Título do Artigo: Influência do Mix de Marketing na Decisão de Compra de Consumidores em Lojas Populares Autora: Rejane Alexandrina Domingues Pereira do Prado Co-Autoras: Marli Auxiliadora da Silva, Marília de Paula Dantas Santana e Larissa Mascarenhas Muniz Patrocínio Realização Influência do Mix de Marketing na Decisão de Compra de Consumidores em Lojas Populares Autores: Rejane Alexandrina Domingues Pereira do Prado Marli Auxiliadora da Silva Marília de Paula Dantas Santana Larissa Mascarenhas Muniz RESUMO Desigualdades e mudanças socioeconômicas têm influenciado na decisão de compra dos consumidores de diversas classes sociais aumentando o poder de compra das classes C, D e E. Com perfis que variam desde o planejador ao consumista, verifica-se que os consumidores, em sua decisão de compra, buscam preços baixos e são exigentes com relação aos itens do composto mercadológico (produto, preço, promoção, apresentação, pessoal e ponto). Considerando o cenário socioeconômico e o alto contingente de pessoas pertencentes às classes C, D e E, este estudo investigou o perfil dos consumidores de lojas populares e a influência dos 6 P’s em sua decisão de compra. A pesquisa caracterizada como exploratória e descritiva, foi realizada por meio de levantamento bibliográfico e coleta de dados para identificação de opiniões dos consumidores quanto às variáveis do Mix de Marketing e sua influência no processo de decisão de compra em Lojas Populares. O instrumento para o levantamento de dados baseou-se em questionário estruturado, aplicado a 83 consumidores. Por meio da análise dos resultados, utilizando-se o software SPSS, identificou-se que preço e qualidade, assim como verificado em estudos diversos, são determinantes na decisão de compra de consumidores, em estabelecimentos populares, no Pontal do Triângulo Mineiro. Palavras-Chave: Lojas Populares, Mix de Marketing, Decisão de Compra. 1 INTRODUÇÃO As mudanças econômicas ocorridas nos últimos anos fizeram com que o poder de compra das classes C, D e E aumentasse. Todavia estas classes não querem fazer compras em comércios sofisticados, nem pretendem seguir a moda a risca (Estadão on line, 2009). Consumidores da classe C, conforme publicação disponível na Revista Exame (2009), possuem perfis distintos. O primeiro perfil é do consumidor considerado consumista (grifo nosso). Compra muito e por impulso, geralmente mais do que a renda permite. É aventureiro, extrovertido, um tanto quanto vaidoso e sonhador. Acostumou-se a viver com dívidas e não se preocupa muito com isso. O segundo perfil é do planejador (grifo nosso). O extremo oposto do consumista. Trata-se de um consumidor mais cauteloso, que gasta seus rendimentos com parcimônia e se mostra cético em relação à propaganda. Por se preocupar com o futuro, ele investe na educação própria e na de seus filhos. Detesta dívidas e, em alguns meses, consegue até poupar dinheiro. Verifica-se, no entanto, uma característica comum a estes dois perfis: eles não querem apenas preços baixos, mas estão se tornando mais exigentes em relação aos demais itens do composto mercadológico (produto, preço, promoção, apresentação, pessoal e ponto) (Portal Exame on line, 2009). Parente (2007) cita que as mudanças no comportamento do consumidor levam as empresas a adotarem estratégias relacionadas ao composto mercadológico para se tornarem mais competitivas e garantirem sua permanência no mercado. Consumidores das classes C, D e E compõem a maioria da população mundial, representando de 4 a 5 bilhões de pessoas (aproximadamente, 65% da população mundial) e, também, uma economia de US$ 13 trilhões em poder de compra. A base da pirâmide até pouco tempo era ignorada por empresas e profissionais de marketing, em benefício ao atendimento dos segmentos mais abastados economicamente (HAMMOND et al, 2007; PRARALAD, 2005; PRAHALAD; HAMMOND, 2002; PRARALAD; HART, 2000). Em função deste novo cenário, começaram a surgir no mercado inúmeras lojas populares visando atender estes consumidores. O Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc on line, 2008), destaca que a classe C representava, em 2007, 46% da população brasileira (aproximadamente 90 milhões de pessoas) e as classes D e E compunham 39% da população (aproximadamente 75 milhões de pessoas). Decorrente da representatividade do consumidor de baixa renda para a economia nacional e mundial , estudos recentes sobre estes consumidores tem sido desenvolvidos, tanto no Brasil, como em âmbito internacional (CASTILHOS, 2007; CHAUVEL; MATTOS, 2007; SUBRAHMANYAN; GOMEZ-ARIAS, 2008). Assim, considerando o novo cenário econômico e o alto contingente de pessoas pertencentes às classes C, D e E, ávidas por consumir, definiu-se como objetivo desta pesquisa: investigar o perfil dos consumidores de lojas populares e identificar a influência dos 6 P’s (produto, preço, promoção, apresentação, pessoal e ponto) na decisão de compra destes consumidores. O estudo é composto desta sessão, introdutória, seguida pela fundamentação teórica onde discute-se sobre varejo, varejo popular, importância do composto mercadológico para estas lojas, abordando-se, também, os seis P’s do marketing e o comportamento de compra. A terceira sessão evidencia os procedimentos metodológicos. Na sequência apresenta-se a análise e discussão dos resultados. Finalmente, são expostas as considerações finais. 2 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.1. Varejo O varejo engloba todas as atividades do processo de venda de produtos e serviços para atender uma necessidade pessoal do consumidor final, entendendo-se por varejista qualquer instituição cuja atividade principal consiste na venda de produtos e serviços para o consumidor final (KOTLER e KELLER, 2006; PARENTE, 2007). Levy e Weitz (2000) destacam que o varejo é uma orientação de gerenciamento que faz o varejista enfocar a determinação das necessidades de seus mercados-alvo e a satisfação dessas necessidades mais eficaz e eficientemente que seus concorrentes, possuindo grande importância econômica; é por conta dos canais de distribuição que muitas vantagens são proporcionadas tanto para quem produz o que será vendido quanto para quem consome. O Instituto para Desenvolvimento do Varejo evidencia que os índices referentes ao resultado efetivo das vendas brasileiras assim como a expectativa de crescimento das vendas continuará crescendo de forma considerável e consistente. Dados do IBGE ressaltam que o varejo, ainda em 2004, teve um crescimento real de 14,2%. Neste ano o Brasil possuía cerca de 1, 380 milhão de empresas comerciais, atuando por meio de 1, 441 milhão de estabelecimentos. Estas empresas juntas geraram para o país uma receita operacional líquida de R$ 798,2 bilhões. Cerca de 6,681 milhões de pessoas eram empregadas por estas empresas, que recebiam um total de R$ 45,2 bilhões entre salários e outras remunerações. 