O papel das Universidades Públicas Estaduais e Municipais no Desenvolvimento da Educação Superior no Brasil JOÃO CARLOS GOMES*, Benjamim de Melo Carvalho**, Cleide Aparecida Faria Rodrigues**, Gisele Alves de Sá Quimelli**, Graciete Tozetto Goes**, João Irineu de Resende Miranda**, Osnara Maria Mongruel Gomes** * Reitor da Universidade Estadual de Ponta Grossa/Paraná – Brasil e Presidente da Associação Brasileira de Reitores das Universidades Estaduais e Municipais – ABRUEM ([email protected]) ** Professores da Universidade Estadual de Ponta Grossa/Paraná/Brasil Abstract: Na estrutura de Ensino Superior no Brasil temos as instituições Particulares, as Comunitárias, as Públicas Federais e as Publicas Estaduais e Municipais, estas últimas compõe a ABRUEM (Associação Brasileira de Reitores das Universidades Estaduais e Municipais Brasileiras). No Brasil as instituições Públicas Federais foram implantadas nos grandes centros (Capitais dos Estados) e as instituições Estaduais e Municipais em cidades do interior dos Estados Brasileiros, o que possibilitou um avanço muito grande em relação a Educação, Áreas Sociais, Economia e da Saúde no interior do país. O Sistema ABRUEM é composto por 40 Universidades, com aproximadamente 42.000 professores (75% de mestres e doutores), 700.000 alunos de graduação e 115.000 alunos de pós-graduação stricto-sensu (mestrandos e doutorandos). As Universidades Estaduais e Municipais Públicas Brasileiras são responsáveis por mais de 40% das pesquisas e da pós-graduação no Brasil. Nestes últimos anos a ABRUEM tem procurado ampliar, através de suas afiliadas, o intercâmbio acadêmico com universidades e centros de pesquisas de outros países. O compromisso de nossas instituições é ofertar um ensino superior de qualidade, onde podemos destacar alguns pilares para atingirmos esta qualidade acadêmica: Modelo Acadêmico de Pertinência Social, Pesquisa e Pós-Graduação, Integração com a Comunidade Produtiva e Inovação, Mobilidade Acadêmica e Educação a Distância. Palavras chaves: Educação Superior; Qualidade Acadêmica; Desenvolvimento. As universidades brasileiras têm nos últimos anos se preocupado cada vez mais, com a qualidade do ensino ofertado aos seus alunos de graduação e pós-graduação. Vários são os fatores que coloca hoje o Brasil, num dos países que mais produz cientificamente no mundo onde a média de crescimento anual da produção científica do Brasil é superior a média mundial: o investimento público federal e dos estados da federação em programas de pós-graduação stricto-sensu (mestrados e doutorados) e em pesquisas, inclusive para os alunos de graduação (Programa de Iniciação Científica – CNPq e Fundações Estaduais); o investimento das estruturas físicas das universidades públicas federais/estaduais/municipais e equipamentos para ensino e pesquisa; a qualificação do corpo docente (mais de 70% com a titulação de mestres e doutores); o recém criado Programa Ciência Sem Fronteiras (CAPES/CNPq), onde em 04 (quatro) anos se pretende que 100.000 jovens brasileiros (alunos de graduação e pós-graduação) possam ter uma experiência numa universidade de excelência ou instituto de pesquisa no exterior. Dentre os sistemas de ensino superior no Brasil, destacamos o Sistema Público Estadual de Municipal. As universidades estaduais e municipais brasileiras pela suas características geográficas (interior do país) sempre se preocuparam com o desenvolvimento da região que cada instituição está localizada. Para ofertar um ensino de qualidade, estas instituições procuram desenvolver suas atividades integradas com a comunidade local e também aplicar princípios acadêmicos indispensáveis nos dias atuais, onde podemos destacar: Modelo Acadêmico de Pertinência Social, Pesquisa e PósGraduação, Integração com a Comunidade Produtiva e Inovação, Mobilidade Acadêmica e Educação a Distância: 1. Modelo Acadêmico de Pertinência Social: Falar em Modelo Acadêmico já carrega em si um arcabouço teórico-metodológico enorme, onde vários argumentos poderiam ser justapostos e contrapostos dependendo de quem os relatar. Mesmo se nos centrássemos na questão do Ensino Superior, ainda teríamos diversas referências a nos reportar. Todavia, especificamente nos reportaremos a Pertinência Social vinculada ao Ensino Superior e mais especificamente à Extensão Universitária. Partimos do princípio onde entendemos Pertinência Social como a “participação na busca de solução para os problemas principais da comunidade onde [a Universidade] está inserida...” (Dias, 