Filosofia – Primeira Etapa Módulo I – O que é?| E para que serve a Filosofia? | Consciência Mítica | Conhecimento | Filosofia Medieval O QUE É... E PARA QUE SERVE A FILOSOFIA? OBRA | CHAUI, Marilena. Convite a filosofia. Sâo Paulo: Atica, 2001. OBRA | ARANHA, Maria. Filosofando: introducão a filosofia.Sao Paulo: Moderna, 2004. 1. ETIMOLOGIA Filosofia – vem do grego: Φιλοσοφία: De philos – amor (gosto, amizade...); De sophia – sabedoria (conhecimento); Por isso, o termo filosofia – significa: ‘amor à sabedoria’; O filósofo é aquele que ama e busca constantemente a sabedoria ou o conhecimento. 2. DEFINIÇÃO DESCRITIVA: A Filosofia é a ciência do universal: Porque versa sobre todas as coisas; Ela se ocupa das causas primeiras ou mais iminentes; Ela é o estudo crítico e racional dos princípios fundamentais de todas as coisas. Investigação a cerca dos princípios que tornam possível a nossa capacidade de pensar de maneira lógica e reflexiva. 3. QUESTÕES NORTEADORAS É reflexiva - a Filosofia aplica o método da justificação lógica, racional. Ela estuda e depois dá uma explicação conclusiva acerca do objeto de seu estudo; Não é pragmática - não busca fins práticos e não tem interesses externos como a ciência, a arte, a religião e a técnica, as quais sempre têm em vista alguma satisfação ou vantagem. 3.1 FILOSOFIA X RELIGIÃO O campo religioso: Extraído de Dogmas; Ligado ao caráter místico do homem - fé-, por isso em muitos aspectos não exige uma explicação lógica - milagre; Enfrenta o problema do relativismo cultural (múltiplas religiões, qual a verdadeira?) 1 | 14 Filosofia – Primeira Etapa Módulo I – O que é?| E para que serve a Filosofia? | Consciência Mítica | Conhecimento | Filosofia Medieval 3.2. FILOSOFIA X CIÊNCIA O campo científico – Desconstrução de mitos Neutralidade científica; A superioridade do conhecimento científico; A infalibilidade da ciência. 3.3. FILOSOFIA x SENSO COMUM O Campo do senso comum 4. Opinião / reprodução sem explicá‐la ou justificá‐la; Não reflexivo; Meramente reproduzido; Fundamenta preconceitos e discriminações; É uma espécie de “gosto médio”. CARACTERÍSTICAS ELEMENTARES DA FILOSOFIA Criticidade - negar o determinismo / problematizar os acontecimentos do mundo; Abrangência – tem a pretensão de apresentar respostas universalmente válidas; Lógica - seus argumentos podem ser testados e esclarecidos; Gera autonomia no indivíduo - é da essência da filosofia contribuir para a formação de indivíduos capazes de pensar por si sós. 5. ATITUDE FILOSÓFICA – ESTRANHAMENTO DO MUNDO Processo de desnaturalização do mundo, das coisas, dos sentimentos; Decisão / postura de não aceitar como óbvias e evidentes as coisas, as idéias, os fatos, as situações, os valores, os comportamentos de nossa existência cotidiana; 5.1. A ATITUIDE CRÍTICA Olhar atento / sagaz em relação ao senso comum, aos preconceitos, aos pré-juízos, aos fatos e às idéias da experiência cotidiana; Um olhar repleto de indagações / interrogações sobre os que são as coisas, as idéias, os fatos, as situações, os comportamentos, os valores, nós mesmos; Uma relação de complementariedade da face negativa com a face positiva da atitude filosófica constituem o que chamamos de atitude crítica e pensamento crítico; Segundo Sócrates, a primeira e fundamental verdade filosófica é dizer: “Sei que nada sei”; Um exercício dialético de admiração e espanto, estranhar o nosso cotidiano, o lugar comum. 2 | 14 Filosofia – Primeira Etapa Módulo I – O que é?