2.1.1. Varejo Popular e Varejo de Luxo As Lojas de Varejo Popular possuem características que as diferem das Lojas de Varejo de Luxo. Enquanto as lojas de varejo popular atendem os consumidores das classes C, D e E, o público de lojas de luxo, geralmente, é composto pelas classes A e B. Pesquisa divulgada pela Revista Exame (2010) revela que à medida que os brasileiros ascendem socialmente também escalam novos patamares de consumo. Segundo a pesquisa, em virtude do Brasil estar se transformando numa economia de massa, os especialistas tentam, a todo instante, decifrar como se dará a expansão da cesta de compras, impulsionada pelo aumento da renda e do crédito. A pesquisa publicada pela Revista Exame revela o perfil de compra de cada uma das classes: Quadro1: Perfil de Compra de Consumidores das Classes E, D, C, B e A Classe E Classe D Classe C Classe B Classe A Consumidores que estão no estágio zero de consumo. Têm renda muito baixa, o que limita o leque de produtos a que tem acesso. Em geral moram de aluguel na periferia ou vivem em áreas rurais. Muitos dependem de subsídios do governo ou de programas sociais. Tem demandas muito básicas a serem atendidas. Começa a equipar a casa com os eletrodomésticos mais baratos. Alguns já conseguem pagar o ensino fundamental particular para os filhos. Verifica-se as primeiras experiências com crédito, como a aquisição de um carro usado ou de um imóvel na periferia Participa intensamente do mercado consumidor, amparado, sobretudo, pelo crédito. Procura novidades em eletroeletrônicos e experimenta novos produtos no supermercado, todavia ainda depende muito do preço baixo. Já tem renda para a primeira viagem nacional de avião e para um curso superior privado. Começa a investir em hábitos mais sofisticados e viagens e estudos no exterior já constam em seu orçamento. O crédito permite antecipar o consumo de itens associados à classe A, porém não consegue comprar tudo o que gostaria e tem de ser seletivo. Possui renda alta e tende a comprar produtos e serviços de primeira linha. Adere de imediato a novos padrões tecnológicos e investe em exclusividade e marcas de luxo. Pode fazer uma graduação ou pós no exterior e financiam apenas bens de alto valor, como imóveis, carros e lanchas. 3 Fonte: Elaborado pelas autoras com base em publicação da Revista Exame (2010). Dada a desigualdade socioeconômica dos consumidores brasileiros, Parente, Barki e Geargeoura (2008) apontam diferenças e semelhanças no comportamento e hábitos de consumo de ricos e pobres, relacionadas à escolaridade, mobilidade física, motivação e preferências no processo de compra. Quadro 2: Comparativo entre consumidores de Varejo Popular e Varejo de Luxo Características Varejo Popular (baixa renda – classes C, D e E) Diferenças 1. Aspectos demográficos . Faixa etária . Nível de escolaridade 2. Mobilidade física 3. Padrões de compra Semelhanças: 1. Decisão de compra ▪ População mais jovem ▪ Baixo (4,7 anos em média) ▪ Deslocamento muito limitado. ▪ Influência da auto-estima (baixa) e por isso o valor é dado à fartura, estética de cores vivas, extravagância e alegria na exuberância das formas. ▪ Preferência por produtos já consagrados no mercado. ▪ Papel decisivo da mulher Varejo de Luxo (alta renda – classes A e B) ▪ População adulta ▪ Médio (12,7 anos) ▪ Grande capacidade de viajar e comprar em qualquer lugar. ▪ Influência da auto-estima (alta) – por isso a fartura e ostentação refletem mau gosto. ▪Preferência por estética minimalista, padrão discreto de diferenciação e exclusividade. ▪ Papel decisivo da mulher 2. Simbolismo do consumo ▪ Produto ou serviço usado como ▪ Produto ou serviço usado como sinalizador de algum significado sinalizador de algum significado (sensação de conquista e (definida como uma auto-recompensa) pertencimento) Fonte: Elaborado pelas autoras com base em Parente, Barki e Geargeoura (2008). Parente (2007) classifica o varejo brasileiro em varejo alimentício com lojas, não alimentício com lojas, de serviço e sem loja. Relativamente ao varejo não alimentício com loja, o autor cita que os dois principais modelos de lojas são as lojas especializadas e as lojas de departamento. Nas lojas especializadas, as vendas se concentram em linhas de produtos como brinquedos, calçados, móveis, livros, confecções entre outros. Devido à grande variedade de tipos e formatos as lojas especializadas posicionadas nos mais variados segmentos, pode-se classificá-las como lojas de varejo popular e varejo de luxo. Esta classificação se dá porque podem comercializar produtos sofisticados para as classes A e B ou produtos populares direcionados, por exemplo, para o público feminino das classes C, D e E (PARENTE, 2007). As diferenças percebidas no comportamento e hábitos de consumo resultam em estratégias de marketing e comercialização diferenciadas para os dois tipos de lojas. Nascimento, Yu e Sobral (2005) e Parente, Barki e Geargeoura (2008) apontam estas diferenças para todos os P´s (produto, preço, promoção, apresentação, pessoal e ponto), destacando dentre outras: Quadro 3: Composto Mercadológico do Varejo - Estratégias de Marketing do Varejo Popular e Varejo de Luxo Item 1. Produto Varejo Popular (baixa renda – classes C, D e E) ▪ Utilização de marcas de elite com apelo e divulgação massificada. ▪ Variedade de produtos e marcas (opção de escolha para o consumidor) Varejo de Luxo (alta renda – classes A e B) ▪ Progressiva oferta de exclusividade (de acordo com a renda). ▪ Especialização acentuada – lojas especializadas em uma única marca ou linha mais homogênea e segmentada de produtos. 4 2. Preço ▪ Essencialidade do crédito. ▪ Valorização do preço aliado à qualidade do produto/serviço. 3. Promoção ▪ Campanhas com predomínio de comunicação mais direta e simples sem muitos simbolismos. ▪ Utilização de recursos musicais e repetição devido à baixa escolaridade da população. ▪ Campanhas adaptadas a cada região, incorporando os valores, cultura e linguagem, locais dos consumidores. 