Avaliação das condições higienicossanitárias e econômica da comercialização de pescado em
municípios da Baixada Maranhense1
Lygia Silva Galeno2, Arlene dos Santos da Siva3, Rafael de Sousa Mendes2, Luciana da Silva
Bastos4, Rosicléa Silva Rocha5, Felício Garino Junior6, Elaine Cristina Batista dos Santos7,
Francisca Neide Costa8
¹Projeto financiado pela FAPEMA
2
Acadêmicos de Medicina Veterinária CCA/UEMA- [email protected]
3
Mestranda em Ciência Animal CCA/UEMA
4
Mestranda em Saúde e Ambiente UFMA
5
Tecnóloga de Alimentos, CCA/UEMA
6
Prof. Dr. visitante da pós graduação em Defesa Animal CCA/UEMA
7
Profa. Dra. Adjunto Ido curso de Engenharia de Pesca CCA/UEMA
8
Profa. Dra. Adjunto IV do Departamento de Patologia, CCA/UEMA
Resumo: A região da Baixada Maranhense é uma região que possui alto índice de pobreza, baixos
indicadores de desenvolvimento humano e baixos índices sociais. Com o objetivo de avaliar as condições
higiênicossanitaria e econômica da comercialização do pescado na região da Baixada Maranhense foram
aplicados 50 questionários semi-estruturados e observações in locu em 3 municípios da baixada
maranhense: Pinheiro, Matinha e São Bento. Os resultados demonstram que a comercialização de peixes
em municípios da Baixada Maranhense é realizada, principalmente, nos mercados municipais, os quais
não dispõem de uma infraestrutura física e higiênica adequada, comprometendo a qualidade desse
alimento em virtude da conservação insuficiente durante a comercialização do peixe, tal fato é
preocupante haja vista que esta atividade representa a principal forma de sustento de muitas famílias da
Baixada Maranhense. Dessa forma conclui-se que os locais para comercialização de peixe não dispõem
de infraestrutura física e utensílios adequados e apresentam condições higiênicas insatisfatórias para
manipular e/ou comercializar o peixe, além disso, as medidas de boas práticas de fabricação e condições
adequadas de manipulação, armazenamento e conservação dos peixes devem ser adotadas rigorosamente,
uma vez que, na presente pesquisa demonstraram serem medidas eficazes na comercialização de um
alimento com qualidade.
Palavra-chave: baixada maranhense, condições higienicossanitária, peixe, pesca artesanal
ASSESSMENT OF THE CONDITIONS AND ECONOMIC HIGIENICOSSANITÁRIAS OF FISH
IN MUNICIPALITIES OF MERCHANTABILITY BAIXADA MARANHENSE¹
Abstract: The region of Baixada Maranhee is a region with high rates of poverty, low human
development indicators and low social indicators. In order to assess the higiênicossanitaria and economic
conditions of the marketing of fish in the baixada marahense were applied fifty semi-structured
questionnaires and observations in locus in 3 municipalities of baixada maranhense:: Pinheiro, Matinha
and São Bento. The results show that the marketing of fish in the Baixada Maranhense municipalities is
mainly carried out in the municipal markets, which do not have a physical and hygienic adequate
infrastructure, compromising the quality of that food because of insufficient maintenance during the
marketing of fish, this is alarming considering that this activity is the main livelihood of many families of
Baixada Maranhense. Thus it is concluded that the sites for marketing fish lack of physical infrastructure
and adequate utensils and present unsatisfactory hygienic conditions to manipulate and / or market the
fish, in addition, the measures of good manufacturing practices and appropriate conditions of handling,
storage and fish conservation should be taken strictly, since, in this study proved to be effective measures
in the marketing of a food with quality.