| E para que serve a Filosofia? | Consciência Mítica | Conhecimento | Filosofia Medieval PARA QUE FILOSOFIA? A Filosofia não é um “eu acho que” ou um “eu gosto de”. a) Primeiro Ato - O que é? Como é? Por que é?, São perguntas sobre a essência, a significação ou a estrutura e a origem de todas as coisas. b) Segundo Ato - Indagação a capacidade e a finalidade humanas para conhecer e agir no mundo. c) Terceiro Ato - Pensamento sistemático - significa que a Filosofia trabalha com enunciados precisos e rigorosos, raciocínio lógico, opera com conceitos, idéias e categorias analíticas, exige a fundamentação racional do que é enunciado e pensado. Não se trata de dizer “eu acho que”, mas de poder afirmar “eu penso que”. 5. A CONDIÇÃO HUMANA – AGIR NO MUNDO Agir no sentido mais geral do termo significa tomar iniciativa, iniciar, imprimir movimento a alguma coisa. O fato de que o homem é capaz de agir significa que se pode esperar dele o inesperado, que ele é capaz de realizar o infinitamente improvável. Por constituírem um initium, por serem recém-chegados e iniciadores, em virtude do fato de terem nascido, os homens tomam iniciativa, são impelidos a agir. (...) E isto, por sua vez, só é possível porque cada homem é singular, de sorte que, a cada nascimento, vem ao mundo algo singularmente novo. Desse alguém que é singular pode-se dizer, com certeza, que antes dele não havia ninguém. Se a ação, como início, corresponde ao fato do nascimento, se é a efetivação da condição humana da natalidade, o discurso corresponde ao fato da distinção e é a efetivação da condição humana da pluralidade, isto é, do viver como ser distinto e singular entre iguais. Hannah Arendt A condição humana 3 | 14 Filosofia – Primeira Etapa Módulo I – O que é?| E para que serve a Filosofia? | Consciência Mítica | Conhecimento | Filosofia Medieval A CONSCIÊNCIA MÍTICA OBRA | CHAUI, Marilena. Convite a filosofia. Sâo Paulo: Atica, 2001. OBRA | ARANHA, Maria. Filosofando: introducão a filosofia.Sao Paulo: Moderna, 2004. OBRA | CAMPBELL, Joseph . Mitos, sonhos e religião: Rio de Janeiro: Ediouro, 2001. 1° Ato - Ordem e desordem Ordem e desordem fazem parte da formação do senso comum e dos processos da razão e, a partir desses conceitos, tratemos de efetuar um exercício reflexivo sobre as respostas do pensamento mítico e do pensamento filosófico; Tanto o Mito quanto a Filosofia - trata do problema da ordem e da desordem no mundo; O homem, ao procurar a ordem do mundo, cria tanto o mito como a filosofia; Muitos povos da antigüidade experimentaram o mito, que é um pensamento por imagens. Os gregos também fizeram a experiência de ordenar o mundo por meio do Mito; Vivemos inseridos em certas ordens ou organizações (sociais, políticas, religiosas, econômicas), as quais não dependem de nossa escolha; O Mito era um jeito de ordenar o mundo. Os mitos cumpriam uma função social moralizante de tal forma que essas narrativas ocupavam o imaginário dos cidadãos da pólis grega direcionando suas condutas; 2° Ato – Um olhar etnocêntrico É uma visão de mundo onde o nosso próprio grupo é tomado como centro de tudo e todos os outros são pensados e sentidos através dos nossos valores, nossos modelos, nossas definições do que é a existência; O etnocentrismo consiste em privilegiar um universo de representações propondo-o como modelo e reduzindo à insignificância os demais universos e culturas "diferentes"; Todos têm a tendência para rejeitar, criticar ou desvalorizar os que não são como ele. No plano intelectual a dificuldade de pensarmos a diferença; no afetivo como sentimento de estranheza, medo, hostilidade, etc; 2.1. Para pensar A noção de cultura pode, politicamente e etnocentricamente, ser utilizada para separar grupos humanos, mas desde um ponto de vista humanístico deveria servir para melhorar a convivência e construir uma sociedade democrática justa. 