ESCOLHA DA ALTURA DE LAJES COM NERVURAS PRÉ-MOLDADAS PARA PAVIMENTOS DE EDIFICAÇÕES CONSIDERANDO AS VERIFICAÇÕES DO ESTADO LIMITE ÚLTIMO E DE DEFORMAÇÃO EXCESSIVA Roberto Chust Carvalho*, Jasson Rodrigues de Figueiredo Filho*, Sydney Furlan Junior*, Vitor Vanderlei Mesquita** * ** - Doutores em Engenharia de Estruturas, Professores adjuntos do Departamento de Engenharia Civil da Universidade Federal de São Carlos, BRASIL - Aluno de Engenharia Civil da Universidade Federal de São Carlos, Bolsista de Iniciação Científica FAPESP- BRASIL RESUMO A necessidade de redução de custos nas edificações vem intensificando a utilização de sistemas estruturais com pavimentos executados com lajes com nervuras pré-moldadas, principalmente em edificações de pequeno porte, as características destas lajes permitem sua utilização com segurança e economia. Entretanto vários aspectos ainda não estão devidamente solucionados, e entre eles se enquadra a determinação da altura das lajes que atendem às condições de deformação excessiva, levando em conta o efeito da fluência e fissuração do concreto. O objetivo principal deste trabalho é determinar um procedimento de cálculo que leve em conta não só a segurança no estado limite último, mas também a funcionabilidade da estrutura sob cargas de serviço. Apresentam-se tabelas que permitem obter a altura da laje com nervuras pré-moldadas sendo conhecidos o sistema estrutural (simplesmente apoiadas), valor de vão e carregamento atuante. A tabela fornece também a armação necessária para o atendimento do estado limite último, assim como o de deformação excessiva. Esta pesquisa faz parte de um estudo mais amplo que visa melhorar o projeto e execução de pavimentos que usam lajes com nervuras pré-moldadas que, apesar do intenso uso, são pouco abordadas na literatura técnica nacional, assim como tratadas de maneira bastante superficial pela Norma Brasileira de concreto. JUBILEO Prof. JULIO RICALDONI X X I X J O R N A D A S S U D A M E R I C A N A S D E I N G E N I E R I A E S T R U C T U R A L 1. INTRODUÇÃO Este trabalho traz um estudo teórico desenvolvido sobre o assunto apresentando diversas conclusões. Planeja-se verificar, posteriormente, através de estudos experimentais, os principais aspectos do cálculo, principalmente as hipóteses empregadas. Estes estudos sobre o comportamento do sistema servirão também para ajustar as fórmulas e as constantes empregados nos procedimentos de cálculo. Atualmente já se encontra em desenvolvimento um estudo experimental do espaçamento de escoras em lajes com nervuras pré-moldadas que poderá trazer, além da determinação do menor espaçamento entre as escoras, informações importantes sobre a melhor contra-flecha a ser empregada. Está pronto, à espera de dotação de recursos, o plano de um projeto que visa estudar o comportamento da deformação do sistema ao longo do tempo (fluência). Em fase de planejamento estão os estudos experimentais da influência da fissuração na deformação e comportamento de sistemas hiperestáticos de laje com nervuras pré-moldadas. Todos os trabalhos desenvolvidos pelo grupo se baseiam em normas brasileiras e procedimentos disponíveis na literatura atual, porém acredita-se que após o desenvolvimento destes estudos experimentais os resultados finais terão um significado maior, pois estarão, dentro dos limites financeiros existentes para experimentação, devidamente testados. Apesar dos cálculos utilizados terem sido feitos pela redação da norma NB1-80 o roteiro e procedimento utilizado podem ser adaptados facilmente para qualquer norma. Basta, em princípio, modificar os coeficientes empregados (combinações de ações e de segurança) ou alterar os valores limites indicados para as flechas. Mudando estes parâmetros, os valores de vão máximo para um tipo de nervura, eventualmente, irão se alterar, principalmente nas situações que o estado de deformação para combinação freqüente é determinante. Ainda nestas situações a tabela e os resultados aqui apresentados permitirão aos calculistas terem uma ordem de grandeza da altura de nervura ou mesmo adotá-la como valor inicial para um cálculo de verificação por processo tentativo. 2. BREVE DESCRIÇÃO DO SISTEMA DE LAJES COM NERVURAS PRÉ-MOLDADAS São lajes formadas por nervuras pré-moldados (trilho ou treliça), lajotas (normalmente cerâmicas) e uma “capa de concreto” moldada no local. A armadura do elemento tipo trilho é composta de barras retas colocadas na parte inferior do mesmo, e a do elemento tipo treliça é uma treliça espacial de aço composta por três banzos paralelos e diagonais laterais de forma senoidal, soldadas por processo eletrônico aos banzos (figura 1). FIGURA 1. Seções transversais de lajes pré-moldadas tipo trilho, tipo treliça e armadura JUBILEO Prof. JULIO RICALDONI X X I X J O R N A D A S S U D A M E R I C A N A S D E I N G E N I E R I A E S T R U C T U R A L Além dos tipos de lajes pré-moldadas aqui citadas, pode-se acrescentar ainda aquelas em que as nervuras são protendidas com aderência inicial (que não serão objeto de estudo deste artigo), com melhor comportamento na fissuração, permitindo-se, em alguns casos, a eliminação de escoramento. Há também aquelas em que, ao invés de se usar lajotas cerâmicas ou de concreto, usam-se elementos de isopor que são mais leves que os últimos e possibilitam o uso de uma distância maior entre as nervuras. Os elementos pré-moldados, antes do endurecimento do concreto da capa, são os elementos resistentes do sistema, e têm capacidade de suportar, além do seu peso próprio, a ação das lajotas, a do concreto da capa e de uma pequena carga acidental (homem se locomovendo) para um vão de até 1,7 m SILVA (1999). Desta maneira, o escoramento necessário para executar uma laje deste tipo não requer um grande número de pontaletes ou escoras. Além disso, para se executar a concretagem da capa não é necessário o uso de fôrmas, como é o caso das lajes maciças de concreto, pois o elemento pré-moldado e a lajota fazem este papel. Portanto, as principais vantagens deste tipo de laje são a eliminação dos gastos para confecção de fôrmas e a redução dos elementos de escoramento. 