PCTBRA/IICA/09/009 Projeto socioprodutivo de manejo, produção e comercialização de peixes no Parque Aquícola Breu Branco III PROJETO BÁSICO Consultor: Francisco das Chagas de Medeiros setembro de 2013 Projeto socioprodutivo de manejo, produção e comercialização de peixes no Parque Aquícola Breu Branco III (Projeto Básico) Lista de abreviaturas utilizadas ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas ADEPARA - Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Pará APA - Área de Proteção Ambiental CADU – Cadastro Único (Governo Federal – MDS) CGP – Conselho Gestor do Projeto CMB – Comissão Mundial de Barragens CNAE–Cadastro Nacional de Atividades Economicas CNPq – Conselho Nacional de Pesquisa COOPAB – Cooperativa Mista dos pescadores, trabalhadores rurais, urbanos e extrativistasdo Lago da UHE TucuruiLtda COOPAT– Cooperativa dos Pescadores Artesanaise Aquicultores de Tucurui. EMATER – Empresa de Assistência Técnica Rural EPI – Equipamento de Proteção Individual EVTE – Estudo de Viabilidade Técnica e Econômica GTE – Gerência Técnica e Executiva Ha – Hectares (= 10.000 m2) IBAMA – Instituto Brasileiro de Meio Ambiente ICMBio - Instituto Chico Mendes de Proteção à Biodiversidade IICA – Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura INMETRO – Instituto Nacional de Pesos e Medidas INPA – Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia MEI – Micro Empreendedor Individual MPA – Ministério da Pesca e Aquicultura PE – Projeto Executivo 2 PIB – Produto Interno Bruto PVC – Polivinil Carboneto RESEX – Reserva Extrativista RDS - Reservas de Desenvolvimento Sustentável SEMA - Secretaria de Meio Ambiente do Estado do Pará SEPAQ - Secretaria de Pesca e Aquicultura do Estado do Pará TCCE - Termo de Compromisso de Cooperação e Entregas UC – Unidades de Conservação UV – Raios utlra-violeta UHE – Usina Hidroelétrica USD – Dólares americanos VAB - Valor Adicionado Bruto ZPVS - Zonas de Proteção da Vida Silvestre 3 Lista de imagens, mapas e tabelas Pagina Mapa 01 Território do Entorno da UHE Tucuruí – Montante/Jusante 14 Mapa 02 Unidades de conservação do lago 17 Figura 1 Produção pesqueira nas três áreas nas fases de pré- 19 enchimento (1981) e pós-enchimento (1988, 1989 e 1998) Tabela 1 Desembarque, em toneladas, por porto e por espécie com 20 participação superior a 5% do total, em 2011, segundo levantamentos próprios da Eletronorte Figura 2 Participação relativa dos grupos de espécies nas três áreas 21 antes e depois do fechamento da barragem Figura 3 Relação das 10 espécies mais importantes nas capturas 23 experimentais de cada região pré-enchimento Figura 4 Participação relativa das diferentes categorias tróficas nas 23 três áreas, antes e depois do fechamento da barragem Imagem 1 Imagem aérea e mapa da ciade de Tucuruí – PA 26 Foto 1 Palafitas e ruelas onde moram famílias de pescadores na 27 cidade de Tucuruí – julho de 2012. Contracena para um desenvolvimento do PIB municipal de 12% a.a. no período de 91-2000. Foto 2 Crianças convivem com o esgoto a céu aberto – junho/2012 28 Foto 3 Cenas da vida dos pescadores às margens do lago Tucuruí – 28 junho/2012 Foto 4 Parque Aquicola Breu Branco III – 167 tanques-rede 29 instalados em 2010 Foto 5 Distribuição dos peixes aos beneficiários da COOPAB – 33 Venda a Conab Foto 6 Distribuição dos peixes pela COOPAT – Venda no mercado 33 4 Tabela 3 Composição das famílias dos pescadores considerando sexo 38 e faixa etária Tabela 4 Apetrechos de pesca existentes no universo de 296 39 pescadores entrevistados Tabela 6 Produção levantada, em toneladas, de tambaquí e caranha 44 em Belem, Maraba e Tucuruí, em maio e junho de 2012 Foto 7 Tanque-rede com estrutura de ferro galvanizado utilizado no 62 Parque Aquícola Breu Branco III Foto 8 Comedouro em azul 63 Foto 9 Posicionamento dos tanques-rede 63 Foto 10 Balsa de manejo com espaço para 1 tanque-rede 75 Figura 5 Principais espécies comercializadas nos supermercados de 76 Brasília Foto 11 Boxes para comercialização do pescado no Mercado Municipal de Tucuruí investimento publico estimulando o consumo local conforme estabelece a Lei Organica do Município 78 Fluxograma 1 Os ambientes de gestão do projeto 90 Fluxograma 2 Adesao e participação social no projeto e seus resultados na 91 fase de consolidação Fluxograma 3 O ciclo de implantação do projeto 96 Tabela 9 Contrapartidas já aportadas pelos parceiros ao projeto 99 5 Lista dos anexos ANEXO A – Desenhos/fotos de Equipamentos ANEXO B – Planilhas do Estudo de Viabilidade Técnica e Econômica ANEXO C – Planilhas de controle de Produção/Manejo ANEXO D - Layouts das novas estruturas de apoio e remodelagem necessárias ANEXO E – Fluxos dos produtos à base de pescado ANEXO F- Listagem atualizada dos beneficiários cessionários do Projeto de Piscicultura Breu Branco III 6 RESUMO EXECUTIVO Titulo do Projeto Objetivo Geral Objetivos Específicos Projeto socioprodutivo de manejo, produção e comercialização de peixes no Parque Aquícola Breu Branco III Desenvolver um arranjo socioprodutivo de piscicultura em tanquesrede, no Parque Aquícola Breu Branco III, considerando as características sociais, econômicas e ambientais específicas, os riscos, as diretrizes técnicas e mediante o aporte de meios tecnológicos, físicos, humanos e financeiros necessários, de modo a impulsionar uma fonte adicional de renda para cerca de 319 famílias de pescadores cessionários. Fato-Problema População atendida Instalar e operar um sistema socioprodutivo de peixes baseado (tambaqui, pirapitinga e piabanha) em um pacto de responsabilidade por cotas de tanques-rede, aportes de trabalho e divisão dos resultados financeiros, com 319 famílias de pescadores; Produzir e comercializar 1.050 toneladas de peixes e subprodutos, por safra; Contribuir com a solução da pobreza, com o incremento de renda familiar em R$ 7.381,96/ano e, ao longo dos 5 anos de duração do projeto. Apropriar e replicar conhecimento tecnológico de manejo, produção, processamento e comercialização das espécies produzidas como referência para piscicultura em lagos de UHE no Brasil. Localização do projeto Segundo o Cadastro Único do Governo Federal (CADU, 2012), verifica-se que aproximadamente 70% da população dos 12 municípios se encontram “no limite da pobreza” e pelo menos 40% estão “no limite da extrema pobreza”. Considerando a composição das atividades econômicas, segundo estimativas do MPA (2012),entre 25 e 30 mil pessoas fazem da pesca a sua principal atividade neste território. Destas, 600 famílias estão localizadas nos municípios de Tucuruí e Breu Branco e 319 são indicadas como participantes e beneficiárias diretos do presente projeto 319 famílias de pescadores removidas das áreas da construção das eclusas da UHE Tucurui. – 894 pessoas: 166 com idade até 10 anos, 197 entre 10 e 18 anos; 432 pessoas na faixa etária de 18 a 50 anos e 96 pessoas acima de 50 anos. Base social no município de Tucurui e física (Parque Aquícola Breu Branco III) no município de Breu Branco, ambos no Estado do Pará. Proponentes/Beneficários Comunidade e cooperativas pescadores do Parque Aquícola Breu Branco III. Instituições parceiras Eletrobras-Eletronorte Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA) Secretaria da Pesca e Aquicultura do Pará Prefeitura Municipal de Tucurui Prefeitura Municipal de Breu Branco EMATER-PA IICA (Cooperação Técnica) Estratégia de produção Instalação progressiva de 2.300 Tanques-Rede, mediante um sistema de distribuição de cotas por família/pescador e um arranjo de gerenciamento das atividades e gestão do projeto. Custo Geral Equiapamentos R$ 2.216.756,93 Obras civis: R$ 2.797.810,26 Insumos: R$ 5.663.326,71 Pessoal: R$ 1.472.859,40 Total R$ 12.150.753,30 Renda per capta anual projetada Entre R$ 7.381,96 e R$ 9.057,10 /beneficiário/ano. Geração de 45 empregos diretos. 7 Sumário Projeto socioprodutivo de manejo, produção e comercialização de peixes no Parque Aquícola Breu Branco III .....................................................................................................1 Projeto socioprodutivo de manejo, produção e comercialização de peixes no Parque Aquícola Breu Branco III (Projeto Básico) .......................................................................2 Lista de abreviaturas utilizadas ...................................................................................................2 Lista de imagens, mapas e tabelas.............................................................................................4 Lista dos anexos ............................................................................................................................6 RESUMO EXECUTIVO ................................................................................................................7 1. APRESENTAÇÃO: .............................................................................................................10 2. OBJETIVO GERAL ................................................................................................................13 3. OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................................................13 4. PRAZOS ..............................................................................................................................14 5. CONTEXTO E ANTECEDENTES ...................................................................................14 5.1. O território do entorno do lago da UHE Tucuruí ....................................................... 14 5.2. Áreas de proteção e alto interesse ecológico ........................................................... 17 5.3. Histórico da atividade de pesca e piscicultura no Rio Tocantins e no lago de Tucurui .................................................................................................................................... 18 5.4. A ictiofauna da Bacia Hidrográfica do Rio Tocantins e do Lago de Tucuruí ....... 21 5.5. O problema socioeconômico direto a ser mitigado e atipologia das famílias dos pescadores participantes do projeto. ................................................................................. 25 5.6. O marco legal e os processos de licenciamento ambiental e da legitimação territorial do parque aquícola. .............................................................................................. 28 5.7. A experiência com o “Projeto Ipirá”............................................................................. 29 6. OS ESTUDOS TÉCNICOS DE VIABILIDADE...............................................................32 6.1. Aspectos preliminares ................................................................................................... 32 6.2. A produção e resultados econômicos alcançados no Projeto Ipirá ....................... 32 6.3. As condicionantes do projeto e os cenários futuros do mercado........................... 33 6.4. Alguns impactos positivos esperados para o projeto ............................................... 34 6.5. A tipologia social e inter-relações positivas e limitantes.......................................... 37 6.6. O ambiente institucional regional ................................................................................ 39 7. ANÁLISE DE RISCOS .......................................................................................................40 7.1. O fator eleição das espécies e das opções tecnológicas ................................... 40 7.2. O fator adesão social na produção e gestão ........................................................ 41 8 7.3. O fator localização geográfica da base física do projeto em relação aos beneficiários ........................................................................................................................... 42 7.4. O fator garantias do financiamento......................................................................... 42 7.5. O fator distribuição dos resultados financeiros e constituição de fundos rotativos para reinvestimento, amortização e/ou incremento da produção .................. 42 7.6. O fator mercado ......................................................................................................... 43 7.7. O fator arranjo institucional de apoio ...................................................................... 46 7.8. O fator estratégias de desenvolvimento de tecnologias sustentáveis de produção, no médio e longo prazo. .................................................................................... 46 7.9. 8. O fator gestão profissional. ...................................................................................... 47 A ESTRATÉGIA DO PROJETO .......................................................................................48 8.1. Formato geral do fluxo executivo ................................................................................ 48 8.2. O modelo básico do manejo e produção ................................................................... 51 8.3. Agregação de valor e comercialização da produção ............................................... 72 8.4. Capacitação e Assistência Técnica ........................................................................... 81 9. O MODELO DE GESTÃO ......................................................................................................86 9.1. Aspectos gerais.............................................................................................................. 86 9.2. Os Ambientes de Gestão do Projeto: ......................................................................... 87 9.3. Os instrumentos de contratação e gestão ................................................................. 91 9.4. A fase de “pré-investimento” - pactuação do Sistema de Gestão do Projeto e o primeiro ciclo de produção ................................................................................................... 92 10. OS MEIOS E OS CUSTOS ...............................................................................................94 10.1. Os custos no Componente de Produção ........................................................... 94 10.2. Os custos no componente Capacitação e Assistência Técnica..................... 97 10.3. Custos no Componente de gestão e administração ................................................ 99 10.4. Planilha geral de custos .......................................................................................... 100 10.5. Custos no Componente Processamento e Comercialização ....................... 103 10.6. Resultadodo investimento, custeio, receita e lucro da unidade de produção e de processamento de pescado. ..................................................................................... 106 10.7. Contrapartidas gerais .......................................................................................... 106 10.8. Resumo geral do orçamento: ............................................................................ 108 11. BIBLIOGRAFIA .................................................................................................................108 12. ANEXOS ............................................................................................................................110 9 Parte I 1. APRESENTAÇÃO: No território do entorno do lago da Usina Hidrelétrica de Tucuruí observa-se uma combinação de dois fatores: de um lado um grupo populacional padecendo de sérios problemas típicos do desenvolvimento humano e, em certa medida, dependente dos recursos pesqueiros para o seu sustento e renda, e de outro lado, uma vantajosa oportunidade de renda cujo sucesso depende do domínio das ferramentas tecnológicas avançadas de exploração da piscicultura. Os cenários de investimentos internacionais e a crescente evolução da produção, demanda e mercado da piscicultura no Brasil são reveladores dessa oportunidade. Esta combinação é simultaneamente motivação e condicionante do projeto de manejo e produção de peixes aqui apresentado, selecionado como uma das opções que concorrem para impulsionar, de modo direto, a melhoria da qualidade de vida de 319 famílias e cerca de 1000 pescadores e, indiretamente, para adicionar valores à economia dos municípios, conforme a descrição deste documento irá demonstrar. De partida é importante ressaltar que o projeto aqui descrito não parte do “marco zero”, pois decorre do acúmulo de oito anos de investimentos públicos, sob a coordenação da Eletrobras-Eletronorte, com processos de preparação das exigências ambientais (estudos de impactos ambientais e licenciamento dos parques aquícolas), de legitimação do direito de usufruto com o devido processo de licitação dos lotes e, por fim, da experiência de 319 famílias de pescadores no esforço de dominar novos conhecimentos de manejo e produção intensiva de peixes com a aplicação do sistema de tanques-rede. Sob a orientação de referências que foram agregadas com os estudos técnicos feitos no decorrer do ano de 2012, por meio da cooperação técnica do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), a experiência tomará novo impulso mediante a introdução de métodos e técnica que aperfeiçoarão o aproveitamento de oportunidades no mercado e de distribuição das responsabilidades sociais em toda a cadeia produtiva. Este é o objetivo e escopo do projeto que será descrito e detalhado em dois documentos: o Projeto Básico (PB) e o Projeto Executivo (PE). Antes de apresentar o percurso do Projeto Básico propriamente dito, é importante antecipar que a descrição do mesmo em dois documentos típicos não é mero capricho de técnica, mas cumpre a função de situar, em primeiro plano, aspectos integrados do cenário onde a realidade e o problema ocorrem, com quem ocorrem e os caminhos escolhidos para a saída, ante as ameaças e as probabilidades de maior êxito e, em um segundo plano, adentrar na exposição das técnicas, meios e prazos da sua execução. 10 Tal divisão em dois documentos empresta a técnica dos projetos que demandam decisivo investimento público. Por ela o Projeto Básico é elaborado focando as indicações dos estudos técnicos preliminares, apresentando a realidade e problemas, as condicionantes da viabilidade técnica, o tratamento ambiental do empreendimento, os elementos que possibilitem a avaliação do custo, a projeção dos métodos, meios e os prazos da sua execução. Portanto o PB é focado no desenvolvimento da estratégia geral (matriz lógica) e o PE no detalhamento dos meios operacionais e custos de sua execução. Esta linha de entendimento decorre da aplicação da lei 8.666, de 21 de junho de 1993, no art 6º, inciso IX, quando declara que o Projeto Básico é “o conjunto de elementos necessários e suficientes, com nível de precisão adequado, para caracterizar a obra ou serviço, ou complexo de obras ou serviços que serão objeto de contração de recursos públicos”. Obviamente este não é um projeto essencialemtne de obras, o é mais de um arranjo de uma cadeia produtiva onde fatores de bens e equipamento terão função estruturante. Pela mesma definição legal o PE é o detalhamento das suas medidas executivas propriamente ditas, com a descrição pormenorizada e quantificada das unidades de ações, custos e prazos. Assim, por exemplo, os atos de compra só poderão ser executados mediante a combinação do PB com o PE. Assim, a principal diferença em relação ao Projeto Básico é que neste já se tem superada a caracterização do contexto, justificativas, salvaguardas e as condicionantes, para naquele se dedicar ao detalhamento das técnicas, os meios e às unidades da sua execução. Por consequência, mesmo que aspectos ambientais, sociais, econômicos, etc. voltem a ser considerados no PE, isto só se fará para focar as métricas executivas. No roteiro do Projeto Básico que agora é apresentado, a primeira descreverá o contexto territorial e socioeconômico do projeto, com consideração do quadro social e do problema socioeconômico a serem mitigados, os aspectos do ambiente ecológico e da experiência antecedente com a atividade de piscicultura. Na segunda parte fará uma abordagem resumida dos estudos técnicos que fundamentam e orientam a iniciativa, considerando as vertentes de viabilidade econômica, as variáveis do mercado regional e os fatores associados à agenda específica com a EletrobrásEletronorte e a tipologia social construída com o público direto do projeto. Na terceira parte serão tratados os fatores de risco, tanto os externos, como aqueles associados aos recursos pesqueiros, os ambientais, do mercado e o aporte de recursos dos patrocinadores, quanto os internos, como os fatores associados à capacidade de organização dos atores para operar o arranjo produtivo, a gestão profissional e a administração do projeto. 11 Encerrando a sessão de estudos e exposição do contexto e da segurança do projeto, na quarta parte este documento apresentará os possíveis cenários para o desenvolvimento da atividade, destacando e recomendando o mais favorável. Na quinta parte é esclarecida a estratégia do desenvolvimento das ações e de toda a matriz lógica do projeto, com a descrição do sistema de manejo das espécies e da produção, o modelo de negócios e a estratégia de processamento dos produtos, a abordagem da ocupação do mercado e o modelo de capacitação e assistência técnica integrada. Ainda que seja parte integrante da estratégia, o modelo de gestão pactuado com os autores está pormenorizado em um novo item. Na sexta parte ele será descrito e conterá os diversos ambientes de tomadas de decisão, o arranjo jurídico-institucional que o acolherá, além do fluxograma da sua execução. Na sétima parte serão apresentadas as estimativas dos meios físicos, humanos e financeiros, a declinação dos custos no componente Produção, Comercialização, Capacitação e Assistência Técnica/Gestão e Administração, incluindo as contrapartidas e, por fim, a planilha geral dos custos. A oitava parte encerra o documento com a apresentação dos anexos que detalham as informações, com planilhas de estimativas de custos, desenhos técnicos de equipamentos básicos e as plantas baixas de obras civis. Por fim vale registrar que embora uma síntese técnica, este documento resulta de 15 meses de coleta de dados, principalmente os primários, consultas ao público diretamente implicado e instituições parceiras. E seu desenho decorre de uma matriz pactuada em oficinas e reuniões de trabalho. A última ocorrida no dia 12 de agosto de 2013, quando o representes da Superintendência de Meio Ambiente da Eletrobras-Eletronorte e do Organismo de Cooperação Técnica estiveram com os pescadores para apresentar e discutir a minuta deste documento. 12 2. OBJETIVO GERAL Desenvolver um arranjo socioprodutivo de piscicultura em tanques-rede, no Parque Aquícola Breu Branco III, considerando as condicionantes sociais, econômicas e ambientais específicas, os riscos, as diretrizes técnicas e mediante o aporte de meios tecnológicos, físicos, humanos e financeiros necessários, de modo a impulsionar uma fonte adicional de renda para cerca de 319 famílias de pescadores cessionários. 3. OBJETIVOS ESPECÍFICOS Instalar procedimentos de organização e gestão social para operar um sistema socioprodutivo de peixes baseado em um pacto de divisão de cotas de tanquesrede, aportes de trabalho e dos resultados financeiros, com 319 famílias de pescadores; Produzir e comercializar 1.050 toneladas de peixes e subprodutos, por safra; Contribuir com a solução da pobreza, com o incremento de renda familiar em R$ 7.381,96/ano1 e, ao longo dos 5 anos de duração do projeto. Apropriar e replicar conhecimento tecnológico de manejo, produção, processamento e comercialização das espécies tambaqui e pirapitinga, com o indicativo para se transformar em experiência piloto de referência em arranjo socioprodutivo autônomo em sistema de tanques-rede, com comunidades de pescadores em parques aquícolas instalados em lagos de empreendimentos hidrelétricos no Brasil. 1 Baseado na distribuição anual de R$ 1.170.146,00 (um milhão cento e setenta mil, cento e quarenta e seis reais) auferidos pelo lucro de 35% na entrega da produção à Indústria, mais R$ 1.184.701,00 (um milhão, cento e oitenta e quatro mil, setecentos e um reais e sessenta) pela comercialização anual dos produtos com valor agregado. O valor refere-se ao total de R$ 2.354.847,00 divididos por 319 beneficiários. Entretanto, os levantamentos realizados pela equipe do Prof. Ribamar Furtado em 2012 no qual apenas 260 famílias/beneficiários foram localizados sugere que este número deva ser revisado. Caso sejam 260 o lucro anual para cada salta para aproximadamente R$ 9.057,10/ano. É importante destacar também que vários beneficiários ocuparão os empregos gerados na indústria (42 das 45 vagas) e para o desempenho de suas funções receberão salários compatíveis com o mercado, como mostra a Tabela “Custos Fixos” no EVTE apresentado no Anexo B, totalizando aproximadamente R$ 1,1 milhões de reais/ano. 13 4. PRAZOS O projeto tem o prazo de 05 anos a contar do seu primeiro desembolso, sendo o primeiro ano de pré-investimentos para viabilizar a transição do modelo atual desassistido para o primeiro ciclo de produção assistida sob as orientações descritas no projeto. 