UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO ATUALIZA ASSOCIAÇÃO CULTURAL PATRÍCIA DOS SANTOS DULTRA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE COM ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL SALVADOR - BAHIA 2010 PATRÍCIA DOS SANTOS DULTRA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE COM ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL Monografia apresentada à Universidade Castelo Branco e Atualiza Associação Cultural,como requisito parcial para obtenção do título de Especialista em Enfermagem em UTI, sob a orientação do Prof. Fernando Reis do Espírito Santo. SALVADOR – BAHIA 2010 D884a Dultra, Patrícia dos Santos Assistência de enfermagem ao paciente com acidente vascular cerebral / Patrícia dos Santos Dultra. – Salvador, 2010. 40f.; 50 cm. Orientador: Prof. Dr. Fernando Reis do Espírito Santo Monografia (pós-graduação) – Especialização Lato Sensu em Enfermagem em UTI, Universidade Castelo Branco, Atualiza Associação Cultural, 2010. 1. Enfermagem em UTI 2. Acidente vascular cerebral 3. AVC 4. Assistência de enfermagem I. Espírito Santo, Fernando Reis II. Universidade Castelo Branco III. Atualiza Associação Cultural IV. Título. CDU 616-083 Ficha catalográfica elaborada pela Bibliotecária Adriana Sena Gomes CRB 5/ 1568 AGRADECIMENTOS À Jesus, eterno amor, que em seus braços nos leva nos momentos em que não conseguimos andar sozinhos. É possível viver o hoje, livre do ontem e sem medo do amanhã!!! RESUMO O sistema nervoso é um dos mais complexos sistemas do organismo e um cérebro lesado jamais pode ser completamente restaurado. O Acidente Vascular Cerebral (AVC) é uma condição clínica grave que pode provocar alterações anatomofisiológicas do indivíduo afetado, produzindo um estado diminuído ou alterado de consciência, que resulta em comprometimento comportamental ou emocional, comprometimento funcional parcial ou total, ou mau ajustamento psicológico. É uma das doenças que mais matam no Brasil e no mundo. Considerando que atinge pessoas em plena atividade produtiva, pode-se calcular o prejuízo para a família e a nação, decorrente não apenas da alta mortalidade, como das lesões incapacitantes que podem provocar. Este estudo teve como objetivo analisar, a partir da literatura, se a assistência de Enfermagem contribui para um melhor prognóstico do paciente com AVC e sua interação no processo do cuidar do paciente portador desta patologia. A metodologia adotada foi a pesquisa bibliográfica, onde foram utilizados livros, textos, artigos, revistas e sites científicos. Os resultados possibilitaram o reconhecimento que a assistência de Enfermagem não só contribui como afeta diretamente neste processo, visto que o profissional de enfermagem desempenha papel importante no diagnóstico, tratamento e também reabilitação do paciente com AVC. Palavras-chave: Acidente Vascular Cerebral, Assistência de Enfermagem. ABSTRACT The nervous system is one of the most complex body systems and a brain injured person can never be completely restored. The Cerebral Vascular Accident (CVA) is a serious medical condition that can cause changes anatomophysiological the affected individual, producing a diminished or altered state of consciousness, resulting in behavioral or emotional impairment, partial or total functional impairment, or poor psychological adjustment. It is one of the biggest killers in Brazil and worldwide. Considering that reaches people in full production activity, one can calculate the damage to the family and nation, not only due to high mortality, such as the disabling injuries that may result. This study aimed to analyze, from the literature, if the nursing care contributes to a better prognosis of patients with stroke and their interaction in the process of taking care of patients with this pathology. The methodology used was literature, where they were used books, texts, articles, scientific magazines and websites. The results allowed the recognition that nursing care contributes not only directly affects how this process, since the professional nursing plays an important role in diagnosis, treatment, and also rehabilitation of patients with stroke. Keywords: Stroke, Nursing Care. SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO --------------------------------------------------------------------------------- 8 REVISÃO DA LITERATURA 2. BREVE REVISÃO ANATÔMICA DO SISTEMA NERVOSO -------------------- 11 2.1 Vascularização do Sistema Nervoso -------------------------------------- 14 2.2. Avaliação Neurológica --------------------------------------------------------- 15 3. ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL -------------------------------------------------- 20 3.1 Definição e Classificação ----------------------------------------------------- 20 3.2 Fatores de Risco ----------------------------------------------------------------- 21 3.3 Quadro Clínico -------------------------------------------------------------------- 23 3.4 Diagnóstico ------------------------------------------------------------------------ 24 3.5 Tratamento ------------------------------------------------------------------------- 25 3.6 Prognóstico ------------------------------------------------------------------------ 28 3.7 Reabilitação ------------------------------------------------------------------------ 28 4. ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM --------------------------------------------------- 30 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS---------------------------------------------------------------36 6. REFERÊNCIAS ------------------------------------------------------------------------------38 1 INTRODUÇÃO Apresentação do objeto de estudo As doenças que afetam o Sistema Nervoso Central (SNC) estão sendo cada vez mais freqüentes nos serviços de saúde. Há poucos anos, as doenças deste tipo eram, sobretudo, as crises epilépticas, em menor número os traumatismos (crânio e medula) e, por último, as lesões provocadas por alterações cerebrovasculares. 2 O acidente vascular cerebral (AVC), ou derrame, como é popularmente conhecido, é uma das doenças que mais matam no Brasil e no mundo. Em 2015 esperam-se 18 milhões de casos novos de acidente vascular cerebral e, em 2030, 23 milhões de novas ocorrências. No Brasil em torno de 40% das mortes são por doença cardiovascular. E, predomina a mortalidade por acidente vascular cerebral em relação à mortalidade por doença coronariana (infarto do miocárdio). Os números atingem em torno de 100 mil vítimas por ano. Além das mortes, o acidente vascular cerebral pode levar a seqüelas graves que atingem em torno de 50% dos sobreviventes a um derrame. Outro ponto a ser destacado é que parte considerável da morte por acidente vascular cerebral no Brasil acontece em uma faixa etária precoce - abaixo do 65 anos de idade. Isso leva a um prejuízo econômico muito grande por morte ou incapacitação de uma pessoa produtiva. 3 Graças aos avanços da medicina, a demanda neurológica tem variado no seu modelo, e agora os pacientes epilépticos mantém uma boa qualidade de vida com seus tratamentos, com nenhuma ou muito poucas crises. Já as lesões traumáticas têm proliferado significativamente devido, principalmente, aos acidentes de trânsito e à industrialização do país. Quanto aos problemas cerebrovasculares, sofreram também um acréscimo importante por conta do aumento da expectativa de vida, do aumento da vida sedentária, do tabagismo e das mudanças dietéticas que a nossa cultura tem experimentado, como o maior consumo de carne vermelha e gorduras poliinsaturadas. Conseqüentemente, o nível de colesterol tem aumentado resultando na presença de placas de ateroma nas artérias e alterações cardíacas. Todas essas circunstâncias contribuem para a criação de condições favoráveis ao aparecimento de embolia e hemorragia nas populações de alto risco de acidente vascular cerebral (AVC). 