3. MODELO DO COMPORTAMENTO DA LAJE PRÉ-MOLDADA Os elementos estruturais das lajes pré-moldadas (trilhos ou treliças) são dispostos em uma única direção (geralmente a do menor vão) e simplesmente apoiados nas extremidades. As vigas em que as nervuras se apoiam receberão a maior parte da carga. Assim, estas lajes são consideradas armadas em uma direção. Normalmente, admite-se que a ação das lajes pré-moldadas ocorre apenas nas vigas em que os elementos se apoiam, não considerando qualquer ação das lajes nas vigas paralelas aos elementos. O estudo da parcela recebida pelas vigas paralelas pela ação da laje e a quanto se acrescenta na rigidez com a capa de concreto, assim como o comportamento da continuidade das lajes, também é motivo de estudo do grupo da UFSCar. Para o cálculo de flecha, assim como para o de momento fletor, será considerado um comportamento de elementos isolados de viga conforme CARVALHO ET ALLI (1998). As nervuras estarão solicitadas a flexão normal simples e a determinação da armadura de flexão será feita no estado limite último, com combinações de ações majoradas de acordo com as hipóteses do item 4.1.1. da NBR 6118 (Ações e Segurança nas Estruturas). A seção será admitida, por simplificação, funcionando como um “T” equivalente, da forma mostrada na figura 2. FIGURA 2. Esquema da seção transversal da laje e o respectivo modelo adotado JUBILEO Prof. JULIO RICALDONI X X I X 4. J O R N A D A S S U D A M E R I C A N A S D E I N G E N I E R I A E S T R U C T U R A L ESCOLHA DA ALTURA DA LAJE: O USO DE TABELAS O projeto de laje pré-moldada tem início na escolha da altura total da laje. Este valor será usado para o cálculo das ações permanentes no pavimento (que provocam também o efeito da fluência). Normalmente, as lajes pré-moldadas apresentam rigidez inferior às lajes maciças e é de se esperar que as situações de deformação sejam, na maioria das vezes, determinantes na escolha da altura. Em geral, a parcela de deformação da fluência é da mesma ordem de grandeza da deformação imediata, que por sua vez é bastante influenciada pela fissuração do concreto sob cargas de serviço. Assim, a escolha da altura deve ser criteriosa para que, além da verificação do estado limite último, as condições prescritas em norma para o estado de deformação excessiva sejam atendidas. Apesar disto, talvez até pela dificuldade em se executar os cálculos ou por falta de informações adequadas, não têm sido prática dos projetistas considerar os efeitos da fissuração e fluência na verificação de flechas. Fixado o vão, o espaçamento entre nervuras, o sistema estrutural (simplesmente apoiado ou contínuo) e a sobrecarga (carga acidental e sobrecarga permanente) deve-se determinar qual a menor altura necessária para o pavimento e sua respectiva armadura. Pode-se ainda, como alternativa de projeto considerar uma altura maior e determinar a nova armadura que deverá ser menor que a anterior. Existe uma série de tabelas similares às mostradas no item seguinte e que fornecem tais indicações (obtidas apenas em função da condição do estado limite último ou verificações simplistas de deformação) para sistemas isostáticos. Para o caso de lajes pré-moldadas com continuidade nos apoios internos, há uma grande dificuldade em se montar tabelas similares às obtidas para sistemas simplesmente apoiados. A primeira dificuldade reside na pequena resistência a momentos negativos da nervura. É preciso resolver a estrutura para se determinar os momentos nos apoios e, então, verificar se haverá ou não plastificação do concreto nesta seção. Segundo MERLIN (1999) a capacidade da seção é geralmente inferior ao momento que ocorreria considerando a estrutura hiperestática. Existiam tabelas no mercado que indicavam situações de “semi-engaste” e “engaste” referindo-se aos esquemas estruturais em que em um apoio extremo do vão, ou em ambos, há o impedimento total de rotação. Tais situações são difíceis de acontecer e para considerar o que realmente ocorre seria preciso desenvolver tabelas que considerassem diversas possibilidades entre a relação dos valores dos vãos dos diversos tramos. Em virtude destas dificuldades é mais prudente não confeccionar tabelas para sistemas hiperestáticos mas, tomar os valores das tabelas de lajes simplesmente apoiadas como ponto de partida para, em seguida, obter uma otimização da armadura usando o roteiro descrito no relatório de MESQUITA (1999). A idéia central deste trabalho é confeccionar tabelas semelhantes às existentes atualmente, considerando também as verificações do estado limite de deformação excessiva com os efeitos da fissuração e fluência do concreto. As tabelas existentes permitem, a partir do vão e carga acidental, determinar a altura e uma classe de resistência (são as diferentes áreas de aço utilizadas pelo fabricante) da laje requerida. Apresenta-se em seguida um diagrama que explica um modelo destas tabelas. No caso usou-se como modelo as tabelas da ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA DAS LAJES et alli (1998) Sistema Treliçado Global (referida a partir deste ponto apenas como Sistema Treliçado Global). As classes referidas anteriormente podem ser obtidas através da tabela 2 mostrada logo a seguir e referem-se a arranjos usuais de armaduras. Uma tabela completa que