5. CONTEXTO E ANTECEDENTES 5.1. O território do entorno do lago da UHE Tucuruí O território formado pelo espaço de entorno da UHE Tucuruí tem uma área de 51,1 mil quilômetros quadrados, constituída pelo perímetro de 12 municípios paraenses (vide tabela e mapa abaixo), conformando 4,1% da área total do Estado do Pará. Reúne uma população de 652.182 habitantes, algo próximo de 8% de toda a população paraense, divididos de forma muito desigual entre os 12 municípios que constituem o território. Os municípios da sub-região a montante representam 78,1% da área total do Território e agrupam 57,3% da população regional, embora o município mais populoso de todo o território seja Cametá com 19,3% da população total, quase metade dos habitantes dos cinco municípios a jusante. O maior município da sub-região montante em área é Novo Repartimento com 15,4 mil quilômetros quadrados, representando 38,6% da área total da sub-região e uma extensão maior que toda a área dos municípios da sub-região a jusante (11,2 mil quilômetros quadrados). 14 Mapa 01 – Território do Entorno da UHE Tucuruí – Montante/Jusante Fonte : Google Earth Lém da agropecuária que é predominante, a exploração da madeira, do açaí e da pimenta do reino são os carros-chefe da economia regional. Tem havido um crescimento significativo da pecuária, com o rebanho bovino crescendo 14% ao ano a montante - de 2000 a 2009 – e 6,5% ao ano a Jusante. Segundo análises produzidas por Multivisão (2012), o PIB do Território da UHE alcançou, em 2008, cerca de R$ 4,37 bilhões, maior parte dos quais concentrados na sub-região a montante, principalmente no próprio município sede da hidrelétrica, Tucuruí. Apesar do território ter apresentado um rápido crescimento da economia da sub-região a montante, graças à concentração de investimentos nos municípios de Tucuruí (UHE), em todo o território se manifestam grandes deficiências típicas do desenvolvimento humano. Embora não necessariamente diretamente associados ao fator econômico, chamam a atenção os níveis de desmatamento da cobertura florestal registrados nos municípios, em 2010. Na maioria dos municípios o desmatamento superou 50% dos seus territórios, sendo que Breu Branco, Nova Ipixuna e Jacundá já desmataram cerca de 70% de suas áreas. Na observação da realidade socioeconômica, tomando como referência os dados do Cadastro Único do Governo Federal (CADU, 2012), verifica-se que aproximadamente 70% da população dos 12 municípios se encontram “no limite da pobreza” e pelo menos 40% estão “no limite da extrema pobreza”. Considerando a composição das atividades econômicas, segundo estimativas do MPA (2012),entre 25 e 30 mil pessoas fazem da pescaa sua principal atividade neste território. 15 Destas, 600 famílias estão localizadas nos municípios de Tucuruí e Breu Branco e 319 são indicadas como participantes e beneficiárias diretos do presente projeto. Nas últimas décadas, como resultado de uma crescente preocupação com a conservação dos recursos florestais e da biodiversidade da Amazônia, têm sido realizados esforços para conter e minimizar os impactos antrópicos na região. Além dos projetos ambientais da própria Eletronorte, o Ministério do Meio Ambiente, em parceria com o Governo do Estado, implantaram áreas de reservas e delimitaram espaços prioritários para conservação da biodiversidade. De modo geral, o território conta ainda com grandes reservas naturais e florestais com elevada biodiversidade e belezas naturais; merece uma referência especial o lago formado pela hidrelétrica que confere ao território um potencial para o turismo, especialmente para pesca esportiva, e para a piscicultura, atividades ainda muito pouco exploradas. No campo das políticas de desenvolvimento regional o MPA tem direcionado a sua atenção para a região e o entorno do lago da UHE Tucuruí é tratado como área prioritária de investimentos dentro da estratégia de implantação dos parques aquícolas e fomento à produção através do Plano Safra-2013. Estudos fora do eixo da economia tradicional sugerem que a melhor aplicação de regras de valoração econômica para os bens comuns (da natureza) poderiam produzir melhores resultados, tanto para as pessoas, como para a própria natureza, dentro de ciclos de relação de uso e reposição sustentável. Esta é uma questão que orienta o planejamento para ações que possam incrementar o esforço público de combate às causas e os efeitos da pobreza numa região onde os recursos naturais são fatores expoentes, como é o caso do entorno do lago da UHE Tucuruí. Nesta perspectiva a introdução de técnicas inovadoras de manejo, produção e comercialização de pescado no lago de Tucuruí oferece uma forte alternativa de composição da renda para as comunidades que são beneficiárias e participantes do projeto, conforme os estudos técnicos apontaram e este documento de projeto descreverá. 16 5.2. Áreas de proteção e alto interesse ecológico Mapa 02 – Unidades de Conservação do Lago Fonte: SEMA- PA, apud Araújo, 2008. Conforme pode ser observado no Mapa 02, no ambiente mais próximo do reservatório da UHE Tucuruí foi criado, pela Secretaria de Meio Ambiente do Estado do Pará (SEMA), com base na Lei Nº 6.451 de 08/04/2002, um mosaico de unidades de conservação. Este mosaico é formado pela Área de ProteçãoAmbiental (APA) do Lago de Tucuruí, com 568.667,00 ha, pelas Reservas de Desenvolvimento Sustentável (RDS), Alcobaça, com 36.128,00 ha, e Pucuruí-Ararão, com 29.049,00 ha, e pelas Zonas de Proteção da Vida Silvestre- ZPVS. O mosaico ocupa extensões de terras localizadas nos municípios de Breu Branco, Goianésia do Pará, Itupiranga,Jacundá, Nova Ipixuna, Novo Repartimento e Tucuruí. As RDSs Alcobaça e Pucuruí-Ararão, localizadas nos municípios de Tucuruí e Novo Repartimento, por definição legal (Lei nº6.851 de 08/04/2002), criadas e destinadas ao uso sustentável de populações tradicionais. No perímetro da área de domínio patrimonial da Eletronorte foi criado Parque Ecológico e Lazer da UHE-Tucuruí, cujo objetivo é a proteção das paisagens naturais, o resguardo das características excepcionais da natureza, edificações históricas, e recuperação de 17 áreas degradadas, principalmente nas que ofereceram matéria prima para a construção da usinae que serviram de base para instalação dos primeiros escritórios e almoxarifados, próximos ao canteiro de obras. O Parque Ecológico tem uma área de 300 ha, sendo que 200 ha estão entre o Rio Tocantins e a Estrada Porto/Canteiro e as Eclusas da UHE Tucuruí. Como espaço selecionado para abrigar um “banco de germoplasma” e garantir a conservação de material genético para uso futuro, uma Ilha de Germoplasma foi criada a 3 km da barragem de Tucuruí, com extensão de 129 ha. Esta área possui dois bancos de material genético: um formado por representantes de espécies da floresta nativa remanescente (in situ) e outro (ex situ) resultado da coleta e plantio de sementes oriundas de toda a área alagada pelo lago deTucuruí. Cerca de 15.000 árvores de 46 espécies diferentes se encontram preservadas no local. Duas Zonas de Proteção da Vida Silvestre- ZPVS (3 e 4) foram criadas. Nelas foram libertados os exemplares da fauna resgatada na chamada Operação Curupira – ocorridanas prévias do enchimento do reservatório, quando ocorreu o resgate de representantes de espécies vegetais e animais do local. Além das citadas UCs que estão mais próximas da área de influência direta do Lago da UHE, também existe, no Município de Baião, a Reserva Extrativista (RESEX) de IpaúAnilzinho, criada pelo Instituto Chico Mendes de Proteção à Biodiversidade (ICMBio), com extensão de 55.816 ha, conforme o Decreto de 14.06.05 - DOU 15.06.2005. Ainda uma Área de Relevante Interesse Ecológico "Reserva Ecológica Pedro da Mata", de domínio municipal de Itupiranga, com 3.521 ha, criado pelo Decreto Municipal nº31, de 28/06/2005. Como se observa, no entorno imediato ao Lago da UHE são encontradas várias áreas de alta sensibilidade, restrições de uso e apelo ecológico. Se por um lago existem as áreas de restrição de uso, por outro lado duas RDS e uma RESEX estão disponíveis para identificar, planejar e implantar soluções de gestão do uso, inclusive econômico, pelas comunidades. 5.3. Histórico da atividade de pesca e piscicultura no Rio Tocantins e no lago de Tucurui A pesca no rio Tocantins sempre foi uma das principais fontes de recursos para a região antes da construção da represa e do recebimento dos royalties devido a geração da 18 energia2. O Relatório da Comissão Mundial de Barragens (RCMB) publicado em 2000 falava em aproximadamente 1.500 toneladas anuais de produção pesqueira na região, antes do enchimento da represa. No mesmo relatório, encontramos a Figura 1 que mostra a evolução da captura (em Kg) antes e depois do enchimento, a jusante, no reservatório e a montante. Figura 1 – Produ ão pesqueira nas três áreas nas fases de pré-enchimento 19 1 e p senchimento (1988, 1989 e 1998) Fonte: La Rovere & Mendes - Relatório da Comissão Mundial de Barragens (2000). Foi observado, poucos anos após o enchimento, um incremento na captura da região. Camargo (2002) corrobora o gráfico ao informar que as pescarias no reservatório da UHE-Tucuruí na década passada envolviam cerca de 6.000 pescadores que desembarcavam aproximadamente de 3.000 toneladas de peixe ao ano que, por sua vez, movimentaram em torno de R$ 4,2 milhões. A atividade, à época, concentrava-se em três espécies principais: tucunaré Cichla monoculus (capturada com anzol), pescada Plagioscion squamosissimus (capturada com rede e/ou anzol) e mapará Hypophthalmus marginatus (capturada com rede). Através de modelos matemáticos o autor concluiu que caso a população de pescadores da represa aumentasse na ordem de 10% ao ano, os estoques pesqueiros entrariam em declínio em 2001 e, em 2005, iniciaria a sobrepesca. 2 Em 2012, para uma geração de 41 milhões de kWh em suas quatro hidrelétricas: Tucurui (PA), Coaracy Nunes (AP), Samuel (RO) e Curuá-Una (PA), a Eletrobras-Eletronorte pagou R$ 199,8 milhões de royalties, segundo informações da ELN publicadas no site: http://www.eln.gov.br/opencms/opencms/modulos/noticia/noticia_0653.html?uri=/modulos/home_n oticias.html 19 Contudo, este cenário não foi confirmado. Levantamentos de desembarque continuaram a ser feitos pela equipe da Eletronorte nos anos seguintes. O tucunaré, a pescada e a curimatã seguem representando bons desembarques (totalizando 1.099 toneladas só em 2011), mas o Mapará passou a predominar (2.801 t). Na Tabela 2, a seguir, vemos os desembarques de 2011 nos portos de Tucurui (Km 11), Santa Rosa, Porto Novo (Jacundá), Itupiranga e Marabá, das principais espécies capturadas na atualidade. Tabela 1 – Desembarque, em toneladas, por porto e por espécie com participação superior a 5% do total, em 2011, segundo levantamentos próprios da Eletronorte. Porto Sub-Total Mapará KM 11 – Tucurui 2404 1370 Santa Rosa 1125 626 Jacundá 823 263 Itupiranga 712 463 Marabá 118 79 Total 5182 2801 Tucunaré Pescada 332 337 Curimatã Jatuarana 191 Porto Novo – 99 91 41 71 9 431 618 51 71 Fonte : Desembarques Eletronorte, 2011. Em valores atuais podemos estimar cerca de R$ 15.000.000,00/ano a renda bruta auferida pelos pescadores locais com a atividade, ou seja, houve um incremento real de cerca de 50% no montante e no valor da primeira venda na última década. Se por um lado a pesca incrementou sua participação na economia dos municípios situados à montante da barragem, o mesmo não foi verificado naqueles situados à jusante, em função das alterações ambientais decorrentes do represamento do rio. O relatório CNPq/INPA de 1983 citado por Camargo (2002) falava de uma produção de cerca de 13.000 Kg de peixe por Km de rio a jusante de Tucuruí, num trecho de cerca de 190 Km de extensão, resultando numa produção por volta de 2.500 toneladas/anuais. Agora, nota-se um desembarque no mesmo trecho que não supera as 500 toneladas o que representa uma diminuição de desembarques da ordem de 80% com alterações, também, no predomínio das capturas de espécies de menor valor comercial, como siluriformes,diante dos perciformes (Figura 2) e omnívoros, diante de carnívoros (Figura 4). 20 5.4. A ictiofauna da Bacia Hidrográfica do Rio Tocantins e do Lago de Tucuruí Segundo Ferreira (1993) apud La Rovere & Mendes (2000) o número de espécies de peixes encontradas no rio ocantins na área de influência da UHE Tucuruí foi de cerca de 280. A distribuição do número de espécies de peixes, por ordem, está dentro do padrão geral para a ictiofauna de água doce da Amaz nia, com os Characiformes dominando (Figura 2 . A diversidade, medida pelo ndice de hannon- eaver, variou entre 3,23 e 5,10, com média de 4,34. Estes valores estão entre os mais elevados já encontrados em rios da Amaz nia, onde os valores variam entre 0,97 e 5,35. Figura 2 - Participação relativa dos grupos de espécies nas três áreas antes e depois do fechamento da barragem Fonte: La Rovere & Mendes - Relatório da Comissão Mundial de Barragens (2000). O mesmo relat rio destaca que um fator muito importante a ser analisado numa comunidade de peixes é a equitabilidade, que é um modo de se determinar o equilíbrio das comunidades ao longo do tempo. As comunidades íctias dentro da área estudada apresentavam certa homogeneidade, medido pelo modelo log-linear de Motomura, com algumas variações sazonais, mas de modo geral as comunidades estavam em equilíbrio, com um ajustamento bom do coeficiente de correlação da reta. As pescarias experimentais nos três trechos estudados apresentaram os seguintes resultados (Figura 3) para a época do pré-enchimento: Trecho 1 (jusante reservatório): caracterizado pela abundância de mandi-peruno (Auchenipterus nuchalis), branquinha-baião (Curimata cyprinoides) e ubarana (Anodus elongatus); Trecho 2 (área a ser alagada): caracterizado pela presença abundante de branquinha-baião (C. cyprinoides), mandi-peruano (Auchenipterus nuchalis) e jatuarana (Hemiodus unimaculatus); 21 Trecho 3 (montante do reservatório): caracterizado pela abundância de cachorrode-padre (Auchenipterichthys longimanus), branquinha-baião (C. cyprinoides) e mandi-peruano (A. nuchalis). Figura 3 - Relação das 10 espécies mais importantes nas capturas experimentais de cada região pré-enchimento. Fonte: La Rovere & Mendes - Relatório da Comissão Mundial de Barragens (2000). De forma geral a estrutura trófica das comunidades íctias de preenchimento puderam ser divididas em categorias piscívoros, carnívoros, onívoros, herbívoros e detritívoros, apresentando características de ambientes naturais, embora tenham sido observadas diferen as nas propor es entre os trechos e os ambientes estudados, mas sempre carnívoros e detritívoros foram os mais frequentes a jusante detritívoros 37,9% e carnívoros 35,9% na região do futuro reservatório detritívoros (43,3%) e carnívoros 20,2% e na região montante carnívoros 41,2% e detritívoros (33,2%), como resume a Figura 4 a seguir : 22 Figura 4 – Participa ão relativa das diferentes categorias tr ficas nas três áreas, antes e depois do fechamento da barragem. Fonte: La Rovere & Mendes - Relatório da Comissão Mundial de Barragens (2000). Era esperada uma mudança na composição da ictiofauna com a constru ão da barragem. Os estudos mostraram que houve, de fato, uma diminui ão no n mero de espécies capturadas nas pescarias experimentais, de 164 para 133, equivalente a 1 , % e também uma altera ão na participa ão relativa das espécies mais frequentes, entretanto, os mesmos concluíram que as populações se apresentavam relativamente saudáveis e equilibradas (La Rovere & Mendes, 2000). 5.4.1. A ictiofauna local e seu potencial para o cultivo Dentre todas as espécies registradas no baixo Tocantins, somente algumas oferecem no presente,condições técnicas e econômicas para a produção em tanques-rede, dentre as quais destacamos: o tambaqui, a pirapitinga, o curimatá e a piabanha. As demais, ainda não se dispõem de pacotes tecnológicos que permitamseu cultivo neste sistema, porém, várias apresentam excelente potencial e em um futuro próximo poderão ser incorporados à base de produção. Uma delas, por exemplo, é o mapará, espécie de bagre cujo rendimento de filé supera os 50%. Tais índices só são encontrados em outras espécies cultivadas mundo afora após grandes esforços na área do melhoramento genético. Tambaqui O tambaqui, peixe de grande aceitação no Brasil, especialmente na região Norte e Centro-Oeste, sob o qual já existe intenso trabalho de pesquisa e desenvolvimento tecnológico por parte de Universidades, Centros de Pesquisa e da própria Embrapa. 23 Atualmente a EMBRAPA mobilizou cerca de 100 pesquisadores para o Projeto “AquaBrasil” que tem entre os objetivos desenvolver tecnologias para a cadeia de produção desta espécie. Pirapitinga Peixe também bastante apreciado na região Centro-Oeste, porém, pouco demandado no Estado do Pará. É a espécie cultivada no Projeto Ipirá, em função da proibição do cultivo do tambaqui (revogada a partir da publicação da Instrução Normativa 09 em dezembro de 2012).Ainda não conta com muitas referências vindas de outros casos de produção em tanques-rede no Brasil e, por isso, a espécie carece de tecnologias, experiências e informações acerca de seu cultivo. Curimatá Os estudos de captura de peixes no baixo Tocantins, pelos dados colhidos, sempre apresentaram o curimatá como um importante peixe na alimentação da população ribeirinha. A sua ocorrência, entretanto, variou sobremaneira de antes para depois do enchimento do Lago, devido às alterações ambientais. Sempre que possível preconizamos seu uso complementarmente à espécie-alvo principal, uma vez que o curimbatá pode prestar um serviço na manutenção da limpeza das redes dos tanques, onde, através de um pastoreio, ele retira seu alimento. Como não consomem ração, seu custo de produção é insignificante, tornando-se importante fonte de renda ou alimento quando da despesca. Piabanha Este peixe pertencente ao gênero Brycon, cuja principal habitat é as correntezas, e conforme dados levantados durante os estudos anteriores ao fechamento da barragem, tinha um nível de captura considerável, sendo na época muito apreciado pelos consumidores, conforme dados apurados junto às comunidades de pescadores do município de Tucuruí. Para atividade de piscicultura em tanque-rede, este peixe tem duas qualidades importantes: a) Tem um crescimento muito rápido na primeira fase de sua vida, até os 6 meses de idade, quando já pode ser comercializado; b) Dentre os peixes nativos acima mencionados, é o que apresenta a melhor adaptação ao sistema de cultivo em tanquerede, sendo, portanto, um dos peixes que podem ser utilizados no sistema de cultivo do Parque Aquicola Breu Branco III. Pode se enumerar diversas outras espécies de peixes, porém propõe-seaqui restringir a consideração àquelas cujas informações acerca de sua produção já sejam razoavelmente 24 conhecidas e cujo manejo possa ser implementado com resultados previsíveis e consideráveis para as metas econômicas do projeto. 5.5. O problema socioeconômico direto a ser mitigado e atipologia das famílias dos pescadores participantes do projeto. A partir dos primeiros anos da década de 80, a construção da eclusa da hidrelétrica de Tucuruí implicou na remoção de famílias de pescadores que viviam à margem do rio Tocantins, à jusante da represa. De lá para cá os pescadores intensificaram suas atividades ao pé-da-barragem, onde há maior concentração de peixes favorecida pelo barramento da represa. A construção da eclusa implicou, além da remoção de parte dos pescadores que viviam às margens do rio, no Bairro Velha Matinha, e seu afastamento do seu local de pesca, em um acordo com a Eletronorte para que a pesca ao pé-da-barragem não mais acontecesse, celebrado com a interveniência das duas cooperativas de pescadores (COOPAB e COOPAT). Há que se ressaltar que esta modalidade de pesca é proibida pela legislação e soma-se assim, a diminuição da oferta natural de pescado à jusante, a impossibilidade de realizar a pesca ao pé da barragem. Para disponibilizar alguma alternativa aos pescadores, a Eletronorte apresentou o Projeto Ipirá, que se propôs à criação de peixes pelos pescadores em tanques-rede localizados à montante da barragem, no município de Breu Branco. Os diversos problemas relacionados à concepção e implantação do referido projeto levou ao esvaziamento do mesmo e à situação de não cumprimento de seus objetivos. Neste contexto, foi desenvolvido este trabalho, no sentido de identificar os pontos de gargalos do projeto e com os grupos de pescadores estabelecer estratégias de resolução dos problemas. Na origem da negociação da solução para o reassentamento involuntário trezentas e dezenove famílias foram inscritas na lista dos participantes e beneficiários deste projeto, correspondendo a uma população total de 894 pessoas (Conforme Agenda Social e Tipologia, Furtado et al., 2012). No processo de preparação e pactuação da agenda social do projeto foram entrevistados 260 pescadores identificados e que moram nos seguintes bairros: Velha Matinha, Nova Matinha, Mangal, Getat, Jaqueira, Beira Rio eNova Conquista, todos localizados em áreas periféricas da cidade de Tucurui. 25 Imagem 01 – Imagem aérea da cidade de Tucurui– PA A população a ser atendida pelo projeto se enquadra no perfil de pobreza e extrema pobreza, conforme a caracterização socioeconômica e ambiental do entorno do lago da UHE Tucuruí (item 5.1). As imagens a seguir são amostras do padrão da qualidade de vida dessa população. Imagens da realidade dos bairros dos pescadores em Tucuruí Foto 01 – Palafitas e ruelas onde moram famílias de pescadores na cidade de Tucuruí – julho de 2012. Contracena para um desenvolvimento do PIB municipal de 12% a.a no período de 91-2000. 