Ética e Conhecimento
Científico
Eliane Velame
Introdução
A discussão sobre ciência e ética, se colocada
em nível radical, necessita previamente passar
pela concepção filosófica de ‘ser humano’,
‘ética’ e ‘ciência’. Na perspectiva
existencialista, o homem é um ser capaz de
autodeterminação, ou seja, ser sujeito do
conhecimento e da ação.
Introdução
Em conseqüência, no campo ético, tudo aquilo
que tira ou diminui essa dimensão de sujeito é
considerado violência. Por sua vez, a ciência
moderna ocidental contém em si um amplo
projeto de dominação: da natureza, de si
mesmo e do outro.
Introdução
Portanto, uma ciência ética só é possível a
partir de uma nova postura diante da própria
ciência e dos valores da sociedade construída
sob seu signo.
Avanços e atrasos da
ciência nazista

Muitas pesquisas
realizadas na
Alemanha
contribuíram para
avanços no
conhecimento
científico, como nos
males causados pelo
fumo

Hitler era
pessoalmente
interessado nestas
pesquisas, pois não
suportava a fumaça
de cigarro, por
entender estar
respirando um ar já
impregnado por
outro pulmão
O Projeto Nazista

A medicina e a
ciência biomédica
tinham na Alemanha
um dos mais
avançados centros,
inclusive no que se
refere à
regulamentação
ética

Os médicos nazistas
não foram vítimas
do poder ditatorial
de Hitler, mas
fizeram parte de um
projeto eugenista
que eles ajudaram a
desenvolver – os
médicos foram os
soldados biológicos
O Legado da Medicina
Nazista

Os resultados
obtidos com as
pesquisas médicas
nazistas ainda
continuam a ser
citados na literatura
médica
contemporânea

Mesmo depois da
guerra, os médicos
alemães negavam
culpa ou
comportamento antiético; corpos e
espécimes
anatômicos das
vítimas do holocausto
só foram incinerados
em 1989
O Legado da Medicina
Nazista

Alguns trabalhos de
Joseph Mengele
continuam a ser
citados na literatura
científica, como na
área de embriologia
oral, anomalias
labiais e de palato

Joseph Mengele foi o
responsável direto
pela morte de
centenas de milhares
de indivíduos,
homens, mulheres e
crianças, usados
como cobaias em
seus experimentos
O Legado da Medicina
Nazista

A Síndrome de
Hallervorden-Spatz
foi descrita em
1922 pelos
professores
Hallervorden e
Spatz

Eles participaram
ativamente da
política nazista de
extermínio;
Hallervorden
dissecou cerca de
500 cérebros de
prisioneiros de
guerra
O Legado da Medicina
Nazista

Um dos maiores e
mais conceituados
atlas de anatomia
humana é o
Pernkopf Anatomy,
do professor
Edward Pernkopf,
da Universidade de
Viena

Há evidências de
que os cadáveres
dissecados por
Pernkopf para
realização deste
trabalho eram de
vítimas da política
nazista de
extermínio
O Legado da Medicina
Nazista

A eficácia de várias
vacinas e drogas
contra o tifo
exantemático foram
experimentadas nos
campos de
concentração de
Buchenwald e
Natzweilwe

Para se chegar a estas
vacinas e drogas,
pessoas previamente
vacinadas e controles
não vacinados eram
infectados com
Rickettsia e as
porcentagens de morte
nos dois grupos,
comparadas
Uma experiência
japonesa

O Japão também usou
cobaias humanas –
chineses – na Unidade
731, na Manchúria;
adultos e crianças
foram infectados por
microorganismos
virulentos, para
pesquisa de doenças
infecciosas

No final da guerra,
muitos japoneses
envolvidos nestas
pesquisas foram
absolvidos e
empregados nos EUA,
em troca dos dados
obtidos nessas
pesquisas
Uma experiência
americana

Entre 1932 e 1972, 412
homens sifilíticos,
negros iletrados e
pobres, foram
mantidos sem
tratamento, mesmo
após a descoberta da
penicilina, para se
conhecer os efeitos
desta doença

O que hoje
conhecemos sobre os
efeitos da sífilis no
coração, cérebro e
articulações deve-se,
em parte, a esse
experimento
Responsabilidade do
Cientista

Sob o III Reich, com poucas exceções,a
maioria dos cientistas adotou a
conveniência e obediência,quando não
tomou a dianteira na promoção de
políticas racistas.Ao buscar o sentido da
ética dos cientistas sob o nazismo,
Cornwell toca na responsabilidade do
cientista perante a sociedade
Responsabilidade do
Cientista

Pois, ao contrario do que se supõe uma
certa ilusão liberal, a ciência não reafirma,
necessariamente, os valores da
democracia.Existem sempre o perigo que
os cientistas abdiquem das suas
responsabilidades ética e social e
comecem a se comportar como os
simpatizantes de Hitler.
Responsabilidade do
Cientista

Ou seja estarão os cientistas
preparados para questionar, sondar,
denunciar e criticar a ciência dominadas
pelas grandes corporações ou por
militares?
Enfim...
Os resultados de experiências médicas
anti-éticas, como as realizadas nas
vítimas da Alemanha nazista, devem
ser utilizados pela ciência?
Conclusão

E o que buscava a Eugenia, na
Alemanha Nazista, e o que busca hoje a
genética dos dias de hoje, para as quais
não existem limites morais e que ousam
dispor da vida humana para alcançar
aos seus objetivos?
Conclusão

Ambas buscam a utopia: a redenção do
homem através de uma deusa biológica,
uma “pseudo-ciência” , oferecendo-lhe
sacrifícios humanos, acreditando lhe ser
possível conquistar o antigos mitos da
Panacéia Universal e do Elixir da Longa Vida,
a custa do sangue inocente.
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O Legado da Medicina Nazista