2 Esse tipo de paciente exige uma assistência imediata, eficiente e de conhecimento técnico, habilidade profissional e emprego de recursos tecnológicos. O enfermeiro planeja sua assistência a partir da avaliação das necessidades que o paciente apresenta já no momento de sua internação. A assistência de enfermagem é um processo contínuo, dinâmico e individualizado, realizado com metodologia que permite ao enfermeiro a aplicar o conhecimento técnico-científico que embasam a profissão, melhorando a qualidade dos serviços prestados e humanizando o atendimento Justificativa A Enfermagem sempre foi vista como mero coadjuvante no processo do cuidar do paciente, onde apenas os médicos eram responsáveis pela recuperação, bem estar e saúde desse indivíduo que se encontrava enfermo. Mesmo hoje em dia, onde vem conquistando seu espaço e reconhecimento em algumas áreas, mostrando seu potencial de ação, ainda se faz necessário que a equipe de Enfermagem mostre seu papel nesse processo, mostrando que também faz parte dele e é tão importante quanto os outros componentes da equipe. Por conta disso, esse estudo visa analisar se a Enfermagem pode contribuir para um melhor prognóstico do paciente com AVC, demonstrando a importância do processo de Enfermagem em todas as etapas do cuidar, juntamente com a equipe multidisciplinar. Problema A Assistência de Enfermagem pode contribuir para um melhor prognóstico do paciente com AVC? Objetivo Analisar, a partir da literatura, se a Assistência de Enfermagem pode contribuir para um melhor prognóstico do paciente com AVC. Metodologia Pesquisa bibliográfica de abordagem qualitativa e exploratória de acordo com a proposta de MINAYO (1994, p. 22). Segundo a autora, a pesquisa qualitativa pressupõe conhecer o fenômeno de forma aprofundada, não estabelece a amostra, a formulação das hipóteses, são, em suma, afirmações provisórias a respeito de determinado problema em estudo. Está direcionada para a investigação dos significados das relações humanas, em que suas emoções são influenciadas pelas emoções e sentimentos aflorados diante das situações vivenciadas no dia-a-dia. 25 Define-se a pesquisa bibliográfica como sendo a atividade de localização e consulta de fontes diversas de informação para coleta de dados a respeito de determinado tema. As pesquisas exploratórias geralmente proporcionam maior familiaridade com o problema, ou seja, tem o intuito de torná-lo mais explícito. Seu principal objetivo é o aprimoramento de idéias ou a descoberta de intuições. 25 Estrutura do trabalho Este estudo está constituído por dois momentos. No primeiro, aborda-se a Patologia em questão, o Acidente Vascular Cerebral, com sua definição, classificação, fatores de risco, quadro clínico, diagnóstico, tratamento e prognóstico e, no segundo momento, a Assistência de Enfermagem e sua importância no cuidado ao paciente portador desta Patologia. REVISÃO DA LITERATURA 2 BREVE REVISÃO ANATÔMICA DO SISTEMA NERVOSO O Sistema Nervoso é responsável pelo ajustamento do organismo ao ambiente. Sua função é perceber e identificar as condições ambientais externas, bem como as condições reinantes dentro do próprio corpo e elaborar respostas que adaptem a essas condições. 1 A unidade básica do sistema nervoso é a célula nervosa, denominada neurônio, que se distingue das outras células por suas características próprias, sendo especializadas na condução de impulsos nervosos e serem extremamente sensíveis à carência de oxigênio, razão pela qual a anoxia se repercute rápida e gravemente no sistema nervoso. 2 O Sistema Nervoso está dividido, anatomicamente, em Sistema Nervoso Central (SNC), compreendendo o cérebro e a medula espinhal, cuja função geral é o processamento e integração de informações, e o Sistema Nervoso Periférico (SNP), constituído por nervos cranianos e espinhais, responsável pela condução de informações entre órgãos receptores de estímulos, o SNC e órgãos efetuadores (músculos, glândulas...). 1 O cérebro ou encéfalo consiste em dois hemisférios que são separados de forma incompleta, o sulco, determinando hemisférios direito e esquerdo, que estão unidos na porção inferior pelo corpo caloso. Os giros ou convolações proporcionam a acomodação da massa encefálica na caixa craniana. Cada hemisfério é dividido em cinco lobos, quatro dos quais vistos na superfície do cérebro e correspondendo cada um aos ossos do crânio com que guardam relações, os lobos frontal, parietal, temporal e occipital. O quinto lobo, a insula, fica coberto por partes dos lobos temporal, frontal e parietal . A porção mais externa do cérebro, ou córtex cerebral, é composta por uma substância cinzenta, cor proporcionada pelos neurônios, já a parte mais interna tem coloração branca devido sua composição: fibras nervosas e neuroglia (tecido de sustentação). Os dois hemisférios são divididos em pares de lobos frontal, parietal, temporal e occipital. 4,5 O cérebro responde pelas funções nervosas mais elevadas, contendo centros para interpretação de estímulos bem como centros que iniciam movimentos musculares. Ele armazena informações e é responsável também por processos psíquicos altamente elaborados, determinando a inteligência e a personalidade. A cavidade dos hemisférios cerebrais forma os ventrículos laterais e a parte rostral do terceiro ventrículo 4 O corpo caloso é o responsável pela transmissão de informações de um hemisfério para outro. O tálamo situa-se em ambos os lados do terceiro ventrículo e atua como estação de retransmissão de sensações, com exceção do olfato. O hipotálamo localiza-se abaixo do terceiro ventrículo. é local de regulação de atividades viscerais (cardiovascular, temperatura corporal, do equilíbrio hidro-eletrolítico, da atividade gastrintestinal e fome e das funções endócrinas), do sono e da vigília, da resposta sexual e das emoções. A hipófise é uma glândula endócrina que regulas as demais glândulas, controlando atividade renal, pancreática, gonodal e de outros órgãos. O cerebelo possui ações excitatórias e inibitórias, sendo responsável pelos movimentos, é o centro do equilíbrio postural. 4,5 O bulbo é a porção inferior do tronco cerebral, responsável por controlar funções autonômicas para o corpo, respiração, pressão sanguínea, freqüência cardíaca, arco reflexo, vômito. 6 A medula espinhal está situada no interior do canal vertebral, se continua rostralmente com o bulbo. Ela recebe informações do pescoço, do tronco e dos membros e os controla, por meio dos trinta e um nervos espinhais. A medula consiste em uma parte central de substância cinzenta e outra parte periférica, de substância branca. 5 Do ponto de vista funcional, sua divisão se faz em Sistema Nervoso Somático e Sistema Nervoso Visceral. O SN somático, formado por estruturas centrais e periféricas, tem por função a interação do organismo com o meio externo, enquanto o SN visceral, também formado por estruturas centrais e periféricas, é o conjunto de estruturas nervosas que se ocupam do controle do meio interno. 1 Generalizando, pode-se afirmar que o SN somático cuida das atividades voluntárias enquanto o SN visceral o faz das involuntárias. Tanto o SN somático quanto o SN visceral possuem uma parte aferente e outra eferente. Denomina-se sistema nervoso autônomo (SNA) a parte eferente do SN visceral. O SNA por sua vez é dividido em duas partes: o sistema simpático e o sistema parassimpático. O simpático estimula as atividades que ocorrem em situações de emergência ou tensão, enquanto o parassimpático é mais ativo nas condições comuns da vida, estimulando atividades que restauram e conservam a energia corporal. 1 O cérebro é recoberto, por sob o crânio, por três membranas, as meninges, constituídas por tecido conjuntivo fibroso, cuja função é proteger, sustentar e propiciar aporte sanguíneo para o cérebro. São elas: dura-máter, camada mais externa e rígida, aracnóide, membrana média onde é produzido o líquido cefalorraquidiano e pia-máter, a mais interna aderida intimamente ao cérebro. 