Áreas florestais de pequena dimensão, baixa intensidade e gestão comunitária Forest Stewardship Council Estudo de casos Esquema de certificação florestal de grupo FLOPEN em Portugal Este caso Português descreve como várias pequenas propriedades florestais privadas na região de Coimbra obtiveram a certificação, quando não havia qualquer tradição de planeamento ou intervenções silvícolas e onde houve muito cepticismo inicial acerca da certificação. A FLOPEN (Grupo de Gestão Florestal da FLOPEN) foi o primeiro esquema de grupo de vários proprietários e micro propriedades a ser certificado em Portugal. Sem nenhum precedente nacional onde se basear, os desafios foram encontrados através de uma combinação de parcerias estratégicas e desenvolvimentos inovadores de ferramentas de planeamento e gestão. Enquadramento A grande maioria das florestas temperadas semi-naturais na região de Coimbra, no centro de Portugal, são constítuidas por propriedades muito pequenas (normalmente com menos de 2 hectares) e são privadas. Com o decorrer dos anos, as propriedades florestais foram compradas, vendidas e divididas por heranças e a informação registada nos orgãos centrais, está muitas vezes desactualizada e incorrecta. Na prática isto resulta em: 1) numa ausência generalizada de planeamento e gestão florestal, e 2) na degradação dos elementos naturais à escala da paisagem (ex.: corredores fluviais e habitats naturais), e das infraestructuras funcionais para controlar fogos florestais. Em geral, a região sofre de baixa produtividade e baixos valores de mercado para matéria prima. A madeira é normalmente vendida em pé a um empreiteiro florestal que depois a vende às fábricas. Os proprietários nunca estão a par dos preços e de quanto os intermediários ganham das fábricas, nem da diferença destes com o preço de venda da madeira em pé. Para além disso, muitos dos empreiteiros não eram certificados pelo FSC e estavam a quebrar a cadeia de custódia. “nós mostrámos aos nossos membros que podiam ganhar mais pertencendo ao grupo do que não pertencendo, não só em termos de vendas, mas também pela estreita colaboração técnica, que permite aumentar a produtividade das actividades de gestão florestal” João Ribeira, Director Executivo, FLOPEN Conquista da certificação de grupo Vista das micro propriedades que pertencem a membros da FLOPEN. Desafios iniciais Em conjunto com a SA Woodmark, a Entidade Certificadora, foi decidido que a certificação seria obtida ao nível de grupo (ao abrigo da Norma FSC-STD-20-007, secção 3.3.5 para grupos de SLIMFs). A estrutura de grupo foi baseada na já estreita colaboração entre o gestor de grupo (FLOPEN) e membros. A FLOPEN inventariou e cartografou todas as propriedades dos membros, reunindo todos os dados relevantes para planeamento e gestão. As opções de gestão foram então discutidas e definidas pelos membros, de acordo com os seus objectivos. Apesar dos membros de grupo da FLOPEN estarem comprometidos com a certificação FSC, simplesmente não era possível cumprir com todos os Princípios e Critérios nestas operações de pequena dimensão, particularmente os requisitos para estabelecer áreas de conservação. Como este era o primeiro esquema de grupo a ser certificado em Portugal, houve um grande cepticismo de que “não dá para ser feito” em vários donos de micro propriedades e não havia nenhum precedente nacional ou exemplo de onde aprender. Houve também alguma resistência à certificação na parte dos requisitos de transparência para a certificação da Cadeia de Custódia. Um dos programas montados pela FLOPEN é o combate de incêncios florestais. Criação de novos sistemas e parcerias Lições aprendidas A certificação empurrou a FLOPEN na definição de novos sistemas e ferramentas que funcionassem para o seu contexto particular. Isto incluiu a criação da base dados CERNE, que permite planear as actividades operacionais e compilar os dados GPS de cartografia. Estas ferramentas permitem articular as operações de silvicultura e actividades de conservação, e permitiu aos membros