88.12 87.01 FIGURA 26A previstos durante o traçado. Para tanto, necessita-se conhecer três movimentos para realizar-se a cirurgia de modelo: • movimento horizontal do incisivo central superior. • movimento vertical do incisivo central superior. • movimento vertical do primeiro molar superior. Para as anotações na ficha: Nos movimentos verticais e horizontais: • Sinal positivo ( + ): significa avanço ou aumento vertical. • Sinal negativo ( - ): significa recuo ou impacção. Nos movimentos transversais: • Sinal positivo ( + ): significa rotação para a direita (sentido horário). • Sinal negativo ( - ): significa rotação para a esquerda (sentido antihorário). A mudança desejada para a linha média é determinada clinicamente. A inclinação do canino também é determinada clinicamente. Caso um lado da maxila seja mais inclinado, assimétrico, torna-se necessário compensar-se essa inclinação impactando o lado mais baixo no modelo, relacionando com o que foi previsto no exame clínico. Faz-se o cálculo e obtém-se o valor desejado para a futura posição do molar. É o valor que deverá ser obtido após a cirurgia de modelo. Checase todas essas informações antes de serrar-se o modelo. Agora, corta-se o modelo. Recomenda-se utilizar uma serra bastante fina e afiada. É preciso virar o modelo para cor98 FIGURA 26B FIGURA 26C FIGURA 27A FIGURA 27B FIGURA 28A FIGURA 28B FIGURA 29A FIGURA 29B tar a parte posterior e as laterais (Fig. 29A, B). Depois de cortado, solta-se a parte do modelo que está fixada ao bloco metálico e promove-se um desgaste, como mostra a figura 30, especialmente se estiver planejada a realização de uma impacção da maxila. Geralmente, o desgaste de 5 mm a mais do que o indicado no traçado predictivo é o R Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maringá, v. 7, n. 1, p. 93-105, jan./fev. 2002 suficiente para evitar interferências durante a impacção (Fig. 30A, B). Os procedimentos descritos a seguir são para uma cirurgia multissegmentar da maxila. Agora, determina-se onde será feito o corte do modelo para a cirurgia multissegmentar (Fig. 31). Em nosso caso, a maxila possui um plano oclusal duplo, estando, portanto, indicada uma cirurgia multissegmentar da maxila. Coloca-se, manualmente os modelos superior e inferior numa posicão onde ocorra uma máxima intercuspidação. Analisa-se, separadamente o lado direito e o lado esquerdo (Fig. 32A, B). Determina-se então, onde serão feitos os cortes. Isso dependerá do caso (Fig. 32A, B). BASE DE MONTAGEM FIGURA 30A FIGURA 30B Em nosso caso, os cortes serão entre os incisivos laterais e os caninos. 2 = incisivo lateral 3 = canino Em nosso caso, outra razão para a realização da osteotomia multissegmentar Le Fort I da maxila é a deficiência na largura do arco. Coloque o lado direito da maxila em máxima intercuspidação com a mandíbula e cheque a oclusão do lado esquerdo (Fig. 33A). Oclusão topo a topo significa que há uma deficiência na largura do arco. Portanto, a osteotomia multissegmentar faz-se necessária para expandir a maxila. CANINO FIGURA 31 INTERCUSPIDAÇÃO ADEQUADA FIGURA 33A FIGURA 32A TOPO A TOPO TOPO A TOPO CANINO FIGURA 32B INTERCUSPIDAÇÃO ADEQUADA FIGURA 33B FIGURA 34B FIGURA 34A R Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maringá, v. 7, n. 1, p. 93-105, jan./fev. 2002 Coloque o lado esquerdo da maxila em máxima intercuspidação com a mandíbula e cheque a oclusão do lado direito (Fig. 33B). Faz-se os cortes como mostram as linhas vermelhas na figura 34A. Vale ressaltar que os cortes realizados no modelo de gesso são em forma de “Y” segmentando-se o gesso em 3 partes apenas para a confecção do splint. Porém, no paciente os cortes correspondentes são em forma de “H” como no esquema da figura e na foto da página seguinte, pois os cortes para-medianos no palato permitem maior controle da expansão da maxila com segurança, sem impor riscos vasculares à mucosa e ossos do palato (Fig. 34A, B, C, D e 35 