26 Foto 02: Crianças convivem com o esgoto a céu aberto –junho/2012 O CADU é sintomático quando informa que apenas em Tucuruí estão cadastradas 17.817 famílias para o programa Bolsa Família do Governo Federal. Foto 03 – cenas da vida dos pescadores às margens do lago Tucuruí - junho/2012 Sendo nessa perspectiva de reação ao quadro de necessidades que nasceu o projeto Ipirá e a partir dos processos de criação e regularização dos parques aquícolas foi implantado no Parque Aquícola Breu Branco III, em águas no perímetro do município Breu Branco – PA. 27 Foto 04 – Parque Aquícola Breu Branco III – 167 tanques-rede instalados em 2010 5.6. O marco legal e os processos de licenciamento ambiental e da legitimação territorial do parque aquícola. O Parque Aquícola Breu Branco III, teve duas fases de licitação pelo Ministério da Pescae Aquicultura. Na primeira fase o Edital contemplava todos os pescadores que estavam no programa de beneficiários da Eletronorte que haviam sido remanejados de suas moradias para construção da eclusa da hidrelétrica de Tucurui. Porém, após todas as fases de estudos e documentação do Parque Aquicola Breu Branco III, verificou-se que parte dos lotes no período de seca do rio ficavam fora d’água,ou seja, impossibilitados de exercer a atividade de piscicultura em tanque-rede. Neste momento ocorreu a segunda licitação onde houve cancelamento do processo anterior e novo Edital para um local que não tivesse este problema decorrente do baixo nível das águas no período de seca. A listagem dos pescadores/beneficiários cessionários segundo este novo edital está apresentada no Anexo “G”: Encontra-se no Ministério da Pesca e Aquicultura, os estudos finais para emissão definitiva de todos as cessões, após este arranjo físico ocorrido no Parque Aquicola Breu Branco III 28 Além da ação definitiva de regularização dos títulos de cessão, cabe ao Ministério da Pesca e Aquicultura, a demarcação física dos lotes, além das medidas de segurança, sinalização do perímetro e outros itens de segurança exigidos pela Marinha do Brasil e SEMA-PA. 5.7. A experiência com o “Projeto Ipirá” O presente projeto parte de dois conjuntos de experiências: uma é de natureza teóricoinvestigativa com base em informações primárias formuladas por meio de consultas e estudos técnicos realizados durante os 18 meses prévios. A segunda é de natureza empírica, que se formulou através do “aprender-fazer” durante 2,5 anos de atividades no denominado “Projeto Ipirá”, conforme se exp e a seguir. O “Projeto Ipirá” surgiu no ambiente de um acordo entre a Eletrobras-Eletronorte e as famílias de pescadores que ficaram impossibilitadas de utilizar a área onde foram construídas as eclusas da UHE Tucuruí. Em 2009 foi desenhado e a partir de 2010 deuse início a implementa ão do “Projeto de Produção Sustentável de Peixes em TanquesRede no Parque Aquícola de Breu Branco III”, com o objetivo de proporcionar alternativas de sustento à “pesca ao pé da barragem”, conforme já disto, prática que embora de alto risco e proibida, não foi abandonada pelas famílias dos pescadores. Sua agenda executiva partiu de um plano operacional básico orientado por carta de intenção, mais do que de em um projeto executivo com parâmetros e medidas técnicas suficientemente avaliadas e projetadas. Seus eixos de ações foram estabelecidos por um convênio de transferência de recursos à Secretaria de Pesca e Aquicultura do Estado do Pará (SEPAQ) que resultou na aquisição de2.600 taques-rede e outros bens de infraestrutura, pelo Ministério da Pesca e Aquicultura. Na sua primeira rodada o projeto possibilitou, de modo intermitente,o povoamento e o manejo de aproximadamente 170 tanques-rede, os quais foram rateados entre as famílias de duas cooperativas de pescadores – a COOPAB e a COOPAT. Segundo avaliações da cooperação técnica do IICA em 2012, após 28 meses de suaimplementação, estudos especializados indicaram que os esforços do projeto produziram baixo resultado direto, se tomado como referência o volume da produção efetiva e os resultados econômicos alcançados. No ano de 2012 os citados estudos técnicos realizados pela cooperação técnica do IICA(ver Parte II, item 6)avaliaram a trajetória do projeto e apontaram soluções dos 29 principais gargalos que foram identificados no que diz respeito aos processos de manejo, produção, soluções de mercado e gestão administrativa e social. Daqueles estudos, quatro conclusões podem ser destacadas: (a) o Parque Aquícola tem alto potencial para a geração de renda para os pescadores, desde que obedecidas regras de produção e gestão profissional; (b) É necessário expandir a produção com a exploração de novas espécies – aliás, solução que foi trazida pela IN IBAMA 09 de 04 de novembro de 2012; (c) É imperativo exportar o peixe para fora dos limites da região e do Estado do Pará, de preferência processado e com artigos de valor agregado; (d) É fundamental rever o modelo de gestão do projeto e das relações entre os pescadores e parceiros, até então baseado em regime de seccionamento em cooperativas que declaram indisposição para a ação colaborada e compartilhamento de responsabilidades, além da revisão dos vícios do regime assistencialista que ficou marcado pela relação entre os beneficiários e a Eletronorte. Além dos aspectos diretamente associados ao manejo e à produção apontados naqueles estudos, outros de natureza gerencial e de arranjo de gestão também acentuaram os gargalos do projeto. Aspecto relevante defragilidade refere-se à divisão dos compromissos sociais do projeto com a manutenção de facções sociais representadas por disputas entre duas cooperativas que supostamente não encontraram a melhor forma de atuação cooperada – fator que em qualquer arranjo produtivo é fatal para êxito.Desde então,além dos fatores técnicos, o projeto passou a dispor de baixa energia resolutiva de gestão. Este fator mereceu atenção especial nos estudos que apontaram alinhamentos de direção que são considerados no desenho do presente Projeto Básico. Embora os estudos tenham aprofundado os aspectos que comprometeram o seu sucesso, por outro lado eles também destacaram que a experiência foi de suma importância, especialmente no que diz respeito aos bons resultados da aplicação da pedagogia do aprender-fazendo. Nesta trajetória positiva se pacificou o entendimento de que não é mais possível desenvolver a atividade na expectativa de atingir as metas econômicas esperadas, sem boa orientação técnica, esforço concentrado, a cooperação e conjunção de alianças e gestão profissionalizada. Por outro lado, deve consideradoque o Projeto Ipirá produziu ativos materiais e imateriais importantes, acumulados com a aquisição de bens, móveis e imóveis, insumos, e durante uma complexa e dispendiosa tramitação dos processos de regularidade do parque aquícola e do seu licenciamento ambiental, cujos ativos foram atingidos inclusive pelos esforços e recursos aportados por várias instituições patrocinadoras e parceiras. E 30 embora estes aspectos positivos comumente não sejam valorizados, para os efeitos de contabilizar todos os aportes que levam um projeto que tenha características multifacetárias, eles devem ser contabilizados como ativos fundamentais para demonstrar o aspecto cooperativo dasua viabilidadee assim foram no presente documento (ver item 11). 31 Parte II 6. OS ESTUDOS TÉCNICOS DE VIABILIDADE 6.1. Aspectos preliminares A produção de peixes no Parque Aquícola Breu Branco III, para os pescadores que foram beneficiados com a cessão de uso de águas publicas, requer um arranjo institucional local, social e econômico,além do desafio de produzir em larga escala espécies de peixes pouco utilizados neste sistema de produção. A produção de peixes nativos brasileiros do tipo pirapitinga e tambaqui em tanque-redeé atividade que está se iniciando no Brasil, cujo conteúdo teórico gerado pelos centros de pesquisa ainda são incipientes, principalmente para o primeiro. Resta desta forma a procura a produtores que, por conta e risco, geraram suas próprias tecnologias de produção com suporte de técnicos da iniciativa privada. Porém as condições do Parque Aquícola Breu Branco III se apresentam como vantajosas para a criação destes peixes em sistema tanque-rede, necessitando, portanto, de um ingresso de suporte técnico e boa gestão, para que possam caminhar juntos com estes pescadores e futuros produtores de peixes, até que consolidem seu próprio negócio. 6.2. A produção e resultados econômicos alcançados no Projeto Ipirá A produção no Projeto Ipirá esteve distribuídaentre duas organizações: Coopat e Coopab. A Coopab fez a comercialização de toda a sua produção para a Conab através do PAA (Programa de Aquisição de Alimentos). Foram comercializados 22.000 kg de peixes. Estes peixes foram doados pela Conab à entidades e populações assistidas pelos programas sociais do Governo Federal. 32 Foto 05 – Distribuição dos peixes aos beneficiários da COOPAB - Venda à Conab A Coopat fez a despesca de 14 toneladase distribuiu os peixes entre seus associados, ficando para cada um a responsabilidade pela comercialização dos mesmos. Foto 06 – Distribuição dos peixes pela Coopat a seus associados – Venda no mercado local 6.3. As condicionantes do projeto e os cenários futuros do mercado Entre os dias de 20 de maio e 22 de junho de 2012 a ELETRONORTE contratou o IICA para realizar um Estudo de Mercado que permitisse subsidiar as futuras ações do Projeto 33 Ipirá. Foram feitas entrevistas direcionadas à estabelecimentos que comercializam pescados e a consumidores de peixes nas cidades de Belém, Marabá e Tucuruí -PA, com vistas a recolher tais subsídios. O mercado (volumes, preços, formas, preferências, etc.) foi levantado in loco, os resultados foram ajuntados em um Banco de Dados conservado para consultas futuras em uma plataforma Microsoft Access® e as informações estratégicas foram apresentadas na forma de um relatório técnico. O mercado da Pirapitinga, também conhecida localmente por “Caranha”, peixe utilizado até então, no Projeto Ipirá, mostrou-se limitado para as suas ambições, quer a nível local (Tucuruí) ou, até mesmo, estadual. Em todo o Pará, apenas cerca de 700 toneladas deste peixe são comercializadas e o Ipirá, somente no Parque Aquícola do Breu Branco III, prevê a produção de cerca de 1.000 toneladas. Os preços praticados na época do levantamento (R$ 4,00a R$ 7,20) já estavam próximos ao que o consumidor julgava ser justo pagar (R$ 6,42) e a Caranha não aparecia nas ambições de ampliação de consumo. Por outro lado, foi constatado um enorme hábito de consumo de pescados, em geral, da região (quase 35 Kg/hab./ano), com tendência de crescimento de 30%, uma boa aceitação para os peixes redondos provenientes da pesca, notadamente o tambaqui e uma abertura de mercado para produtos que tenham boa qualidade e preço de cerca de 8.500 toneladas anuais. Algumas possíveis estratégias para escoamento da produção e incremento da viabilidade global do Projeto Ipirá, no âmbito local, regional e até nacional, foram traçadas à época e passavam por introdução de policultivos, mudança gradual da espécie (para o tambaqui), desenvolvimento de novas tecnologias de produção e beneficiamento e construção de novas parcerias estratégicas. 6.4. Alguns impactos positivos esperados para o projeto De modo geral pode se dizer que a criação de peixe em tanques-rede é uma atividade com alto apelo ecológico, pois respeita os limites do ambiente aquático, uma vez que a perda do equilíbrio deste ecossistema acarreta imediatamente reflexos negativos na produção dos mesmos. Em tanque-rede para conservar a produção, tem que conservar o ambiente. Ademais outros impactos positivos são esperados para a produção de peixes em tanques-rede no Lago de Tucuruí, vejamos alguns deles: 34 Melhoria da qualidade de vida dos pescadores aquicultores De maneira geral, a população ribeirinha do reservatório de Tucurui tem pouco acesso a serviços de saúde e educação. Tem rendimentos muito baixos, o que é agravado pelo suprimento insatisfatório de serviços básicos por parte dos governos municipais, estadual e também federal. Com o ingresso de uma parcela dessa população nas atividades diretas ou indiretas proporcionadas pela aquicultura, principalmente daqueles que já se dedicam, de alguma forma, à pesca, é esperada uma mudança na qualidade de vida desses pescadores / aquicultores e de seus familiares. Este é outro impacto positivo esperado, mas que dependerá de suporte para que seja efetivo e se reverta em benefícios gerais para o núcleo familiar dos pescadores. Criação de novos habitat (gaiolas como atratores de fauna) A partir da instalação de tanques-rede em um reservatório, é introduzido no sistema um novo substrato a ser colonizado por organismos da comunidade perifítica. O crescimento de algas e outros organismos associados, nas telas dos tanques-rede cria uma oferta adicional de alimento a peixes do ecossistema, pertencentes a diferentes guildas tróficas (onívoros, iliófagos, herbívoros). Representam ainda nova fonte de recurso alimentar para os peixes do reservatório, o sedimento de fundo enriquecido por matéria orgânica de origem alóctone e o excedente de ração não consumido pelos peixes cultivados. Além disso, os próprios peixes confinados nas gaiolas podem atrair a presença de peixes piscívoros e outros predadores que tenderão a se concentrar nas imediações das áreas de cultivo. O efeito de tanques-rede como atratores de fauna íctica e semi-aquática é bastante documentado na literatura (BEVERIDGE, 1984; SEAMAN & SPRAGUE, 1991). De uma forma geral, esse efeito de atração da fauna para o ecossistema é considerado um impacto positivo, uma vez que oferece diretamente uma nova oportunidade de habitat a diversas espécies, e tem duração permanente enquanto durar o empreendimento. A sua ocorrência é imediata. Geração de renda regular e complementar Um impacto positivo esperado no médio prazo é que haja geração de renda variável, porém regular e garantida aos pescadores aquicultores. É também esperado que haja aumento da renda gerada pela pesca e que este aumento se reverta em melhores 35 condições de vida ao pescador aquicultor e sua família. Da mesma forma espera-se que a diminuição da pressão de pesca sobre o estoque do reservatório favoreça os pescadores que continuem praticando a pesca extrativa. Contudo, uma grande proporção dos pescadores profissionais é analfabeta e o nível de instrução é baixo, de forma que eles têm hoje pouca informação e noção quantitativa e contábil. Isto pode dificultar na administração do investimento e dos rendimentos pessoais e coletivos gerados pela aquicultura. Aumento da oferta de pescado produzido de forma sustentável A aquicultura é uma atividade controlada e com baixo impacto ecológico, principalmente se considerar que pode reduzir a exploração das espécies presentes no ambiente. Com o esforço de pesca cada vez maior, o aumento controlado e guiado da disponibilização de pescados de boa qualidade, via produção ordenada, é a alternativa mais eficaz para o crescimento da oferta de pescado, trazendo benefícios diretos e indiretos à população local. Com relação aos riscos de perda de peixes, um dos principais problemas neste sistema de produção de peixes é o roubo. As medidas de proteção são semelhantes as já aplicadas em qualquer outro patrimônio, que são: pessoas desempenhando 24 horas o serviço de segurança e a utilização de tecnologia. Com relação ao serviço de pessoal de segurança, faz-se necessário que o mesmo esteja próximo aos viveiros com recursos para inibir o furto, tais como: barco com motor de popa, lanternas potentes e armas autorizadas. Esta ação de segurança deve ocorrer por 24 horas/dia. Recomendo a instalação de uma balsa de apoio próximo aos tanques-rede com a presença constante de pessoas munidas de barcos e lanternas para inibir a ação dos ladrões. A utilização de tecnologia é uma ferramenta utilizada em todo o mundo para proteção das unidades de produção de peixes. Neste caso há câmeras que podem ser instaladas em terra firme e tem condições de monitorar todo o parque aquícola, inclusive a noite. Esta câmera pode ser acoplada a uma rede de internet via celular, e no local há sinal de celular, com dispositivo de aproximação que aciona sinais sonoros ou luminosos, além de ligar imediatamente para o celular do serviço de segurança. Não há necessidade de 36 instalar dispositivos nos tanques-redes para identificar a aproximação de pessoas, isto é feito digitalmente na própria imagem da câmera, onde determina a área a ser protegida. 6.5. A tipologia social e inter-relações positivas e limitantes As informações obtidas por entrevistas diretas aos pescadores (Furtado et al., 2012) permitiram identificar que as 319 famílias constantes na lista da Eletrobras-Eletronorte correspondem a uma população total de 894 pessoas, portanto, um composto social de maior relevância e impacto. NaTabela 3 apresenta-se a estrutura da população total das famílias de pescadores de forma mais detalhada. Considera-se na categoria “Criança” as faixas etárias até 10 anos; na categoria “Adolescente” as faixas etárias de 10 a 18 anos; na categoria “Adulto” as faixas etárias de 18 a 50 anos e “Idoso” as faixas etárias acima de 50 anos. A escolha destas faixas como referência deve-se ao fato de que elas pressupõem estratégias diferenciadas de solução dos problemas. Assim, na faixa até 10 anos de idade, tem-se 166 pessoas, para as quais as atividades não poderão ser nenhuma atividade diretamente associada à pesca, mas somente à escola. Na faixa de 10 a 18 anos de idade, são 197 pessoas para as quais a escola deverá ser a ação principal, mas que, pelo menos para algumas, já poderão ser iniciadas formações relacionadas à criação de peixe. Na faixa etária de 18 a 50 anos, temos 432 pessoas que, de alguma forma, já exercem atividades produtivas e que necessitam de oportunidades de trabalhos e renda que substituam aquela auferida na pesca no rio ou a criação de peixes no âmbito do Projeto. Esta é a faixa etária na qual se concentrará a principal força de mobilização e engajamento nas atividades diretas do projeto. Finalmente, existem 96 pessoas para as quais talvez a aposentadoria se apresente como a solução mais adequada, respeitando os preceitos legais. Obviamente estas pessoas, mais experientes serão participantes do projeto, especialmente nas situações onde houver necessidade de ponderação sobre tomadas de decisões estratégicas para a comunidade social. 37 Tabela 3- Composição das famílias dos pescadores considerando sexo e faixa etária PERCENTUAIS FAIXA ETÁRIA MULHERES HOMENS TOTAL HOMENS MULHERES TOTAL 0 a 5 anos 33 42 75 3,7 4,7 8,4 5 a 10 anos 44 47 91 4,9 5,3 10,2 10 a 15 anos 55 61 116 6,2 6,8 13,0 15 a 18 anos 36 45 81 4,0 5,0 9,1 18 a 25 anos 64 72 136 7,2 8,1 15,2 25 a 50 anos 130 166 296 14,5 18,7 33,1 50 a 70 anos 27 55 82 3,0 6,2 9,2 Acima de 70 anos 3 11 14 0,3 1,2 1,6 Fonte: pesquisa de campo –Furtado et al. (2012). Um aspecto a ser ressaltado, no que se refere às atividades de pesca no rio, é o fato de tratar-se de uma pesca essencialmente artesanal e com o uso muito limitado de equipamentos de específicos. Os apetrechos pertencentes aos pescadores, por eles informados, pelos 296 entrevistados, somam, no total, apresentas na Tabela 4. Tabela 4 - Apetrechos de pesca existentes no universo de 296 pescadores entrevistados EQUIPAMENTO N° ABSOLUTO EQUIPAMENTO N° ABSOLUTO Barco 12 Anzol 64 Voadeira 4 Espinhel 78 Canoa 158 Remo 29 Rabeta 149 Fisgador 5 Isopor 128 Bóia 5 Malhadeira 128 Corda 11 Tarrafa 108 Cabo 14 Ancora* 34 Outros 2 Fonte: pesquisa de campo – Furtado et al. (2012). O principal desafio do projeto, mesmo considerando as experiências acumuladas durante os últimos dois anos, é o de produzir efeitos de assimilação de conhecimentos que transitam da experiência da pesca tradicional para o regime intensivo desenhado no sistema de produção nos tanques-rede. 38 6.6. O ambiente institucional regional O Projeto conta com uma base institucional consolidada através da experiência passada com as principais instituições parceiras. A principal delas é a Eletrobras-Eletronorte que conta com uma escritório operacional no município de Tucuruí. Porém, durante a a implantação do Parque Aquícola Breu Branco III o arranjo inicial contou com a participação de diversas instituições e particularmente das seguintes: a) 2 cooperativas de Pescadores, como atores principais - Coopat e Coopab; b) Eletrobras-Eletronorte como principal patrocinador e apoio técnico; c) MPA como patrocinador através de cessão de bens e equipamentos; d) SEPAQ-PA com compromissos na coordenação técnica e gestão financeira. Cada uma das instituições ficou com responsabilidades especificas na condução dos trabalhos do Projeto, objetivando coordenar as ações, prestar a assitencia técnica e administração de aquisições de bens e serviços, de modo a atingir os objetivos econômicos e sociais do empreendimento. A partir da modelagem desenhada no presente projeto surgem as seguintes demandas que ensejam a continuidade do regime de cooperação: a) Patrocínios através de aportes financeiros, bens e insumos, b) Atuação na legalização ambiental e sanitária das instalações físicas, c) Construção e manutenção de infraestrutura, d) Assistência técnica permanente; e) Cooperação na gestão. Estas demandas podem ser atendidas pelos parceiros originais do Projeto, porém novos devem ser incorporados para consolidação de tão importante projeto socioeconômico para região. Dentre estes novos parceiros, destacamos os seguintes: a) Prefeitura Municipal de Tucurui; b) Prefeitura Municipal de Breu Branco; c) EMATER-PA; d) Escola Agrotécnica Federal de Tucurui. Todos estes parceiros têm muito a contribuir e ganhar com este Projeto, haja vista que a piscicultura no lago de Tucuruí é hoje para a região a principal perspectiva de negócio, não havendo nenhuma outra que possa se comparar ao que pode ser gerado de negócios, empregos e renda, além do fator do conhecimento tecnológico que será aportado nos municípios diretamente implicados no Projeto. 39 Parte III 7. ANÁLISE DE RISCOS O Parque Aquícola Breu Branco III está localizado em uma região considerada pelos estudos até agora realizados no lago de Tucuruí, como uma das melhores áreas para produção aquícola. Alguns dos lotes da cessão encontram-se, porém, em locais que, pela variação do nível da água e pela presença de “paliteiros”, podem necessitar de remanejamento, sendo possível observar isto somente quando o Parque estiver totalmente ocupado,observando o histórico dos períodos de cheia e seca do lago. Os processos da cessão de uso das águas públicas do Parque Aquícola Breu Branco III, pelo Ministério da Pesca e Aquicultura, aconteceram para quase a totalidade dos beneficiários, havendo, entretanto, dependência sem relação ao órgão ambiental estadual (SEMA-PA). Os prazos das condicionantes anteriormente estipulados pela SEMA não foram cumpridos e neste momento um novo prazo para cumprimento das exigências foi concedido aos órgãos responsáveis pelo licenciamento e utilização do parque. Os lotes das áreas aquícola deste modo, não estão demarcados, sendo motivo de insegurança dos pescadores do Projeto Ipirá, especialmente no que se refere à aferição da localização de cada lote. Embora tais pendências continuem foi emitido o termo de cessão de posse para maioria destes pescadores. 7.1. O fator eleição das espécies e das opções tecnológicas No projeto original de constituição do Parque Aquícola Breu Branco III, a espécie escolhida foi a pirapitinga, peixe este pouco comercializado no estado do Pará, se comparado com outra espécie semelhante, o tambaqui. A partir da edição da Instrução Normativa 092012 do Ibama, passa a ser autorizado a exploração do tambaqui. Dentre nossas espécies nativas, o Tambaqui é um dos peixes com maior exemplos de produção em tanques-rede no Brasil, maior quantidade de pesquisas relacionada a sua produção e maior o número de produtores de alevinos e insumos em geral. Outra opção importante é a piabanha, peixe cujas capturas reduziram após a conclusão do lago de Tucuruí, em função da mudança do habitat, porém, para o qual existeum mercado local e nacional muito bom, bem como alguma tecnologia de produção em 40 tanques-rede.Como é espécie presente na bacia hidrográfica, não há necessidade de licença especial para a sua criação, ou seja, a licença atual permite a criação em tanques rede já instalados no Parque Aquícola Breu Branco III. Mesmo com a escolha o tambaqui como espécie principal para produção no Parque Aquicola Breu Branco III, ainda não existe um pacote tecnológico totalmente definido e seguro para esta espécie no Brasil como é o caso da tilápia. Por isto recomenda-seum cuidadoso acompanhamento técnico da produção, para reduzir os riscos. 7.2. O fator adesão social na produção e gestão A consolidação e sucesso da criação de peixe em tanque-rede no Parque Aquícola Breu Branco III pelos pescadores, representa não somente uma conquista dos pescadores, como também representa a geração e comprovação de um novo negócio para a região do entorno do lago de Tucuruí. Dado a importância deste fato, a sociedade em geral gozará resultados positivos com o sucesso deste negócio. A produção aquícola no Parque Aquícola Breu Branco III, tem condições de gerar receitas que se equiparam ao capital social das maiores empresas instaladas nos municípios de Tucuruí e Breu Branco. Todo este processo somente se consolidará se ocorrer uma adesão de todos os beneficiários que são cessionários de lotesaquícolas no Parque Aquícola Breu Branco III. Esta gestão deve ser inovadora em suas técnicas de pactuar e cumprir, principalmente trazendo o profissionalismo presente nas grandes e exitosas organizações, através da adesão de profissionais qualificados para este fim além da participação social presente no Parque Aquícola Breu Branco III, a COOPAB, a COOPAT e produtores individuais que necessariamente não estejam representados nessas opções. Neste sentido não é de se desprezar o conhecimento acumulado no local por produtores que investem nas áreas onerosas. Assim a gestão é hoje, o principal fator de risco do projeto, por tratar-se de uma atividade nova na região e principalmente para a falta de experiência neste campo dos donos do negócio, os pescadores. 41 7.3. O fator localização geográfica da base física do projeto em relação aos beneficiários A distância do local de residência dos pescadores e o Parque Aquícola Breu Branco III, torna-se uma dificuldade a ser transposta, haja vista a necessidade de deslocamento até a área de produção. Para o sucesso do empreendimento faz-se necessário uma solução definitiva para este impasse, seja através de um transporte aquático seguro diário,ou a construção de instalações físicas adequadas para os trabalhadores que estarão diariamente no manejo dos peixes. A manutenção do status atual de constru ão de “barracos” nas margens do lago nas condições atuais caracteriza situação análoga à escravidão sendo incompatível com o bem-estar humano, as exigências ambientais e os fins do Projeto. 