Dante o Elefante Era uma vez um pequeno elefante que vivia na savana africana junto com outros elefantes de seu bando. Sua mãe morreu ao lhe dar a luz, e Dante, o mais jovem do bando, era muito mimado pela avó e outros elefantes. Dante era muito medroso, e sempre relutava para ultrapassar qualquer obstáculo que encontrasse. Até mesmo um pequeno guaxinim podia assustálo demasiadamente. Certo dia, em uma migração do bando, Dante se machucou ao tropeçar em um galho caído no chão, pois havia se assustado com um macaco que estava catando frutas pelo chão. Os elefantes do bando estavam acostumados com Dante sempre para trás, pois ele também era muito distraído, e não notaram logo a sua falta. Acontece que com a pata cortada, Dante não foi capaz de alcançar seu bando e ficou perdido em meio à savana. Ele sangrava e logo um abutre que voava por perto, sentiu o cheiro e foi verificar. Trute era um abutre que passava a vida a procura de carniça para se alimentar, e quando viu que Dante estava vivinho da silva, muito longe de virar carniça, resolveu dar o seu jeitinho para não perder a viagem. - E aí meu amigo, as coisas parecem andar difícil para você. - Eu estou perdido do meu bando, e com a pata machucada não consigo ir muito longe. - Devo dizer que infelizmente a sua situação não é nada boa. Você é grande, pesado, e ainda com essa pata machucada, nunca conseguiria fugir de um felino. - Felino? Eles estão por aqui? - Esse é o território preferido dos felinos meu amigo. – Mente Trute – Aliás, me chamo Trute e você? - Dante, e estou com tanto medo! Nunca mais conseguirei encontrar minha família! - E se ficar por aqui deve morrer de fome, pelo que sei os macacos não gostam de dividir seus alimentos com outros animais nessa região. - Oh não, oh não! Tenho tanto medo, tenho medo de ficar, tenho medo de partir, tenho medo de ficar sozinho… - Você não conseguirá, não há nada para fazer, morrerá a mingua nesse lugar. Dante chorou por um longo tempo enquanto Trute falava baixinho: - Chore Dante, chore até não ter mais água no corpo e morrerá desidratado. Depois de tempo refletindo, Dante decidiu: - Entre ficar com medo ou partir com medo, partirei. Talvez consiga sair do território dos felinos. Trute já não se fazia presente, apenas espiava de longe, e conforme Dante caminhava, Trute o acompanhava sempre o assustando, ou falando baixinho: - Você não vai conseguir. Você é medroso. Não é capaz. Nunca encontrará sua família, está perdido e com medo. Muito medo. Dante parava a cada poucos passos, analisava tudo ao seu redor, chorava, e depois partia tremendo de medo do que pudesse encontrar. Até se deparar com uma pequena caverna, nesse momento já não aguentava se mover, de tanto medo que sentia. Quanto mais ouvia aquela voz, mais sentia que era um elefante medroso e incapaz. Resolveu parar por ali e ficar, nunca teria coragem de seguir viagem, estava perdido e deveria aceitar. Talvez se conseguisse crescer ali dentro, seria um elefante adulto com mais coragem. Trute passou horas do lado de fora da caverna plantando pensamentos na cabeça de Dante, mas quando caiu a noite, ele que também estava cansado, se retirou para o alto de uma árvore próxima e adormeceu por ali. Dante também pegou no sono, e recebeu uma ilustre visita em seus sonhos, sua falecida mãezinha apareceu, como fazia sempre que ele precisava, e tão querida que era, mostrou a ele carinho e aconselhou: - Meu pequeno, por que choras tanto? Sabes que estou ao seu lado sempre, em cada passo teu, mesmo que não me veja. E o que sei é que és forte e capaz de ultrapassar qualquer desafio que lhe seja imposto. Tua cabeça lhe engana. Arma falsas armadilhas. O medo existe, e é importante para que sejamos precavidos. Porém, não deve alimentá-lo, pense nele como uma forma de provar a sua força. Prove ao medo que sentes que és maior que ele, use-o para fortalecer-se, e transpor teus obstáculos. Eu sei que és capaz! Dante acordou na manhã seguinte com um sentimento estranho, um bem estar inacreditável, e uma força de vontade que só pode ter vindo do lindo sonho que teve. Estava disposto, por incrível que pareça, para seguir em frente. Levantou a cabeça, espreguiçou as pernas, esticou as orelhas, e saiu da caverna com a pata direita. Trute o esperava ao lado de fora, e continuava seu plano, mas dessa vez, sempre que Dante o ouvia, ele lembrava o que sua mãe lhe dissera e criava ainda mais forças para seguir em frente, levantando a cabeça e dizendo: - Sou forte, sou capaz, eu consigo! Na hora do medo, Dante fechava os olhos e imaginava sua mãe lhe acariciando. E foi assim que após algumas horas depois, apenas, Dante se deparou com o seu bando se banhando próximo a um lago. Todos ficaram muito felizes e aliviados em vê-lo. A partir daquele dia, ele era um outro elefantinho, muito mais maduro e corajoso. Já Trute, este se deu por vencido pela força de pensamento e coragem de Dante e seguiu viagem por outro caminho.