5 O líquor ou líquido cefalorraquidiano (LCR) apresenta aspecto incolor, límpido e translúcido. Está presente nas cavidades ventriculares do encéfalo e no espaço subaracnóideo, em volta da medula espinhal. O LCR é produzido pelos plexos coróides, formados por capilares da pia-máter, nas cavidades ventriculares e absorvido pelas granulações aracnóides para os seios da dura-máter e, consequentemente, para a corrente sanguínea. Sua produção média é de 0,35 ml/min ou 500 ml por dia em adultos. As cavidades ventriculares e o espaço subaracnóideo contém cerca de 150 ml de líquor, que se renovam três a quatro vezes por dia. O fluxo existente dos ventrículos para o sangue promove a remoção de diferentes metabólitos, além de conter anticorpos e leucócitos que auxiliam na defesa contra agentes e microrganismos externos. O líquor funciona ainda como proteção mecânica do encéfalo contra os traumatismos cranianos. 7 2.1 Vascularização do Sistema Nervoso O fluxo sanguíneo cerebral é muito elevado, sendo superado apenas pelo fluxo do rim e do coração. Calcula-se que em um minuto circule pelo encéfalo uma quantidade de sangue aproximadamente igual a seu próprio peso. 8 Trata-se de uma circulação peculiar porque se faz contra a gravidade, isto é, as artérias se enchem de baixo para cima, e as veias drenam de cima para baixo. 5 Apesar de o encéfalo corresponder a somente 2% do peso corporal, exige 15% do débito sanguíneo cardíaco e 20% do oxigênio respirado em repouso. Depende essencialmente do metabolismo oxidativo da glicose. O tecido nervoso não tolera a interrupção do seu aporte sanguíneo que, em poucos segundos, pode acarretar isquemia e, caso não seja restabelecido rapidamente o abastecimento de sangue, o tecido nervoso entra em processo de infarto. 7 O encéfalo é irrigado por duas artérias carótidas internas e por duas artérias vertebrais e de suas respectivas ramificações. As carótidas internas se originam a partir da bifurcação da artéria carótida comum, sendo responsáveis pela maior parte da irrigação da porção anterior do encéfalo. As artérias vertebrais emergem a partir das veias subclávias, dirigind0-se posterior e superiormente, ao lado das vértebras cervicais, para a seguir penetrar no crânio através do forame magno. Após penetrarem no crânio, as artérias vertebrais se unem, formando a artéria basilar, ao nível do tronco cerebral. O sistema vértebro-basilar é responsável pela maior parte da circulação encefálica posterior. A artéria basilar se ramifica formando as artérias vertebrais posteriores. 5 Ao nível da base do crânio, em torno da hipófise, estas artérias formam um polígono anastomótico, o Polígono de Willis, de onde saem as principais artérias para a vascularização cerebral, afetando diretamente a circulação cerebral anterior e posterior. Propiciam uma via circulatória alternativa, caso ocorra a oclusão de alguma das grandes artérias que o formam. As paredes desses vasos são finas, fato que as tornam especialmente propensas a hemorragias. 8 A drenagem venosa do encéfalo não acompanha a circulação arterial, tal como ocorre em outros órgãos, sendo maiores e mais calibrosas que elas. As veias do encéfalo atingem a superfície do mesmo e se unem a outras veias maiores. Estas então cruzam o espaço subaracnóide, drenando para os grandes seios durais – que são canais vasculares formados pela reflexão das paredes da dura-máter. A rede formada pelos seios venosos durais drena todo o encéfalo, desaguando na veia jugular interna, que devolve o sangue ao sistema circulatório central. 8 As veias cerebrais, ao contrario das demais veias do organismo, são desprovidas das válvulas que impedem o refluxo sanguíneo. 5 O SNC é inacessível a diversas substancias que circulam no sangue periférico (contrastes, antibióticos e outros medicamentos, por exemplo). Após serem injetados no sangue, essas substâncias não conseguem alcançar os neurônios do SNC; este fenômeno é denominado barreira hematoencefálica. As células endoteliais dos capilares cerebrais formam junções contínuas do tipo “apertadas”, criando uma barreira às macromoléculas e diversos outros compostos. Essa barreira, extremamente sensível a traumatismos, ao edema e à hipoxemia cerebral, apresenta importantes implicações sobre o tratamento e a seleção da terapêutica nos processos patológicos do SNC. 5 2.2 Avaliação Neurológica A avaliação neurológica fornece informações básicas para estratificação de risco de um paciente ter, desenvolver ou intensificar uma lesão neurológica, devendo ser realizada com técnicas corretas, de modo que os exames complementares sejam subsídios de diagnóstico e não condição primeira para tal. O exame neurológico consiste na avaliação sistemática das funções neurais através de manobras simples, porém consistentes. O objetivo principal dessa avaliação é detectar alterações no sistema nervoso central e periférico, sua interferência na realização das atividades diárias do paciente e, ainda, que ações de enfermagem devem ser realizadas para melhorar sua qualidade de vida, tanto no ambiente hospitalar como fora dele. 9 A avaliação neurológica compreende cinco etapas: função cerebral, nervos cranianos, sistema motor, sistema sensitivo e reflexos. Apresenta uma sequência lógica de desenvolvimento, que se inicia com a avaliação das mais elevadas funções cognitivas e se encerra com a determinação da integridade dos nervos periféricos. A avaliação da 5 função cerebral é realizada examinando-se o estado mental do paciente, a função intelectual, o conteúdo do pensamento, o estado emocional, a percepção e a capacidade motora e de linguagem. A avaliação pupilar, mediante estimulações luminosas, deve ser realizada, uma vez que, alterações no tamanho e simetria das pupilas podem revelar importantes alterações no sistema nervoso central.5 O diâmetro pupilar é controlado pelo sistema nervoso autônomo. A estimulação simpática é responsável pela dilatação pupilar (midríase) e a parassimpática, pela sua contração (miose). As pupilas podem variar entre 1 e 8 mm, sendo que se consideram limites de normalidade as dilatações entre 2 e 6 mm. Quando a simetria pupilar (diâmetro) se apresenta igual em ambas as pupilas, denomina-se isocóricas e, mediante as alterações de diâmetro, diz-se que se apresentam anisocóricas. É preciso realizar o exame em ambos os olhos, observando sua reação, considerando-se positiva (+) quando reage a luz, esperando como resposta normal a contração da pupila, e negativa (-) quando houver ausência de resposta. 19 Os nervos cranianos são constituídos de doze pares, originam-se no encéfalo e suas respectivas numerações são expressas em números romanos de I a XII. São avaliados por ordem de numeração crescente, e as anormalidades encontradas durante a avaliação representam alterações em algum local do sistema nervoso. São eles: I par: nervo olfatório, responsável pela olfação; II par: nervo óptico, responsável pela visão; III, IV e VI pares: oculomotor, troclear e abducente, responsáveis pelos movimentos oculares; V par: trigêmeo, responsável pela sensação facial, reflexo palpebral e mastigação; VII par: facial; responsável pelos movimentos da musculatura facial, secreção salivar e paladar dos dois terços anteriores da língua; VIII par: vestibulococlear, responsável pela percepção consciente da cabeça, movimento e equilíbrio, além da sensibilidade auditiva; IX par: glossofaríngeo, responsável pela sensibilidade gustativa no terço posterior da língua e pela sensibilidade da membrana mucosa da faringe; X par: nervo vago, responsável pela contração faríngea e pelo movimento simétrico das cordas vocais e do palato mole; XI par: nervo acessório, responsável pelos movimentos do pescoço e dos ombros e o XII par: nervo hipoglosso, responsável pelos movimentos da língua. 19 No exame do sistema motor avalia-se o tônus e força muscular, bem como a integridade da função cerebral, incluindo a manutenção do equilíbrio e a postura. 19 A avaliação da percepção sensorial inclui testes para sensação térmica, tátil, dolorosa, senso de posição e integração das sensações. 