permite determinar a altura da laje em função do vão e do carregamento está apresentada na tabela 3. JUBILEO Prof. JULIO RICALDONI X X I X J O R N A D A S S U D A M E R I C A N A S D E I N G E N I E R I A E S T R U C T U R A L Tabela 1 – Explicação da determinação de altura de lajes Cargas Acidentais Tipo de Produto β10 LAJE TRELIÇADA CLASSE 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 FORRO 50 100 CARGAS 150 200 350 Carga em kgf/m2 500 Altura Total da Laje Acabada Classe de Resistência Vãos Livres para Lajes Unidirecionais Tabela 2 – Tabela: Classes de resistência e áreas de aço Classe 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 Tabela de Correspondência Classe X Área de aço Área (cm2) Classe Área (cm2) Classe 0,367 16 1,267 29 0,404 17 1,394 30 0,444 18 1,533 31 0,488 19 1,686 32 0,537 20 1,855 33 0,591 21 2,040 34 0,650 22 2,244 35 0,715 23 2,469 36 0,787 24 2,716 37 0,865 25 2,987 38 0,952 26 3,266 39 1,047 27 3,615 40 1,152 28 3,976 - Área (cm2) 4,374 4,811 5,029 5,247 5,465 5,683 5,900 6,118 6,336 6,554 6,772 7,080 - JUBILEO Prof. JULIO RICALDONI X X I X J O R N A D A S S U D A M E R I C A N A S D E I N G E N I E R I A E S T R U C T U R A L Tabela 3 – Determinação do vão máximo – Fornecida pelo Manual Técnico para laje de 10 cm de altura (nervura + capa) e distância entre elementos de 50 cm β10 LAJE TRELIÇADA CLASSE 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 FORRO 3,60 3,80 4,00 4,15 4,35 4,55 4,75 50 3,45 3,60 3,80 3,95 4,15 4,35 4,55 4,75 7,95 100 3,10 3,25 3,40 3,55 3,70 3,90 4,10 4,25 4,45 4,65 4,85 5,10 5,30 5,45 CARGAS 150 2,85 2,95 3,10 3,25 3,40 3,55 3,75 3,90 4,10 4,25 4,45 4,65 4,85 5,05 5,30 5,50 5,70 200 2,65 2,75 2,90 3,00 3,15 3,30 3,45 3,60 3,80 3,95 4,15 4,30 4,50 4,70 4,90 5,10 5,30 5,55 5,70 350 2,20 2,30 2,40 2,55 2,65 2,80 2,95 3,05 3,20 3,30 3,45 3,65 3,80 3,95 4,10 4,30 4,45 4,65 4,70 500 1,95 2,05 2,10 2,20 2,35 2,45 2,55 2,65 2,80 2,90 3,05 3,20 3,35 3,45 3,60 3,75 3,95 4,10 4,20 Nas tabelas anteriores P é a carga atuante (q+g2), não sendo somado o peso próprio da laje, que já foi computado no cálculo. A indicação de β10 quer dizer que a laje tem altura total de 10 cm. Embora existam inúmeras tabelas como as mostradas anteriormente (Manual Técnico Sistema Treliçado Global), pode-se notar que seus valores muitas vezes são conflitantes e, o que é mais grave, induzem o projetista, fabricante ou cliente, imaginar que é possível obter sistemas prémoldados funcionando bem com vão de até 12,60 m sem que sejam tomados cuidados especiais, inclusive com o emprego de contra-flechas adequadas, pois não indicam as flechas de ação permanente ou de carga acidental. Um procedimento para determinação da altura da laje que leve em conta a fissuração e fluência do concreto poderá não resultar em uma tabela que possa ser empregada em uma situação genérica pois, ao valor de flecha encontrada, deve ser somado o deslocamento proveniente da deformação das vigas de apoio. Desta forma, seria preciso, principalmente para os casos mais complexos, resolver o pavimento como um todo. Porém, ainda assim, o procedimento buscado neste trabalho pode ser aplicado como orientação ao projetista ou como um valor de referência para pré-dimensionamento sujeito a uma verificação final. JUBILEO Prof. JULIO RICALDONI X X I X J O R N A D A S S U D A M E R I C A N A S D E I N G E N I E R I A E S T R U C T U R A L 5. CONSIDERAÇÕES E HIPÓTESES DE CÁLCULO PARA VERIFICAÇÃO DOS ESTADOS LIMITES Todo elemento estrutural deve atender às verificações dos estados limites últimos e de serviço. No caso das lajes com nervuras pré-moldadas são determinantes no dimensionamento: o estado limite último de capacidade resistente das seções sob flexão, e o estado limite de utilização de deformação excessiva. A verificação de colapso na flexão é feita de acordo com as hipóteses básicas da flexão contidas nas diversas normas e de ampla divulgação no meio técnico. Considera-se, neste caso, que a seção transversal tenha a forma de um tê, como mostrado no item 4 (fig.2). Para a verificação do estado limite de deformação excessiva pode-se seguir o roteiro de CARVALHO R. C. et alli (1997), baseado nos preceitos da NB1-80, ainda em vigor (deverá ser substituída pela NB1-2000 proximamente), que prevê como flechas limites ! /300 para para combinação freqüente de ações e l/500 para ação da carga acidental. As flechas devem ser calculadas para as combinações de ação permanente, quase permanente, freqüente e rara cujas ações podem ser dadas por: Fd = Fgk + χFqk com χ=0,0 para combinação permanente, 0,2 para quase permanente, 0,7 para freqüente (deverá diminuir para 0,4 no texto da nova norma) e 1,0 para a rara. A ação Sg corresponde à ação permanente e Sq à ação acidental. O efeito da fissuração pode ser considerado usando-se no cálculo da flecha o valor da inércia média Im dada por BRANSON (1966) (constante no novo texto da norma); as expressões da flecha e inércia média são dadas por: ap = 5 ⋅ p ⋅ !4 384 ⋅ E ⋅ I m M I m = R M at onde 3 M ⋅ I I + 1 − R M at 3 ⋅ I II ap – é a flecha relativa a uma intensidade de ação distribuída p; p- é a taxa de carga definida para uma certa combinação (por exemplo freqüente); ! - vão da nervura; E - módulo de deformabilidade do concreto, MR – momento de fissuração da seção mais solicitada; Mat- momento fletor relativo a intensidade p, na seção mais solicitada; II e III inércias no estádio I e II, respectivamente, da seção mais solicitada. O efeito da fluência pode ser obtido multiplicando-se a flecha devida às ações das cargas permanentes (na verdade a ação quase permanente), pela razão entre as curvaturas no tempo infinito e zero. Esta razão, segundo a NB1-80, é dada por: JUBILEO Prof. JULIO RICALDONI X X I X J O R N A D A S R= S U D A M E R I C A N A S D E I N G E N I E R I A E S T R U C T U R A L (1 + φ ). ε c + ε s Rt =∞ = .