2001, p. 1). Sendo assim, se as Universidades pretendem adotar este Modelo Acadêmico (de Pertinência Social), devem entender que as suas atividades, quer sejam o Ensino, a Pesquisa e a Extensão, têm uma finalidade que é a de formar pessoas, nas suas áreas específicas, mas tendo como ponto de partida e chegada a comunidade e o entorno onde esta Universidade se encontra. O termo Pertinência Social engloba alguns aspectos, os quais não podemos nos furtar de mencionar, como a justiça social e democracia (Goergen, 2010). Todavia, o conceito de Pertinência Social também nos remete a pensar que, “não cabe à universidade promover uma educação instrumental focada apenas na adaptação dos estudantes à realidade socioeconômica, mas também, formar cidadãos autônomos, críticos e reflexivos, socialmente competentes. (Goergen, 2010, p. 2). Ressaltamos aqui que esta concepção de Educação está vinculada à formação de cidadãos críticos, ou seja, uma concepção de Educação Crítica para a Cidadania. Pensar em formar cidadãos críticos nos força a entender também a Universidade de forma crítica, ou seja, a Universidade tem que se perceber enquanto parte de um contexto permeado de contradições onde o Global interage com o Local. A tese da pertinência social da universidade precisa, portanto, ter em conta a nova racionalidade de funcionamento da sociedade globalizada e informatizada que envolve tanto a dimensão global, de recorte predominantemente econômico, quanto também a regional...” (Goergen, 2010, p. 5). A partir do momento em que entendemos Pertinência Social vinculada à concepção de “Educação Cidadã Crítica”, só podemos pensar em formação acadêmica através de espaços onde os alunos possam estar junto à comunidade interna/externa e pensando criticamente sobre as demandas, necessidades, problemas, etc, desta comunidade. É neste sentido que pensar um Modelo Acadêmico de Pertinência Social nos leva a pensar também em Extensão Universitária, entendida esta a partir do Modelo que o Fórum de Pró-reitores de Extensão das Instituições de Ensino Superior Públicas tem insistentemente trabalhado, desde 1988, para ver implantado no Ensino Superior Brasileiro, quer seja, uma Educação voltada para a Formação Cidadã. Sendo assim, podemos identificar alguns princípios da Extensão Universitária, formulados a partir do Documento de Política Nacional de Extensão Universitária (FORPROEX, 2012, pp.21-22) estritamente associados ao Modelo de Pertinência Social: A Universidade... deve ser sensível [aos] problemas e apelos [da sociedade], sejam os expressos pelos grupos sociais com os quais interage, sejam aqueles definidos ou apreendidos por meio de suas atividades próprias de Ensino, Pesquisa e Extensão; A ação cidadã das Universidades não pode prescindir da efetiva difusão e democratização dos saberes nelas produzidos, de tal forma que as populações, cujos problemas se tornam objeto da pesquisa acadêmica, sejam também consideradas sujeito desse conhecimento, tendo, portanto, pleno direito de acesso às informações resultantes dessas pesquisas; A prestação de serviços deve ser produto de interesse acadêmico, científico, filosófico, tecnológico e artístico do Ensino, Pesquisa e Extensão, devendo ser encarada como um trabalho social... que visem à transformação social. O desejo da Extensão Universitária é que tenhamos certamente uma Universidade voltada à “Pertinência Social”, pois este Modelo Acadêmico visualiza o mesmo objetivo da Extensão, ou seja formar cidadão críticos, encorajados a entenderem os fenômenos situados num complexo contexto social, socializando/partilhando com a comunidade externa conhecimentos adquiridos na Universidade, onde os projetos de extensão são vistos como possíveis espaços de educação crítica para a cidadania e onde é possível desenvolver a práxis, entendida não somente como intervenção na realidade, mas como intervenção refletida teoricamente. (Quimelli, 2006). Finalizamos enfatizando que o “termo educação para a cidadania, [é] bastante usado quando o tema é pertinência social” e neste sentido “a tarefa central da educação corresponde tanto à habilitação do indivíduo para a atuação no contexto social quanto ao desenvolvimento da capacidade reflexivo crítica do próprio sujeito. (Goergen, 2010, p. 5). 