4. Apresentação ▪ O visual merchandising é explorado de duas formas: (a) na primeira o visual e a apresentação da loja encontram-se desarrumados, com instalações despojadas de custos baixos que procuram refletir preços baixos, também. (b) na segunda observa-se forte tendência à modernização das lojas buscando incorporar elementos dos mercados de alta renda, como organização, clareza na comunicação e sensação de bem-estar. ▪ Há predomínio de fartura, cores vivas e ambientes mais festivos. 5. Pessoas 6. Praça ▪ Sempre elevado relacionado à imagem de exclusividade e ao grau de qualidade do produto. ▪ Descontos e promoções de preço são considerados inadequados à manutenção do prestígio da marca. ▪ Dada à cultura o parcelamento não é malvisto. ▪ Conteúdo privilegiando a excelência na elaboração do produto ou serviço ▪ Campanhas com forte predomínio de conteúdos simbólicos e argumentos abstratos. ▪ Campanhas globalmente padronizadas – exposição mundial, mesma linguagem de texto, áudio e vídeo tendo como eixo o posicionamento de mercado diferenciado. ▪ Abordagem sutil evidenciando o prestigio do produto sem mencionar preço. ▪ O visual merchandising é decisivo no momento da compra e pode ser utilizado de duas formas: (a) a tradicional – com exibição de símbolos de riqueza e poder compondo o cenário de exposição da mercadoria, e b) a moderna – despojamento calculado para destacar os itens que estão sendo vendidos. ▪ Tanto o merchandising quando a ambiência do ponto-de-venda são padronizados e controlados com o intuito de reforçar a imagem da marca na mente do consumidor. ▪ Busca-se a harmonia de cores que normalmente são em tons pastéis mais discretos. ▪ Atendimento atencioso e personalizado. ▪ Seletiva, com muita exclusividade (controle e posse da distribuição) Verticalização freqüente (distribuição feita pelo próprio fornecedor ou fabricante). ▪ Lojas de portas fechadas / atendimento domiciliar ou exclusivo. ▪ Poucos pólos comerciais. ▪ Atendimento atencioso e personalizado ▪ Intensiva, com pouca ou nenhuma exclusividade (menor segmentação de mercados) ▪ Ampla distribuição dos produtos. ▪ Localização de lojas em centros de compra de fácil acesso. ▪ Muitos pólos comerciais – com domínio do pequeno varejo. Fonte: Elaborado pelas autoras com base em Parente, Barki e Geargeoura (2008). 2.1.2. Varejo Popular de Roupas Dentre os vários tipos e formatos das lojas especializadas, destacam-se as lojas de confecções, tanto masculinas quanto femininas. Lojas populares desse segmento prevêem aumento de 10% em suas vendas em função da migração da renda para itens mais baratos conforme dados da Associação Brasileira de Varejo Têxtil – ABVTEX (Exame, on line, 2009). Giovinazzo (2003) destaca que nas lojas de varejo popular os produtos populares são posicionados, estrategicamente, para as classes de renda C, D e E. O consumidor de baixa renda, apesar de seu limitado orçamento, não é atraído apenas pelo preço, mas também pela qualidade e, à medida da possibilidade, compra produtos mais caros (PARENTE; BARKI; GEARGEOURA, 2008). Parente (2007) afirma que independentemente do tipo de varejo a qual pertença é necessário entender e articular o composto de marketing do varejista (linha de produtos, preços, promoções, apresentação, pessoal e ponto-de-venda) para conquistar a preferência 5 dos consumidores. Tal procedimento proporciona construir uma vantagem competitiva sustentável (LEVY; WEITZ, 2000). 2.2. Composto Varejista: Produto, Preço, Promoção, Apresentação, Pessoal e Ponto O composto de marketing é uma combinação de ferramentas estratégicas usadas para criar valor para os clientes e assim alcançar os objetivos da organização (CHURCHILL; PETER, 2000). Mason, Mayer e Ezell (1984) citam que esse plano de ação descreve como a organização se posicionará, competirá nos mercados escolhidos diferenciando-se de outros. Parente (2007) define o composto mercadológico como sendo formado por 6 P’s, conforme o quadro abaixo. Quadro 4: Composto Varejista – os 6 P’s. Variáveis do composto varejista P-1 – Mix de Produtos P-2 – Preços P-3 – Promoção P-4 – aPresentação P-5 – Pessoal P-6 – Ponto Fonte: Parente (2007, p.61). Exemplo das decisões Variedade da linha, qualidade, serviços Preços, crédito, benefício/custo Propaganda, ofertas, sinalização Loja, departamentalização, planograma Atendimento, rapidez, serviços Localização, acesso, visibilidade O Mix de Produtos (P-1) compreende a linha de produtos que a empresa oferece ao mercado consumidor. O produto é tudo o que pode ser oferecido a um mercado com o objetivo de satisfazer necessidades ou desejos. Ao oferecer uma linha de produtos as empresas devem desenvolver uma plataforma e módulos básicos que possam ser somados para atender a diferentes exigências dos consumidores e que a extensão dessa linha deve estar alinhada aos objetivos da empresa. (PARENTE, 2007; KOTLER; KELLER, 2006; MCCARTHY; PERREAULT, 1997). Las Casas (1987) afirma que todos os componentes do composto de marketing são necessários e importantes, mas sem o produto eles não existiriam. Segundo o autor a variável produto envolve decisões quanto à marca, embalagem, serviços, garantia, qualidade, diferenciação, entre outros fatores. De acordo com Levy & Weitz (2000) os varejistas tem criado formatos de varejos com preços (P-2) baixos para atender aos apelos dos consumidores. Essa variável afeta diretamente a competitividade do varejista, sendo o preço a única variável do composto que produz receita, pois todas as demais geram custos, por isso, deve ser determinada com cautela (PARENTE, 2007; KOTLER; KELLER, 2006). Churchill e Peter (2000) afirmam que o preço é a quantidade de dinheiro, bens ou serviços que deve ser dada para se adquirir a propriedade ou uso de um produto. Las Casas (1987) complementa que a variável preço envolve a determinação de estratégias quanto a descontos, condições de pagamento, crédito e prazo, entre outros fatores. A promoção (P-3) ou mix de comunicação de marketing, citam Kotler e Keller (2006) é composta por seis formas essenciais de comunicação (propaganda, promoção de vendas, eventos e experiências, relações públicas e assessoria de imprensa, marketing direto, vendas pessoais). De acordo com os autores, por meio do mix de comunicação as empresas buscam informar, persuadir e lembrar os consumidores sobre produtos e marcas que comercializam e deve incluir um programa competente, capaz de atrair o cliente. Na decisão dos fatores relativos à promoção deve-se observar qual das formas será mais viável para cada situação particular (LEVY; WEITZ, 