ε c + ε s Rt =0 Onde Rt=∞ é a curvatura no tempo infinito Rt=0 é a curvatura inicial (no tempo “zero”) φ é o coeficiente de fluência; εc é a deformação específica do concreto; εs é a deformação específica do aço; d é a altura útil da peça. Assim, a flecha em um tempo qualquer é dada por: a(t) = a(t0).+ a(t0).Rt,∞/Rt0 onde, a(t) é o deslocamento no tempo t; a(t0) é o deslocamento inicial no instante t0. Salienta-se que devido ao comportamento não linear a flecha devida a carga acidental não pode ser calculada diretamente e sim pela expressão aq = ag1+g2+q- ag1+g2. Onde aq – flecha devida à carga acidental ag1+g2+q - flecha devida à carga permanente estrutural, sobrecarga permanente e carga acidental ag1+g2.- flecha devida à carga permanente estrutural, sobrecarga permanente flecha devida 6. CONFECÇÃO DE TABELA DE ALTURA E DEFORMAÇÃO, USANDO PLANILHA DE CÁLCULO VÃO, CONSIDERANDO Para confeccionar uma tabela similar à tabela 3, mostrada anteriormente, e que leve em conta a verificação da deformação excessiva, montou-se uma planilha de cálculo (usando o programa EXCEL da Microsoft) que, mediante a entrada de certos dados calcula, apresenta e verifica as deformações para as diversas combinações de ações, indicando inclusive se as duas condições descritas no item anterior estão atendidas. Um esquema da mesma é mostrado na tabela 4 em que se apresenta as células da planilha com valores numéricos preenchidos e a indicação de quadros (ao lado) com números para as passagens mais importantes. Descreve-se resumidamente, através de quadros o que é calculado na planilha, lembrando que algumas passagens intermediárias foram propositalmente deixadas para serem conferidas a qualquer momento. QUADRO 1 – é onde que se dá a entrada do valor do vão (l) e da distância (e) entre as nervuras. Ao lado desta entrada mostra-se, já, o resultado final, da flecha atuante a final (sem contraflechas) e na célula de baixo o resultado da comparação com o valor da flecha limite estabelecida por norma (l/300). Na coluna ao lado aparece a flecha, a cf g1, devida ao peso próprio (g1) já considerada com a contra-flecha e, finalmente, na última coluna, a flecha devido a carga acidental (q) comparado ao limite (l /500). Aparecendo a palavra “Não” quando a flecha não é atendida e OK ao contrário. . JUBILEO Prof. JULIO RICALDONI X X I X J O R N A D A S S U D A M E R I C A N A S D E I N G E N I E R I A E S T R U C T U R A L Tabela 4 – Esquema da planilha de cálculo para a verificação de deformação excessiva Resultado Final Dados Quadro 1 e l a final a cf g1 aq Quadro 2 3,75 0,5 Não OK OK Geometria Concreto Aço M bw bf d hf h fck Ec fyk As α 2,7334 10 50 9 3 10 20 28795 60 7,2929 1,855 Ações Sit. g q g+0,2q g+0,7q g+q g1 g2 Quadro 3 Ação 1,61 1,5 1,91 2,66 3,11 1,11 0,5 Mom. 1,415 1,3184 1,6787 2,3378 2,7334 Estádio I Ac1 Ac2 As.α Atotal Ms1 Ms2 Ms3 X Quadro 4 120 100 11,673 231,67 180 500 105,06 3,3886 I1 I2 AT1 AT2 If Ih Quadro 5 90 833,33 428,04 259,65 367,56 1978,6 Estádio II a1 a2 a3 x 25 13,528 -121,8 1,9528 Fluência φ εc σc σc 3 4,1185 108,39 0,0001 4 Inércias Sit. g q g+0,2q Ação 1,61 1,5 1,91 Mom. 1,415 1,3184 1,6787 R 0,4822 0,5176 0,4065 Inerc 928,57 959,93 875,39 Flechas Básica g Q g+0,2q 0,006 1,61 1,5 1,91 0,006 0,0078 0,0093 0,014 Flecha final Ic Ias Iiio 124,12 671,85 795,97 εs 0,00052 (1/r)o (1/r) Relac 7E-05 0,0001 1,434 g+0,7q 2,66 2,33789 0,29186 825,371 g+q 3,11 2,7334 0,2496 814,37 g+0,7q 2,66 0,01441 g+q 3,11 0,0171 Result OK Quadro 6 Quadro 7 Quadro 8 0,028 Com Contra-flecha Peso Próprio g1 l/300 Max. a total 1,11 0,0125 0,0041 0,0125 0,0166 0,0118 Resultado OK Contra-flecha Carga Acidental aq l/500 0,0093 0,0075 g1 1,11 0,9756 0,6994 1200,6 Fissuração ftk MR 1,9 0,6823 Quadro 9 Quadro 10 JUBILEO Prof. JULIO RICALDONI X X I X J O R N A D A S S U D A M E R I C A N A S D E I N G E N I E R I A E S T R U C T U R A L QUADRO 2 - Onde devem ser fornecidos todos os valores geométricos (os valores a ser fornecidos estão escritos em azul) e das características dos materiais. QUADRO 3 -Onde devem ser fornecidos os valores das intensidades dos carregamentos g (g engloba g1 -peso próprio e g2- sobrecarga permanente de revestimento/piso) e q (carga acidental). A planilha calcula automaticamente o valor do momento referente a cada combinação de ação e os seus valores serão utilizados para o cálculo da inércia equivalente. O valor de g1 poderá ser considerado fixo para cada tipo de laje e retirado das tabelas dos fabricantes QUADROS 4 e 5 – Nestas células é determinada a inércia no Estádio I considerando a seção homogeneizada e, usando-se o mesmo procedimento no quinto quadro, considerando porém que a seção funcionar no estádio II0 ( 2 puro), calcula-se a inércia e posição da linha neutra. Determina-se também o momento de fissuração (Mr). Na figura estão indicados as dimensões que são consideradas no cálculo. Nas tabelas 5 e 6 o formulário usado para determinação das características geométricas Figura 3. a) Seção transversal, b) Seção transversal em forma de “Tê” Tabela 5- Características geométricas de seções transversais em “tê”- Estádio I Expressão Área Ag= (bf - bw) hf + bw.h Centro de gravidade h 2f h2 (b f − b w ) ⋅ + b w ⋅ 2 2 yg = Ag Momento de inércia à flexão ( b f − b w ) ⋅ h 3f b w ⋅ h 3 hf h + + (b f − b w ) ⋅ yg − + b w h ⋅ yg − 12 12 2 2 2 Ig = 2 JUBILEO Prof. JULIO RICALDONI X X I X J O R N A D A S S U D A M E R I C A N A S D E I N G E N I E R I A E S T R U C T U R A L Tabela 6- Características geométricas de seções transversais em “tê” com armadura longitudinal As - Estádio I