RETALHO DE LIMBERG PARA FECHAMENTO DE MENINGOMIELOCELE LIMBERG SKIN FLAP FOR CLOSURE OF MYELOMENINGOCELE DANIELE PASQUALINI PAVANELLO Médica Residente de Cirurgia Plástica do Hospital São Lucas da PUCRS Hospital São Lucas da PUCRS – Porto Alegre-RS KARINA CRISTALDO Médica Residente de Cirurgia Plástica do Hospital São Lucas da PUCRS GUILHERME LARSEN Médico Residente de Cirurgia Plástica do Hospital São Lucas da PUCRS FABRÍCIO BERVIAN Médico Residente de Cirurgia Plástica do Hospital São Lucas da PUCRS GUSTAVO ALVAREZ Médico Residente de Cirurgia Plástica do Hospital São Lucas da PUCRS MILTON PAULO DE OLIVEIRA Preceptor do Serviço de Cirurgia Plástica do Hospital São Lucas da PUCRS PEDRO MARTINS Chefe do Serviço de Cirurgia Plástica do Hospital São Lucas da PUCRS ENDEREÇO PARA CORRESPONDÊNCIA Avenida Neuza Goulart Brizolla, 600/906 - Porto Alegre - RS - CEP. 90460-230 E-mail: [email protected] DESCRITORES MENINGOMIELOCELE, ROTAÇÃO, RECONSTRUÇÃO. KEYWORDS MYELOMENINGOCELE, ROTATION, RECONSTRUCTION. RESUMO Introdução: O fechamento dos defeitos de pele nos reparos de meningomielocele é um passo essencial que determina a qualidade do resultado cirúrgico¹. Uma vez que os defeitos variam em tamanho, formato e localização, não há um único procedimento que se aplique a todos. Um grande número de técnicas tem sido descritas para fechar estes defeitos dorsais após a excisão do saco de meningocele, mas os estudos recentes preferem as alternativas simples, confiáveis e versáteis². Nos defeitos grandes, uma cobertura adequada de pele não é alcançada por fechamento primário. Nestes casos, o defeito é melhor reparado com retalhos de pele. Objetivo:Com o objetivo de avaliar a eficácia do retalho de Limberg no fechamento de defeitos grandes de meningomielocele, nós relatamos 5 casos de crianças tratadas com tal abordagem. Métodos: O reparo foi realizado nas primeiras 24 a 36 horas do nascimento, com o tamanho do defeito variando entre 36 e 72 cm2. Resultados: Obteve-se cobertura do defeito com tecido estável e durável, com acompanhamento de no mínimo 6 meses, sem complicações ou necessidade de reoperação. Conclusão: Nós sugerimos que o retalho de Limberg é seguro, rápido, com menor sangramento e técnica cirúrgica fácil, resultando em uma boa solução para fechamento de meningomielocele. ABSTRACT Background: Closure of skin defect in myelomeningocele repair is an essential step that determines the quality of the surgical result¹. Because myelomeningocele defects vary in size, shape and location, no single procedure applies to all. A large number of techniques have been described for closing the back defects occurring after excision of the meningocele sac, but new studies focus more on simple, reliable and versatile alternatives². In large defects, adequate skin coverage may not be accomplished by direct closure. In such cases, the skin defect is best repaired using flaps.Objectives: To evaluate whether the Limberg flap is effective, we studied the records of 5 children. Methods:Surgical repair was carried out within 24-36 hours of birth, with defect size ranging from 36-72 cm2. Results:Durable, stable coverage of defect was obtained, with postoperative follow-up of at least 1 year, without complications or reoperation. Conclusions:We suggest that Limberg flap is safe, rapid, less bleeding, and easy surgery, resulting in a good solution for the closure of myelomeningocele. INTRODUÇÃO O reparo de meningomielocele geralmente é feito nas primeiras horas após o nascimento. Infelizmente apenas 25% dos neonatos podem ser tratados por fechamento direto e os demais necessitam algum tipo de retalho para o fechamento do defeito³. O retalho protege o tubo neural, e, portanto deve ser constituído por tecido estável ¹. Arquivos Catarinenses de Medicina - Volume 38 - Suplemento 01 - 2009 163 OBJETIVOS Existem várias possibilidades de retalhos para fechamento do defeito de meningomielocele. O objetivo do trabalho é mostrar que o retalho de pele de Limberg é uma opção segura, efetiva