2000; LAS CASAS, 1987). Sandhusen (1998) ressalta que a promoção é comunica a informação para influenciar as atitudes e os comportamentos dos compradores potenciais. Neste sentido a 6 comunicação deve mostrar os benefícios que fazem jus ao preço estabelecido para o produto. A apresentação (P-4) aborda a estrutura física da loja. Nenhuma outra variável do composto provoca tanto impacto inicial no consumidor como a loja em si, sua estrutura, sua departamentalização e iluminação, entre outros fatores. As decisões sobre a loja, sua atmosfera, apresentação externa e interna, layout e exposição de produtos, devem construir a imagem da organização, conquistar as preferências do público-alvo, além de estimular maior produtividade da área de vendas (PARENTE, 2007; LEVY; WEITZ, 2000). Pessoas (P-5) são o bem mais valioso que uma empresa pode ter. Levy & Weitz (2000) dizem que a empresa é totalmente dependente das pessoas para que os processos possam ser executados. A localização ou ponto (P-6) contribui significativamente para as escolhas dos consumidores por um produto em detrimento de outro. Para Mccarthy e Perreault (1997) disponibilizar os produtos no local, na quantidade e no tempo certo é imprescindível para o sucesso de qualquer organização, avaliando corretamente os canais de distribuição disponíveis. Churchill e Peter (2000) esclarecem que um canal de distribuição é uma rede, cujo objetivo é ligar os produtos, desde a aquisição da matéria prima para sua fabricação até o usuário final deste produto. Na definição de critérios estratégicos quanto à variável ponto deve se observar os fatores: canais de distribuição, modais de transporte, formas de armazenagem e o processo logístico do canal (LAS CASAS, 1987). 2.3. O Comportamento de Compra Uma compra é precedida por um processo de decisão. Conhecer e entender o processo de decisão de compra dos consumidores é imprescindível para definir estratégias para o negócio em cada uma das áreas de aplicações gerenciais. (ENGEL; BLAKWELL; MINIARD, 1995); (KOTLER; KELLER, 2006); (MOWEN; MINOR, 2003); (NEVES, 2009); (PARENTE, 2007). Este processo envolve as etapas descritas na Figura 1. Figura 1 – Processo de decisão de compra Reconhecimento do Problema Busca de Informações Avaliação de Alternativas Decisão de Compra Comportamento Pós-Compra Fonte: Kotler e Keller (2006, p. 189). Em cada uma das etapas do processo de decisão de compra o consumidor é influenciado pelas estratégias do composto mercadológico definidas pelo varejista. Existem duas perspectivas quanto à tomada de decisão no processo de compra: alto envolvimento e baixo envolvimento. As estratégias de Mix de Marketing são distintas para produtos comprados por processos de decisão de alto envolvimento e de baixo envolvimento (MOWEN; MINOR, 2003), conforme destacado no quadro abaixo: Quadro 5: Processos de Envolvimento na Tomada de Decisão e o Mix de Marketing Processos de Alto e Baixo Envolvimento na Tomada de Decisão de Compra e Estratégias do Mix de Marketing Baixo Envolvimento Estratégia do Mix de Alto Envolvimento Estratégia do Mix de Marketing Marketing ▪Procura de ▪No processo de comunicação ▪Busca profunda de ▪Utilizar fortes informações gerais a mensagem deve ser repetida informações sobre argumentos persuasivos sobre produtos. de forma persuasiva, sendo marcas e produtos. nas mensagens. ▪Pouca preocupação este o fator determinante na ▪A percepção do (Promoção). com elaborações comunicação. (Promoção). consumidor é mais ▪As mensagens de 7 mentais na análise do processo de compra. ▪Tendência de não refutar as informações recebidas. ▪Maior probabilidade de mudanças de atitude. ▪Baixa influência de outras pessoas no processo de decisão. ▪Não há fidelidade a marca. ▪Quer atendimento de qualidade. ▪Busca lojas mais simples onde se sintam mais a vontade. ▪Promoções em ponto de vendas podem ser eficazes devido ao fato de muitas compras serem feitas por impulso. (Promoção). ▪Manter argumentos simples na propaganda. (Promoção). ▪As estratégias de produto devem ser voltadas para produtos de massa. (Produto). ▪Utilizar uma estratégia de distribuição ampla. (Praça). ▪Oferecer produtos de preço baixo (Preço). ▪Vender produtos com uma equipe de vendas qualificada. (Pessoas). ▪Lojas com departamentalização simples onde o cliente se sinta a vontade. (Apresentação). apurada. ▪As informações são processadas em vários estágios, numa sequência decisória. ▪Respostas discrepantes provocam aumento de contra-argumentações ▪Existe dificuldade em provocar mudanças de atitudes ▪Há maior lealdade a marca ▪Há possibilidade de a compra ser feita devido ao status social ▪Busca benefícios adicionais no produto e alta qualidade. ▪Busca excelência nos serviços. comunicação precisam ser mais elaboradas em termos de seu conteúdo intelectual. (Promoção). ▪Vender produtos com uma equipe de vendas qualificada. (Pessoas). ▪Considerar a cobrança de preços mais altos (Preço). ▪Evitar a prática de liquidações constantes. (Preço). ▪Usar um sistema de distribuição mais limitado (Praça). ▪Oferecer produtos com alta qualidade e serviços agregados (Produto). ▪Lojas com decoração e layout sofisticados. (Apresentação). Fonte: Elaborado pelas autoras com base em Mowen e Minor (2003) e Popadiuk (1993). Geralmente, percebe-se que as classes A e B têm tendência a possuírem envolvimento alto nos seus processos de decisão, sendo mais exigentes e criteriosas tanto na escolha quanto na decisão, pois compram produtos que exigem tal envolvimento, tais como roupas de griffe, imóveis, veículos, entre outros. As classes C, D e E tendem para um envolvimento mais baixo, não se atendo a tantos detalhes quanto a classe A e B e, em muitos casos sendo bem menos exigentes, também, pois compram, na maioria das vezes, produtos que exigem menos reflexão, tais como compras em supermercados e em lojas populares em geral. Profissionais de marketing ao atentarem a tais questões definem as estratégias do mix de marketing de acordo com o grau de envolvimento nas decisões de compra dos consumidores, uma vez que as estratégias do composto mercadológico não serão as mesmas para públicos diferentes com perspectivas, necessidades e valores diferentes. 3. METODOLOGIA DE PESQUISA Este estudo, de natureza exploratória e descritiva, teve como objetivo investigar o perfil dos consumidores de lojas populares e identificar a influência dos 6 P’s (produto, preço, promoção, apresentação, pessoal e ponto) na decisão de compra destes consumidores. Os procedimentos metodológicos são detalhados a seguir. 