MONITORAMENTO ON-LINE E CARREGAMENTO DINÂMICO DE TRANSFORMADORES A PARTIR DE MODELOS DA DINÂMICA TÉRMICA E REDES NEURAIS ARTIFICIAIS FRANCISCO A. P. ARAGÃO1, OTACÍLIO M. ALMEIDA1, ARTHUR P. S. BRAGA1, KATHIANE QUEIROZ DA SILVA1, FRANCISCO ONIVALDO DE O. SEGUNDO1, SÉRGIO S. LIMA1, CÍCERO M. TAVARES1, JOSÉ COELHO NETO2 1 Grupo de Pesquisa em Automação e Robótica (GPAR), Departamento de Engenharia Elétrica, Universidade Federal do Ceará, Caixa Postal 6001 – Campus do Pici, 60455-760 Fortaleza,CE,BRASIL E-mails:{aldinei,otacilio,arthurp,cicero,proberto,sergio,kathiane}@dee.ufc.br 2 Manaus Energia - Eletronorte, Av. 7 de Setembro, 2414. Cachoeirinha - Manaus - AM. E-MAILS: [email protected] Abstract The monitoring of transformers has been worrying in what it concerns to avoid economical damages caused by faults in these equipments. Considered that, through the administration of the system, it is gotten to maximize the useful life and to increase the reliability of the electric net, reducing maintenance costs. The present work brings a contribution to the development of these systems when proposing, and to test, the use of a Artificial Neural Networks in the modeling of the thermal dynamics of transformers seeking to establish limits of acceptable maximum loading of the equipment that minimize losses in the useful life. The obtained results were compared with the standardized models of IEEE, being more conservatives than the Neural Network. An improvement of the thermal model, with the inclusion of the viscosity of the oil is also studied, inferring in the accuracy of the procedure. Keywords Transformers, on-line monitoring, thermal model, artificial neural networks. Resumo O monitoramento de transformadores tem sido objeto de preocupação no que concerne a evitar prejuízos econômicos causados por falhas nestes equipamentos. Considera-se que, através do gerenciamento do sistema, consegue-se maximizar a vida útil e incrementar a confiabilidade da rede elétrica, reduzindo custos de manutenção. O presente trabalho traz uma contribuição ao desenvolvimento destes sistemas ao propor, e testar, a utilização de uma Rede Neural Artificial na modelagem da dinâmica térmica de transformadores visando estabelecer limites de carregamento máximo admissível do equipamento que minimizem perdas na vida útil. Os resultados obtidos foram comparados com os modelos padronizados do IEEE, apresentando-se mais conservadoras que a Rede Neural. Um aprimoramento do modelo térmico, com a inclusão da viscosidade do óleo também é estudado, inferindo na exatidão do procedimento. Palavras-chave Transformadores, monitoramento on-line, modelagem térmica, redes neurais artificiais. 1. Introdução Conforme a literatura da área os dois parâmetros mais importantes a serem monitorados em um transformador são a temperatura do ponto quente e os gases dissolvidos no óleo isolante. Para transformadores de instalação recente e que podem ser submetidos à situação de sobrecarga, o parâmetro mais importante a ser monitorado é a temperatura do ponto quente, pois este parâmetro indica, de imediato, as condições operacionais do equipamento, com influência direta em sua vida útil (BENGTSSON, 1996; LUMANCENCE, 2007; ALLAN; CORDEROY, 1992; BETTA et al., 2001; CARVALHO, 2007; ARAGÃO et al., 2007). Quando características de temperatura e de carregamento estão acima dos níveis admissíveis, ocorre uma aceleração no processo de degradação do equipamento, em muito devido à degradação da celulose utilizada no isolamento interno do transformador (GEROMEL, 2003). Essas condições extremas podem prejudicar o estado da isolação a ponto de inuti- lizar o equipamento. Tendo em vista essa preocupação, as normas (IEEE C57.115, 1991; IEEE C57.91, 1995; NBR, 1997) estabelecem critérios de carregamento e de ensaios, normalmente efetuados em laboratório, para análise de temperatura. Apenas com o decorrer da utilização de um transformador a análise dos gases dissolvidos no óleo isolante passa a ter maior relevância para o diagnóstico. Assim, muitos sistemas de monitoramento e diagnóstico acompanham a temperatura do ponto quente do transformador. Desta forma, com o objetivo de prolongar a vida útil do equipamento e diminuir falhas incipientes, vêm sendo estudado métodos consistindo de modelos matemáticos para verificação térmica do