A,B). Esquemas e fotos trans-cirúrgicas da osteotomia multissegmentar 99 da maxila, ressaltando o formato em “H” (Fig. 35A, B, C, D). Coloca-se o segmento direito da maxila em oclusão com a mandíbula, caso a oclusão não seja adequada, serão necessários desgastes dentários (ajustes). Esses desgastes devem ser realizados gentilmente com algum instrumento. Checa-se novamente a oclusão e então, realiza-se os desgastes até alcançar-se uma oclusão adequada. Os desgastes devem ser feitos somente nos segmentos direito e esquerdo, raramente é necessário ajustar os dentes anteriores. Utiliza-se cera para fixar os segmentos maxilares em suas novas posições, na seguinte seqüência: • Com cera pegajosa, fixa-se o segmento direito da maxila à mandíbula. • Procede-se então, a manipulação do segmento anterior, fixando-o em oclusão com a mandíbula, e em relação ao segmento previamente posicionado. • Posiciona-se, finalmente, o segmento maxilar esquerdo, da mesma forma, com cera pegajosa. Terminada a fixação dos segmentos maxilares, observa-se se o gap formado entre os segmentos não é 1 ou 2 mm maior que o gap précirúrgico, pois um aumento maior que isso na região do gap pode provocar uma laceração na mucosa, resultando em deiscência e absorção óssea alveolar. Certifica-se se as linhas médias da maxila e da mandíbula estão coincidentes, nesse ponto, desconsideramse aquelas medições da linha média feitas anteriormente. Agora, estabiliza-se os segmentos maxilares, colocando-se uma lâmina de cera no 7 sobre o modelo maxilar, e através da utilização de uma lamparina, derrete-se essa cera sobre o modelo (Fig. 36A). Não deve se usar uma chama muito forte para não correr-se o risco de derreter a cera pegajosa também. 100 FIGURA 34C FIGURA 34D FIGURA 35A FIGURA 35B FIGURA 35C FIGURA 35D FIGURA 36A FIGURA 36B Esta camada de cera garantirá de que esta superfície que foi recoberta manter-se-á seca durante a fixação final dos segmentos maxilares com gesso, pois sobre essa superfície será utilizada posteriormente outra cera (branca), que adere-se somente a áreas secas. Vira-se o modelo, como na figu- ra, e umedece-se a parte interna (palatina) entre os segmentos maxilares, para facilitar a aderência do gesso que será colocado nesta região. Então, prepara-se o gesso e adiciona-se entre os segmentos maxilares (Fig. 36C). Aguarda-se o gesso tomar presa (Fig. 36D). R Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maringá, v. 7, n. 1, p. 93-105, jan./fev. 2002 FIGURA 36C FIGURA 36D FIGURA 37B FIGURA 37A NOVA LINHA MÉDIA LINHA MÉDIA ORIGINAL FIGURA 38A FIGURA 38B Separa-se os modelos da maxila e da mandíbula. Remove-se, delicadamente, os excessos de cera pegajosa de cima dos modelos (Fig. 37A). Os modelos devem estar como na figura 37B, neste momento. Marque de uma maneira bastante chamativa as áreas dos dentes que foram desgastados para garantir que esses desgastes serão corretamente reproduzidos no paciente durante a cirurgia. Nesta fase o modelo da maxila já está conforme ficará após a cirurgia com correção transversal e correção do plano oclusal (Fig. 37B). Agora, é necessário passar cera entre os dois blocos maxilares (o que contem os dentes e o que está fixo à base metálica da GLD). Coloca-se cera pegajosa sobre o segmento maxilar fixo à base metálica, utilizandose uma lamparina para plastificar essa cera. Coloca-se a cera branca (mais maleável, plástica) sobre a cera pegajosa. R Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maringá, v. 7, n. 1, p. 93-105, jan./fev. 2002 Flamba-se a cera branca, apenas para torná-la mais maleável. Coloca-se o outro segmento maxilar (que contém os dentes) sobre a cera branca, de modo que esta fique interposta entre os segmentos maxilares que foram serrados (divididos) (Fig. 38A). Posiciona-se o segmento maxilar que contém os dentes nas posições desejadas, utilizando-se a GLD e os valores obtidos. As medidas finais podem ter um desvio de, no máximo, 0,2 