Keywods: baixada maranhense, hygenic sanitary health, fish, artisanal fishing
Introdução
A pesca artesanal continental é comum no Brasil e assume importante papel socioeconômico na
ocupação de mão de obra, obtenção de alimentos e geração de renda (CARVALHO & NOVAES, 2011)
O peixe se constitui numa excelente fonte de alimento para as populações desde o surgimento da
humanidade (PETRERE et al., 2006) e assim como outros alimentos, pode ser veículo de transmissão de
diversos agentes causadores de doenças. A região da Baixada Maranhense é uma região que possui alto
índice de pobreza, baixos indicadores de desenvolvimento humano e baixos índices sociais. O objetivo do
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presente trabalho foi avaliar as condições higiênicossanitaria e econômica da comercialização do pescado
na região da Baixada Maranhense.
Material e métodos
Foram realizadas visitas aos locais de comercialização de peixes nos municípios de Pinheiro,
Matinha e São Bento na região da Baixada Maranhense, onde se obteve informações a partir do
preenchimento de um questionário semi – estruturado de 50 entrevistados e observações in locu , para
obter informações sobre os aspectos higienicossanitário e econômico da comercialização de peixes
nativos nestes municípios. A pesquisa foi realizada no período de julho de 2014 a fevereiro de 2015. Os
dados obtidos foram tabulados utilizando o programa Microsoft Excel e análise estatística descritiva.
Resultados e discussões
A comercialização de peixes em municípios da Baixada Maranhense é realizada, principalmente,
nos mercados municipais, os quais não dispõem de uma infraestrutura física e higiênica adequada. Em
relação às condições higienicossanitária, foi verificado que no município de Matinha 100,00% dos
manipuladores não adotam as Boas Práticas de Fabricação (BPF), seja pela não utilização de
Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) ou pela utilização de equipamentos de madeira. Nos
municípios de Pinheiro e São Bento os manipuladores apresentaram as mesmas não conformidades com
relação a não utilização de EPIs como o município de Matinha, com 77,00% e 72,73% respectivamente.
No tocante a forma de conservação nos locais de venda, foi verificado que 80,00% dos vendedores do
município de Matinha utilizam caixa térmica sem gelo, já nos municípios de Pinheiro e São Bento
45,83% e 54,55% não utilizam caixa térmica, evidenciando a não conservação do pescado em gelo nos
três munícipios estudados, comprometendo a qualidade desse alimento (Figura 1).
Dentre as pesquisas realizadas na Baixada Maranhense, Maia (2013), verificou que a manipulação
inadequada do pescado, desde a captura até sua comercialização são fatores que contribuem para o
desenvolvimento de micro-organismos deteriorantes e patogênicos, assim a implantação de BPF em toda
a cadeia produtiva torna-se essencial para garantir a qualidade para consumo, além de agregar valor ao
produto.
Referente aos aspectos econômicos observou-se que a origem do peixe comercializado nos
municípios de Matinha, Pinheiro e São Bento é realizada por atravessadores, correspondendo a um
percentual de 80,00%, 87,50% e 90,91%, respectivamente. Santos et al. (2005) consideram como
prejudicial esta forma de remuneração aos pescadores artesanais, pois, esses estabelecem um elo entre a
produção e a comercialização, reduzindo os lucros de cada trabalhador.
a
c
b
d
Figura 1- Condições dos locais que comercializam pescado nos municípios da Baixada Maranhense. (a)
coleta de informações a partir do preenchimento dos questionários. (b) evisceração do pescado utilizando
equipamentos de madeira. (c e d) comercialização do pescado sem utilizar caixa térmica e/ou gelo para
conservação. Fonte: Registro da pesquisa, 2014.
Em relação a importância da pesca artesanal como fonte de renda para as famílias desses
municípios, destaca-se que 90,00% dos entrevistados, em Matinha, 87,50%, em Pinheiro e 90,91% em
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São Bento não possuem outra atividade de renda complementar à obtida na pesca e/ou comercialização do
pescado. A pesca artesanal está presente na história do país desde os tempos da colônia e se classifica
como uma das atividades econômicas mais antigas e mais tradicionais do Brasil. Segundo Rodrigues
(2011), a pesca é uma importante fonte de renda, obtendo uma ocupação importante no contexto
socioeconômico, além de ser um meio subsistência e de fortalecimento da economia local.