7.4. O fator garantias do financiamento Nos estudos sociais desenvolvidos na tipologia ficou evidente a falta de recursos financeiros próprios por parte dos pescadores para empreender um negócio desta envergadura, necessitando, portanto, de recursos externos. Estes recursos requerem garantias para sua efetivação, sendo necessária, neste primeiro momento, a ação dos parceiros do projeto: MPA, Eletronorte e Sepaq-PAdevem promoverpolíticas e arranjos que permitam estes financiamentos, pois sem os recursos, não será possível a implantação do presente Projeto no Parque Aquícola Breu Branco III. 7.5. O fator distribuição dos resultados financeiros e constituição de fundos rotativos para reinvestimento, amortização e/ou incremento da produção A destinação dos resultados auferidos com a venda da produção do tambaqui será pactuada através de documentos prévios, conforme detalhados no item 10.2 “Os Ambientes de Gestão do Projeto”. De todo modo, duas receitas possíveis podem ser distribuídas entre os beneficiários do Projeto. A primeira, pela entrega da produção à Unidade de Beneficiamento (detalhada no item 9.2 Agregação de Valor e Comercialização) e a segunda pela distribuição dos resultados da venda deste produto com maior valor agregado. 42 O lucro obtido para o Projeto, em plena operação,com a produção verticalizada é de R$ 2.354.848,54 (dois milhões, trezentos e cinqüenta e quatro mil, oitocentos e quarenta e oito reais e cinqüenta e quatro centavos) sendo R$ 1.170.146,90 (um milhão, cento e setenta mil, cento e quarenta e seis reais e noventa centavos) auferidos pela entrega da produção à Indústria e R$ 1.184.701,64 (um milhão, cento e oitenta e quatro mil, setecentos e um reais e sessenta e quatro centavos) pela comercialização anual dos produtos com valor agregado. Destes, melhor que parte fosse distribuída aos beneficiários e parte fosse reservada para o custeio das próximas safras, para realização de re-investimentos e desenvolvimento de novas tecnologias e, eventualmente, até para a criação de Fundos Rotativos, conforme decidirem as Assembléias Gerais, em conjunto com as demais esferas e entidades de gestão e operação do Projeto. 7.6. O fator mercado Os estudos feitos pelo Organismo de Cooperação Técnica em 2012, sumarizados na Tabela 5, trazem as informações levantadas para tambaqui e caranha, nas três cidades estudadas (Belém, Marabá e Tucuruí). Tabela 5 – Produção levantada, em toneladas, de tambaqui e pirapitinga em Belém, Marabá e Tucuruí, em maio e junho de 2012. Tambaqui Caranha/pirapitinga Dia Mês Ano Feira 25 1,5 36 432 Municipal 1,4 33,6 Ver o Peso 1,2 Icoaraci KM11 Dia Mês Ano Coopernorte 0,4 9,6 115,2 403,2 KM11 0,2 4,8 57,6 28,8 345,6 Grilo 0,18 4,32 51,84 0,7 16,8 201,6 Fonseca 0,13 3,12 37,44 0,5 12 144 Municipal 0,05 1,2 14,4 0,45 10,8 129,6 Supernorte 0,05 1,2 14,4 Baité 0,3 7,2 86,4 Manancial 0,015 0,36 4,32 Peixaria 0,2 4,8 57,6 Grilo 0,18 4,32 51,84 Fonseca 0,11 2,64 31,68 Pedreira 43 Laranjeiras 0,08 1,9 22,8 Box 8 0,04 1,02 12,24 Box 2 0,03 0,6 7,2 Feira 28 0,02 0,54 6,48 Manancial 0,01 0,24 2,88 TOTAL 6,72 161,26 1935,12 TOTAL 1,025 24,6 295,2 Fonte: Adaptado de Seilert et al., 2012. Em Tucuruí estimou-se um consumo das espécies de peixes redondos da ordem de 1.000 toneladas anuais. Já no âmbito do Estado, as duas espécies representam um volume de mais de 5.300 toneladas anuais. Como apenas o Parque Aquícola do Breu Branco III pode produzir cerca de 1.000 toneladas de pirapitinga por ano e o deslocamento/abertura de mercados não ocorreu de uma hora para outra, pareceu razoável a proposta feita àquela altura de que o produto deveria ser “retirado” do Estado, para participar de um mercado “nacional”. Assim,os especialistas descreveram a situação: “É imperativo retirar o produto do Estado para permitir adentrar num mercado nacional de produtos “peixes redondos”, incluindo tambaqui, tambatinga, pacu e a própria caranha, minimamente estimado em cerca de 150.000 toneladas anuais (ou 15 vezes mais do que a produção do Projeto) – ver Tabela 9 com as produções atuais da pesca e da aquicultura nacionais. Tabela 9 - Produção nacional (em ton.) de espécies redondas (MPA, 2010). Variedade Fonte Toneladas Tambaqui Pesca 4.203 Aquicultura 54.313 Pesca 2.237 Aquicultura 783 Pesca 11.040 Aquicultura 21.245 Pirapitinga/caranha Pacu Híbridos Tambatinga 4.915 Tambacu 21.621 TOTAL 120.357 Tabela 6 - Produção nacional de espécies redondas (MPA, 2010) apud Seilert et.al, 2012. 44 E se por um lado por um lado a liberação do cultivo do tambaqui trouxe uma excelente oportunidade ao presente Projeto, os beneficiários, por sua vez, deverão estar preparados para competir com milhares de outros produtores do mesmo peixe. Uma reportagem recente publicada na Revista Panorama da Aqüicultura comenta que já pode estar havendo uma “satura ão” deste peixe principalmente nos mercados da região Norte (Vol 25, no. 136 p.53). Uma vez que a IN que libera o cultivo de tambaqui ter contemplado toda a Bacia Hidrográfica, é prevista a entrada em produção de outras represas/parques de outras hidroelétricas, como por exemplo, a represa de Lajeado, no Tocantins, cujos Parques Aquícolas recentemente liberados totalizam cerca de 700 ha. Além de uma provável maior oferta que, após a saturação, implica em diminuição dos preços, um incremento nos custos de produção também pode ocorrer pela maior demanda de insumos específicos desta cadeia produtiva (preço do milheiro do alevino do tambaqui ou a ração de engorda do peixe, por exemplo). De todo modo, ainda que o Projeto nesta sua nova Etapa possa aportar ao mercado cerca de 1.100 toneladas de tambaqui/ano, isto representará menos que 1% do mercado interno total destes peixes, que possivelmente se situam entre 150 e 200 mil toneladas anuais, o que leva a crer que caso o Projeto seja competitivo, terá condições de acomodar-se com tranquilidade no mercado. Num primeiro momento é melhor o Projeto focar no mercado interno, uma vez que existe pouca possibilidade de nossas espécies de peixes redondos amazônicos adentrarem num mercado internacional, pelo fato de não serem “commodities” e serem conhecidas apenas nos mercados locais dos países amazônicos, onde as espécies ocorrem naturalmente e são capturadas pelas frotas artesanais e/ou comerciais. Ainda assim, o Boletim mensal da INFOPESCA (número 11 de 20 de junho de 2013) trouxe um dado de oferta de Caranha fresca no mercado atacadista de Bogotá-Colombia a preço de USD 35,85/caixa com 12,5 Kg, o que perfaz um preço de R$ 6,30/Kg aproximadamente, melhor do que o praticado no mercado interno atualmente (R$ 4,00 a 6,00).Claro, que, para exportação, o produto deverá estar com S.I.F. (Serviço de Inspeçao Federal) e adicionados dos custos tributários e de transporte inerentes ao processo. O processamento do pescado redondo cada dia se faz mais necessário devido ao fato destas espécies terem um espinho em forma de “Y” na musculatura, chamados de mioceptos, que atrapalham a retirada de “filés”. O peixe do Projeto necessita,deste modo, assegurar boa competitividade, sanidade e comodidade para preparo. Por isto, são tão importantes as ações de capacitação, gestão 45 e agregação de valor que estão sendo propostas para a implementação do presente Projeto. O modelo atual de comercialização de peixes na região, onde os pescadores entregam seus peixes a preços baixíssimosa atravessadores que os comercializam no mercado local, regional e Belém, não atende as exigências da produção do peixe cultivado em taque-rede decorrente de seu mais alto custo de produção. Daí a importância de se buscar novos mercados que possam reduzir este risco. 7.7. O fator arranjo institucional de apoio Na implantação do Parque Aquícola Breu Branco III, as instituições como MPA, Eletronorte e Sepaq-PA, constituíram um arranjo para viabilizar o negócio. Porém,este arranjo ainda não conseguiu obter os resultados previstos inicialmente. A continuidade da implantação do Parque Aquícola Breu Branco III implica em um arranjo interinstitucional que permita a continuidade do projeto sem sofrer solução de continuidade, seja ela por motivos econômicos, políticos ou sociais. Por isso, além da solução de participação no controle e deliberação superior, com a participação dos parceiros e patrocinadores, o projeto contará com arranjos de gerenciamento executivo interno e de participação diretas dos pescadores, conforme será apresentado adiante no item próprio deste Projeto Básico. 7.8. O fator estratégias de desenvolvimento de tecnologias sustentáveis de produção, no médio e longo prazo. As estruturas físicas de produção (tanques-rede), que hoje estão disponíveis para os produtores do Parque Aquícola Breu Branco III, apresentam uma série de modificações para sua devida adequação ao sistema produtivo, conforme já tratado em estudo anterior desenvolvido por técnicos do IICA. Mesmo fazendo estas alterações sugeridas, esta estrutura não tem vida útil superior a 5 (cinco) anos, necessitando desde já a busca por outras alternativas de equipamentos que possam permitir a exploração por um período superior a 10 anos sem a necessidade de reposição, caso contrário, o custo fixo do projeto aumenta, reduzindo sua lucratividade. 46 7.9. O fator gestão profissional. Conforme já tratado anteriormente, o fator gestão é hoje omaior risco dentre todos já tratados. Este fato é real, pois se trata de mais de 300 famílias que estão divididas entre si por questões políticas e necessita trazer todos para debaixo de um guarda chuva de gestão que permita boa convivência, sem interferir negativamente no sistema de produção e administração do negócio. Estudos anteriores já demonstraram a inviabilidade econômica, se cada um dos cessionários cuidarem individualmente de seus tanques-rede, necessitando para isso a obrigatoriedade de se agruparem em torno de um objetivo comum, que é a produção de peixes, a geração de renda e a busca por melhor qualidade devida. 47 Parte IV 8. A ESTRATÉGIA DO PROJETO 8.1. Formato geral do fluxo executivo Em linhas gerais o desenvolvimento do sistema de produção no Parque Aquícola Breu Branco III, considerando os aspectos de organização produtiva, processamento, comercialização e gestão envolverá um público direto de 319 famílias de pescadores, com os seguintes aspectos de formato: O sistema terá como base um conjunto de esforços e processos de construção de uma estrutura social e econômica baseada na organização de sistemas de produção (manjeo dos tanques, processamento de produção e comercialização) bem como de gestão interna (gerenciamento e administração do negócio) e externa (relações com patrocinadores e outros stakerholders - que serão co-gestores nas deliberações superiores do projeto) de modo a garantir níveis de segurança e controle do negócio, enquanto objetivo do projeto. Neste cenário o primeiro passo será a construção (negociação e pactuação) da estrutura de tomada de decisão, denominada de Conselho Gestor do Projeto (CGP), instância superior e conexão externa (vide item 9), no qual terá assentos: Representantes do produtores Parceiros patrocinadores (ex.: MPA, Eletronorte, SEPAQ-PA, bancos, municípios, e cooperadores técnicos (Emater-PA, Escola técnica Federal, etc). Neste Conselho serão decididas as regras gerais da estratégia da produção, distribuição de trabalho, comercialização, reiviestimentos e distribuição de resultados, todas elas sendo remetidas a um instrumento de pactuação de responsabilidades denominado Termo de Compromisso de Cooperação e Entregas (TCCE), conforme se explicará adiante. Este Conselho terá sua forma e prazos de trabalho definida em Regimento Interno próprio. Por sua vez as rotinas do negócio (produção, processamento, comercialização, assistência técnica, divisão de resultados, reivestimentos, manutenção e recuperação de patrimônio), será operada por uma Gerência Técnica e Executiva, constituída por (1) Gerente Geral do Projeto (1) Gerente de Produção de peixes (1) Gerente do Entreposto e omercialização de Pescado 48 Esta gerência será dirigida pelo Gerente Geral do Projeto, este sendo funcionário da confiança e eleição do Conselho Gestor do Projeto (CGP), sob critério de comprovada aptidão técnica. Neste sistema de gerenciamento as atividades de alimentação, manejo, despesca e manutenção das instalações, serão realizadas pelos próprios produtores (grupos de rodízios de trabalho),sob a organização/coordenação/controle assistência técnica permanente da Gerência Executiva. Conforme os estudos técnicos preparatórios a condução de todo o projeto, com 2.300 tanques-rede no final da operação, se farão necessários, diariamente, um volume de trabalho correspondente a 40 (quarenta) trabalhadores em regime regular, que serão distribuídos em 8 (oito) grupos de trabalho, sob regime de rodízio. Cada grupo trabalhará durante 7 dias consecutivos, um grupo após o outro, mediante um sistema que permita residência na base física de apoio nas margens do Paque Aquícola. Desta forma cada grupo trabalhará uma semana, e retornará ao trabalho somente após 7 semanas, ou seja, 49 dias após a primeira rodada e, portanto, um regime razoavelmte leve de trabalho. O trabalho será remunerado pelos resultados da produção, ou seja, não haverá salário préfixado, uma vez se tratando de negócio de interesse e domínio próprio. É propriamente contribuição de cada um ao processo, e quando da comercialização, participarão dos resultados, conforme sua entrada com quotas de trabalhos. Os detalhes desta participação serão definidos no Regimento Interno e em um Banco de Horas a ser pactuado pela Gerência Técnica e Executiva com os pescadores sob deliberação no Conselho Gestor do Projeto (CGP). Esta modelagem de gestão gerencial das relações de trabalho se faz necessário para que ocorra uma melhor distribuição dos resultados a todos os participantes do Parque Aquícola Breu Branco III, pois a contratação formal destes 40 funcionários geraria uma sobrerenda regular e, como consequência, diminuiria o resultado financeiro dos demais, sem considerar que configuraria um desvirtuamento da forma da solução da relação autoprodução e renda. Ainda neste sistema se instalará um entreposto de pescado com inspeção federal (S.I.F.). Este entreposto certamente cobrirá demanda de outros parques aquícolas e pescadores da região, podendo comprar produção exerna. Este entreposto se justifica no fato de que historicamente em Tucurui o valor que o pescador vende o peixe no porto está muito distante do valor pago pelo consumidor no supermercado, seja em Tucurui, Belém ou outras cidades brasileiras para onde estes peixes são destinados. 49 Um dos principais motivos desta defasagem é a ausência de um entreposto de pescado com inspeção sanitária na região, que permita o processamento e agregação de valor. Hoje nos portos de desembarque de peixe em Tucurui, o peixe do pescado varia diariamente, conforme a oferta e a procura. Como o custo do pescador para captura dos peixes é fixo, ou seja, após uma noite de pesca ele pode retornar com 50 kg de peixes ou 500 kg de peixes, conforme os cardumes encontrados, mas o custo de combustível de alimentação, gelo e alimentação são os mesmos, isto permite que ele possa vender mais barato este peixe quando chegar ao porto. Já a piscicultura em tanque-rede tem custos variáveis, que oscilam conforme a produção, aumento da produção, aumento do preço dos alevinos e da ração. Isto não permite que se comercialize o peixe por qualquer preço, sob o risco de “quebrar” o neg cio. Com o incremento da piscicultura na região amazônica, em especial, Rondônia, Amazonas e Pará, temos hoje uma maior oferta de peixes cultivados e em especial do tambaqui nestas regiões. Isto afetou diretamente o valor do peixe, provocando a sua queda nos mercados. Somado a este fator, o principal insumo da produção em piscicultura é o valor da ração, porém, no Estado do Pará não há disponibilidade de matéria prima e indústrias que beneficiem este produto, necessitando a compra em outros estados, cujas fábricas mais próximas estão mais de 1.000 km de distância. Este frete onera em mais de 28% o valor final do produto, o que permite, por exemplo, que um estado como o Mato Grosso possa vir para o Pará oferecer tambaqui a preços bastante competitivos. No entanto há um grande mercado em todo o Brasil para o tambaqui, necessitando apenas produzi-lo e processá-lo dentro das exigências do mercado consumidor. Diante deste histórico, é imprescindível para o sucesso da atividade de piscicultura no lago de Tucurui, em especial, no Parque Aquícola Breu Branco III, a construção de um estabelecimento para beneficiamentodo pescado. Este entreposto de pescado poderá processar toda a produção do Parque Aquícola Breu Branco III, além de atender a outros produtores e pescadores da região. Ademais esta estrutura de processamento gerará 45 empregos diretos onde 42 podem ser perfeitamente ocupados pelos beneficiários que agregados aos ganhos auferidos na produção e na comercialização, de certo tornarão atrativo o Projeto para os 319 produtores do Parque Aquícola Breu Branco III. Na estrutura organizacional do Entreposto de Pescado teríamos, também, a Equipe da “Gerência Executiva” que estaria sob a subordinação do Conselho Deliberativo,como tratamos anteriormente. Nos escritórios do Entreposto poderão funcionar a sua administração diária, bem como a Gerência Executiva. 50 Este formato implica em uma maior lucratividade,melhora consideravelmente na renda do produtor, tornando a atividade sustentável, além de contribuir com a estruturação da cadeia produtiva da aquicultura na região e, também,atender a demanda dos pescadores que continuam a entregar seus peixes a atravessadores locais e de Belém, a preços baixos. 8.2. O modelo básico do manejo e produção 8.2.1. As espécies selecionadas para a produção, numa primeira etapa (primária) e sequentes. Dentro do formato recomendado, na sua primeira fase, o projeto estará focado na produção da espécie tambaqui. Porém, conforme se analisou, há condições favoráveis para o cultivo adicional das espécies Pirapitinga e Piabanha, a partir da consolidação do projeto. Isto deverá ocorrer em um segundo momento, ou seja, no mínimo após a segunda safra bem sucedida, quando se poderá introduzir a espécie Piabanha no sistema, principalmente porque neste momento já se terá uma melhor definição do mercado e segurança no manejo, quando se supõe que hajam melhores condições para a produzir, processa e levar outro produto ao mercado. Vale considerar que esse processo faz-se necessário para consolidar um modelo de negócio, um serviço de assistência técnica, de aprendizado e, principalmente, da criação da “cultura” do empreendedorismo com o controle do negócio. 8.2.2. Os recursos tecnológicos Na proposta que destacamos a produção de peixes em tanque-rede é definida na aquicultura como uma atividade “super-intensiva”, por ter uma grande produ ão por área e alto uso de dietas balanceadas. Assim, como em todas as atividades pecuárias com esta característica, o projeto necessitará, além dos demais elementos, de maior aporte tecnológico nos seguintes aspectos do sistema: a) Insumos de qualidade (ração e alevinos); b) Controle sanitário (prevenção e controle de doenças); c) Controle zootécnico (ações de manejo); d) Equipamentos seguros (tanques-rede e acessórios); 51 e) Mão-de-obra qualificada; f) Dispositivos de monitoramento dos parâmetros de água (kit analise água e oxímetro). Uma das alternativas tecnológicas que ajudarão no processo de manejo, reduzindo significativamente a mão-de-obra, é a mudança dos tanques-redes das dimensões atuais de (2 m x 3m x 2m), para tanques-rede de (6 m x 6 m x 3m). Nesta situação o projeto migrará de um sistema com módulos individuais de 8 tanques-rede de 10m³ cada (80 m³) para 2 tanques-rede (100 m³) totalizando 200 m³. Assim a produção migrará de 4.000 kg em 8 tanques-rede, para 9.000 kg em 2 tanquesrede. Para a transformação dos tanques-redes atuais em tanques-redes de média dimensão, não será necessário adquirir material adicional, somente mão-de-obra e insumos, neste caso se fará o aproveitamento dos 2.300 tanques adquiridos e disponíveis, através de uma operação de “remontagem”, conforme foi sugerido na modelagem que consta no layout que consta no Anexo “D”. 8.2.3. O abastecimento dos insumos (alevinos, ração, gelo, etc.) A localização do Parque Aquícola Breu Branco III permite a logística de transporte por via rodoviária e hidroviária. E nas condições locais o sistema hidroviário, para a maioria das ações de transporte, oferece vantagens, considerando a qualidade da via, que independente de chuva e seca estará com mesmo padrão de uso. Desse modo, todo o abastecimento dos insumos; como alevinos, ração, gelo, combustível, etc, será feito preferencialmente pela hidrovia e, a depender da avaliaçãodo volume e condições da estrada, secundariamente pela rodovia. 8.2.4. A infraestrutura geral de apoio à produção, A produção piscícola em tanques-rede de pequeno volume necessita de infraestrutura básica que favoreça o manejo dos peixes. Dentro do melhor cenário a infraestrutura deverá ser formada pelos seguintes equipamentos: 2 balsas de apoio: Balsa com medida de 5 m x 11 metros, cuja função básica será permitir que os trabalhadores permeneçam no ambiente do Parque (área dos Tanques, com uma infraestrutura básica). Esta balsa deve ser projetada e construída considerando a necessidade de instalações como dois pequenos banheiros, pequeno depósito de ração, uma cozinha e uma área de trabalho e lazer. 52 2 balsas de manejo: Balsa com medida de 3 m x 5 metros, cuja função é fazer o manejo dos peixes, como por exemplo os serviços de seleção e despesca. No Anexo D constam os layouts desssas estruturas de apoio. Conforme a análise da logística, a localização do Parque Aquícola Breu Branco III fica bastante distante de qualquer infraestrutura de moradia, energia elétrica e água tratada. Um empreendimento para garantir a permanência das equipes de trabalhadores nas imediações do local onde estarão situados os tanques-rede, com capacidade para pessoas, necessitará de instalações básicas (além das citadas 40 anteriormente) acondicionadas com móveis e insumos que proporcionem conforto para as pessoas que lá estarão nas suas jornadas semanais de trabalho. Nesta estrutura de apoio de logística será necessário prover (inclusive a parte de solução de uso do solo e acessos): Solução de fornecimento de energia elétrica Construção de um poço semi-artesiano Um pequeno sistema de tratamento de esgoto Um serviço próprio de coleta de resíduos sólidos Um depósito de ração: galpão com área de 300 de m² Alojamento(s) para 40 pessoas Uma cozinha Um depósito de alimentos Uma pequena area de convivência 8.2.5. A logística de deslocamentos de pessoal, equipamentos e produtos e de depósito de insumos Conforme já comentado, o deslocamento de pessoal de trabalho e apoio para a unidade de produção no Parque Aquícola Breu Branco III se fará preferencialemtne por hidrovia, e com embarcação apropriada. A logística de insumos e produtos também poderá ser feita por via hídrica e opcionalmente via terrestre. 8.2.6. A manutenção dos equipamentos Os tanques-rede utilizados para produção de peixes no Parque Aquícola Breu Branco III, após o recall e remodelagem sugeridos, necessitarão de constante manutenção. 53 Dentre as manutenções necessárias se destacam aquelas diárias e uma anual de revisão de estrutura. Diariamente e durante os processos de alimentação dos peixes, serão verificadas as condições gerais dos tanques-rede e, notando-se algum problema, logo após ao fornecimento de ração, a equipe voltará ao local para efetuar os reparos necessários. Dentre os itens que necessitam de observação diária e manutenção se destacam: Boias de flutuação Redes Comedouros Corda de sustentação Este tipo de manutenção será feita sempre e logo depois de observado o problema. Após um ciclo de produção de peixe com aproximadamente 1 (um) ano, as gaiolas serão retiradas do lago e são executadas (revisão anual) as seguintes atividades de manutenção: Limpeza das telas Manutenção e substituição de boias de flutuação Manutenção e substituição dos comedouros Reforço nas emendas das telas Todas estas ações adicionalmente visam dar segurança ao próximo ciclo de produção. 