ESTAMOS TODOS PRESOS
Texto:
Edson Passetti e Acácio Augusto
Pesquisa:
Acácio Augusto, Anamaria Salles, Beatriz Carneiro, Edson
Passetti, Gustavo Ramus, Edison Lopes, Juliana Meduri, Eliane
Knorr, Lucia Soares, Mauricio Freitas, Natalia Montebello,
Nildo Avelino, Salete Oliveira, Thiago Rodrigues.
Preparação de textos:
Bruno Andreotti, Gustavo Simões, Thiago Rodrigues
Com:
Acácio Augusto, Beatriz Scigliano Carneiro, Eliane Knorr de
Carvalho, Gustavo Ramus, Gustavo Simões, Juliana Meduri,
Lúcia Soares, Mauricio Freitas, Salete Oliveira, Thiago
Rodrigues.
Operadora de luz:
Anamaria Salles
Operador de som:
Bruno Andreotti
Produção gráfica:
Andre Degenszajn
Coordenação:
Edson Passetti
***
www.nu-sol.org
Escritos de:
Albert Camus; Alexander Berkman; Alphonsus de
Guimaraens; Cláudio Lavazzo; Campos de Carvalho; D.H.
Lawrence; Edson Passetti; Eliane Knorr de Carvalho; Emma
Goldman; Folha de S. Paulo; Gilles Deleuze; Jean Maitron;
Jean-Pierre Vernant; Josmar Jozino; Judith Malina; Julian
Beck; Michel Foucault; Oscar Wilde; Pierre-Joseph Proudhon,
Renaud Thomazo; Rogério Duarte; William da Silva Lima.
Programa de Estudos Pós-Graduados em Ciências Sociais da PUC-SP/ Projeto de Extensão Cepe/PUC-SP
ESTAMOS TODOS PRESOS
O abolicionismo penal habita as práticas do Nu-Sol desde a sua invenção em 1997. Nossa quarta aula-teatro enfrenta
a cultura do castigo, problematizando modalidades e modulações de aprisionamentos.
Estamos todos presos em qualquer lugar e livres aqui e aí. Vivemos próximos da desgraça, da fome, da fadiga, da luta,
da velhice, de Eros e Philótes, a ternura amorosa.
Fazemos anarco-abolicionismo, defendendo respostas pessoais e intransferíveis aos que forem seletivamente apanhados pelo sistema penal. Diante do Direito penal, uma política de libertação e de liberação.
Fazemos anarco-abolicionismo, considerando que perturbações, descompassos e desacertos atravessam a nossa vida
de maneira surpreendente, mesmo por um breve instante.
Minar a cultura do castigo é bloquear instituições encarceradoras, penalizações a céu aberto, e interceptar dispositivos
de internação e de controle expandido. Mas não só. É preciso abolir o castigo dentro de si. O anarco-abolicionismo é
um estilo e uma ética de liberação.
Romper com espaço disciplinar da sala de aula no início do século 21 é uma das maneiras que o Nu-Sol encontrou
para construir um espaço de liberdade chamado aula-teatro. Queremos exercitar esse ethos, com estudantes e interessados numa liberdade de saber que combina literatura, música, notícias da mídia, mitos, filosofia, ciências sociais,
sugestões, comentários, nossa vida e a experimentação da escrita para teatro. Somos atores e não somos. Não representamos, nos mostramos.
Para os reativos que pretendem nos imobilizar chamando-nos de utópicos, gostaríamos de lembrar que a utopia dos
que defendem o castigo está em acreditar que a punição educa, pacifica e é capaz de colocar um fim nos conflitos
e nas contradições. A história mostra que isso é um irreversível e incontornável engano. A vida não cabe em uma lei
histórica, natural ou escrita. A vida revolve as leis.
Atiramos a flecha mais inflexível e mais livre. Apanhamos outras e as arremessamos para você. Exercitamos a coragem na luta contra a retórica, e como guerreiros, apreciamos as batalhas e nossos deliciosos repousos.
Estamos todos presos?
Bibliografia
Albert Camus. O homem revoltado. Tradução Valerie Rumjanek. Rio de Janeiro: Record, 2003.
Alexander Berkman. Prison Memoirs of an Anarchism. (originally published in 1912 by Mother Earth Publishing Association). New York: Shocken, 1970.
(Tradução de Beatriz Carneiro)
Alphonsus de Guimaraens. Ismália. São Paulo: Cosac Naify, 2006.
Campos de Carvalho. A chuva imóvel. Rio de Janeiro: José Olympio, 2008.
CláudioLavazzo. http://flag.blackened.net/pdg/presos/paginapresos/claudio/contribuci%F3n.html, 10/06/2004. (Tradução de Acácio Augusto)
D.H. Lawrence. “Não-existência”. In William Blake & D.H. Lawrence. Tudo o que vive é sagrado. Seleção, tradução e ensaios de Mário Alves Coutinho. Belo
Horizonte: Crisálida, 2001.
Edson Passetti. Anarquismo urgente. Rio de Janeiro: Ed. Achiamé, 2007.
Eliane Knorr de Carvalho. Receita para aprisionar-se no corpo. Cena 8.
Emma Goldman. Viviendo mi Vida. Madrid: Fundación Anselmo Lorenzo, 1996.
Folha de S. Paulo, 14 de setembro de 2008.
Gilles Deleuze. “Para dar um fim ao juízo”. In Crítica e clínica. Tradução de Peter Pál Perbart. São Paulo: Ed. 34, 1997.
Jean Maitron. “Émile Henry, o benjamim da anarquia”. In Revista Verve. São Paulo: Nu-Sol, 2005, vol. 7.
Jean-Pierre Vernant. O Universo, os deuses, os homens. Tradução de Rosa Freire d’ Aguiar. São Paulo: Cia. das Letras, 2000.
Josmar Jozino. Cobras e lagartos. Rio de Janeiro: Ed. Objetiva, 2004.
Judith Malina. Diário de Judith Malina: O Living Theatre em Minas Gerais. Belo Horizonte: Secretaria de Estado da Cultura de Minas Gerais e Arquivo Público
Mineiro, 2008.
Judith Malina e Julian Beck. Paradise now (1968). Criação coletiva do The Living Theatre. New York: Vintage Books Edition, 1971. (Tradução de Andre
Degenszajn)
Julien Beck. Transformar o ânimo (1983). Tradução de Nildo Avelino. Revista Verve. São Paulo: Nu-Sol, v. 11, 2007.
Michel Foucault e Gilles Deleuze. "Os intelectuais e o poder". Tradução de Roberto Machado. In David Lapoujade (org). A ilha deserta e outros textos. São
Paulo: Iluminuras, 2007.
Oscar Wilde “A Balada do Cárcere de Reading”. Tradução de Paulo Viziolli. http://www.casadobruxo.com.br/poesia/o/oscar01.htm
Pierre-Joseph Proudhon. Idéia geral da revolução no século 19. In Revista Verve. São Paulo: Nu-Sol, v. 3, 2003.
Rogério Duarte. Tropicaos. Rio de Janeiro: Azougue Tropical, 2003.
Renaud Thomazo. “Mort aux bourgeois!” Sur les traces de la bande à Bonnot. Paris: Larousse, 2007. (Tradução de Nildo Avelino)
William da Silva Lima. Quatrocentos contra um: uma história do Comando Vermelho. Petrópolis/Rio de Janeiro: Vozes/ISER, 1991.
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www.nu-sol.org / [email protected]
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