O Dica do IF – Campus Barbacena desta semana vai discutir a qualidade do mel que consumimos em casa. O mel é um produto muito consumido pelos brasileiros em especialmente no inverno, época em que é mais comum o aparecimento das gripes e doenças respiratórias. Contudo é preciso saber a qualidade do mel que consumimos a fim de alcançarmos o nosso objetivo ao ingerirmos o alimento. Nos estúdios da rádio sucesso recebemos a coordenadora do Curso Superior em Licenciatura em Química do Instituto Federal Sudeste de Minas Gerais, professora Regina Lianda. 1. Bom dia professora! A senhora é doutora em química e teve como foco de pesquisa a qualidade do mel. Explique aos nossos ouvintes como funciona este trabalho? Resp.: A análise de alimentos sempre foi de meu interesse, pois acredito nos benefícios à saúde de diversas classes químicas constituintes de muitos deles. O mel, que é usado como alimento desde a préhistória, aliás não só como alimento, mas também em terapias milenares de civilizações antigas como recurso terapêutico e/ou conservativo, sobressaiu-se como uma fonte de estudos. Neste trabalho, prepara-se um extrato do mel, eliminando do mesmo os açúcares, vitaminas, proteínas etc, de forma a manter somente uma classe química chamada de “substâncias fenólicas”. Esse extrato é analisado para se investigar o seu perfil de fenólicos, ou seja, quais das substâncias fenólicas existentes estão ali presentes. A partir desse perfil determinado, pretende-se definir o seu potencial terapêutico, pois muitos desses compostos apresentam importantes atividades biológicas, tais como atividade antifúngica, antimicrobiana, anti-inflamatória, cicatrizante, antioxidante, antiviral etc. 2. Qual a importância de se consumir um mel de qualidade? Resp.: Os benefícios que o mel pode apresentar são bastante interessantes como preventivos, inclusive contra catarata e diabete, pois as substâncias fenólicas interferem no mecanismo de ação dessas doenças, prevenindo-as. O ideal é que seja consumido um pouquinho (uma colher de chá) por dia, até mesmo para se resguardar dos resfriados, evitando-os e não, esperando que eles se instalem primeiro. Agora, é importante conhecer a origem do produto, pois a contaminação e adulteração do mesmo também é uma possibilidade real e, neste caso, tanto pode apenas não trazer os benefícios buscados quanto até mesmo, ser prejudicial. E, cuidado, não é indicado para o diabético, e sim para precaver-se da diabete, pois, no mínimo 80% do mel é açúcar. 3. Como um mel pode ser adulterado? Resp.: A prática mais comum e mais fácil é a adição de açúcares, pois torna-se invisível. Há também o hábito de se misturar com própolis, romã, guaco, gengibre, carqueja etc., o que transforma o produto, não é mais mel. Um outro grande inconveniente, é o aquecimento do mel pelo “mau” apicultor para auxiliar na retirada dos favos. O mel não pode ser aquecido acima de 45ºC, pois ocorre a degradação de determinados compostos, interferindo, assim, na qualidade do mesmo. Fica o alerta, não é conveniente que se adoce o chá fervente, por exemplo, com mel. 4. Como o consumidor pode saber se está ou não consumindo um mel de qualidade? Resp.: Não é possível saber sem análises laboratoriais. Por isso é importante conhecer a origem. Um mito existente é a cristalização. O mel se cristaliza normalmente, pois os açúcares se depositam sobre os grãos de pólen existentes no mel. Não aqueçam em banho-maria para reverter a cristalização. 5. Um dos diferenciais do Curso Superior de Licenciatura em Química do IF-Campus Barbacena é a disciplina de cromatografia. O que é essa disciplina e sua relação com o mel? Resp.: Realmente é um diferencial, pois já ouvi comentários evidenciando que cromatografia não se aprende em curso de licenciatura. Ao meu ver, não se aprende, porque não se ensina. Cromatografia é uma técnica de separação de substâncias que formam uma mistura, a fim de, após separadas, serem identificadas. No caso do mel, sua finalidade é separar a classe química de interesse, do restante. 6. Você acha que esse estudo sobre o mel pode chegar de maneira mais efetiva à população? Resp.: Sim, já efetuei algumas palestras abertas ao público no próprio Instituto Federal – Campus Barbacena, o que pode estender-se a outras localidades. E, ainda, minha tese está disponível na rede. Agradecemos a professora Regina Lianda pelas informações. Aqueles que tiverem dúvidas sobre o tema podem procurar o IF Campus Barbacena. E na próxima terça-feira o Dica do IF Campus Barbacena vai discutir como o ouvinte pode ensinar o seu filho a utilizar as rede sociais de maneira responsável.