Expressão Área Ah= (bf - bw) hf + bw.h + As (α-1) Centro de gravidade h 2f h2 (b f − b w ) ⋅ + b w ⋅ + A s (α − 1) ⋅ d 2 2 yh = Ah Momento de inércia à ( b f − b w ) ⋅ h 3f b w ⋅ h 3 hf h Ig = + + (b f − b w ) ⋅ y h − + b w h ⋅ y h − 12 12 2 2 + As (α-1) (yh-d)2 flexão 2 2 As fórmulas relacionadas nas tabelas anteriores valem também para as seções retangulares bastando igualar os valores de bf e hf a zero. - não ocorre escoamento do aço nem do concreto. Figura 4 - Seção transversal em forma de “Tê” no estádio II puro No cálculo do momento de inércia no estádio ΙΙ puro é necessário que se conheça a posição da linha neutra. Para tanto, pode-se utilizar a expressão proposta por GHALI (1986), que em casos de vigas com seção em forma de T é dada por: a1 x2 + a2 x + a3 = 0 onde: a1 = bw/2 a2 = hf(bf - bw)α + (αe - 1).As’ + αe.As hf a3 = - d’(αe - 1).As’ -d.αe.As (bf - bw) 2 Assim, o valor de x resulta em: x= − a 2. ± a 2 2 − 4. a 1 . a 3 2. a 1 QUADRO 6 – É adotado um valor de coeficiente de fluência (ϕ) (neste caso já se considera na verdade o valor de 1+ φ ,) Neste adota-se um valor representado pela coluna φ , e calcula-se a relação entre curvatura no tempo infinito (coluna (1/r)) e tempo zero (coluna (1/r)0). As expressões JUBILEO Prof. JULIO RICALDONI X X I X J O R N A D A S S U D A M E R I C A N A S D E I N G E N I E R I A E S T R U C T U R A L da curvatura já foram apresentadas no item anterior os valores das deformações específicas podem ser calculadas pelas expressões que se seguem: Fc = M d− onde x 3 σc = 2 ⋅ Fc bf ⋅ x εc = σc Ec εs = Ft Es. As M é o momento atuante x é a altura da linha neutra Es – módulo de elasticidade do concreo QUADRO 7 são apresentados, através de cálculo automático, os valores das inércias médias (usando Branson (1996)), cuja expressão da inércia está explicitada no item anterior, para as combinações de carregamento. QUADRO 8 - É apresentado o valor da flecha atuante (total) em cm para a seção considerada. QUADRO 9 - É apresenta-se o valor referente à flecha devida ao peso próprio considerando-se a utilização de contra-flechas. QUADRO 10 - É calculada a flecha devida a carga acidental. Os dois últimos quadros informam se as flechas calculadas atendem às recomendações normativas descritas anteriormente. Assim, para montar uma tabela do tipo da tabela 3, usando a planilha descrita anteriormente, pode-se proceder da forma descrita a seguir. Escolhe-se um tipo de laje (β12 por exemplo) e entrando na planilha anterior com suas características geométricas, um valor para armadura, e um certo carregamento, pode-se verificar para um certo valor de vão l, se o estado de deformação excessiva é atendido. Inicia-se com o vão proposto pela tabela do Manual do Sistema Treliçado Global, que atende ao estado limite último (colapso). A planilha fornecerá automaticamente os resultados dos deslocamentos e verificará se com o valor do vão adotado, considerando a fluência do concreto, o estado limite de deformação excessiva é atendido. Caso a deformação seja superior aos limites de Norma, deve-se adotar um novo vão (inferior ao anterior) até que o resultado final encontrado na coluna “RESULTADO “ apresente a sigla “OK” (caso contrário é apresentado a legenda “NÃO ”). Para a confecção das tabelas foram utilizados os dados das lajes do tipo β10, β12, β16 fornecidos pelo Manual do Sistema Treliçado Global. Em todas as situações considerou-se para o coeficiente de fluência ϕ o valor 2,0 recomendado pela NB1- 80 e para o concreto considerou-se também em todos os casos o valor de fck=20 MPa. O procedimento deve ser feito para cada uma das intensidades de carga acidental constantes na tabela (que correspondem às situações mais freqüentes) e para as diversas categorias de resistência. A verificação é sempre iniciada com o valor do vão fornecido pela tabela do fabricante, reduzindo-o gradualmente em valores de 5 cm, até encontrar o novo vão que será anotado para confecção da nova tabela. Observa-se que a tabela inicial (β10) (tabela 3) é constituída por 104 valores de vão limites. Assim, será necessário no mínimo 104 tentativas para montar uma nova tabela. Como quase sempre não se obtêm resultado na primeira tentativa o número de operações é bem maior que o indicado e para esta tabela foram usadas em torno de 416 tentativas de cálculo. JUBILEO Prof. JULIO RICALDONI X X I X J O R N A D A S S U D A M E R I C A N A S D E I N G E N I E R I A E S T R U C T U R A L Para cada tipo de laje (altura) pode ser montada uma planilha que ficará com os dados armazenados. Em algumas situações o vão da tabela do Sistema Treliçado Global já atende às deformações limites como mostra a situação do exemplo seguinte. Para se usar a laje com nervura pré-moldada utilizando todo seu potencial torna-se importante o emprego da contra-flecha, que consiste na introdução de deformações contrárias (através do calçamento dos pontaletes) àquelas que a estrutura terá ao se deformar sob as cargas de utilização Tabela 4. Valores máximos (m) de vãos para lajes simplesmente apoiadas com altura de 10 cm (capa de 3 cm); ruptura e deformação excessiva atendidas β10 LAJE TRELIÇADA Classe e armadura (cm2) FORRO 50 100 150 200 350 500 6 - 0,488 3,15 2,95 2,85 2,80 2,65 2,20 1,95 7 - 0,537 3,20 3,00 2,90 2,90 2,75 2,30 2,05 8 - 0,591 3,20 3,05 3,00 2,95 2,85 2,40 2,10 9 - 0,650 3,25 3,10 3,05 3,00 2,85 2,55 2,20 10 - 0,715 3,30 3,20 3,15 3,05 2,90 2,65 2,35 11 - 0,787 3,35 3,25 3,25 3,10 2,95 2,70 2,45 12 - 0,865 3,40 3,35 3,35 3,15 3,05 2,75 2,55 13 - 0,952 3,40 3,40 3,20 3,10 2,80 2,60 14 - 1,047 3,50 3,45 3,30 3,15 2,85 2,65 15 - 1,152 3,50 3,35 3,25 2,95 2,75 16 - 1,394 3,60 3,45 3,30 3,00 2,80 17 - 1,533 3,65 3,50 3,40 3,10 2,85 18 - 1,686 3,75 3,60 3,45 3,15 2,95 19 - 1,855 3,85 3,65 3,55 3,25 3,00 20 - 2,040 3,75 3,65 3,30 3,10 21 - 2,244 3,85 3,70 3,40 3,15 22 - 2,469 3,95 3,80 3,50 3,25 3,90 3,55 3,35 4,00 3,65 3,40 CARGAS (kgf/m2) 23 - 2,716 24 - 2,987 Intereixo = 50 cm; peso próprio = 111 kgf/m ; fck = 20 MPa; coeficiente de fluência ϕ = 2. 