equipamento (SUSA et al., 2005; CARVALHO, 2007). As dificuldades de análise das falhas incipientes, muitas vezes, estão atreladas a um ineficiente programa de manutenção baseado no acompanhamento do transformador através de cromatografia. Este trabalho propõe, e implementa, um módulo, baseado em uma Rede Neural MLP (MultiLayer Perceptron) (HAYKIN, 2000) para modelar a dinâmica térmica de um transformador, que realiza a previsão de perda de vida e limite do carregamento máximo admissível do equipamento. Este módulo está incorporado ao Sistema Distribuído para Monitoramento de Transformadores imersos em óleo isolante desenvolvido pelo GPAR (Grupo de Automação e Robótica) do Departamento de Engenharia Elétrica da Universidade Federal do Ceará (DEE/UFC). Os resultados obtidos com a MLP foram comparados com os gerados a partir de modelos que obedecem a normas do IEEE, e levaram a uma previsão de maior vida útil para o transformador considerado. A organização deste trabalho segue a seguinte estrutura: a Seção 2 discute sobre Sistema de Monitoramento de Transformadores utilizado para coleta de dados; a Seção 3 explica os Modelos Térmicos considerados; os resultados obtidos são apresentados na Seção 4; e a Seção 5 encerra com as conclusões. o sistema de aquisição, possibilitando o acesso das informações remotamente (RABBIT 3000, 2008). Desta forma, o Rabbit funciona como uma ponte entre o sistema de aquisição e o software de supervisão. Os dados são enviados via protocolo TCP/IP, implementado no módulo RCM, permitindo que um computador conectado à rede, e com o software de supervisão, possa coletar e armazenar os dados. 2. O Sistema de Monitoramento de Transformadores Imersos em Óleo Figura 2. Sistema condicionador de sinal. É notório que a elevação da temperatura acima dos limites aceitáveis pode levar a uma degradação significativa dos materiais isolantes no transformador, afetando diretamente a vida útil do equipamento (CARVALHO, 2007). Desta forma, o monitoramento e processamento desta grandeza podem fornecer informações sobre a taxa de degradação do equipamento para auxiliar a manutenção durante ações preventivas. O Grupo de Pesquisa em Automação e Robótica (GPAR) do DEE/UFC vem desenvolvendo pesquisas nesta linha com um sistema protótipo para monitorar um transformador de 30 kVA (Fig. 1). A conexão com a internet possibilita a disposição destes dados em centros administrativos que estejam distantes do local onde o transformador se encontra, permitindo otimizar o procedimento logístico e de manutenção com o mínimo de utilização de mão de obra. O sistema de aquisição interage com um software desenvolvido na plataforma JAVA, no qual o usuário pode verificar as condições de carga e temperatura, podendo armazená-las em banco de dados específico para posterior análise de perda de vida e carregamento admissível, através do histórico destes dados. O software também possui como finalidade realizar testes de sobrecarga para verificar as condições de temperatura limite, preparando antecipadamente a manutenção para algum risco ou possível falha que o equipamento possa vir a ter. A próxima Seção apresenta os modelos térmicos testados para implementar estas funcionalidades. 3. Carregamento de Transformadores a partir de Modelos Térmicos Figura 1. Transformador equipado com sensores para ensaios com o sistema de monitoramento do GPAR – DEE/UFC. Para o monitoramento das grandezas térmicas, equipou-se o transformador com sensores PT-100. Os dados coletados por estes sensores passam por um sistema condicionador de sinal (Fig. 2) onde esses dados são processados por um microcontrolador ATMEL. O sistema de monitoramento é constituído ainda por software de supervisão e placa RCM 3720. O RCM 3720 integra um microcontrolador Rabbit da Z-WOLD, o qual possui um servidor Web com protocolo Ethernet, que está integrado com As técnicas de manutenção comumente utilizadas para a identificação de falhas incipientes e degradação do sistema isolante de transformadores são, na maioria das vezes, difíceis de aplicar (ASSUNÇÂO, 2001). Outro fator que dificulta a manutenção devese à impossibilidade de se fazer desligamentos periódicos para as intervenções, pois os custos referentes à paralisação do equipamento são elevados. No caso específico de se determinar a temperatura do ponto quente de transformadores, há um agravante maior: apenas sensores de fibra óptica conseguem medir a realidade sobre o comportamento da máquina, encarecendo bastante o sistema de monitoramento. Em virtude destas dificuldades, novos métodos para a detecção e predição das condições operacionais de um transformador têm sido propostos e tido grande relevância. 