2. Pesquisa e Pós-Graduação: O impacto das universidades no desenvolvimento das cidades e regiões tem sido objeto de estudo já algum tempo em várias partes do mundo (1-4). Entretanto, sempre surgem novos aspectos a serem avaliados, pois as atribuições e desafios dados às universidades vem evoluindo ao longo do tempo. Inicialmente haviam as universidades focadas puramente no ensino. Em seguida, surgiram as universidades intrinsecamente focadas tanto no ensino quanto na pesquisa. Atualmente, as universidades estão cada vez mais inseridas no processo de inovação, com geração de patentes e transferência de tecnologia. É dentro deste contexto e considerando o aspecto peculiar de capilaridade do sistema de universidades estaduais e municipais brasileiro que o papel estratégico da pesquisa e pósgraduação será abordado aqui. O aspecto de capilaridade do sistema de universidades estaduais e municipais no Brasil é notável, e representa um grande mecanismo de diminuição de assimetrias não somente entre as grandes macroregiões do país, mas também dentro dos próprios estados. A presença de universidades importantes em cidades no interior é importante também para as próprias capitais, pois contribui para minimizar o inchaço das suas regiões metropolitanas ao gerar desenvolvimento e oportunidades dentro das mesoregiões onde estas universidades estão inseridas. O primeiro papel estratégico da pesquisa e pós-graduação em nível de mestrado e doutorado para as universidades estaduais e municipais é o de atrair e reter talentos para estas regiões do interior do país. É importante ressaltar que as principais fontes de financiamento de infraestrutura para as universidades no Brasil é por meio de editais associados à pesquisa e pós-graduação. As universidades mais consolidadas em termos de pesquisa e, consequentemente, em termos de pós-graduação, conseguem entrar num ciclo virtuoso, pois atraem talentos, que contribuem significativamente para a captação de recursos e para a consolidação de sua infraestrutura de pesquisa. Portanto, universidades estaduais e municipais com atuação expressiva na pesquisa e pós-graduação são importantes instrumentos de fixação de recursos humanos altamente qualificados nestas regiões do interior do país. No Brasil a evolução da pós-graduação nas últimas duas décadas é notável, tendo colocado o país na 13ª posição mundial em termos de produção científica. Entretanto, a discussão do momento é que a pós-graduação precisa avançar em dois aspectos considerados estratégicos para o país, que é a formação de professores para outros níveis de ensino e também a inserção de doutores em empresas de forma a estimular a inovação. Assim, mais uma vez a presença de uma pós-graduação forte nas universidades estaduais e municipais é fundamental, pois com a descentralização industrial que tem se verificado no país, inúmeras empresas estão se instalando justamente em cidades pólo do interior onde estão estas universidades. A contribuição da pós-graduação para a melhoria da qualidade do ensino de graduação é notável quando se tem a correta e desejável integração graduação-pós-graduação. Como já mencionado anteriormente, a pesquisa e pós-graduação é o principal meio para a melhoria de infraestrutura das universidades brasileiras. Assim, as conquistas da pesquisa e pós-graduação são também compartilhadas com os cursos de graduação por meio dos projetos de iniciação científica/tecnológica, dos trabalhos de conclusão de curso de graduação e também pela disponibilização desta infraestrutura para as aulas práticas. Vale ressaltar que a pesquisa e a pós-graduação injetam significativos recursos na economia local/regional por meio de bolsas para alunos de graduação (iniciação científica) e pósgraduação (mestrado e doutorado), e também pelos gastos associados aos projetos de pesquisa e aos programas de apoio à pós-graduação que movimentam restaurantes, hotéis e comércio local com os recursos captados de agências de fomento. Assim, a consolidação da Pesquisa e Pós-Graduação é estratégica para as universidades estaduais e municipais brasileiras, pois cada vez mais os critérios de avaliação nacionais e internacionais de qualidade abordam aspectos relacionados não somente ao ensino, mas também à pesquisa e inovação. Desse modo, a pós-graduação que queremos e devemos promover é aquela integrada à graduação, comprometida com a formação de profissionais altamente capacitados para atuação em qualquer parte do mundo (internacionalizada), mas sempre com um olhar e compromisso com o desenvolvimento regional/local e com os grande gargalos de desenvolvimento do país, como a formação de docentes para outros níveis de ensino e profissionais que promovam a inovação e aumento de competitividade das empresas brasileiras. 