3.1. Pesquisa Exploratória Utiliza-se pesquisa exploratória para aprofundar o conhecimento sobre o assunto em estudo a fim de estabelecer melhor o problema de pesquisa. Por meio da exploração os pesquisadores desenvolvem conceitos claros, estabelecem prioridades, melhoram o planejamento da pesquisa e ainda economizam tempo e recursos (MATTAR, 1996; COOPER; SCHINDLER, 2003). O primeiro passo da pesquisa exploratória é a busca de literatura secundária, que representam dados secundários. Os dados secundários disponíveis em livros, revistas e artigos, entre outros, foram usados para a elaboração da fundamentação teórica deste estudo. 8 3.2. Pesquisa Descritiva Nesse estudo a pesquisa descritiva embasou a descrição do perfil dos consumidores de lojas populares, assim como a verificação da influência dos 6 P’s (produto, preço, promoção, apresentação, pessoal e ponto) na decisão de compra desses consumidores. O uso desta pesquisa decorre de sua capacidade em proporcionar descrições de fenômenos ou características associadas com a população alvo (o que, quem, quando, como e onde); possibilitar fazer estimativas das proporções de uma população em que tenha determinadas características; estabelecer associações entre as diferentes variáveis do estudo; proporcionar a descoberta e mensuração de relações de causa e efeito entre as variáveis (COOPER; SCHINDLER, 2003). 3.3. População e Amostra Cooper e Schindler (2003) destacam que há muito folclore sobre o tamanho da amostra necessária a uma pesquisa. Para os autores os dois principais são: uma amostra deve ser grande ou não será representativa; uma amostra deve ter alguma relação proporcional com o tamanho da população na qual ela é baseada. Os autores enfatizam, ainda, que na definição da amostra os princípios influenciadores são aqueles relacionados à dispersão ou variância dentro da população; precisão estimativa desejada; a amplitude do intervalo e nível de confiança desejado. Stevenson (1995, p. 181) cita que na composição de uma amostra “onde a população sob amostragem tenha distribuição normal a distribuição das médias amostrais também será normal para todos os tamanhos de amostra”. Portanto, de acordo com o teorema do limite central pode-se utilizar uma amostra que contenha 30 ou mais observações para as inferências necessárias. Por isso, baseados nestes princípios e, considerando que a população investigada, qual seja classes C, D e E, tem homogeneidade em relação à renda, definiu-se a mostra para o estudo. A pesquisa foi realizada com 83 consumidores de lojas populares, com objetivo de analisar e descrever o perfil dos consumidores de lojas assim classificadas e identificar a influência dos 6 P’s (produto, preço, promoção, apresentação, pessoal e ponto) na decisão de compra destes consumidores, na cidade de Ituiutaba-MG. 3.4. Instrumento de Pesquisa O instrumento utilizado para coleta de dados foi o questionário com 20 (vinte) questões fechadas, com opções de escolha pelo respondente. De maneira geral, quando se usa um questionário a ser preenchido pelo respondente sozinho, deve-se preferir as questões fechadas (AAKER; KUMAR; DAY, 2007). O questionário foi desenvolvido com base na teoria de Parente (2007) sobre composto varejista e Kotler e Keller (2006) relativamente ao processo de decisão de compra, tendo sido aplicado nos meses de maio de junho do ano de 2010, na cidade de Ituiutaba-MG. 3.5. Análise de Dados Para análise dos dados coletados utilizou-se o software estatístico SPSS, sendo que inicialmente fez-se a distribuição de freqüência simples que apenas reporta o número de respostas que cada questão recebeu (AAKER; KUMAR; DAY, 2007). Posteriormente, procedeu-se ao cruzamento de variáveis (crosstabs), com a finalidade de descrever o perfil dos consumidores de lojas populares. 4. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 4.1. Descrição do Perfil dos Consumidores de Lojas Populares 9 Com relação ao gênero, dentre o público entrevistado, 66,3% são mulheres e 33,7% são homens. A faixa etária de 62,7% varia entre 18 e 25 anos, enquanto que 13,3% possuem de 30 a 40 anos e os demais entrevistados estão em outras faixas de idade. Quando questionados sobre sua ocupação, 63,9% dos entrevistados afirmaram trabalhar, sendo que 15,7% trabalham em microempresa, 9,6% em empresa de médio porte, 7,2% em empresas de pequeno porte, 6% em empresa pública e os demais entrevistados ou não trabalham ou trabalham em outro tipo de empresa. A renda predominante está entre R$ 2.001,00 a R$ 4.000,00 compondo 32,5% da amostra pesquisada, seguida por 26,5% que ganham entre R$ 1.001,00 e R$ 2.000,00. Com relação à quantidade de pessoas residentes em seu lar, 49,4% dos entrevistados disseram que são entre 2 e 3 pessoas e 43,4% disseram que são entre 4 e 5 pessoas. Quando questionados sobre onde os entrevistados gostam de fazer suas compras, se em lojas populares do centro da cidade ou nos bairros, 73% afirmaram que preferem o centro da cidade. O primeiro motivo para esta escolha foi justificado em função da variedade de lojas, 61,4%, seguido da proximidade do trabalho, 10,8%. 4.2. Cruzamento das Variáveis (Crosstabs) O quadro abaixo mostra o nível de importância das variáveis do composto mercadológico, de forma geral e, posteriormente, apresenta, separadamente, a importância para homens e mulheres. Quadro 6: Importância das Variáveis do Composto Mercadológico na Decisão de Compra dos Consumidores de Lojas Populares Opções de Resposta – Importância Geral % Masculino percebida da variável no Composto Mercadológico 1. Qualidade dos produtos 1ª opção 56,6% 1ª opção 2. Preço e condições de pagamento 2ª opção 32,5% 2ª opção 3. Qualidade do atendimento 3ª opção 27,7% 2ª opção 4. Variedade de produto 4ª opção 31,3% 4ª opção 5. Sinalização da loja 5ª opção 18,1% 7ª opção 6. Loja 6ª opção 32,4% 5ª opção 7. Rapidez no atendimento 6ª opção 26,5% 6ª opção 8. Serviços agregados 7ª opção 24,1% 7ª opção 9. Propaganda 8ª opção 18,1% 8ª opção 10. Apresentação e visibilidade da loja 9ª opção 20,5% 9ª opção 11. Departamentalização 10ª opção 22,3% 10ª opção Fonte: Elaborado pelas autoras. Cruzamento das variáveis (crosstabs) SPSS. % Feminino % 78,6% 39,3% 39,3% 32,1% 21,4% 23,2% 25% 39,7% 32,1% 39,3% 19,3% 1ª opção 2ª opção 2ª opção 4ª opção 9ª opção 5ª opção 6ª opção 9ª opção 9ª opção 8ª opção 10ª opção 45,5% 29,1% 29,1% 30,9% 23,6% 24,1% 27,3% 18,2% 21,8% 21,8% 22,3% A qualidade dos produtos