3.1 Modelo IEEE/ANSI Standard C57.115 A norma IEEE/ANSI standard C57.115 apresenta um equacionamento semelhante a estabelecida por norma NBR 5416. No entanto, de acordo com cláusula de número 7 da mesma, considera-se também a variação da temperatura ambiente como parâmetro de modelagem. A variação da temperatura do óleo é descrita pela seguinte expressão: To dθo = −θo + θ amb + θ f dt (1) A temperatura ambiente é descrita aqui como parâmetro fundamental para determinar o comportamento da temperatura do óleo ao longo de um período, normalmente no intervalo de um dia. Considera-se que a elevação da temperatura final do óleo é dependente do carregamento de acordo com: K 2R + 1 θ f = θ fm R+1 Recentemente, dentro da literatura, um novo modelo vem sendo sugerido para o cálculo das temperaturas mencionadas (SUSA et al., 2002). Este modelo baseia-se na teoria convencional de transferência de calor de um corpo físico para modelagem de um circuito termo-elétrico, considerando o efeito produzido por meio de uma resistência não-linear posicionada teoricamente em locais distintos dentro do equipamento. Esse conceito tem sido definido e verificado por alguns autores da área (SUSA et al., 2005). O método leva em conta a variação da viscosidade do óleo com a temperatura, e considera a influência desta variação na alteração da constante de tempo do transformador. Neste contexto, o modelo considera além das influências da carga (corrente) e temperatura ambiente, o fator de viscosidade do óleo mineral. Para análise da condição térmica de transformadores imersos em óleo isolante, este método faz uma analogia a um circuito RC simples conforme apresentado na Equação (5) (SWIFT et al., 2001; SUSA; LEHTONEN, 2002). n i = Cel . (2) sendo θ fm a diferença da temperatura máxima do topo do óleo acima da temperatura ambiente com carga nominal (obtida a partir de teste off-line), R a razão da perda de carga nominal para vazio. A constante K refere-se à razão da carga especificada sobre a carga nominal. A constante n relaciona-se com o tipo de resfriamento do transformador. A temperatura do ponto quente, segundo guia IEEE/ANSI C57.115 é dada por: θ hs = θtop + θ g (3) sendo θtop a variação da temperatura do topo do óleo sobre a ambiente, θ g é calculada em função do carregamento diário K do transformador, do ponto quente acima do óleo sob carga nominal θ g(fm) . Para fins de predição e estimação de parâmetros, é necessário discretizar os equacionamentos apresentados acima. Desta forma a Equação (1) ficará como apresentado na Equação (4): θtop = 3.2 Aprimoramento da norma (inclusão da viscosidade) ∆tθfm I [k ] + (To + ∆t)(R + 1) I n (To + ∆t)(R + 1) (5) Assim o processo de transferência de calor pode ser descrito de acordo com Equação (6). q = Cth . dθ θ − θ amb + dt Rth (6) A tabela abaixo (Tabela 1) apresenta a analogia entre um circuito elétrico e térmico. É possível perceber a semelhança e distinção entre eles. Tabela 1. Analogia Termo-Elétrico. Circuito Térmico Calor gerado Temperatura Resistência térmica Capacitância térmica q θ Rth Cth Circuito Elétrico Corrente Tensão Resistência elétrica Capacitância elétrica i u Rel Cel O modelo definido para temperatura do topo do óleo, segundo teoria da transferência de calor, é descrito pela Equação (7): 1 + RK 2 n dθ (θ − θ ) µ pu .∆θo,nom = µ npu .τo . + o namb 1+ R dt ∆θo,nom 1+n To ∆t θtop [k − 1] + θamb[k ] + ... To + ∆t To + ∆t ∆tθfm R du u + dt Rel 2 onde (4) (7) ∆θo,nom é a temperatura do topo do óleo acima da ambiente, cujo valor é definido por norma (IEEE/ANSI C57.115), já o parâmetro µ refere-se à viscosidade cinemática do óleo, fundamental para correção do modelo, sendo dependente da temperatura do óleo mineral do transformador conforme Equação (8). µ = A1.e A2 θo +273 (8) As constantes A1 e A2 para transformadores imersos em óleo são apresentadas em alguns trabalhos (PIERCE, 1994). Neste artigo considera-se que dentre outros parâmetros (calor específico, condutibilidade térmica, densidade