partilharem ambos os recursos, mecânicos e técnicos e, por conseguinte, custos. > “Pensar e agir como uma só entidade”- foi provado, e aceite, pelos membros da FLOPEN que existe mais eficiência e lucro, quer nas vendas, quer do ponto de vista técnico, pertencendo ao grupo, do que actuando individualmente. > Para promover funcionalidade é fundamental desenhar sistemas e planear actividades, com base no que é apropriado para os membros do grupo, isto foi conseguido através de um longo processo de consultoria e aquisição de competências. > Comunicações regulares entre os membros do grupo e o gestor de grupo são essenciais e devem ser implementadas como boa prática. A FLOPEN usa um relatório trimestral de actividades dos membros como ferramenta principal para conduzir a monitorização. Também foram estabelecidas parcerias: a SATIVA (SA Woodmark Mediterranean Programme) levou a cabo uma pré-auditoria participativa, em que os membros aprenderam a avaliar e melhorar os seus próprios níveis de cumprimento e, mais tarde, organizou uma visita de estudo ao Reino Unido para conhecerem alguns dos esquemas de grupo já certificados pelo FSC e para discutirem modelos organizacionais com outros gestores de grupos; uma empresa florestal Portuguesa, SILVICAIMA (SA-FM/COC1512), apresentou o modelo Proforest de avaliação das FAVC ao grupo e providenciou o treino inicial em como implementar esta metodologia, adaptando-a à situação da FLOPEN. A lição mais importante qprendida é compreender como os membros do grupo se comportam socialmente e depois desenhar os sistemas adequados. O futuro Alguns dos desafios restantes para a FLOPEN são: > Educar os membros de grupo de como se expandirem de forma sustentável, económica e tecnicamente, sem afectar as taxas de produção ou as necessidades de conservação. Impactos No que diz respeito ao mercado, a FLOPEN consegue agora negociar melhores preços com as fábricas para grandes volumes de madeira certificada e canalizar isso directamente aos membros do grupo, retirando assim algum do poder que os intermediários tinham ao negociarem directamente com as fábricas. Os empreiteiros florestais vendem os seus serviços de abate e transporte aos membros de grupo FLOPEN em sessões de leilão. Os empreiteiros têm de provar de que cumprem os requisitos legais de saúde e segurança e saúde, de forma a qualificarem-se para trabalhar nas florestas certificadas da FLOPEN e o seu desempenho operacional é monitorizado pelos membros do grupo, para garantir que as normas FSC são cumpridas localmente. Informação disponibilizada por Vanessa Linforth Detalhes de contacto FLOPEN Largo da Feira 3230 - 072, Espinhal, Portugal Tel: + 351 239 559 480; Fax : + 351 239 559 035 Email: [email protected] Web : www.flopen.org Vanessa Linforth (SATIVA) Departamento Florestal RUA ROBALO GOUVEIA, nº 1-1 A - 1900-392 LISBOA Tel:+ 351 21 799 1100; Fax: + 351 21 799 1119 Email: [email protected] Web: www.sativa.pt > Definir medidas de gestão para a protecção e melhoria dos AVCs identificados, usando metodologias específicas para Portugal, desenvolvidas pela Iniciativa Nacional Portuguesa e pela experiência de empresas já certificadas pelo FSC existentes. Factos & Figuras Detalhes do certificado: SA-FM/COC-001764, para um grupo de SLIMFs, emitido para toros de eucalipto e pinho a 19 de Outubro 2007 Área: 774 hectares Membros: 44 membros cada um com várias UGFs, que vão desde 0.06 – 50 hectares, 85% das propriedades <2 hectares e 8% <5 hectares Quantidades Rendimento anual US $380,000; 50,000 m3 Mais informação www.fsc.org/smallholders Desenvolvido por FSC Trademark © 1996 Forest Stewardship Council A.C. FSC-GRB-655 Um acesso comunitário numa Floresta de Alto Valor Conservação (FAVC). > Ultrapassar a falta de retorno técnico das Partes Interessadas relevantes (ex.: ONGs locais, autoridade governamental de conservação, etc.) no que diz respeito aos AVCs (Altos Valores de Conservação), o que levou ao estabelecimento de parcerias com estudantes para apoio na identificação e localização de potenciais AVCs.