REPRESENTAÇÃO SOCIAL DA SEXUALIDADE E
ADOLESCÊNCIA: um estudo das revistas da base de dados
Scielo – CIÊNCIAS HUMANAS
Maria Júlia Búrigo Trento¹
Regina Ingrid Bragagnolo
Programa UNISUL de Iniciação Científica – PUIC
Psicologia – Campus Pedra Branca
Introdução:
A adolescência é uma temática central na psicologia, pois esta diz respeito a um processo de desenvolvimento da vida do sujeito onde os aspectos biológicos,
psicológicos e sociais estão em transformação, interferidos pela cultura e a fase em que este vive. Compreender as representações sociais da sexualidade, é compreender
as práticas sociais dos adolescentes, pois esses envolvem componentes afetivos, mentais e sociais. Segundo Jodelet (1998), em uma conceituação mais clara e precisa, vê
as representações sociais como sendo uma forma de conhecimento, socialmente elaborada e partilhada, tendo uma visão prática para a construção de uma realidade
comum a um conjunto social.
Objetivo:
Compreender as representações sociais da sexualidade em adolescentes nas publicações da base de dados do Scielo.
Metodologia:
Baseou-se em uma metodologia qualitativa, com delineamento bibliográfico. A coleta de dados deu-se através das revistas da base de dados Scielo, que tratam
exclusivamente da sexualidade e adolescência, podendo ser verificado 16 artigos nesses moldes. Realizou-se também a confecção do protocolo de registro,. com
categorização dos autores, instituição de origem, temática principal, conceito de sexualidade, abordagem psicológica, palavras-chave, periódico, ano e acesso. Distinguiu-se
ainda os diversos tipos de citações como por exemplo a citação textual, a paráfrase, e a síntese, ao mesmo tempo em que foram feitas análises de conteúdos envolvendo
pré-analise, exploração do material e por ultimo a categorização
Resultados:
Foram classificadas 3 categorias decorrentes do tema sexualidade, identificando nas mesmas as seguintes categorias:
Na categoria sexualidade vinculada a questões sócio-culturais, foi possível verificar uma grande permanência dos conceitos ligados à sexualidade dos adolescentes,
onde dos 16 artigos analisados, 4 fizeram uma grande menção a esta perspectiva. Já no que diz respeito às narrativas dos adolescentes que se pronunciaram em relação
ao tema proposto, observou-se que apenas 2 artigos vinculam tais narrativas às construções sócio-culturais, concluindo então que os mesmos não dão muita importância a
essas questões frente a sua sexualidade.
Na categoria sexualidade vinculada ao ato sexual, identificou-se 9 artigos referindo-se a este aspecto, e ao contrário dos conceitos de sexualidade envolvendo questões
sócio-culturais identificou-se pouca ênfase nos conceitos de sexualidade ao mesmo tempo em que uma permanência muito grande das narrativas dos adolescentes nesta
categoria. Além disso, em relação aos conceitos dos autores acerca da sexualidade vinculada ao ato sexual, foi possível perceber também que os adolescentes do sexo
masculino atrelam-se a uma prática de iniciação sexual enquanto experiência que marcam sua virilidade, ao mesmo tempo em que há uma cobrança social da virgindade
em relação aos adolescentes do sexo feminino.
Na terceira e última categoria, sexualidade vinculada à prevenção, dos 16 artigos analisados, 7 ressaltaram-na tanto nos conceitos de sexualidade como também nas
narrativas dos adolescentes. Mas independente de tais resultados, pode-se confirmar que todos os 7 artigos mostraram visivelmente uma preocupação e importância
relacionados à prevenção, visando evitar maiores riscos futuros. Ressaltou-se ainda nesta categoria, uma relação marcante entre as práticas educativas e a saúde pública.
Considerações:
A partir do estudo destas três categorias (ato sexual, sociocultural e prevenção), identificou-se uma característica bastante marcante e comum entre elas: as discussões de
gênero. Mostra-se evidente que diferentes maneiras de homens e mulheres se desenvolverem e assumirem formas de ser e estar no decorrer da história, interferem
diretamente na construção de significados acerca do que cada um considera como sendo sexualidade. Até hoje, adolescentes do sexo feminino são detentoras de uma
educação mais rígida, que as fazem pensar e agir de acordo com seu sexo. Assim, a formação da identidade de gênero como também a representação da sexualidade para
os adolescentes, relacionam-se com as aprendizagens, significações e internalizações que cada um faz ao longo de sua constituição, levando-se em conta o ambiente em
que este está inserido, sempre pautado no tempo e espaço.
REFERÊNCIAS
[1] Graduanda do Curso de Psicologia da UNISUL - Universidade do Sul de Santa Catarina e bolsista do Programa UNISUL de Iniciação Científica (PUIC).
Apoio financeiro: Unisul
COSTA, Denise Duarte Grafulha da; LUNARDI, Valeria Lerch; Universidade Federal de Santa Catarina. Adolescência e sexualidade: a enfermagem na construção de um processo educativo
fundamentado em Paulo Freire /. Florianópolis, 2000. 121 f. Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina.
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LOYOLA, Maria AndréA. (1999). A sexualidade como objeto de estudo das ciências humanas. In: HEILBORN, Maria Luiza (org.) Sexualidade: o olhar das ciências sociais. Rio de Janeiro: Zahar Ed..
SCOTT, J. Gênero: uma categoria útil de análise histórica. Rio de Janeiro: Educação e Realidade, 1995.
SIQUEIRA, Maria J. T. Masculino, Feminino, Plural: A constituição da identidade masculina: homens das classes populares em Florianópolis. Florianópolis: Mulheres, 1998.
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