2.2. Aqui vale um questionamento Por que a diferença se caracteriza como algo tão ameaçadora para a sociedade? Segundo Rocha, a resposta está no fato de que “a diferença é ameaçadora porque fere a nossa identidade cultural” (1994:9). 4 | 14 Filosofia – Primeira Etapa Módulo I – O que é?| E para que serve a Filosofia? | Consciência Mítica | Conhecimento | Filosofia Medieval 3. Definição do Mito 3.1. Etmilogia - A palavra mito vem do grego, mythos, e deriva de dois verbos: do verbo mytheyo(contar, narrar, falar alguma coisa para outros) e do verbo mytheo (conversar, contar, anunciar, nomear, designar). 3.2. O que é um mito? Um mito é uma narrativa sobre a origem de alguma coisa (origem dos astros, da Terra, dos homens, das plantas, dos animais, do fogo, da água, dos ventos, do bem e do mal, etc.); Devemos apreender o Mito, não com o significado de falsidade, mas num sentido muito mais profundo do mundo, é um imaginário a partir do qual extraímos sentido da vida; 3.3. Quem narra o mito? O poeta-rapsodo - é um escolhido dos deuses É alguém que tem autoridade; O narrador precisar ter legitimidade – confiabilidade da pessoa do narrador; Sua palavra - o mito – é sagrada porque vem de uma revelação divina. O mito é, pois, incontestável e inquestionável 4. Caminhos para construção dos mitos: 1° Encontrando o pai e a mãe das coisas e dos seres, isto é, tudo o que existe decorre de relações sexuais entre forças divinas pessoais. Essas relações geram os demais deuses: os titãs (seres semi-humanos e semideus). - Exemplo: O mito do amor (Eros) 2° Encontrando uma rivalidade ou uma aliança entre os deuses que faz surgir alguma coisa no mundo. Nesse caso, o mito narra ou uma guerra entre as forças divinas, ou uma aliança entre elas para provocar alguma coisa no mundo dos homens. - Exemplo: O Mito Ilíada (Guerra deTróia) O poeta Homero, na Ilíada, que narra a guerra de Tróia, explica por que, em certas batalhas, os troianos eram vitoriosos e, em outras, a vitória cabia aos gregos. Os deuses estavam divididos, alguns a favor de um lado e outros a favor do outro. 3° Encontrando as recompensas ou castigos que os deuses dão a quem os desobedece ou a quem os obedece. 5 | 14 Filosofia – Primeira Etapa Módulo I – O que é?| E para que serve a Filosofia? | Consciência Mítica | Conhecimento | Filosofia Medieval 3.1. Exemplo: Mito de Prometeu e Pandora Como o mito narra, por exemplo, o uso do fogo pelos homens? Para os homens, o fogo é essencial, pois com ele se diferenciam dos animais, porque tanto passam a cozinhar os alimentos, a iluminar caminhos na noite, a se aquecer no inverno quanto podem fabricar instrumentos de metal para o trabalho e para a guerra. Um titã, Prometeu, mais amigo dos homens do que dos deuses, roubou uma centelha de fogo e a trouxe de presente para os humanos. Prometeu foi castigado (amarrado num rochedo para que as aves de rapina, eternamente, devorassem seu fígado) e os homens também. Qual foi o castigo dos homens? Os deuses fizeram uma mulher encantadora, Pandora, a quem foi entregue uma caixa que conteria coisas maravilhosas, mas nunca deveria ser aberta. Pandora foi enviada aos humanos e, cheia de curiosidade e querendo dar a eles as maravilhas, abriu a caixa. Dela saíram todas as desgraças, doenças, pestes, guerras e, sobretudo, a morte. Explica-se, assim, a origem dos males no mundo. 