19 Os reflexos constituem respostas do organismo a um estimulo de qualquer natureza. Sua avaliação tem o objetivo de identificar alterações em canais sensoriais e motores do arco reflexo e de segmentos específicos da medula espinhal. Duas modalidades de reflexos normais podem ser avaliadas: reflexos tendíneos, que podem ser provocados com a percussão de um tendão (tricipital, braquiorradial, patelar, do tornozelo) e reflexos cutâneos, que podem ser estimulados por meio da pele (Babinsk, glúteo). 19 Com o objetivo de minimizar erros e padronizar as anotações e evoluções de enfermagem, utilizam-se algumas escalas que direcionam objetivamente a avaliação do nível de consciência e permitem uma linguagem mais uniforme entre os profissionais na área de saúde. 10 A Escala de Glasgow foi desenvolvida em 1974 por Jannete Teasdale, na Universidade de Glasgow. É um instrumento que auxilia a avaliação neurológica dos casos de lesões cerebrais, o acompanhamento e a previsão de resultados em relação à terapêutica aplicada. A utilização dessa escala é realizada com base em três indicadores: abertura ocular, melhor resposta verbal e melhor resposta motora. Cada resposta recebe determinado valor numérico, que é maior para as respostas normais e menor para respostas anormais. Depois de ser atribuído um valor numérico para todas as respostas, somam-se os valores e o resultado refletirá a gravidade e os possíveis prognósticos neurológicos. A menor pontuação é 3 (três) e a maior 15 (quinze), sendo que uma pontuação menor ou igual a 8 (oito) é geralmente aceita como coma grave. 10 Escala de Coma de Glasgow Abertura Ocular Resposta Motora Resposta Verbal Espontânea 4 Obedece a comandos 6 Orientada 5 Ao estímulo verbal 3 Localiza dor 5 Confuso 4 À dor 2 Retirada à dor 4 Palavras desconexas 3 Ausente 1 Flexão anormal 3 Sons incompreensíveis 2 Extensão anormal 2 Sem resposta Sem resposta 1 1 Em pacientes internados, que necessitam permanecer sob o efeito de drogas sedativas, cujo nível de consciência estará afetado por conta desses fármacos, recomenda-se a utilização da Escala de Ramsey. 10 1. Grau 1 - paciente apresenta-se ansioso e /ou agitado. 2. Grau 2 - paciente apresenta-se cooperativo, orientado e tranqüilo. 3. Grau 3 - paciente sonolento, atendendo aos comandos verbais. 4. Grau 4 - paciente apresenta resposta espontânea à estimulação auditiva intensa ou compressão da proeminência lisa no osso frontal próxima à margem superior da orbita do olho (glabela). 5. Grau 5 - paciente responde sem vigor à estimulação auditiva intensa ou compressão da glabela. 6. Grau 6 - paciente não apresenta nenhuma resposta ao estimulo auditivo verbal intenso ou ao estimulo doloroso. 10 A Escala Hunt-Hess é um índice específico para hemorragia subaracnóidea, para determinar a sua gravidade. Tem valor prognóstico e pode avaliar risco cirúrgico. Pacientes com IV ou V têm 85% de chance de óbito ou estado vegetativo. 13 I – Assintomático ou cefaléia leve; II – Cefaléia moderada a grave e/ou rigidez de nuca com ou sem comprometimento dos nervos cranianos; III – Confusão, letargia e/ou sinais focais leves; IV – Estupor e/ou hemiparesia; V – Coma e/ou descerebração. 13 A escala de AVC do National Institute of Health (NIH) é um instrumento de uso sistemático que permite uma avaliação quantitativa dos déficits neurológicos relacionados com o AVC. Esta escala é utilizada na valorização do caráter agudo do AVC, na determinação do tratamento mais apropriado e na previsão do prognóstico do doente. Adicionalmente, a escala serve para monitorizar o estado do doente, útil no planejamento dos cuidados, e permite uma linguagem comum para troca de informações entre os profissionais de saúde. A NIH é uma escala com 15 itens de exame neurológico para avaliação do efeito do AVC agudo no nível de consciência, linguagem, negligência, perda de campo visual, movimentos oculares, força muscular, ataxia, disartria e perda sensitiva. Os escores variam de 0 (normal) a 42 (coma). O conhecimento do escore dessa escala, antes da terapia trombolítica, é fator importante na discussão dos riscos e benefícios com o paciente e com os familiares. 13 A avaliação neurológica é uma das fases mais complexas do exame físico e sua execução requer do profissional um olhar clínico bastante apurado, além de conhecimento prévio acerca de neuroanatomia e neurofisiologia. Para facilitar a execução da avaliação neurológica, é recomendável integrá-la durante todo o exame físico, pois permite ao profissional detectar precocemente alterações no sistema nervoso e direcionar a realização de avaliações complementares. 10 3 ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL (AVC) 3.1 Definição e classificação O acidente vascular cerebral (AVC) é uma síndrome neurológica complexa envolvendo anormalidade usualmente súbita do funcionamento cerebral decorrente de uma interrupção da circulação cerebral ou de hemorragia seja parenquimatosa ou subaracnóidea. O AVC é altamente prevalente e principalmente devido aos avanços das últimas décadas, deve ser considerada uma emergência médica. 3 É uma patologia neurológica ameaçadora, responsável por 20% das mortes cardiovasculares e ocupando o terceiro lugar entre as causas de morte em países desenvolvidos, depois de doenças cardíacas e câncer. Além da grande mortalidade, tal condição acarreta grande morbidade com perda funcional, surgimento de dependência parcial ou completa e, consequentemente, elevados custos diretos e indiretos. É a principal causa de incapacidade em pessoas idosas. 3 São duas as formas sob as quais pode se dar o AVC: uma é a tromboembólica e consiste na obstrução arterial do cérebro pela obliteração de forma gradual (trombose); a outra é pelo encravamento de um corpo livre, na corrente sanguínea, no lúmen do vaso (embolia). Em ambos os casos, produz-se uma perda de irrigação da área distal a partir do local da alteração. Na causa hemorrágica, o que ocorre é a ruptura do vaso, quer seja pelo aumento da pressão dentro deste, quer por malformação arteriovenosa ou traumatismo. As hemorragias podem produzir-se num vaso dentro do cérebro (intracerebral ou parenquitematosa), ou nos espaços meníngeos (epidural ou subaracnóidea). As possíveis lesões são as mesmas que ocorrem no problema tromboembólico, ou seja, ausência de irrigação no local adiante da hemorragia. Aproximadamente 80% dos acidentes vasculares cerebrais são causados por um baixo fluxo sangüíneo cerebral (isquemia) – AVC isquêmico (AVC-I) e outros 20% por hemorragias tanto intraparenquimatosas como subaracnóideas – AVC Hemorrágico (AVC-H). 2 Devido à falta de irrigação, o tecido nervoso afetado fica privado nas suas necessidades de oxigênio e glicose, o que provoca um sofrimento celular que conduz à morte dessas células e que se perpetua por edema da área atingida e aumento de metabólitos tóxicos, desembocando na perda de parte do cérebro e, portanto, das funções desempenhadas pelos grupos celulares afetados. 2 O ataque transitório isquêmico (AIT) é um episodio de disfunção neurológica que costuma se manifestar por uma perda abrupta de função motora, sensitiva ou visual, via de regra com duração de segundos ou minutos, jamais persistindo por mais de 24 horas. Entre um ataque e outro, normalmente há a resolução completa do quadro clínico. Um AIT pode servir como aviso de AVC iminente – cuja maior incidência ocorre no primeiro mês após o primeiro episódio. 6 3.2 Fatores de risco Os fatores de risco envolvidos podem ser caracterizados como aqueles modificáveis e não-modificáveis. O primeiro grupo relaciona-se à hipertensão arterial, colesterol, miocardiopatias, diabete e o tabagismo. O segundo grupo é constituído pelos seguintes fatores: faixa etária, sexo, etnia e hereditariedade. 12 A hipertensão arterial é o principal fator de risco para AVC. Tanto a pressão elevada quanto a baixa são prejudiciais; a melhor solução é a prevenção. A hipertensão arterial acelera o processo de aterosclerose, além de poder levar a uma ruptura de um vaso sangüíneo ou a uma isquemia. 