Precisamos realizar a Maragogipe +20 para salvar a nossa RESEX da destruição Nos últimos meses fiz uma reflexão acerca de algumas questões relativas a nossa RESEX (Reserva Extrativista Marinha Baía do Iguape), fiz pesquisa de campo, falei com moradores, ouvi diversas denúncias, li sobre o assunto, por coincidência, ainda vi o documentário sobre manguezais que está passando num jornal televisivo e com minhas experiências acumuladas resolvi descrever um pouco da situação trágica que atualmente cerca o nosso meio ambiente. Posso até estar sendo precipitado, mas acredito que não. Nós, realmente, estamos destruindo, com toda uma vontade, a nossa reserva extrativista, e ninguém está fazendo nada para mudarmos esta realidade. Apenas discursos e mais discursos assim como o meu, neste momento. A culpa de todo este procedimento destruidor é nossa, pois elegemos políticos descomprometidos com o município e com a população e ainda por cima, ficamos inertes à situação sem ao menos, questionarmos, como estou a fazer neste momento. Alguns dos principais conflitos/problemas que a nossa RESEX (Reserva Extrativista Marinha Baía do Iguape) enfrentou ao longo do tempo foi: a pesca com explosivos, lançamentos de efluentes domésticos e industriais, ocupação desordenada do solo, desmatamento dos manguezais, disposição inadequada de resíduos sólidos, caça predatória, extrativismo descontrolado de crustáceos e moluscos, ocupação de áreas de preservação permanente. Hoje, outras questões estão acima de qualquer outro ponto, e os grandes impactos estão sendo causados pelos grandes empreendimentos e ações humanas, como mostra o mapa abaixo. É sobre estas questões que iremos tratar nesta postagem: Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, Pavilhão Raul Seixas. Estrada de São Lázaro, 197 – 40701-230 - Salvador, Bahia. Telefone: 5571- 9929-9031. E-mail: [email protected] Este mapa pode ser ampliado. Clique na imagem. Neste mapa, você percebe dois grandes impactos à nossa reserva (O círculo amarelo é o Impacto da Barragem de Pedra do Cavalo e o roxo é do Estaleiro Enseada do Paraguaçu) e outros três são impactos em menores proporções (Em vermelho temos impactos reais como o da ETE da Comissão/Baixinha e o da Captação de Areia em Coqueiros/São Félix, num roxo escuro temos um impacto da Extração de Pedra no Guaí e algumas denúncias). Será um desafio falar sobre estas questões, até porque não irei escrever um livro, nem estou fazendo uma pesquisa de campo mais aprofundada. Irei tratar somente dos impactos negativos, pois os empreendimentos já se encarregaram dos impactos positivos. IMPACTO DA BARRAGEM DE PEDRA DO CAVALO: Apesar dos discursos de muitos políticos que desejam o "SIM" ou "ACEITO" da população sem a necessidade de debate e da verdadeira discussão, pois eles acreditam que são os detentores do saber, nós priorizamos o debate. Sendo assim começo dizendo que os grandes empreendimentos trazem, de certo modo, alguns benefícios, mas sobretudo, malefícios. É por este motivo que existem as Contrapartidas Sócio-Ambientais, pois grande parte da população nativa perderá seu meio de vida, e com discursos alienadores, perderá a sua casa e sua família. O convívio social muda com grandes empreendimentos, a ganância, o egoísmo, os efeitos negativos inerentes ao ser humano tomam conta da maioria da população de forma inimaginável. A Barragem de Pedra do Cavalo é exemplo de empreendimento que resultou em alguns benefícios. Com o represamento do Rio Paraguaçu, as cidades de Cachoeira, São Félix, e as vilas de Nagé e Coqueiros, e até de Maragogipe tiveram oportunidade de crescer sem a preocupação das enchentes. Houve um controle do rio, contudo estas comunidades que, em sua maioria, sobrevivia com a pesca e a mariscagem recebeu grande impacto quando pescados tradicionais da Baía do Iguape deixaram de ser extraídos pois foram barrados junto com a água. Até hoje, as comunidades extrativistas se queixam dos impactos negativos, mas a Votorantim não liga muito para estas questões. Resta para estas pessoas, se sujeitar as regras do mercado, todavia, por incrível que pareça, não existe Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, Pavilhão Raul Seixas. Estrada de São Lázaro, 197 – 40701-230 - Salvador, Bahia. Telefone: 5571- 9929-9031. E-mail: [email protected] educação de qualidade, nem qualificação profissional, restando para estas comunidades, quando acham, os cargos com os menores salários. IMPACTO DO ESTALEIRO ENSEADA DO PARAGUAÇU: Neste início de construção do Estaleiro