5. Tecendo redes Vemos, portanto, que o mito narra a origem das coisas por meio de lutas, alianças e relações sexuais entre forças sobrenaturais que governam o mundo e o destino dos homens. As cosmogonias e as teogonias. a) A cosmogonia é a narrativa sobre o nascimento e a organização do mundo, a partir de forças geradoras (pai e mãe) divinas. b) A teogonia é, portanto, a narrativa da origem dos deuses, a partir de seus pais e antepassados. 6. Diferenças entre: o Mito e a Filosofia 6.1. O Mito O Mito pretendia narrar como as coisas eram ou tinham sido no passado imemorial, longínquo e fabuloso; O Mito narrava a origem através de genealogias e rivalidades ou alianças entre forças divinas (Deuses) sobrenaturais e personalizadas; O Mito falava em Urano, Ponto e Gaia; O Mito não se importava com contradições, com o fabuloso e o incompreensível. 6.2. A Filosofia A Filosofia é uma narrativa explicativa da totalidade do tempo (do passado, no presente e no futuro, isto é como as coisas são; A Filosofia, ao contrário,explica a produção natural das coisas por elementos e causas naturais e impessoais; A Filosofia explica o surgimento desses seres por composição, combinação e separação dos quatro elementos - úmido, seco, quente e frio, ou água, terra, fogo e ar; A Filosofia, ao contrário, não admite contradições, fabulação e coisas incompreensíveis, mas exige que a explicação seja coerente, lógica e racional. 6 | 14 Filosofia – Primeira Etapa Módulo I – O que é?| E para que serve a Filosofia? | Consciência Mítica | Conhecimento | Filosofia Medieval 7. O mito hoje Na modernidade, um dos modos de entender o mito é pensá-lo como fantasmagoria, isto é, aquilo que a sociedade imagina de si mesma a partir de uma aparência que acredita ser a realidade. - Exemplo: A ideia de progresso | O Cientificismo | Juventude transviada O progresso apresenta-se como um mito porque alimenta o nosso imaginário; O Iluminismo não deu conta nem mesmo de realizar a tarefa de que se propôs: iluminar as trevas da ignorância; quanto mais dissolver os mitos e anular a imaginação. 7 | 14 Filosofia – Primeira Etapa Módulo I – O que é?| E para que serve a Filosofia? | Consciência Mítica | Conhecimento | Filosofia Medieval CETICISMO E DOGMATISMO OBRA | CHAUI, Marilena. Convite a filosofia. Sâo Paulo: Atica, 2001. OBRA | ARANHA, Maria. Filosofando: introducão a filosofia.Sao Paulo: Moderna, 2004. 1. Questão norteadora - A possibilidade ou não de o espírito humano atingir a certeza 2. Dogmatismo 2.1. Etimologia – Dogmatikós – do grego significa – o que se funda em princípios. 2.2. O que é dogmatismo? Segundo Marilena Chauí No senso comum, o dogmático é a pessoa que acredita ter a posse da verdade e se recusa ao diálogo, não admitindo o questionamento de suas certezas; Dogmatismo é a doutrina segundo é possível atingir a certeza; É uma opinião estabelecida por decreto e ensinada como uma doutrina, sem contestação; Um dogma é tomado como uma verdade que não pode ser contestada nem criticada; Exemplo: “É assim porque é assim e porque tem que ser assim”; O dogmatismo é uma atitude autoritária e submissa. Autoritária porque não admite dúvida, contestação e crítica. Submissa, porque se curva às opiniões estabelecidas; É nossa crença de que o mundo existe e que é exatamente tal como percebemos; Na atitude dogmática, tomamos o mundo como já dado, já feito, já pensado, já transformado; As crises, as dificuldades e os impasses da razão mostram, assim, o oposto do dogmatismo. Indicam atitude reflexiva e crítica; A atitude dogmática ou natural se rompe quando somos capazes de uma atitude de estranhamento diante das coisas que nos pareciam familiares. 