3. Integração com a Comunidade Produtiva e Inovação: Um importante aspecto sobre o papel das universidades públicas estaduais e municipais para o desenvolvimento sócio-econômico do país é a capacidade destas instituições de cooperar com as empresas de seu entorno e contribuir para o processo de inovação em nossa economia. Após uma breve noção sobre essa cooperação e sobre as peculiaridades do processo inovador e do marco regulatório existente sobre essa matéria pretende-se salientar a importância das universidades estaduais e municipais para o assunto. A Lei de Inovação conceitua inovação como a introdução de novidade ou aperfeiçoamento no ambiente produtivo ou social que resulte em novos produtos, processos ou serviços (Lei no. 10.793 de 2 de dezembro de 2004, 2004). A inovação é vista como a chave do desenvolvimento sócio-econômico, pois dela depende o progresso técnico que possibilita os avanços sociais. Para gerar inovação além da idéia é necessário o investimento. O problema é que a economia de mercado, por si só, não garante o fluxo suficiente de recursos para novos produtos e processos. Deste modo, para estimular a inovação é necessária a intervenção do Estado, através da socialização dos riscos e dos custos para o desenvolvimento de novos processos e produtos. (Barbosa, 2006). O papel das universidades foi destacado pelo modelo econômico chamado de gestão tríplice ou hélice da aliança estratégica para promover o desenvolvimento. Enquanto o governo define políticas públicas e mobiliza atores para o financiamento são as universidades que formam o pessoal qualificado e geram o conhecimento que será comercializado pelas empresas (Pimentel, 2012, p. 77). No Brasil a Lei de Inovação instituiu regras que favorecem parcerias entre as universidades e as empresas possibilitando o uso de seus laboratórios, a transferência de tecnologias para o setor privado e a prestação de serviços de base tecnológica (Lei no. 10.793 de 2 de dezembro de 2004, 2004). Trata-se de um marco regulatório recente, desde 2005, e algumas de suas normas tem aplicação direta restrita às Universidades Federais. Ou seja, em muitos Estados as normas de estímulo à inovação são posteriores ano de 2007, enquanto outros Estados não possuem norma sobre a matéria. As Universidades Estaduais e Municipais, mesmo com leis de incentivo mais recentes tem desempenhado um papel fundamental na integração com a comunidade produtiva em processos inovadores. Este modelo é chamado de “Terceira Variação da Hélice Tripla do Desenvolvimento” em que “A universidade passa a ter desempenho quase governamental, como, por exemplo, organizadora da inovação tecnológica local ou regional.” (Costa, Porto & Feldhaus, 2010, p. 103) O relatório do Ministério da Ciência e Tecnologia sobre a Política de Propriedade Intelectual das Instituições Científicas e Tecnológicas do Brasil – o FORMICT – espelha esta tendência. Das instituições cujos dados constam no relatório 57,4% são Universidades Federais e apenas 25% são Estaduais e Municipais (Ministério da Ciência e Tecnologia do Brasil, 2011). Mesmo assim percebe-se uma contribuição efetiva do sistema de ensino superior estadual e municipal para a inovação e a integração com a comunidade produtiva. Enquanto as universidades públicas apresentam indicadoras que as apresentam como os maiores centros nacionais em inovação percebe-se que 70% das instituições estaduais e municipais já contam com patentes depositadas ou concedidas, embora representem apenas 25% das instituições de ciência tecnologia e inovação. Por outro lado as universidades federais contam com 84% de suas instituições com patentes depositadas ou concedidas, embora representem quase 58% das instituições de ciência tecnologia e inovação (Ministério da Ciência e Tecnologia do Brasil, 2011). É patente que, pela capilarização de seu sistema de campi avançado, as universidades estaduais e municipais são capazes de contribuir com cadeias produtivas e setores industriais que não estão localizados nos grandes centros e que, por vezes, carecem de suporte para seus projetos de pesquisa e desenvolvimento de novos processos e produtos. Mesmo antes do estabelecimento das leis de incentivo à inovação em nosso país já existiam casos de universidades fornecendo suporte e desenvolvendo projetos de pesquisa e desenvolvimento para empresas em fase de reestruturação de suas atividades (Dagnino & Gomes, 2003, p. 288). 