é considerada pelos respondentes como a variável mais importante, de modo geral, porém, os homens dão maior prioridade à mesma que o público feminino. Como segunda variável mais importante para os entrevistados relaciona-se o preço e as formas de pagamento, sendo que, neste caso, os homens, também, a julgam mais importante que as mulheres. Em terceiro lugar, na escolha dos entrevistados de ambos os sexos, analisados em conjunto, tem-se a variável qualidade no atendimento, todavia, ela é a segunda variável mais importante para homens e mulheres, quando analisada separadamente. Sequencialmente, em quarto lugar tem-se, na concepção geral e individual para ambos os sexos, a variedade de produtos como variável mais importante do composto. O quinto lugar em prioridade, no âmbito geral, pertence a variável sinalização da loja, todavia, analisando separadamente homens e mulheres percebe-se que para eles, esta é a sétima opção enquanto para as mulheres, a nona. 10 A importância da variável loja ficou, também, em quinto lugar tanto de forma geral como individual para ambos os sexos. A rapidez no atendimento foi classificada como sexta variável mais importante por ambos os sexos juntos e separados. Relativamente à importância da variável serviços agregados, homens e mulheres, juntos, definiram-na como sétima opção, todavia, analisados individualmente, homens classificam-na como a sétima, porém, as mulheres classificam-na como nona variável do composto mais importante na sua decisão de compra. A variável propaganda foi a oitava opção mais votada no geral e, para os homens, contudo, para as mulheres ela é a nona opção. Em nono lugar, em âmbito geral e para homens, tem-se a apresentação e visibilidade da loja, todavia para as mulheres esta variável ocupa a oitava posição. Finalmente, em décima colocação ficou a variável departamentalização, sendo esta a escolha geral e, de ambos os sexos, analisados separadamente. Quadro 7: Formas de Pagamento Utilizadas pelos Consumidores de Lojas Populares Formas de Pagamento Geral (%) Homens (%) Cartão de crédito 43,4% 50% Pagamento a vista 30,1% 42,9% Crediário 22,9% 7,1% Fonte: Elaborado pelas autoras. Cruzamento das variáveis (crosstabs) SPSS. Mulheres (%) 40% 23,6% 30,9% A forma de pagamento mais utilizada por este público é o cartão de crédito, seguido do pagamento a vista em dinheiro e crediário, respectivamente. Analisando homens e mulheres separadamente tanto eles quanto elas têm como primeira opção, pagar suas compras com cartão de crédito, em segundo lugar, enquanto eles preferem pagar a vista, em dinheiro, elas preferem o crediário. Estes resultados estão em consonância com pesquisas de Parente, Barki e Geargeoura (2008) onde afirmam que em relação ao P1Preço, estes consumidores têm necessidade de crédito. Quadro 8: Fatores Gerais que mais Influenciam na Decisão de Compra dos Consumidores de Lojas Populares Fator de Influência Geral (%) Homens (%) Qualidade 57,8% 75% Preço 19,3% 21,4% Moda 13,3% 0% Exclusividade 4,8% 3,6% Se a marca for reconhecida 2,4% 0% Fonte: Elaborado pelas autoras. Cruzamento das variáveis (crosstabs) SPSS. Mulheres (%) 49,1% 18,2% 20% 5,5% 3,6% De acordo com os entrevistados, o fator que mais influencia na decisão de compra é a qualidade, porém, os homens priorizam mais esta variável em detrimento das mulheres. Em seguida tem-se a variável preço, em âmbito geral, todavia, as mulheres têm como segundo fator de influência a moda, enquanto os homens o preço. Tal verificação é confirmada por estudo desenvolvido por Parente, Barki e Geargeoura (2008) que confirmaram que embora possuindo orçamento limitado, o consumidor de baixa renda não é atraído apenas pelo preço. É um consumidor que também quer qualidade e, à medida da possibilidade, compra produtos mais caros. Contrariamente o fato de o produto estar na moda, ser de marca reconhecida e ser exclusivo não influencia muito na decisão de compra dos entrevistados, o que é sustentando pela pesquisa (Estadão on line, 2009), que afirma que estes consumidores não pretendem seguir a moda a risca. Quadro 9: Análises Gerais sobre o Perfil dos Consumidores de Lojas Populares Opções Geral (%) Homens (%) Mulheres (%) 11 Fazem compra por necessidade 63,9% 85,7% Fazem compra por impulso 36,1% 14,3% Raramente compram 42,2% 64,3% Compram todo mês 44,6% 21,4% Fonte: Elaborado pelas autoras. Cruzamento das variáveis (crosstabs) SPSS. 52,7% 47,3% 30,9% 56,4% A maioria dos entrevistados faz compras por necessidade, demonstrando perfil mais planejador que consumista, todavia esse perfil planejador é mais característico do sexo masculino, uma vez que se verificou que as mulheres compram mais por impulso. Tal constatação é confirmada, também, pela periodicidade das compras, haja vista que enquanto elas compram todo mês, eles, raramente compram. Estes dados vão ao encontro da pesquisa do IBOPE, publicada pela Revista Exame (2009) que mostra que estes consumidores se dividem em dois perfis: os planejadores e os consumistas. Quadro 10: Valores de Produtos versus Disposição de Gastos Produtos Blusa ou camisa Vestido Valor a ser pago pelo produto De R$ 10,00 a R$ 30,00 De R$ 30,00 a R$ 50,00 De R$ 50,00 a R$ 100,00 De R$ 100,00 a R$ 150,00 De R$ 150,00 a R$ 200,00 Geral (%) 18,1% 31,3% 28,9% 19,3% 2,4% De R$ 10,00 a R$ 30,00 De R$ 30,00 a R$ 50,00 De R$ 50,00 a R$ 100,00 De R$ 100,00 a R$ 150,00 De R$ 150,00 a R$ 200,00 Acima de R$ 200,00 Não compro vestido 1,2% 9,6% 25,3% 13,3% 16,9% 1,2% 32,5% Homens (%) 17,9% 35,7% 32,1% 14,3% 0,0% 0,0% 0,0% 3,6% 0,0% 0,0% 0,0% 96,4% De R$ 10,00 a R$ 30,00 1,2% 3,6% De R$ 30,00 a R$ 50,00 3,6% 3,6% De R$ 50,00 a R$ 100,00 49,4% 60,7% Calça De R$ 100,00 a R$ 150,00 21,7% 25% De R$ 150,00 a R$ 200,00 13,3% 7,1% Acima de R$ 200,00 10,8% 0,0% Fonte: Elaborado pelas autoras. Cruzamento das variáveis (crosstabs) SPSS. Mulheres (%) 18,2% 29,1% 27,3% 21,8% 3,6% 1,8% 14,5% 36,4% 20% 25,% 1,8% 0,0% 3,6% 43,6% 20% 16,% 16,4% Percebe-se que, apesar de ambos os sexos estarem dispostos a pagar o mesmo preço por um produto (blusa, camisa, vestido ou calça) as mulheres possuem tendência a gastar um pouco mais em suas compras do que os homens. Quadro 11: Comportamento de Consumo dos Produtos por Faixas Etárias De 18 De 25 a 25 a anos 30anos Opções Compram por impulso 33,3% 44,2% 12,5% Compram por necessidade 66,7% 55,8% 87,5% Compram todo mês 66,7% 50,0% 37,5% Raramente compram 0,0% 32,7% 62,5% Usam cartão de crédito para comprar 100,0% 38,5% 75,0% Compram