15 As doenças cardíacas, em especial as que produzem arritmias, podem determinar um AVC. O mau funcionamento do coração vai determinar uma dificuldade para o sangue alcançar o cérebro, além dos outros órgãos, podendo levar a uma isquemia. As principais situações em que isto pode ocorrer são arritmias, infarto do miocárdio, doença de Chagas, problemas nas válvulas, etc. 15 O colesterol é uma substância existente em todo o nosso corpo, presente nas gorduras animais; ele é produzido principalmente no fígado e adquirido através da dieta rica em gorduras. Seus níveis alterados, especialmente a elevação da fração LDL (mau colesterol, presente nas gorduras saturadas, ou seja, aquelas de origem animal, como carnes, gema de ovo etc.) ou a redução da fração HDL (bom colesterol) estão relacionados à formação das placas de aterosclerose. O consumo excessivo de bebidas alcoólicas também elevam os níveis de colesterol e, além disso, a pessoa tem maior propensão à hipertensão arterial. 15 O tabagismo é um hábito prejudicial à saúde em todos os aspectos, principalmente naquelas pessoas que já têm outros fatores de risco. O fumo acelera o processo de aterosclerose, diminui a oxigenação do sangue e aumenta o risco de hipertensão arterial. 12 O diabete é uma doença em que o nível de açúcar (glicose) no sangue está elevado, estando associada à aceleração da formação de placas de ateroma (gordura). 6 Quanto à idade e ao sexo, quanto mais idosa uma pessoa, maior a sua probabilidade de ter um AVC, o que não impede que uma pessoa jovem possa ter. E, até aproximadamente 50 anos de idade, os homens têm maior propensão do que as mulheres; depois desta idade, o risco praticamente se iguala. Também é mais frequente na raça negra. 15 A obesidade aumenta o risco de diabetes, de hipertensão arterial e de aterosclerose; assim, indiretamente, aumenta o risco de AVC. 12 Pessoas que já tiveram AVC, "ameaça de derrame", infarto do miocárdio (coração) ou doença vascular de membros (trombose etc.), tem maior probabilidade de ter um AVC. 15 O Enfermeiro poderá atuar na conscientização com objetivo principal de orientar a população sobre a importância de fazer prevenção, principalmente depois que o paciente sofreu um primeiro episódio, quando as chances de ocorrer um segundo derrame aumentam. A campanha orientará o público a identificar os fatores de riscos, a reconhecer os seus sinais e sobre como proceder diante do problema. 3.3 Quadro Clínico De forma geral os acidentes vasculares cerebrais, começam de modo súbito e apresentam uma evolução rápida causando lesão cerebral em minutos, mas que também pode piorar progressivamente durante algumas horas ou dias. Dependendo da parte do cérebro afetada, os sintomas variam bastante. Podem causar também depressão ou descontrole emocional e edema cerebral que pode resultar em danos neurológicos maiores do que o próprio AVC inicial. 11 Déficit de instalação durante o sono sugere AVC isquêmico aterotrombótico, enquanto a instalação súbita, durante a vigília e máxima desde o início, usualmente ocorre no AVC isquêmico embólico. Perda de consciência transitória é mais comumente vista no AVC hemorrágico, bem como a apresentação com cefaléia intensa e vômito. Quanto à topografia, o acometimento de circulação anterior (carotidiana) mais comumente resulta em déficits de linguagem (afasia), se ocorrer no hemisfério esquerdo (usualmente dominante para linguagem) e déficit motores desproporcionais, acometendo de forma mais acentuada a face e membro superior e em menor intensidade, o membro inferior (hemiparesia desproporcional). Já o acometimento da circulação posterior (vértebro-basilar), mais comumente resulta de sintomas de equilíbrio (ataxia), déficits de nervos cranianos, disfagia, disartria, vômito e “síndromes cruzadas”, com déficits motores e de nervos cranianos contra lateralmente. 9 3.4 Diagnóstico O AVC é uma condição tratável que requer o diagnóstico correto e intervenção precoce. A abordagem inicial na sala de emergência deve valorizar aspectos da anamnese, utilizando-se desse recurso para obtenção dos fatores de risco para doença cerebrovascular, extensão do déficit neurológico, complicações clínicas potenciais e topografia da lesão isquêmica. Condições clínicas, tais como hipo e hiperglicemia, hipovolemia, insuficiência cardíaca, hipóxia e febre, devem ser investigadas e tratadas. 12 Tendo em vista que o tratamento com trombolítico deve ser instituído dentro de até três horas, os pacientes com suspeita de AVC devem ser encaminhados imediatamente para o hospital. Os exames de imagem podem distinguir quadros de isquemia e de hemorragia intracraniana primária. 15 A tomografia computadorizada (TC) é o exame de neuroimagem de escolha em pacientes com AVC agudo, pela sua rapidez e fácil realização. Consegue diferenciar o AVC isquêmico e o hemorrágico, além de identificar outras condições capazes de mimetizar a doença. A ressonância magnética, quando disponível, fornece dados adicionais sobre o fluxo sangüíneo e a perfusão cerebral, o tempo de aparecimento das lesões e a presença de estenose de carótida. 16 Outros exames importantes incluem o eletrocardiograma, radiografia de tórax, hemograma completo, testes de coagulação, além da dosagem de eletrólitos e da creatinina sérica. Outros estudos, como o ecocardiograma, avaliação do sistema venoso profundo de membros inferiores, rastreamento imunológico e testes para sífilis são úteis em casos individuais. A punção lombar e a análise do líquor são importantes em pacientes com suspeita de infecção concomitante em outro foco. 16 3.5 Tratamento O tratamento de emergência inclui a estabilização e avaliação de fatores que podem causar complicações. Impõe-se, sempre, atenção às condições de vias aéreas, de respiração e cardiocirculatórias nos cuidados iniciais ao paciente com AVC. A hidratação e os eletrólitos do paciente devem ser observados e corrigidos para evitar a desidratação, um aumento do hematócrito e uma alteração das propriedades do sangue. É importante evitar a hipo-osmolaridade que pode exarcebar o edema cerebral. 16 Recomenda-se vigilância para detectar alterações da função respiratória e circulatória e para reconhecimento de sinais de efeito de massa (estado de consciência, pupilas), através do exame neurológico minucioso com o auxílio das escalas neurológicas. 23 O tratamento de pacientes com AVC em unidades de alta complexidade (Unidades de Terapia Intensiva – UTI) reduz significativamente a mortalidade, a incapacidade e a necessidade de assistência institucional, comparativamente com o tratamento em uma enfermaria convencional. São unidades caracterizadas por um quadro técnico com formação específica e por uma abordagem multidisciplinar ao tratamento do AVC.23 Um serviço que proporciona contínua observação das funções vitais e pode controlar estas funções mais pronta e eficazmente que qualquer outra área do hospital. 18 Contudo, a internação do paciente, em muitos aspectos, é difícil de ser realizada de maneira rápida e efetiva, em virtude da sobrecarga das unidades hospitalares que não dispõem de recursos ou mesmo vagas para recebimento deste paciente. Pacientes com mecanismos bem definidos de derrame e estabilidade fisiológica cardíaca, geralmente não requerem monitorização cardíaca ou em UTI. 23 O tratamento do AVC isquêmico já utilizado em todo o mundo há pelo menos 10 anos é realizado com medicamentos trombolíticos, que possuem a propriedade de dissolver o coágulo sanguíneo que está entupindo a artéria cerebral, causando a isquemia. Atualmente, o único trombolítico aprovado para ser utilizado na fase aguda do AVC isquêmico é o ativador de plasminogênio tissular (rTPA). 11 É administrado por via intravenosa em pacientes cuidadosamente selecionados, que evoluíram com AVC Isquêmico há menos de três horas. Não se demonstrou benefício no seu uso após as três primeiras horas de instalação do evento isquêmico. É importante observar que o uso do rTPA aumenta o risco de hemorragia, daí a série de critérios de inclusão e exclusão desse tratamento. Só deve ser utilizado em serviços médicos de alta complexidade, evitando-se o uso de antiplaquetários, anticoagulantes e punções por 24 horas. 