Quanto as espécies de peixes comercializadas nessa região, verificou-se que as principais,
são: traíra (Hoplias malabaricus), tambaqui (Colossoma macropomum), piaba (Astyanax bimaculatus),
piau (Leporinus spp) e tilápia-do-nilo (Oreochromis niloticus) onde no munícipio de Matinha, 70,00%
são comercializadas evisceradas. Os preços praticados no comércio de pescado de Matinha apresentaram
pouca variação, oscilando entre R$8,00/kg (oito reais por quilo) a R$10,00/kg (dez reais por quilo). Já no
comercio de Pinheiro e São Bento foi observado uma maior variedade de especies de peixes e de preços,
praticados, oscilando entre R$5,00/Kg (cinco reais por quilo) a R$12,00/Kg (doze reais por quilo).
No que se refere aos resíduos gerados com a evisceração do peixe, verificou-se que 62,50%
do quantitativo dos resíduos produzidos em Pinheiro, 60,00% dos resíduos de Matinha e 81,82% dos
resíduos de São Bento são de responsabilidade da prefeitura que realiza a coleta e descarte para os lixões.
A outra parte dos resíduos produzidos são destinados, principalmente, a alimentação de animais como
suínos e patos, o que torna evidente a necessidade de trabalhos que incentivem o aproveitamento dos
resíduos e promoção de educação sanitária. Além do resíduo gerado durante o processo de manipulação
do peixe, ocorre durante a comercialização um desperdício significativo relacionado ao descarte de
exemplares de peixes de pequeno porte, que vêm como fauna acompanhante. Segundo Viegas (2015), a
utilização das sobras dos processamentos é um procedimento importante, haja vista que, além de
minimizar o impacto negativo ao meio ambiente pode gerar novos produtos, aumentando a renda do
pescador.
Conclusões
As informações obtidas a partir dos questionários aplicados nos permite inferir que nos municípios
de Matinha, Pinheiro e São Bento, os locais para comercialização de peixe não dispõem de infraestrutura
física e utensílios adequados e apresentam condições higiênicas insatisfatórias para manipular e/ou
comercializar o peixe. Além disso, as medidas de boas práticas de fabricação e condições adequadas de
manipulação, armazenamento e conservação dos peixes devem ser adotadas rigorosamente, uma vez que,
na presente pesquisa demonstraram serem medidas eficazes na comercialização de um alimento com
qualidade.
Literatura citada
- CARVALHO, E.D.; NOVAES, J.L.C. Artisanal fisheries in a Brazilian hypereutrophic reservoir: Barra
Bonita Reservoir, Middle Tietê River. Brazilian Journal Biology, v. 71, n. 4, p. 821-832, 2011.
-MAIA. M. P. S. Estudo da cadeia produtiva e da qualidade higienicossanitária das espécies de peixes
nativos comercializadas em feiras e mercados de cinco municípios da Baixada Maranhense. 212 p.
Dissertação. Mestrado em Ciência Animal. Universidade Estadual do Maranhão, 2013.
-PETRERE Jr., M.; WALTER, T.; MINTE-VERA, C. V. Income evaluation of small scale fishers in two
Brazilian urban reservoirs: Represa Billings (SP) and Lago Paranoá (DF). Brazilian Journal of Ecology,
v.66, n.3, p.817-828, 2006.
-SANTOS, M.A.S., GUERREIRO FILHO, M.C.S., NEVES, P.R.S., AGUIAR, C.G.G. Análise
socioeconômica da pesca artesanal no Nordeste Paraense. Anais. In: XLIII CONGRESSO DA SOBER.
Ribeirão Preto, 2005.
-RODRIGUES, J. A., GIUDICE, D. S. a pesca marítima artesanal como principal atividade
socioeconômica: o caso de conceição de Vera Cruz, BA. Cadernos do Logepa v. 6, n. 2, p. 115‐139,
jul./dez. 2011.
VIÉGAS, E. M. M. Técnicas de Processamento de Peixes. Disponível em:
http://www.cpt.com.br/cursos-criacaodepeixes/artigos/tecnicas-de-processamento-de peixes. Acesso em:
10 de julho de 2015.
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