3. Ceticismo 3.1. Etimologia – vem do grego sképsis, que significa – investigação, procura: a sabedoria não consiste em alcançar a verdade, mas somente em procurá-la; 3.2. O que é ceticismo? O cético, no sentido comum, é aquele que desconfia de tudo, que não acredita nas possibilidades que estão à sua frente; “O ceticismo foi desenvolvido inicialmente por Pirro (367-275 a.C.) (...) Segundo Pirro, o homem não é capaz de atingir qualquer verdade no âmbito da ciência ou da filosofia”; As únicas “verdades” são de caráter subjetivo e não podem ser consideradas propriamente verdades, pois não passam de simples impressões, que não nos garantem a certeza; Não temos acesso à essência das coisas, conhecemos somente as suas aparências; “Assim, cético é o que observa, desconfia, e espera o desenrolar dos fatos para, só então, se pronunciar (em grego, sképsis significa o olhar de quem analisa, considera)”. (HRYNIEWICZ, 2001, p. 288); 8 | 14 Filosofia – Primeira Etapa Módulo I – O que é?| E para que serve a Filosofia? | Consciência Mítica | Conhecimento | Filosofia Medieval Um filósofo cético é aquele que coloca suas crenças e as dos outros sob exame, a fim de verificar se elas são realmente dignas de crédito ou não; Corrente de pensamento que duvida de toda e qualquer possibilidade de se chegar ao conhecimento verdadeiro; A atitude cética é típica das épocas de crise de paradigmas, quando verdades estabelecidas são destruídas, sem que se tenham, ainda, propostos novos princípios sobre os quais fundamentar o conhecimento e as ações; Nesses momentos, coloca-se tudo em dúvida, examinam-se todas as certezas, opiniões e crenças, numa busca de solo seguro sobre o qual construí um novo saber; Atualmente, alguns céticos defendem o probabilismo ou falibilismo, ou seja, na impossibilidade de encontrarmos verdades absolutas, seja pelas limitações de nossos sentidos e intelecto, seja pela complexidade da realidade, devemos tratar nossas crenças sempre como provisórias; Como diria Kant, o cético é aquele que nos desperta do nosso sono dogmático para lembrar-nos que pensar não é um fim, mas uma atividade; 9 | 14 Filosofia – Primeira Etapa Módulo I – O que é?| E para que serve a Filosofia? | Consciência Mítica | Conhecimento | Filosofia Medieval TEORIA DO CONHECIMENTO (Gnosiologia) OBRA | CHAUI, Marilena. Convite a filosofia. São Paulo: Ática, 2001. OBRA | CHARLOT, B. Da relação com o saber: elementos para uma teoria. Porto Alegre: Artmed, 2000. 1. O que é conhecer? De modo simples, pode-se dizer que "conhecer é elaborar um modelo de realidade" e "projetar ordem onde havia caos" (CHARLOT, B., 1992, p. 13). 2. Elementos necessários para que haja conhecimento: a) O sujeito, que é o ser que conhece; b) O objeto, aquilo que o sujeito investiga para conhecer; c) A imagem mental em forma de opinião, ideia ou conceito que resultam da relação sujeito-objeto. 3. O conhecimento pode ser: a) Assistemático - Empírico (vulgar) Sua construção não segue um procedimento de rigor técnico; É acrítico É superficial É impreciso É autocontraditório b) Sistemático - Filosófico | Científico | Teológico Permite ir além do fenômeno e compreender as causas e leis que o regem; Busca explicar de forma sistematizada e racional, portanto lógica (objetividade); É raciocinado, exato e reflexivo, baseado no estudo coordenado (pesquisa); É um conhecimento apoiado na demonstração e na experimentação; É metódico | sistemático: o pesquisador não ignora que os seres, as coisas e os fatos estão ligados entre si por certas relações. 