16 O uso de aspirina (AAS) imediatamente ou cronicamente após um AVC- I, provou ser o método mais eficaz na prevenção de um novo episódio. 16 O manejo da pressão arterial no AVC, tanto Isquêmico quanto Hemorrágico, é altamente polêmico, uma vez que tanto pressões muito altas como muito baixas podem ser fatais. Ambas as situações podem apresentar um potencial de morbimortalidade, pois a hipertensão pode estar associada à transformação hemorrágica e recorrência do AVC, enquanto a hipotensão é suspeita de levar a uma baixa perfusão, provocando lesões definitivas da zona da penumbra isquêmica e levando a um pior prognóstico. 12 A maioria dos neurologistas concorda que pressões excessivamente elevadas ( PAS > 220 mmHg) estão associadas a um prognóstico pior, mas a hipotensão ( PAS < 60 mmHg) parece ser igualmente deletéria. Vários estudos sugerem que uma redução moderada da pressão, se acompanhada por tratamento trombolítico, pode reduzir significantemente a morbi-mortalidade. Os mesmos estudos tendem a concordar que a redução da pressão, se não acompanhada por trombólise, pode não ser segura. Em presença dessas incertezas, o protocolo de manejo da PA em pacientes com AVC isquêmico agudo se baseia essencialmente na opinião de especialistas, que recomendam reduzir a PA em casos nos quais esta se encontra excessivamente elevada (PAS>220 mmHg), ou quando a redução for associada ao tratamento trombolítico. Nos demais casos a redução da PA não é recomendada. 12 Nas hemorragias intracerebrais, deve-se corrigir as coagulopatias o mais rápido possível. Profilaxia para trombose venosa profunda (TVP) com anticoagulantes pode ser iniciados com segurança no segundo dia após a hemorragia, pois o risco de um segundo episódio é mínimo. Convulsões são mais comuns em hemorragias corticais, requerendo tratamento somente em sua fase aguda. Anticonvulsivantes devem ser descontinuados um mês após o episódio, se não houver recorrência. Corticosteróides são prescritos comumente para diminuir o edema vasogênico, mas as evidências de seu benefício são débeis. 16 O uso de manitol associado à hiperventilação reduz temporariamente a pressão intracraniana. Nos casos isquêmicos, a craniotomia e a remoção do tecido edemaciado são cruciais na manutenção da vida. Nas hemorragias, a intervenção cirúrgica está indicada nos casos de lesões com mais de 3 cm, ou em lesões menores, quando houver deterioração clínica, por causa de uma letalidade muito elevada nos casos não tratados. 16,17 Nos casos de ataque isquêmico transitório, a admissão hospitalar é controversa e depende, em grande parte, dos fatores de risco associados e às condições clínicas do paciente. Os antiagregantes, a despeito da falta de evidências clínicas, devem ser administrados. Sua utilização e benefício na fase aguda, pós AIT, não estão bem estabelecidos, mas sua utilidade, em longo prazo, está comprovada. 12 A reabilitação deve iniciar-se o mais cedo possível, uma vez que pode reduzir número de doentes que ficam dependentes após o AVC. A intensidade do programa de reabilitação depende do estado do doente e do grau de incapacidade. Se não for possível uma reabilitação ativa, deve realizar-se a reabilitação passiva para minimizar o risco de contrações, dor articular, úlceras de decúbito e pneumonias. Os doentes com seqüelas crônicas de AVC devem receber apoio no seu ambiente social, incluindo acesso a um médico da família, avaliação ambulatória em serviços de reabilitação, prevenção secundária e apoio sócio-psicológico. 23 3.6 Prognóstico O prognóstico do AVC é extremamente variável, dependendo da localização do evento, mas alguns fatores são considerados de mau prognóstico. Destes, a idade avançada, o sexo masculino, raça negra são os mais importantes. 11 O prognóstico final de um infarto completo, seja na distribuição carotídea, seja na distribuição vertebro-basilar, não pode ser previsto no início. A taxa de letalidade global varia de 3 a 20% em ambas as distribuições. Uma alteração do nível de consciência ou coma, hemiplegia maciça e desvio conjugado dos olhos são sinais precoces que apontam no sentido de um pior prognóstico. Uma evolução funcional favorável é observada em 20 a 70% dos casos, com os infartos lacunares tendo as melhores probabilidades de recuperação. 17 Nos eventos hemorrágicos, quanto maior a lesão, pior o prognóstico. As hemorragias pontinas têm letalidade mais alta, seguidos dos cerebelares e, depois, pelas hemorragias dos gânglios de base. As hemorragias lobares têm um prognóstico mais favorável quanto à sobrevida e à recuperação funcional. 17 Estatísticas mostram que 70% dos que sobrevivem a um AVC não retornam ao trabalho; 50% morrem no primeiro ano após o acidente; 30% necessitam de auxílio para caminhar; 20% ficam com seqüelas graves e incapacitantes. As chances de ocorrer um segundo evento aumentam em 9 vezes. 11 3.7 Reabilitação Para a maioria das pessoas que sobrevivem a um AVC, a reabilitação é uma das partes mais importantes do tratamento. A reabilitação deve ter início em fases precoces, nos primeiros dias após o AVC, ainda no hospital geral, e, posteriormente, deve ter continuidade numa unidade especializada em reabilitação de pacientes com doenças vasculares cerebrais. Os primeiros três a seis meses após o AVC são os mais importantes no processo de readaptação. A maioria dos movimentos voluntários se recuperam nos primeiros seis meses. Linguagem, equilíbrio e habilidades funcionais podem continuar melhorando até dois anos. 26 O objetivo fundamental do programa de reabilitação é ajudar o paciente a adaptar-se às suas deficiências, favorecer sua recuperação funcional, motora e neuropsicológica, e promover sua integração familiar, social e profissional. Um programa de reabilitação adequado contribui para a recuperação da auto-estima. 15 Do conjunto de doentes que sobrevivem a um AVC, cerca de metade fica independente no que se refere aos seus cuidados (lavar, comer, vestir, andar). Um terço ficará com alguma incapacidade, precisando de ajuda para algumas tarefas e uma em cada cinco doentes ficará totalmente dependente, mesmo para cuidar de si próprio. 27 Os programas de reabilitação incluem a terapia física e ocupacional e a reabilitação cognitiva e da linguagem. Estes programas integram um grande número de profissionais (fisioterapeutas, psicólogos, nutricionistas, professores, professores de educação física, fonoaudiólogos, assistentes sociais, médicos clínicos e neurologistas, além dos profissionais da enfermagem) e, evidentemente, o paciente e sua família. 15 4 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM A assistência de enfermagem deve estar baseada na individualização do ser humano e na satisfação de suas necessidades básicas, através do processo de enfermagem. Segundo Wanda Horta (1979), o processo de enfermagem é a dinâmica das ações sistematizadas e inter-relacionadas, visando a assistência ao ser humano. A metodologia da assistência de enfermagem é um processo dinâmico, aberto e contínuo, que visa propiciar ao paciente as melhores condições para vivenciar de modo mais saudável o processo saúde-doença. 21 É um processo sistemático que se constitui de cinco passos – Investigação, Diagnóstico, Planejamento, Implementação e Avaliação. A Investigação é feita a partir da coleta e exame da informação sobre a situação da saúde, procurando evidencias de funcionamento anormal ou fatores de risco que possam contribuir para os problemas de saúde. O Diagnóstico é a identificação do problema, a análise dos dados e identificação dos problemas vigentes e potenciais. No Planejamento é realizada a determinação das prioridades imediatas, o estabelecimento dos resultados esperados (metas), a determinação das intervenções e o registro do plano de cuidados. A Implementação coloca o plano em ação, realiza as intervenções, comunica e registra os resultados. E, por fim, a Avaliação determina se os resultados desejados foram atingidos, se as intervenções foram efetivas e se são necessárias modificações. 