4. Mobilidade Acadêmica: A Europa, desde o fim da II Guerra Mundial, constrói sua integração, seja na economia, seja educação superior. O Processo de Bolonha cujos objetivos fundamentais estão voltados para a competitividade do Sistema Europeu de Ensino Superior frente a outras regiões e para a mobilidade e o emprego no Espaço Europeu, com vistas a harmonizar os sistemas universitários europeus, de modo a equiparar os graus, diplomas, títulos universitários, currículos acadêmicos, e adotar programas de formação contínua reconhecíveis por todos os Estados membros da União Européia. (European Higher Education Area, 2007). Foi criado também o Programa Erasmus em 1987, de apoio interuniversitário de mobilidade de estudantes e docentes do Ensino Superior entre estados membros da União Europeia e estados associados, e que permite a alunos que estudem noutro país por um período de tempo entre 3 e 12 meses. (Erasmus Mundus Programme, 2012). A internacionalização ganhou ênfase a partir de 2000 após as demandas criadas pela sociedade, pela economia e pelo mercado de trabalho e o Estado brasileiro obrigou-se ao movimento prómobilidade. As IES se obrigaram a oferecer melhor preparação e qualidade no ensino aos alunos, e também a se organizar para enviar e receber alunos inseridos nos programas de mobilidade. Afinal, “a modernidade já não pode emprestar seus padrões de orientação em modelos de outras épocas” (Habermas, 1987, p. 103). A cooperação internacional potencializa o nível das pesquisas e dos pesquisadores, traz benefícios às Instituições de Ensino, aos alunos, aos professores e ao Estado apresentando-se como um programa efetivo dentro das políticas públicas implantadas pelo Estado brasileiro. No Brasil, a presença de alunos estrangeiros na graduação bem como o intercâmbio na graduação para outros países é ainda incipiente. Com a flexibilização da graduação, há tendência da consecução de intercâmbios para aprimorar a qualidade no ensino. (Neves & Morosini, 1995). No Brasil as experiências escolares internacionais são cada vez mais presentes na trajetória de nossos jovens. Nessa perspectiva as instituições de ensino superior como espaço de construção e de acesso ao conhecimento avançado, instrumento para promoção da cultura, da geração de novos conhecimentos e de atualização permanente tornam-se protagonistas no processo de internacionalização / mobilidade garantindo a cooperação fundamentada na solidariedade e no respeito às peculiaridades de cada povo. Há um progressivo processo de internacionalização do Ensino Superior brasileiro atingindo as instituições estaduais e municipais por Programas Federais como Ciência sem Fronteiras, além das parcerias intergovernamentais e convênios interinstitucionais. São muitas vantagens para a aprendizagem do acadêmico: propiciar uma assimilação mais ampla do contexto cultural do país tais como costumes, valores, estilo de vida. Outro aspecto é a aquisição da fluência na língua do país de destino e o desenvolvimento de um indivíduo autônomo, tanto na produção de novos conhecimentos quanto na tomada de decisões. A mobilidade acadêmica destaca a centralidade do conhecimento e a importância da qualidade da formação acrescentada ao currículo do acadêmico. As universidades compreendem a exigência de que funcionem competindo em condições de igualdade tanto em âmbito nacional quanto na esfera internacional. Exige estar revisando e atualizando as suas estratégias de atuação, para possibilitar que seus egressos adquiram competências essenciais, acadêmicas e profissionais para interagir numa sociedade cada vez multicultural e internacional em constante transformação. ... Siufi (2008) aponta atividades (...) realizadas que impulsionam a internacionalização, entre elas: a mobilidade e intercâmbio de estudantes e professores; a colaboração para o ensino e a investigação; a qualidade acadêmica; a cooperação e assistência para o desenvolvimento; o desenvolvimento curricular; a diversificação das fontes de ingressos e o aumento de transferência do conhecimento científico e tecnológico. (Castro, 2011, p.5) 5. Educação a Distância: A nova configuração da nossa sociedade requer o uso intensivo das Tecnologias da Informação e Comunicação (TICS) como instrumentos para a expansão e aperfeiçoamento do sistema educacional. Não dá mais para ignorar a importância e a influência das TICs na formação das novas gerações, bem como não podemos negar a necessidade de ampliação do acesso à educação pública superior, seja presencial ou a distância. Hoje a educação a distância oferece