4. Os diversos tipos de conhecimento e saberes a) O saber da vida - baseia-se na vivência espontânea da vida e começa a ser construído tão logo o homem seja lançado no mundo. Ele vive esse processo até o dia de sua morte. b) O conhecimento mítico - modalidade de conhecimento baseado na intuição e que deriva do entendimento de que existem modelos naturais e sobrenaturais dos quais brota o sentido de tudo o que existe. 10 | 14 Filosofia – Primeira Etapa Módulo I – O que é?| E para que serve a Filosofia? | Consciência Mítica | Conhecimento | Filosofia Medieval c) Conhecimento filosófico - é racional | especulativo | busca da verdade | é sistemático, mas não experimental. d) Conhecimento científico - é racional e é produzido mediante a investigação da realidade, por meio de experimentos. e) Conhecimento técnico - é o saber fazer, a operacionalização. Tem como objeto o domínio do mundo e da natureza. f) O saber das artes - As artes e os saberes que elas possibilitam valorizam os sentimentos, a emoção e a intuição humana. Enfim..., um tipo de conhecimento não é melhor que o outro. Eles devem ser vistos numa perspectiva de complementaridade | interdisciplinaridade e até de transdisciplinaridade. 11 | 14 Filosofia – Primeira Etapa Módulo I – O que é?| E para que serve a Filosofia? | Consciência Mítica | Conhecimento | Filosofia Medieval Os primeiros Padres da Igreja | Intelectuais Cristãos | Filósofos da Igreja Primeiros Padres: Santo Irineu, Clemente de Alexandria, Gregório de Nazianzo. Principal Teórico: Santo Agostinho. 1. Objetivo – Mostrar a superioridade da verdade cristã sobre a tradição filosófica. 2. Estratégia - Adaptaram as ideias filosóficas à religião cristã e fizeram surgir uma filosofia cristã. 3. Tradições Metafísicas e Cristianismo - as duas grandes tradições metafísicas incorporadas pelo cristianismo foram o platonismo e o aristotelismo 4. Metafísica Cristã | Uma reelaboração da metafísica grega Para os Gregos a) O mundo é eterno; b) A divindade é uma força cósmica racional impessoal; c) Homem ser natural, dotado de corpo e alma; d) A liberdade é uma força de ação, é racional; e) O conhecimento é uma atividade do intelecto Para os Cristãos a) O mundo foi criado por Deus b) Deus é pessoal, é a unidade de três pessoas e dotado de vontade; c) O homem ser misto, natural e imortal por sua alma; d) O homem é livre porque sua vontade é uma capacidade para escolher tanto o bem quanto o mal; e) A razão humana é limitada e imperfeita; 5. A Patrística A patrística é a filosofia dos chamados Padres da Igreja, que teve início no período de decadência do Império Romano, quando o cristianismo se expandia. 5.1. Objetivo - no esforço de converter os pagãos combater as heresias e justificar a fé. 5.2. Características distintivas | elementares |estruturantes | de legitimidade a) b) c) d) Doutrina ortodoxa, no sentido de resguardarem a tradição apostólica; Vidas santificadas, no sentido de terem uma conduta ética e moral; Aprovação eclesiástica, no sentido de serem aceitos pelas igrejas e comunidades de fé na época como autoridades para ensinar; Antiguidade, no sentido de pertencerem ao primeiro período pós-apostólico. 5.3. O método / estratégia de trabalho dos apologistas a) Elaborar o diálogo / ponto de conexão entre as ideias filosóficas da época e a fé cristã; b) Assinalavam-se as fraquezas, incoerências e elementos contraditórios de certas ideias e teorias para demonstrar que o pensamento filosófico também podia ser questionado pela crítica racional; 12 | 14 Filosofia – Primeira Etapa Módulo I – O que é?