do óleo e coeficiente de expansão térmica e viscosidade) somente a viscosidade varia de forma relevante com a temperatura, tornando-se determinante para sua inclusão no modelo de temperatura. A variação da viscosidade do óleo em função da temperatura é observada (Fig. 4). tir de exemplos (entrada-saída). Entretanto, embora a idéia de funcionamento de uma rede neural pareça simples, a mesma não pode ser tratada como uma solução genérica totalmente desvinculada do problema. Na realidade, sabe-se que atualmente existem algoritmos sofisticados sendo utilizados para realizar a adaptação dos parâmetros do modelo neural. O algoritmo de treinamento comumente utilizado é o algoritmo do gradiente descendente por retropropagação do erro (HAYKIN, 2000), que se apresenta como uma das alternativas de maior simplicidade e, talvez por isso, a razão de sua popularidade. Abaixo (Fig. 5) é apresenta a arquitetura de rede utilizada neste trabalho. Figura 4. Variação da viscosidade com a temperatura do óleo (SUSA et al., 2005). Por considerar a presença de radiadores e os efeitos da viscosidade na constante de tempo do óleo para o modelo térmico, a recomendação do guia de carregamento apresenta valores mais elevados que a fórmula empírica para transformadores (SUSA et al., 2005), cujo cálculo para constante de tempo é apresentado: C .∆θ .60 (9) τ = th−o o,nom P onde P está relacionada com o total de perdas durante o período de carga do equipamento e Cth −o à capacitância térmica do óleo. Finalmente a Equação definida para modelagem da temperatura do ponto quente é descrita na Equação (10). {K .P 2 enrol, pu( e ) }.µ n pu .∆θe,nom = dθ (θ − θ ) µ .∆θ enro ,nom . e + e on dt ∆θ e,nom (10) n pu 3.2 Modelo baseado em redes neurais artificiais A Rede Neural MLP (MultiLayer Perceptron) (HAYKIN, 2000) é uma ferramenta poderosa para modelagem do mapeamento entrada-saída de sistemas complexos. As redes MLP permitem a generalização do comportamento do sistema ao serem capazes de realizar a aproximação de funções e a classificação de padrões. O aprendizado da rede neural MLP é feito a par- Figura 5. Rede MLP com uma camada escondida No funcionamento da rede MLP, a cada passo t do algoritmo, a entrada líquida de um neurônio da camada escondida é dada conforme (HAYKIN, 2000): P P j =1 j =0 ui( h) (t ) = ∑ωij (t ).x j (t ) −θi (t ) = ∑ω ij (t ).x j (t ) (11) A saída do i-ésimo neurônio oculto é então dada por: P yi( h) (t ) = ϕi ui(h ) (t ) = ϕi ∑ωij (t )x j (t ) (12) j =0 cujo ϕi (⋅) é geralmente uma função sigmóide. Simi- [ ] larmente, os valores de saída dos neurônios da camada de saída são dados como Equação (13). Q (13) yi(o) (t ) = ϕk uk(o ) (t ) = ϕk ∑mkj (t ) y j (t ) j =0 em que mkj (t ) é o peso da conexão sináptica entre o [ ] i-ésimo neurônio (k = 1,...,M) da camada de saída, e M é o número de neurônios de saída. A atualização dos pesos se dá pela retropropagação dos erros calculados na saída através da camada de saída, até atingir a camada de entrada. Para isso é necessário inicialmente calcular o valor do erro ek( o ) (t ) gerado por cada neurônio de saída no passo corrente t, Equação (14) ek(o ) (t ) = dk (t ) − yk(o ) (t ), k = 1,...M (14) em que d k (t ) é o valor desejado para saída do késimo neurônio da camada de saída através de uma função de ativação. A saída do k-ésimo neurônio da camada de saída da rede treinada é dada por: P Q y k(o ) (t ) = ϕ k ∑ mkiϕ i ∑ ωij x j (t ) i = 0 i = 0 Considerando que normalmente o equipamento trabalhe a uma carga constante durante um período (uma semana, ou até anos), consegue-se estabelecer níveis de carregamento acima do nominal (Fig.8). Antes de aplicar a rede MLP para solucionar o problema, é necessário submeter a rede a uma avaliação de desempenho sobre o conjunto de dados, contendo amostras diferentes das apresentadas pelo treinamento da rede. 4. Resultados Experimentais Carregamento (pu) (15) Medido Modelo Admissível C57.115 Modelo Admissível C57.115 Aprimorado Modelo Admissível Neural 1,6 1,5 1,4 1,3 1,2 1,1 1,0 0,9 0,8 0,7 0,6 0,5 0,4 0,3 0,2 0,1 0,0 -0,1 0 5 10 15 20 25 Tempo (hora) Para validação dos métodos apresentados, utiliza-se um conjunto de dados armazenado em banco pelo sistema de aquisição descrito na Seção 2. Com a finalidade de aplicar o carregamento dinâmico, as temperaturas do topo do óleo e ponto quente