à vista, em dinheiro 0,0% 40,4% 12,5% Compram no crediário 0,0% 17,3% 12,5% Influência da qualidade na decisão de compra 33,3% 59,6% 75,0% Influência do preço na decisão de compra 33,3% 19,2% 12,5% Influência da moda na decisão de compra 33,3% 11,5% 12,5% Fonte: Elaborado pelas autoras. Cruzamento das variáveis (crosstabs) SPSS. Faixas Etárias Até 18 anos De 30 a 40 anos 36,4% 63,6% 36.4% 54,5% 54,5% 18,2% 27,3% 54,5% 9,1% 18,2% De 40 a 50anos 14,3% 85,7% 28,6% 71,4% 14,3% 0,0% 71,4% 57,1% 14,3% 14,3% Acima de 50 anos 0,0% 100,0% 0,0% 100,0% 0,0% 50,0% 50,0% 0,0% 100,0% 0,0% Os consumidores mais jovens compram mais por impulso que aqueles com maior faixa etária. Também, compram com maior freqüência, pois enquanto as pessoas com até 12 25 anos compram praticamente todo mês, as pessoas com mais de 25 anos raramente compram, roupas. Os mais jovens preferem fazer suas compras com cartão de crédito ou em dinheiro, enquanto os mais velhos preferem o pagamento à vista ou o crediário. Para pessoas com idade até 50 anos o fator que mais influencia na decisão de compra é a qualidade, porém, para as pessoas acima de 50 anos é o preço. Outra inferência realizada é que as pessoas com menos de 18 anos tem como segundo fator que mais influencia na decisão de compra o fato de o produto estar na moda, já para as pessoas com maior faixa etária esta variável não é fator influenciador na decisão de compra. Quadro 12: Importância das Variáveis do Mix de Marketing no Comportamento de Compra dos Consumidores de Lojas Populares por Faixas Etárias Faixas Etárias Até 18 De 18 a De 25 a Opções anos 25 anos 30 anos Qualidade 1ª opção 1ª opção 1ª opção Preço 3ª opção 2ª opção 2ª opção Atendimento 4ª opção 3ª opção 3ª opção Variedade 2ª opção 4ª opção 4ª opção Sinalização da loja 7ª opção 9ª opção 10ª opção Rapidez no atendimento 5ª opção 6ª opção 7ª opção Serviços agregados 9ª opção 7ª opção 8ª opção Propaganda 6ª opção 10ª opção 5ª opção Apresentação e visibilidade da loja 9ª opção 10ª opção 9ª opção Localização e facilidade de acesso 8ª opção 10ª opção 8ª opção Fonte: Elaborado pelas autoras. Cruzamento das variáveis (crosstabs) SPSS. De 30 a 40 anos 1ª opção 2ª opção 3ª opção 4ª opção 5ª opção 6ª opção 7ª opção 9ª opção 9ª opção 7ª opção De 40 a 50 anos 1ª opção 2ª opção 1ª opção 3ª opção 10ª opção 8ª opção 5ª opção 9ª opção 8ª opção 7ª opção Acima de 50 anos 2ª opção 1ª opção 4ª opção 3ª opção 6ª opção 5ª opção 6ª opção 10ª opção 9ª opção 5ª opção Para as pessoas com maior faixa etária (acima de 50 anos) o preço e as condições de pagamento são as variáveis mais importantes do composto mercadológico. Pessoas de outras idades consideram-nas como segunda ou terceira opção, enquanto a primeira variável mais importante para estas é a qualidade. Os entrevistados que possuem idade entre 40 e 50 anos priorizam o atendimento em detrimento das demais variáveis, uma vez que o consideram como a primeira variável mais importante do composto. A variedade de produtos é mais importante para quem tem menos de 18 anos do que para os demais, contrariamente à sinalização da loja, que é a variável mais importante dentre pessoas de maior faixa etária. Quando se analisa a variável rapidez no atendimento percebe-se que ela é a quinta ou sexta colocada para pessoas mais jovens e sétima ou oitava para pessoas com idade maior. Em relação aos serviços prestados observa-se que são mais importantes para as pessoas com maior faixa etária que para as mais novas. A apresentação e visibilidade da loja estão entre as últimas opções de escolha tanto para jovens como quanto por pessoas de maior idade. Relativamente à variável propaganda infere-se que é mais importante para pessoas mais jovens do que para aquelas com maior faixa etária. A variável localização e facilidade de acesso são mais valorizadas por pessoas de maior idade, pois enquanto estas as classificam como quinta ou sétima opção, as pessoas mais jovens classificam-nas como oitava opção ou décima. Quadro 13: Comportamento de Consumo dos Produtos de Lojas Populares por Renda Renda (em R$) Até 550,00 De 551,00 a 1.000,00 De 1.001,00 a 2.000,00 De 2.001,00 a 4.000,00 Acima de 4.000,00 21,4% 78,6% 40,9% 59,1% 33,3% 66,7% 54,5% 45,5% Opções Compram por impulso Compram por necessidade 33,3% 66,7% 13 Compram todo mês 44,4% 28,6% 50,0% Raramente compram 44,4% 64,3% 36,4% Usam cartão de crédito para comprar 44,4% 28,6% 36,4% Compram à vista, em dinheiro 44,4% 7,1% 27,3% Compram no crediário 11,1% 50,0% 31,8% São influenciados pela qualidade 55,6% 57,1% 54,5% São influenciados pelo preço 33,3% 28,6% 18,2% São influenciados pela moda 11,1% 7,1% 18,2% Fonte: Elaborado pelas autoras. Cruzamento das variáveis (crosstabs) SPSS. 48,1% 40,7% 55,6% 40,7% 3,7% 63,0% 11,1% 14,8% 45,5% 27,3% 45,5% 27,3% 27,3% 54,5% 18,2% 9,1% As pessoas com renda até R$1.000,00 compram menos por impulso que aquelas com renda acima desse valor. Infere-se, também que pessoas com renda acima de R$ 1.000,00 compram quase todo mês. Entrevistados com menor renda preferem como forma de pagamento, o crediário, seguido do pagamento à vista, enquanto aquelas pessoas com maior renda preferem o cartão de crédito, seguidas do pagamento à vista. Independente da renda, o fator mais influenciador na decisão pela compra do produto é a qualidade. 4.3. Influência das variáveis do Composto Promocional no Comportamento de Compra dos Consumidores de Lojas Populares Como este estudo buscou investigar a influência do Mix de Marketing na decisão de compra dos consumidores, foram segregadas para cada variável do composto promocional as alternativas que se referem às mesmas. O respondente classificou-as em ordem de importância. Os resultados dessa classificação segundo a percepção dos consumidores de Lojas Populares, também está detalhada . Visualiza-se no detalhamento apresentado, na primeira coluna as variáveis que formam os 6 P’s (produto, preço, promoção, apresentação, pessoal e ponto) na segunda coluna as variáveis que pertencem a cada um dos P’s e a terceira coluna enumera a classificação segundo a opinião dos entrevistados. Quadro 14: Prioridade percebida em Relação às Variáveis do Composto Mercadológico (6 P’s) por Consumidores de Lojas Populares Variáveis 1. Produtos Opções do Composto Variedade da linha Qualidade Serviços agregados 2. Preços Preços Crédito (condições de pagamento) 3. Promoção Propaganda Sinalização 4. aPresentação Loja Departamentalização 5. Pessoal Qualidade no Atendimento Rapidez no Atendimento 6. Ponto Localização e facilidade de acesso Apresentação e visibilidade da loja Fonte: Elaborado pelas autoras. Classificação em ordem de importância (de 1 a 10) 4ª. 1ª. 7ª. 2ª. 2ª. 8ª. 5ª. 5ª. 9ª. 3ª. 6ª. 10ª. 9ª. Por meio das análises realizadas infere-se que a variável P1 – Produtos – é a mais importante para o consumidor de lojas populares, na sua decisão de compra. Em segundo lugar de importância tem-se o P2 – Preço. Em terceiro lugar, o consumidor de lojas populares, prioriza o P5 – Pessoal. Em quarto lugar no critério de escolha destes consumidores está o P3– Promoção. Em quinto lugar está o P4 – Apresentação e em último lugar na escolha destes consumidores está o P6 – Ponto. 