| E para que serve a Filosofia? | Consciência Mítica | Conhecimento | Filosofia Medieval c) Por último, argumentava-se que a revelação em Cristo realizava o desejo interior do ser humano de descobrir a verdade, destacando as singularidades da fé cristã em comparação com outras correntes de pensamento e crenças. 5.4. A defesa | os argumentos dos apologistas a) Os efeitos morais do cristianismo sobre a sociedade romana, em especial no que concerne à caridade e à fraternidade; b) Acesso as fontes, as profecias dos escritos testamentários (coleções dos livros proféticos encontravam-se à disposição desses escritores do século II); c) A antiguidade das Escrituras e da fé cristã (uma vez que o Antigo Testamento se realiza na vida e nos escritos da Igreja), sendo que Moisés era anterior aos filósofos e poetas gregos; d) O cristianismo é apresentado como a verdadeira filosofia (a revelação divina, expressa parcialmente na filosofia grega e no Velho Testamento, completa-se de modo absoluto apenas em Cristo). 6. Escolástica 6.1. Recorte Temporal: do século XIII ao século XIV 6.2. Objetivo – Devido às mudanças do Renascimento Urbano - a escolástica surgiu como nova expressão da filosofia cristã. 6.3. Características de legitimidade da fé Nesse período, persistiu a aliança entre razão e fé, em que a razão continua como "serva da teologia"; As investigações científicas e filosóficas não poderiam contrariar as verdades estabelecidas pela fé católica; A prova da existência de Deus e da imortalidade da alma, ou seja, a prova racional da existência do criador e do espírito imortal; Filósofos: Santo Anselmo, Pedro Abelardo, etc. Principal Teórico – Santo Tomás de Aquino 6.2. A Questão dos Universais | ou Ideias 6.2.1.Origen: remonta à Grécia antiga, quando Sócrates teria afirmado a existência real das ideias, ou conceitos, posteriormente denominados “universais”; 6.2.2. Definição : é o conceito, a ideia, a essência comum a todas as coisas. Ex.: a) “homem”, “beleza”, “justiça”, “bondade” etc; 6.2.3. Problemática: A controvérsia em torno da natureza das ideias dominou, de certo modo, a reflexão filosófica medieval. As especificidades existenciais entre espécies (cão / gato / baleia) e os gêneros (animais). 6.3. Soluções / Olhares / argumentações 13 | 14 Filosofia – Primeira Etapa Módulo I – O que é?| E para que serve a Filosofia? | Consciência Mítica | Conhecimento | Filosofia Medieval a) Realistas | Santo Anselmo - o universal tem realidade objetiva (são res, ou seja, “coisa”) – influencia Platão; b) Realismo moderado | Tomas de Aquino - os universais só existem formalmente no espírito – influencia Aristóteles; c) Nominalistas | Roscelino - universal é apenas o que é expresso em um nome, são palavras / símbolos. A única realidade são os indivíduos e os objetos individualmente considerados; d) Conceptualista | Pedro Aberlado – meio termo entre o realismo e o nominalismo. Os universais são conceitos, entidades mentais, que existem somente no espírito. As ideias teriam uma existência simbólica na mente, e outra, concreta, nas coisas. 6.4. Mentalidade Dualista Misticismo medieval Os Realistas |representação de mundo onde valorizavam: uma visão de mundo espiritual. Categorias: o universal, a tradição, a autoridade, a verdade eterna da fé – Pensamento aristocrático; Os nominalistas | representação de mundo onde valorizavam: uma visão de mundo mais concreta e (anti) espiritual das coisas. Categorias: o individual, a racionalidade – Pensamento burguês; Nominalismo Atual - os neokantianos, os neopositivistas, os idealistas e pragmatistas; 7. Exercício reflexivo: Identifique a tendência na qual poderíamos incluir frei Guilherme a propósito da questão dos universais | Filme | Livro “Em Nome da Rosa” 14 | 14