são identificadas usando os métodos matemáticos apresentados (Seção 3). Conforme apresentado na Fig. 6, percebe-se que a norma apresenta resultados mais conservativos que os demais métodos apresentados para estimar a temperatura do topo do óleo. A rede neural apresenta a melhor aproximação do valor real, seguida pela aproximação realizada pelo modelo aprimorado. O mesmo procedimento foi feito para determinar a temperatura do ponto quente do enrolamento, entretanto considerando agora um único ciclo de carga constante (Fig. 7). Temp. Top. Óleo Medida Temp. Top. Óleo C57.115 Temp. Top. Óleo C57.115 Aprimorado Temp. Top. Óleo Neural 60 58 Figura 8. Ciclo de carregamento medido e admissível. Observa-se que para as condições de trabalho do transformador em estudo pode-se especificar um nível de sobrecarga próximo a 30% acima da carga nominal. É evidente que os níveis de temperatura também ficam superiores aos níveis operacionais apresentados - entretanto, garante uma perda de vida mínima (que o equipamento funcione normalmente dentro do período especificado no projeto, que normalmente consiste de 30-40 anos). Tendo em vista essas informações, faz-se uso do algoritmo de carregamento para estimar o percentual de perda de vida. Para isso foram utilizadas duas normas distintas que estabelecem procedimentos para o cálculo dessa perda de vida, condicionada a temperatura de operação da máquina (NBR 5416, 1997; IEEE C57.91, 1995). A tabela (Tabela 2) apresenta essas informações. Tabela 2. Valores de perda de vida percentual e vida útil prevista. 56 54 Norma NBR 5416 Perda Vida de Útil Vida (anos) (%) Norma IEEE C57. 91 Perda Vida de Útil Vida (anos) (%) IEEE/ANSI C57.115 0,0098 28 0,0082 33 C57.115 Aprimorado 0,0071 38 0,0056 48 Rede Neural MLP (backpropagation) 0,0068 40 0,0052 52 50 48 Modelo Térmico 46 44 42 40 38 36 34 0 20 40 60 80 100 Tempo (min) Figura 6. Modelagem da temperatura do topo do óleo. Modelo C57.115 Modelo C57.115 Aprim orado Modelo Neural 75 Temperatura do ponto quente (°C) Temperatura (°C) 52 70 65 Os índices utilizados para análise da perda de vida útil nos métodos tratados são apresentados nas Equações (16) e (17) e atendem, respectivamente, as normas NBR e IEEE (ARAGÃO, 2009): 60 B − A+ Tθe 55 PV (%) = 100.t.10 (16) 50 45 0 5 10 15 Tempo (hora) (b) 20 25 Figura 7. Modelagem da temperatura do ponto quente. sendo t o tempo medido a partir do início de aplicação do degrau de carga que serve como teste, A e B, parâmetros de ajuste que dependem da classe de temperatura do transformador e do tipo do papel isolante. Tθe.é a temperatura do ponto quente. A perda de vida percentual do transformador em função da temperatura do ponto quente é descrito por: F .100.t (17) PV (%) = AA VN sendo VN , a vida útil normal da isolação e FAA, o fator de aceleração do envelhecimento relacionado da seguinte forma: 1500 1500 383 − Tθ +273 e FAA = e (18) Percebe-se nos resultados obtidos (Tabela 2) que a utilização da MLP para modelar a dinâmica térmica do transformador leva à estimação de menor perda de vida útil do equipamento segundo as duas normas consideradas (NBR 5416, 1997; IEEE C57.91, 1995). 5. Conclusão A relevância deste estudo decorre da publicação da resolução da ANEEL 513 que estabelece que as concessionárias podem pleitear compensação financeira caso algum transformador seja submetido a sobrecarga com impacto de sua vida útil. O algoritmo desenvolvido para análise de carregamento e perda de vida residual encontra-se pronto para aplicação em transformadores, sendo possível gerar relatórios sobre o comportamento do equipamento ao longo de dias, meses ou anos, fornecendo informações sobre: temperatura e carregamento admissíveis, e estimação da perda percentual de vida útil (sob condições reais normais, críticas ou de simulação de sobrecarga). Dos modelos de temperatura do topo do óleo e ponto quente testados, a Rede Neural obteve a melhor aproximação da dinâmica térmica do equipamento, permitindo programar um maior carregamento, porém com um menor impacto na vida útil do transformador. Agradecimentos Os autores expressam seus agradecimentos à Manaus Energia e à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pelo suporte financeiro a esta pesquisa. Referências Bibliográficas Allan, D. e Corrderoy, B. 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