2 A contra flecha a ser adotada deve ser tal que a laje apresente deformações que atendam os limites prescritos. Assim a expressão da contra-flecha (ac) aplicada é: -ac+ ag1+g2+0,7q +R • ag1+g2+0,2q ≤ alimite e -ac+ ag1+g2 ≤ alimite JUBILEO Prof. JULIO RICALDONI X X I X onde J O R N A D A S S U D A M E R I C A N A S D E I N G E N I E R I A E S T R U C T U R A L ac - valor da contra-flecha ag1+g2+0,7q – flecha para a combinação freqüente (no tempo “infinito) ag1+g2+0,2q – flecha para a combinação quase permanente ag1+g2 - flecha para a ação de cargas permanentes alimite - flecha limite A partir do procedimento descrito anteriormente pode-se construir tabelas do tipo das tabelas 4 e 5 apresentadas logo em seguidas. Apresenta-se também a tabela 6 que mostra, a título de exemplo como podem ser resumidas as contra-flechas para a laje de 10 cm de altura. Tabela 5. Valores máximos (m) de vãos para lajes simplesmente apoiadas com altura de 12 cm (capa de 4 cm); ruptura e deformação excessiva atendidas β12 LAJE TRELIÇADA Classe e armadura (cm2) FORRO 50 100 150 200 350 500 6 - 0,367 3,75 3,55 3,25 3,00 2,80 2,40 2,10 7 - 0,404 3,80 3,60 3,40 3,15 2,95 2,50 2,20 8 - 0,444 3,85 3,65 3,50 3,30 3,10 2,60 2,30 9 - 0,488 3,90 3,70 3,55 3,40 3,20 2,70 2,40 10 - 0,537 3,95 3,75 3,60 3,45 3,30 2,80 2,50 11 - 0,591 4,05 3,80 3,65 3,50 3,40 2,85 2,55 12 - 0,650 4,10 3,90 3,70 3,55 3,45 2,95 2,65 13 - 0,715 4,15 3,95 3,75 3,65 3,50 3,00 2,70 14 - 0,787 4,25 4,05 3,85 3,70 3,55 3,10 2,80 15 - 0,865 4,35 4,10 3,90 3,75 3,65 3,20 2,85 4,20 4,00 3,85 3,70 3,30 2,95 17 - 1,047 4,10 3,95 3,80 3,45 3,05 18 - 1,152 4,20 4,05 3,90 3,55 3,15 19 - 1,686 4,30 4,10 4,00 3,65 3,25 20 - 1,855 4,40 4,20 4,05 3,75 3,35 21 - 2,040 4,30 4,15 3,80 3,45 22 - 2,244 4,45 4,30 4,00 3,55 23 - 2,469 4,55 4,40 4,00 3,65 24 - 2,716 4,65 4,50 4,10 3,80 25 - 2,987 4,75 4,60 4,20 3,90 26 - 3,266 4,85 4,70 4,30 4,00 27 - 3,615 5,00 4,80 4,45 4,15 16 - 0,952 CARGAS (kgf/m2) Elementos espaçados de 50 cm; peso próprio = 141 kgf/m2; fck = 20 MPa; coeficiente de fluência ϕ = 2. JUBILEO Prof. JULIO RICALDONI X X I X J O R N A D A S S U D A M E R I C A N A S D E I N G E N I E R I A E S T R U C T U R A L Tabela 6 – Contra-flecha (mm) utilizada para atendimento dos estados de deformação excessiva e limite último – laje β 10 CLASSE 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 CONTRA-FLECHA UTILIZADA (mm) CARGAS FORRO 50 100 150 0 0 3 6 0 0 3 8 0 1 5 9 0 2 6 9 0 3 8 9 0 4 10 10 0 5 11 10 6 11 10 7 11 11 11 10 12 11 11 11 12 12 13 11 12 12 13 β10 200 8 9 9 8 9 9 10 10 10 11 11 11 11 12 12 12 12 13 13 350 8 8 9 9 9 9 9 9 9 10 9 10 10 11 10 11 11 11 12 500 7 8 8 8 8 8 8 8 8 9 9 9 9 9 10 10 10 11 11 7. EXEMPLO NUMÉRICO Seja determinar a altura de laje pré-moldada, simplesmente apoiada com os seguintes dados: vão de 3,55 m, carga acidental q = 150 kgf/m2; sobrecarga permanente g2 = 50 kgf/m2; concreto com fck=20 MPa; coeficiente de fluência de ϕ=2, Aço tipo CA60 . SOLUÇÃO -Usando a tabela 4 com entrada de p= 150 (q) + 50 (g2) = 200 kfg/m2 concluíse que a laje β10, classe 19 (As=1,885 cm2) atende as condições. Consultando a tabela 5 verifica-se que para a laje β12, classe 14 (área de aço de As=0,785 cm2) o vão que atende a todas condições é o de 3,55 m. Caso se deseje o menor consumo de concreto opta-se pela primeira solução (β10, classe 19). Caso contrário adotaria-se a segunda (β12, classe 14). Para efeito de exemplo opta-se pela primeira solução - β10, classe 19 - Verificando, em seguida, os resultados e apresentando-se os cálculos de armadura e os valores das flechas para diversas situações. A seção transversal é apresentada na Figura 3. JUBILEO Prof. JULIO RICALDONI X X I X J O R N A D A S S U D A M E R I C A N A S D E I N G E N I E R I A E S T R U C T U R A L Figura 3 – Seção transversal de cálculo do exemplo -Cálculo da armadura Com o valor de Md=3,41 kN.m; d=9 cm; fck=20 MPa; ϕ=2, aço CA-60 chega-se em uma armadura de As=0,75 cm2, bem inferior a utilizada na solução que é de 1,885 cm2. É bom salientar que se fosse considerada apenas a condição de estado limite último este valor de armadura permitiria, com o carregamento em questão, o uso de um vão de 5,45 m. Segundo a tabela do Manual do Sistema Treliçado Global (tabela 3) o vão neste caso seria de 4,7 m que, como será visto adiante, é o vão obtido considerando a condição de flecha limite com a inércia no estádio I. Notar que se fosse adotada a segunda solução, o valor da armadura necessária estaria bem mais próximo do exigido pela verificação de deformação excessiva. -Verificação das flechas Inicialmente é preciso determinar as propriedades da seção no estádio I e II. Usando os programas desenvolvidos por Molina (1999) obtêm-se: II = 1885 cm4 (inércia no estádio I), MR = 0,68 kN.m (momento de fissuração), III=809 cm4(inércia no estádio II puro), yII =2,1 cm (linha neutra no estádio II) Com estes valores e usando a expressão de Branson pode-se obter as flechas imediatas para as diversas combinações da tabela 6. Tabela 6 – Flechas imediatas considerando o efeito da fissuração Im (cm4) a (cm) ação M (kN.m) MR/M .g1+g2 1,26 0,539 978 0,59 g1+g2+0,2q 1,496 0,454 909 0,75 g1+g2+0,7q 2,087 0,326 846 1,12 g1+g2+q 2,441 0,278 832 1,33 O valor do módulo de deformação do concreto vale Ec= 5940 f ck + 3,5 = 2,88x104 MPa . Com o valor do momento para a combinação quase permanente (M=1,496 kN.m) e considerando a linha