20 Nas conceituações de assistência de enfermagem, pode se observar a constante preocupação dos profissionais no atendimento das necessidades básicas do ser humano. Necessidades essas relacionadas com a sobrevivência física, psíquica e espiritual. Segundo Maslow, as necessidades inferiores (fisiológicas) são preponderantes e as superiores (psíquicas e espirituais) só emergem uma vez que as inferiores tenham sido satisfeitas. É indiscutível, porém, que todas elas precisam ser atendidas em nível adequado, para que o indivíduo possa manter-se em equilíbrio.22 O atendimento adequado ao paciente com AVC constitui um desafio à equipe assistencial, pelo alto potencial de morbidade e mortalidade associado a este diagnóstico. Os enfermeiros passam mais tempo com o paciente que os outros membros da equipe. É comum que seja o enfermeiro o primeiro a notar alterações, devido a sua maior interação com o indivíduo e devido ao fato de empregar uma abordagem holística do mesmo, e não uma aproximação voltada para uma doença ou sistema orgânico específico. Eles implementam o plano de cuidados e alertam os médicos para eventuais e rápidas mudanças nas condições dos pacientes, antecipam problemas e respostas, atuando na primeira linha de defesa nas emergências e situações de riscos. A avaliação neurológica de um paciente é um componente essencial dos cuidados de enfermagem. Para tanto, é necessário que o enfermeiro disponha de conhecimentos acerca da anatomia e fisiologia básicas do sistema neurológico e o que significa um exame neurológico normal. O exame neurológico é repetido com freqüência e as funções orgânicas (circulação, respiração, eliminação, equilíbrio hidroeletrolítico, ou seja, entre as perdas e ganhos de líquidos) são examinadas de forma sistemática. Cabe à enfermagem o controle e monitorização dos dados referentes aos sinais vitais. Sinais chamados vitais por serem indicadores indispensáveis do estado de saúde da pessoa, ou seja, indicam o funcionamento básico do organismo. Os sinais vitais são: a temperatura (T), o pulso (P), a respiração (R) e a pressão arterial (PA). É um procedimento clínico importante que requer conhecimento e equipe de enfermagem habilitado na observação e identificação das alterações que venham a ocorrer, sendo capaz de comunicar e realizar as intervenções necessárias. 19 É freqüente o desenvolvimento de temperaturas corporais bastante elevadas, em pacientes neurológicos ou neurocirúrgicos, em virtude da lesão do centro de regulação térmica, ou do desenvolvimento de infecções intracranianas, urinária, respiratória ou da ferida cirúrgica. Tais elevações precisam ser controladas, porque o aumento da demanda metabólica pode superar a capacidade de circulação e oxigenação cerebral, resultando em deterioração neurológica. A hipertermia persistente é indicativa de lesão do tronco cerebral e sugere mau prognóstico. 6 A mensuração da pressão arterial pode ser feita pelo método manual tradicional, usando um manguito esfisgmomanômetro e um estetoscópio, atentando para largura e comprimento adequados, evitando falsas leituras. A pressão arterial invasiva (PAI) através de um cateter arterial oferece mais vantagem, pois pode detectar pressões que, pelo método tradicional, estariam ausentes ou inacurados. Fornece as alterações da PA batimento a batimento e elimina a necessidade de múltiplas punções percutâneas quando são realizadas coletas freqüentes de sangue. 17 A PA deve manter-se elevada nos eventos isquêmicos para otimizar a perfusão de vasos estenosados e colaterais e assim oferecer um fluxo sanguíneo adequado na área crítica afetada. No entanto deverá reduzir-se em casos de hemorragia ou se as condições cardiológicas o exigirem. 23 A monitorização eletrocardiográfica aumenta a chance de identificar arritmias ou isquemias cardíacas e permite observação cardíaca atenta, de acordo com os dados vitais mensurados e registrados continuamente (P,R,PA). Os eletrodos cutâneos detectam os impulsos cardíacos e os transformam em sinais elétricos que são transmitidos por fios para o conversor de sinais e para o visor. 17 A monitorização cardíaca contínua é recomendada nas primeiras 48 horas do AVC, especialmente em paciente com fatores de risco associados. 23 A monitorização da ventilação é feita mediante avaliação da freqüência respiratória (R), capacidade vital e força inspiratória. É imprescindível avaliar se as vias aéreas estão pérvias, caso existam secreções a obstruí-las, estas devem ser aspiradas, a fim de manter níveis circulantes de oxigênio satisfatórios. A elevação da cabeceira do leito promove a expansão torácica e ajuda na eliminação de secreções. 6 A avaliação clínica não é suficientemente sensível para detectar hipoxemia (déficit na oxigenação) ou hipercapnia (excesso de CO 2) sendo necessária a análise dos gases do sangue arterial (GSA) que fornece informação rápida e acurada destes parâmetros. 17 Uma oxigenação adequada pode ser importante para preservar o metabolismo cerebral. Pode ser melhorada administrando-se oxigênio via cateter nasal. Recomenda-se a intubação orotraqueal nos casos de insuficiência respiratória. 23 O controle glicêmico, também de competência da enfermagem, deve ser realizado a intervalos regulares, já que uma Diabetes prévia pode descompensar na fase aguda do AVC e a hiperglicemia pode piorar o prognóstico funcional. A hipoglicemia também piora o prognóstico, para além de poder simular um infarto cerebral. 23 Os cuidados especiais com os pacientes que utilizaram o tratamento com trombolíticos incluem observação de hematomas, petéquias, lesões, hematúria, sangramento gengival, enterorragia; não realizar cateterismo vesical nos primeiros 30 minutos; evitar passagem de sonda nasogástrica nas primeiras 24 horas; controle rigoroso dos sinais vitais e glicemia; administração de medicação para profilaxia da trombose venosa profunda e acompanhamento do controle dos exames laboratoriais, identificando possíveis alterações. 23 Outros cuidados gerais são realizados pelo enfermeiro e sua equipe, de importância para o bem estar físico-mental e melhora das condições clínicas do paciente, que requerem acompanhamento e contínua observação, valorizando os aspectos individuais, as alterações encontradas e também as queixas apresentadas por esse paciente. A higiene do paciente conjuga a ação terapêutica e o seu bem estar. O banho permite ao profissional observar o estado da pele e avaliar a capacidade de movimentos do paciente e as suas limitações. Os cuidados com a pele incluem a prevenção de lesões (úlceras) em pacientes limitados ao leito com realização de mudança de decúbito e massagem de conforto. 24 Durante o banho são realizados os curativos cirúrgicos, caso existam, e também os de fixação de cateteres, tubos e sondas e de possíveis lesões já existentes. A higiene oral é importante por conta da composição da saliva junto com resíduos alimentares, no caso de pacientes com ingesta oral, provocando transtornos dentários, infecções e mau hálito. O mesmo ocorrendo em pacientes entubados, onde tem a produção excessiva de saliva, gerando os mesmo mecanismos de infecção e halitose. 24 Deve ser oferecido um adequado aporte nutricional, importante na evolução do quadro do paciente, requerendo uma avaliação cuidadosa do seu estado nutricional. A resposta metabólica é tanto mais intensa quanto mais grave seja o comprometimento clínico do indivíduo. A nutrição artificial permitiu alterar o prognóstico obscuro de processos patológicos que impediam a nutrição oral e fisiológica dos pacientes. Existem duas formas muito diferenciadas: a nutrição enteral ou administração de dietas por via oral ou por sonda, e a nutrição parenteral ou infusão de soroterapia endovenosa. 