14 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS O objetivo desta pesquisa foi investigar o perfil dos consumidores de lojas populares e identificar a influência dos 6 P’s (produto, preço, promoção, apresentação, pessoal e ponto) na decisão de compra destes consumidores. Averiguou-se que os consumidores das lojas populares são as pessoas que pertencem as classes C, D e E, conforme já constatado por várias outras pesquisas citadas neste estudo. Os resultados possibilitaram identificar que as variáveis preço e qualidade são as primeiras que o consumidor considera ao se decidir pela compra em estabelecimentos populares, confirmando-se que os P’s Preço e Produto são as determinantes na decisão de compra destes consumidores, fato, também já constatado em outras pesquisas. É evidente a ampla participação de consumidores das classes pesquisadas no desempenho da economia nacional ficando clara a existência de possibilidades de comercialização de produtos voltados aos mercados populares. Compete, portanto, aos diversos tipos e formatos de lojas que compõem este segmento a adoção de estratégias de comercialização que venham ao encontro das expectativas de compras das classes sociais analisadas nesse estudo. A inovação desta pesquisa está no fato de se discutir a importância dos gestores das lojas populares observarem com cautela o perfil destes clientes e alinharem as estratégias do Mix de Marketing aos fatores que influenciam a decisão de compra deles, conforme ressaltado na revisão bibliográfica deste estudo. Os empresários devem definir as estratégias do composto promocional visando atender as particularidades de cada segmento. REFERÊNCIAS A Classe C está com tudo ESTADÃO. São Paulo, 31 outubro 2009. Disponível em: http://www.estadao.com.br/noticias/suplementos,a-classe-c-esta-com-tudo,459010,0.htm . Acesso em 19 jul. 2010. AAKER, D. A.; KUMAR, V.; DAY, G. S. Pesquisa de Marketing. 2 ed. 3 reimp. São Paulo: Atlas, 2007. CASTILHOS, R. B. Subindo o morro: consumo, posição social e distinção entre famílias de classes populares. In: EnANPAD, XXXI, 2007, Rio de Janeiro. Anais... Rio de Janeiro: EnANPAD, 2007. CHAUVEL, M. A.; MATTOS, M. P. A. Z. Consumidores de baixa renda: uma revisão dos achados de estudos feitos no Brasil. Cadernos EBAPE, 2007. CHURCHILL Jr., G. A.; PETER, J. P. Criando Valor para o Cliente. São Paulo: Saraiva, 2000. Consumo: a força que move a economia. REVISTA EXAME. Ed. 972, n. 13. 28 jul 2010 COOPER, D. R.; SCHINDLER, P. S. Métodos de Pesquisa em Administração. 7 ed. Porto Alegre: Bookman, 2003. ENGEL, G., BLAKWELL, R.; MINIARD, P. Consumer Behavior, 8 ed. Fort Worth: Irwin, 1995. GIOVANAZZO, R. A. Um estudo sobre o desempenho e a estratégia das empresas que atuam no mercado de bens populares no Brasil. 2003. 144 f. Dissertação (Mestrado em Administração de Empresas) - Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP, São Paulo, 2003. HAMMOND, A. Serving the World's Poor, Profitably. Harvard Business Review, Sep 2002, vol. 80, p. 48. 15 _____________; HART, S. L. Raising the Bottom of the Pyramid: Strategies for Sustainable Growth, 2000. Disponível em: www.nifindia.org/social/.../Bottom%20of%20the%20pyramid.pdf Acesso em 19 jul. 2010 _____________; KRAMER J. W.; KATZ, R. S.; TRAN, J. T.; WALKER, C.. The Next 4 Billion: Market Size and Business Strategy at the Base of the Pyramid. World Resource Institute, International Finance Corporation, 2007. Disponível em: http://www.wri.org/business/pubs. Acesso em 19 jul. 2010. IBGE. Estudos & Pesquisas. Informação Demográfica e Socioeconômica. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/condicaodevida/indicadoresminimos/si nteseindicsociais2007/indic_sociais2007.pdf . Acesso em 19 jul. 2010. KOTLER, P.; KELLER, K. L. Administração de Marketing. 12 ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2006. LAS CASAS, A. L.. Marketing: conceitos, exercícios e casos. São Paulo: Atlas, 1987. LEVY, M.; WEITZ, B.A. Administração de Varejo. São Paulo: Atlas, 2000. MASON, J. B.; MAYER, M. L., EZELL, H. F. Retailing. 5th ed. Chicago: Irwin, 1994. MATTAR, F. N. Pesquisa de Marketing. Ed. Compacta. São Paulo: Atlas, 1996. MCCARTHY, E. J.; PERREAULT, Jr.; WILLIAN, D. Marketing Essencial. São Paulo: Atlas, 1997. MOWEN, J. C.; MINOR, M. S. Comportamento do consumidor. São Paulo: Prentice Hall, 2003. NASCIMENTO, P. T. S.; YU, A. Estratégias de Negócios e Inovação em Mercados de Produtos Populares. In: Seminário Lation-Iberoamericano de Gestión Tecnológica, XI, 2005. Anais... Salvador: Altec, 2005. NEVES, M. F. Planejamento e Gestão Estratégica de Marketing. São Paulo: Atlas, 2009. Para entender a classe C . PORTAL EXAME. São Paulo, 02 abril 2009. Disponível em: http://portalexame.abril.com.br/revista/exame/edicoes/0940/economia/entender-classe-c432188.html Acesso em 19 jul. 2010. PARENTE, J. Varejo no Brasil. Gestão e Estratégia. São Paulo: Atlas, 2007. ___________; BARKI, E; GEARGEOURA, L. Varejo: Luxo x Baixa Renda. GVexecutivo. vol. 7, n. 1. jan/fev. 2008. p. 27-31. POPADIUK, S. O Processo de envolvimento na compra de um produto. Revista de Administração. São Paulo v. 28, n. 2, p. 83-91, abr/jun, 1993. População na classe C é maior que na D/E. INESC. São Paulo, março 2008. Disponível em: http://www.inesc.org.br/noticias/noticias-gerais/2008/marco/populacao-na-classe-c-emaior-do-que-na-d-e/. Acesso em 19 jul. 2010. PRAHALAD, C. K. A riqueza na base da pirâmide: como erradicar a pobreza com o lucro. Porto Alegre: Bookman, 2005. SANDHUSEN, R. . Marketing Básico. São Paulo: Saraiva, 1998. STEVENSON, W. J. Estatística aplicada à administração. São Paulo: Harbra, 1995. SUBRAHMANYAN, S.; GOMEZ-ARIAS, T. Integrated approach to understanding consumer behavior at bottom of pyramid. Journal of Consumer Marketing, 2008. 16