mm dos valores calculados. Pode ser necessário adicionar ou remover variáveis quantidades de cera branca ou realizar desgastes no gesso dos segmentos maxilares para permitir o correto posicionamento do modelo. É importante que haja cera suficiente para estabilizar os segmentos. Terminado o posicionamento do modelo, remonte-o no articulador. Checa-se a linha média, se sofreu ou não a alteração planejada. Em nosso caso, o movimento proposto é de 1mm para esquerda em relação à linha média original (Fig. 38A). Checa-se também, a movimentação posterior da maxila, os movimentos devem ser simétricos, como mostra a figura 38B. Caso a linha média ou a movimentação posterior estejam incorretas, remove-se o modelo do articulador, corrige-se as posições, checa-se novamente todas as outras medidas no GLD e volta-se tudo ao articulador. Este procedimento deve ser repetido tantas vezes quantas forem necessárias para obter-se um posicionamento o mais adequado possível (Fig. 38C, D). Depois de finalizada a cirurgia de modelo, mede-se a distância entre os incisivos centrais da mandíbula e da maxila (Fig. 39A, B). Em nosso caso essa medida é de 10mm; anota-se essa medida nesta área da ficha (Fig. 39C, D). No traçado predictivo, mede-se a distância dos incisivos centrais superiores aos inferiores. 101 FIGURA 38C FIGURA 38D MAND 10 FIGURA 39B 10 10 FIGURA 39A FIGURA 39D FIGURA 39C Em nosso caso é igual a 10 mm; anota-se. Este é o teste final para se ter certeza de que a cirurgia de modelos está pronta e correta. Esses dois valores obtidos nos dois últimos itens devem coincidir, ou diferirem, o máximo, em 1mm. Caso essa diferença seja maior do que 1mm, tornase a checar a medida nesta área da ficha, para encontrar onde foi cometido o erro, para que possa ser feita a sua correção. Manuseia-se o articulador de cabeça para baixo, para minimizar os movimentos da maxila, já que o modelo está preso somente com cera. Certifica-se se há cera suficiente para estabilizar os dois blocos maxilares, para evitar que eles se separem e 102 toda a cirurgia de modelo seja perdida (Fig. 40). Agora, chega o momento de se fazer o splint intermediário. Limpase toda a superfície oclusal de ambos os modelos, para remover eventuais resquícios de cera, ou rebarbas de gesso que possam causar interferências. Isola-se os modelos com vaselina líquida ou isolante de gesso (Fig. 41A). Utiliza-se resina acrílica para a confecção do splint (Fig. 41B, C). Manipula-se a resina acrílica com uma espátula em um pote até chegar à fase plástica (Fig. 41D). Remove-se a resina do pote durante a fase plástica e dá-se a ela uma forma semelhante à do arco. Devese ter certeza de que a quantidade de resina acrílica manipulada é suficiente para todo o arco dentário. Coloca-se, então, a resina sobre o modelo maxilar (Fig. 42A). Fecha-se o articulador. O pino guia incisal deve tocar a mesa incisal FIGURA 40 (Fig. 42B, C, D). Inicia-se a remoção dos excessos de resina antes da completa polimerização. Quando a polimerização já estiver se iniciado, pode-se abrir o articulador, remover os maiores excessos e voltar o splint para a posição até polimerizar totalmente. Coloca-se os elásticos ao redor do articulador, pois durante a polimerização a resina acrílica tende a sofrer pequenas expansões (Fig. 42E). Após o completo endurecimento da resina, o acabamento final e a remoção dos excessos remanescentes são realizados com uma peça de mão e uma broca de desgaste. Depois do acabamento, as cúspides dos dentes devem penetrar de 1 a 2 mm no splint. Certifica-se, nos modelos, se o splint não cobrirá nenhum dos braquetes ou tubos com uma margem de 0,5 mm. O splint não deve estender-se além dos segundos molares superiores. Essa extensão posterior do splint dependerá do quanto de estabilidade necessita-se, pode ser desde a meta- R Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maringá, v. 7, n. 1, p. 93-105, jan./fev. 2002 FIGURA 41A FIGURA 