Enseada do Paraguaçu, pouco tem o que falar, mas percebe-se que grande parte dos trabalhadores não estão sendo recrutados na região. O município de Maragogipe é o local do empreendimento, mas o QI (Quem Indica) não está para os maragogipanos que lutam para sobreviver e conseguir, pelo menos, cargos menores. Na área ambiental, muitas denúncias estão sendo feitas e é preciso averiguar, neste sentido, cabe às instituições ambientais, principalmente, ao ICMBio e o IBAMA. Pescadores e marisqueiras estão reclamando dos impactos causados pela dragagem. Reclamam que a água está barrenta e que os peixes estão sumindo. É impossível delimitarmos este impacto, não há nenhum Centro Técnico-Ambiental responsável pela coleta e análise de dados. Não existe nenhum órgão fiscalizador desta empreitada, e a cada dia que passa, cada vez mais, as comunidades ribeirinhas reclamam mais e mais. Todavia, os atuais políticos municipais estão apenas preocupados com "as vagas" disponíveis para o seu eleitorado. IMPACTO DA ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ESGOTO (ETE Comissão/Baixinha): A maior mentira, a maior tragédia, a maior desgraça que já aconteceu em Maragogipe, e os pescadores e marisqueiras daquela região não podem mais pescar nem mariscar devido o impacto ambiental negativo causado por este empreendimento estadual, promovido pelo Programa Bahia Azul, sob responsabilidade da EMBASA, em parceria com a Prefeitura de Maragogipe. Uma verdadeira falta de compromisso com a população maragogipana. Deveríamos mudar o nome desta Estação de Tratamento que nada trata, muito menos o esgoto, para Estação da Poluição Ambiental de Maragogipe. IMPACTO DA CAPTAÇÃO DE AREIA PARA SERVIR DE MATERIAL DE CONSTRUÇÃO: Recebi uma denúncia que fiquei extremamente preocupado. Marisqueiras da divisa de Coqueiros com São Félix, da região do rio Sinunga comunicaram-me que está sendo extraído areia para servir de material de construção daquela região e por este motivo, mariscos e peixes estão começando a escassear. Além disso, a areia é facilmente percebida para quem aprecia os mariscos desta região (Coqueiros e Nagé). Mais um crime ambiental que não está sendo percebido pelas autoridades da região. Aliás, que autoridades nós temos? IMPACTO DA EXTRAÇÃO DE PEDRA NO GUAÍ: Uma das poucas regiões da Baía do Iguape que não estava sofrendo grandes impactos ambientais, mas com a construção do Estaleiro Enseada do Paraguaçu e a necessidade de pedras foi instalado no Guaí uma britadeira. O impacto ainda está pequeno, mas órgãos ambientais estão de olho, inclusive o INEMA. Todavia, recebemos novamente mais uma denúncia de moradores da região que estão atemorizados com a realidade que pode estar sendo imposta às comunidades ribeirinhas. Há uma possibilidade de construção de um canal artificial para facilitar o escoamento da produção via marítima. Alguns pescadores e marisqueiras conversaram comigo e esperam que este empreendimento não Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, Pavilhão Raul Seixas. Estrada de São Lázaro, 197 – 40701-230 - Salvador, Bahia. Telefone: 5571- 9929-9031. E-mail: [email protected] seja efetuado. Se for, podemos rasgar de vez, o decreto presidencial e acabar com a RESEX. Para que temos uma reserva extrativista sem preservação? Cinco pontos importantíssimos para refletirmos. Em cada canto do município de Maragogipe, um impacto profundo, e a sociedade sofrendo. Além destes, nossa sociedade ainda está destruindo os rios da região, as matas ciliares, os nossos manguezais, o nosso meio ambiente não está mais saudável. Maragogipe que é considerada a Capital Nacional da Educação Ambiental em Áreas de Manguezais pode jogar este título fora e escolher outro para si. Daqui a alguns anos, muitos vão culpar os governantes e os grandes empresários por não investir no meio ambiente. Eu irei culpar a nossa omissão e nossa inércia. Propostas devem ser debatidas. Neste sentido, o que devemos fazer? Irei propor a Maragogipe +20. Pois foi em 1993 que realizamos o primeiro Encontro Nacional de Educação Ambiental em Áreas de Manguezal. Quem topa? BLOG DO ZEVALDO SOUSA. Precisamos realizar a Maragogipe +20 para salvar a nossa RESEX da destruição. Disponível em: http://www.zevaldoemaragogipe.com/2013/03/precisamos-realizar-maragogipe20-pelo.html. Sem data de postagem. Acesso em: 08 ago 2013. Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, Pavilhão Raul Seixas. Estrada de São Lázaro, 197 – 40701-230 - Salvador, Bahia. Telefone: 5571- 9929-9031. E-mail: [email protected]