financiamento (máximo de 01 página)
O projeto vem contando com o apoio de bolsa do Programa de Iniciação Cientifica da
Fundação Casa de Rui Barbosa e do Programa de Incentivo à Produção do Conhecimento
Técnico e Científico na área da Cultura
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4 Resultados e impactos esperados (máximo de 01 página)
Ampliação do site A casa senhorial em Lisboa e no Rio de Janeiro
Apresentação de resultados em seminários e encontros
Elaboração de artigos, edição de livro
5 Cronograma de execução (máximo de meia página)
As tarefas estao dimensionadas por trimestres
Leituras e
pesquisa
Inserção de
dados
Relatórios
Participação
seminários
Redação
artigo
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Referências bibliográficas (máximo de 10 referências)
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