CAPÍTULO 31: LIBERDADE X RESPONSABILIDADE PRÓPRIA Muitas vezes assumir novos compromissos ou reatar antigos traz grande desconforto à mente, que teme não estar preparada em função de crenças inibitórias, como a de fracasso e inadequação. O medo de errar leva o indivíduo a procrastinar o enfrentamento dos desafios externos em decorrência das inibições internas. Enfrentar este medo, entrando na zona de desconforto, assumindo novas responsabilidades e desafios, parece tirar o chão sob os nossos pés, gerando a impressão que estamos sob constante perigo iminente. Na verdade, o ego, sempre apresentando o medo como sua emoção básica, faz-nos perceber que tanto o possível fracasso e sua consequente desilusão e frustração, quanto o sucesso e os novos desafios que surgirão (principalmente na área da autoexposição e da autoexpressão) são assustadores e, portanto, devem ser evitados. Subjacentemente, um anseio por liberdade está presente em quase todos os psiquismos e a responsabilidade é vista como um óbice para isto, estendendo-se desde o medo de assumir um relacionamento afetivo até novos desafios profissionais, psicológicos ou espirituais. Quanto mais receio temos de assumirmos responsabilidades externas, mais temos dificuldade de lidar com as pulsões psíquicas interiores, tais quais nossos pensamentos e emoções. Parece que a vida nos dirige e somos marionetes nas mãos dela, sentindo-nos vítimas das circunstâncias e não criadores delas. [Excerto do livro Encontro com a Nova Era. Reprodução Proibida. Todos os direitos Reservados] Há uma máxima da sabedoria psicológica e espiritual que diz: “Se você não deseja responsabilidade na medida da sua capacidade, você tem que pagar com a sua liberdade”. (texto pathwork n° 60) Certa feita, apresentando um trabalho junto a um grupo de professores, falei do potencial latente que não se desenvolve e que pode resultar em doenças que sinalizam a paralisação da ação, em função do medo de assumir responsabilidade. Ao final, uma professora veio me falar que já estava postergando assumir a direção do colégio havia dois anos em razão do receio e que, a partir daquela data, assumiria a nova responsabilidade. Quanto maior a responsabilidade assumida, tanto sobre o que pensamos e sentimos quanto para novos desafios, maior será a nossa liberdade. Trabalhei estas questões junto a uma paciente (utilizando a técnica que estou desenvolvendo e falarei mais amiúde no próximo capítulo) que estava mudando de área profissional e se encontrava incerta e insegura sobre assumir as novas atividades da nova carreira, em função do medo do desconhecido e de não ter certeza sobre os passos que deveriam ser dados. Ela visualizou uma cena onde estava caminhando, quando se defrontou com um rio, e viu que o Ser estava na margem oposta, pedindo-lhe que atravessasse. Observando que só havia duas pedras de apoio na margem onde estava, redarguiu: – Mas só tem duas pedras para pisar??? – Venha e você verá o que acontece, disse o Ser. Ela foi e observou que quando pisava nas pedras, novas surgiam, servindo-lhe de apoio, e que as pessoas que fariam parte da nova caminhada apareciam naturalmente. Ela fez a travessia com relativa tranqüilidade, indo encontrar o Ser e se unir a ele na margem oposta. Quando encontramos o Ser estamos em completa liberdade. Sempre gosto de dar um exemplo de algum indivíduo que tenha atingido o grau transpessoal ou integral e que assumiu completa responsabilidade pela própria consciência, pois eles servem de referencia ao potencial que temos guardado dentro de nós. No caso quero citar o grande Mahatma Gandhi, quando já em idade avançada, amparado por duas de suas jovens parentes, suas “muletas” como ele costumava dizer, aproximou-se da multidão nos jardins da Birla House em Nova Delhi, ao entardecer do dia 30 de janeiro de 1948. Mal o avistaram e o cercaram. Ouviram-se três tiros e Gandhi caiu ao solo, olhando para [Excerto do livro Encontro com a Nova Era. Reprodução Proibida. Todos os direitos Reservados] o agressor disse: – Eu te perdoo. Para logo a seguir dizer a palavra Deus em sua língua. A tradição hindu afirma que se você morrer pensando ou falando a palavra Deus, de duas a uma: ou você terá um ótimo nascimento na próxima encarnação ou você não precisará mais reencarnar. O exemplo da Grande Alma da Índia, o Mahatma é própria da alma que assumiu completa responsabilidade sobre si mesmo, sobre a sua vida, assumindo a condição de guiar seu povo à liberação do jugo opressor. Não deu nenhum poder ao agressor de tirar-lhe sua paz interior. O convite está feito: – Arremesse-se para fora da zona de conforto, assuma novas responsabilidades, reate antigas e abandonadas. Você perceberá que o apoio não faltará. Assuma a responsabilidade total por seu mundo interior e veja que você passará a ser o agente do seu mundo exterior. Vamos ao nosso mapa: SER EGO AII Assume completa responsabilidade por seu mundo interior culpa os outros se faz de vítima medo da responsabilidade medo da opinião alheia Liberdade Cura - Assumir completa responsabilidade pelo que sentimos e pensamos. Deixar de culpar o mundo exterior por nossos “fracassos”. [Excerto do livro Encontro com a Nova Era. Reprodução Proibida. Todos os direitos Reservados]