e de fácil execução. MÉTODOS Apresentamos uma série de 5 casos tratados no Hospital São Lucas da PUCRS em Porto Alegre.Todos operados em conjunto com a equipe de neurocirurgia do hospital, que excisa o saco e executa o reparo do tubo neural. Após, foi realizado retalho de Limberg rotado da margem cranial do defeito.Os pacientes são do sexo masculino, com defeitos lombosacrais grandes sem possibilidade de sutura direta e foram operados nas primeiras 24 a 36 horas de vida. O tempo de cirurgia foi de em média 90minutos e todos foram mantidos em posição prona nos primeiros 5 dias de pós operatório. RESULTADOS Não houve infecções, fístulas liquóricas ou piora dos sintomas neurológicos nestes pacientes. Durante o período de um ano não se observou nenhuma complicação e os resultados cosméticos foram satisfatórios. DISCUSSÃO Atualmente as condutas cirúrgicas diferem de uma instituição para outra em todo o mundo¹. Na literatura vários autores preferem retalhos musculocutâneos para os neonatos com defeitos de meningomielocele grandes, porém, sabe-se que esta opção, apesar de prover melhor aporte sanguíneo, boa cobertura e cicatrização, está associada com maior risco de complicações4,5,6. Retalhos locais de pele são relatados como uma opção efetiva para defeitos moderados a grandes7. Em 1979, Okuda descreveu o papel do retalho de Limberg para grandes defeitos de meningomielocele8. Subsequentemente, Cruz et al enfatizou o achado de que o retalho de Limberg é uma opção viável9 O retalho de Limberg não disseca os músculos do dorso, como fazem os retalhos músculo-cutâneos, portanto a manutenção da postura no pós operatório é melhor atingida1. Além disso, a musculatura preservada facilita o esvaziamento da bexiga com manobra de Valsalva10. O retalho tem aporte sanguíneo randômico e seguro e não requer uma camada de suporte entre a dura e a pele. Nos casos acompanhados neste trabalho não houve ulceração de pele a longo prazo. 164 Arquivos Catarinenses de Medicina - Volume 38 - Suplemento 01 - 2009 REFERÊNCIAS CONCLUSÃO Conclui-se que o resultado favorável nos cinco casos acompanhados sugerem que o uso de retalho de Limberg para fechamento de defeitos grandes de meningomielocele é uma alternativa segura e com bons resultados estéticos e funcionais. 1. Campobasso P, Pesce C, Costa L, Cimaglia ML (2004) The use of the Limberg skin flap for closure of large lumbosacral myelomeningoceles. Pediatr Surg Int (2004) 20: 144–7. 2. Gumus N (2008). A New Approach to Closure of Myelomeningocele Defect: Z Advancement-Rotation Flap. Annals of Plastic Surgery 61: 640-5 3. Patterson TJS, Till K (1959) The use of rotation flaps following excision of lumbar myelomeningoceles. An aid to the closure of large defects. Br J Surg 46:606–8 4. Lehrman A, Owen MP (1984) Surgical repair of large myelomeningoceles. Ann Plast Surg 12:501–507 5. Lanigan MW (1993) Surgical repair of myelomeningocele. Ann Plast Surg 31:514–21 6. McCraw JB, Penix JO, Baker JW (1978) Repair of major defects of the chest wall and spine with the latissimus dorsi myocutaneous flap. Plast Reconstr Surg 62:197–206 7. Seidel SB, Gardner PM, Howard PS (1996) Softtissue coverage of the neural elements after myelomeningocele repair. Ann Plast Surg 37:310–6 8. Ohtsuka H, Shioya N, Yada K (1979) Modified Limberg flap for lumbosacral meningomyelocele defects. Ann Plast Surg 3:114–7 9. Cruz NI, Ariyan S, Duncan CC, et al. (1983) Repair of lumbosacral myelomeningoceles with double Zrhomboid flaps. Technical note. J Neurosurg 59:714–7 10. Bran RH, Rodriguez R., Ramirez MV, et al. (1990) Experience in the management of myelomeningocele in Puerto Rico. J Neurosurg 72:726–31 11. Hayashi A, Maruyama Y (1991) Bilateral latissimus dorsi VY musculocutaneous flap for closure of a large meningomyelocele. Plast Reconstr Surg 88:520–2 12. Akan IM, Ulusoy MG, Bilen BT, et al. (1999) Modified bilateral advancement flap: the slide-in flap. Ann Plast Surg 42:545–8 Arquivos Catarinenses de Medicina - Volume 38 - Suplemento 01 - 2009 165