8.2.7. A divisão dos tanques redes/família O formato sugerido para o Projeto leva em consideração que no Parque Aquícola Breu Branco III já foi estabelecido a quantia de 8 tanques-rede de 10 (dez) m³ para cada um dos beneficiários. Assim sendo, já é de direito a cada um dos produtores esta cota de tanquerede, estando os mesmos hoje disponíveis no parque ou armazenados em galpões da Eletronorte, em Tucurui-PA. A gestão do negócio sugerida neste trabalho, entretanto, após as oficinas e reuniões com produtores, resultou na opção por um modelo socioprodutivo, ou seja, embora sejam destinadas as frações de tanques-rede para cada pescador, o sistema de organização da produção será organizado de modo que os trabalhos poderão ser compartilhados entre os produtores. Ou seja a gerencia executiva, através do acordos de regimes de trabalho zelará para que estes trabalhos sejam feitos de maneira compartilhada. 54 8.2.8. A divisão do trabalho, da remuneração e da distribuição de lucros ou prejuízos Para uma boa divisão de trabalho, para a condução da produção total do Parque Aquícola Breu Branco III, de 2.300 tanques-rede, será feita a contabilização da força de trabalho de 40 pessoas. Do total de 319 famílias beneficiários no Parque Aquícola Breu Branco III, a cada semana 40 trabalhadores farão todas as atividades necessárias naquela semana, voltando a trabalhar novamente somente após um intervalo de 7 semanas. Desta forma todos os participantes oferecem uma jornada de uma semana de trabalho a cada 2 meses. Este é um regime bastante confortável e socialmente leve. Por este trabalho, os produtores não receberão nenhuma remuneração direta ou prédefinida, participando, porém, da distribuição de lucros decorrentes da apuração das receitas (vendas) despesas e taxa de reinvestimentos. A projeção de resultados da produção e dos lucros, em um resultado ótimo, é previsto para situar em torno de R$ 7.381,96/ano. Porém, esse resultado será apurado conforme as condições reais, e distribuídos entre um número ainda a ser definido de produtores/beneficiários, após as operações que cumpram as decisões sobre a destinação da fração de reserva para reinvestimentos para a próxima safra e, ao mesmo tempo, utilizado como indicador de avaliação dos resultados alcançados pelo projeto em cada safra. 8.2.9. A estratégia progressiva de produção e entregas A produção de peixes em tanque-rede tem como uma das grandes vantagens a programação de produção e despesca. Na estratégia aqui proposta esta programação está atrelada principalmente a demanda de mercado, pois o resultado do trabalho e a oferta de um peixe pronto para ser oferecido ao consumidor tem que estar dentro das condições que eles consideram ideal. É importante que a oferta de peixe seja sempre regular durante todo o ano. Isto impede que a oferta excessiva em uma época force o preço do peixe para baixo e o preço de venda seja inferior ao custo de produção. Do total de 2.300 tanques-rede que estarão constantemente em produção (os outros 300 ficam parados em manutenção), haverá necessidade da despesca e repovoamento de 44 tanques-rede todasemana, durante todo o ano. Esta despesca de 44 tanques-rede irá proporcionar o fornecimento de 22 toneladas de peixe por semana à Unidade de Beneficiamento. De todo modo, comoestá dotada de duas câmaras de estocagem com capacidade para armazenar cerca de 130 toneladas de produtos acabados, a Unidade de 55 Beneficiamento pode controlar o estoque de modo a obter as melhores negociações comerciais por até 3 meses. 8.2.10. O Sistema de controle, monitoramento e retroalimentação. O controle e monitoramento da produção será feito através de planilhas fornecidas aos produtores cujos modelos constam no Anexo “C” deste documento. Após devida capacitação (ver item 8.3 - Capacitação e Assistência Técnica) os produtores preencherão suas primeiras planilhas sob supervisão da Gerência Técnica Executiva (ver item 9.2.3 - O Ambiente de Gerência Técnica e Executiva). Após terem dominado o processo de coleta dos dados e preenchimento destas informações, as mesmas serão encaminhadas periodicamente para a GTE que interpretará tais informações para em seguida fazer as recomendações necessárias, tanto de ajustes de manejo quanto de controle às partes competentes. 8.2.11. Proposta de certificação nacional e internacional de qualidade social e ambiental (sustentabilidade) para o produto e os processos Considerando que a ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) está lançando uma norma técnica para criação de tambaqui, sob certificação do INMETRO, este projeto deverá projetar-se sobre bases de certificação da produção, como demonstração de processo de qualidade e confiança com o consumidor. Por sua vez o caráter social e ambiental (adequação socioambiental – trabalho justo) do Projeto ajudará na busca desta certificação, pois se trata de um arranjo social de geração de renda a uma população de pescadores onde grande parte é atendida pelos programas sociais do governo federal; e ambiental, por tratar-se de peixe selvagem nativo da região, cria-se, assim, todas as condições para que, após a publicação desta norma técnica, a produção de peixe tambaqui, no Parque Aquícola Breu Branco III, possa ser credenciada, valorizando ainda mais o produto final. Para que isto ocorra, todos os processos devem obedecer aos futuros critérios preconizados na norma técnica a serem coordenados pela GTE. Portanto, trata-se de uma meta-desafio (progressiva) que deverá ser perseguida pelo projeto para ampliar os métodos de segurança e qualidade do projeto e os produtos dele gerados. 56 8.2.12. O sistema de produção e manejo da produção piscícola proposta para o Parque Aquícola Breu Branco III. O território do Estado do Pará apresenta uma série de características técnicas que o capacita como um dos melhores estados da federação para criação de peixes. Entres estas características destacam-se as condições climáticas, com predominância de um clima quente durante todo o ano, proporcionando um crescimento quase que continuo dos peixes em cultivo. Continuando a enumerar estas características, dispomos de mais dois fatores incomparáveis, a diversidade de espécies de peixespropícias para a criação e a cultura do consumo de peixe, como uma das principais fontes de proteína animal da população. A criação de peixes em tanques-rede de baixo volume e alta densidade, com tamanhos que variam de 4m³ a 10m³, está se tornando, nos países em desenvolvimento, o mais importante sistema de cultivo de peixes. Os tanques-rede são estruturas que confinam os peixes em seu interior enquanto permite a troca de água com o ambiente. Sua eficiência está ligada diretamente ao seu volume, formato, material utilizado para sua construção, qualidade da água, espécie criada, assistência técnica, ração e manejo. É um sistema de produção de peixes que exige constante e regular acompanhamento e observação de todas as etapas, desde o momento do povoamento até o momento da despesca. O responsável pelos tanques-rede atuará no moldes assemelhados a um operário, sendo treinado para atender as rotinas pré-estabelecidas, cumprimento de horários de fornecimento de ração e medição da temperatura, pH e do oxigênio na água. Deverá ser capaz de observar qualquer alteração com relação ao comportamento dos peixes, aparecimento de peixes doentes, quantidade de ração fornecida, estabilidade de ração no comedouro, o estado da estrutura do tanque-rede, ou seja, tem que estar atento, observando todos os detalhes do processo produtivo. Nessa modelagem depiscicultura a capacidade de suporte (CS) é o limite máximo que um ambiente suporta em quilos de peixe, onde os peixes sobrevivem, mas não se desenvolvem adequadamente, pelo stress da superpopulação.A biomassa econômica (BE) é um limite máximo de suporte, no qual o desenvolvimento dos peixes apresenta um resultado econômico positivo, que viabiliza o projeto. As características físico-químicas da água no Parque Aquícola Breu Branco IIItransferem grande capacidade de suporteao mesmo, em função das excelentes características limnológicas que foram diagnosticadas em alguns levantamentos feitos anteriormente para a Eletronorte. 57 A capacidade de suporte (CS) de um tanque-rede está ligada principalmente com sua capacidade de troca de água com o meio, sem, portanto, interferir na capacidade de suporte (CS) do meio aquático. Nas condições propostas para a criação de peixes tambaqui ou piabanha nos tanquesredea ser desenvolvido no parque Aquícola Breu Branco III, a capacidade de suporte é de, no máximo 50 kg, de peixes por m³. Para efeito de cálculo desta base de suporte levamos em consideração o peso final do peixe para comercialização. Se o tambaqui for comercializado com 1,5 kg, significa que a capacidade por m³ é de 33 peixes. Nas condições do Parque Aquícola Breu Branco III, onde os tanques-rede têm as dimensões de (2,0 m x 3,0 x 2,0 m), temos 10 m³ de área útil produtiva, este tamanho proporciona uma capacidade máxima de produção de 500 kg neste tanque-rede. Portanto, quando avaliamos a capacidade de suporte (CS), o principal fator limitante é o peso dos peixes e não o seu número. Então, se o Parque Aquícola Breu Branco III dispõe de um total de 2.600 tanques-rede, prontos para serem instalados, com uma previsão de 2.300 tanques-rede em condições de produção, isto resulta na capacidade de suporte total de 1.150.000 kg de peixe vivo por ano. No Parque Aquícola Breu Branco III os tanques-rede disponíveis foram construídos em estrutura tubular de ferro galvanizado e necessitam de uma manutenção anual, em função das ações de ferrugem. De todo modo a vida útil desta estrutura é de no máximo 5 anos. As telas são confeccionadas com fio de aço galvanizado recoberto de PVC, que mesmo tomando-se todos os cuidados, têm uma vida útil de no máximo 5 anos. Estas telas necessitam de limpeza a cada safra, utilizando-se máquina de lavagem com água sob pressão, evitando utilizar escovas, pois estas danificam o PVC e promovem o contato da água com o fio galvanizado, proporcionando o aparecimento da ferrugem. 58 Foto 7 - Tanque-rede com estrutura de ferro galvanizado utilizado no Parque Aquícola Breu Branco III No Parque Aquícola Breu Branco III, os flutuadores são de polietileno de alta resistência, especifico para esta finalidade. Recomenda-se utilizar comedouros fabricados com telas de poliéster recoberto de PVC, comercialmente denominado de “sannet”. Foto 8 - Comedouro em azul Quanto ao seu posicionamento, os tanques-rede devem ser instalados em linha, a uma distância mínima de 3 metros um do outro. Todos devem estar amarrados com corda de nylon de uso marítimo, de no mínimo 25 mm de espessura, fixo à poitas de concreto. Pelas condições do lago, recomendamos que para cada 50 tanques-rede, sejam utilizadas poitas que correspondam a 4 toneladas. A distância entre uma fileira e outra de tanques-rede recomendada é de no mínimo 25 metros. 59 Foto 9 - Posicionamento dos tanques-rede Os tanques-rede berçário são utilizados para colocarem os peixes até que os mesmos tenham um tamanho que não mais passem na tela dos tanques-rede de engorda. Este período varia conforme o tamanho inicial do peixe. Se o peso inicial for de 3 cm, em no máximo 50 dias, já é possível esta transferência. A transferência deve acontecer quando os peixes atingirem o peso de 50 gramas. O tamanho deste tanque-rede berçário deve ser de 1,8m x 2,8m x 1,5m (largura x comprimento x altura), com malhas de 5mm, com área útil de produção de 7,5 m³, o que proporciona o acondicionamento de 4.000 alevinos por tanque-rede berçário, até atingirem o peso de transferência de 50 gramas. O produto deste tanque-rede deve ser de malhas de poliéster recoberto de PVC tipo “sannet”. O berçário é colocado dentro do tanque de engorda. Para cada 10 tanques-rede de engorda, recomenda-se a aquisição de um tanque-rede berçário. Para atender a Produção do Parque Aquicola Breu Branco III,ao todo, serão necessários 230 tanques-rede berçário. 8.2.13. O Monitoramento da Qualidade da Água 60 A qualidade da água inclui todas as características físicas, químicas e biológicas que interagem individualmente ou coletivamente, influenciando o desempenho da produção. A qualidade de água no tanque-rede está diretamente relacionada ao corpo da água em volta dele e a capacidade de troca de água entre o tanque-rede e o meio ambiente. A perda do equilíbrio do ecossistema aquático acarreta diretamente a perda do equilíbrio econômico da atividade, trazendo como consequência a diminuição da produtividade e prejuízo. Os fatores físico-químicos que mais afetam a produção de peixe em tanquerede são: temperatura, transparência, oxigênio dissolvido, gás carbônico, pH, amônia e o nitrito. A temperatura é um importante fator limitante para produção de peixes tropicais, porque eles são pecilotérmicos, ou seja, a temperatura corporal varia em função da temperatura da água. O tambaqui, em geral fica em uma zona confortável entre as temperaturas de 26°C e 32°C. Em águas com temperatura mais elevadas o metabolismo dos peixes aumenta e consequentemente aumenta a ingestão de alimentos, acontecendo o inverso quando a temperatura diminui. A temperatura média de 30°C da água do lago de Tucuruí no Parque Aquícola Breu Branco IIIé um fator positivo para a produção do tambaqui, proporcionando uma curva regular de crescimento. A transparência da água é quanto de luz penetra na coluna de água. Muitos são os fatores que podem interferir na transparência da água, mas ela é determinada principalmente pela quantidade de material em suspensão, que podem ser partículas minerais (argila, silte) e partículas orgânicas (plâncton). A transparência é um fator importante na produção de peixe em tanque-rede, principalmente porque a vida dentro da água necessita de luz, se a transparência está reduzida, a luz penetra poucos centímetros na coluna de água, não provendo a mesma quantidade de luz e condições para o desenvolvimento da vida aquática. Não existe uma transparência ideal para o cultivo de peixe em tanque-rede, mas uma transparência de no mínimo 40cm a 60cm é considerada boa. Transparência inferior a 40cm pode estar associada a uma grande população de plâncton, que produzem uma grande quantidade de oxigênio durante o dia, mas, no período noturno, por outro lado, grande consumo. No Parque Aquícola Breu Branco III, a transparência sempre ésuperior a 60cm. A quantidade de oxigênio dissolvido na água é considerada a variável mais crítica de qualidade de água. Ela é medida em miligrama por litro (mg/l) e depende diretamente da temperatura da água, altitude e salinidade. Quanto maior a altitude, o nível de saturação 61 de oxigênio é menor, o mesmo ocorre com o oxigênio, o aumento da temperatura da água, diminui o nível de saturação de oxigênio. Os organismos aquáticos têm limites máximos e mínimos de tolerância para teores de oxigênio dissolvido (OD). Os peixes tropicais como o tambaqui, exigem concentração acima de 5mg/l. Exposição continua a níveis inferiores a 3mg/lpodem levar a stress com consequente diminuição da resistência, aumentando a incidência de doenças e mortalidade. Para determinar o oxigênio dissolvido na água, utiliza-se de técnicas laboratoriais de coleta e análise, ou através de aparelhos eletrônicos portáteis denominados oxímetro, que fazem a leitura do oxigênio dissolvido (OD) no ato de sua medição. A entrada de oxigênio em águas de represa está diretamente relacionada a vários fatores como: fotossíntese (90-95%); difusão do ar para água por agitação superficial; entrada de água no reservatório. A saída de oxigênio está relacionada com a respiração dos peixes, respiração do plâncton, decomposição da matéria orgânica e por difusão da água para o ar. Quando a concentração de oxigênio dissolvido na água é igual ao do ar, denominamos de água saturada em oxigênio dissolvido (OD), quando a concentração for superior, de supersaturada. A supersaturação de oxigênio dissolvido (OD) na água pode provocar problemas de saúde nos peixes, principalmente a embolia gasosa, ou seja, tanto a falta como o excesso de oxigênio na água é prejudicial à saúde dos peixes. Na coluna de água os níveis adequados de oxigênio para os peixes é de 2 vezes ao valor da transparência, se a transparência for de um metro, significa que até dois metros de profundidade os níveis de oxigênio são adequados para criação de peixe. A leitura de oxigênio dissolvido deve ser feita duas vezes ao dia, sendo a primeira leitura logo ao amanhecer (6-7 horas) e a segunda ao entardecer (18 horas). A leitura pela manhã é a mais importante para piscicultura, neste momento é quando ocorre normalmente o nível mais baixo de oxigênio dissolvido. A leitura deve sempre ser feita em 2 pontos: Leitura dentro de um tanque-rede de tambaqui Leitura na água aproximadamente 2 metros distante dos tanques-rede. Alterar sempre o tanque-rede da leitura, sem necessariamente seguir um cronograma pré-estabelecido. O oxímetro a ser adquirido, deve também fazer a leitura de temperatura para facilitar o trabalho. Geralmente a temperatura será a mesma em todos os pontos, com pequenas 62 variações, não há necessidade do rigor de controle da temperatura nos quatros pontos, apenas o valor médio desta temperatura. No Anexo “C” consta sugestão detabelas de anotações. O dióxido de carbono (CO2) encontra-se na água na forma de gás dissolvido, bicarbonatos e carbonatos. A formação deste gás está relacionada com a respiração das algas, peixes e processos de decomposição de matéria orgânica. A concentração de (CO2) em sistemas de criação de peixe de forma intensiva, tipo tanque-rede, esta situado na faixa de 0 a >20ppm de (CO2) livre, em um período de 24 horas, sendo que os maiores níveis ocorrem à noite, quando não há fotossíntese, apenas consumo de oxigênio e eliminação de (CO2) decorrente do metabolismo desses organismos. O dióxido de carbono (CO2) é um elemento fundamental no processo de fotossíntese do plâncton, e os carbonatos e bicarbonatos na formação da estrutura esqueléticas dos peixes e tamponamento do pHda água. O pH é uma medida que fornece o grau de acidez da água e varia de 0 a 14, o pH 7 é considerado neutro, acima alcalino e abaixo ácido. Para produção de peixes os valores mais adequados estão na faixa de 6,5 a 8,0, valores de pH menores que 4 e acima de 11 são prejudiciais à saúde dos peixes. Os principais fatores determinantes do pH são o dióxido de carbono (CO2) e a concentração de sais em solução. O CO2 está diretamente ligado à respiração dos peixes, do plâncton e à decomposição da matéria orgânica. Os sais em solução estão ligados ao tipo geológico da região e são uns dos principais fatores responsáveis pelo valor do pH. A amônia encontra-se na água sob duas formas: (NH4+) amônia ionizada e (NH3-) amônia não-ionizada que é mais tóxica. O equilíbrio entre as duas é regulado diretamente pelo pH e temperatura, mas sua presença é devida principalmente a excreção direta dos peixes através das brânquias, adubos nitrogenados e alimento não consumido. Os níveis tóxicos estão na faixa de 0,6ppm e 2,0ppm. Níveis acima destes valores podem ser letais para os peixes. Rações com alta digestibilidade reduzem a eliminação de amônia no ambiente, contribuindo para conservação da qualidade da água. O nitrito (NO-2) está relacionado com a decomposição de componentes das proteínas da matéria orgânica, sua produção se dá através de ação das bactérias nitrosomonas e nitrobacter. A sua concentração na água em níveis de 0,1ppm já é estressante para os peixes, ocasionando alteração na cor do sangue, tornando-o de cor achocolatada (doença do sangue marrom). O problema é mais acentuado em viveiros onde o nível de oxigênio dissolvido (OD) é baixo. 63 A leitura de pH, (CO2), (NO2), (NH3-), (NH4+) deve ocorrer uma vez por semana, utilizando kit’s de análises hoje facilmente encontrados no mercado. 8.2.14. A solução de alevinagem O processo de alevinagem tem se revelado uma espécie de calcanhar de aquiles do sistema. Eis o porquê que tal solução deve ser sufucentemente planejada e escolhida a melhor solução. Como o projeto não tem fôlego suficiente na fase incial (três primeiros anos) esta solução deve ser buscada na melhor oferta (técnica) do mercado. Portanto, os alevinos de tambaqui devem ser adquiridos no mercado com o tamanho médio igual ou superior a 3 (três) cm de comprimento, e o lote deve ter tamanho uniforme. Neste caso deve ser selecionado o fornecedor que disponha das melhores condições e preços de entrega à beira do tanque, considerando inclusive o transporte à conta e riscos do fornecedor. Nesse processo de decisão deve ser considerado que os peixes nativos somente desovam no período de piracema (reofílicos). Estes peixes, dentre os quais se inclui o tambaqui, mesmo em condições laboratoriais e com a aplicação de hormônios, sua desova ocorre somente no período correspondente a piracema, que nesta região (amazônica) ocorre nos meses de novembro a fevereiro. Para facilitar a programação de despesca para a comercialização e diante do período de oferta de alevinos, é recomendado que se divida a compra de alevinos em duas fases, sendo a primeira logo nas primeiras desovas, que ocorrem em novembro e a segunda aquisição no final de março a inicio de abril. A programação de compra dos alevinos deve acontecer no mínimo 6 meses antes da data prevista para chegada destes no Parque. Deve-se preparar a chegada dos alevinos com no mínimo 7 dias de antecedência, com a montagem dos berçários, estrutura de barcos e programação de trabalho do pessoal e dirigido tecnicamente. Antes de se fazer a compra dos alevinos, deve-se certificar-se da capacidade técnica de produção dos alevinos no prazo, na quantidade e na qualidade combinada, além de uma visita a unidade de produção para verificar as condições em que são produzidos e principalmente o aspecto nutricional. Improtante notar que os alevinos necessitam de rações especiais e de qualidade, o fornecimento de rações caseiras desbalanceadas aos alevinos pode acarretar problemas de saúde e mortalidade fora da curva normal. 64 Todos os alevinos devem ser acompanhados de Guia de Transporte Animal e Certificado Técnico emitido por médico veterinário que comprova a sanidade dos peixes adquiridos. É necessário consoderar cláusla contratual que preveja que as mortes que ocorram até 5 dias após a chegada dos alevinos, sejam da responsabilidade do vendedor e que esta quantidade será descontado do valor a ser pago no final da operação do lote. 8.2.15. O Arraçoamento O fornecimento de ração dos peixes tambaqui em tanque-rede divide-se em duas fases: A fase I acontece logo após a chegada dos alevinos e permaneceaté os mesmos atingirem 100 gramas de peso vivo. Quando os alevinos chegam com tamanho médio de 3 cm, deve-se fornecer ração extrusada de 1mm de diâmetro por um período de, no mínimo, 15 dias. Não utilizar ração em pó, ou triturada. O fornecimento de ração nesta fase deve ocorrer 6 (seis) vezes ao dia, os peixes devem se alimentar a vontade, não pode haver restrição alimentar. Após este período receberão ração extrusada com 1,7mm de diâmetro por mais 15 dias, quando será fornecido ração com 2mm de diâmetro até completarem 100 gramas. Após a transferência dos alevinos dos berçários para os tanques-rede de engorda, manter o fornecimento da ração extrusada de 2mm até os peixes conseguirem o peso vivo de 100 gramas. Da chegada dos alevinos no Parque Aquícola Breu Branco III, até eles alcançaremo peso vivo de 100 gramas, a ração extrusada fornecida deve ter no mínimo 42% de proteína bruta. A ração da fase II deve conter um nível de proteína bruta de 32% e não deve fazer parte da formulação ingredientes com baixa digestibilidade ou valor nutricional inadequado,como a farinha de sangue e a farinha de pena.Os tambaquis permanecem com esta ração até alcançarem o peso de despesca. Esta ração deve ter formulação especifica para peixes em tanques-rede, pois os níveis de vitaminas e minerais para o sistema em tanques-rede têm seus valores majorados se comparados com a ração para viveiros escavados. O fabricante deve fornecer um comprovante que a ração atende as necessidades para peixes em tanques-rede. Algumas indústrias de ração já especificam em suas embalagens a característica da ração para tanque-rede. 65 Quando da aquisição das rações, deve-se manter o mesmo fornecedor por um período mínimo de 60 dias, a mudança de fabricante pode acarretar distúrbios na assimilação dos ingredientes pelos peixes ocasionando uma menor eficiência alimentar. Todas as rações devem conter níveis de Vitamina C superior a 200mg por quilo, pois o sistema de criação em tanque-rede promove “stress” no peixe e a vitamina C aumenta imunidade dos mesmos. A maneira do fornecimento de ração aos peixes é um dos principais fatores para o desenvolvimento e sucesso na piscicultura, este processo deve ser otimizado para aproveitarmos o máximo o potencial zootécnico do tambaqui. Logo após a chegada dos alevinos, recomenda-se que se forneça a ração 6vezes ao dia, em quantidades que atendam as necessidades dos peixes, sem deixar faltar, nem sobrar muito. O tratador será treinado para fazer isto adequadamente. Não estabelecemos uma quantidade regular, porque o apetite dos peixes tambaqui esta relacionada a muitos fatores, e nunca comem a mesma quantidade, sempre há uma variação para cima ou para baixo. Não recomendamos uma tabela com valores fixos de arraçoamento nesta fase, diferentemente do que recomendam os fabricantes. Até os peixes atingirem 100g, recomendamos que a ração seja fornecida a vontade, fazendo o seguinte procedimento: Fornecer uma medida de ração, aguardar, observar o comportamento da alimentação; Fornecer outra medida de ração e aguardar e observar o comportamento alimentar; Repetir esta operação até eles reduzirem o apetite. Após dois ou três dias de tratamento, observação e anotações, o tratador já tem um valor do consumo médio e pode jogar uma quantidade apropriada, mas sempre deve observar o apetite para atender esta demanda. Após os peixes estarem com mais de 100g, utilizar a metodologia descrita abaixo abaixo para o fornecimento de ração, com objetivo de otimizar o crescimento e conversão alimentar. Rotineiramente a equipe responsável pela gerencia e assistência técnica deve orientar aos tratadores no ajuste das medidas de ração diária a ser fornecida. A quantidade ótima de ração a ser oferecida para os peixes nesta idade é aquela correspondente a 90% da ração que eles consomem para se saciarem. 