múltiplas possibilidades de expansão do ensino superior, principalmente para as regiões distantes dos grandes centros urbanos em que o acesso a esse nível de ensino é dificultado por inúmeros fatores como distância geográfica, compromisso com trabalho, família, situação socioeconômica e outros. Todavia, o grande potencial dessa modalidade para expandir os limites territoriais do ensino, exige que se investiguem as condições socioeconômicas das comunidades envolvidas e as demandas de cada região, pois a expansão quantitativa deve ser acompanhada dos recursos tecnológicos, materiais e humanos que assegurem os indispensáveis avanços qualitativos. (Santos, 2011). A adesão das universidades estaduais e municipais aos programas de educação a distância propostos pelo poder público, tem contribuído efetivamente para a expansão e democratização do ensino superior, atendendo a uma demanda reprimida por cursos superiores nas regiões interioranas que, via de regra, já são parcialmente atendidas por essas IES, quase sempre pela via da extensão. As instituições estaduais e municipais são bons exemplos da importância dessas iniciativas, que reúnem esforços conjuntos dos poderes federal, estadual e municipal e permitem o crescimento com qualidade dos cursos superiores, servindo-se da modalidade a distância. a partir da adesão aos programas Pró-Licenciatura e Universidade Aberta do Brasil – UAB, propostas financiadas pelo MEC/FNDE/CAPES. A Universidade Aberta do Brasil funciona como articulador entre as instituições de ensino superior e os governos estaduais e municipais, com vistas a atender às demandas das micro-regiões por educação. Com medidas de fomento e de forma consorciada o MEC/CAPES, incentivou a colaboração permanente entre a União e os entes federativos, bem como a articulação entre as instituições de ensino superior e os pólos de apoio presencial, situados em municípios parceiros, que se constituem em pontos estratégicos para o desenvolvimento local e regional, estimulando assim a criação de um ambiente de vida universitária nas regiões que acolheram os pólos. Mesmo assim, não podemos deixar de afirmar que tantas realizações dependeram e dependem da vontade política não só das instâncias federais, estaduais e municipais, mas também dos reitores e administradores que comandam a Universidade. Na verdade, a viabilização da educação a distância exige a união de forças de todos os envolvidos e interessados na efetivação de uma educação de qualidade para o cidadão brasileiro. As dificuldades existem sim e muitas, como por exemplo: a implantação da EaD como política pública e como política universitária, a existência de preconceitos no interior da academia e na comunidade externa, a obtenção, manutenção e atualização do suporte tecnológico. Por outro lado, as vantagens são animadoras, entre elas cabe ressaltar o significativo aumento de vagas para ensino superior, a interiorização dos cursos, o atendimento a uma clientela antes marginalizada, o estímulo à inclusão digital e a difusão das novas tecnologias da informação e da comunicação para grandes parcelas da população. Assim, acreditando no potencial da EaD, as instituições públicas estaduais e municipais desenvolvem o seu trabalho fundamentada no compromisso ético de assumir um projeto humanizador, evitando a tendência à massificação, num processo que envolve um número considerável de participantes, mas também se compromete a alavancar a dimensão qualitativa do ensino, da extensão e da pesquisa. Nesse sentido, o foco é o aluno e seu processo de aprendizagem, superando a racionalidade tecnológica e valorizando a pessoa, o profissional e o cidadão. Referência Bibliográfica: Barbosa, D. B. (2006). Direito da Inovação. Rio de Janeiro: Lúmen Júris. Castro, A. M. D. A. (2011). Da ótica da solidariedade à lógica do mercado: as estratégias de internacionalização do ensino superior. Recuperado em 22 setembro, 2011 de http://www.anpae.org.br/simposio2011/cdrom2011/PDFs/trabalhosCompletos/comunicacoes. Costa, P. R., Porto, G. S., & Felhaus, D. (2010). Gestão da Cooperação Empresa-Universidade: o caso de uma multinacional brasileira. Revista de Administração Corporativa, 14(1), 100-121. Dagnino, R. & Gomes, É. (2003). A Relação Universidade–Empresa: comentários sobre um caso atípico. Gestão e Produção, 10(3), 283-292. Decreto nº 5.622, de 19 de dezembro de 2005 (2005). Regulamenta o Art. 80 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. 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