A Construção da Ordem a Partir da Desordem; uma carpintaria para o trabalho acadêmico Maria de Nazaré Freitas Pereira Este trabalho é uma resposta pessoal à mudança tecnológica que afeta a redação do trabalho acadêmico, em seu caminho de produção da ordem a partir da desordem. Por ocasião do desenvolvimento de pesquisa de doutorado, concluída em 1997, inventou-se uma maneira de lidar com dezenas de textos bibliográficos, o que facilitou a reconstituição das controvérsias acadêmicas a respeito do tema de pesquisa e do estudo de caso que a ilustra. Esta experiência tem se provado produtiva pelos resultados obtidos com o treinamento de cerca de 250 alunos oriundos de cursos de pós-graduação no país, entre os quais se destacam aqueles oferecidos pela Pós-Graduação em Ciência da Informação (UFRJ/ECO - IBICT/DEP) e pela Associação Brasileira das Instituições de Pesquisa Tecnológica (ABIPTI). O método integra em um único movimento a produção paulatina e sistemática de conteúdo e forma, antes separados: de um lado, as condições de produção do texto científico, matéria da metodologia da pesquisa científica, levantando questões críticas, sem dúvida importantes, a respeito do método, verdade, hipóteses, contexto da prova e da descoberta, entre outros, mas que não facilitam a difícil e exaustiva tarefa de “tirar o conteúdo do châo”; de outro lado, as exigências de estilo e de normalização do trabalho acadêmico com suas regras de redação, formatação, citação, referências bibliográficas, entre outras, via de regra deixadas para serem cumpridas por um bibliotecário e um revisor, nas vésperas da entrega do trabalho, impedindo a incorporação, por parte do futuro pesquisador, da importante dimensão da forma enquanto instrumento de comunicação entre os pares de uma comunidade de pesquisa. Partindo do que se convencionou chamar estudo anotado dos textos pertinentes ao tema da pesquisa, substituto das tradicionais fichas de leitura manuscritas, o método permite a: a) verticalização necessária, de cima para baixo, para distinguir o que já é passível de generalização daquilo que é ou pode vir a ser objeto de controvérsia, quesito indispensável para a produção de sínteses da literatura científica; b) expansão da bibliografia pertinente; c) incorporação do estilo de argumentação adotado em uma comunidade de pares; d) produção de matéria prima substantiva, já incorporando padrôes de estilo e forma do texto final, para tecer, agora de baixo para cima, e após sucessivas versões, as frases, parágrafos, capítulos, enfim, o conteúdo da pesquisa materializado em documento científico original, a ser submetido à comunidade de pares a que se destina. As ferramentas utilizadas são aquelas introduzidas pela tecnologia da informação e da comunicação de base eletrônica, como os editores de texto, os agentes de busca para PC, os organizadores de arquivos, os formatadores de textos, entre outras.