24 O enfermeiro atua na avaliação das condições da mucosa oral, de deglutição, nível de consciência, executa a passagem de sondas enterais, auxilia o médico na passagem de acessos endovenosos, administra a alimentação oral, enteral ou parenteral e acompanha as respostas à terapia nutricional com questões de aceitação, tolerância e absorção da dieta. Cuidados com eliminação também são observados, pois muitos pacientes apresentam incontinência urinaria e fecal, necessitando de cuidados higiênicos mais intensos. Além da contínua avaliação da função neurológica e das necessidades do paciente, o profissional de enfermagem deve identificar eventuais problemas, estabelecer objetivos mútuos, orientar condutas, usar intervenções de enfermagem apropriadas e avaliar os resultados de cada cuidado. A enfermeira e a equipe de saúde podem redefinir problemas, sugerir opções, proporcionar otimismo e ajudar o paciente a obter o controle da situação, fornecendo recursos educacionais e de apoio. 6 Pacientes com disfunção neurológica encaram múltiplas formas de estresse: prognósticos sombrios ou imprevisíveis, perda da auto-estima, e, muitas vezes, evolução arrastada. O paciente pode reagir a esses estresses através de uma série de reações psicológicas – incluindo agressão, depressão, raiva, negação e ansiedade. 2 A falta de contato físico do paciente com o exterior, com a família, os amigos, vai afetar seu estado de ânimo. A família tem de encarar a rotura causada pela doença, o que significa uma alteração no estilo de vida, mudança nos papéis de cada membro, e possível eclosão de conflitos intrafamiliares. É importante compreender que a família necessita de tempo para lidar com a sensação de impotência, com a ambivalência, com a raiva e com a culpa que costuma acompanhar tais processos. Os familiares também devem ser orientados sobre a terapia em curso, sobre a natureza da disfunção neurológica e sobre as prováveis alterações presentes e futuras. 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS É possível afirmar, após esta pesquisa, que atendimento e reconhecimento dos diagnósticos para AVC proporcionam a grande diferença no resultado do tratamento. O paciente atendido, diagnosticado clinicamente, radiologicamente e tratado em tempo hábil, tem maior chance de minimizar as seqüelas decorrentes do AVC. O atendimento feito pela equipe interdisciplinar, entre esses a Enfermagem, possibilita um rápido diagnóstico e tratamento adequados. 23 É nessa fase que o enfermeiro inicia a avaliação do paciente, diagnosticando os fatores de risco para iatrogenias, desde o momento da consulta até seu tratamento hospitalar. Prevenir as seqüelas inerentes à doença e atentar-se para o período do paciente no hospital deve ser compreendido como um grande diferencial no processo de reabilitação da pessoa. A qualidade dos cuidados de enfermagem ministrados a um indivíduo inconsciente podem literalmente significar a diferença entre a vida e a morte, uma vez que os reflexos de proteção normais do paciente estão comprometidos. O profissional de enfermagem deve assumir a responsabilidade pelo paciente até que seus reflexos básicos sejam recuperados (tosse, deglutição, reflexo córneo-palpebral). Prevenir acidentes e riscos é função primordial da equipe de enfermagem. 6 Este estudo também mostra que a enfermagem destaca-se em relação aos demais membros da equipe multiprofissional, visto que é responsável pelo cuidado e permanece à beira do leito durante 24 horas, de forma ininterrupta. Está sempre atento à eficiência do tratamento ministrado, acompanhando a sua evolução em caso de sucesso ou falha do mesmo, monitorizando os sinais vitais, identificando e atuando em casos de alterações que venham a prejudicar o prognóstico do paciente. Além disso, A assistência não se limita somente a uma ação técnica, no sentido de fazer, executar um procedimento. É ir além da obrigação do ter que fazer, é estar comprometido, engajado na profissão, é compartilhar com cada indivíduo sob seus cuidados a experiência vivenciada em cada momento. Este compromisso levou o enfermeiro a receber conhecimentos, habilidades e formação de enfermeiro, sancionado pela sociedade que lhe outorgou o direito de cuidar de gente, de outros seres humanos. Em outras palavras, o enfermeiro é gente que cuida de gente. 21 Devemos valorizar a prática de enfermagem, mas, sobretudo a prática elaborada com fundamentos científicos e com análise dos resultados esperados que teremos através do processo de enfermagem, instrumento metodológico de que lançamos mão tanto para favorecer o cuidado, tanto para organizar as condições necessárias para que este ocorra. 6 REFERÊNCIAS 1. Disponível em: http://www.webciencia.com/11_29nervoso.htm 2. ANDRADE, Maria Teresa Soy, Guias Práticos de Enfermagem-Emergências. 1ª edição. Rio de Janeiro: McGraw-Hill Interamericana do Brasil Ltda,1998 3. Isabela Benseñor, Paulo Lotufo. "HowStuffWorks - A incidência do acidente vascular cerebral no Brasil". Publicado em 10 de junho de 2008 (atualizado em 08 de dezembro de 2008) Disponível em: http://saude.hsw.uol.com.br/avcepidemiologia.htm 4. BROWN, Robert D. Neurologia:Programa de Auto Avaliação do Conhecimento Médico. Rio de Janeiro: EPUC, 2004. 5. SMELTZER, Suzanne C; BARE, Brenda G. Brunner e Suddarth-Tratado de Enfermagem Médico-Cirúrgica. 9ªedição. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002. 6. SMELTZER, Suzanne C; BARE, Brenda G. Brunner e Suddarth-Tratado de Enfermagem Médico-Cirúrgica. 4ª edição. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1994. 7. MENESES, Murilo S. Neuroanatomia Aplicada. 2ªedição. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006. 8. MACHADO, Ângelo B.M. Neuroanatomia Funcional. 2ªedição. São Paulo: Editora Atheneu, 2006. 9. Disponível em: http://cyberneuro.net/exame.htm 10. VIANA, Dirce; PETENUSSO, Marcio. Manual para Realização do Exame Físico. 4ªedição. São Caetano do sul, SP: Yendis Editora, 2007. 11. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/acidente_vascular_cerebral 12. PETROIANU, Andy. Urgências Clínicas e Cirúrgicas. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002. 13. SCHELL, Hildy M.; PUNTILLO, Kathleen A. Segredos em Enfermagem na Terapia Intensiva. Porto Alegre: Artmed, 2005. 14. NASCIMENTO, Eliane Regina Pereira; TRENTINI, Mercedes. O Cuidado de Enfermagem na Unidade de Terapia Intensiva: Teoria Humanística de Paterson e Zderad. Revista Latino-Americana de Enfermagem (on-line), vol.12. Ribeirão Preto, 2004. 15. DAMIANI, Ibsen T; YOKOO, Edson I. Acidente Vascular Cerebral. Fonte: Hospital Tacshini. Publicado em: 09/02/2002. Disponível em: http://www.saudeemmovimento.com.br/conteudos/conteudo_exibe1.asp?cod_noti cia=44 16. GUIMARÃES, Hélio Penna et al. Guia de Bolso da UTI. São Paulo: Editora Atheneu, 2009. 17. IRWIN, Richard S; RIPPE, James M. Manual de Terapia Intensiva. 3ªedição. Rio de Janeiro: Editora MESSI, 2003. 18. GOMES, Alice Martins. Enfermagem na Unidade de Terapia Intensiva. 3ºedição. São Paulo: EPU, 2008. 19. VIANA, Dirce; FIGUEIREDO, Nébia Maria; MACHADO, William César. Tratado Prático de Enfermagem. 2ªedição. São Caetano do Sul, SP: Yendis Editora, 2008. 20. LEFEVRE, Álvaro. Aplicação do Processo de Enfermagem. 4ªedição. Porto Alegre: Artes Médicas, 2000. 21. HORTA, Vanda de Aguiar. Processo de Enfermagem. São Paulo: EPU, 1979. 22. MASLOW, A.H. “Crescimento e Motivação” in: Introdução à Psicologia do Ser, parteII. Rio de Janeiro: Eldorado, 1954. 23. European Stroke Initiative – Recomendação 2003. AVC Isquêmico - Profilaxia e Tratamento. Disponível em: http://www.eso-stroke.org 24. ANDRADE, Maria Teresa Soy, Guias Práticos de Enfermagem-Cuidados Intensivos. 1ª edição. Rio de Janeiro: McGraw-Hill Interamericana do Brasil Ltda,1998 25. FIGUEIREDO, Nébia Maria Almeida. Método e Metodologia na Pesquisa Científica. 3ª edição. São Caetano do Sul,SP: Yendis Editora, 2008. 26. Disponível em: http://www.sarah.br/paginas/doencas/po/p_02_acidente_vasc_cereb.htm#a11 27. TESTE SAÚDE, nº 60. Abril/Maio de 2006. Disponível em: WWW.deco.proteste.pt/.../item-not-found-in-range-Attach_s413681.pdf