66 A oferta diária de ração deve aumentar à medida que os peixes crescem. Deste modo, a quantidade de ração a ser ofertada deve ser ajustada regularmente. Para identificar o nível de saciedade de arraçoamento dos peixes, faz-se o seguinte procedimento: Escolher uma vasilha para fornecer ração aos peixes, encher de ração e pesar, para identificar qual a sua capacidade; Fornecer uma vasilha de ração aos peixes e aguardar até eles comeremtotalmente; Fornecer mais uma vasilha de ração e aguardar até os peixes comerem totalmente. Ir repetindo esta operação até os peixes pararem de alimentar; Verificar a quantidade total de ração fornecida, somando-se quantas medidas foram jogadas para os peixes; Repetir esta operação toda vez que for alimentar, durante 2 dias; Após obter a média diária de consumo de ração, calcular 90% deste valor e determinar para os próximos 15 dias e utilizar esta quantidade como padrão; Fornecer ao tratador a quantidade de arraçoamento; A cada duas semanas repetir a operação e fazer novo cálculo; Se após chegar ao viveiro e jogar a ração os peixes não apareceram, não jogar o restante da ração conforme programado, e repetir a operação no próximo período. Ajustes ao longo da semana podem ser necessários. Desta forma os peixes estarão bem alimentados e aproveitando o máximo de desenvolvimento. O tratador deve ser uma pessoa com paciência, goste do trabalho e seja bastante observador. Durante o fornecimento de ração,observar se os peixes estão com apetite reduzido, não necessita colocar toda a quantidade programada, da mesma forma, se colocar toda quantidade programada e os peixes demonstrarem que continuam com bom apetite para comer, deve-se fornecer mais ração. A frequência de alimentação diminui à medida que o tamanho do peixe aumenta. Os peixes menores necessitam serem bem alimentados, várias vezes ao dia, para acompanhar o seu desenvolvimento, como mostra o quadro a seguir: 67 Peso médio dos peixes (g) Frequência de alimentação Até 100 g 6 vezes do dia Mais de 100 g 2 vezes ao dia A ração é um dos principais ingredientes para o sucesso na piscicultura, alguns cuidados são importantes para que esta ração tenha uma qualidade mínima. Todo recebimento deve ser acompanhado de uma pessoa responsável pela produção,que tenha condições de verificar o padrão da ração que esta sendo recebida; Até 100 sacos, abrir aleatoriamente um dos sacos, colocar em cima de uma lona plástica e verificar se há presença de grumos de ração mofada. Mais de 100 sacos abrir de 2 a 3 sacos. Se houver ração mofada, suspender imediatamente o desembarque e comunicar ao fornecedor; Verificar na ração se há presença de objetos estranhos que não seja ração; Recolocar a ração novamente no saco e guardar o pó que restou na lona, este pó denominamos de “fino” e deve ser o mínimo possível, o ideal é que nunca seja superior a 250g por saco; Se houver balança na propriedade fazer a pesagem do saco de ração ainda fechado; Se estiver chovendo e o caminhão não estiver dentro do galpão, aguardar o término total da chuva para fazer o desembarque; Comprar ração para um período de consumo de, no máximo, 60 dias; Coletar aproximadamente 1kg de ração e colocar dentro de um saco plástico, juntamente com a identificação do saco de ração (fabricante, lote, data fabricação e data validade), anotar no verso deste papel a data de entrega e número da nota fiscal. Esta amostra deve ser guardada em local arejado e fresco por um período de um ano; Coletar aleatoriamente 100 grãos de ração extrusada e colocar em uma vasilha com água. Só pode afundar no máximo 5 grãos de ração antes de 15 minutos, se afundar mais do que isto, suspender a descarga e comunicar ao fornecedor. Esta coleta e exame deve ser feita imediatamente após a chegada da ração a propriedade, ainda na frente da empresa que esta fazendo a entrega da ração; Verificar se o tamanho e formato dos “pellets” da ra ão são uniformes Qualquer anormalidade deve ser anotada e compartilhada com a empresa que esta fazendo a entrega da ração. A ração dever ser armazenada em local seco a arejado, protegido contra ratos e pássaros. 68 Os sacos devem ser colocados em cima de um pallet de madeira, afastados 50 cm das paredes. O pé direito do depósito deve ser de no mínimo 3 metros de altura(ver layout no Anexo “D” Sempre que chegar ração nova, colocar no fundo do armazém, para permitir que a ração antiga seja utilizada totalmente antes de usar a nova ração. No depósito de ração não dever ser armazenado nenhum tipo de veneno, combustível ou qualquer outro produto tóxico ou que exale cheiro. A estrutura de armazenagem deve estar protegida contra a entrada de roedores e animais peçonhentos. Periodicamente deve-se fazer procedimento de controle de baratas e carunchos com produto próprio e orientado por engenheiro agrônomo. 8.2.16. O Manejo O sistema de produção de peixe em tanque-rede é uma tecnologia recente nesta região (Amazônia) e em função desta característica não há mão-de-obra especializada e disponível para atendê-la, necessitando de sua formação em processo de “aprenderfazendo”. No entanto a base do sistema proposto neste projeto consiste em seguir rotinas pré-estabelecidas e muita observação por parte do tratador (sob orientação assistencial), para melhor conhecer o comportamento dos peixes frente as mais diversas variáveis do ambiente: presença do homem, ração, ventos, temperatura, barulhos, predadores, etc. Desde o inicio da produção, é recomendado a contratação de um técnico de produção, que conduzirá todo o processo produtivo, fazendo as orientações e correções necessárias. Este técnico poderá ser o próprio gerente de produção. Como vimos, uma das ações de maior importância é a alimentação diária dos peixes. Este procedimento deve ocorrer sempre nos mesmos horários e necessita de um grau de observação que somente alguém com comprometimento no negócio poderá ter. No Parque Aquícola Breu Branco III, para efeito de planejamento, será considerado um volume de 2.300 tanques-rede constantemente na água, pois esta diferença de 300 tanques-rede do total de 2.600, estará em uma reserva para atender a taxa constante de manutenção que deve acontecer regularmente. 69 Diante deste horizonte de 2.300 tanque-rede, consideramos que 15 equipes de 2 pessoas são suficientes para alimentar todos os tanques-rede, tendo como base uma cota de 150 tanques-rede para cada dupla, ou seja, 30 pessoas são suficientes para alimentar todos os peixes em um projeto de 2.300 tanques-rede. Este cenário será mantido na opção de remontagem dos tanques (2 por 1), conforme proposto no sistema de solução tecnológica para os tanques (veja item 8.2.2), neste caso reeuzindo-se à metade o numero de tanques por equipe. Na unidade de produção há também demanda de outras atividades, tais como: vigilância noturna, transferência de alevinos, despesca e principalmente manutenção dos tanquesrede. Para execução destas tarefas, uma equipe de 10 pessoas será suficiente. Estas pessoas também atuaram na alimentação quando da ausência de algum tratador por motivo justo. Desta forma o projeto total, necessita de no máximo 40 (quarenta) pessoas para sua condução dentro de um padrão ótimo de trabalho. É importante salientar que estas pessoas irão atuar como trabalhadores da indústria aquícola, com horários e prazos a serem cumpridos, bem diferentes da rotina que levam hoje como pescadores, onde o clima e o rio são os donos de seus horários de trabalho. Estes cuidados são importantes, pois aqueles que trabalharam durante o dia na alimentação, não devem ser pescadores à noite, pois desta forma não terão disposição física suficiente para mais um dia de trabalho. Da mesma forma os que ficaram de vigilância a noite, deverão dormir durante o dia e não pescar. Na formação das equipes, se faz necessário que no mínimo um seja alfabetizado, para fazer as anotações diárias em documentos próprios,que a atividade requer. A utilização de EPI (equipamentos de proteção individual) são essências neste processo de trabalho, principalmente coletes salva-vidas, camisas de manga comprida com proteção UV (ultra violeta), óculos escuros com proteção UV (ultra violeta) e protetor solar. Em função da falta de experiência dos tratadores com a atividade, recomendamos que a implantação do projeto seja feita em duas fases. Como já orientamos anteriormente, os peixes permanecem nos tanque-rede berçário até atingirem aproximadamente 50g, quando já não consigam passar pela malha do tanquerede definitivo. Este procedimento deve sempre ser precedido de uma analise criteriosa de todos os peixes do lote, para se ter a certeza de que nenhum peixe conseguirá fugir através da tela do tanque-rede. 70 No momento da transferência deve-se fazer a contagem dos alevinos para formação dos lotes. Esta medida é importante para que possamos planejar melhor a atividade. No processo de seleção, devem-se formar lotes uniformes para facilitar o manejo futuro e principalmente a despesca, pois desta forma os peixes de um mesmo tanque-rede estarão prontos na mesma época, com pouca taxa de refugo. Os tanques berçários devem ser retirados dos tanques-rede e lavados com água,sob pressão, com maquina apropriada. Após a lavagem, armazená-lo em sacos vazios de ração e preferencialmente dentro do depósito de ração em local que não possa ser atingido pelos roedores, pois em função do cheiro de peixes, os ratos roem a tela do berçário, inutilizando-o. A grande vantagem do sistema de criação de peixe em tanque-rede é a facilidade de despesca. Com uma pequena estrutura de equipamento e pessoal é possível efetuar grandes volumes diários de despesca. Nas condições locais podemos fazer dois tipos de despesca: a total e a parcial. A despesca total é quando se retira todo o peixe de uma só vez do tanque-rede. A despesca parcial é quando vamos retirando gradativamente os peixes de um tanquerede, conforme a necessidade. Esta decisão esta relacionada a estratégia comercial do empreendedor, mas o melhor procedimento é retirar todos os peixes de um tanque-rede de uma única vez, para evitar o stress, redução de apetite, aparecimento de doenças. Para facilitar a despesca, deve-se utilizar a balsa de manejo, como mostra a FOTO 10 a seguir. 71 Foto 10 - Balsa de manejo com espaço para 1 tanque-rede Da despesca os peixes serão repassados para os tanques de transporte de peixe vivo onde serão levados de caminhão para insensibilização com gelo e abate no início do processo industrial ver Anexo “F” . 8.2.17. A Biometria A biometria é a coleta de dadose análise do comportamento da evolução do tamanho e peso dos peixes. A cada 30 diasse deve medir e pesar por amostragem aproximadamente 10 (dez) peixes de cada tanque-rede. Os peixes a serem pesados devem ser os que correspondam ao tamanho médio do lote. Esta medida tem como objetivo analisarmos o processo de crescimento e subsidiar o técnico para tomada de decisão com relação ao manejo e alimentação. Se observar que um ou mais tanques-rede estão com desenvolvimento abaixo da média, fazer uma biometria para quantificar esta diferença e identificar a causa. 8.3. Agregação de valor e comercialização da produção 72 8.3.1. O modelo de negócios, a estratégia de processamento dos produtos, a abordagem e ocupação do mercado Este item será mais detalhado na Parte VI, onde se descreve o modelo de Gestão para o Projeto. Vale aqui considerar que para administrar um empreendimento do tamanho do que vislumbramos se faz necessária a contratação de uma equipe profissional comprovadamente capaz da gestão técnica e financeira do negócio, cuidando desde a compra dos insumos até a venda de pecado nas suas diversas formas. O Estabelecimento Industrial de Beneficiamento do Pescado, ou simplesmente “Ind stria”, deve permanecer sob a administração desta entidade (GTE – Gerência Técnica e Executiva), como mostra o fluxograma dos itens 9.2 e 9.2.3. Em contato constante com fornecedores, compradores e parceiros, a GTE traçará rotineiramente as estratégias de comercialização dos produtos advindos do Projeto em função dos anseios, das tendências e das flutuações do mercado. 8.3.1.1. As condições do mercado local, regional e nacional. Algumas considerações sobre o mercado local já foram feitas anteriormente. Fora do Estado do Pará, existe uma demanda forte pelo tambaqui no Centro Oeste, notadamente na Capital Federal. Segundo levantamentos da INFOPESCA, no ano de 2010, cerca de 3.000 toneladas de tambaqui foram comercializadas no DF, sendo 47% comprados em supermercados e o restante nas feiras livres e peixarias espalhadas na capital do País (Figura 5). Figura 5- Principais espécies comercializadas nos supermercados de Brasília. Fonte : INFOPESCA, 2010 apud Seilert et al (2012). 73 O Estudo de Mercado de Manaus-AM, feito também pela INFOPESCA no mesmo ano, também trouxe informações interessantes sob um mercado novo de um produto da aquicultura, denominado de “tambaqui curumim”, que nada mais é do que o tambaqui cultivado e despescado com 400 g para se adaptar a uma refeição individual. As empresas que demonstraram maior interesse pelo produto foram as do ramo de refeições coletivas. Os especialistas estimaram uma demanda de mais 3.000 toneladas anuais de tambaqui curumim na capital amazonense. Outro mercado que se descortina para um tambaqui cultivado de pequeno tamanho ou pré-processado é o da merenda escolar. Um estudo recente do Ministério da Pesca e Aquicultura (2012) mostrou que, em 2011, cerca de cinco mil e novecentas toneladas (5.900 t.) de pescado foram fornecidas para alunos da rede pública de ensino em todo o território nacional. Na região Norte, o uso só não foi maior por causa da falta de infraestrutura adequada para armazenamento e para a conservação do pescado. 8.3.1.2. As espécies e os volumes projetados Na planilha “Produ ão” do EV E da Indústria, situada no Anexo (B) vê-se que os produtos provenientes do Estabelecimento Industrial do Projeto serão: - Peixe inteiro fresco com escamas; - Tambaqui eviscerado sem escama fresco; - Banda de tambaqui fresca; - Peixe eviscerado sem escama congelado; - Banda de Tambaqui congelada; - Costela de Tambaqui congelada; - Polpa de Peixe congelada. O direcionamento dos produtos propostos inicialmente (2%; 3%; 5%; 5%; 70% e 15%, respectivamente) servem para efeito do estudo de viabilidade, entretanto, obviamente, estas proporções podem ser adequadas em função das variações das condições do mercado, p.ex., pode-se ampliar o direcionamento para bandas, ou costelas, ou peixe inteiro, conforme demandas de mercado. 8.3.1.3. As condições para obtenção de inspeção municipal/estadual/federal; 74 O Manual de Orientação Processual da Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Pará (ADEPARA) traz, em seu Anexo 4, as exigências do Memorial Descritivo da Construção do Estabelecimento de Pescado e Derivado e, no seu Anexo 7, o Memorial Econômico-Sanitário. Comparando com as exigências da ADEPARA com as do SIF (Serviço de Inspeção Federal) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento conclui-se que, pela similaridade da complexidade processual, convêm que o Estabelecimento Industrial para processamento de pescado advindo do presente Projeto já seja feito sob as regras do SIF/MAPA, que permitirá com as mesmas instalações e processos a comercialização e todo o território nacional, inclusive no recém-inaugurado mercado de pescado fresco situado na municipalidade (FOTO 11). Foto 11 - Boxes para comercialização do pescado no Mercado Municipal de Tucuruí, investimento público estimulando o consumo local conforme estabelece a Lei Orgânica do Município. 8.3.1.4. As opções de desenvolvimento de produtos com valor agregado Os espinhos em “Y” ou mioceptos que são encontrados no tambaqui e em algumas outras espécies de Characideos são um entrave ao consumo maior desta variedade de pescado. Para diminuir este problema algumas técnicas têm sido implantadas pelas unidades de beneficiamento de pescado que trabalham com este produto país afora. Dentre elas, destacamos a retirada física dos mesmos, com facas, no momento da limpeza dentro da ind stria ou o processo de “ticar” que consiste em fracionar os espinhos a tamanhos que se tornam imperceptíveis ao consumidor. 75 Por ser feito de uma parte onde o miocepto não ocorre, a costela de tambaqui é um dos produtos que apresenta maior valor agregado para este variedade de peixe. A retirada dos espinhos ap s a abertura do peixe em “bandas” gera, também, um produto diferenciado, com bom valor agregado, denominado simplesmente de “Banda de Tambaqui”. Infelizmente na ocasião dos levantamentos de dados de mercado não foi possível avaliar localmente os preços para produtos de valor agregado, até mesmo porque, nas localidades pesquisadas (Tucuruí, Marabá e com pequenas exceções, Belém) o comércio de produtos como costela, banda, polpa de pescado é pequeno, devido às tradições locais. A costela de tambaqui é iguaria, porém normalmente é feita a partir de peixes de grande porte e a “banda”, retirada de espinhos, etc., é processo normalmente realizado pela dona de casa ou cozinheiro do restaurante ao preparar o pescado. Do mesmo modo, entretanto, sabe-se que Brasília, Rio, São Paulo e até mercados externos buscam este tipo de produto com maior valor agregado, facilmente adaptado tanto às receitas domésticas quanto às refeições comerciais (bares, restaurantes, etc.) e industriais. Os valores aplicados para os produtos congelados no Estudo de Viabilidade; costela (R$ 17,00/Kg), banda (R$15,00/Kg) e polpa (R$ 2,20/Kg), basearam-se em consultas a possíveis consumidores, compradores, especialistas no tema bem como se buscou uma equivalência, com boa dose de “conservadorismo”, à produtos semelhantes, feitos a partir de outros pescados, ou com tambaquis provenientes da pesca extrativa, ou, ainda proveniente de empresas concorrentes que já atuam no mercado de venda de tambaqui cultivado, com valor agregado. Por exemplo, no site do Pão de Açúcar3 a costela é oferecida a R$ 54,02/Kg, com ótima apresentação. No Extra4temos costela sem pele a R$ 47,57/Kg e já no site da Companhia do Peixe5 termos ela fresca a R$ 14,90/Kg. A “banda de tambaqui” é terminologia de produto utilizado mais em restaurantes (muitas vezes o restaurante compra o tambaqui inteiro eviscerado e prepara as bandas em suas próprias instalações). Encontramos cardápios na internet sugerindo o peixe ao consumidor na faixa de R$ 20,00 a R$ 59,90 a banda (ver sites abaixo6) ! É importante destacar, entretanto, que costumam ser de peixes de grande porte,cujas banda pode ter até 2,5 Kg/peça. Deste modo, entendemos que o preço que sugerimos para o Kg de banda, está dentro da uma realidade. 3 - http://www.paodeacucar.com.br/produto/76982/costela-de-tambaqui-em-ripas-congelado-nativ-420g - http://www.meucarrinho.com.br/o/costela-de-tambaqui-em-ripas-s-pele-nativ-420g/96253257 / 5 - http://www.zonasulatende.com.br/Produto/Costela_de_Tambaqui_Fresca_Companhia_do_Peixe___--3749 6 http://www.tambaquidebanda.com.br e http://www.tambaquiurbano.com/oferta/1-banda-de-tambaqui-semespinha-guarniaaes-para-3-pessoas-no-ki-tempero-de-r-5499-por-r-2999--1979.html 4 76 A “polpa do pescado” ou CM - Carne Mecanicamente Separada, já pode ser considerada mais uma commodity, até mesmo porque a pasta/surimi pode feita a partir de qualquer peixe e, mais ainda, de qualquer parte dele (normalmente é feita de carcaça e aparas de filé). Matéria prima para confecção de nuggets, fishburguers, salsichas, Kani e outros derivados de pescado em geral a polpa pode ser encontrada no mercado a cerca de USD 1,00/Kg. 8.3.1.5. A infraestrutura de processamento, capacidadee indicativos de viabilidade técnica e econômica Para processar a produção prevista estamos propondo a construção de um Estabelecimento de Beneficiamento de Pescado com as seguintes dimensões: PRÉDIO ADMINISTRATIVO 267,16 m² PRÉDIO PROCESSAMENTO 842,81 m² GUARITA 9,92 m² ÁREA TOTAL DA CONSTRUÇÃO 1.119,89 m² Para locá-lo, será necessário conseguir um terreno de cerca de 2 hectares, pois além da unidade em si de processamento e administração do Projeto, o terreno acomodará lagoas de estabilização (anaeróbicas e facultativas), além de recuos, acessos internos, áreas de manobra, dentre outros (ver Lay Out 1 Vista Geral no Anexo “D” . Entendemos que o mesmo pode ser colocado como forma de contrapartida de algum parceiro institucional, como, por exemplo, uma Prefeitura Municipal. O estudo de viabilidade econômica para implantação do empreendimento encontra-se detalhado nas planilhas do Anexo “B”. Para efeito de análises, o estudo foi agrupado em premissas; investimentos; custos fixos; combustíveis; custos variáveis; produção, receita e lucro; fluxo de caixa anual; avaliação econômica; estudo de sensibilidade e cenários e gráficos de sensibilidade. Premissas A planilha de premissas foi calculada a partir das informações técnicas, estatísticas geradas nos estudos prévios. O nível de operação da indústria; os dias efetivos de trabalho; a produção e manejo necessário para abastecimento de matéria-prima, dentre outras, podem ser verificadas na Planilha 1 do Anexo “D”. 