Viva - O homem e a flor - Diário do Nordeste
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PRIMEIRA PÁGINA
A sabedoria é algo mais que está além
dos livros. Na grande obra da natureza
há resposta para tudo.
GALERIA
A passagem do tempo, ao se
contemplar as estações do ano - a
movimentação planetária pelo sol, que
ilumina a cada período um dos dois
hemisférios - as fases da lua, que altera
dentre outras coisas as marés, são
alguns dos marcadores principais de
toda a vida na Terra.
A transitoriedade e as mudanças
naturais regulares conseguem ser
fontes permanentes de inspiração e
reflexão para cientistas, sábios e
artistas. Para os praticantes de uma
arte oriental, a ikebana, são notórias. A
natureza está na essência desta
atividade, pelo sentimento de
reconexão que promove, já que cada
ser em si mesmo é natureza.
Mergulhar e entender
Curtas
Gato e coração · ·
Atenção
apaixonados por
gatos:
pesquisadores da
Universidade de
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A profundidade da relação do homem
Erisson Thompson ikebana não é
com a flor, na ikebana, é algo quase
fazer a flor viver mais é sentir sua boa
inominável, acentua o mestre e diretor
influência no mundo (Foto: Marília
da Academia Sanguetsu de Vivificação
Camelo)
pela Flor, Erisson Thompson de Lima
Júnior. Em meados deste mês ele
esteve em Fortaleza, por ocasião do Hana Kai, que aconteceu no Centro de
Cultura Dragão do Mar, com palestras e exposição.
A ikebana é uma arte que se integra à tradicional cerimônia do chá, ambas
ensinadas pelo mestre oriental Lima Jr. quando viveu por cerca de três anos no
Japão. ´São atividades interiores que, para compreendê-las e assimilá-las de
corpo e alma, tem-se que mergulhar e vivenciar na prática do dia-a-dia´.
A natureza foi o que mais o atraiu a esta arte. Antes disso, teve uma carreira
como engenheiro químico, atuando na Petrobrás. Sua prática era feita em seu
horário de almoço, de forma tímida, pelo preconceito existente, mas logo
enfrentado, comenta.
Sua ida ao Japão, no entanto, foi decisiva não somente para aprender o idioma e
a cerimônia do chá, como para constatar entre os orientais a importância e o
valor da flor viva para o sentimento de reconexão e integração do ser em seus
diversos ambientes: no lar, no trabalho, etc.
Graduado e pós-graduado em artes plásticas, Lima Jr. pondera de forma
retrospectiva sobre seu contato com a cultura oriental, como a junção das
tradições das quais ele próprio surgiu. Descendente de italianos, ingleses e
alemães, ele brinca com trocadilhos sobre sua origem: ´Entre os japoneses, a
primeira geração é denominada issei, a segunda de nissei, a terceira sansei. Digo
que faço parte da quarta, dos ´não sei´, já que sou brasileiro´. E com toda essa
mistura ancestral, não é simples saber a raiz predominante.
A falta de uma tradição única, o conduziu para a cultura oriental, a qual preza
pela atenção aos detalhes, como na cerimônia do chá. Esta integra entre outras
artes a ikebana (arranjos com flores, galhos, sementes, frutos e pedras naturais),
cerâmica (as tigelas), pergaminho (caligrafia), pintura e música. Todo
aprendizado é repassado, sucessivamente, de pais para filhos.
Harmonia interior
O rico aprendizado com a própria natureza é o que dá sentido aos ensinamentos
que trazem a ikebana. Por isso, promove entre os praticantes, de forma contínua,
o sentimento de reconexão natural do ser com sua origem essencial. O resultado,
diz Lima Jr., é o equilíbrio interior por essa vivência harmoniosa com a natureza.
Os homens falam em domar a natureza, mas na ikebana a intenção não é esta e
sim se harmonizar com tudo e todos, esclarece o mestre brasileiro.
´Como fui de uma área científica e racional, a Química, para uma não-racional,
que envolve emoção e sentimento, digo que a ikebana despertou em mim o que
normalmente faz com as pessoas, não é só decoração é de-coração´. Ele
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23/4/2008
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continua, dividindo a palavra coração: cor-oração-ação, representando o ver,
pensar e o fazer.
Na tradição japonesa, diz, aprendia-se esta arte como forma importante de
aprimoramento interior. Isso porque traz em si a junção de paradoxos, com a
convivência com elementos muito distintos, como harmonização do interno e o
externo, a teoria e a prática. ´Quem se aventura, se entrega ao rico aprendizado,
entende e pode saborear. A sabedoria que a natureza traz aos homens é
profundamente vivencial. E no mistério da arte, o homem com a flor é que gera
essa energia que é sutilmente percebida, e está além da beleza, da harmonia e
do impacto que causa, porque é feita com sentimento´.
E completa o que está além do mistério: em cada local que se coloca uma flor,
acaba se criando um mini oásis, um paraíso. Isso faz com que as pessoas
recuperem sua força interior, suas emoções harmoniosas, restaurando de forma
tranqüila e saudável a alma daquele ambiente.
Mais informações: Fundação Mokiti Okada www.fmo.org.br ou
[email protected]
FIQUE POR DENTRO
Mini oásis é criado para reconectar ser à natureza
Muitas pessoas confundem ikebana (ike - chá, bana - flor, ou flor do chá) como
um mero arranjo floral. De todas as artes tradicionais japonesas, esta é sem
dúvida a mais conhecida e praticada hoje, mantendo-se como elemento vivo no
universo artístico contemporâneo.
Erisson Thompson de Lima Jr. revela que esta arte transcendeu seu espaço no
tradicional altar das casas japonesas e cerimônia do chá. Ela ingressa no mundo
moderno pelas mãos de artistas ocidentais entusiastas, que a experienciam,
como nas palavras de Lima Jr, como um verdadeiro ´mini oásis´ concebido com
as referências espacial e temporal/atemporal, que tem em vista reaproximar,
reintegrar e reconectar o homem com a natureza, o todo.
Rose Mary Bezerra
Redatora
Mensagem do Graal
Sagrado Coração de Jesus
Na Luz da Verdade. Livros, Textos,
Ensinamentos Espirituais
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