neutra do estádio II (yII =2,1 cm) chega-se a : εc = 1,19x10-4 e εs = 4,55x10-4. Usando ϕ=2 obtêm-se para a relação entre as curvaturas R=1,414 Valores das flechas afinal = ag1+g2+0,7q +R • ag1+g2+0,2q = 1,12+1,41x0,75= 2,17 cm aq = ag1+g2+q + ag1+g2 = 1,33-0,59= 0,74 cm JUBILEO Prof. JULIO RICALDONI X X I X J O R N A D A S S U D A M E R I C A N A S D E I N G E N I E R I A E S T R U C T U R A L Valores limites Combinação freqüente alimite =355/300=1,18 cm (em princípio menor que a flecha final) Carga acidental alimite =355/500=0,71 cm (valor praticamente igual ao da flecha atuante) Valor máximo e mínimo da contra flecha Máximo ac = (0,59+1,18)= 1,77 cm mínimo ac =2,17-1,18 = 0,99 Valor final da flecha após a contra-flecha afinal = ag1+g2+0,7q +R • ag1+g2+0,2q - ac = 1,12+1,41x0,75 –0,99 = 1,18 cm ≈ alimite Caso fosse considerada a seção trabalhando no estádio I e sem considerar o efeito da fluência, o valor do vão máximo poderia ser obtido igualando-se a flecha atuante com o valor limite chegando-se a: a= 5 ⋅ 0,1325 ⋅ ! 4 ! = 6 −5 300 384 ⋅ 2,88 ⋅ 10 ⋅ 1,885 ⋅ 10 → ! = 4,70 m exatamente o valor proposto pela tabela do Manual Sistema Treliçado Global. 7. CONCLUSÕES, COMENTÁRIOS E SUGESTÕES A principal conclusão que pode ser obtida deste estudo é que a escolha da altura da laje, na maioria dos casos, fica determinada pela verificação da deformação excessiva. Apenas para pequenos vãos e grandes sobrecargas de uso é que condição do estado limite último de ruína passa a ser determinante. Desta maneira, as tabelas encontradas no mercado são inadequadas para serem usadas, pois não consideram o efeito da fissuração e fluência do concreto. Os resultados obtidos no trabalho mostram como é importante usar a contra-flecha, pois sem a sua consideração haveria uma limitação muito grande no valor do vão a ser vencido. Porém, neste caso é bastante importante avaliar com precisão a flecha imediata para indicar a contra-flecha adequada evitando-se provocar um arqueamento excessivo da laje. O grupo de autores continuará a desenvolver a segunda parte deste estudo que consiste em analisar, experimentalmente, o efeito da fissuração do concreto na flexão, o efeito da fluência, da continuidade e espaçamento das escoras durante a concretagem. Procurará usar os resultados obtidos no estudo experimental da determinação do espaçamento entre escoras durante a concretagem SILVA [2000], que poderão trazer outras limitações ao uso de contraflechas. Após a realização destas pesquisas experimentais poder-se-á contar com um procedimento de cálculo e tabelas para a determinação da altura e armadura bem mais precisas que as atuais. Embora os procedimentos aqui descritos estejam baseados no texto da NB1-80, não é difícil, adaptá-los ao texto da nova norma que deverá entrar em vigor em um futuro próximo.O estudo de JUSTE [1997] que já considerava os textos de diversas normas conclui que o texto da NB1-80, entre as normas analisadas, era o mais conservador. Assim, acredita-se que refazendo-se as tabelas aqui apresentadas, levando em conta os limites e combinações de ações previstos pela nova norma, obter-se-á maiores vãos para a maioria das situações. Apesar da crítica feita às tabelas usuais de determinação de vão máximo (ou altura mínima), elas apresentam um modelo bastante interessante e mostra-se que basta considerar a verificação do estado de deformação excessiva, levando em conta a fluência e fissuração do concreto, para tornálas completas. As duas restrições que podem ainda ser feitas são quanto ao coeficiente de fluência e a resistência à compressão do concreto (que influencia diretamente o módulo de deformabilidade), que devem ser fixados previamente para se obter as referidas tabelas. Ainda assim, esta sistemática passa a ser bem mais apropriada que a seguida até então, pois além da nova tabela, devidamente JUBILEO Prof. JULIO RICALDONI X X I X J O R N A D A S S U D A M E R I C A N A S D E I N G E N I E R I A E S T R U C T U R A L corrigida e apresentada no formato convencional, indicam-se, em tabelas complementares, os valores de contra-flecha que devem ser usados em cada situação. As tabelas apresentadas neste trabalho servem para sistemas simplesmente apoiados. Não se justifica porém tentar confeccionar tabelas similares para sistemas contínuos, devido à dificuldade em se determinar com exatidão os momentos fletores nos apoios internos (devido à plastificação do concreto) e a possibilidade de ocorrência de diferentes relações entre vãos. Recomenda-se, nestes casos, usar os valores das tabela das lajes simplesmente apoiadas como ponto de partida para obterse através de verificações a otimização da quantidade da armadura da mesma. Como já foi amplamente citado neste trabalho e nos de JUSTE [1997] e MORAES [1997] o cálculo do estado de deformação de uma estrutura de concreto armado apresenta um grande grau de dificuldade, devido ao grande número de variáveis que nele influem. Os resultados obtidos pelo procedimento escolhido podem não representar exatamente a realidade, mas permitem que os projetistas usando-os com critério nas análises, criem com uma probabilidade razoável de sucesso, as condições propícias de funcionamento da estrutura fazendo com que as deformações excessivas sejam evitadas. Estes cuidados fazem com que usuários destas estruturas fiquem livres dos transtornos que podem ocorrer quando estas condições não são atendidas, tais como consertos, reforços etc. Na prática ocorrem várias situações que não puderam ser considerados no estudos, e que podem influenciar significativamente nos valores dos deslocamentos, tais como: condições da cura do concreto (especialmente a capa), variações no valor do módulo de deformabilidade do concreto, condições de apoio que impedem o livre giro das nervuras, condições climáticas variáveis e diferentes das adotadas (temperatura, umidade relativa etc), coeficiente de fluência diferente do valor adotado e outros mais. Algumas destas condições podem influenciar aumentando ou diminuindo as deformações, e assim recomenda-se, sempre que possível, adotar providências que melhorem a cura do concreto, retardem a retirado do escoramento (permitindo um valor maior para a resistência à compressão, do coeficiente de deformabilidade e diminuição do coeficiente de fluência do concreto), e incluir armaduras que ajudem o funcionamento da continuidade. Os autores agradecem o auxílio recebido da FAPESP para o desenvolvimento deste trabalho. 