77 O Projeto, naturalmente, conta com uma maturação ao longo do tempo, não será de uma hora para outra que todo o sistema estará funcionando plenamente. Deste modo, os custos e as receitas respeitam esta proporção. A maturação do empreendimento como um todo vem lá pelo quinto ano. A evolução da quantidade de tambaqui de cultivo do Projeto que a indústria pretende receber/processar está sumarizada no quadro a seguir. Ano Kg/dia Kg/ano 1 1.000 264.000 2 1.500 396.000 3 2.000 528.000 4 3.000 792.000 5 4.000 1.056.000 Produção A produção dos produtos acabados está apresentada na Planilhas 10 “Produ ão” e 11 “Receita e Lucro”. Com o direcionamento proposto e o rendimento de cada processo estima-se uma produção diária de 1.118 kg de produtos acabados a partir de uma entrada de 1.500 kg/dia de matéria-prima na Etapa 1 e 3.168 kg/dia ao final da Etapa 2. Após atingir a plenitude da produção a polpa de peixe participa com uma produção diária de 721 kg a partir de produtos anteriormente não aproveitados, com agregação de ingredientes e aditivos ao produto final na ordem de 26%. Os principais produtos serão, entretanto, a Banda (quase 500 toneladas anuais) e a Costela (52 ton/ano). Produtos Etapa 1 (kg/ano) Etapa 2 (kg/ano) Peixe eviscerado 14.652 39.072 Banda 180.180 490.480 Costela 19.602 52.272 Polpa 71.423 190.463 Peixe inteiro 7.920 21.120 Peixe eviscerado s/escama 8.791 23.443 Banda 12.870 34.320 TOTAL 315.438 841.170 Congelados Fresco 78 Receita e Lucro As receitas por produto e por etapas, após a estabilização,bem como o lucro operacional estimado até a estabilização podem ser encontrados também na planilha 11 “Receita e Lucro”. Com a estratégia de direcionamento para os produtos acima descrito, estima-se uma receitas brutas de R$ 3.606.647,99 e R$ 9.617.727,98 nas etapas 1 e 2, respectivamente. O lucro operacional anual da indústria, após estabilização e para (1) um turno de operação ao dia, será deR$ 1.184.701,64. Receita/lucro Etapa 1 Etapa 2 Receita 3.606.647,99 9.617.727,98 Lucro 215.939,46 1.184.701,64 Fluxo de Caixa O fluxo de caixa anual é apresentado na planilha 12. “Fluxo de Caixa 10 anos” que apresenta o projeto nas etapas 1 e 2, bem como calcula o saldo acumulado sem considerar juros do recurso capitado. Considerando-se que a pré-operação ocorrerá no primeiro ano e que a etapa 2 inicia a partir do terceiro ano. Descrição Saldo anual Pre-operaçao Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 (-3.767.354,18) (-403.373,90) 215.939,46 1.152.465,18 1.184.701,64 Avaliação econômica Na planilha de Avaliação Econômica “13” são calculados alguns indicativos econômicos para as etapas 1 e 2 e para o projeto total, com os valores médios calculados a partir do fluxo de caixa anual. Também são calculados os pontos de equilíbrio para cada etapa, bem como para o projeto total. Durante a Etapa 1 a operação da indústria é deficitária. A partir da Etapa 2 passa-se a auferir lucro de R$ 1,41/kg produzido, dotando o empreendimento de ponto de equilíbrio de 60,1%, rentabilidade de 33,96% e payback de 2,94 anos; Para o projeto total (calculado a partir de valores médios considerados no fluxo de caixa anual), juntando o desempenho das duas etapas, lucro de R$ 1,33/kgproduzido, dotando o empreendimento de ponto de equilíbrio de 64,86%, rentabilidade de 27,48% e payback de 3,64 anos. 79 Para este projeto completo, encontrou-se uma taxa interna de retorno (TIR) de 15,93% com valor líquido presente (VLP) de R$ 1.343.365,84, considerando uma taxa de atratividade de 10% e fluxo de caixa anual sem juros. Descrição Etapa 1 Etapa 2 Ano Valor (R$/kg) Ano Valor (R$/kg) Custo produção - 10,75 - 10,03 Preço médio - 11,43 - 11.43 Margemlucro - 0,68 - 1.41 Ponto equilíbrio 87,80% - 60,10% - Rentabilidade 6,25% - 33,94% - 16,0 - 2,05 Payback (anos) Estudo de Sensibilidade e Cenários Os estudos de sensibilidade, cenários e gráficos (Planilhas de 14 a 18) mostram a resposta do investimento à variações positivas e negativas de investimentos, receitas/preços e custos. Para a rentabilidade observa-se que a maior sensibilidade está relacionada à receitas. Quedas de receitas da ordem de 20% podem inviabilizar o Projeto. A rentabilidade também se mostrabem influenciada pelos custos, mas de modo menor. Incrementos acima de 20% nos custos poderiam inviabilizar o Projeto. O mesmo pode ser observado para o payback, onde, da mesma forma que para a rentabilidade, variações nos investimentos são pouco sentidas. Por outro lado, a sua sensibilidade em relação às receitas e custos é enorme. Cenários aonde perdas de receitas ou aumento de custos da ordem de 20% poderão fazer o tempo de recuperação do investimento passar muito dos três anos e meio (3,6) inicialmente previstos. Para o custo de produção, a maior sensibilidade ocorreu na variação dos custos variáveis (Planilha 9) onde 80% advém da matéria prima (tambaqui cultivado pelos beneficiários) bem mais do que na dos custos fixos (Planilha 7), como mostra o Gráfico 18. 8.3.1.6. Estruturação de acordos de venda Considerando que na modelagem de produção e processamento proposta quase 80% do custo variável é a matéria-prima (o tambaqui de cultivo) propõe-se inicialmente uma remuneração aos produtores da ordem de 28,5%. Com o passar do tempo e a distribuição dos resultados pela indústria pode-se demonstrar aos produtores que as margens de lucro são maiores quando da venda de produtos de valor agregado e com 80 isto diminuir o pagamento pelo Kg do peixe, incrementando, por outro lado, a distribuição de resultados finais. Estamos propondo,neste momento,o pagamento de R$ 5,00(cinco reais) por quilo do peixe inteiro e juntando-se esta receita com à da indústria, cada beneficiário. “Apropriando-se” desta estrutura de verticalização, os produtores/beneficiários logo irão perceber vantagens em ampliar sua produção e/ou adquirir produtos de terceiros (da pesca ou da aqüicultura) para colocar em operação o segundo e terceiro turno da indústria, o que quase triplicaria as receitas advindas da mesma e consequentemente a renda anual por beneficiário/pescador. 8.3.1.7. Estruturação de fluxos e rotulagem dos produtos na linha de beneficiamento No anexo F são apresentados os fluxos para os seguintes produtos desenvolvidos na unidade de beneficiamento: - Peixe inteiro fresco c/ escamas; - Peixe eviscerado fresco s/ escama; - Peixe eviscerado congelado s/ escama; - Banda de Tambaqui fresca; - Banda de Tambaqui congelado ; - Costela de Tambaqui congelado; - Polpa de Peixe congelado. É proposto que no caso dos produtos frescos o fluxo a ser aprovado no SIF deve ser de “Peixe”, não se especificando o “Tambaqui”, pois pode ser de interesse dos beneficiários industrializar algum pescado proveniente pesca, bem como se pode beneficiar a Curimatá cultivada junto com o Tambaqui com finalidade de limpeza do fouling que se acumula nas telas das estruturas de cultivo. 8.4. Capacitação e Assistência Técnica 8.4.1. A pedagogia do aprender fazendo e a organização do conhecimento 81 O perfil dos trabalhadores do Parque Aquícola Breu Branco III é de pescador, cuja profissão foi herdada dos mais velhos, sejam pais, tios ou amigos. O processo de capacitação e fixação do conhecimento no Projeto partirá dessa realidade, valorizando os aspectos dos conhecimentos dos pescadores, especialmente com a relevância da experiência dos mais velhos. E este conhecimento terá o seu lugar privilegiado no ambiente de trabalho. Assim por exemplo, na semana de trabalho das equipes, o técnico de produção estará atuando para que as atividades que estejam sendo desenvolvidas se transformem no resultado desse encontro de experiências, adicionando rotinas de registro e análise dos resultados. Neste sistema do “aprender-fazendo” o refor o pedag gico ganha expressão na responsabilidade de cumprir os procedimentos de arraçoamento e manejo propostos, além com incentivo da observação aguçada. No sistema de tanques-rede a observação do tratador dos peixes, nas rotinas de arraçoamento, é de fundamental importância, garantindo o controle e o registro de tudo o que acontece na unidade de produção. Tudo deverá ser feito para que o peixe esteja regular e bem alimentado, afinal esta é a condição para a engorda e a boa condição para uma boa venda. Nesse processo coletivo e coordenado, as informações que foram observadas e anotadas pelos tratadores serão repassadas para o técnico de produção que fará observações, anotações e, posteriormente, utilizará como conhecimento a ser trabalhado com os tratadores, inclusive nas equipes seguintes, formando assim um ciclo de formação e troca de conhecimento. Momento marcante nessa pedagogia será aquele antes do inicio dos trabalhos do dia, quando o técnico de produção tomará a iniciativa de fazer a distribuição de funções do dia, além de preleção baseada nas informações do dia e nos tempos passados, fazendo observações sobre as correções ou afirmação de procedimentos para o dia. Assim só será possível ter uma equipe de tratadores capacitada após este ciclo, tornandose um processo permanente de aprendizado, ou seja, enquanto esteja sendo produzido peixe no Parque Aquícola Breu Branco III. Este processo constante de trabalho, observação, anotação, comentário e destaques é que, após um ciclo de produção (no caso do tambaqui é de 12 meses), converterá na pedagogia do “aprender-fazendo”, por fim consolidando o ambiente da forma ão e gera ão de tecnologia e conhecimentos próprios e locais. 82 8.4.2. Os parceiros no aprendizado e na assistência técnica Para preparação e execução da assistência técnica e do aprendizado, o técnico de produção desempenhará o mais importante papel. E para dar suporte regular a este profissional, contar-se-á com a parceria das seguintes instituições que já vêm aportando importante cooperação durante a experiência anteriores, os estudos técnicos e a formulação deste projeto: Eletronorte IICA Emater-PA Sepaq-PA Escola Agrotécnica Federal de Tucurui A atividade de produção de tambaqui em tanque-rede, por tratar-se de de um procedimento que só recentemente vem ganhando volumes mais expressivos de produção, necessita de um acompanhamento técnico regular para incorporação de novas tecnologias geradas em outros centros de cultivos e centros de pesquisa, como universidades e Embrapa. Na parte do aprendizado, a Escola Agrotécnica Federal de Tucuruí pode contribuir utilizando-se do corpo técnico e estrutura física para treinamentos, além de firmar parcerias para estágios de seus alunos de aquicultura e capacitá-los para o mercado de trabalho, pois terão uma vivência da realidade da produção de peixes tambaqui em tanque-rede. Também é necessário um suporte técnico a equipe de produção, para ajudá-los na avaliação dos resultados obtidos e aprimoramento dos processos produtivos. O IICA pode atender a esta demanda, com profissionais que forneçam uma consultoria regular a equipe técnica e de produção. 8.4.3. As funções necessárias e as aptidões/disposições pessoais A piscicultura de peixes nativos em tanque-rede é uma atividade nova no Brasil, cujos núcleos de produção estão situados no estado de Mato Grosso. Porém, mesmo lá, ainda é processo em crescimento, gerando a cada dia mais informações e conhecimento, pois a experiência brasileira na área de produção de peixes em tanque-rede é com tilápia, espécie esta que está proibida sua criação no Parque Aquícola Breu Branco III. 83 Diante da falta de maiores informações sobre esta atividade na região, se faz necessário um rigoroso programa de acompanhamento da produção, para que efetivamente obtenhamos sucesso neste empreendimento aquícola. Perante este quadro temos a necessidade de dois grupos de trabalhadores: o técnico de produção e o tratador, como é chamado aquele trabalhador que cuida da produção piscícola no seu dia-a-dia. O profissional técnico é responsável por toda parte técnica da produção, desempenhando assim a assistência “in loco”. Por se tratar de um projeto novo, este profissional deve estar presente todos os dias em horário integral dentro do Parque Aquícola Breu Branco III, desempenhando as seguintes funções: Organização do trabalho diário com a distribuição das funções dos trabalhadores; Planejamento, coordenação e acompanhamento do arraçoamento; Planejamento da produção de peixes; Planejamento, coordenação e acompanhamento das despescas; Monitoramento diário dos parâmetros de qualidade de água; Planejamento, coordenação e acompanhamento das medidas de manejo, tais como transferência e seleção; Planejamento, coordenação e acompanhamento da manutenção dos tanques-redes e demais equipamentos; Implantação de medidas de prevenção e controle de doenças. Este profissional deverá ter formação na área e aptidão para este tipo de negócio, identificado através de entrevista e testes profissiográficos específicos, onde o perfil de gerência de pessoas deve estar bem acentuado. O trabalhador que desempenhara a função de tratador receberá as orientações de trabalho do técnico de produção. Este trabalhador desempenhará as seguintes funções: Arraçoamento dos peixes; Manutenção dos tanques-rede; Transporte de ração do depósito para os barcos; Seleção dos peixes; Despesca dos peixes 84 O sistema de trabalho sugerido é do revezamento entre os produtores, onde eles trabalham uma semana no Parque Aquícola de Breu Branco III por uma semana, e fica 7 semanas dispensados de suas funções. Neste intervalo outras equipes de trabalho desempenharão estas funções. Este regime de trabalho exige uma maior participação do técnico de produção sempre para orientar os novos trabalhadores de suas funções e resgatar os históricos de arraçoamento e manejo dos tanques-rede. 85 Parte VI 9. O MODELO DE GESTÃO 9.1. Aspectos gerais Sabe-se que numa organização, qualquer que seja, o desafio maior diz respeito a superar ritmo e estilo improvisados e pessoais, dando lugar ao regimento de coordenação dos esforços coletivos organizados e sob direção, para ao final permitir resultados o mais próximo possível dos esperados, tanto no que se refere aos intermediários (vender um produto para auferir renda), quanto aos finalísticos (melhorar a qualidade de vida das pessoas e da coletividade). E para funcionar uma organização, a exemplo do projeto ora desenhado, são necessárias algumas funções básicas, a exemplo de um bom administrador que saiba planejar a missão, com determinação e confiança, agindo com coerência para dirigir um verdadeiro “neg cio”, já que a meta intermediária implica em transforma ão de recursos naturais combinados com esforços humanos e outros bens a serem comercializados. Este é o escopo negocial que será desenvolvido neste Projeto. Nesta perspectiva geral o Projeto aqui desenhado se transforma em um conjunto de metas e ações que será implementado dentro de um sistema com estrutura deliberativonormativa, gerencial, administrativa e controle social, capaz de permitir fluxos que garantam eficácia, eficiência e transparência das suas ações e divisão dos resultados. Neste sistema todas as decisões estratégicas, todas as atividades, todos os pensamentos e ações do projeto (organização) e de seus colaboradores serão norteados pela missão e pela visão que será estabelecida pelos sistemas de coordenação técnica, gestão e responsabilidade administrativa. Após a fase de definição dos componentes do projeto (fase preparatória), serão definidas desde as fun es “superiores” delibera ão político-institucional do CGP até o “chão de fábrica” (trabalho e produtos), de modo que todos estejam razoavelmente cientes delas e, mais que isso, conscientes da importância de direcionar todos os seus esforços para a sua concretização. Para facilitar a que isto ocorra, na primeira etapa do projeto será desenvolvida a fase de pactuação das regras, as formas de desempenhá-las, as pessoas que irão coordenar esta força de organização e os espaços onde elas acontecerão. E a sua pactuação decorrerá das diretrizes e decisões tomadas na fase preparatória do projeto, que por sua 86 vez considera as consultas e os estudos técnicos prévios e a fase de elaboração e de anuência ao documento do Projeto Básico. E para consumar as responsabilidades, entre todos os atores, este sistema será conformado em um “modelo jurídico-institucional de gestão”, ou seja um arranjo de instituições direta e indiretamente participantes, conforme enunciamos nos fluxogramas que representam os ambientes de execução e gestão a seguir apresentados. 9.2. Os Ambientes de Gestão do Projeto: Fluxograma 01 9.2.1. A comunidade social, suas representações e participações. O projeto terá como núcleo social central 319 famílias de pescadores previamente selecionadas ainda na fase do “projeto Ipirá”, oferecendo a opção de novas adesões. De todo modo, a adesão à organização que será representada pelo projeto se fará através de um instrumento de pacto individual chamadoTermo de Compromisso de Cooperação e Entregas – TCCE, formal este cujas regras constarão em uma das seções do Regimento Interno do projeto, a ser aprovado pelo Conselho Gestor do Projeto-CGP. 87 Sendo grupo heterogêneo e não uniforme, do ponto de vista de fatores etários, vínculos de parentesco e aptidões e motivações pessoais e profissionais, as entradas sociais no projeto se farão por meio de pelo menos três modalidades, sempre a partir da adesão pelo TCCE: a) Pessoal, por vinculação com cooperativas de pescadores, representando uma fração de concessão de tanques por cooperativa; b) Pessoal, representante de unidade familiar, por declaração de pescador devidamente cadastrado no MPA e por cota de cessão de área aquicola; c) Pessoa física, qualificada como Micro Empreendedor Individual (MEI)7 nos termos da Lei nº 11.598/2007, combinado com Cadastro de Pescador pelo MPA, por cota de cessão de área aquicola. Fluxograma 02 - Adesão e participação social no projeto e seus resultados na fase de consolidação 7 Embora o CNAE, instrumento que especifica as atividades elegíveis ao MEI, ainda não conste a atividade de piscicultura, nada obsta que se faça gestão para incluir esta categoria, junto à nova Secretaria da Micro e Pequena Empresa, quem coordena as ações do Portal do Empreendedor. 88 9.2.2. O foro de Deliberação Superior e transparência Será constituído e instalado um Conselho Gestor do Projeto (CGP), composto por representantes dos produtores, dos patrocinadores e parceiros políticos e técnicos. Este conselho atuará como instância superior de deliberação sobre as metas do projeto, contratação do Gerente Executivo e, sobretudo, como instância de supervisão do projeto e órgão de transparência, a quem deverão ser submetidos os relatórios de realização e administração do projeto, e este (o CGP) emitirá parecer de aprovação ou revisão dos relatórios e os encaminhará aos patrocinadores e à publicidade. O CGP também competirá aprovar o plano orçamentário anual do projeto e suas revisões. Suas regras de constituição e funcionamento constarão em Regimento Interno do Projeto. O CGP não terá personalidade jurídica e seus membros não serão remunerados. 89 9.2.3. O Ambiente de Gerência Técnica e Executiva A Gerência Técnica será formada por um Gerente Executivo do Projeto, este acumulando a função de gerente da unidade de produção, e um gerente da unidade de processamento. A GTE atuará nas funções de gerenciamento técnico (decisão técnica), administrativo, financeiro e de representação institucional externa do Projeto, sob subordinação ao CGP. A sua instalação e funcionamento se combinará na forma de uma Pessoa Jurídica de direito privado e sem fins lucrativos, personificada através de uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público - OSCIP, nos termos da Lei no 9.790, de 23 de março de 1999 e do Código Civil Brasileiro. A organização que incorporará a GTE será a captadora e gestora das fontes de recursos do projeto – através das modalidades contratos previstos no direto público e privado do País (convênios, termos de parcerias, termo de cooperação, contratos de doações, comodatos, etc.), bem como ordenadora de despesas e contratos, responsabilizando-se também pela gestão trabalhista, tributária e fiscal. Responderá civil e penalmente pela gestão do projeto e seu patrimônio, nos termos da legislação nacional. No período da carência para contratação com o Poder Público (IN STN 01, 04, 06 – prazo de carência de 3 anos de atividade) a GTE poderá ser incorporada, por prazo prédeterminado, por uma das organizações juridicamente constituídas e instaladas e aptas nos municípios de base do projeto. Além disso a GTE atuará como escritório de contratação dos bens, serviços e insumos do projeto, além de agência de compra e venda dos produtos finais, reguladas mediante as regras de participação definidas no TCCE e por deliberações dos produtores, juntamente com a GTE. 90 A gestão patrimonial (domínio e alienação) serão regidas pelas normas de constituição de sociedade civil sem fins lucrativos, e quando de fonte pública serão gravados e tomados como patrimônio público. O Gerente executivo exercerá funções de diretor executivo e representará o projeto junto ao CGP e a organização, extra e judicialmente. O Gerente Executivo será nomeado pelo CGP por regime Celetista, conjugado com Participação nos Resultados, após processo simplificado de seleção com base na abordagem de critérios técnicos e de notório saber, devidamente descritos em instrumentos de Termo de Referência e Contrato, devidamente publicados. Os assistentes técnicos e todos os contratos com fornecedores e trabalhadores serão geridos pelo GTE e a ele subordinados, ad referendum do CGP. 9.3. Os instrumentos de contratação e gestão Trata-se de indicativo de proposta de instrumentos que deverão ser pactuados durante os primeiros 3 meses de instalação do projeto, em regime de assembléias dos produtores e homologados pelo CGP. 9.3.1. O Regimento Interno (RI) do projeto O RI será a norma padrão do projeto, com os seus termos gerais vinculados às condições gerais, metas e prazos, divisão dos volumes de trabalhode, os quais deverão representar os indicativos técnicos constantes nos documentos denominados “Projeto Básico” e “Projeto Executivo”, além de conter nas suas sessões e cláusulas as diretrizes do Termo de Cooperação e Compromisso de Entrega (TCCE), divisão das responsabilidades, divisão dos volumes de trabalho, participações nos resultados, reinvestimentos, normas gerais de administração, modalidades de compra de bens e serviços e as soluções de conflitos, adotados pelo projeto. Este instrumento de contrato social será elaborado em regime de consulta e assembléia geral dos pescadores e aprovado pelo CGP em reunião extraordinária. O CGP atuará como fórum de solução de conflitos não solucionáveis no ambiente interno de gerência. 91 9.3.2. O Estatuto da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP) Será instituída uma organização sem fins lucrativos com personalidade jurídica representada por um corpo diretor constituído por um Presidente, um secretário e um tesoureiro, além de três membros do conselho fiscal, todos não remunerados nessas funções legais – cujo Estatuto será elaborado com o fim específico de regular as obrigações de administração e gerenciamento técnico e financeiro do projeto, de modo que a Pessoa Jurídica dela resultante tenha os seus fins vinculados direta e limitadamente às metas específicas do projeto (conforme os documentos de Projeto Básico e Projeto Executivo e documentos de gestão). A sua elaboração se dará durante processo de consulta e sua aprovação será feita em regime de assembléia dos pescadores, patrocinadores, GTE e submetido à apreciação do CGP. 9.3.3. O Termo de Cooperação e Compromisso de Entrega (TCCE). O TCCE será um instrumento de contrato social de adesão individual (família/pessoa) no sistema do projeto, cujas cláusulas comporão as regras de participação de cada produtor no projeto, suas obrigações de entregas de serviços e produtos, de auferimento de vantagens e rendas, e as condições do desligamento. Tal formal será estabelecido em regime de consulta e aprovado em assembléia geral dos pescadores, patrocinadores e a GTE. 9.4. A fase de “pré-investimento” - pactuação do Sistema de Gestão do Projeto e o primeiro ciclo de produção Embora o Projeto tenha decorrido de uma fase de experiência prática (Projeto Ipirá) e de outra fase de avaliação técnica e de planejamento na qual ocorreu ampla agenda de discussão e planejamento com os pescadores, onde foram discutidos os indicativos para a projeção do modelo de gestão do projeto, na modelagem aqui apresentada são enunciadas as diretrizes e as formas de formalização organizativa do sistema e suas diversas instâncias de gestão. Porém, o detalhamento e a confirmação desses instrumentos se darão durante a primeira fase de execução do projeto, quando ocorrerá o regime de transição do sistema anterior para o sistema programático aqui proposto. 92 Esta fase será executada sob o aporte em serviços e financiamento da EletrobrasEletronorte, especialmente através dos serviços da cooperação técnica com o IICA, período quando serão formuladas e consolidadas as pactuações com os pescadores participantes. Nesta fase também, no mesmo regime de cooperação técnica, a Empresa de primeiro patrocínio apoiará a organização do primeiro ciclo de produção, nas condições já existentes no “projeto Ipirá”, a partir do qual se estabelecerão as entradas dos novos aportes e processos de incremento das ações sob o novo regime de adesão e gestão. Nesta fase serão prestados serviços de consultoria técnica para apoiar os pescadores e as instituições locais a instalar as bases executivas e institucionais do projeto, conforme a modelagem aqui apresentada. Fluxograma 03 - O ciclo de implantação do projeto Fase 1 Experiência prática “Projeto Ipirá” Fase 2: Pré-investimento: Estudos técnicos e Agenda Social; Fase 3 Elabora ão do “Projeto Básico” e “Projeto Executivo” e ransi ão Fase 4: Consolidação do projeto e acompanhamento; Fase 5: Avaliação e encerramento do projeto. 