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Viagem a Calabardina
Calabardina, como destino de mergulho, pode-se resumir em poucas palavras por águas
quentes e cristalinas, meros e naufrágios. Qual é o mergulhador, desde o iniciante ao mais
avançado, que não gosta de um cenário como este. Calabardina é o destino do primeiro
artigo de um novo tema da nossa secção de artigos, Viagens de Mergulho.
Vila de Calabardina
A vila de Calabardina situa-se
na
costa
espanhola
mediterrânea, conhecida por
Costa Cálida, entre Alméria e
Múrcia, sendo a cidade mais
próxima a pequena cidade de
Águilas. Calabardina fica a
cerca 970 km de distância de
Lisboa, sendo a forma mais
económica, e possivelmente a
mais viável, de chegar até lá a
viagem de carro. Esta viagem
pode ser realizada em cerca de
8 / 9 horas quase sempre em
auto-estradas quer em território
nacional ou espanhol.
Esta vila foi outrora uma vila piscatória, vindo a tornar-se por excelência um local de
veraneio. A vila é constituída essencialmente por vivendas de um ou dois andares, que
podem facilmente ser alugadas. Existe também um hotel, três supermercados e alguns
restaurantes, contudo se necessitarmos de outro tipo de comércio teremos de nos deslocar a
Águilas.
Para mergulhar neste local, existem dois centros de mergulho na vila e mais alguns na
cidade de Águilas, mas sem dúvida existe um que se destaca de todos os outros, o Centro de
Buceo La Almadraba. Este centro é propriedade de Diego Martinez, um filho da terra,
descendente de uma família de pescadores.
Diego desde muito cedo que está ligado ao mergulho profissional, dedicando-se
posteriormente também ao mergulho recreativo, sendo ele o responsável pelos mais de 30
naufrágios presentes nestas águas.
Locais de Mergulho
Existem diversos locais de mergulho nesta zona, cada um deles com mais de uma imersão
possível devido à sua extensão e assuntos de interesse. As águas são bastantes límpidas,
podendo atingir os 25m de visibilidade, sendo bastante frequente visibilidade entre os 15m e
20m. A temperatura da água também é bastante agradável, rondando os 22ºC nos meses de
Verão (nesta viagem no mês de Novembro, foi esta a temperatura encontrada). As correntes
são quase inexistentes, à excepção de alguns locais onde o mergulho é realizado à deriva.
De entre os diversos locais de mergulho nesta zona, todos acessíveis a poucos minutos de
barco do pontão da praia de Calabardina, existem dois que são os mais explorados, sendo
estes a “Cueva de la Virgem” e o “Juanito Montoya”.
Cueva de la Virgem
Este mergulho é caracterizado por uma pequena
gruta onde à entrada se encontra uma imagem
com a representação da virgem, que dá nome ao
local de mergulho, sendo a saída desta gruta feita
através de uma chaminé bastante ampla que nos
conduz a um planalto a poucos metros de
profundidade onde podemos encontrar uma
enorme âncora. Junto à imagem da virgem
podemos encontrar dezenas de concha de
haliotis, que são lá depositadas propositadamente
como de moedas se tratassem, à semelhança de
outros locais de culto. A base da imagem dá
abrigo a um enorme safio e a um enorme cavaco.
Os mergulhos neste local, tanto podem começar
como acabar nesta gruta, sendo possível ver mais
de 3 naufrágios em cada imersão. Desde um
pequeno bote, a vários barcos de pesca,
passando pela asa traseira de um pequeno avião
bimotor, que serve de refúgio a várias moreias e
eremitas.
A vida é abundante e podemos ver
cardumes enormes de sargos de
bom porte, que assim que o barco
pára, se aproximam do mesmo, à
espera de uma refeição fácil.
Dezenas de moreias, peixes lagarto,
que se encontram a caçar no areal
entre naufrágios também são
habituais. Neste local de mergulho
as sempre presentes castanhetas e
as talassomas juntam-se a dois
meros nas espécies presentes neste
local.
Numa das zonas deste mergulho, e
em algumas alturas do ano
(Primavera e Outono) é também
frequente a visita de um peixe-lua.
Juanito Montoya
O Juanito Montoya, ou apenas Montoya
como é mais conhecido é o primeiro
naufrágio de entre os mais de 30
presentes nesta zona. Este local de
mergulho é sem qualquer dúvida o
mergulho de eleição em Calabardina.
Com uma profundidade máxima de 34
metros de profundidade é possível visitar
vários naufrágios, sendo necessário mais
de um mergulho para visitar todos os
pontos de interesse.
O ponto alto deste mergulho, começa
quando os meros, de bom porte, se
aproximam dos mergulhadores à espera
da habitual refeição. Os mergulhadores desenrolam-se junto aos naufrágios, onde se
observam os meros a comer os pequenos peixes que lhe são oferecidos. A acrescentar ao
espectáculo quase indescritível de termos cerca de uma dezena de meros a poucos
centímetros dos nossos olhos e objectivas, existem também as grandes moreias que fazem
questão de reclamar a sua parte na refeição.
Devido à profundidade do local, não podemos ficar o tempo que gostaríamos e os
computadores começam a avisar que chegou a altura de subir. No dia seguinte, embora com
um cenário um pouco diferente, os meros e as moreias conseguem proporcionar uma
emoção semelhante.
Centro de Buceo La Almadraba
O Centro de Buceo La
Almadraba é o centro de
mergulho de gestão familiar,
dirigida pelo Diego Martinez,
onde se podem encontrar os
seus sobrinhos e irmã a
trabalhar. Mesmo sendo um
centro de gestão familiar, está
equipado
com
amplos
balneários com chuveiros de
água quente, uma zona de
lavagem de equipamento e
outra
de
secagem.
Está
preparado para receber cerca
de
uma
centena
de
mergulhadores. O centro de
mergulho disponibiliza garrafas
de 12l, 15l e 18l cheias a ar a
200 BAR. O centro possui
várias
embarcações
semirígidas que conduzem os
mergulhadores aos locais de
mergulho.
É ainda possível visitar um pequeno museu, onde se podem encontrar fotografias e
artefactos dos barcos desmantelados e afundados propositadamente para a prática do
mergulho.
Fotografias Subaquáticas: Mário Silvestre
Fotografias Terra: André Ventura
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