8. Bibliografia ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA DAS LAJES; SINDICATO DA INDÚSTRIA DE PRODUTOS DE CIMENTO DO ESTADO DE SÃO PAULO (1998): Manual Técnico – Sistema Treliçado Global. São Paulo. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (1980). NBR-6120: Cargas para o cálculo de estruturas de edificações. Rio de Janeiro. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (1980). NBR-1: Projeto e execução de obras de concreto armado. Rio de Janeiro. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (1984). NBR-8681: Ações e Segurança nas Estruturas. Rio de Janeiro. BORGES, J.U.A (1997). Critérios de projeto de lajes nervuradas com vigotas pré-fabricadas. São Paulo. Dissertação (Mestrado) – Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. BRANSON, D.E. Deflection of reinforced concrete flexural members. Journal of American Concrete Institute. New York, 1966. CAIXETA, P.D. (1998). Contribuição de laje mistas pré-fabricadas com vigas treliçadas. Campinas. Dissertação (Mestrado) – Faculdade de Engenharia Civil – Universidade Estadual de Campinas. CARVALHO, R.C. (1994). Análise não-linear de pavimentos de concreto através da analogia de grelha. São Carlos. Tese (Doutorado) – Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo. CARVALHO, R.C.; FIGUEIREDO FILHO, J.R.; (1998). Construções de Concreto 1. São Carlos. Apostila – Universidade Federal de São Carlos. JUBILEO Prof. JULIO RICALDONI X X I X J O R N A D A S S U D A M E R I C A N A S D E I N G E N I E R I A E S T R U C T U R A L CARVALHO, R. C.; FIGUEIREDO FILHO, J. R.; FURLAN JUNIOR, S (1998). Processo aproximado para o cálculo de lajes pré-moldadas nervuradas. Anais: III Congresso de Engenharia Civil. UFJF. Juiz de Fora. CARVALHO R. C., JUSTE A. E.; MORAES C. A. (1997). “Diretrizes para a verificação do estado limite de deformação excessiva de pavimentos de concreto armado” - XXVII Jornadas Sul-Americanas de Engenharia Estrutural, pág. 735 vol. 2. São Carlos. DI PIETRO, J.E. Projeto, execução e produção de lajes com vigotas pré-moldadas de concreto. Florianópolis, 1993, 99 p. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Santa Catarina. DINIZ, H. (1988). Lajes com armação em treliça. 2.ed. São Paulo, Vieira de Campos. DROPPA, Júnior A. (1999). Análise Estrutural de Lajes Formadas por elementos pré-moldados tipo vigota com armação treliçada. Tese (Mestrado) – Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo. FLORENTINO REGALADO TESORO. Los forjados reticulares. Manual Practico. Cype Ingenieros. FRANCA, A. B. M; FUSCO, P.B. (1997). As lajes nervuradas na moderna construção de edifícios. São Paulo, AFALA/ABRAPEX. GASPAR, R. (1997). Análise da segurança estrutural das lajes pré-fabricadas na fase de construção. São Paulo. Dissertação (Mestrado) – Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. GHALI, A.; FAVRE, R. Concrete structures: stresses and deformations. Chapmman Hall. London, 1986. JUSTE, A.E. (1997). Estudo dos deslocamentos de pavimentos de edifícios de concreto armado. São Carlos. Relatório de iniciação científica – Universidade Federal de São Carlos. LAJES DO FUTURO (1998). Construção, São Paulo, n.2616, p.16-19, março. LIMA, J.C.O. (1993). Sistema treliçado global. 4.ed. Campinas, Mediterrânea (Boletim técnico). MEDITERRÂNEA (1992). Manual de tabelas práticas. Noticiário Mediterrânea. ano 3, no 4. Campinas. MERLIN A J., FURLAN JUNIOR S. (1999) Lajes pré-moldadas de concreto: A consideração da plastificação nos valores dos momentos negativos em elementos hiperestáticos e seus efeitos no dimensionamento do pavimento -Relatório de |niciação Científica . FAPESP - São Carlos, Dezembro de 1999. MESQUITA V. V., CARVALHO R. C.(1999) Escolha da altura de lajes pré-moldadas para pavimentos de edificações considerando as verificações do estado limite último e de deformação excessiva -Relatório de |niciação Científica . FAPESP -processo 99/00612-7 São Carlos, Agosto de 1999. MINISTERIO DE OBRAS PÚBLICAS, TRANSPORTES Y MEDIO AMBIENTE (1996). Instruccion para el proyecto y la ejecucion de forjados unidirecionales de hormigon armado o pretensado (EF - 96). Madrid, 1996. MOLINA. V.E.(1999). Programa PROPF. São Carlos. Universidade Federal de São Carlos. MONTOYA, M. M. (1976) Homigon Armado. 8a edición. Editorial Gustavo Gili,S. A.. Barcelona. MORAES, C.A. (1996). Estudo dos deslocamentos de pavimentos de edifícios de concreto armado. São Carlos. Relatório de iniciação científica – Universidade Federal de São Carlos. MUNIZ, C.E. (1991). Mais competitivas: lajes treliçadas. Revista IBRACON, v.1, n.1, p.19-21, julho, agosto. PEREIRA, V.F. (1998). Manual de projeto de lajes pré-moldadas treliçadas. São Paulo, Associação dos fabricantes de laje de São Paulo. SILVA L. M., CARVALHO, R.C. (2000) Estudo Experimental do Espaçamento de Escoras em Lajes com Nervuras Pré-Moldadas do Tipo Trilho para Pavimentos de Edificações..Relatório Científico Final - Processo: 99/05297-2 São Carlos