93 Parte VII 10. OS MEIOS E OS CUSTOS Nesta seção serão apresentadas as estimativas, com base na realidade de mercado do momento da pesquisa, das necessidades de infraestrutura em bens móveis e equipamentos básicos, insumos, serviços humanos para o projeto, incluindo as contrapartidas próprias ou já aportadas pelos parceiros, em bens e insumos já disponibilizados ou serviços que serão aportados pelos pescadores e parceiros. As planilhas de detalhamento das informações deste capitulo encontram-se no anexo (B). 10.1. Os custos no Componente de Produção 10.1.1. Imóveis Para a consolidação da produção no Parque Aquícola Breu Branco III, se faz necessária infraestrutura básica de produção. Uma das mais importantes é o espaço físico, em terra, para servir como base de apoio e logística para todo o parque aquícola. Para isto será necessária uma área de terra as margens do lago e de frente para o Parque Aquícola Breu Branco III, local onde hoje já existe ume pequena infraestrutura de apoio. Projetos e obra civis Além disto há necessidade da construção de galpão para armazenamento de ração e equipamentos, alojamentos para os trabalhadores, cantina, refeitório, escritório e área de convivência. Descrição Galpão Valor (R$) 600.000,00 A planta baixa desta estrutura estáapresentada no Anexo D. 10.1.2. Equipamentos, material permanente e implementos Para a funcionalidade da produção no Parque Aquícola Breu Branco III, será necessária uma infraestruturade composta pelos itens da tabela a seguir. 94 Descrição Equipamentos, material Estimativa de valor (R$) permanente e 639.782,00 implementos 10.1.3. Insumos O principal impacto de insumo para produção de peixe é a ração e, no caso do Parque Aquicola Breu Branco III este item toma maior importância maior pela ausência de empresas na região que fabriquem ração para peixes no sistema tanques-rede. Os alevinos têm um menor impacto nos custos, por tratar-se de alevinos de tambaqui de menor preço no mercado. O valor total dos insumos para a produção de 1.050.000 kg de peixes anualmente consta a seguir. Descrição Insumos Valor (R$) R$ 3.443.173,37 10.1.4. Serviços de pessoas A mão-de-obra relativa aos cuidados diários com os peixes como alimentação e manejo, serão feitos pelos próprios cooperados em sistema de rodízio semanal. Para as operações da unidade de produção são necessários 3 (três) funcionários, um gerente, um técnico de produção e um auxiliar administrativo, cujos custos estão na tabela a seguir. 95 Descrição Mao de obra Valor R$195.840,00 10.1.5. Embarcações Os barcos são muito importantes, sendo necessários barcos para alimentação dos peixes e um barco para transporte de pessoal, de Tucurui para o parque aquícola. Outros equipamentos importantes são as balsas de apoio e despescas, fundamentais para uma melhor operação no dia-a-dia da piscicultura, além dos aspectos relativos à vigilância, cujo custo consta a seguir. Descrição Embarcações Valor R$ 264.500,00 10.1.6. Contrapartidas. Tanques-rede O Ministério da Pesca e Aquicultura, adquiriu 2.600 tanque-rede para o Parque Aquicola Breu Branco III, onde parte deles está instalada na área de produção e o restante se encontra nos galpões da Eletronorte. Como uma atividade de ordenamento do parque aquícola, faz necessário a execução da sinalização de toda a área e demarcação dos lotes, conforme projeto aprovado pela Marinha do Brasil e exigido pela Sema-PA. Esta é uma ação que está sendo desenvolvida pelo Ministério da Pesca e Aquicultura. Área rural Foi adquirido pela Eletronorte uma área rural as margens do Lago de Tucurui, nas proximidades do Parque Aquícola Breu Branco III para instalação dos galpões, alojamento, escritório e cantina dos produtores. 96 Tabela 6 – Contrapartidas já aportadas pelos parceiros ao Projeto Descrição MPA 2 600 Tanques – rede ELETRONORTE 3.380.000,00 Terreno Rural 10.2. 50.000,00 Os custos no componente Capacitação e Assistência Técnica 10.2.1. Imóveis As principais atividades de capacitação para produção de peixes em tanque-rede no Parque Aquicola Breu Branco III, acontecerão diretamente na unidade de produção, dentro do próprio parque aquicola. As demais atividades serão executadas dentro da área do galpão, denominada área de convivência. Desta forma os custos dos imóveis para esta atividades já estão incluídos dentro dos custos gerais do projeto. 10.2.2. Equipamentos Para os trabalhos do dia-a-dia se fazem necessárias as análises de qualidade de água. Para execução destas análises utiliza-se de um oxímetro e de kit’s de análises de água. Nome Oximetro YSY Medidor pHportatil Total Qtde Custo un (R$) Total (R$) 2 3.000,00 6.000,00 2 700,00 1.400,00 7.400,00 Para as atividades de treinamento e capacitação na área de convivência, utiliza-se um equipamento de data-show e um computador, já inseridos no custo total do projeto, na parte do escritório. O deslocamento dentro do Parque Aquicola Breu Branco III, para as atividades de treinamento e capacitação, será feito em embarcações já disponíveis no projeto 97 10.2.3. Insumos Os principais itens de consumo para capacitação são material de escritório, para impressão na elaboração de material técnico e planilhas, já incluídos no custo geral da gestão do projeto. 10.2.4. Serviços de pessoas Consultoria externa Conforme já descrevemos anteriormente, por tratar-se de atividade nova no agronegócio brasileiro, a criação de peixes tambaqui em tanque-rede de pequeno volume, requer um acompanhamento e melhoramento diários dos procedimentos de manejo. Desta forma se faz necessário a contratação de uma consultoria, para junto ao técnico responsável pela produção e produtores, fazer um ordenamento de trabalho que permita reduzir os riscos do negócios e maximizar os resultados zootécnicos e econômicos. Este trabalho será executado mensalmente, diretamente em Tucurui, contando com a presença dos responsáveis pela produção, alem de acompanhamento a campo dos resultados obtidos. Técnico de campo Os trabalhos de capacitação e treinamento a campo será efetuado por um técnico com conhecimento na área de manejo, sanidade, produção e controle de atividade em piscicultura. Além dos trabalhos de campo do dia-a-dia, ele fará os treinamentos necessários, inclusive em sala de aula, para os produtores. O planejamento desta atividade será executada juntamente com a consultoria externa, que fornecera o suporte técnico responsável para condução das ações de treinamento e capacitação. Descrição Consultoria externa anual Técnico de produção anual Total Valor (R$) 150.000,00 81.600,00 231.600,00 98 10.2.5. Contrapartidas A contratação do técnico de apoio será efetuado pela Eletronorte. Será utilizada a estrutura de transporte e alimentação já disponíveis no projeto, além dos espaços físicos também existentes. 10.3. Custos no Componente de gestão e administração 10.3.1. Imóvel A administração da piscicultura funcionará no prédio onde estarão o depósito de ração, quartos de alojamento e refeitório. 10.3.2. Equipamentos Para funcionamento do escritório, se utilizará alguns equipamentos fundamentais, tais como: mesas, computadores, impressoras, data show, telefones e demais acessórios. Descrição Moveis escritório Quantidade Custo un (R$) Total (R$) 2 7.000,00 14.000,00 10.3.3. Insumos Os principais insumos serão, papeis para impressão, tintas para impressoras, lápis, canetas e demais utensílios de uso diário em um escritório. Descrição Diversos (escritório) Quantidade Custo un (R$) Total (R$) 2 1.500,00 3.000,00 99 10.3.4. Serviços de pessoas Para as atividades de gestão, será necessário a contratação de um gerente e um auxiliar administrativo. Descrição Trabalhadores adm/fin/comercial Salario/mês Pessoas Total (R$) 3,50 2 114.240,00 Estes profissionais desempenharão a função de gerência da produção, controle administrativo e financeiro, além da parte de comercialização. 10.3.5. Contrapartidas A construção das instalações físicas para funcionamento das atividades de gestão e administração do negócio, será realizada através de repasses de parceiros do projeto, como Eletronorte, Sepaq-PA e MPA, ou outros que vierem a ser incorporados no processo. 10.4. Planilha geral de custos As despesas gerais para implantação do Parque Aquicola Breu Branco III, para atingir uma produção de 1.050.000 kg de tambaqui por ano, são compostas de alguns investimentos e, principalmente, de recursos para custeio da primeira produção, conforme tabela a seguir: Investimentos Itens Investimento (R$) 1. Projetos e obras civis 600.000,00 2. Sistema de produção 12.180,00 2. Apoio administrativo e operacional 31.500,00 3. Barcos 264.500,00 4. Equipamentos 596.102,00 Total 1.504.282,00 100 Estes investimentos são estruturantes do funcionamento do projeto de produção de peixes no Parque Aquícola Breu Branco III. O detalhamento encontra-se em planilha nos anexos do projeto. Dentre eles se destacam os projetos e obras civis, que tratam do depósito de ração, escritório, alojamento, cozinha, refeitório e área coletiva de convivência dos trabalhadores. Os barcos são fundamentais nas ações de manejo no dia-a-dia, desde a alimentação, transporte até a despesca. No item 4, referente a implementos, o mais importante é a reforma (remontagem) de todos os 2.600 tanques-rede existentes, para adequá-los as condições de uso. Nas despesas fixas, incluem a mão-de-obra, manutenção e conservação das estruturas de produção e unidades de apoio necessárias durante todo o ano. Este custo mantém-se estável, mesmo que a produção não atinja os níveis planejados, daí a importância de seu gerenciamento para que estes custos não corroam os lucros obtidos com a produção de peixes. Itens Valor (R$0 Manutencao e conservação 31.622,00 Total 31.622,00 Despesas com a mão-de-obra Salário base (R$/mês) 800,00 Setor/Função Salários/mês Pessoas Técnico de produção 5,00 1 Trabalhadores administrativo financeiro – comercial 3,50 2 TOTAL 3 Custo Anual c/ Encargos (R$) 81.600,00 114.240,00 195.840,00 Este quadro é formado por 3 pessoas, sendo um técnico de produção que será responsável por todas as atividades de campo, no dia-a-dia, desde a parte de distribuição de trabalho aos controles de produção, como ração, manejo de peixes e despesca. 101 Um auxiliar administrativo que cuidará de todos os procedimentos e controles administrativo/financeiros da unidade de produção, no Parque Aquicola Breu Branco III, como controle de estoque de ração, programação de compra, programação de despesca, controle de estoque de peixes, banco de horas dos cooperados, controle de combustíveis e controles de pagamentos. O terceiro trabalhador é o gerente da unidade de produção que auxiliará na programação de trabalho do técnico de produção e auxiliar administrativo, ordenamento de despesas e receitas, relacionamento com clientes, fornecedores e cooperados. Custos variáveis (ração, alevinos, gelo, combustível, despesas diversas e funrural) Itens Ração inicial 1 Ração Engorda 2 Alevinos 5 g Gelo Gasolina Diversos (% dos ítens anteriores) Funrural TOTAL Unid. Custo Unitário (R$) Kg Kg milheiro Kg Lts % % 2,40 1,63 150,00 0,15 3,30 0,30% 2,10% Quant. /ano 64.141 1.854.139 880 421976 18.615 3.432.874,75 5.274.706,08 Custo Total Anual (R$) 153.939,53 3.022.246,74 131.962,50 63.296,47 61.429,50 10.298,62 110.768,83 3.553.942,20 Estes custos variam conforme a produção, se houver aumento nesta, eles aumentam também, ese diminuir a produção, eles diminuem. Neste cálculo foram utilizados os dados da produção total do empreendimento. Os valores relativos a ração, que é o item de maior impacto no custo total da produção, foram calculados levando-se em consideração empresas da região Centro-Oeste que fabricam rações com especificação técnica para a criação de tambaqui em tanque-rede, denominado de peixes redondo. Neste custo também está incluído o frete, fator preponderante para esta região do país. Este custo é um item necessário para levar a bom termo uma produção de tambaqui durante 12 meses, até atingir a idade de abate, em torno de 1,5 kg de peso vivo. Para a produção de uma safra de 12 meses de tambaqui em tanque-rede, no Parque Aquícola Breu Branco III, com produção estimada de 1.050.000 kg, os custos totais são da ordem de R$ 4.104.559,78 (Quatro milhões, cento e quatro mil, quinhentos e cinquenta e nove reais e setenta e oito centavos). 102 Na comercialização deste total de 1.050.000 kg a indústria de processamento gera uma receita anual de R$ 5.274.706,08 (Cinco milhões, duzentos e setenta e quatro mil, setecentos e seis reais e oito centavos) e um lucro liquido de R$ 1.170.146,29 (Um milhão, cento e setenta mil, cento e quarenta e seis reais e vinte e nove centavos). Nesta base de produção temos um custo de produção aproximado de R$ 3,89/kg de peixe vivo. Resultado econômico da produção de peixes Descrição Após estabilização % ano Valor (kg/ano) Custo de produção (R$/kg) - 3,89 Preço médio (R$/kg) - 5,00 Margem de lucro (R$ /kg) - 1,11 32,00 - Rentabilidade simples (%) 28,5 - Payback (anos) 1,29 - Ponto de equilíbrio (%) 10.5. Custos no Componente Processamento e Comercialização 10.5.1. Obras civis e reformas Os valores dos investimentos nas obras civis foram divididos em Etapa 1, Etapa 2 e Total Geral. Para a Estrutura e Implantação (Planilha 2), considerou-se o investimento total no início do Projeto, ou seja, na Etapa 1. Calculou-se, a partir dos orçamentos e valores fornecidos pelos fornecedores, o valor total de investimentos para cada fase e para o projeto global (Planilha 6. Resumo de Investimentos). Os valores foram de R$ 3.456.648,72 para a Etapa 1 e R$ 32.236,46 para a Etapa 2, totalizando R$ 3.488.885,19 nas duas etapas. Os layouts, plantas baixas e cortes, das estruturas, tanto de apoio à Administração/Gerência, quanto para beneficiamento do pescado em si, estão apresentadas no Anexo “D”. Ressalta-se, que por Etapa foi calculada um fornecimento crescente de matéria prima começando com 1 toneladas/dia até a capacidade de 4 toneladas/dia/turno. É importante 103 destacar que nas mesmas instalações, com a abertura de um segundo e eventualmente um terceiro turno de 8 horas/dia a capacidade instalada permite a triplicação da capacidade de abate. Com já se discutiu anteriormente (itens 10.1.ii “e” e 12.4 - Ciclo do Projeto) a entrada em operação da Unidade de Beneficiamento tem um tempo de maturação. Apenas para obras civis estima-se a necessidade de 10 meses, isto ap s conseguir e “desembara ar” um terreno. Diante do exposto, é possível que seja necessária uma estratégia de mais curto/médio prazo para comercialização da produção. Seguimos acreditando na possibilidade da utilização das instalações do Entreposto situado em Jacundá (Porto Novo) a menos de 70 Kmde navegação do Parque Aquícola Breu Branco III. A situação das instalações, a necessidade de reformas, adequações e compra de equipamentos com vistas a colocar tal Unidade em produção já foram levantadas pelos técnicos da Secretaria de Infraestrutura e Fomento do MPA. Descrição Etapa 1 Etapa 2 Total Investimentos para a Unidade 3.456.648,72 32.236,46 3.488.885,19 de Beneficiamento 10.5.2. Imóveis Sugerimos que o terreno, único bem imóvel para a parte do entreposto, seja obtido através de alguma Contrapartida. Contando que o mesmo tenha 20.000 m2 e que seja situado nas proximidades da cidade para facilitar a logística e operação, estimamos que a preços de hoje estamos falando de um terreno de cerca de R$ 200.000,00. Entendemos que pela importância do estabelecimento no Projeto como um todo, alguma das Prefeituras envolvidas no projeto pode disponibilizá-lo. 10.5.3. Equipamentos Nas planilhas do EVTE listamos os equipamentos que são necessários para a operação plena da unidade de beneficiamento em suas diversas etapas (Planilhas 3, 4 e 5). Os fornecedores listados foram consultados apenas para fins de obtenção de cotação, não sendo obrigatória a aquisição de nenhum dos itens levantados com os mesmos. 104 Considerando a indústria como um todo global, notamos que os maiores investimentos são exatamente em equipamentos (52,5%), seguido pela estrutura e implantação do projeto (37,9%), veículos (7,9%) e implementos, móveis e utensílios (2,6%). 10.5.4. Insumos Vários insumos serão necessários na produção da linha de pescados da indústria e logicamente o principal deles será o peixe (a sua matéria prima). O Tambaqui advindo do cultivo do Projeto nesta nova configuração custará ao produtor R$ 3,89/Kg. Propomos que os beneficiários entreguem o produto para a indústria a R$ 5,00/Kg auferindo, no ato, lucro da ordem de 28,5%. Após o processamento e a agregação de valor ao pescado in natura, a rentabilidade da indústria remunerando a matéria prima nesta casa, fica na ordem de grandeza de 27,5%. As regras de distribuição de lucros advindos da indústrias estão propostas no item 7”v” do presente Projeto Básico. Além da matéria-prima outros insumos são: embalagem; produtos para controle de qualidade e limpeza, combustíveis, comissões e impostos (ver Planilha 9. Custos Variáveis). O valor total anual dos custos variáveis com a indústria funcionando com sua capacidade máxima (após estabilização), nas etapas 1 e 2, foram, respectivamente, de R$ 1.837.181,24 e R$ 6.648.197,84; Descrição Custos variáveis Etapa 1 (R$) Etapa 2 (R$) 1.837.181,24 6.648.197,84 A água utilizada será originária de poço artesiano, não sendo, portanto, computado os custos de água encanada externa; Outros custos/insumos são considerados como custos fixos e estão agrupados em depreciação; manutenção e conservação; seguro sobre ativo fixo; mão-de-obra fixa; dentre outros. Este item também foi calculado para as etapas 1 (R$ 1.553.527,28) e 2 (R$ 1.784.828,49) e estão apresentados na Planilha 7. Custos Fixos. Descrição Custos fixos Etapa 1 (R$) Etapa 2 (R$) 1.553.527,28 1.784.828,49 105 10.5.5. Serviços de pessoas Na planilha de custos fixos citada acima podemos encontrar informações sobre a mãode-obra fixa necessária para o Projeto, com detalhes sobre os setores/funções, n° de funcionários, remuneração mensal e custos anuais. A partir da base de cálculo e análises do projeto, calculou-se que para o empreendimento serão necessários 35 funcionários fixos na Etapa 1 e mais 10 na Etapa 2. O setor de produção (chão da fábrica) é o que necessita de mais mão-de-obra, sendo 23 e 33 funcionários, respectivamente, nas etapas 1 e 2. Ressalta-se, que também serão gerados empregos nas fases de comercialização e compra do pescado, bem como serviços esporádicos na indústria, computados junto aos demais custos variáveis. O total dos pagamentos de pessoal totalizará R$ 1.127.039,40 (um milhão, cento e vinte e sete mil, trinta e nove reais e quarenta centavos) dos quais R$ 858.551,40 (oitocentos e cinqüenta e oito mil quinhentos e cinquenta e um reais e quarenta centavos) podem advir de cargos que podem perfeitamente ser ocupados pelos beneficiários/pescadores e/ou seus familiares. 10.6. Resultadodo investimento, custeio, receita e lucro da unidade de produção e de processamento de pescado. Descrição Investimento Unidade de Receita Lucro 10.7. Total Produção 1.504.282,00 Processamento 3.488.885,19 4.993.167,19 550.617,58 1.784.828,49 2.335.446,07 3.553.942,20 6.648.197,84 10.202.140,04 5.274.706,68 9.617.727,98 14.892.434,66 1.170.146,90 1.184.701,64 2.354.848,54 Custos fixos Custos variáveis Unidade de Contrapartidas gerais 106 Para a implantação do Parque Aquícola Breu Branco III dentro de sua plenitude são necessários contrapartidas, já disponíveis ou apotar, de vários parceiros atuais do projeto, a exemplo das que seguem: Legalização ambiental Ordenamento do parque aquícola, principalmente na parte de sinalização de toda a área e demarcação dos lotes, conforme projeto aprovado pela Marinha do Brasil e exigido pela Sema-PA. Área para instalação de infraestrutura de galpão e alojamento Em acordos anteriormente firmados esta infraestrutura de galpões para serem utilizados como galpões, alojamentos, cantinas e escritório serão uma contrapartida da Eletronorte. Adequações dos tanques-rede Os tanques-rede existentes no projeto foram fornecidos diretamente pelo MPA, sendo portanto os responsáveis pela sua recuperação e mantê-los dentro dos padrões aceitáveis de produção segura. Balsas e barcos O Parque Aquicola Breu Branco III esta localizado no município de Breu Branco-PA, porém a população assistida reside no município de Tucurui-PA. Neste caso há necessidade de transporte para as unidades de produção, além das demais unidades de apoio a produção como balsas e barcos de fibra, que facilitam o manejo e viabilizam o negócio. Os recursos financeiros para a aquisição destes equipamentos devem ser de parceiros agregados ao projeto. Custos fixos e variáveis Para um negócio desta envergadura, se faz necessário o financiamento do primeiro ciclo de produção por parte dos idealizadores do projeto: Sepaq-PA, MPA e Eletornorte. O primeiro ciclo de produção necessita do custeio destas entidades para que o projeto do Parque Aquícola Breu Branco III se viabilize. 107 10.8. Resumo geral do orçamento: Área / Eixo Produção Assistência Técnica Ação – Tipo Processamento/ comercialização Total Geral Subtotal Obras civis 600.000,00 600.000,00 Equipamentos 904.282,00 1.504.282,00 Insumos 3.734.339,78 5.238.621,78 Pessoal 81.600,00 5.320.221,78 Contrapartidas 3.430.000,00* 8.750.221,78 Equipamentos 7.400,00 8.757.621,78 149.980,00 8.907.601,78 14.000,00 8.921.601,78 Insumos 3.000,00 8.924.601,78 Pessoal 114.240,00 9.038.841,78 Equipamentos 1.291.074,93 10.329.916,71 Obras 2.197.810,26 12.527.726,97 Insumos 1.925.986,93** 14.453.713,90 Pessoal 1.127.039,40 15.580.753,30 Pessoal Gestão Valor Equipamentos 15.580.753,30 (*) As contrapartidas da produção, foram efetuadas através do MPA com os tanques-rede e Eletronorte com a área de apoio terrestre. (**) No calculo dos insumos do processamento/comercialização, não foi considerado o valor dos peixes oriundos da produção. Parte VIII 11. BIBLIOGRAFIA BEZ, M.F.; GUERESCHI, R.M.; BEUX, L.F.; NUNER, A.P. O.; ZANIBONI-FILHO, E. Influencia do cultivo de peixes em tanques-rede sobre a comunidade bentônica no reservatório da UHE Ita, Rio Uruguai, Brasil, In: 58 Reuniao Anual da SBPC, 2006, Florianopolis, 58 Reuniao Anual da SBPC, 2006, v.1. NASCIMENTO, M.A.P.; WINGARTNER, M.; BEUX, L.F.; NUNER, A.P.; FRACALOSSI, D. Cultivo de espécies de peixes nativos em tanques-rede no sul do Brasil. In: III Conferencia Latinoamericana sobre o cultivo de peixes nativos e III congresso brasileiro de produção de peixes nativos, 2011, Lavras, MG. MEDEIROS, F. M.; Tanque-rede, mais tecnologia e lucro na piscicultura, Cuiabá, MT, 2005, 123 p 108 BROLL, F.F.; MACHADO, C.; GUERESCHI, R.M.; HERMES SILVA S.; BEUX, L.F.; LOPES NETO, Q.J.; NUNER, A.P.O.; Criação de peixes em tanques-rede e qualidade de água. In: Alex Pires de Oliveira Nuner, Evoy Zaniboni Filho. (Org). Reservatorio de Machadinho, peixes, pesca e tecnologias de crialção, 1 ed, Florianopolis, UFSC, 2012, v.1.,p 205-240. ZANIBONI FILHO, E.; NUNER A.P.; GUERESCHI, R.M.; HERMES SILVA, S.; Cultivo de Peixes em Tanques-rede e Impactos Ambientais. In. CARDOSO. E.L.; FERREIRA, R.M.A. (Org)O. Cultivo de Peixes em Tanques-rede, desafios e oportunidades para um desenvolvimento sustentável, 1 ed, Belo Horizonte, EPAMIG, 2005, v 1, p 57.80. BRASIL. Ministério das Minas e Energia. Programa de Pesca e Ictiofauna –Produção desembarque pesqueiro local por porto. Tucuruí: ELETRONORTE, 2011. BRASIL. Ministério da Pesca e Aqüicultura. Estatística Pesqueira e Aquícola. Brasília: MPA, 2012. CAMARGO, S.A.F. Pesca Profissional, dilemas e conflitos no reservatório da UHE Tucuruí, PA.2002, 139 f.. Tese (Doutorado em Aqüicultura) – Faculdade de Ciências Agrárias, Universidade Estadual Paulista, Jaboticabal, 2002. INFOPESCA(Uruguay). 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Disponível em <http://www.paodeacucar.com.br/produto/76982/costela-de-tambaqui-em-ripas-congeladonativ-420g> Costela de Tambaqui Fresca Companhia do Peixe. Site do Supermercado Zona Sul Atende. Disponível em <http://www.zonasulatende.com.br/Produto/Costela_de_Tambaqui_Fresca_Companhia_do_Peixe___-3749> 1 Banda de Tambaqui sem Espinha + Guarnições para 3 Pessoas no Ki Tempero, de R$ 54,99 por R$ 29,99. Site de compra Tambaqui urbano. Disponível em <http://www.tambaquiurbano.com/oferta/1-banda-detambaqui-sem-espinha-guarniaaes-para-3-pessoas-no-ki-tempero-de-r-5499-por-r-2999--1979.html> 109 12. ANEXOS (A) Desenhos/fotos de equipamentos; (B) Planilhas dos Estudos de Viabilidade Técnica e Econômica; (C) Planilhas de controle de produção/manejo; (D) Layouts das novas estruturas de apoio e remodelagem necessárias; (E) Fluxos dos produtos à base de pescado; (F) – Listagem atualizada dos beneficiários cessionários do Projeto de Piscicultura Breu Branco III 110