41B FIGURA 41C FIGURA 41D FIGURA 42B FIGURA 42A FIGURA 42C FIGURA 42D R Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maringá, v. 7, n. 1, p. 93-105, jan./fev. 2002 de do segundo molar até o terceiro molar, se possível. Coloca-se o splint no modelo maxilar e faz-se as perfurações para que durante a cirurgia possa-se passar os fios por esses orifícios, que são necessários somente para a cirurgia multissegmentar da maxila. Opta-se sempre por posicionar essas perfurações de modo que fiquem entre um dente e outro nas ameias. Faz-se também, perfurações em cada lado dos incisivos centrais inferiores, para que um fio, passando por esses furos e pelos braquetes desses dentes, possa melhor adaptar o splint à mandíbula. Deixa-se uma larga faixa de resina na região lingual para que se possa, durante a cirurgia, colocar-se a língua acima ou abaixo dessa faixa, o que facilita bastante durante a cirurgia pois assim não há necessidade de se preocupar com a interferência da língua na oclusão. Assim é como o splint é visto no articulador (Fig. 42A). Certifica-se, nos modelos, que o splint não cobrirá nenhum dos braquetes ou tubos com uma margem de 0,5mm (Fig. 42B, C, D). Para se checar a mudança na largura do arco, é necessário que se tenha medido a largura do arco antes da cirurgia de modelo, desde os caninos até os segundos molares. É válido lembrar que alterações na largura do arco são possíveis somente na cirurgia multissegmentar da maxila. Remove-se o modelo do articulador e faz-se as mesmas medições da largura do arco. Certifica-se se as medições antes e depois da cirurgia de modelo foram realizadas utilizando-se os mesmos pontos de referência. Calcula-se, então, a diferença obtida nos modelos pré e pós-cirúrgicos; anota-se o valor na ficha. Agora, checa-se as mudanças no plano oclusal e na inclinação da maxila. Para se calcular a mudança no 103 plano oclusal da maxila, soma-se os movimentos verticais (em milímetros) sofridos pelo incisivo central e pelos molares direito e esquerdo, um por vez. O resultado dessa soma significa o quanto o molar movimentou-se verticalmente em relação ao incisivo central, ou seja, qual foi a mudança no plano oclusal da maxila. Para se calcular a mudança na inclinação da maxila, pega-se os valores dos movimentos verticais (em milímetros) sofridos pelos caninos (direito e esquerdo) e subtrae-se o menor valor do maior valor. O resultado obtido significa o quanto um canino movimentou-se em relação ao outro; o mesmo deve ser feito com os molares. Dessa maneira, fica determinado o valor da mudança no plano horizontal da maxila. VOCÊ FINALMENTE TERMINOU! Terminada a cirurgia de modelo e o correto preenchimento da ficha, volta-se o splint para o articulador e coloca-se os elásticos para manter o splint em posição e em segurança. A cirurgia de modelo deve ser realizada no dia anterior a cirurgia utilizando-se modelos recentes, idealmente, tomados três dias antes da cirurgia. Outros materiais e instrumentos que não foram citados podem, ocasionalmente, ser utilizados em substituição aos que foram demonstrados, desde que não haja comprometimento da técnica e que se obtenha resultados idênticos aos que obtivemos. No início, esses procedimentos podem parecer difíceis, alguns erros provavelmen- te serão cometidos, e o que aconselhamos é ser perseverante e procurar entender onde e porque foram cometidos os enganos, para que não se repitam. Depois de tudo finalizado, com certeza, o trabalho será recompensado com bons resultados em seus pacientes. FIGURA 43 CASO CLÍNICO 1 - Fotos pré e pós-operatórias (1 ano e meio) intra-bucais de frente e perfil, utilizando-se a técnica de confecção de splint intermediário descrita no manual CASO CLÍNICO 2 - Fotos pré e pósoperatórias (4 anos) intra-bucais de frente, utilizando-se a mesma técnica do caso clínico 1. 104 R Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maringá, v. 7, n. 1, p. 93-105, jan./fev. 2002